Buscar

Matéria Teoria Criminal da Pena

Prévia do material em texto

Teoria Criminal da Pena
Concurso de Pessoas – art. 29
Introdução
A infração penal, porém, nem sempre é obra de um só homem. Com alguma frequência, é produto da concorrência de várias condutas referentes a distintos sujeitos. Por vários motivos, quer para garantir a sua execução ou impunidade, quer para assegurar o interesse de várias pessoas em seu consentimento, reúnem-se repartindo tarefas, as quais, realizadas, integram a figura delitiva. Assim, o crime de furto pode ser planejado por várias pessoas: uma rompe a porta da residência, outra entra e subtrai bens, enquanto uma terceira figura fica de guarda. Neste caso, quando várias pessoas concorrem para a infração penal, fala-se em Concurso de Pessoas.
Concurso necessário e eventual
Os crimes podem ser monossubjetivos ou plurissubjetivos. Monossubjetivos são aqueles que podem ser cometidos por um só sujeito. Plurissubjetivos são os que exigem pluralidade de agentes. Assim, o homicídio é delito monossubjetivo, uma vez que pode ser praticado por uma só pessoa. A rixa, ao contrário, exige a participação de mais de duas pessoas. (Outros exemplos de crimes plurissubjetivos: Bigamia, associação criminosa)
Em face disso, existem duas espécies de concurso:
Concurso necessário
Cuida-se do concurso necessário no tocante aos crimes plurissubjetivos. O concurso de pessoas é descrito pelo preceito primário da norma penal incriminadora.
Concurso eventual
Fala-se em concurso eventual quando, podendo o delito ser praticado por uma só pessoa, é cometido por várias. Não existe previsão no preceito primário da norma penal incriminadora. O principio segundo o qual quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a ele cominadas (CP, art. 29), somente é aplicável aos casos de concurso eventual, com exclusão do concurso necessário. 
Autoria
Autor, em principio, é o sujeito que executa a conduta expressa pelo verbo típico da figura delitiva. É o que mata, provoca o aborto, induz alguém ao suicídio, constrange, subtrai, praticando o núcleo do tipo. É também o autor quem realiza o fato por intermédio de outrem (autor mediato) ou comanda intelectualmente o fato (autor intelectual).
Há três teorias sobre autoria:
Teoria restritiva
Autor é quem realiza a conduta típica
Teoria extensiva
Autor é quem dá causa ao evento
Teoria do domínio do fato 
Autor é quem tem o controle final do fato, domina finalisticamente o decurso do crime e decide sobre sua prática, interrupção e circunstâncias (“se”, “quando”, “onde”, etc.). Relaciona-se a conduta e não ao resultado. Nessa teoria, a autoria abrange:
Autoria propriamente dita (autoria direta individual e imediata);
Autoria intelectual
Quem planeja a ação
Autoria mediata
Uma pessoa, o “sujeito de trás”, serve-se de outrem para praticar o fato, podendo a ele ser atribuída a “propriedade” do crime.
Coautoria (reunião de autorias)
Nosso CP adotou a teoria restritiva, uma vez que os arts. 29 e 62 fazem distinção entre autor e partícipe, sendo que quem executa o crime é autor, quem induz, instiga ou auxilia, considera-se partícipe, desde que não detenha o domínio do fato. Isso, entretanto, não resolve certos problemas, como o da autoria mediata, em que o sujeito vale-se de outrem para cometer o delito. Daí a necessidade de a doutrina socorrer-se da teoria do domínio do fato que, aliada à restritiva, conjugam-se para dar adequação apropriada aos casos concretos.
Formas de concurso de pessoas: Coautoria e Participação
Coautoria
Na coautoria (reunião de autorias), o coautor realiza o verbo típico ou concretiza parte da descrição do crime. Cada um dos integrantes possui o domínio da realização do fato conjuntamente com outros ou outros autores, com os quais tem plano em comum de divisão de tarefas, de maneira que o crime constitui consequência das condutas repartidas, produto final da vontade comum. E nenhum deles é simples instrumento dos outros.
Participação
Dá-se a participação propriamente dita quando o sujeito, não praticando atos executórios do crime, concorre de qualquer modo para a sua realização (CP, art. 29). Ele não realiza a conduta descrita pelo preceito primário da norma, mas realiza uma atividade que contribui para a formação do delito. Chama-se partícipe. E não tem poder de decisão sobre a execução ou consumação do crime.
Distinguem-se autor, coautor e partícipe. O autor detém o domínio do fato; o coautor, o domínio funcional do fato, tendo influência sobre o “se” e o “como” do crime; o partícipe só possui o domínio da vontade da própria conduta, tratando-se de um colaborador, não tendo o domínio finalista do crime.
Natureza jurídica do concurso de pessoas
Na codelinquência, compreendidas a coautoria e a participação, há um ou vários crimes? Existem três teorias a respeito:
Teoria Unitária (adotada)
Tem como fundamento a unidade de crime. Todos os que contribuem para a integração do delito cometem o mesmo crime. Há unidade de crime e pluralidade de agentes.
Teoria Dualística
Há um delito único entre os autores e outro crime único entre os partícipes.
Teoria Pluralística
Não ocorre apenas pluralidade de pessoas, mas também de crimes. Considera cada um dos participantes como responsável por um delito próprio e punível em harmonia com seu significado antissocial.
Exceções pluralísticas da teoria unitária
A teoria unitária equipara os participantes. Há hipóteses, porém, em que o estatuto repressivo acatou a teoria pluralística, em que a conduta do terceiro constitui outro crime. Há então, um crime do autor e outro do partícipe, sendo que ambos são descritos pelas normas como delitos autônomos. Ex.: falso testemunho e corrupção de testemunha (arts. 342 e 343).
Requisitos para o concurso de pessoas
Para que haja participação, são necessários os seguintes requisitos:
Pluralidade de condutas;
Liame subjetivo;
Identidade de infração para todos os participantes.
Autoria incerta e autoria colateral
Autoria incerta
Dá-se a autoria incerta quando, na autoria colateral, não se apura a quem atribuir a produção do evento. Ex.: duas pessoas matam um terceiro com tiros de revólver, sem que saibam da intenção do outro, e não se pode apurar de quem partiram os projéteis, como deveriam ser punidos? A solução seria puni-los como autores de tentativa de homicídio.
Autoria colateral
Ocorre quando os agentes, desconhecendo cada um a conduta do outro, realizam atos convergentes a produção do evento a que todos visam, mas que ocorre em face do comportamento de um só deles.
Autoria Mediata
Suponha-se que o agente consiga que outra pessoa, levada a erro de tipo essencial, pratique determinados atos, imprescindíveis à conduta delituosa, por exemplo, que o dono do armazém, com intenção de matar determinadas pessoas, induza a erro a empregada doméstica, vendendo-lhe arsênico em vez de açúcar. O responsável seria unicamente o idealizador do crime, aquém a doutrina dá o nome de autor mediato. A denominada autoria mediata pode resultar de:
Ausência de capacidade penal;
Inimputabilidade por doença mental;
Coação moral irresistível;
Erro de tipo escusável determinado por terceiro;
Obediência hierárquica. 
Formas de participação
O CP não classificou expressamente as formas de participação, que podem ser:
Participação Moral
É o fato de incutir na mente do autor principal o propósito criminoso ou reforçar o preexistente. A determinação e a instigação são as formas de participação moral. Ocorre determinação quando uma pessoa faz surgir na mente de outra a intenção delituosa. Já a instigação é o ato de incitar, reforçar ou estimular a preexistente resolução delituosa.
Participação Material
É o fato de alguém insinuar-se no processo da causalidade física. O auxilio é uma forma de participação material, e pode ser prestado na preparação ou execução do delito.
Punibilidade
Esse princípio é consequência da regra de que a graduação da pena é medida pela culpabilidade: o fato é comum, a culpa, porém é individual; de acordo com o art. 29, que diz que todos os participantes incidem naspenas cominadas ao crime, na medida de sua culpabilidade.
Participação Impunível – art. 31
O art. 31 do CP determina que “o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado”. Assim, são impuníveis as formas de concurso quando o delito não chega à fase de execução. O oferecimento para delinquir não constitui infração penal
Teoria do Domínio do Fato
De acordo com essa teoria, autor é quem tem o controle final do fato, domina finalisticamente o decurso do crime e decide sobre sua prática, interrupção e circunstâncias (“se”, “quando”, “onde”, “como”, etc.). É uma teoria que se assenta em princípios relacionados a conduta e não ao resultado.
Comunicabilidade e incomunicabilidade de condições, elementares e circunstâncias – art. 30
Segundo dispõe o art. 30 do CP, não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.
Circunstâncias:
São dados acessórios (acidentais) que, agregados ao crime, tem função de aumentar ou diminuir a pena. Não interferem na qualidade do crime, mas sim afetam a sua gravidade.
Condições pessoais:
São as relações do sujeito com o mundo exterior e com outras pessoas ou coisas, como estado civil (casado), de parentesco, de profissão ou emprego.
Elementares:
São os elementos típicos do crime, dados que integram a definição da infração penal.
As circunstâncias podem ser:
Objetivas
São as que se relacionam com os meios e modos de realização do crime, tempo, ocasião, objeto material e qualidade de vítima.
Subjetivas (de caráter pessoal)
São as que só dizem respeito com a pessoa do participante, sem qualquer relação com a materialidade do delito, como motivos determinantes, suas condições ou qualidades pessoais e relações com a vítima ou com outros concorrentes.
Sob outro aspecto, as circunstâncias dividem-se em:
Judiciais, previstas no art. 59 do CP
Culpabilidade, antecedentes, conduta social e a personalidade do agente (culpa antes o conde persa)
Legais, que se subdividem em:
Gerais, comuns ou genéricas, que são:
Agravantes (circunstâncias qualificativas), previstas nos arts, 61 e 62;
Atenuantes, descritas no art. 65;
Causas de aumento ou diminuição da pena (p. ex.: a do art. 26, parágrafo único).
Especiais ou especificas, que podem ser:
Qualificadoras (ex.: arts. 121, §2º, e 155, §4º);
Causas de aumento ou de diminuição da pena, em quantidade fixa ou variável (arts 226 e 221).
Podemos estabelecer as seguintes regras:
Não se comunicam as condições ou circunstâncias de caráter pessoal (de natureza subjetiva);
A circunstância objetiva não pode ser considerada no fato do partícipe ou coautor se não ingressou na esfera de seu conhecimento;
As elementares, sejam de caráter objetivo ou pessoal, comunicam-se entre os fatos cometidos pelos participantes, desde que tenham ingressado na esfera de seu conhecimento.
Sanção Penal e Penas
Conceito, finalidades e características
Pena é a sanção aflitiva imposta pelo Estado, mediante ação penal, ao autor de uma infração (penal), como retribuição de seu ato ilícito, consistente na diminuição de um bem jurídico, e cujo fim é evitar novos delitos.
Tem finalidade preventiva e retributiva, no sentido de evitar novas infrações. A prevenção é geral, sendo que o fim intimidativo da pena dirige-se a todos os destinatários da norma penal, visando a impedir que os membros da sociedade pratiquem crimes; e especial, visando o autor do delito, retirando-o do meio social, impedindo-o de delinquir e procurando corrigi-lo.
São caracteres da pena:
É personalíssima, só atingindo o autor do crime;
A sua aplicação é disciplinada pela lei;
É inderrogável, no sentido da certeza de sua aplicação; 
É proporcional ao crime.
Classificação
A doutrina classifica as penas em:
Corporais;
Privativas de liberdade;
Restritivas de liberdade;
Pecuniárias;
Privativas e restritivas de direitos.
A CF prevê as seguintes penas (art. 5º, XLVI):
Privação ou restrição de liberdade;
Perda de bens;
Multa;
Prestação social alternativa;
Suspensão ou interdição de direitos
Espécies de penas – art. 32
De acordo com o CP as penas classificam-se em:
Privativas de liberdade;
Reclusão;
Detenção;
Restritivas de direitos;
Prestação pecuniária;
Perda de bens e valores;
Prestação de serviço a comunidade ou a entidades públicas;
Interdição temporária de direitos;
Limitação de fim de semana;
Pecuniárias.
Reincidência – arts. 63 e 64
Conceito
Art. 63 – Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.
Fundamento legal
Arts. 63 e 64 do CP.
Hipóteses de não geração da reincidência
Art. 64 – Para efeito de reincidência:
– não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido o período de tempo superior a cinco anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação;
– não se consideram os crimes militares próprios e políticos.
Penas Privativas de Liberdade
Espécies: reclusão e detenção – art. 33
As penas privativas de liberdade são duas: reclusão e detenção.
Art. 33 – A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto. A de detenção, em regime semiaberto ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.
A reclusão se diferencia da detenção não só quanto à espécie de regime como também em relação ao estabelecimento penal de execução (de segurança máxima, média e mínima), a sequência de execução no concurso material, a incapacidade para o exercício do poder familiar, a medida de segurança, a fiança e a prisão preventiva.
Regimes Penitenciários
Regime fechado - art. 34
Considera-se regime fechado a execução da pena privativa de liberdade em estabelecimento de segurança máxima ou média.
Fica sujeito a trabalho no período diurno e isolamento durante o repouso noturno. É admissível o trabalho externo em serviços ou obras públicas.
Regime semiaberto – art. 35
O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. É admissível o trabalho externo, bem como a frequência a cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior.
Regime aberto – art. 36
A execução da pena será em casa de albergado ou estabelecimento adequado. Nele, o condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga.
Determinação do regime inicial de cumprimento da pena – art. 33
Art. 33, §2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observadas os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso:
O condenado a pena superior a oito anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado;
O condenado não reincidente, cuja pena seja superior a quatro anos e não exceda a oito, desde o princípio, poderá cumpri-la em regime semiaberto;
O condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a quatro anos, poderá cumpri-la em regime aberto.
Regime fechado – estabelecimento de segurança máxima – 1/6 da pena;
Regime semiaberto – colônias agrícolas, industriais ou similares – 1/6 da pena;
Regime aberto – casa de albergado ou estabelecimento adequado – 1/6 da pena;
Livramento condicional – 3/6 da pena
	Regime
	Não Reincidente
	Reincidente
	Fechado
	+ 8 anos estabelecimento de segurança máxima
	Reclusão cadeia
	Semiaberto
	+ 4 a 8 anos começam na colônia
	Detenção
	Aberto
	Até 4 anos pode começar na colônia de albergado
	Não possui
Regime disciplinar diferenciado
Consiste na obrigação de o preso ser recolhido em cela individual, limitando-se suas saídas diárias e visitassemanais. A imposição desse regime depende de decisão do juiz das execuções penais, sendo sujeito o preso que apresentar alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade, e aquele sobre o qual recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação em organizações criminosas, quadrilha ou bando.
Remição e detração penal – art. 42
“Detrair” significa “abater o crédito de”. Detração penal é o cômputo na pena privativa de liberdade e na medida de segurança do tempo de prisão provisória ou administrativa e o de internação em hospital ou manicômio, desde que haja nexo de causalidade entre a prisão provisória e a pena privativa de liberdade.
Penas Restritivas de Direitos
Espécies e regras – art. 43
De acordo com o art. 43 do CP, as penas restritivas de direitos são:
Prestação pecuniária;
Perda de bens e valores;
Prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;
Interdição temporária de direitos; 
Limitação de fim de semana. 
As penas poder ser institucionais (penitenciárias, casas de internação), semi-institucionais (em estabelecimentos detentivos, como a limitação de fim de semana) e não institucionais (executadas em liberdade, p. ex., multa e prestação de serviço à comunidade). 
As penas alternativas são substitutivas. O juiz, em primeiro lugar, fixa a pena privativa de liberdade. Depois, a substitui por uma ou mais alternativas, se for o caso. Não podem ser aplicadas diretamente, nem cumuladas com as privativas de liberdade.
Modos de substituição – art. 44
De acordo com o art. 44 do CP, as penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando:
Aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
O réu não for reincidente em crime doloso;
A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição é suficiente.
	Regime
	Não reincidente 
	Reincidente 
	Fechado
	+ 8 anos estabelecimento de segurança máxima
	Reclusão cadeia
	Semiaberto
	+ 4 a 8 anos começam na colônia 
	Detenção 
	Aberto
	 Até 4 anos pode começar na casa de albergado 
	Não possui 
Prestação Pecuniária – art. 45
A prestação pecuniária, nos termos dos arts. 43, I, e 45, §1º do CP, consiste no pagamento em dinheiro à vitima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social de importância fixada pelo juiz. Não pode ser inferior a um nem superior a trezentos e sessenta salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os beneficiários.
Prestação Inominada
De acordo com o § 2º do art. 45, o juiz pode substituir a pena de prestação pecuniária, presentes certas circunstâncias, por “prestação de outra natureza” (pena alternativa inominada). Significa que a pena alternativa, aplicada no lugar da privativa de liberdade, pode ser substituída por uma terceira, a “prestação de outra natureza”. Não precisa ser de natureza pecuniária.
Perda de bens e valores
De acordo com o art. 45, § 3º, do CP, a perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-á, ressalvada a legislação especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto – o que for maior – o montante do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em consequência da prática do crime.
Prestação de serviço à comunidade – art. 46
É aplicável nos casos de penas superiores a seis meses de privação de liberdade e consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao condenado. O serviço deve ser prestado em entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais. As aptidões do condenado devem ser consideradas pelo juiz na escolha da natureza do serviço. Na fixação da pena, atende-se a uma hora de tarefa por dia de condenação, considerada de modo a não prejudicar a jornada norma de trabalho do apenado.
Interdições temporárias de direitos – art. 47
De acordo com o art. 47 do CP, são interdições temporárias de direitos:
I – proibição de exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo;
II – proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público;
III – suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo;
IV – proibição de frequentar determinados lugares.
Limitação de fim de semana – art. 48
A limitação de fim de semana, diz o art. 48, caput, do CP, consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por cinco horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado. Durante essa permanência, poderão ser ministrados ao condenado cursos e palestras ou atribuídas atividades educativas.
Natureza das penas restritivas de direitos
As penas alternativas são autônomas, substituindo as PPL’s. A substituição é obrigatória, se presentes as condições de admissibilidade.
 São de execução condicional. Subordinam-se as condições a seu efetivo cumprimento. Descumpridas, operam conversão em privação da liberdade, nos termos da lei. 
Condições para aplicação – art. 44
De acordo com o art. 44 do CP, as penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando:
Aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
O réu não for reincidente em crime doloso;
A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição é suficiente.
Multa substitutiva
A multa pode ser imposta no tipo incriminador como pena comum ou substitutiva. Tratando-se de condenação penal igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
Conversão da pena alternativa em privativa de liberdade
A conversão pode ser obrigatória ou facultativa. A conversão é obrigatória nos casos de descumprimento da restrição e impossibilidade de conversão em face de nova condenação. Facultativa na hipótese de possibilidade de conversão.
Pena de Multa – art. 49
Conceito 
Art. 49, CP – “A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 e, no máximo, de 360 dias-multa”.
Critérios de cominação e fixação da multa
O Código Penal vigente adotou o sistema do dia-multa: leva em conta o rendimento do condenado durante um mês ou um ano, dividindo-se o montante por 30 ou 360 dias; o resultado equivale ao dia-multa.
Atualmente a quantia da pena de multa é recolhida ao fundo penitenciário nacional.
A quantidade dos dias-multa não é cominada pela norma penal incriminadora, que só faz referência a multa. Deve ser fixada pelo juiz, variando de, no mínimo, dez dias-multa a, no máximo, trezentos e sessenta dias-multa.
Proibição de conversão da multa em detenção
De acordo com a lei que deu nova redação ao art. 51, fica proibida a conversão da pena de multa em detenção. Fundamento: o não pagamento da multa atuava, muitas vezes, como fato mais grave do que o delito cometido pelo condenado.
Aplicação da Pena e Limite das Penas
Sistema trifásico (ver arts. 53, 54 e 58)
Art. 59 – O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime (as penas e suas quantidades).
Art. 68 – Apena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste código, em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de aumento e diminuição.
A pena é calculada em três fases:
Pena base de acordo com o art. 59 – oito circunstâncias judiciais: culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade do agente, motivo, circunstâncias, consequências e o comportamento da vítima;
Circunstâncias: 
Atenuantes – ser o agente menor de 21 ou maior de 70 anos; desconhecimento da lei; cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral; por espontânea vontade, tentar evitar ou minorar as consequências logo depois do crime, ou reparar o dano, antes do julgamento; confessado espontaneamente; cometido o crime sob influência de multidão em tumulto; etc.;
Agravantes – a reincidência; ter cometido o crime: por motivo torpe; para facilitar outro crime; por emboscada; com emprego de veneno, tortura (meio insidioso ou cruel); contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge; com abuso de autoridade; contra criança, idoso, enfermo ou mulher grávida; em ocasião de calamidade; em estado de embriaguez preordenada, etc.
Preponderantes – no concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência.
Causas de aumento e diminuição da pena (p. ex. tentativa, art. 14).
Circunstâncias e elementares do crime
Para diferenciar elementar de uma circunstância usamos dois princípios:
Quando, diante da figura típica, excluindo-se determinado elemento, o crime desparece ou surge outro, estamos em face de uma elementar;
Quando, excluindo-se certo dado, não desaparece o crime considerado, não surgindo outro, estamos em face de uma circunstância. Dados referentes ao tempo, lugar, maneira de execução, etc. são circunstâncias do crime.
As circunstâncias são determinados acessórios que, agregados a figura típica fundamental, aumentam ou diminuem a pena. No crime de homicídio, o relevante valor moral diminui a pena, enquanto que o motivo fútil a agrava.
Classificação das circunstâncias: judiciais e legais (genéricas e especiais); agravantes, atenuantes, causas aumento e de diminuição e as qualificadoras
Circunstâncias judiciais – art. 59
Art. 59, caput:
Culpabilidade;
Antecedentes;
Conduta social;
Personalidade do agente
Motivo do crime;
Circunstancias do crime;
Consequências do crime;
Comportamento da vitima. 
“Culpa antes o conde persa”
Circunstâncias legais
Subdividem-se em:
Genéricas
Agravantes – ser o agente menor de 21 ou maior de 70 anos; desconhecimento da lei; cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral; por espontânea vontade, tentar evitar ou minorar as consequências logo depois do crime, ou reparar o dano, antes do julgamento; confessado espontaneamente; cometido o crime sob influência de multidão em tumulto; etc.; 
Atenuantes – ser o agente menor de 21 ou maior de 70 anos; desconhecimento da lei; cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral; por espontânea vontade, tentar evitar ou minorar as consequências logo depois do crime, ou reparar o dano, antes do julgamento; confessado espontaneamente; cometido o crime sob influência de multidão em tumulto; etc.; 
Causas de aumento e de diminuição da pena (p. ex., art. 28, § 2º);
Especiais 
Qualificadoras (p. ex., art. 121, § 2º);
Causas de aumento e de diminuição da pena (p. ex., art. 121, § 4º).
Circunstâncias agravantes – arts. 61 e 62
São de aplicação obrigatória, previstas nos arts. 61 e 62:
A reincidência; 
Ter cometido o crime: 
Por motivo torpe; 
Para facilitar outro crime; 
Por emboscada; 
Com emprego de veneno, tortura (meio insidioso ou cruel); 
Contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
 Com abuso de autoridade; 
Contra criança, idoso, enfermo ou mulher grávida; 
Em ocasião de calamidade; 
Em estado de embriaguez preordenada, etc.
Circunstâncias atenuantes – art. 65
São de aplicação obrigatória, previstas no art. 65:
Ser o agente menor de 21 ou maior de 70 anos; 
Desconhecimento da lei; 
Cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral; 
Por espontânea vontade, tentar evitar ou minorar as consequências logo depois do crime, ou reparar o dano, antes do julgamento; 
Confessado espontaneamente; 
Cometido o crime sob influência de multidão em tumulto; etc.; 
Causas de aumento e de diminuição da pena
As causas de aumento e de diminuição da pena estão previstas na Parte Geral e na Parte Especial do CP. Quando descritas na Parte Geral, constituem circunstâncias legais genéricas; quando contidas na Parte Especial, são circunstâncias legais específicas.
Essas causas aumentam ou diminuem a pena em quantidade fixa (1/3, 1/6, o dobro, metade, etc.) ou dentro de certos limites (um a dois terços, um sexto até metade, etc.).
Circunstâncias qualificadoras
São circunstâncias legais especiais previstas na Parte Especial do CP que, agregadas à figura típica fundamental, tem função de aumentar a pena. Quando se trata de uma qualificadora propriamente dita, o código, aumentando a pena, comina o mínimo e o máximo. 
Mecanismo de imposição das penas
Para os crimes dolosos:
Para PPL até quatro anos – pode ser substituída por PRD, desde que não seja reincidente, não tenha cometido o crime com violência ou alguma situação comprometedora;
PPL igual ou inferior a um ano – substituição por multa ou PRD;
PPL maior que um ano – substituição por multa e PRD ou duas PRD’s;
Entre um a quatro anos, não reincidente, inicia no regime aberto, reincidente, fechado;
PPL de 4 a 8 anos – inicia em regime semiaberto; 
Para os crimes culposos:
Qualquer que seja a quantidade de pena privativa de liberdade pode ser substituída por restritiva com algumas condições:
Não sendo possível substituir para prestação de serviço a comunidade ou limitação de fim de semana, o juiz deve conceder o sursis ao réu;
O sursis deve ser aplicado somente quando não puder substituir por uma PRD.
Concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes – art. 67
Diz o art. 67 que “no concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência”.
Concurso de causas de aumento e de diminuição; concurso de qualificadoras – art. 68
O art. 68, parágrafo único, determina que “no concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua”.
No concurso de qualificadoras previstas no mesmo tipo penal, aplica-se uma só, servindo a outra de circunstância judicial de agravação da pena.
Fixação de pena de multa 
Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à situação econômica do réu, sendo que a multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em virtude da situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo.
No tocante a quantidade dos dias-multa, que varia entre dez e trezentos e sessenta, devem ser consideradas as circunstâncias judiciais (”culpaantecondpersa”, motivos, circunstâncias e consequências). O valor do dia-multa deve ser fixado de acordo com a situação econômica do réu. 
Fundamento para o limite das penas
A imposição da pena está condicionada a culpabilidade do sujeito. Na fixação da sanção penal, sua qualidade e quantidade estão presas ao grau de censurabilidade da conduta (culpabilidade). A periculosidade constitui pressuposto da imposição das medidas de segurança.
Concurso de crimes
Noções
Quando um sujeito, mediante unidade ou pluralidade de ações ou de omissões, pratica dois ou mais delitos surge o concurso de crimes ou de penas. 
Espécies de concurso
O concurso de crimes pode ser:
Concurso material– art. 69;
Concurso formal – art. 70;
Concurso continuado – art. 71
Concurso material – art. 69
Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não.
Ex.:
Conduta1 - resultado1 - pena1 = 2 anos + reclusão 
C2 - r2 - p2 = 4 anos + reclusão 
C3 - r3 - p3 = 1 ano + reclusão 
 7 anos + reclusão 
* soma-se reclusão e detenção em separado, executando-se primeiro a mais grave; 
* sursis só até dois anos, PRD até quatro para ser aplicada;
* penas exequíveis simultaneamente serão cumpridas ao mesmo tempo, as não exequíveis serão cumpridas sucessivamente;
* se a pessoa for condenada a prisão, perderá qualquer benefício (sursis ou PRD).
Concurso formal – art. 70
Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes. Difere do concurso material pela unidade de conduta: no concurso material o sujeito comete dois ou mais crimes por meio de duas ou mais condutas; no concurso formal, com uma só conduta realiza dois ou mais delitos.
Ex.:
Crime culposo (ação ou omissão) (com uma só conduta):
Resultado1 - Pena1 - x meses até x meses
Resultado2 - Pena2 - x meses até x anos
Resultado3 - Pena3 - x meses até x anos
* as penas não se somam neste caso
*penas iguais: escolhe qualquer uma e exaspera-a (aumentada em 1/6 até metade)
* penas diferentes: escolhe a maior e exaspera-a (aumenta em 1/6 até 1/2)
* se a exasperação superar a somatória, deve aplicar-se a somatória
* a escolha da fração de exasperação fica a escolha do juiz, mediante justificativa.
* se a conduta for dolosa (desígnios autônomos), deverá ser encaixado como concurso material, com somatória. 
* Desígnios autônomos - quando o agente, com uma conduta, produz mais de dois resultados, só que de maneira dolosa.
Crime continuado – art. 71
Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, ugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro.
Ex.:
Crimes da mesma espécie (que atingem os mesmos bens jurídicos), sucessivos, com circunstâncias semelhantes como tempo, lugar, modo de execução.
Conduta1 - Resultado1 - Pena1 - roubo
Conduta2 - Resultado2 - Pena2 - 
Conduta3 - Resultaod3 - Pena3 - 
*os crimes subsequentes devem ser considerados como continuação do primeiro 
* aplica-se a mais grave das penas, caso forem diferentes.
* se as penas forem iguais, pega-se qualquer uma delas e exaspera-a (aumenta de 1/6 até 2/3)
* nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça a pessoa, poderá o juiz, considerando o culpantecondepersa,(culpabilidade, antecedentes, conduta do agente e personalidade) bem como motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só crime, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, não ultrapassando a somatória.
Multas no concurso de crimes – art. 72	
Art. 72. No caso de multa no concurso de crimes, não há exasperação, apenas soma-se os dias/multa
Limite das penas - art. 75
Para PPL não pode exceder a 30 anos
Quando o agente for condenado a PPL cuja soma seja maior de 30 anos, elas devem ser unificadas para atender ao limite máximo. 
Se a pessoa já for condenada por unificação, cometer um novo crime durante a as, unificar-se-á as penas e desprezar o que já for cumprido pela primeira unificação.
Erro na execução - art. 73
Quando por acidente ou erro, o agente atinge outra pessoa que não aquela pretendida, responde como se tivesse atingido quem pretendia. Se o agente atinge tanto quem queria quanto quem não pretendia, aplicam-se as regras do concurso formal. 
Resultado diverso do pretendido – art. 74
Art. 74. Se o agente quer cometer certo crime, mas obtém resultado diverso, por acidente ou erro na execução, ele responde por culpa do crime do resultado, se for crime culposo; se obtiver resultado diverso e o pretendido, aplica-se o concurso formal. 
Sursis – art. 78
Sursis quer dizer suspensão, e permite que o condenado não se sujeite à execução de pena privativa de liberdade de pequena duração.
Suponha-se que o agente seja condenado a três meses de detenção. O juiz, na sentença condenatória, desde que não seja caso de aplicação de pena restritiva de direitos, reunidos os requisitos do instituto, concede ao réu o sursis, dando os motivos da decisão. Na audiência de advertência o juiz comunica ao réu as consequências de uma nova infração ou descumprimento de alguma obrigação imposta. Da data da audiência de advertência começa o período de prova, que varia de dois a quatro anos. Isso significa que o juiz concede a “suspensão condicional da execução da pena (sursis)”. O réu não inicia o cumprimento da pena, ficando em liberdade condicional, por um período de prova, que varia de dois a quatro anos, ficando em observação. Se não praticar nova infração penal e cumprir as condições impostas pelo juiz, ao final desse período, ele determinará a extinção da pena que se encontrava suspensa. 
Requisitos – art. 77
Não seja reincidente em crime doloso;
A culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade do agente, motivos e circunstâncias autorizem a concessão do beneficio;
Não seja indicada ou cabível PRD’s.
Livramento condicional – art. 83
O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 anos
Arts. 83 a 90, CP; 131 da LEP.
Após o apenado cumprir:
1/6 da pena em regime fechado, 1/6 em semiaberto e 1/6 em aberto, quando começar em regime fechado – desde que condenado em pena privativa de liberdade que não pode ser substituída por PRD nem sursis;
Ou 1/6 em semiaberto e 1/6 em aberto, nos casos em que começar em regime semiaberto – desde que condenado em pena privativa de liberdade que não pode ser substituída por PRD nem por sursis;
A pena deve ser igual ou superior a dois anos.
Com essas condições, restando ainda pena a ser cumprida, o juiz porá em livramento condicional, com um documento pessoal com foto que o identifique como tal. Em certos casos haverá até monitoração eletrônica.
Condições para o livramento condicional - art. 83:
Cumprida mais da metade da pena;
Bom comportamento, bom trabalho (na prisão) e trabalho honesto (promessa de trabalho decente quando sair da prisão);
Não reincidente em crime doloso;
Ter reparado, ou tentado reparar, dano causado;
Deverá cumprir 2/3 da pena se tiver cometido crime hediondo e não for reincidente.
Condições para revogação do livramento – art. 86:
Se o liberado for condenado em PPL, em crime cometido durante a vigência do livramento;
Por crime anterior, pois as penas se somam, e, portanto, ele não teria cumprido metade do total da pena;
Se o liberado deixar de cumprir alguma obrigação afixada anteriormente, ou for condenado a alguma pena não privativa de liberdade, tudo a julgo do juiz;
Importante: se o beneficio do livramento condicional for revogado, ele nunca mais poderá ser concedido.
Extinção: a pena não será extinta se o individuo cometer algum crime durante a vigência do livramento condicional.
Crimes hediondos:
Homicídio em grupo de extermínio ou qualificado;
Latrocínio,
Extorsão qualificada pela morte;
Extorsão mediante sequestro;
Estupro;
Estupro de vulnerável;
Epidemia com resultado morte – preterdoloso (a pessoa trabalha com germes perigosos e por negligência, imperícia ou imprudência, os deixa “escapar”, causando morte);
Falsificação, alteração (altera algum dos componentes da fórmula), corrupção, adulteração (quando não se pões o componente) de produtos terapêuticos ou medicinais – FACA;
Crime de genocídio (contra raça, população, religião, etc.).
CF, art. 5º, XLIII – não são hediondos, apenas equiparados – tortura, tráfico de drogas e terrorismo – são inafiançáveis, junto com os hediondos. 
Efeitos da condenação – art. 92
Art. 92
Todos os efeitos abaixo são aplicados após o trânsito em julgado:
Efeitos genéricos (automáticos)
Art. 91 – existem em todas as condenações, mesmo que o juiznão declare.
São efeitos automáticos:
Obrigação de indenização do dano (a condenação torna-se título executório);
Perda em favor da União – confisco (menos contra lesado e terceiro de boa fé) pode ser: instrumentos do crime (fabrico, alienação, uso, porte e detenção de ilícitos); produto do crime (bem ou valor, em favor da União);
Efeitos específicos
Art. 92 – declarados caso a caso quando cabíveis. São específicos de acordo com cada caso, o juiz deve aplica-los conforme se encaixem, se ele não mencionar, não poderá ser usado:
Perda de função pública, mandato eletivo ou cargo público (quando: a) quando aplicada PPL até um ano nos crimes praticados com abuso de poder (excesso, desvio ou omissão); b) quando condenado a PPL com mais de 4 anos (sendo que não cabe sursis nem PRD);
Perda do pátrio poder, curadoria ou tutela, nos crimes dolosos com pena de reclusão, cometidos contra o filho, tutelado ou curatelado;
Perda da habilitação de dirigir veículo automotor quando ele tiver sido instrumento do crime doloso.
Ação Penal – art. 100
A ação penal é o direito de invocar o poder judiciário no sentido de aplicar o direito penal objetivo. A ação penal classifica-se tendo em vista o objeto jurídico do delito e o interesse do sujeito passivo em movimentar a máquina judiciária no sentido de aplicar o direito penal objetivo ao fato cometido pelo agente.
Crimes de ação penal pública
A ação penal pública é promovida pelo Ministério Público por meio de denúncia, que constitui sua peça inicial.
A conduta do sujeito lesa um interesse jurídico de tal importância que a ação penal pode ser iniciada sem a manifestação de vontade de qualquer pessoa. 
Ação penal pública incondicionada
A autoridade (policial), tomando conhecimento da prática do fato, deve proceder de ofício (p.ex. homicídio – objeto jurídico protegido é a vida).
Ação penal publica condicionada
O ofendido deve autorizar a instalação da ação penal, sob condições de procedibilidade: depende de representação (retratável enquanto não houver denúncia do Ministério Público) do ofendido ou requisição (da qual não pode haver retratação) ao Ministro da Justiça.
Crimes de ação penal privada
A ação penal privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de seu representante legal.
É exclusiva quando o crime atinge um bem da esfera intima do ofendido, pelo qual o Estado reserva a ele a iniciativa do procedimento policial e do processo penal.
Diz-se subsidiária quando o advogado oferece a queixa porque o Ministério Público não denunciou em tempo hábil.
Elementos
De acordo com o art. 41, CP, a denúncia ou queixa conterá:
A exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias;
A qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identifica-lo;
A classificação do crime;
Quando necessário, o rol de testemunhas.
Extinção da Punibilidade
Conceito
Quando um sujeito pratica um crime surge a relação jurídico-punitiva: de um lado o Estado com o jus puniend; do outro, o réu, com a obrigação de não obstaculizar o direito do Estado de impor a sanção penal. O direito de punir do Estado, que era abstrato, torna-se concreto, surgindo a punibilidade.
Causas extintivas de punibilidade – art. 107
É possível que, mesmo que o sujeito pratique uma infração penal, ocorra uma causa extintiva da punibilidade, de acordo com o art. 107 do CP:
Extingue-se a punibilidade:
Pela morte do agente;
Pela anistia, graça ou indulto;
Pela retroatividade de lei que não considera mais o fato criminosos – abolitio criminis;
Pela prescrição, decadência ou perempção;
Pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;
Pela retratação do agente, nos casos em que a lei permite;
Pelo perdão judicial, nos caos previstos em lei.
Da morte do agente
A morte do agente deve ser provada por meio de certidão de óbito, não tendo validade a presunção legal do art. 6° do CC.
Anistia
É o esquecimento jurídico de uma ou mais infrações penais, concedida em casos excepcionais, para apaziguar os ânimos. A anistia é de atribuição do Congresso Nacional, sendo uma lei penal de efeito retroativo, não podendo ser revogada.
Graça
A graça é individual e deve ser solicitada, de competência do presidente da república, podendo ser delegada. Somente extingue a punibilidade, subsistindo o crime.
Indulto
É concedido por decreto, sendo coletivo. Somente extingue a punibilidade, subsistindo o crime.
Decadência do direito de queixa
É a perda do direito de ação do ofendido em face do decurso do tempo. O ofendido decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de seis meses, a partir do dia em que soube quem é o autor do crime, ou do dia que se esgotou o prazo para o oferecimento da denúncia.
Perempção penal (abandono)
É a perda do direito de demandar do querelado pelo mesmo crime em face da inercia do querelante. Só é possível na ação penal privada, e após o seu início. 
Renúncia
É a abdicação do ofendido ou de seu representante legal do direito de promover a ação penal privada.
Perdão judicial – art. 120
É o instituto pelo qual o juiz, não obstante comprovada a prática da infração penal pelo sujeito culpado, deixa de aplicar a pena em face de justificadas circunstâncias.
Prescrição
Conceito
Perda da pretensão punitiva ou executória do Estado pelo decurso do tempo sem o seu exercício.
Prescrição da pretensão punitiva e prescrição da pretensão condenatória
Prescrição da pretensão punitiva – art. 109
Ocorre antes de a sentença final transitar em julgado. Para calcular o tempo para a prescrição, utiliza-se o máximo da pena abstrata.
Prescrição da pretensão condenatória – art. 110
Ocorre após o transito em julgado da sentença condenatória. Para calcular o tempo de prescrição, utiliza-se a pena definitiva com transito em julgado. A prescrição é aumentada em um terço para reincidentes.
	Máximo da pena
	Prescrição
	- 1 ano
	Em 3 anos
	1 ano até 2 anos
	Em 4 anos
	+ 2 anos até 4 anos
	Em 8 anos
	+ 4 até 8 anos
	Em 12 anos
	+ 8 até 12 anos
	Em 16 anos
	+ 12 anos
	Em 20 anos
Prescrição intercorrente	
Ocorre entre dois momentos – entre a pena e o acórdão.
Prescrição retroativa
Quando a sentença passa a existir, a prescrição é retroativa, ou seja, os outros prazos contam com a prescrição da sentença.
Espécies de pena e prescrição
Quer se trate de prescrição da pretensão punitiva ou executória, multa e as penas restritivas de direitos seguem a sorte das penas privativas de liberdade. Quanto a pena pecuniária, quando é a única abstratamente imposta, ou a única aplicada (em dois anos), ou é a que ainda resta cumprir, tem disciplina própria; quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada, prescreverá no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade.
Termos iniciais da prescrição da pretensão executória – art. 112
De acordo com o art. 112 do CP a prescrição da pretensão executória começa a correr:
Do dia em que passa em julgado a sentença condenatória para a acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional;
Do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva computar-se na pena.
Termos iniciais da prescrição da pretensão punitiva 
Consoante com o que dispõe o art. 11 do CP, a prescrição da pretensão punitiva (antes de transitar em julgado a sentença final) começa a correr:
Do dia em que o crime se consumou;
No caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa;
Nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;
Nos bigamia e nos de falsificação ou alteração de registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido.
Prescrição nos casos de evasão do condenado ou de revogação do livramento condicional – art. 113
No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena.
Redução dos prazos de prescrição em face da idade do sujeito – art. 115
Oart. 115 do CP determina que sejam reduzidos na metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 anos ou maior de 70 anos na data da sentença.
Causas suspensivas da prescrição – art. 116
Nos termos do art. 116 do CP, antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não ocorre:
Enquanto não resolvida, em outro processo, decisão de que dependa o reconhecimento da existência do crime;
Enquanto agente cumpre pena no estrangeiro.
Parágrafo Único: Depois de passar em julgado a sentença condenatória, a prescrição não ocorre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo.
Causas interruptivas da prescrição – art. 117
Dispõe o art. 117 do CP:
O curso da prescrição interrompe-se:
Pelo recebimento da denúncia ou da queixa;
Pela pronúncia – apenas em crimes dolosos contra a vida;
Pela decisão confirmatória da pronúncia;
Pela publicação da sentença ou acórdão condenatória recorrível;
Pela reincidência.
Impronúncia – falta de provas – arquivamento
Pronúncia – prova da autoria e do fato – júri
A incidência das causas do art. 117, salvo inciso V, faz com que seja extinto o prazo decorrido antes da interrupção, recomeçando a correr a prescrição por inteiro.

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Materiais recentes

Perguntas Recentes