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Invalidade do Negocio Jurídico (1)

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CAPÍTULO V; Da Invalidade do Negócio Jurídico: 
NULIDADE ABSOLUTA
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
(art. 104, I CC)
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
(CC, art. 123, 124)
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
(CC., art. 123)
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
(CC., art. 104,III)
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
(Há inúmeros casos na lei. Exemplos: arts. 548, 549,762,1.428,1548, 1.900,1.912)
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.
Simulação é uma declaração enganosa da vontade, visando a produzir efeito diverso do ostensivamente indicado. Caracteriza-se pelo intencional desacordo entre a vontade interna e a declarada, no sentido de criar, aparentemente, um negócio jurídico, que, de fato, não existe, ou então oculta, sob determinada aparência, o negócio realmente querido. 
mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. Verifica-se que, com a simulação absoluta o negócio é nulo. O que ocorre também na simulação relativa, mas aqui, segundo o art. 167, subsistirá o que se dissimulou, se for válido na substância e na forma. Assim, no caso da venda por valor menor, se as partes pagarem o Fisco, o negócio subsiste, pois é válido na substância e na forma. 
§ 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem;
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.
§ 2o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado.
Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir.
Ex. art. 1.549
Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes.	
A nulidade absoluta (CC., arts. 166 a 167) poderá ser arguida por qualquer interessado, pelo MP, quando lhe caiba intervir, e pelo juiz de ofício, independentemente de alegação da parte, quando conhecer do ato ou de seus efeitos e a encontrar provada. 
PROIBIÇÃO DE SUPRIMENTO JUDICIAL: a nulidade absoluta opera ex tunc e, por ser de ordem pública, não poderá ser suprida pelo juiz, ainda que a requerimento dos interessados, sendo também insuscetível de confirmação, ou convalidação, podendo ser alegada a qualquer tempo. 
Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo.
Então, não é porque o tempo passou que o negócio deixa de ser nulo e passar a ter validade. Nem que as partes queiram. 
Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade.
Assim, se se verificar que os contratantes teriam pretendido a celebração de outro contrato se tivessem a ciência da nulidade do que realizaram, teremos conversão própria. Por exemplo: podemos ter a constituição de usufruto no lugar de uma compra e venda de um bem inalienável. Mas para isso, é preciso que no contrato nulo as partes tenham obedecido aos requisitos de validade e de forma do novo contrato. 
NULIDADE RELATIVA
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
I - por incapacidade relativa do agente;
(CC., arts. 4. e 105)
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
CC., arts. 138 a 165
Art. 172. O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro.
A nulidade relativa pode convalescer, sendo confirmada, expressa ou tacitamente, pelas partes, salvo direito de terceiros. 
Art. 173. O ato de confirmação deve conter a substância do negócio celebrado e a vontade expressa de mantê-lo.
Não poderá haver qualquer dúvida. O ato de confirmação deverá observar a mesma forma prescrita para o contrato que se quer confirmar. Ex. Se se for confirmar uma doação de imóvel, o ato de confirmação deverá constar de escritura pública, por ser esta da substância do ato. 
Art. 174. É escusada a confirmação expressa, quando o negócio já foi cumprido em parte pelo devedor, ciente do vício que o inquinava.
Assim, é dispensada a confirmação expressa quando o devedor, ciente do vício, já tiver cumprido parcialmente a obrigação. Para se que configure a confirmação tácita será preciso que haja: a) voluntária execução parcial do negócio; b) conhecimento do vício que o torna anulável e c) intenção de confirma-lo.
Art. 175. A confirmação expressa, ou a execução voluntária de negócio anulável, nos termos dos arts. 172 a 174, importa a extinção de todas as ações, ou exceções, de que contra ele dispusesse o devedor.
Isso porque a confirmação dará origem à desistência ou renúncia ao direito de anular o negócio viciado. O negócio não poderá mais ser anulado e, obviamente, as ações que o devedor dispusesse contra o negócio se extinguirão. 
Art. 176. Quando a anulabilidade do ato resultar da falta de autorização de terceiro, será validado se este a der posteriormente.
Se a nulidade relativa do ato negocial se der por falta de autorização de terceiro (representante legal, cônjuge), o negócio passará a ter validade se posteriormente tal anuência se der. 
Art. 177. A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade.
A anulabilidade só pode ser alegada pelos prejudicados com o negócio ou por seus representantes legítimos, não podendo ser decretada de ofício pelo juiz. 
A anulabilidade de certo negócio só aproveitará à parte que a alegou, com exceção de indivisibilidade ou solidariedade, pois se a obrigação for indivisível ou solidária, ante a pluralidade de credores ou de devores, a anulação negocial pleiteada por um deles atingirá a todos. 
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado:
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico;
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.
Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato.
Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior.
Não será juridicamente admissível que alguém se prevaleça de sua própria malícia para tirar proveito de um ato ilícito, causando dano ao outro contratante de boa-fé, protegendo-se, assim, o interesse público. Isso é assim porque ninguém poderá tirar proveito de sua própria torpeza. 
Aqui o menor, dolosamente, oculta a idade.
Art. 181. Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um incapaz, se não provar que reverteu em proveito dele a importância paga.
Aqui o incapaz não age com má fé, não oculta dolosamente sua idade. 
Assim, embora o negócio possa ser nulo ou anulável (dependendo se absolutaou relativamente incapaz), o incapaz não terá o dever de restituir o que recebeu em razão do ao negocial, a não ser que o outro contratante prove que o pagamento feito reverteu em proveito do incapaz. 
Dessa forma, a parte contrária, para obter a devolução do valor pago ao menor, deverá demonstrar que o incapaz veio a enriquecer com o pagamento que lhe foi feito em virtude do ato negocial invalidado. 
Art. 182. Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes dele se achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o equivalente.
A declaração de nulidade absoluta produz efeito ex tunc, alcançando a declaração de vontade no momento da emissão. 
O decreto judicial que pronuncia a anulabilidade do ato negocial produz efeito ex nunc, ou seja, respeita as consequências geradas anteriormente. 
Mas, em ambos os casos, que se planeja é tonar inoperante o negócio jurídico. 
Assim, tanto em um caso como no outro, após o pronunciamento de nulidade absoluta ou nulidade relativa, requer que as partes voltem ao statu quo ante, ou seja, no que se atina às prestações, as partes devem voltar ao estado anterior. 
Ex. com a nulidade de uma escritura de compra e venda, o comprador devolve o imóvel e o comprador devolve o preço. 
Art. 183. A invalidade do instrumento não induz a do negócio jurídico sempre que este puder provar-se por outro meio.
Mas desde que a forma não seja essencial para o ato. 
Art. 184. Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal.
 TABELA COMPARATIVA
	NULIDADE ABSOLUTA
	NULIDADE RELATIVA
	O ato nulo atinge interesse público superior.
	O ato anulável atinge interesses particulares, legalmente tutelados.
	Opera-se de pleno direito.
	Não se opera de pleno direito
	Não admite confirmação
	Admite confirmação expressa ou tácita
	Pode ser arguida pelas partes, por terceiro interessado, pelo MP quando lhe couber intervir, ou, até mesmo, pronunciada de ofício pelo juiz.
	Somente pode ser arguida pelos legítimos interessados.
	Tem efeito ex tunc.
	Tem efeitos ex nunc.
	Opera efeito erga omnes.
	Opera efeitos somente a quem alegar, salvo caso de solidariedade ou indivisibilidade.
	Pode ser alegada a qualquer tempo, não há decadência.
	Há prazos decadenciais: 04 anos, regra geral; 02 anos, art. 179, salvo norma específica.

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