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0 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ Centro de Educação Aberta e a Distância – CEAD Coordenação do curso de Filosofia/ EaD – Polo Picos WAGNER GONÇALVES DA SILVA RENÊ DESCARTES E AS PAIXÕES DA ALMA Picos – PI 2015 1 WAGNER GONÇALVES DA SILVA RENÊ DESCARTES E AS PAIXÕES DA ALMA Monografia apresentada à Universidade Federal do Piauí – UFPI, como requisito para obtenção de título de graduação do Curso de Licenciatura Plena em Filosofia, Sob a orientação da professora Dra. Maria Cristina de Távora Sparano. Picos – PI 2015 2 WAGNER GONÇALVES DA SILVA RENÊ DESCARTES E AS PAIXÕES DA ALMA Monografia apresentada à Universidade Federal do Piauí – UFPI, como requisito para obtenção de título de graduação do Curso de Licenciatura Plena em Filosofia, Sob a orientação da professora Dra. Maria Cristina de Távora Sparano. Aprovada em ______/ ________/ __________. BANCA EXAMINADORA ____Dra. Maria Cristina de Távora Sparano____ Professora Orientadora José Luis B. Guimarãe_____________ Membro ___________ Esmeralda Silva Fontes___________ Membro 3 DEDICATÓRIA A Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades. A esta universidade, seu corpo docente, direção e administração que oportunizaram a janela que hoje vislumbro um horizonte superior, eivado pela acendrada confiança no mérito e ética aqui presentes. Ao minha orientadora Dra. Maria Cristina Távora Sparano, pelo suporte no pouco tempo que lhe coube, pelas suas correções e incentivos. Aos meus pais, pelo amor, incentivo e apoio incondicional. E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigado. . 4 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar realizando este trabalho. À minha família, pelo incentivo e colaboração, principalmente nos momentos de dificuldades. À minha tutora presencial e à minha orientadora, por estarem dispostas a ajudar sempre. Agradeço aos meus colegas pelas palavras amigas nas horas difíceis, pelo auxílio nos trabalhos e dificuldades e principalmente por estarem comigo nesta caminhada, tornando-a mais fácil e agradável. 5 As paixões são todas boas por natureza e nós apenas temos de evitar o seu mau uso e os seus excessos. (Renê Descartes) 6 RESUMO A presente monografia é o resultado de um trabalho de análise de As Paixões da Alma, do filósofo francês Renê Descartes, cujo tratado foi a última obra publicada pelo autor, em 1649, um trabalho dedicado à princesa Elisabete da Boémia. Nesta obra, o pensador francês trabalha a relação entre corpo, alma e paixões, três palavras-áureas do livro em análise, chamando a alma de supremacia da intelectualidade humana. Nela, Descartes define fenômenos como as percepções, sensações ou excitações da alma, que são causadas, mantidas e amplificadas por alguns movimentos dos “espíritos animais”, como assim requer o escritor em questão. O livro sobrescrito é uma percepção muito importante para a filosofia proveniente da lavra do principal nome da filosofia moderna e um grande expoente do dualismo cartesiano. Palavras-chave: Filosofia. Descartes. As Paixões da Alma. 7 ABSTRACT This monograph is the result of an analysis work The Passions of the Soul, philosopher Rene Descartes French, whose treaty was the last work published by the author in 1649, a job dedicated to Princess Elizabeth of Bohemia. In this work, the French thinker works the relationship between body, soul and passions, three words- aureus of the book under review, calling the soul of supremacy of human intellect. In it, Descartes defines phenomena as perceptions, sensations and excitements of the soul, which are caused, maintained and amplified by some movements of the "animal spirits" as well requires the writer in question. The book envelope is a very important insight into the philosophy from the mining of the principal name of modern philosophy and a great exponent of Cartesian dualism. Keywords: Philosophy. Descartes. Passions of the Soul. 8 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 9 2 SÍNTESE BIOGRÁFICA DE DESCARTES .......................................................... 11 2.1 Vida pessoal ............................................................................................ 11 2.2 Filosofia descartiana ................................................................................ 12 3 A ALMA SEGUNDO DESCARTES ...................................................................... 17 4 ANÁLISE DA OBRA AS PAIXÕES DA ALMA .................................................... 21 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 30 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 32 9 1 INTRODUÇÃO As Paixões da Alma é uma publicação elaborada pelo pensador francês Descartes, cujo tratado foi a última obra publicada pelo autor, em 1649, dedicado à princesa Elisabete da Boémia. Nela, o autor contribui para uma longa tradição sobre a teorização das "paixões", que eram experimentadas e muitas vezes equacionadas ou reconhecidas como precursoras das "emoções" na Idade Moderna. No entanto, elaboraram-se significantes diferenças entre o que era uma paixão putativamente e o que uma emoção alegadamente é. Em As Paixões da Alma, o filósofo francês Descartes define fenômenos como as percepções, sensações ou excitações da alma, que são causadas, mantidas e amplificadas por alguns movimentos dos espíritos (ZICA, 2014, p.2), os "espíritos animais" centrais à noção de fisiologia do escritor em questão. Este explica que os espíritos animais são produzidos pelo sangue e são responsáveis por estimular os movimentos do corpo. Ao afetarem os músculos, por exemplo, eles movem o corpo em todas as diferentes maneiras pelas quais este pode ser movido. Considerando o pensamento do escritor francês supracitado, a interpretação que vem é que o primeiro contato com algum objeto surpreende e impõe a consideração do novo ou muito diferente do que se conhecia antes ou então do que se supunha que ele deveria ser. Isso faz que ela se torne admirável, causando espantos com ele. E como tal coisa pode acontecer antes que se saiba de alguma forma se esse objeto é conveniente ou não, a admiração parece ser a primeira de todas as paixões. E ela não tem contrário, porque, se o objetoque se apresenta nada tiver em si que possa surpreender, não provoca emoção por ele e, por consequência, passa a ser um objeto sem paixão (GUIMARÃES, 2014). Entre as inúmeras situações da estrutura abstrata do homem, Descartes trabalha a questão da alma, que tem despertado interpretações diferentes há milênios nos trabalhos de observação humana, e entre os diversos pensadores, e que receberá atenção especial neste trabalho, como se atenta a partir das primeiras anotações, o pensador Descartes, um importante filósofo, matemático e físico francês, que viveu entre os séculos XVI e XVII, fez estudos nas áreas da 10 Epistemologia e Metafísica e é considerado o pioneiro no pensamento filosófico moderno. Ao trabalhar filosoficamente temas como a alma e o comportamento dela no interior humano e a sua relação com o exterior, Descartes chamou alma o gênero supremo “das coisas intelectuais, ou cogitativas, isto é, pertinentes à mente ou à substância pensante” (DESCARTES, 2002, p.65), propondo ainda a respeito de alma que [...] a percepção, a volição e todos os modos tanto de perceber quanto de querer referem-se à substância pensante; à extensa, porém, a grande (ou seja, a própria extensão em comprimento, largura e profundidade), a figura, o movimento, o lugar, a divisibilidade das próprias partes e coisas que tais. A alma é uma substância pensante, como propõe Descartes. Em As paixões da Alma, o pensador em questão presta considerações a respeito dos fenômenos como as percepções, sensações ou excitações da alma, que são causadas, mantidas e amplificadas por alguns movimentos dos “espíritos animais” (ZICA, 2014, p.2), conforme já anotado anteriormente. A propósito, esta atividade acadêmica traz em seu conteúdo o intuito de explorar a visão de alma por meio da análise de As paixões da Alma, do pensador francês Descartes. Obviamente, as palavras corpo, alma e paixão ocuparão um importante espaço nas anotações ao longo desta monografia. Vale a pena registrar aqui nesta feita que outros escritores filosóficos trabalharam as suas considerações sobre corpo, alma e paixão, entre os quais merecem destaque Santo Agostinho de Hipona e Santo Tomás de Aquino, que o fizeram antes de Descartes e com percepções distintas entre eles, embora a ênfase aqui neste último filósofo dispense comparativos para o que ambiciona esta construção textual. Em Descartes e na sua obra em questão há uma inspiração direta na pessoa da princesa Elisabete da Boêmia. A partir desta é que o filósofo reflete sobre o homem de uma forma geral com as suas manifestações subjetivas enquanto ser relacionado com o seu semelhante. Lima (2012) destaca que “em sua obra As Paixões da Alma, Descartes trata de um dualismo paradoxal, a saber, alma e corpo”. E é neste contexto dualístico que esta monografia ambiciona trabalhar, focando na paixão, uma ação do corpo sobre a alma. 11 2 SÍNTESE BIOGRÁFICA DE DESCARTES As maiores almas são capazes dos maiores vícios, assim como das maiores virtudes; e aqueles que só caminham muito lentamente podem avançar muito mais, se sempre seguirem o caminho certo, do que aqueles que correm e dele se afastam (DESCARTES, 1996, p.5). A porção textual acima faz parte da obra Discurso do Método, publicada em 1637, obra esta inaugural da filosofia moderna, escrita em francês, quando na época tudo era publicado em latim. Descartes inovou neste particular porque tinha o propósito de alcançar um grande público, todas as pessoas dotadas de bom senso. E esse uso público da razão não admitia discriminações ou limitações de gênero. 2.1 Vida pessoal A considerar Silva (2009, p.12), Descartes, cujo nome latino é Renatus Cartesius, nasceu no dia 31 de março de 1596 em La Haye, antiga província de Touraine, hoje Descartes, na França, e morreu em Estocolmo (Dinamarca) em 11 de fevereiro de 1650. Seu pai foi advogado e juiz, proprietário de terras, com o título de escudeiro, primeiro grau de nobreza. Era também conselheiro no Parlamento de Rennes na vizinha cidade de Bretanha. René Descartes estudou no Colégio Jesuíta Royal Henry - Le Grand, que era estabelecido no castelo de La Fleche, doado aos jesuítas pelo rei Henrique IV. Na época o colégio mais prestigiado da França, com o objetivo de treinar as melhores mentes. Formou-se em Direito pela Universidade de Poitiers. Dois anos depois, ingressou no exército do príncipe Maurício de Nassau na Holanda, onde estabelece contato com as descobertas recentes da Matemática. Aos 22 anos, começa a formular sua "geometria analítica" e seu "método de raciocinar corretamente". Rompe com a filosofia aristotélica adotada nas academias e, em 1619, propõe uma ciência unitária e universal, lançando as bases do método científico moderno. Descartes termina o secundário em 1612, contente com seus mestres, mas descontente consigo mesmo, pois não havia descoberto a Verdade que tanto 12 procurava nos livros. [...] Aconselhado pelo cardeal Bérulle, dedica-se ao estudo da filosofia, com o objetivo de conciliar a nova ciência com as verdades do cristianismo. A fim de evitar problemas com a Inquisição, vai para a Holanda (1629), onde estuda matemática e física (JAPIASSÚ; MARCONDES, 2006, p.69). 2.2 Filosofia descartiana Segundo o que Jupiassú e Marcondes (2006) destacam em Descartes, há o fato de que por seus métodos, suas teorias, ele passou para a história como um filósofo que é lembrado até hoje, cujas reflexões se impuseram como razões para ele servir como referência para outros filósofos. De fato, esse ele foi um grande filósofo e um pensador importante da história da humanidade, dando contribuições imensuráveis que vão desde a filosofia moderna até a matemática moderna. Por toda sua vida René Descartes buscou mais e mais conhecimento, tentando sempre aprimorar as suas noções nas mais diversas áreas do conhecimento, seja na matemática, seja na filosofia e em qualquer área que despertasse o seu interesse. Ele era um apaixonado pelo conhecimento e tentava a cada dia novos modos de entender o ser humano e defini-lo com as suas características mais complexas, buscava definir conceitos matemáticos que criassem regras para facilitar a vida. A considerar as anotações de Pestana; Sousa; Ramos; Pestana (2012, pp.5,6), René Descartes (1596-1650) foi um filósofo e matemático francês, autor da frase "Penso Logo Existo", considerado o criador do pensamento cartesiano, sistema filosófico que deu origem à Filosofia Moderna. Valorizando as percepções do mundo a partir da Razão, anulava com as suas interpretações o significado moral e religioso dos fenômenos naturais. Na verdade, o pensador francês, Descartes, organizou pontos filosóficos de considerável abrangência para o campo intelectual do seu tempo e que se impuseram ao longo dos avanços tecnológicos, científicos e sociais a partir de então. Tanto é que o mesmo tornou-se referencial interpretativo no que escreveu até para os pensadores que não o acompanhavam filosoficamente. A respeito dos trabalhos de Descartes, Braga (2013) registrou em suas anotações que a princípio ele publicou a obra Discurso do Método anonimamente 13 com medo de suas ideias não serem aceitas na época. O seu tema principal é um método de se chegar à verdade, a sua obra mais famosa. Ele deixa bem claro que não quer ensinar a cada um qual método deve seguir para conduzir sua razão, mas só quer mostrar como ele conduziu a sua. Ele escreve que até desejou “ter o pensamento tão pronto ou a imaginação tão nítida e distinta, ou a memória tão ampla ou tão presente como alguns outros” (DESCARTES, 1996, p.6), masantes ele mesmo alerta de não ter a presunção do perfeito superior aos demais homens. Destacam-se também nas reflexões do pensador em questão os preceitos de nunca aceitar algo como verdadeiro, repartir cada uma das dificuldades, conduzir em ordem os pensamentos e efetuar relações metódicas. Ele ainda organiza seus trabalhos também sobre as três máximas: “a primeira é obedecer às leis e costumes do seu país, a segunda é de ser o mais firme e decidido possível em suas ações, a terceira máxima é de procurar sempre vencer a ele próprio do que ao destino” (BRAGA, 2013). Descartes, enquanto pensador, utilizou toda a sua vida para cultivar a razão e conhecimento da verdade. Ele tira a conclusão: eu penso, logo existo, através do seu pensamento de que tudo o que ele queria pensar que era falso levava ele a pensar que fosse alguma coisa. E esta foi uma de suas célebres frase, que ele considerou como o primeiro princípio da filosofia que ele procurava. O seu renome é grande. A filosofia cartesiana impõe-se como a nova filosofia, inaugurando o pensamento moderno. Aquilo que consideramos o "racionalismo" encontra neste filósofo uma de suas grandes expressões. Em que pese o seu desejo de solidão, ele é muito requisitado. Hesitando em aceitar um convite, o da rainha Cristina da Suécia, ele termina por embarcar para este país. Outra informação importante sobre o filósofo francês em questão é o fato de que acreditava na existência de Deus e da alma. Justamente a sua crença no Divino e na existência da alma é que interessa numa projeção mais intensa a este trabalho, fitando as análises na última obra de Renê Descartes, a saber, As paixões da alma, publicada em 1649, cujas considerações em torno dessa obra acontecerão nos capítulos posteriores, quando este trabalho dedicar-se-á a analisar em Descartes a obra supracitada. Rezende (2005, p.101) destacou a respeito do racionalismo cartesiano de Renê Descartes que o mesmo se apresentava como oposição ao ceticismo, atribuindo à Razão humana a capacidade exclusiva de conhecer e estabelecer a 14 Verdade. O proposto pelo pensador francês ainda se opunha ao empirismo, pelo fato de a Razão independer da experiência sensível, uma vez que ela é inata, imutável, igual a todos os homens. A oposição do pensamento cartesiano de Descartes, segundo Rezende, abrangia também o misticismo, por rejeitar qualquer intervenção dos sentimentos e das emoções, “pois, no domínio do conhecimento, a única autoridade é a da Razão”. Em Descartes se expunham ao mundo as percepções filosóficas, e Rezende (2005, p.104) mais uma vez nos ajuda, quando registra que para Descartes o homem é essencialmente um animal racional, que, para lançar mão da sua racionalidade com mais eficácia, carecia de um método como um caminho certo e seguro, defesa argumentativa esta apresentada no Discurso sobre o método. O pensador francês propôs que se deve rejeitar como falso tudo aquilo do qual não se pode duvidar, só acatando o que for indubitável, mas sob o cuidado de não se cair no ceticismo e nem na impossibilidade de o conhecimento humano atingir a verdade (REZENDE, 2005, p.106). Rejeitam-se aí os dados dos sentidos, os raciocínios. Justamente essa visão de mundo produziu o “Cogito, ergo sum” – “Penso, logo existo”. E ainda: A segunda verdade descoberta por Descartes é a existência de Deus. A primeira verdade dizia: eu penso. Mas eu não sou só. O exame de minhas ideias leva-me a afirmar a existência de Deus. [...] quanto ao mundo material, sobre o qual versa o nosso conhecimento, é despojado de toda realidade própria. A natureza não possui profundidade nem finalidade. Ela é criada a cada instante por Deus (REZENDE, 2005, pp.108,109). As considerações acima impõem a força de exposição do filósofo francês aqui em evidência e que o fizeram passar para a história como “um dos filósofos mais importantes do século XVII, tendo influenciado de forma decisiva a formação e o desenvolvimento do pensamento moderno” (MARCONDES, 2007, p.73). Este referencial teórico registra também a respeito de Descartes que sua obra filosófica adota uma posição dualista acerca da natureza humana em relação ao corpo e à alma, dando ênfase à subjetividade na análise do processo do conhecimento e caracterizando-se pelo rigor analítico e argumentativo. Ao mesmo tempo, adota um estilo literário bastante pessoal, destacando-se nesse sentido o texto das Meditações metafisicas, sua obra filosófica mais importante. 15 O francês Descartes mostrava em seus trabalhos a necessidade de encontrar o verdadeiro método científico que colocasse a ciência no caminho correto para o desenvolvimento do conhecimento, pois ele mesmo afirma que não tinha se contentado com as ciências que lhe ensinavam, percorrendo todos os livros que chegavam às suas mãos, conforme anotou no Discurso do método (DESCARTES, 1996, p.8). É fato que Descartes que deixou suas contribuições à tradição epistemológica moderna (REZENDE, 2005; MARCONDES, 2007), onde se encontram na adoção da questão da fundamentação da ciência como problema central, enfatizando a discussão da metodologia científica, bem como em sua geometria algébrica, que abre caminho para a matematização da natureza. O sobredito pensador francês ainda contribuiu no campo da psicologia, pelo desenvolvimento do método introspeccionista, por sua análise da subjetividade e da consciência, e por suas discussões sobre a natureza da mente e de nossos estados mentais. Com base em todas as anotações feitas neste trabalho a partir dos autores referidos nestas porções de construção da atividade monografia ora em execução, constata-se que muito há o que analisar sobre Descartes. Mas esta produção textual acadêmica prioriza por intenção o foco nas paixões da alma, levando em conta o pensamento filosófico do sobrescrito estudioso francês sobre a estrutura abstrata do homem, já caracterizada em ocasião acima como o gênero supremo da intelectualidade e da cognição do homem. A propósito, Campaner presta o seguinte comentário sobre Descartes e a sua percepção filosófica sobre o interior do homem: A relação pensamento e corpo permanece misteriosa para Descartes já que o poder da vontade não é compreendido satisfatoriamente. Mas o filósofo garante, no entanto, que esse poder interno é a causa das nossas ações, insistindo sobre uma determinada característica do espirito cartesiano, qual seja, a de se ver “obrigado” a reconhecer aqui que é verdadeiro. O que significa dizer que o espírito humano tem uma natureza tal que se conduz para o melhor e para o verdadeiro (CAMPANER, 2012, pp.104, 105). O abstrato humano recebeu a atenção de Descartes a considerar o conhecimento sobre a alma. O próprio querer de acordo com a Razão, como escreveu o filósofo criador do cartesianismo, pode ser um artifício do que o homem 16 possui em sua imaterialidade. Essa imaterialidade compõe entre outras marcas a intelectualidade, o sentimento e a interioridade abstrata. No caso da porção textual acima, Campaner destaca em Descartes a questão da interioridade, da vontade humana e da insistente busca pela Verdade, o que se considerará em suas reflexões o papel do corpo e da alma nesse dualismo cartesiano, onde cada uma dessas duas essências da formação do homem cumprirá o seu papel. Na defesa de que a alma não possui extensão (não é material), a interpretação descartiana é a de que ela está unida ao corpo todo e não apenas a alguma região em particular. Ela alma exerce suas funções, mais particularmente por meio de uma glândula do cérebro: a glândula pineal, órgão intermediário que torna possível a interação entre a almae o corpo. Duas propriedades desse órgão explicariam sua função de intermediário entre a alma e o corpo: unidade e mobilidade. Segundo Descartes, ela seria única e capaz de reunir as percepções “duplas” provenientes dos órgãos dos sentidos. As imagens visualizadas pelos dois olhos ou os sons percebidos pelos dois ouvidos, por exemplo, encontrariam sua unidade nessa glândula (GUIMARÃES, 2015). Enfim, seja para Descartes tratar da dicotomia corpo/alma, da Razão, da racionalidade humana ou de quaisquer que sejam os pontos de reflexões filosóficas, mas sema sair do foco da doutrina racionalista, Rezende (2005, pp. 108,109) presta os esclarecimentos de que a conclusão de Descartes é que possuímos três tipos de ideias: a) as ideias que nós formamos a partir do mundo exterior; b) as ideias factícias, isto é, feitas e inventadas pela imaginação; c) as ideias inatas, que nos são dadas por Deus. Essas ideias claras e distintas constituem os elementos necessários ao conhecimento das leis da natureza, também criadas por Deus. Elas formam o fundamento da ciência. Podemos conhecê-las voltando-nos sobre nós mesmos, quer dizer, por reflexão. Lê-se em Rezende a insistência de Descartes em manter a visão de que a racionalidade do homem constrói as ideias, mas não se perde na relação teocêntrica que, ao ver dele, existe e pode ser explicada ao pleno terreno das possibilidades do que a filosofia chama de Verdade. Ainda se tratando do dualismo corpo & alma sob a perspectiva cartesiana, é preciso levar em conta que “no pensamento de Descartes o único sujeito que interfere, ou que age contrário à alma, é o corpo” (LIMA, 2012). Por isso, a forma 17 mais clara de se ter conhecimento o das paixões é fazer a separação destes dois elementos e examiná-los para saber também a qual dos dois se atribui as funções existentes no homem. É este Descarte dualista que organiza o cartesianismo e a Filosofia Moderna. 3 A ALMA SEGUNDO DESCARTES [...] nada resta em nós que devamos atribuir à nossa alma, exceto nossos pensamentos, que são principalmente de dois gêneros, a saber: uns são as ações da alma, outros as suas paixões (DESCARTES, 1979, p.306). O trecho ora em destaque compõe as letras argumentativas de Descartes a respeito da alma e suas funções em diferenciação do corpo em As Paixões da Alma, obra publicada originalmente em 1649. Embora não seja a única preocupação do pensador da filosofia moderna responder a conceitos descritivos, quem lê a obra descartiana sobrescrita sente o interesse de encontrar uma resposta direta para uma indagação que se faz presente em vários pontos do conhecimento humano, a saber, qual o conceito que explique o que é alma. As indagações que existem entre os diversos estudiosos que se espalham pelos tantos campos de pesquisa e conhecimento a respeito do homem levantam um questionamento a respeito da existência ou não da alma e que recebe imediatamente duas respostas. Para uns, sim. Para outros, não. Mas trabalhar a existência ou não da alma não é um trabalho tão simples e militados às duas respostas aqui anotadas. A começar, há quem queira encontrar uma resposta para a pergunta que se mantém sem definição plena ou de aceitação definitiva no mundo científico: o que é alma? As propostas de respostas para tal pergunta vêm de muitas fontes do conhecimento humano. Filósofos, teólogos, antropólogos e tantos outros entes dos ramos da intelectualidade humana de dividem em análises e conceituações a seu ver sobre o existir ou não e, para os que acreditam na existência, que definição organizar para conceito e caracterização do termo alma. Fonseca (2013, p.7), sob a influência da doutrina espírita, apresenta uma explicação direta, a saber, a de que alma é “um espírito encarnado”. Mas o caso de um conceito nessas condições traz para o campo das discussões a visão da tricotomia corpo, alma e espírito na formação essencial do homem. A alma passa a 18 ter uma ligação direta com o espírito, interpretação esta apresentada pelo apóstolo Paulo na missiva bíblica chamada Primeira Carta de Paulo aos Tessalonicenses. Nela, o escritor cristão do século I d.C lança mão da expressão tricotômica espírito- alma-corpo para se referir à essência humana, mas sem a preocupação de usá-la como fundamento doutrinário. A interpretação tricotômica do homem é claramente contestada pelo pensamento católico desde os primórdios da sua existência e, com mais força ainda, da sua predominância ao longo da Idade Média, quando houve a sua organização doutrinária definitiva sobre o que é alma. Para os pensadores concordantes do catecismo católico romano, não há tri, mas dicotomia: corpo e alma. Conforme registra o site romanista Veritatis Splendor (2010), o pensamento é de que “a teologia católica entende que o homem é formado de Corpo e Alma, sendo assim um ser material e espiritual, a exemplo das elucidações das Sagradas Escrituras como durante a narração da criação do homem por Deus”. A doutrina católica, conforme o conteúdo material do site sobrescrito, recorre aos exegetas e pensadores católicos dos primeiros séculos do cristianismo pós- período apostólico para refutar a separação espírito, alma e corpo, cuja interpretação tricotômica recebe apoio em boa parcela do mundo protestante evangélico. Ainda em Fonseca (2013), é importante considerar que se, conforme ensinam os Espíritos, a alma antes de se unir ao corpo era um espírito, então “as almas não são senão os Espíritos”. Mas, se almas são Espíritos, por que razão usar duas palavras diferentes para exprimir a mesma coisa? A diferença entre o conceito de “alma” e o de “Espírito” é apenas o fato de estar ou não encarnado? Na verdade, [...] Kardec definiu “alma” e “espírito” de modo um pouco mais elaborado. A primeira pista para compreender esses conceitos vem dos comentários de Kardec à questão 135-a do LE: “O homem é, portanto, formado de três partes essenciais: 1º) O corpo ou ser material (...); 2º) A alma, Espírito encarnado que tem no corpo a sua habitação; 3º) O princípio intermediário, ou perispírito, substância semimaterial que serve de primeiro envoltório ao Espírito e une a alma ao corpo. (...)”. É curioso notar que Kardec usou o termo “alma” para representar a 2ª parte essencial no homem, enquanto que a função do perispírito é “unir a alma ao corpo”. 19 Embora a citação bíblico-paulina registrada neste capítulo e a fração textual acima, proveniente da percepção teológica espírita, concordem na tricotomia humana, há uma grande distância interpretativa entre essas duas fontes entre si e entre elas e outras considerações filosóficas sobre o conceito de alma. Na verdade, as considerações sobre impõem divergências insuperáveis no mundo cristão. E ainda no campo da filosofia muitos há que argumentam conceitualmente “alma” sem comunhão com o pensamento de Renê Descartes, que, analisando as funções de cada essência que forma o homem, escreveu: Depois de ter assim considerado todas as funções que pertencem somente ao corpo, é fácil reconhecer que nada resta em nós que devemos atribuir à nossa alma, exceto nossos pensamentos, que são principalmente de dois gêneros, a saber: uns são as ações da alma, outros as suas paixões. Aquelas que eu chamo suas ações são todas as nossas vontades, porque sentimos que vêm diretamente da alma e parecem depender apenas dela; do mesmo modo, ao contrário, pode-se em geral chamar suas paixões toda espécie de percepções ou conhecimentos existentes em nós, porque muitas vezes não é nossa alma que os faz tais como são, e porque sempre os recebe das coisas por elas representadas (DESCARTES, 2015, p.234). Em Descartes,conforme se lê no destaque textual acima, a preocupação enfática está em estabelecer a relação corpo (parte material) e alma (parte abstrata) que formam o todo do homem. Esclareça-se, contudo, que, de propósito ou não, Renê Descartes, com a sua crença na existência de Deus, não se distancia concretamente do mundo teológico, posto não ser possível para um intelectual se desvincular em seus trabalhos plenamente da fé manter a crença num ser completamente imaterial. Quanto à alma, Descartes chega à conclusão de que o pensamento é a substância da alma e é por meio do pensamento que ele acredita na sua própria existência. Ele pode negar quase tudo, menos a sua existência, pois negaria também a sua capacidade raciocinativa. Não é possível pensar e não existir. Desta maneira, o pensamento não necessita de mais nada além dele mesmo: “Disso reconheci que eu era uma substância cuja essência ou natureza é somente pensar, e que, para ser, não tem necessidade de nenhum lugar nem depende de nenhuma coisa material” (DESCARTES, 2002, p. 102). Sem se deixar cair em contradição, o mesmo Descartes que acreditava em Deus propôs em seu método cartesiano, porém, que este seria um instrumento que, 20 bem manejado, levaria o homem à verdade, visto que esse método consistia em aceitar apenas aquilo que é certo e irrefutável e consequentemente eliminar todo o conhecimento inseguro ou sujeito a controvérsias. “O objetivo de Descartes era de abranger numa perspectiva de conjunto unitário e claro, todos os problemas propostos à investigação científica” (STIGAR, 2008, p.2). Registre-se, nesta feita, que as propostas de Descartes dificultam em sua essência uma conceituação certa e irrefutável do conceito de alma, que é o que interessa a este capítulo textual, por conta da subjetividade de trabalhos em volta do termo em questão. É certo que anotar aqui todas as proposições de conceituação de alma seria abrangente demais para a objetividade com que se produz um trabalho argumentativo. Mas, vale a pena registrar abaixo o que entenderam alguns pensadores sobre o assunto. Iskandar (2011, p.5), trabalhando Aristóteles, entende que entendia por alma que [...] entre os corpos naturais, há os que têm vida e os que não a têm; e costumamos chamar vida à autoalimentação, ao crescimento e ao envelhecimento, donde resulta que todo corpo natural que participar da vida é entidade, porém, entidade no sentido de entidade composta. E, posto que se trate de um corpo de tal tipo - a saber, que tem vida - não é possível que o corpo seja alma: e é que o corpo não é das coisas que se dizem de um sujeito; antes, ao contrário, realiza a função de sujeito e matéria - logo, a alma é necessariamente entidade, enquanto forma específica de um corpo natural que em potência tem vida. Portanto, a entidade é enteléquia, logo a alma é enteléquia de tal corpo. Enteléquia, segundo a visão aristotélica, é a perfeição em ação. Assim sendo, Aristóteles entende alma como perfeição ativa no corpo humano, ou seja, a enteléquia do ser se realiza na alma. Desconsideradas as diferenças de interpretação da formação do homem em toda a sua plenitude, como se lê nas fundamentações textuais até aqui, há um entendimento que une todos os pensadores registrados neste trabalho: a alma existe e faz parte da essência humana. Todos eles também se unem a Descartes, quando a questão é a existência da alma, embora cada vertente interprete ao seu modo esse ponto formativo do homem. Para Descartes, conforme destaca Guimarães (2014, p.3), “o corpo pode ser medido e calculado, pois possui uma extensão”. O pensamento, porém, é algo 21 impossível de ser atribuído ao corpo, mas um apanágio da alma. “Para Descartes, onde não houver alma, não há pensamento”, propôs Guimarães. 4 ANÁLISE DA OBRA AS PAIXÕES DA ALMA Pode-se colocar em questão sobre as paixões. A paixão está ligada com o sentimento da alma que pensa o objeto que causa o amor. Esta paixão move o corpo para a realização desta vontade. Neste sentido, a alma e o corpo combinam-se, pois a alma funciona como impulso para o corpo ir em direção ao seu amado. E a paixão deixa o homem agitado, é uma emoção que, por mais que ele controle, o direciona a mover-se ao outro (OLIVEIRA, 2014). As letras de Oliveira (2014) associam de imediato os sentimentos humanos, entre os quais estão as paixões, à alma, numa concordância de pensamento com Descartes em seu tratado sobre o assunto. “Por mais que teoricamente seja possível pensar em um amor exclusivamente racional, nos seres humanos, esse amor se manifesta como uma paixão que movimenta o corpo e produz sinais de sua presença” (MURTA, 2006, p. 9). É nesta dimensão interpretativa descartiana que jaz a sua última publicação filosófica em vida. As Paixões da Alma é dos livros que impuseram o reconhecimento no tempo e na história a Descartes. Publicado em 1649, o seu objeto são as paixões, os sentimentos, aquilo que o homem sente e pensa na sua condição de estar no mundo. Aqui, fala-se do homem propriamente dito, onde se conjugam as duas formas de existência, a da alma e a do corpo. O homem em situação, com seus sentimentos e sensações, é objeto desse texto, onde há atuantes conceitos poderiam ser estimados como morais. Estando a alma indissociavelmente unida ao corpo, não sendo ela como um "piloto alojado em seu navio", coloca-se a questão de como deve agir o homem virtuoso respondendo às paixões de seu corpo. Expõe-se aqui a relação explicativa entre alma, corpo e paixões, que domina todo o conteúdo da obra em questão, obviamente, dentro do seu contexto histórico, temporal e cultural da época em que viveu o seu autor. Com o apoio textual de Persone (2014), constrói-se aqui a informação de que O Tratado das Paixões da Alma é o último trabalho de Descartes. Esse Tratado divide-se em três partes e é composto de 212 artigos: Parte I: (Art. 1-50) as paixões em geral e incidentalmente toda a natureza do homem; Parte II: (Art. 51-148) o 22 número e ordem das paixões e explanação das 6 paixões primitivas. Parte III: (Art. 149-212) as paixões específicas. A sequência completa das paixões, conforme a ordem estabelecida pelo autor, com as seis paixões primitivas em destaque, é: Art. 53 - Admiração; Art. 54 - Estima ou Desprezo, Generosidade ou Orgulho, Humildade ou Baixeza; Art. 55 - Veneração ou Desdém; Art. 56 - Amor e Ódio; Art. 57 - Desejo; Art. 58 - Esperança, Temor, Ciúme, Segurança e Desespero; Art. 59 - Irresolução, Coragem, Ousadia, Emulação, Covardia e Pavor; Art. 60 - Remorso; Art. 61 - Alegria e Tristeza; Art. 62 - Zombaria, Inveja, Piedade; Art. 63 - Autossatisfação e Arrependimento; Art. 64 - Favor e Reconhecimento; Art. 65 - Indignação e Cólera; Art. 66 - Glória e Vergonha; Art. 67 - Fastio, Pesar, Jovialidade (Alegresse). Depois de todas as detalhadas explanações, no art. 212, ou seja, o último, Descartes escreve que de resto a alma pode ter seus prazeres à parte; mas, quanto aos que lhe são comuns com o corpo, dependem inteiramente das paixões: de modo que os homens que elas podem mais emocionar são capazes de apreciar mais doçura nesta vida. É verdade que também podem encontrar nela mais amargura, quando não sabem empregá-las bem e quando a fortuna lhes é contrária; mas a sabedoria é principalmente útil neste ponto, porque ensina a gente a tornar-se de tal forma, seu senhor e a manejá-las com tal destreza, que os males que causam são muito suportáveis, tirando-se mesmo certas alegrias de todos. É fato que Descartes abriu para o mundo as portas da especulação científica baseada no método, e não fugiu a esse método em As Paixões da Alma. Ele criouo método num mundo que despertava durante o virar do século XVI para o XVII. O seu livro Discurso do Método teve como objetivo guiar a reta conduta do leitor à Razão e à busca da Verdade das Ciências, ou seja, guiá-lo ao bom uso da Razão e torná-lo apto a alcançar a Verdade na investigação das Ciências, constatação esta já referida em ocasiões anteriores neste mesmo trabalho. Descartes investiga o fenômeno e efetua a especulação na metafísica, isto é, ele soluciona problemas matemáticos e resolve, ao mesmo tempo, o problema da solidão do ser humano com a existência de Deus. Assim, a veracidade das ideias, desde que claras e distintas, pode ser garantida pela veracidade própria de Deus, interpretação descartiana esta apegada a um teocentrismo renovado pós- 23 Renascimento e pós-turbulências no mundo cristão europeu com o protestantismo e as reações católicas do século XVI. A veia científica também já atendia ao capricho da história do seu tempo, que vai visualizar o Iluminismo francês. A propósito, o pensador francês mantém a relação Divino/Humano em suas reflexões com certa força de crença, sustentando o intuito pelo qual ingressou no estudo da filosofia a partir do conselho do cardeal Bérulle, a saber, o de conciliar a ciência com as verdades cristãs (JAPUASSÚ; MARCONDES, 2006, p.69). As ponderações sobre corpo, alma, a questão dos espíritos animais e a racionalidade humana se juntaram reflexivamente em As Paixões da Alma. Segundo Descartes, enquanto glândula pineal, órgão intermediário do cérebro que faz a separação entre alma e corpo, a alma é um órgão móvel, o que a torna capaz de afetar e de ser afetada pelos espíritos animais. Para o filósofo, os espíritos animais são elementos orgânicos responsáveis pela transmissão de movimentos e de sensações, algo equivalente aos impulsos neuroelétricos nos dias de hoje. A interação entre alma e corpo, proposta pelo dualismo cartesiano, entretanto, apresenta um grave problema, identificado na ciência da atualidade. Por isso que este trabalho pondera a contextualização no tempo da obra em análise, pois se está tratando aqui de uma publicação da primeira metade do século XVII. Sabe-se hoje o que ocorre no caminho que vai do mundo exterior até os sentidos da visão e desses até a glândula pineal. Os objetos exteriores afetam os órgãos dos sentidos, que transmitem imagens até a glândula pineal por meio dos espíritos animais. No entanto, continua-se sem saber como a alma, substância imaterial e sem extensão, pode perceber imagens materiais projetadas na glândula pineal. Como se realiza esse “salto” entre a alma e a glândula pineal, órgão do corpo humano? A complexidade reflexiva aqui está na mistura de órgãos materiais e substância imaterial desenvolverem trabalhos conjuntos, sem que se possa estabelecer de fato o limiar entre um e outro. A indicação precisa da posição dos chamados espíritos animais como participantes do movimento do corpo para Descartes, entende-se ser o percurso do pensador na obra O Tratado do homem (1662) no intuito de demonstrar que a força e intensidade da agitação destes espíritos no corpo correspondem a certos movimentos no próprio corpo, bem como sua recepção de objetos por mediação do 24 aparato sensorial, e que envolvem, todavia, a oscilação dos espíritos animais no corpo. Todavia, o percurso dos espíritos animais como um “vento ou chama muito sutil” que governa os movimentos do corpo e seus membros, coincide mais precisamente ao que os sentidos, enquanto capacidade da percepção e sensibilidade, possuem de importante na recepção dos objetos externos e no modo de atingir a alma. A descrição e as observações daí decorrentes da relação, a saber, a relação entre os espíritos animais e o aparato sensorial do corpo humano, é evidenciada como perspectiva e interesse de Descartes em uma precisa passagem: “os espíritos animais seguem seu curso através dos poros do cérebro, e como esses poros estão dispostos, quero vos falar aqui, particularmente, de todos os sentidos”. Neste momento do texto de Descartes, temos uma rica conjunção de descrições, um a um, de cada sentido e sua condição de recepção dos objetos externos, uma minúcia de certo muito perspicaz. Contudo, é neste contexto de tentativa de recurso de observação, em tomar o aparato sensorial como ponto de movimento em relação aos espíritos animais, que acabamos sendo levados mais adiante ainda do simplesmente aparato sensorial, e observar, a partir da leitura de Descartes, ao que os espíritos animais também interferem: a saber, os sentimentos. E deste modo nos aproximar daquela relação que fundamenta nossa interpretação, e que aponta para a possibilidade de que os espíritos animais em Descartes ocupam posição de mediação da relação entre o corpo e alma. Por outro lado, Descartes procura também nesta parte do Tratado que versa sobre O Homem, em sua compreensão de unidade entre corpo e alma, o interesse em demarcar que nesse corpo ao qual temos a minuciosa descrição de seu funcionamento, há uma possibilidade de unir-se a uma alma racional (CARVALHO, 2011, pp.17,18). Vale a pena indicar a partir da fração textual acima e com a interpretação fita no cartesianismo de Descartes um percurso de pensamento que se articula como um todo na filosofia do estudioso francês, acerca da relação entre corpo e alma, uma vez que através da leitura do Tratado do homem, realiza-se um movimento de pensamento que investiga o conceito do que sejam estes tais espíritos animais, que 25 atendem pela designação de um movimento ou chama muito sutil em constante circulação no corpo, como anota Descartes. O intelectual francês afirma que se sabe que todos esses movimentos dos músculos, assim como todos os sentidos, dependem dos nervos, que são como pequenos fios ou como pequenos tubos que procedem, todos, do cérebro, e contêm, como ele, certo ar ou vento muito sutil que são chamados espíritos animais. Nesta direção da visão filosófica de Descartes a partir da leitura da primeira parte do Tratado das Paixões da Alma, o movimento descrito parece tomar um ponto de partida oposto ao Tratado do homem, se nesta obra o corpo é ele mesmo pormenorizado (partes, sensações distintas descritas), parece que nas Paixões da alma, a intenção é tomar como ponto de partida a própria alma, que é a casa das paixões, e que em suma não é corpo, e se familiariza com o pensamento. Todavia, Descarte aponta para uma posição em que a indicação da cisão e distinção da natureza do corpo e da natureza da alma possuem sua tensão justo na mediação. O Tratado das Paixões não se distancia do discurso antropológico cartesiano na busca pela compreensão da natureza humana. O método que Descartes emprega nessa obra segue a noção fundamental das anteriores, qual seja, a clareza e a distinção como critérios para o conhecimento certo de nossa existência e suporte para enfrentarmos a vivência. Bem verdade que nas Meditações (1641) seu esforço em distinguir essas duas naturezas (alma e corpo) não possui a completude da análise. Assim como no Tratado do Homem Descartes não se atém à alma, nas Meditações não insiste na união alma-corpo, muito embora esboce sobre a união substancial, não expande a dualidade para um estudo das paixões. O exercício do pensamento puro desdobra as faculdades, mas não demonstra as diversas situações que o homem pode encarar na sua existência. A dicotomia corpo/alma não é objeto de dúvidas do filósofo em questão, assim como o material & imaterial, o Divino & terreno, a Divindade & humanidade. Há pensamentos entre o da terra e o do céu que não estava em discussão por parte deDescartes. O que entra em cogitação é o próprio homem e a sua formação externa e interna. As exemplificações antônimas deste parágrafo eram subsídios de análises e interpretações filosóficas por parte do referido escritor francês, sendo o homem um objeto de indagações e de proposições muito presentes nas anotações de Descartes, como se lê claramente em As Paixões da Alma. 26 O Tratado das Paixões, mais que um conhecimento das paixões, é uma imersão de como lhes reagimos voluntariamente ou involuntariamente. A primeira tem como foco o combate contra a irresolução e a estima pelo livre-arbítrio; a segunda reforça o domínio que o sujeito deve exercer sobre o corpo quando, dessa reação, o bom senso julga necessário o uso da vontade para refrear as paixões à luz do entendimento. No entanto, até então é necessário que, de modo geral, se conheça as paixões. O andaime que nos leva a mais uma etapa da hipótese é o subtítulo da primeira parte do Tratado das paixões: Das paixões em geral e ocasionalmente de toda a natureza do homem. Com destaque a toda natureza do homem, não é possível aceitar esses escritos com um viés meramente epistêmico, mas sim, também antropológico, realçado no esclarecimento das paixões, cerne da união alma-corpo, que é essencialmente o conhecimento de nossa natureza. O Tratado das Paixões possui uma especificidade quanto a sua intenção de escrita. Particularmente essa obra não possuía a escolha de Descartes em publicá- la ao conhecimento dos doutos para um debate, mas apenas para que a Princesa Elizabeth da Boêmia pudesse, a pedido da própria, conhecer mais precisamente a relação entre alma e corpo e, necessariamente, a disposição de nossas paixões em relação à moral, assunto sobre o qual, até então, o filósofo pouco abordara, mas apenas indicara os preceitos de uma moral provisória em seu Discurso do Método. Sintomaticamente, foram duas mulheres [Rainha Cristina e Princesa Elisabeth] que o obrigaram a explicar-se num domínio em que, segundo as próprias palavras do filósofo, era habitualmente reservado (FERREIRA, 2009, p.181). Marques (2002, p.272) presta o comentário interpretativo de que quando Descartes escreve a carta-prefácio dos Princípios e propõe a famosa imagem da árvore, ele está terminando o primeiro esboço do Tratado das Paixões que por se tratar da sua preocupação moral, conterá aquilo que ele chama a principal utilidade da filosofia que se acha nos ramos ou nas extremidades da árvore hipotética cujos frutos estão para ser colhidos nas extremidades. O pano de fundo da pesquisa de Descartes sobre as paixões está centrado em suas preocupações científicas. A estas deve ser acrescentada a teoria da união da alma e do corpo bem como os caminhos e descaminhos da correspondência com Elisabeth. 27 A considerar a estrutura da obra, vê-se que ela se divide em três partes. A primeira, que aqui mais no interessa, recebe o título de “Das paixões em geral e ocasionalmente de toda a natureza humana” mostra como o terreno das paixões é o da união entre alma e corpo. Só que para chegar à definição de paixão, é preciso estudar as funções próprias do corpo e aquelas que dependem da alma. Há em O Tratado das Paixões da Alma a possibilidade de se construir uma técnica para dominar e conduzir as paixões. Conforme se lê em Marques (2002, p.272), na época do Discurso do Método, parece que Descartes põe tanta esperança na medicina, que ela se apresenta como meio de tornar os homens mais sábios e hábeis por causa da dependência recíproca do espírito e da disposição dos órgãos do corpo. Nove anos mais tarde, em junho de 1646, quando termina o Tratado das Paixões, ele reconhece certo fracasso nessa concepção de medicina, confessando a Chanut que não conseguiu completar suas pesquisas em medicina, mas encontrou os fundamentos de sua moral. Adverte-se também que o Tratado das Paixões não se pretende a um estudo moral das paixões baseadas numa ordem teológica de bem e mal, mas tão-somente nas disposições neurofísicas das duas substâncias, alma e corpo. É, por assim dizer, uma difícil empreitada de pensar, primeiro, como algo imaterial (puro) e material (orgânico) podem relacionar-se, cada qual com sua autonomia, constituindo nossa natureza; e segundo, como devemos nos portar diante disso, dessa confusão que nos torna indivíduos no sentido mais real: indivíduos que reconhecem suas fraquezas, exercem suas forças, decidem num determinado critério, são golpeados pelo erro, deliberam na resolução e se dispersam na irresolução (MARQUES, 2002, p.273). O Tratado das Paixões, publicado em 1649, é um livro produzido sob o esforço de certa maturidade para entender as paixões da alma em sua relação com o corpo e, como nos ensina o cartesianismo, constituir nisso uma coerente distinção dessas noções e atribuir a cada qual somente o que lhe pertence a esse propósito. Descartes na obra sobredita não apenas considera o espírito puro, mas encarnado, e ele trabalha esse entendimento à medida que este não opera isoladamente, debruçando-se sobre os conteúdos inatos a si mesmo (o que é propriamente o uso puro do entendimento), mas do entendimento na medida em que este considera as paixões causadas nele pelo corpo. 28 Conforme indaga Forlin (2012, p.140), qual é, pois, o real objetivo da distinção entre corpo e alma no Tratado das Paixões? Com essa pergunta, é possível ao homem chegar a assenhorear-se do espírito? Se sim, desse espírito assenhoreado, é possível apropriar, consolidar e assegurar suas decisões afetadas pelas paixões? É possível que o homem adquira certezas do movimento livre de sua vida, das alternâncias e prosseguimentos harmônicos pelos quais o espírito tende a fortalecer nas consequências práticas de suas ações? Não pode jamais haver um jogo de consciência leviano “como num vazio” entre a alma e o corpo. A diversidade do conteúdo sensível (dos sentimentos), quando o entendimento entrevê com clareza esse antagonismo (alma e corpo) de forma espiritual, satisfaz as exigências da compreensão na complicada distinção. É esse o objetivo: investigar tais perguntas pela consciência e a consistência das duas substâncias nas suas distinções e, a partir delas, a preparação para as ações da vida. Segundo o que se lê em Descartes, com suas exposições e discussões, no Tratado das Paixões, a relação fundamental da alma e do corpo consiste em que se pode considerar essa relação distinta: sendo o homem somente o corpo, dispondo- se somente dos movimentos corporais – que caso não tivesse a alma, seria como um corpo movendo de acordo com os movimentos dos órgãos (como se constata na obra Tratado do Homem); porém, havendo também entendimento, vontade, e demais outros modos de pensar que, agindo e agidos sobre este, pode-se também considerá-los modos distintos do corpo na medida em que, nas próprias Meditações, são exemplos de como nos afastamos dos sentidos e nos acertamos no uso para o puro entendimento. Enfim, a julgar pelas anotações propositivas, é reconhecível que o dualismo metafísico cartesiano deixou como herança à posteridade uma série de problemas a serem tratados reflexivamente. Por exemplo, como explicar inter-relações entre as substâncias tão heterogêneas entre si. Para ele, somente em Deus elas poderiam ser reunidas e formar uma só substância. Corpo e alma seriam substâncias finitas que de Deus proviriam, isso é, seriam fruto de um ser de substância infinita. Responder a questões filosóficas a partir de uma percepção teocêntrica das coisas, como se vê nesta feita, traz complexidade interpretativa e dificulta a aceitação das respostas por parte de muitos, ainda que não detodos. 29 E as indagações se proliferam. Como uma substância finita poderia derivar de uma substância infinita? E ainda por analogia, somente no ser humano se encontrariam, como se amalgamadas, a alma e o corpo, que ao sentido parecem quase indistintas e não separadas. Mas Descartes não considera verossímil algo apreendido dos sentidos. O espírito (com seu pensamento e o intelecto) estaria para o corpo assim como a mente estaria para a alma. Assim a mente seria aquilo que do espírito parece distinto, mas realmente não é distinto, continua sendo um pensamento (res cogitans). A dualidade espírito-mente seria uma falsa dualidade, seguindo o pensamento de Descartes. Somente a mente pareceria distinta porque se apresenta quase estática, já que é reflexiva, por sinal, quase palpável; enquanto o espírito aparece aos sentidos como ativo, criativo, mutável, etc. Enquanto o espírito seria o ativo da substância res cogitans, a mente seria seu ângulo potencial, aquilo que o pensamento tem de ponderável, como um pensamento que se adensa ou se aprofunda em um assunto, talvez o subjetivo do pensamento. A mente seria ao sentido como um imponderável que seria mensurável. Ao menos assim se apresenta a visão descartiana. 30 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS A contar com a ajuda de Silva (2014), faz-se a anotação de que Descartes era um homem de seu tempo. Como toda pessoa culta do período logo após o Renascimento, ele estava atento às novas descobertas científicas ocorridas em todos os ramos do conhecimento. Apesar de ter passado por uma formação escolástica, no colégio jesuíta de La Flèche (França), ele não deixou de apreciar trabalhos de seus contemporâneos: o físico italiano Galileo Galilei (1564-1642), o matemático François Viète (1540-1603) e do fisiologista inglês William Harvey (1578- 1657). Também não deixou de tecer, prudentemente, suas críticas ao dogmatismo da igreja. Além disso, ele chegou a ingressar no exército holandês de Maurício de Nassau (1604-1679), a fim de conhecer de perto vários países diferentes, entre 1618-1620. A principal contribuição de Descartes à ciência talvez tenha ocorrido na matemática, área em que foi o pioneiro no uso de letras do alfabeto para representar as constantes e variáveis, além de empregar pela primeira vez expoentes e o símbolo da radiciação: raiz. O sistema de coordenadas cartesianas permitiu a fusão da geometria com a álgebra, na chamada geometria analítica, proporcionando a localização dos valores das variáveis de uma equação em pontos situados em um plano. O sistema cartesiano foi exposto na sua obra Geometria, escrita em 1637, e ainda hoje é muito utilizado na formação de gráficos analíticos, onde se traça uma curva sobre os pontos marcados por duas coordenadas perpendiculares. Na Física, Descartes chegou a elaborar, em 1644, uma teoria segundo a qual a Terra estava em repouso em um vórtice que girava em torno do Sol, procurando aliar o geocentrismo da igreja com as ideias de Nicolau Copérnico (1473-1543). Seria os seus trabalhos mais uma corrente de pensamento a respeito da origem da Terra e de como explicar o Universo. Entretanto, em decorrência da censura de Galileu, em 1616, Descartes só autorizou a publicação de seu Tratado do Mundo, após sua morte que veio acontecer em 1650, por causa de uma pneumonia contraída na Suécia. Quanto às descobertas sobre anatomia humana, Descartes foi um grande divulgador da teoria 31 da circulação sanguínea de Harvey, a quem cita, sem mencionar o nome, na quinta parte do Discurso do Método e na primeira parte d'As Paixões da Alma. Tratando-se na obra As Paixões da Alma, objeto de estudo deste trabalho acadêmico, logo na primeira parte, fica evidente a intenção de explicar o dualismo corpo–mente perante o conhecimento científico do organismo humano que se tinha até então. Nesse sentido, ele procurou delimitar a diferença entre corpo e alma, vontade e paixão, além de apontar os efeitos da percepção sobre o ser humano. Toda uma descrição fisiológica do funcionamento dos nervos, músculos, cérebro e coração feita com o intuito de mostrar como as paixões são produzidas pelos "espíritos animais" e como a alma pode influir no controle do corpo sem confundir-se com este. As vontades são ações que podem ser realizadas apenas pela alma, quando esta deseja refletir sobre uma ideia abstrata, ou pelo corpo, quando se quer passear e se põe as pernas a caminhar. As percepções que são causadas pela alma estão ligadas às vontades, à imaginação e aos pensamentos. Os devaneios, ilusões e sonhos são imaginações produzidas na alma pela agitação dos espíritos e não pela alma, que imagina apenas coisas inexistentes e inteligíveis. Na alma, também são percebidas as coisas de fora do organismo e as internas por meio dos nervos e sentidos. As percepções exclusivas da alma são aqueles sentimentos que não se conhece nenhuma causa remota, como alegria e ira. Descartes define as paixões por percepções, sentimentos e emoções que são causadas pelo movimento dos espíritos. Assim, as paixões são distintas dos sentimentos relativos aos sentidos e objetos exteriores e internos, diferindo das vontades que lhe são próprias. 32 REFERÊNCIAS BRAGA, Ediéllen. Resumo Discurso do Método – Renê Descartes. Blog Ellen Rangel. Disponível em <http://ellen-rangel.blogspot.com.br/2013/07/resumo- discurso-do-metodo-rene-descartes.html>. Acesso em 22 de junho de 2015. CAMPANER, Sônia. Filosofia: ensinar e aprender. São Paulo: Editora Saraiva, 2012. DESCARTES, Renê. As paixões da alma. Site Acervo de Livros O Pensador. Disponível em <http://copyfight.me/Acervo/livros/OS%20PENSADORES%20- %20Vol.%2015%20(........).%20Descartes%20(inc.).pdf>. Acesso em 23 de junho de 2015. ______. Discurso do Método: para bem conduzir a própria razão e procurar a verdade nas ciências. Tradução de Thereza Chistina Stummer. São Paulo: Paulus, 2002. ______. 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