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Disponível em http://www.anpad.org.br/tac TAC, Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, pp. 42-61, Jan./Jun. 2013 Casos de Ensino / Gestão: Estrutura de Propriedade Dispersa e Liquidez em Bolsa: Relação Duradoura ou Mera Coincidência? Structure Property Dispersible Liquidity in the Stock: Lasting Relationship or Coincidence? Everson Manoel de Souza E-mail: eversonms@yahoo.com.br Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI Rua Major Livramento, 1678, Vendaval, 88160-000, Biguaçu, SC, Brasil. Rosilene Marcon E-mail: rmarcon@univali.br Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI Rua João Coan, 400, Sala 408, Centro, 88160-000, Biguaçu, SC, Brasil. Casos de Ensino / Gestão: Estrutura de Propriedade 43 TAC, Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, pp. 42-61, Jan./Jun. 2013 www.anpad.org.br/tac 1992, Agosto Sentado à poltrona de sua casa enquanto assistia a mais uma edição de um telejornal, a cena apresentada quase todos os dias era considerada estranha. Um emaranhado tempestuoso de pessoas aos gritos, aparelhos de telefone aos ouvidos e braços erguidos gesticulando e apontando para algum lugar. Nas mãos, papéis amontoados de qualquer forma, sem qualquer ordem ou significado do que poderiam estar representando. A cena pareceria uma reprodução fidedigna de uma formação caótica a partir da qual jamais poderia erguer-se qualquer tipo de ordem. – Seria mesmo assim a realidade fora do ambiente televisivo? Como estas pessoas conseguem se entender em meio a tanta desordem? – Perguntava o jovem a seu interlocutor. – Creio ser necessário fazer desta forma. É a maneira que encontraram e talvez seja a mais eficiente – Respondia-lhe também perplexo o ouvinte ao lado. Paralelamente à cena mostrada, o repórter de campo narrava, utilizando termos específicos e pouco conhecidos, os acontecimentos do dia no mercado de ações do Brasil. Tudo era muito complexo e fugia inteiramente do ambiente de trabalho que Arthur, à época, um jovem estudante do ensino médio, e seu pai, imaginavam como algo realizável em suas vidas. Diretamente da então Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA), hoje Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&FBOVESPA), as notícias eram de um dia de excelentes negociações. Gráficos ilustravam a cena a fim de evidenciar o bom desempenho das ações ali negociadas por intermédio dos agentes do mercado, quase enlouquecidos em meio a tanta agitação de um dia de negócios em alta. Algum tempo depois... O interesse no mercado de ações já era antigo e acabou se tornando uma paixão quando, em 2006, o jovem estudante universitário Arthur Scherer de Souza, ainda aos 23 anos de idade e amplamente motivado pelos conhecimentos que adquiria no meio acadêmico, participou de uma cadeira relacionada ao estudo do mercado de capitais. A disciplina estudada no curso de Administração da Universidade do Vale do Itajaí, no estado de Santa Catarina, ministrada por uma experiente professora e estudiosa de mercados internacionais, cujas explanações demonstravam conhecimentos e traziam informações mais abrangentes e esclarecedoras, fez aumentar a satisfação de aprofundar seus conhecimentos e se inserir no mundo das mais intrigantes negociações empresariais – assim era como Arthur imaginava o Mercado de Capitais. Nessa época, às voltas com a produção de seu trabalho de conclusão de curso, todas as dúvidas possíveis pairavam sobre sua imaginação a respeito do tema a ser escolhido e estudado. Muitos colegas de classe já haviam determinado o tema de seu estudo e, inclusive, já estavam se reunindo com seus orientadores para esclarecimentos e determinação dos objetivos de estudo. Contudo Arthur encontrava-se envolto por uma nuvem de dúvidas e incertezas quanto ao objeto de estudo e a escolha do orientador. Somado a esses fatores – os quais por si só perturbavam a mente do jovem estudante – ainda havia o fator tempo. O desenvolvimento do trabalho final era monitorado pela instituição de ensino, a qual instituía prazos e os correlacionava aos conteúdos elaborados pelo aluno. Arthur era um estudante obstinado, disposto a desafios frente aos quais muitos desistiriam e, por isso, queria que seu trabalho realmente impressionasse; buscava fugir do senso comum e apresentar algo inovador, único e que trouxesse à tona o interesse de uma maioria. Contudo percebeu que seu objetivo não seria facilmente alcançado. Era um jovem trabalhador, ainda iniciante no mercado de trabalho, e, para poder custear seus estudos, esforçava-se ao máximo para manter seus dois empregos, necessários na obtenção de renda para manter-se no meio acadêmico. E. M. de Souza, R. Marcon 44 TAC, Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, pp. 42-61, Jan./Jun. 2013 www.anpad.org.br/tac O Desenvolvimento de uma Ideia Entre as muitas disciplinas que constavam no currículo do curso de administração, a de Empreendedorismo era uma das que mais aproximava o aluno de uma relação mais direta com o ambiente do fundador – situações diversas vivenciadas pelo empreendedor durante o processo de abertura de um novo empreendimento. A disciplina focava o estudo da criação e todo o ciclo de vida empresarial, além de trazer à sala de aula temas e propostas para formação e aprimoramento de novos empreendimentos. À época, o professor responsável por ministrar esta disciplina tinha em sua didática de aulas um fator diferenciado para iniciar as aulas, pois indagava a turma quanto ao aparecimento de alguma novidade no setor empresarial ou mesmo no cotidiano social que pudesse ser fato gerador de discussão para esclarecimento de dúvidas ou mesmo ampliar conhecimento sobre o assunto, antes de iniciar o conteúdo programático formal. Certa vez, em uma dessas aulas, um tema surgiu tímido nos comentários do professor – o qual também o desconhecia e manifestava curiosidade. Comentado o ocorrido, disse o professor: – Lendo o jornal hoje, à tarde, antes de vir para a aula, encontrei uma expressão que me despertou certa curiosidade: vocês já ouviram falar em Governança Corporativa? O professor, mesmo não sabendo muito bem do contexto do tema, explanou durante alguns minutos sobre o mesmo, destacando que se tratava de uma nova sistemática, já existente em alguns países com mercado de ações mais desenvolvido – Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra, entre outros – de gerenciamento de informações, cujo intuito é tornar mais claras e rígidas as regras de divulgação de informações das companhias em favor de seus investidores, principalmente os minoritários. Tal explanação deixou Arthur intrigado e inquieto, além de despertar-lhe um interessante pensamento: “Eis um tema não muito difundido e desafiador. Eu sempre gostei de desafios e também de fazer algo diferente e fora do pensamento comum. Acho que essa é a oportunidade que eu esperava para desenvolver uma pesquisa que realmente possa agregar conhecimento em um tema de pouca difusão no meio acadêmico – o mercado de ações!”. Não sabia do que se tratava e tampouco imagina quem procurar – o professor – para obter orientação em nível elevado e a fim de elaborar um trabalho de conclusão de curso que pudesse ser reconhecido por todos – professores e alunos – como realmente valoroso, inovador e, sobretudo, disseminador de conhecimento a respeito de um tema que trata de uma das mais importantes fontes de captação de recursos para investimentos a companhias em todo o mundo e acessível a diversos tipos de investidores, podendo ser estes institucionais ou mesmo qualquer cidadão disposto a aplicar seus recursos financeiros. Neste momento, parecendo vivenciar alguns minutos de torpor pela completadesconexão com a aula que acontecia e estando seu pensamento totalmente voltado às inúmeras possibilidades que o poderiam levar a aprofundar-se no tema discutido, a ansiedade passa a dominar as horas que Arthur ainda teria de passar em sala de aula até sua ida para casa. Uma espera longa, mas que lhe permitiria acessar a internet e obter ajuda através de alguma página virtual que lhe trouxesse informações suficientes para responder à pergunta que não saia de sua mente: o que é Governança Corporativa? Procurando incessantemente por sites de busca que o pudessem ajudar, o jovem estudante inicia uma pesquisa rápida que culminaria em várias possibilidades de acesso, estando a maioria apontadas para o site da Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA). Naquela noite, entusiasmado e ainda repleto de dúvidas, cada vez mais envolvido pelo torpor que insistia em lhe dominar, Arthur postergou o quanto foi possível o seu momento de descanso até que o sono lhe venceu, ficando ainda em aberto muitas das respostas para a maioria de suas perguntas. Nos dias que sucederam a tais fatos, muitas informações foram obtidas, tornando mais confortável a condição de Arthur em relação aos fatores relevantes da Governança Corporativa na Casos de Ensino / Gestão: Estrutura de Propriedade 45 TAC, Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, pp. 42-61, Jan./Jun. 2013 www.anpad.org.br/tac bolsa de valores do Brasil. Mais ciente de seus objetivos, Arthur resolve procurar a professora das aulas de mercado de capitais, explicando seus anseios e vontades a respeito do projeto que havia idealizado, visando ao desenvolvimento de um estudo que focaria a investigação do desempenho econômico e de mercado das companhias classificadas nos níveis de governança corporativa da Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA). Numa grande demonstração de vontade e competência por parte de Arthur e magistral orientação, tal estudo, após findado, trouxe a realização esperada e a satisfação de ter realizado um trabalho que não lhe valeu somente prestígio, mas possibilitou-lhe a abertura de um caminho que levou sua pesquisa à publicação, alguns meses depois, por uma renomada revista de artigos científicos do gênero. O que Arthur não sabia é que este seu envolvimento no mundo do mercado de ações, para realização do que seria apenas um trabalho de conclusão de curso com intuito da obtenção de seu diploma universitário, seria apenas o começo da história... Surge um Novo Desafio Algumas pessoas são movidas por desafios os quais as fazem crescer e as mantêm confiantes na busca por mais conhecimento e melhor qualificação profissional. Assim era como a mente de Arthur sintetizava e retratava tudo que aprendera sobre como se portar diante de algo novo, promissor e que pudesse catalisar experimentos e aprendizagens em prol de grandiosas conquistas. Dias atuais Não somente na figura do aluno, mas agora desejando atuar como investidor, mais experiente e certo de suas opções, Arthur buscava, ainda sem muita certeza dos parâmetros a serem escolhidos para nortear seu novo desafio, fontes teóricas e indicadores que pudessem formar embasamento para uma nova pesquisa que o inteirasse das reais condições do mercado e das melhores possibilidades de investimento. Desta vez, motivado por questionamentos que envolviam decisões estratégicas e o comportamento dos investidores frente à escolha de parâmetros que os norteassem na decisão de escolha sobre em quais companhias investir, Arthur decidira investigar a possibilidade da existência de uma relação direta entre liquidez e dispersão acionária no mercado de capitais do Brasil. Nesta nova fase como pesquisador, suas ideias eram mais claras, porém mais ambiciosas também. Concluíra, portanto, que não bastava avaliar dados e demonstrar simbolicamente suas conclusões, como eram realizados muitos estudos no meio acadêmico – alguns contentores de relevantes informações, todavia não consistentes o bastante a fim de atrair olhares mais exigentes. Tornava-se cada vez mais importante, em seu pensamento, a possibilidade de participar de maneira concreta e ativa de um contexto intelectual, para o qual pudesse contribuir com suas investigações – não bastava passar pelo cenário, queria vivê-lo. Mantendo pensamento firme e direcionado, foi em busca de algumas fontes de dados que pudessem nortear sua investigação. Nesta fase do desenvolvimento de sua nova pesquisa, Arthur não teve dúvidas, precisava de orientação de qualidade, provinda de alguém muito experiente e capaz de orientá-lo através de um cenário complexo e de caminhos pouco explorados. Todas as suas possibilidades apontavam para uma solução: a professora que o havia orientado há algum tempo, cujas habilidades e conhecimento, ao tratar o mercado de ação, tornavam-na a pessoa mais indicada a ajudá- lo neste desafio. As reuniões que seguiram mostraram-se extremamente produtivas e serviram para que Arthur e sua orientadora buscassem informações valiosas e importantes nos registros das companhias com ações negociadas na BM&FBOVESPA. A partir de muitas pesquisas por fontes variadas de dados, montaram planilhas diversas com dados obtidos da base ECONOMÁTICA, os quais foram tratados e formaram amplo banco de dados capaz de relacionar as informações obtidas com o propósito da E. M. de Souza, R. Marcon 46 TAC, Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, pp. 42-61, Jan./Jun. 2013 www.anpad.org.br/tac pesquisa. Contudo os números obtidos necessitavam de embasamento teórico para que fossem entendidos e corretamente trabalhados. Arthur aprendera que a mera prática ou operação com este tipo de informação poderia gerar ações desconexas se não houvesse uma fundamentação estruturada em forte referencial científico. Depois de muita leitura e incessante busca por autores que direcionaram estudos relacionando assuntos similares ao que se propunha estudar, Arthur, amplamente entusiasmado, mantinha olhar firme frente à tela do computador no escritório de sua residência, avaliando dados e calculando indicadores em busca de respostas que pudessem dar certeza sobre a veracidade de sua suspeita a respeito da existência de uma proporção direta entre o volume de negociações de uma ação com a liquidez que esta pudesse proporcionar ao investidor, ou mesmo refutar completamente este pressuposto. Nem mesmo a bela paisagem bucólica a qual compunha a vista que Arthur observava de sua janela o distraía de seu trabalho, à medida que os resultados se mostravam mais visíveis e conclusivos ao passar das horas. Já havia passado alguns dias e, após compor várias ilustrações gráficas e uma grande quantidade de cálculos, o mapeamento das planilhas apontava para resultados que despertavam diferentes sensações a partir do momento que Arthur dividia seu pensamento, tentando conciliar o papel do aluno pesquisador com o investidor. Contudo não existiam conclusões conflitantes, pois, ao olhar os diferentes papéis, os resultados apontavam para um cenário favorável à comprovação de sua teoria: o maior volume de negociações, na maioria dos setores, estava diretamente associado a empresas que possuíam capital mais disperso. Os Resultados Na etapa de sua pesquisa, a qual consistia na demonstração de todas as análises realizadas, bem como apresentar os principais resultados obtidos através da avaliação dos dados coletados, os quais se relacionavam à quantidade de negociações de uma ação e em que grau de concentração encontra-se o capital da empresa representada por esta ação, o estudante se misturava ao pesquisador, que se envolvia, cada vez mais, a figurado investidor. Já não era mais a sensação de demora pela busca ou organizaçãode dados que tirava o sossego de Arthur, mas a ansiedade pela descoberta que estava por vir e os benefícios que esta poderia trazer no formato de uma possível atuação mais arrojada do investidor que agora poderia se privilegiar de uma nova maneira de olhar suas operações de mercado. Surgiam, projetadas diante da tela de seu notebook, informações geradas em planilhas, alimentadas pelos dados coletados, os quais analisados setorialmente – abrangendo um total de 20 setores econômicos passíveis de avaliação por contribuírem com suficiência de dados – permitiram ao pesquisador identificar que 60% dos setores investigados possuíam maior quantidade média de negociações quando a estrutura de propriedade de suas companhias tem característica de acionária dispersa, cuja distribuição de negociações pode ser observada através da Figura 1. Para os setores onde as companhias com capital dominante superam as demais na média de quantidades de negociações, os números apontam para 35% do total, estando as empresas com grau de concentração majoritário a compor os 5% restantes do total de setores pesquisados. Casos de Ensino / Gestão: Estrutura de Propriedade 47 TAC, Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, pp. 42-61, Jan./Jun. 2013 www.anpad.org.br/tac Figura 1. Média de Negociações nos Setores de Maior Liquidez. Nota. Fonte: elaborado pelos autores. À medida que os cálculos eram realizados, mais questionamentos elucidavam-se e mais interessante se tornava a pesquisa. A interpretação dos dados trazia informações e conclusões valiosas, e Arthur desejava avançar cada vez mais pelos caminhos da nova descoberta que nascia frente à busca por algo inovador que pudesse de alguma forma auxiliar decisões tanto no meio acadêmico quanto empresarial. Sedento pelo surgimento de mais informações, Arthur pôde concluir que, avaliando setorialmente, a quantidade média de negociações em bolsa de uma ação tende a acompanhar a estrutura de propriedade da companhia à qual pertence, dessa maneira, aumentando seu volume de negociações proporcionalmente ao seu grau de dispersão. Em outras palavras, e agora com o papel do investidor já dominando o aluno, Arthur conclui que quanto mais dispersa for a distribuição de ações, haverá tendência de aumento no volume de negociações. Contudo nem todos os setores mostraram-se fiéis a esta conclusão. Um setor em especial diferia dos demais, apresentando maior volume médio de negociações justamente para companhias com maior grau de concentração acionária – estrutura de propriedade majoritária. Baseando-se na fonte de dados, foi possível verificar, portanto, que o setor de máquinas industriais – composto por 5 companhias – foi o único em que empresas com grau de concentração majoritário apresentaram maior média de negociações. Este fato foi impulsionado pela companhia WEG Indústrias S.A., cujo acionista majoritário possui, nos dois anos de análise, 51% do total de ações negociadas, as quais representam um total de 94% de todo o volume médio negociado no período. Contudo, ainda que caracterizado por maior média de negociações para companhias classificadas como grau majoritário, o setor de máquinas industriais possui, em sua maioria, companhias com característica dominante – 67% do total de empresas que compõem a carteira deste setor. – A busca pela nova descoberta não poderá parar somente analisando os setores em separado – Comentava Arthur consigo mesmo, vislumbrando maravilhado tanta informação valiosa agora disposta de forma clara e concisa diante de seus olhos. Pensativo, perspicaz, focado em seu objetivo e avaliando cada vez mais as informações geradas a partir dos dados já distribuídos setorialmente, Arthur verificou que os setores com maior número de companhias – considerando ações Ordinárias (ON) e Preferenciais (PN) – cuja estrutura de propriedade se caracteriza como dispersa, foram comércio, com 45% no ano de 2011; e papel e celulose, com 33%. Esta informação levou a mais uma pergunta: qual será então o setor caracterizado pelo maior número de companhias com grau de concentração majoritário? A resposta a esta pergunta - 20.000 40.000 60.000 80.000 100.000 Eletroeletrôn… Textil Minerais não… Construç. Transp.… Veiculos e… Alim. e… Siderur… Finanças… Outros Comércio Telecom. AvaliaçãoGeral Estrut. Dispersa Estrut. Dominante Estrut. Majoritária E. M. de Souza, R. Marcon 48 TAC, Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, pp. 42-61, Jan./Jun. 2013 www.anpad.org.br/tac veio após análise do setor telecomunicações, o qual apresentou um total de 75%, seguido do setor energia elétrica, com 71% do total de empresas negociadas em seu portfólio com grau de concentração maior que 50% do total de seu volume de ações. As informações setoriais eram importantes, mas Arthur considerava ser necessário englobar todos os setores para que pudesse obter um mapeamento de todo o sistema BM&FBOVESPA. Foi agindo de acordo com este modelo de pensamento que Arthur resolveu verificar, num contexto global e mais amplo, uma avaliação dos dados juntando todos os setores no intuito de formar um único bloco. Esta análise, a qual formou uma média geral de quantidade de negociações nos três níveis de estrutura de propriedade, evidenciou que a maior média para este quesito se dá no grupo de empresas com característica acionária dispersa – o maior acionista detém menos que 20% do capital da companhia. Com base na apresentação da Figura 2, Arthur verificou que este grupo não somente possuía maior média para quantidade de negociações que os demais, como obteve maioria absoluta, contribuindo com 51% do volume total, enquanto os grupos caracterizados como dominante e majoritário detinham, respectivamente, 39% e 10% da parcela total de negociações. Figura 2. Média de Negociações por Estrutura de Propriedade. Nota. Fonte: elaborado pelos autores. À medida que as análises aumentavam seu grau de conhecimento, Arthur se deixava levar por sua imaginação e explorava cada vez mais o que as planilhas de dados, devidamente organizados, permitiam-lhe extrair de importante. A gama de informações aumentava numa proporção que permitia acessar detalhes, os quais esclareciam, por exemplo, que a posição de maior média em negociação de ações alcançada pelas companhias com estrutura dispersa foi alavancada, principalmente, pelas empresas BR Foods, Lojas Americanas, Gafisa, PDG Realty, BR Malls e Usiminas, entre outras. Após documentar todas as conclusões e definir o escopo da apresentação de seus estudos, Arthur deu por concluída sua pesquisa. Solitário, esboçava um leve sorriso animado pela sensação de vitória diante dos obstáculos transpostos no decorrer daqueles últimos meses, intensamente dedicados ao objetivo agora vislumbrado. Do silêncio de seu escritório e ainda que sentindo os efeitos nostálgicos da tarde lúgubre e fria que dominava aqueles momentos do último dia de suas avaliações, Arthur era impelido a um frenesi que quase o fazia sair de sua casa levando todos os seus resultados a alguém que o pudesse ajudar a torná-los conhecidos em todas as esferas acadêmicas. Pensava no quão importante seria apresentar suas conclusões ao meio científico e vê-las norteando algum processo decisório ligado à compra e venda de ações no mercado de capitais, antes, visto de longe e, agora, tão próximo. Casos de Ensino / Gestão: Estrutura de Propriedade 49 TAC, Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, pp. 42-61, Jan./Jun. 2013 www.anpad.org.br/tac 2012, Agosto Sentado à poltrona de sua casa, com seu notebook apoiado sobre a mesa de centro, frente à TV estrategicamente fixada como que uma molduraanexa à mobília que recobria uma das paredes da sala de estar, Arthur operava o mercado via home broker e explicava à sua esposa as cenas apresentadas no telejornal da noite, as quais exibiam números e outras informações vindas também do mercado externo, com o intuito de explicar os últimos acontecimentos nas principais bolsas de valores do mundo e também do Brasil. Diretamente da BM&FBOVESPA, as notícias eram de um dia de excelentes negociações e, a seus olhos, nada mais parecia confuso ou duvidoso, pois os anos que passaram, através de uma longa jornada de estudos, moldaram o menino e formaram, a partir de um leve lampejo de curiosidade, um investidor de sucesso. E. M. de Souza, R. Marcon 50 TAC, Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, pp. 42-61, Jan./Jun. 2013 www.anpad.org.br/tac Notas de Ensino Resumo Este caso foi idealizado com o intuito de verificar se o aumento da liquidez das ações das companhias negociadas na bolsa de valores do Brasil seria diretamente proporcional ao aumento do seu grau de pulverização – aqui identificada como estrutura de propriedade dispersa. O caso revela tanto a situação de um estudante de Administração, cujo desejo de aprimorar seus conhecimentos sobre o mercado de capitais o leva a desenvolver pesquisas cada vez mais aprofundadas sobre o tema, as quais o direcionam a uma jornada que culmina com a transposição de papéis, assim, tornando-se um investidor, bem como as diversas possibilidades de avaliação de dados observadas ao longo dos estudos e que apontaram para variados processos que visam determinar o comportamento das companhias e ações investigadas. Por não ter havido limitação a determinado setor econômico ou grupos de ações, este caso apresenta diferentes pontos de vista, confrontando setores econômicos e companhias de capital aberto em três diferentes graus de estrutura de propriedade, identificando quais características de concentração encaixam-se melhor à liquidez. Dentro dos parâmetros estabelecidos, as conclusões levam ao entendimento de que quanto mais dispersa for a estrutura de propriedade das companhias, maior será a liquidez das ações a elas relacionadas. Palavras-chave: estrutura de propriedade; decisões de investimento; liquidez. Abstract This case was designed with the initial proposal to determine whether the increased liquidity of shares of companies traded on the Brazilian stock exchange would be directly proportional to an increased degree of dispersion. The case shows the situation of a business student, whose desire to enhance his knowledge of capital markets leads him to develop increasingly extensive research on the topic. This in turn becomes a journey which culminates with him becoming an investor. Besides that of the successful trajectory that transforms a college student into an investor, the case also demonstrates the various possibilities of evaluating data observed across studies and points to various processes in order to determine the behavior and actions of investigated companies. Because there was no restriction to particular economic sectors or groups of stocks, this case presents different points of view, dealing with economic sectors and public companies having three different degrees of property structure in order to identify which concentration characteristics better fit liquidity. Within the parameters established, the findings lead to the understanding that the more dispersed property structure is - a high degree of dispersion - the greater the liquidity of the stocks related to them. Key words: property structure; investment decisions; liquidity. Objetivos educacionais Este caso foi desenvolvido com o intuito de responder à pergunta que forma seu título, bem como formar base de pesquisa e orientação a pesquisadores e alunos de cursos ligados a finanças e, mais especificamente, ao mercado de ações do Brasil. Até então, conquanto muitos estudos abordem estrutura de propriedade e liquidez, essas duas variáveis pouco haviam sido confrontadas com o objetivo de verificar existência de relação entre ambas e, por tal fator, este caso poderá auxiliar estudantes e/ou pesquisadores em diversos níveis de estudo e pesquisa. As conclusões obtidas deste estudo, como assim quer seu idealizador, poderão juntar-se a tantas outras existentes e auxiliar na formação e enriquecimento de ampla fonte de informação a gerações que possam vir a necessitar em curto, médio e longo prazos. Considerando o fato de os dados expostos neste caso serem extraídos de fonte real, a qual expressa o verdadeiro comportamento das ações estudas, é importante destacar que tal estudo não se Casos de Ensino / Gestão: Estrutura de Propriedade 51 TAC, Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, pp. 42-61, Jan./Jun. 2013 www.anpad.org.br/tac restringe ao âmbito estudantil, podendo ser também uma importante fonte de pesquisa a investidores que queiram obter informações relacionadas às conclusões aqui apresentadas. Fontes de dados As ferramentas deste estudo foram formatadas priorizando o objetivo de verificar a influência da estrutura de propriedade existente nas empresas de capital aberto negociadas na BM&FBOBESPA na liquidez de suas ações em bolsa, bem como as características ligadas a esses fatores e sua relevância em cada companhia com capital negociado no mercado acionário do Brasil. Para tanto, fez- se necessário escolher um indicador de mercado o qual estivesse diretamente associado à liquidez de ações. Neste sentido, entre as diversas proxies de liquidez utilizadas no meio científico, foi escolhido como fator indicador de liquidez o volume de negócios, o qual foi confrontado com os dados de estrutura de propriedade, conforme modelo elaborado por Pedersen e Thomsen (1997 como citado em Dami, Rogers, & Ribeiro, 2007), os quais propõem que as empresas sejam separadas em categorias, dividindo-as nos seguintes graus de concentração acionária: Dispersa – quando o maior acionista detém menos que 20% do controle; Dominante – quando o maior acionista detém entre 20% e 50% do controle e Majoritária – maior acionista detém mais que 50% do controle. Para desenvolvimento do trabalho, foi estruturada pesquisa quantitativa, cujos indicadores foram obtidos junto aos demonstrativos de quantidade de negociações mensais de cada ação e de estrutura de propriedade das empresas estudadas, encontrados junto à base ECONOMÁTICA, no período correspondido entre os anos de 2010 e 2011. A escolha do indicador Quantidade de Negociações, como fator norteador deste caso para determinar liquidez de ações, está diretamente ligado ao estudo de Correia e Amaral (2012), cujos relatos, além de indicarem associação positiva entre liquidez de ações e a inserção aos níveis mais elevados de governança corporativa e ao fato do conceito liquidez, associa-se tanto à facilidade com que a ação pode ser negociada quanto ao volume de negociação dos ativos – ações. Assim sendo, entende-se que se uma determinada ação é facilmente negociada – relação direta com liquidez –, esta ação evoluirá há uma maior probabilidade de aumento em sua quantidade de negócios em comparação a outra ação de difícil negociação – neste caso, menor liquidez. Para realização dos estudos e considerando os devidos períodos, foi desenvolvida metodologia de pesquisa a qual visou separar as companhias segundo seu setor econômico e estrutura de propriedade – modelo proposto por Pedersen e Thomsen (1997 como citado em Dami, Rogers, & Ribeiro, 2007) – formando três grupos distintos: Majoritário, Dominante e Disperso. Na sequência, já com as empresas separadas por setor e por grau de concentração, foram efetuados cálculos, os quais objetivaramdemonstrar ao pesquisador a média das quantidades de negociações para cada ação em cada grau de concentração. Visando também obter um resultado que demonstrasse não somente o comportamento das companhias setorialmente, foi realizada uma avaliação global, para a qual todos os setores foram agrupados formando um grande bloco, objetivando obter uma média de negociações sem distinção setorial. Os dados obtidos tanto da avaliação geral como setorial foram formatados de maneira a ilustrar, via tabelas resumidas e gráficos, os resultados encontrados das médias de negociações para cada ação, respeitando o período estudado. Durante essa fase da pesquisa, algumas empresas constantes da amostra inicial foram excluídas por motivo de, no período estudado, não terem divulgado suas informações, fato determinante à obtenção de resultados mais precisos. O mercado de ações A história do mercado de capitais no Brasil está diretamente relacionada à necessidade de obtenção de crédito para expansão dos negócios e aumento da escala produtiva no país. Para E. M. de Souza, R. Marcon 52 TAC, Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, pp. 42-61, Jan./Jun. 2013 www.anpad.org.br/tac conseguirem a captação necessária de recursos, as empresas deram início a processos de abertura de capital, os quais foram devidamente oficializados e passaram a tomar maiores proporções com a criação, em 22 em dezembro de 1976, da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e estabelecimento da lei das S.A. (Vieira & Mendes, 2004). Ao referenciar o mercado de ações, Fortuna (1998) descreve-o como um sistema dividido em duas etapas, sendo a primeira caracterizada pelo momento em que as sociedades de capital aberto realizam o underwriting – mercado primário de lançamento de ações no intuito de captar recursos para investimentos – e a segunda etapa reconhecida como mercado secundário – caracterizado pela negociação de ações via corretoras, as quais representam os detentores de ações – realizado através das bolsas de valores. A ação negociada no mercado acionário representa, no contexto de uma sociedade por ações, a menor parcela representativa do capital social desta empresa e se caracteriza por possuir dois aspectos distintos entre si: ações preferenciais, as quais garantem ao seu detentor o direito de preferência no recebimento de dividendos; ações ordinárias, caracterizadas pela garantia do direito a voto. Ainda definindo mercado de ações, Assaf (2000) corrobora a afirmação de Fortuna (1998), citada anteriormente, a respeito de mercados primário e secundário, bem como as características das ações preferenciais e ordinárias e conclui outras explicações, as quais citam a abertura de capital e a negociação de ações no mercado acionário como uma vantagem à obtenção de recursos sem a determinação de prazo para devolução deste capital junto aos credores, entendendo que estes passam a ser acionistas da empresa. Contudo há fatores ligados ao mercado de ações sem os quais tornou-se impossível imaginar seu desenvolvimento sustentável sem relacioná-los a uma boa política de governança corporativa. O fortalecimento do mercado de ações de um país está atrelado à conduta oferecida pelas empresas aos seus acionistas, e essa conduta deve estar fundada em princípios que garantam a todos os investidores um tratamento equânime, independente de seu porte e visando à valorização da corporação e do produto/ação oferecido por esta. Portanto, tratar questões que abarquem crescimento e fortalecimento do mercado acionário envolve o exercício da governança corporativa. A esta afirmativa soma-se o fato de que estudos comprovam que os mercados de capitais mais desenvolvidos do mundo caracterizam com maior grau de importância as empresas que promovem uma maior disseminação de suas ações (Rodriguez, 2005). Governança corporativa Com o intuito de explicar o tema, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) (2005) destaca a governança corporativa como sendo um sistema que visa monitorar as sociedades de forma a envolver os relacionamentos entre acionistas/cotistas, conselho de administração, auditoria independente e conselho fiscal. Neste contexto, podemos ainda entender que a governança corporativa, quando praticada de forma correta, tem como objetivo primordial a maximização do valor da sociedade, sua facilitação à captação de recursos e a contribuição para que a organização obtenha longa vida. Seguindo a mesma linha de raciocínio, tanto Rabelo e Silveira (1999) como Lethbridge (2004) também definem a governança corporativa como sendo um sistema, por meio do qual os acionistas exercem seu direito legal sobre o controle das corporações e complementam que a construção deste sistema está baseada na formação de um conjunto de instituições, regido por regulamentos cujo intuito é garantir a boa relação entre as empresas e seus acionistas, considerando o modelo administrativo de cada organização envolvida. Desta forma, entende-se que o sistema denominado governança corporativa está amplamente ligado à estrutura de propriedade e monitoramento das companhias, bem como seu vínculo ao mercado acionário. Considerando ainda a inserção no conceito que aborda a governança corporativa como sendo um sistema, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM, 2002) destaca que este sistema deve possuir um conjunto de procedimentos cuja finalidade é garantir a inserção de alguns benefícios – otimização Casos de Ensino / Gestão: Estrutura de Propriedade 53 TAC, Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, pp. 42-61, Jan./Jun. 2013 www.anpad.org.br/tac do desempenho das companhias participantes da bolsa de valores; garantir o aumento das ações das companhias através da boa imagem corporativa; redução do custo de capital; facilitar o aumento da viabilidade de obtenção de recursos no mercado de capitais; garantir aos stakeholders os direitos sobre os ativos da companhia, protegendo-os contra acionistas controladores que têm poder de influenciar decisões em nome da companhia – com o intuito de promover o desenvolvimento sustentável do mercado de ações e formar para o mesmo uma excelente imagem perante os agentes envolvidos. Ao abordar a governança corporativa num contexto mais direcionado aos acionistas, Siffert (2002) cita que sua prática representa uma maior interação entre os administradores de uma determinada corporação com seus proprietários, de forma que as decisões sejam tomadas respeitando seus interesses. Os acionistas controladores, desta forma, apoiam-se na prática da governança corporativa como um sistema através do qual exercerão controle e monitorarão a atuação da companhia. O estudo realizado por Lima e Terra (2004) – o qual relaciona o grau de influência existente entre as divulgações de informações financeiras prestadas por empresas não participantes dos níveis de governança com as empresas diferenciadas pela participação em tais níveis e revela a existência de reações diferenciadas nos investidores quanto à sinalização de prática de governança corporativa nas empresas – demonstra, contudo, que este monitoramento da atuação da companhia, que diretamente dependerá do ambiente institucional no qual está envolvida, será delineado pelo sistema de governança corporativa praticado pela empresa. A partir destas considerações, chega-se ao consenso de que a garantia do relacionamento correto entre acionistas controladores; minoritários; credores e gestores, de forma a enfatizar a valorização da companhia e o retorno aos acionistas, sintetiza-se no conceito de governança corporativa voltado ao âmbito societário. Entre os conceitos adotados pelas empresas a respeito da governança corporativa, estas desenvolvem peranteseus stakeholders algo que podemos denominar imagem corporativa, cujo conceito, explicado por Barich e Srinivasan (1993), apresenta-se como sendo a visão, por parte da sociedade, para com o envolvimento e o relacionamento da organização com o meio na qual está inserida, sua participação nas questões sociais, observando também a geração de benefícios a seus funcionários e demais agentes envolvidos. O argumento citado é reforçado pela afirmação do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (2005), o qual salienta que empresas socialmente responsáveis são aquelas que “incorporam considerações de ordem social e ambiental na definição dos negócios e operações”. Inserido nesse contexto, ainda, salienta que a relação da organização com a sociedade deve ser um fator considerado na visão e planejamento estratégico da empresa, que deve promover a realização de uma conduta baseada em governança e que seja interessante a todas as partes – stakeholders – ditas como participantes do meio corporativo. A governança corporativa, conforme análise de Silveira (2004), pode ser influenciada pela estrutura de propriedade existente na organização, bem como as empresas maiores e com melhor desempenho financeiro são as que apresentam, em média, melhor governança corporativa. Ao confrontarmos a afirmação anterior com a conclusão de Okimura, Silveira e Rocha (2007, p. 129), os quais definem que “a concentração média de votos dos acionistas controladores é alta nas empresas brasileiras”, chegando a apresentar uma média geral de 76,1%, podemos inferir que a introdução dos princípios fundamentais da boa governança corporativa, apresentados por Villares (2003 como citado em Steinberg, 2003) e Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (2005), como sendo a transparência, equidade, prestação de contas, cumprimento de leis e ética, ainda, encontra dificuldades para vencer a barreira da concentração de capital votante nas companhias brasileiras. Neste sentido, o estudo realizado por Leal, Silva e Valadares (2002), a respeito da estrutura de controle das companhias brasileiras de capital aberto, demonstra a baixa existência de propriedade difusa – grande número de pequenos acionistas – nas companhias brasileiras com ações negociadas no pregão da BOVESPA e classifica esta característica como negativa ao fortalecimento dos mercados de ações e, consequentemente, à governança corporativa. E mais um fator alarmante à estrutura de E. M. de Souza, R. Marcon 54 TAC, Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, pp. 42-61, Jan./Jun. 2013 www.anpad.org.br/tac propriedade nas companhias brasileiras diz respeito aos casos cuja existência de um acionista controlador não é detectada e mesmo assim o acionista majoritário detém uma parcela significativa das ações ordinárias, caracterizadas pela obtenção de direito a voto, podendo, neste caso, o controle da companhia estar nas mãos de seus três maiores acionistas – número considerado baixo para os padrões mais aprofundados de governança corporativa. Perobelli, Silveira, Barros e Rocha (2005) baseiam seu estudo pertinente à governança corporativa na hipótese de que a qualidade da governança corporativa exercida pela empresa emissora de ações é um fator influenciador da sua estrutura de capital. Dessa maneira, destacam a estrutura de capital como sendo um importante instrumento de governança corporativa e captação de recursos. Tal destaque é enfatizado com a visão de que companhias caracterizadas por pulverização acionária possuem maior qualidade de governança corporativa com relação às empresas com alto grau de concentração acionária. Desta forma, a análise destes fatos aponta que as companhias posicionadas como defensoras das práticas de governança e com alto grau de pulverização estão mais cotadas à contratação de recursos, sejam estes próprios ou de terceiros. No contexto da influência de alguns agentes sobre a governança corporativa, também é possível analisar sobre quais fatores a prática da boa governança pode não acarretar mudanças. Nessa perspectiva, Rogers e Ribeiro (2003) – defensores da hipótese de que a prática da governança corporativa, por parte das empresas que negociam ações em bolsa, é essencial ao crescimento, aprimoramento e confiabilidade do mercado de ações brasileiro – citam que a adoção das práticas de governança não altera a estrutura de propriedade concentrada do mercado, assim como não altera o fato de que os papéis lançados pelas empresas praticantes da governança corporativa tenham de concorrer com papéis considerados de grande rentabilidade, tornando, por conseguinte, totalmente aberta a competição entre empresas praticantes ou não dos princípios das melhores práticas de governança. A prática da governança, todavia, conforme pesquisas de Schleifer e Vishny (1996 citado em Lamb, 2000), não é motivada simplesmente pela livre competição. A criação de mecanismos de governança está inserida em um contexto o qual conta com a presença de instrumentos legais, institucionais e econômicos, que podem evoluir de acordo com as práticas adotadas pelas empresas. Com este estudo, Lamb (2000) objetiva apresentar a governança corporativa como sendo um conjunto formado por empresas e regras, as quais determinarão os caminhos a serem seguidos para a aplicação correta dos recursos alocados à organização e administrados pelos seus acionistas controladores e/ou gestores, visando à redução das onerosidades provindas do custo de capital destas organizações. Em resumo, a prática da boa governança não está somente ligada à regulamentação e segmentos de normas. Tão importante quanto a prática de acatar regulamentos é o reconhecimento de valores no sentido humano e qualidade da atitude, sendo a verdadeira prática da boa governança diretamente proporcional ao alinhamento das vontades dos acionistas, controladores e stakeholders (Steinberg, 2003). Questões para discussão Questão 1: posso afirmar que as empresas mais dispersas no tocante à propriedade são aquelas que apresentam maior liquidez? Considerando as avaliações realizadas a partir da associação da estrutura de propriedade à liquidez das ações – fator também avaliado por Amihud e Mendelson (2000 como citado em Correia e Amaral, 2012) e Holmstron e Tirole (1993 como citado em Correia e Amaral, 2012) – os quais defendem que propriedades menos concentradas são também mais líquidas, esse estudo conclui, a partir da avaliação geral dos setores pesquisados e suas quantidades médias de negociações, pela existência de um grau maior de liquidez para ações de empresas que apresentam estrutura de propriedade dispersa – maior acionista detém menos que 20% do controle – conforme modelo de Pedersen e Thomsen (1997), escolhido para discriminar as companhias conforme seu grau de Casos de Ensino / Gestão: Estrutura de Propriedade 55 TAC, Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, pp. 42-61, Jan./Jun. 2013 www.anpad.org.br/tac concentração. A avaliação realizada frente às médias de negócios englobando todos os setores infere que à medida que se apresenta uma maior pulverização das ações negociadas – entendida como estrutura de propriedade dispersa – há aumento nas quantidades de negócios para estas ações. Questão 2: quais setores das empresas brasileiras de capital aberto, negociadas na BM&FBOVESPA, apresentam maior dispersão da propriedade e liquidez? Embora possuindo apenas 14% do total de companhias com ações negociadas inclusas no grau disperso, o setor de eletroeletrônicos é o que apresenta maior indicador de liquidez entre os demais. Ao separar as companhias deste setor, conforme modelo de Pedersen e Thomsen (1997), foi verificado que o grau de concentração disperso contribuiu para 90%do total de negociações efetuadas no período estudado. Esta performance está bem acima da média geral calculada para o bloco formado pela totalidade de setores. Através da Tabela 1 – elaborada de forma a mostrar as quantidades médias de negociações nos setores onde a estrutura de propriedade dispersa demonstrou melhor performance – é possível verificar estrutura de Ranking, posicionando os setores que apresentam maior indicador de liquidez, sequenciando-os do maior para o menor em quantidade média de negociações. Neste caso, 12 setores aparecem classificados com grau de liquidez maior onde a estrutura identificada é dispersa. Este fato corrobora a pesquisa apresentada por Correia e Amaral (2012), os quais incluem em seus dados de pesquisa a mesma conclusão. E. M. de Souza, R. Marcon 56 TAC, Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, pp. 42-61, Jan./Jun. 2013 www.anpad.org.br/tac Tabela 1 Setores Econômicos Caracterizados por Maior Liquidez no Grau Disperso Nota. Fonte: elaborado pelos autores. SETORES ECONÔMICOS Avaliações Eletroeletrônicos Têxtil Minerais não Metais Construção Transporte e Serviços Veículos e peças Alimentos e Bebidas Siderurgia e Metalurgia Finanças e Seguros Outros Comércio Telecom. Avaliação Geral Quantidade Média de negócios – Estrutura Dispersa 9.075 4.921 1.243 90.830 43.144 8.287 61.918 39.994 46.224 18.188 18.926 35.679 23.325 Quantidade Média de negócios - Estrut. Dominante 902 667 269 22.854 9.160 2.218 16.290 21.044 20.777 9.767 12.412 20.704 17.653 Quantidade Média Negócios - Estrut. Majoritária 136 123 - 1.621 6.640 1.034 11.198 802 8.211 2.258 613 9.980 4.459 % da maior media 90% 86% 82% 79% 73% 72% 69% 65% 61% 60% 59% 54% 51% Grau de estrutura de propriedade com maior media Dispersa Dispersa Dispersa Dispersa Dispersa Dispersa Dispersa Dispersa Dispersa Dispersa Dispersa Dispersa Dispersa Casos de Ensino / Gestão: Estrutura de Propriedade 57 TAC, Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, pp. 42-61, Jan./Jun. 2013 www.anpad.org.br/tac Questão 3: uma maior participação de investidores institucionais pode promover alguma influência sobre a liquidez das ações de empresas por este tipo de investidores negociadas? Entendendo que os investidores institucionais negociam grandes quantidades de ações e, bem como apresentado nesta pesquisa, a liquidez tem relação direta com as quantidades de ações negociadas, podemos referir que a presença dos investidores institucionais, sob a ótica apresentada, pode influenciar um aumento da liquidez das ações de empresas cujos papéis estejam sendo por eles negociados. Questão 4: De que forma os investidores institucionais podem ajudar a promover o aumento do número de empresas dispostas à busca de práticas ligadas à governança corporativa? Dados os fatos expostos a respeito dos investidores institucionais – entidades importantes e capazes de grandes investimentos – podemos conceber que uma maior procura destes investidores por ações ligadas a regras mais rígidas de governança corporativa pode influenciar um maior número de companhias a aderirem, desejando obter maior capacidade de negociação para suas ações em âmbitos mais elevados de governança. Análise do caso e revisão de literatura Com o intuito de dar suporte teórico ao caso, é sugerido aos leitores e estudantes uma avaliação dos estudos descritos a seguir, os quais nortearam o desenvolvimento deste artigo. O tema deste caso está diretamente ligado à estrutura de propriedade e de controle das organizações e seu comportamento em relação à liquidez de seus papéis negociados em bolsa de valores. Neste aspecto, faz-se necessário entender o significado destes termos que, conforme explicado por Berle e Means (1932 como citado em Aldrighi & Mazzer, 2005), são enunciados como sendo a propriedade pulverizada – dividida entre um número grande de acionistas – e controle – caracterizado pela administração de poucos diretores, os quais são possuidores de um número considerável da fração do capital da companhia, sendo esta fração caracterizada pela propriedade de ações com direito a voto. Autores como Leal, Silva e Valadares (2002) explicam a estrutura de propriedade e a separação entre propriedade e controle citando as diferenças entre os tipos de ações existentes e o direito proporcionado por estas ações a seus detentores. Neste caso, a explicação entre poder de controle e direito de propriedade é definida pelo direito que determinados acionistas exercem sobre o fluxo de caixa da companhia ou quanto ao voto nas decisões que envolvem o conselho administrativo da mesma. Assim sendo, é citado o direito sobre voto como sendo a posse de ações ordinárias e o direito sobre fluxo de caixa a propriedade de ações que permitam seus detentores serem os preferenciais no recebimento de dividendos distribuídos pela companhia. Por haver direitos diferenciados para cada tipo de ação – Preferencial (PN) e Ordinária (ON) – passa a não valer, a exemplo do mercado de ações brasileiro, a regra de uma ação – um voto, entendendo-se que para compor capital votante o acionista deve ser proprietário de ações que lhe correspondam este direito e, sob a mesma ótica, os direitos sobre votos não correspondem direitos sobre o fluxo de caixa. A existência de uma estrutura caracterizada como controle pode estar associada, conforme estudo realizado por Okimura et al. (2007), tanto a fatores negativos quanto positivos à administração de uma companhia. Contudo, em um mercado de baixo grau de proteção legal, os efeitos negativos podem sobrepor os positivos, entende-se que os acionistas controladores podem usar de seu poder de controle para obter vantagens tanto em relação ao fluxo de caixa da companhia quanto a outros fatores, como autonomeação a cargos privilegiados e até mesmo nepotismo ou pagamento de salários excessivos a si próprios. Ainda no âmbito do estudo dos impactos que a estrutura de propriedade e controle pode promover ao ambiente organizacional, Brandão e Bernardes (2005) e Lamb (2000) compactuam a E. M. de Souza, R. Marcon 58 TAC, Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, pp. 42-61, Jan./Jun. 2013 www.anpad.org.br/tac perspectiva da existência de conflitos – conflitos de agência – entre acionistas controladores e minoritários, tendo o primeiro grupo um certo grau de resistência à implantação da governança, pois, embora não percam seus direitos, o segundo grupo terá os seus ampliados, adquirindo maior poder junto ao conselho administrativo da companhia e adquirindo, desta forma, poder maior nas decisões. Para melhorar a percepção a respeito de uma definição mais precisa atinente ao denominado conflito de agência, Aldrighi e Mazzer (2005) explicam o tema como a existência de divergência de interesses entre proprietários e executivos contratados para administrar a companhia. Na mesma linha de raciocínio, Brandão e Bernardes (2005) destacam conflito de agência explicando-o como sendo um choque de interesses envolvendo estrutura de controle e propriedade da companhia. Noutras palavras, tratam o confronto de ideais entre os acionistas detentores da propriedade e os que detêm o poder de controle dentro destas organizações, enfatizando os limites existentes na influência dos acionistas minoritários nas decisões de foro estratégico nas companhias das quais participam. Considerando efeitos positivos à existência de concentração acionária na estrutura de propriedade de uma empresa, pode-se entender a perspectiva abordada por Saito e Silveira (2008), a qual define existir um maior alinhamentode interesses caso os responsáveis pelo processo decisório sejam também os proprietários de uma parcela maior do percentual de ações da companhia. Neste caso, as decisões serão tomadas visando ao aumento do retorno aos proprietários da empresa, envolvendo desde os detentores de pequena parcela até os maiores investidores. Ao relacionar estrutura de propriedade e o quanto esta é afetada pela existência de práticas de governança, Rogers e Ribeiro (2003) – defensores da hipótese de que a prática da governança corporativa, por parte das empresas que negociam ações em bolsa, é essencial ao crescimento, aprimoramento e confiabilidade do mercado de ações brasileiro – citam que a adoção das práticas de governança não altera a estrutura de propriedade concentrada do mercado, assim como não altera o fato de os papéis lançados pelas empresas praticantes da governança corporativa tenham de concorrer com papéis considerados de grande rentabilidade, tornando, desta forma, totalmente aberta a competição entre empresas praticantes ou não dos princípios das melhores práticas de governança. Ainda avaliando o impacto da governança corporativa sobre a estrutura de propriedade das companhias, o estudo realizado por Lima e Terra (2004) – o qual relaciona o grau de influência existente entre as divulgações de informações financeiras prestadas por empresas não participantes dos níveis de governança com as empresas diferenciadas pela participação em tais níveis e revela a existência de reações diferenciadas nos investidores quanto à sinalização de prática de governança corporativa nas empresas – demonstra que este monitoramento da atuação da companhia, que diretamente dependerá do ambiente institucional no qual está envolvida, será delineado pelo sistema de governança corporativa praticado pela empresa. A partir destas considerações, chega-se ao consenso de que a garantia do relacionamento correto entre acionistas controladores; minoritários; credores e gestores, de forma a enfatizar a valorização da companhia e o retorno aos acionistas, sintetiza-se no conceito de governança corporativa voltado ao âmbito societário. No tocante à composição do capital votante de uma amostra de companhias brasileiras com ações negociadas na BOVESPA, Leal et al. (2002) concluem que, além da existência de um elevado grau de concentração de capital com direito a voto e, mesmo que em alguns casos não exista um acionista controlador – detentor da maioria das ações com direito a voto – fica evidenciado o fato de o acionista majoritário possuir uma parcela significativa dos direitos a voto, além da companhia ser, geralmente, controlada por seus três maiores acionistas. O estudo ainda evidencia que, mesmo sendo detentores do controle da companhia, os acionistas com maioria do capital votante são também detentores de ações que compõem a parcela do capital não votante. Entende-se que tal condição torne- se uma forma de compensação aos executivos da empresa, entendendo que além de lhes assegurar direito ao fluxo de caixa, essas ações sem direito a voto também possam ser vendidas sem que esta operação altere sua composição no controle da companhia. Casos de Ensino / Gestão: Estrutura de Propriedade 59 TAC, Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, pp. 42-61, Jan./Jun. 2013 www.anpad.org.br/tac Liquidez Relacionando o foco deste caso ao estudo de Parreiras (2003), pode-se destacar a relevância do índice de liquidez para o desenvolvimento do mercado de ações, além do fato de estar a liquidez diretamente ligada ao número de investidores – quanto maior o número de participantes, maior será a liquidez do mercado acionário. A análise deste fator implica entender que o aumento da participação de investidores minoritários classifica-se como uma condição extremamente favorável ao aprimoramento e consequente desenvolvimento de um mercado de ações que almeje maiores características de liquidez. Por último, pode-se perceber que se há um aumento da participação de pequenos investidores e este aumento colabora para a liquidez, então, a pulverização está diretamente ligada e poderá colaborar para o aumento da liquidez das ações em bolsa. Em seu estudo, Baum (2004) explica o conceito liquidez associando-a à facilidade de se poder negociar ativos sem que seja necessário levar em conta seu preço de mercado. Desta forma, relacionando o conceito supracitado ao mercado acionário, entende-se como liquidez a possibilidade de um investidor vender suas ações sempre que assim desejar, no preço ideal de mercado e em escala curta de tempo – venda rápida, valorizada e no momento desejado. Corroborando ambas as citações supracitadas, Pinheiro (2001) resume liquidez relacionando-a com a velocidade com que um ativo – para este case considera-se o ativo como sendo ações – pode ser transformado em dinheiro sem que haja alteração de seu valor monetário. Desta forma, entende-se que ações de alto grau de liquidez são negociadas em bolsa com facilidade de venda e sem desvalorização na oferta. Portanto, considera-se a liquidez um fator relevante para avaliação no momento de decidir a respeito da compra de um ativo – mais especificamente os abordados neste caso. Os investidores, de modo geral, sejam estes corporativos ou mesmo a pessoa física que deseja maximizar capital através do mercado de ações, podem buscar, via ferramentas as quais lhes permitam identificar as melhores alternativas, ações que estejam associadas ao conceito mais abrangente possível de liquidez. Justifica- se a hipótese de que um ativo torna-se mais atrativo no mercado à medida que tem crescente a facilidade com que possa ser transformado em moeda corrente e, através deste fator, permitir maior fluidez nas negociações entre os diversos setores da economia. Investidores institucionais Em estudo realizado sobre os efeitos gerados sobre a liquidez a partir da entrada de investidores institucionais no mercado de ações brasileiro, Pereira (2010) relata que, em empresas onde há participação desse tipo de investidores, a liquidez se mostra superior às demais companhias com ações negociadas em bolsa. Esta associação do aumento da liquidez via participação de um número maior de investidores institucionais pode ser benéfica tanto para a companhia investida ou, num sentido mais amplo, ao próprio mercado. Para definir o que são os investidores institucionais, Cia, Guarita e Cia (2002 como citado em Ferri & Soares, 2007) afirmam ser estes, instituições que invistam no mercado de capitais, negociando grandes quantidades de ações, tais como Fundos de Pensão, Fundos Mútuos, Fundos de Empregados, Companhias de Seguro e algumas Instituições Financeiras ligadas a Bancos de Investimento, classificados de acordo com o tipo de empresa (financeira, não financeira ou fundos de investimentos; de capital privado ou estatal; nacional ou estrangeiro). Em suas conclusões, Ferri e Soares (2007) ainda citam existir relação entre a presença dos investidores institucionais e as oportunidades de crescimento das empresas, bem como o fato destes investidores estimularem uma gestão com foco no curto prazo. Este estudo ainda evidencia outro fator importante a respeito da presença de investidores institucionais, citando que a participação destes pode influenciar negativamente a performance das companhias em termos de oportunidades de crescimento, frente às empresas nas quais este tipo de investidores não atue. E. M. de Souza, R. Marcon 60 TAC, Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, pp. 42-61, Jan./Jun. 2013 www.anpad.org.br/tac Referências Aldrighi, D. M., & Mazzer, R., Neto (2005). Estrutura de propriedade e de controle das empresas de capital aberto no Brasil. Revista deEconomia Política, 25(2), 115-137. doi: 10.1590/S0101- 31572005000200009 Assaf, A., Neto (2000). Mercado financeiro. São Paulo: Atlas. Barich, H., & Srinivasan, V. (1993). Prioritizing marketing image goals under resource constraints. Sloan Management Review, 34(4), 69-77. Baum, M. (2004). Modelagem de liquidez por opções (Dissertação de mestrado). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Brandão, M. 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