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Direito Penal IV - Juizados Especiais Criminais 
 
 Página 1 
 
JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS - LEI 9.099/95: 
 
1. Previsão Constitucional: 
 
Art. 98, I da CF: Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: I - juizados 
especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de 
causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e 
sumariíssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de 
primeiro grau; 
 
2. Jurisdição Consensual: 
 
É apresentada uma nova forma de solução das controvérsias penais, por meio da busca do 
consenso. Há possibilidade de se comparar a chamada Jurisdição Consensual e a Jurisdição Conflitiva: 
 
Jurisdição consensual Jurisdição conflitiva 
Trabalha basicamente com a busca do consenso, 
desde que a pena transacionada seja uma pena 
de multa ou restritiva de direitos. Esse tipo de 
acordo somente pode ser trabalhado em relação 
a tais penas. 
Caracteriza-se não por uma busca de um 
consenso, mas pela existência de um conflito 
entre acusação e defesa. 
**Atente-se para a delação premiada que é 
exceção nessa forma de jurisdição. 
As penas aqui são as penas privativas de 
liberdade. 
Resulta em mitigação aos princípios da 
obrigatoriedade e da indisponibilidade da ação 
penal. 
É norteada pelos princípios da obrigatoriedade e 
da indisponibilidade da ação penal. 
 
Obs.: Pode-se admitir essa jurisdição consensual no processo penal? Há doutrinadores como o Prof. 
Alberto Silva Franco que criticam a Lei dos Juizados pois não seria possível permitir acordos na 
jurisdição processual penal. 
Mas observando-se que a própria constituição trata dos juizados e a jurisdição consensual se 
refere às penas de multa e restritiva de direitos, essa instituição Juizados Especiais é plenamente 
Constitucional. Até mesmo porque a jurisdição conflitiva deve ser trabalhada nos casos de delitos 
que realmente interessam (mais graves). 
 
3. Conceito de Infração de menor potencial ofensivo - IMPO: 
 
Esse é um conceito atualmente pacificado, mas, ao longo dos anos, variou bastante. E nesse 
ponto, merece ser feita uma digressão histórica: 
 Lei 9.099/95: o art. 61, em sua redação originária trazia como IMPO os crimes com pena 
máxima não superior a 01 ano, excetuados os crimes submetidos a procedimento especial. 
Direito Penal IV - Juizados Especiais Criminais 
 
 Página 2 
 
 Lei 10.359/01: essa lei traz a figura dos Juizados Especiais Federais, trazendo um conceito 
diferente de IMPO – afirma que infração de menor potencial ofensivo é aquela cuja pena 
máxima não seja superior a 02 anos ou multa. Aqui surgiram duas discussões: 
a) Prazo diferenciado e dois anos. 
b) Essa lei não diz nada sobre a exceção dos procedimentos especiais o que faz crer que o 
conceito abrangeria qualquer infração penal, surgindo à época uma polêmica: diante da 
expressão para os efeitos desta Lei esse conceito apenas seria usado na Justiça Federal 
(concepção Dualista). Outros, porém, afirmavam que não existe fundamento razoável para 
diferenciar o Jesp Federal e Estadual, pelo que acabou por prevalecer o entendimento de 
que esse dispositivo teria revogado o art. 61 da Lei 9.099/95. 
 Lei 11.313/06: essa lei dá nova redação ao art. 61 da Lei dos Juizados Especiais: “Consideram-
se infrações de menor potencial ofensivo para os efeitos desta lei, as contravenções penais e 
os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com 
multa”. 
 
São consideradas IMPOS: 
1. Contravenções penais 
2. Crimes com pena máxima não superior a dois anos, cumulada ou não com multa, e 
submetidos ou não a procedimento especial. 
 
Obs.: A Lei Maria da Penha exclui expressamente a aplicação da Lei 9.099/95. 
 
O conceito de infração de menor potencial ofensivo leva em consideração a pena máxima 
prevista para o delito que deve ser igual ou inferior a dois anos. E aqui se indaga se são levadas em 
conta as causas de aumento, de diminuição de penas, agravantes e atenuantes e situações de 
concursos de crimes. 
 Causas de aumento e diminuição de penas, eventuais qualificadoras: são levadas em 
consideração. É necessário lembrar que o conceito de infração leva em consideração a pena 
máxima cominada para o crime, daí que, em se tratando de causas de aumento, usamos o 
quantum que mais aumente a pena; em se tratando de causas de diminuição, o quantum que 
menos diminua a pena. 
 Agravantes e atenuantes: não são levadas em consideração uma vez que sequer temos uma 
definição legal do quantum. 
 Concurso de crimes: no que tange ao concurso de crimes, deve ser levada em conta a regra do 
concurso. Atente-se que não se deve confundir essa hipótese com a prescrição já que a 
prescrição, no concurso de crimes incide sobre cada delito, isoladamente. Sobre esse assunto, 
duas súmulas merecem ser citadas: Súmula 723, STF: “Não se admite a suspensão condicional 
do processo pro crime continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave com o 
aumento mínimo de um sexto for superior a um ano”. Essa súmula fala da suspensão 
condicional do processo que leva em consideração a pena mínima, e não o conceito de 
infração de menor potencial ofensivo. No entanto, apesar de se referir a suspensão 
Direito Penal IV - Juizados Especiais Criminais 
 
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condicional do processo, o mesmo raciocínio deve ser levado em conta quanto ao conceito de 
infração de menor potencial ofensivo. Outra súmula merece destaque: 243, STJ: “O benefício 
da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais cometidas em 
concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada 
seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de 01 (um) ano.” 
 
*Excesso da acusação: em regra, o momento para se fazer a emendatio libelli é na hora da sentença. 
Porém, caracterizado um excesso da acusação em relação à classificação do fato delituoso, privando 
o acusado do gozo de benefícios como a liberdade provisória e os institutos despenalizadores da Lei 
9.099/95 é possível uma desclassificação no início do processo, a ser feita de maneira incidental e 
provisória. Essa é a posição do prof. Antonio Scarance Fernandes. Na jurisprudência também 
podemos encontrar essa posição: STJ, HC 29.637. 
 
*Aplicação da Lei 9.099/95 na Justiça Militar: quando a lei do Juizado Especial entra em vigor em 
1995 surge essa controvérsia. Em um primeiro momento entendeu-se pela possibilidade de 
aplicação, aplicando-se a lei dos Juizados à Justiça Militar. 
 Posteriormente, por força da lei 9.839/99 foi feito um acréscimo na Lei dos Juizados, mais 
especificamente do art. 90-A que afirma a impossibilidade de aplicação da Lei dos Juizados no âmbito 
da justiça Militar. Nesse sentido, o dispositivo: “Art. 90-A. As disposições desta Lei não se aplicam no âmbito da 
Justiça Militar.” 
 
Obs.: 
1. Ao privar o acusado na Justiça Militar da aplicação da Lei 9.099/95, conclui-se que sua 
aplicação está restrita aos crimes praticados após sua vigência. 
2. Alguns doutrinadores entendem que o art. 90-A é inconstitucional, sendo possível a 
aplicação da Lei dos Juizados aos crimes militares impróprios. Quanto aos crimes 
propriamente militares (crime específico e funcional do militar), entende-se que não se 
aplica a Lei do Jesp. Já quanto aos crimes impropriamente militares, alguns doutrinadores 
entendem que não há critério razoável para essa diferenciação. É o que entende o prof.Damásio. Na Justiça Militar estadual há aplicação da Lei dos Juizados. 
 
*Estatuto do idoso: o Estatuto do Idoso é a Lei 10.741/03. O Estatuto do Idoso traz o dispositivo do 
art. 94 que traz alguma polêmica, senão vejamos: “Aos crimes previstos nesta lei, cuja pena máxima 
não ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o procedimento da lei 9.099/95, e, subsidiariamente, no que 
couber, as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal”. 
 Com o advento dessa lei alguns doutrinadores afirmaram que o conceito de infração de menor 
potencial ofensivo teria sido modificado. Daí que a interpretação que acabou prevalecendo foi no 
sentido de que não teve novo conceito, mas sim a ampliação da aplicação do procedimento. 
 Portanto, o Estatuto do Idoso não alterou o conceito de infração de menor potencial ofensivo. 
Na verdade, aos crimes previstos na Lei 10.741/03 cuja pena máxima não ultrapasse a quatro anos 
Direito Penal IV - Juizados Especiais Criminais 
 
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será aplicável apenas o procedimento sumaríssimo previsto entre os artigos 77 e 83 da Lei dos 
Juizados Especiais. 
 O raciocínio foi de que a aplicação desse procedimento traria uma solução mais rápida para a 
questão já que o idoso tem interesse na solução imediata da questão. 
Obs.: Merece atenção o julgamento da ADI 3.096, STF: essa questão chegou ao STF oportunidade 
em que o entendimento citado foi o alhures citado. 
 
*Competência originária dos tribunais e aplicação da Lei 9.099/95: nos casos de competência 
originária dos tribunais é perfeitamente possível a aplicação da Lei 9.099/95. 
 
*Crimes eleitorais: alguns delitos do Código Eleitoral têm penalidades diferenciadas, como por 
exemplo a cassação do registro (pena do art. 334, CE). Assim, quanto aos crimes eleitorais é possível a 
incidência dos institutos despenalizadores da Lei 9.099/95, salvo em relação aos delitos que contem 
com um sistema punitivo especial. 
 
*Competência do Juizado de Violência doméstica e familiar contra a mulher: a lei Maria da Penha 
trouxe a figura do Juizado de Violência doméstica e familiar contra a mulher. Mas aqui surge um 
problema que se refere ao art. 14 que afirma: “Os Juizados de Violência Doméstica e familiar contra a 
mulher, órgãos da justiça ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, 
no DF e nos Territórios e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução das causas 
decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher”. 
 Nesse ponto, foi infeliz o legislador ao utilizar a expressão Juizados considerando que na seara 
penal, referida palavra remete imediatamente à ideia de Juizados Especiais Criminais. 
 O art. 14 da Lei Maria da Penha refere-se à Juizados de violência doméstica e familiar contra a 
mulher, porém devemos compreender que se refere não aos Juizados Especiais Criminais mas sim à 
criação de varas especializadas 
 O art. 33 da Lei Maria da Penha traz outro problema, afirmando que enquanto não instalados 
tais juizados de violência doméstica e familiar contra a mulher, a vara criminal cumulará as 
competências cível e criminal relacionadas à violência doméstica e familiar contra a mulher. A 
Resolução 7 do TJDFT ampliou a competência dos juizados especiais criminais para também julgar a 
violência doméstica e familiar contra a mulher. Mas é necessário observar que uma coisa são as 
infrações de menor potencial ofensivo do JeCrime; e outra é a competência para julgar as causas 
relativas à violência familiar e doméstica contra a mulher. Essa resolução é plenamente válida, já 
existindo decisões nesse sentido. 
 Quanto ao recuso, se o juiz estiver atuando como juiz do JeCrime quem irá julgar o recuso será 
a turma recursal. Já quando estiver atuando em causas de violência doméstica e familiar contra a 
mulher, exercendo essa competência cumulativa quem irá apreciar o recurso é o Tribunal de Justiça. 
STJ, CC 97.456. 
 
*Causas modificativas da competência: sobre essa assunto é necessário destacar que, praticado 
delito com pena máxima não superior a dois anos será o crime julgado no Juizado Especial Criminal. E 
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aqui se indaga se um processo que é da competência do juizado pode sair e ser julgado por juiz 
comum, e, se caso positivo, em quais hipóteses isso ocorre. São hipóteses em que pode ocorrer essa 
modificação de competência: 
 Impossibilidade de citação pessoal do acusado: a lei dos juizados não admite a citação por 
edital, pelo que sendo essa necessária, será obrigatória a remessa para a Justiça Comum (art. 
66, caput e Parágrafo único da Lei do Jesp). Sendo o acusado encontrado no juízo comum, 
neste deverá permanecer o processo, não sendo cabível a devolução do processo para o 
Juizado. Mas observe-se que, mesmo no juízo comum, podem incidir os institutos 
despenalizadores da Lei do Jesp. 
Obs.: Atenção para o Enunciado 110 do XXV FONAJE – Fórum Nacional dos Juizados 
Especiais Criminais: tal enunciado afirma expressamente a possibilidade de citação por hora 
certa nos Juizados Especiais. 
 
 Complexidade da causa: deparando-se com causa muito complexa, nos termos do art. 77, §2º 
da Lei dos Juizados, há possibilidade de remessa para a Justiça Comum: “Se a complexidade ou 
circunstâncias do caso não permitirem a formulação da de denúncia, o Ministério Público 
poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das penas existentes, na forma do parágrafo único 
do art. 66 desta Lei”. Como exemplo, temos situações em que é necessária perícia complexa 
ou existem vários acusados. Observe-se que também poderão ser aplicados os institutos 
despenalizadores da Lei do Jesp na Justiça Comum. 
 
 Hipóteses de Conexão e Continência: homicídio e quando da prisão, o acusado pratica o crime 
de resistência (art. 121 (pena de 12 a 30 anos) em conexão com o art. 329 (pena de 02 meses 
a 02 anos). nessa hipótese, alguns doutrinadores entendem que deveria haver a separação do 
processo, mas essa não é a posição que tem prevalecido. Assim, uma vez tenha sido praticada 
infração de menor potencial ofensivo em conexão a outro delito, a competência será do Juízo 
do Comum ou do Tribunal do Júri, o que, no entanto, não impede a aplicação da composição 
civil dos danos e da transação penal à infração de menor potencial ofensivo. Nesse sentido, 
merece atenção o art. 60, p. ún. da Lei dos Juizados: “Na reunião de processos, perante o juízo comum 
ou o tribunal do júri, decorrentes da aplicação das regras de conexão e continência, observar-se-ão os institutos 
da transação penal e da composição dos danos civis.” 
 
*Natureza da competência dos Juizados: trata-se de competência absoluta ou relativa? Parte da 
doutrina entende que a competência do Juizado tem natureza absoluta pois deriva da Constituição 
Federal (art. 98, I). Essa, entre outros é a posição de Ada Pelegrini, Júlio Fabrini Mirabete e Gustavo 
Henrique Badaró. 
 Mas observe-se que a competência absoluta não admite prorrogações, pelo que outra parte 
da doutrina (Eugênio Pacelli de Oliveira por exemplo) não se trata a competência do Juizado de 
competência absoluta. O que importa não é qual órgão do Judiciário está atuando, mas sim a 
observância dos institutos despenalizadores. A inobservância de tais institutos é que pode acarretar a 
nulidade de algum processo. Em face disso, para essa segunda corrente a competência dos juizados é 
relativa. 
Direito Penal IV - Juizados Especiais Criminais 
 
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4. Competência Territorial do Juizado Especial Criminal: 
 
De acordo com o Código de Processo penal, a competência territorial é definida pelo local da 
consumação do delito. A lei dos juizados, porém, noart. 63, determina que a competência territorial 
é definida pelo local em que foi praticada a infração penal. 
Por praticada entende-se segundo alguns doutrinadores a adoção da teoria da atividade, e 
outros interpretam como o local da consumação. A posição que prevalece é no sentido de que a 
competência é tanto do local da execução como da consumação do delito. 
Assim, a competência será definida tanto pelo local da ação ou omissão, como pelo local em 
que foi produzido o resultado. 
Merece destaque o art. 63 da Lei dos Juizados: “A competência do Juizado será determinada pelo lugar 
em que foi praticada a infração penal.” 
 
 
5. Lavratura do Termo Circunstanciado de Ocorrência: 
 
Art. 69 da Lei dos Juizados: “A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo 
circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as 
requisições dos exames periciais necessários. Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for 
imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em 
flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu 
afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima.” 
 O TCO nada mais é, segundo Renato, que um Boletim de ocorrência com outro nome. 
 Termo Circunstanciado: relatório sumário da infração de menor potencial ofensivo contendo a 
identificação das partes envolvidas contendo menção à infração praticada e indicação de provas e 
testemunhas. 
 
*Competência para lavratura do TCO: o TCO substitui a necessidade do Inquérito Policial em relação 
as infrações de menor potencial ofensivo e não deixa de ser, pois, um procedimento inquisitório e 
investigatório. Tratando-se de documento de natureza investigatória somente pode lavrar tal 
documento, somente a autoridade que tenha funções de polícia judiciária. 
 A ADI 2862 foi ajuizada em face de Provimento do TJSP no sentido de que para simplificar o 
assunto, a Polícia Militar deveria investigar. Chegando ao STF, restou entendido que a Resolução seria 
ato normativo secundário e não seria cabível a ADI. 
 
*Prisão em Flagrante: em regra, não há possibilidade de prisão em flagrante em razão da prática de 
infração de menor potencial ofensivo. Em um primeiro momento, se por exemplo se depara com 
alguém praticando o artigo 28 da lei de drogas, deverá ser efetivada a captura, conduzindo o agente 
coercitivamente perante a autoridade policial. 
 Ao invés de se lavrar auto de prisão em flagrante, deve ser lavrado TCO. E, de acordo com a 
lei, a lavratura desse TCO está condicionada à assunção de compromisso de comparecimento ao 
Juizado. 
Direito Penal IV - Juizados Especiais Criminais 
 
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 Não assinando o TCO e não assumindo o compromisso de comparecimento do acusado ao 
Juizado Especial, tecnicamente não deveria ser lavrado o TCO, mas sim um auto de prisão em 
flagrante. Mas isso não quer dizer que o indivíduo será colocado na prisão, em face das situações de o 
acusado livrar-se solto. 
 Além das hipóteses em que o acusado se livra solto há as possibilidades de liberdade 
provisória com fiança. Isso porque, a maioria das infrações de menor potencial ofensivo são apenadas 
com detenção o que permite ao delegado conceder a liberdade provisória com fiança. 
 
6. Fase preliminar: 
 
Art. 70. Comparecendo o autor do fato e a vítima, e não sendo possível a realização imediata da audiência preliminar, 
será designada data próxima, da qual ambos sairão cientes. 
 Art. 71. Na falta do comparecimento de qualquer dos envolvidos, a Secretaria providenciará sua intimação e, se for 
o caso, a do responsável civil, na forma dos arts. 67 e 68 desta Lei. 
 Art. 72. Na audiência preliminar, presente o representante do Ministério Público, o autor do fato e a vítima e, se 
possível, o responsável civil, acompanhados por seus advogados, o Juiz esclarecerá sobre a possibilidade da composição 
dos danos e da aceitação da proposta de aplicação imediata de pena não privativa de liberdade. 
 
 A composição dos danos civis e a transação penal são os institutos a serem analisados 
relativos a essa fase preliminar. 
 
6.1. Composição dos danos civis: 
 
Essa composição dos danos civis, por óbvio, somente pode ser aplicada nos casos em que há 
possibilidade de apuração dos danos causados pela infração penal. Ex. crime de dano – art. 163, CP. 
 O delito de dano é de menor potencial ofensivo sendo julgado no Jesp Criminal e a ação penal 
a relativa é ação penal privada (art. 167, CP). 
 A homologação do acordo de composição civis dos danos funciona como sentença irrecorrível 
e terá eficácia de título executivo a ser executado no juízo cível competente. Essa é a grande 
vantagem da composição civil dos danos. Nesse ponto, merece destaque o art. 74: “A composição dos 
danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser 
executado no juízo civil competente” 
 Atente-se que a celebração desse acordo acarreta a renúncia ao direito de queixa ou de 
representação, o que é uma grande vantagem para o acusado. Nesse sentido, o parágrafo único do 
art. 74 da Lei dos Jesps: “Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública 
condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação.” 
 Observe-se que é cabível a composição civil dos danos também nas ações penais públicas 
incondicionadas. No entanto, não haverá benefício como em se tratando de ação penal privada. 
 
Obs.: O art. 104, p. ún. do CP afirma que o recebimento de indenização, em regra, não é sinônimo 
de renúncia tácita ao direito de representação, diferentemente do que ocorre na Lei dos Juizados 
Especiais. 
 
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6.2. Oferecimento da representação: 
 
O art. 75 da Lei dos Juizados Especiais: “Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis, será dada 
imediatamente ao ofendido a oportunidade de exercer o direito de representação verbal, que será reduzida a termo. 
Parágrafo único. O não oferecimento da representação na audiência preliminar não implica decadência do direito, que 
poderá ser exercido no prazo previsto em lei.” 
 O direito de representação deve ser exercido em audiência, de forma oral. Diz a lei que o 
direito de representação deve ser exercido em audiência e aqui se indaga se a representação feita na 
Delegacia de Polícia é válida. Apesar do teor do art. 75, tem sido considerada válida a representação 
feita perante a autoridade policial. 
 Atente-se que não tendo sido feita a representação perante a autoridade policial e não 
realizada esta em audiência será mantido o prazo decadencial de 6 meses (contados do 
conhecimento da autoria do delito). 
 
6.3. Transação Penal: 
 
Juntamente com a suspensão condicional do processo traz os benefícios mais usados na Lei 
dos Juizados. 
Transação penal consiste em um acordo celebrado entre o titular da ação penal e o autor do 
fato delituoso, pelo qual o primeiro propõe ao segundo a aplicação imediata de pena não privativa de 
liberdade, dispensando-se a instauração do processo. 
A transação penal é exemplo claro de mitigação ao princípio da Obrigatoriedade da Ação 
Penal Pública, segundo o qual, presentes as condições e havendo justa causa, o MP é obrigado a 
denunciar o autor do delito. Nesse caso, porém o MP fica autorizado a propor a transação penal. 
No caso de recusa injustificada o MP na proposição da transação penal, pode o juiz conceder 
de ofícioa transação? Sobre esse assunto há duas correntes: 
1ª Corrente: Em um primeiro momento, muitos autores entendiam que se tratava de direito público 
subjetivo do acusado e diante disso haveria possibilidade de proposta feita pelo próprio juiz. 
2ª Corrente: falando-se em transação, pressupõe-se a existência de um acordo, pelo que prevalece 
atualmente a necessidade de aquiescência do MP. E se o juiz não concorda com a recusa injustificada 
do MP poderia ser aplicado o art. 28 do CPP de forma analógica. Nesse ponto, merece destaque a 
Súmula 696: “Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo, mas 
se recusando o promotor de justiça a propô-la, o juiz, dissentindo, remeterá a questão ao procurador-
geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo Penal”. Apesar de tal súmula se 
referir a suspensão condicional do processo, pode ser aplicada no caso da transação penal. 
 
*Requisitos para a transação penal: art. 76, Lei do Jesp 
 
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de 
arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser 
especificada na proposta. 
 § 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade. 
Direito Penal IV - Juizados Especiais Criminais 
 
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 § 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado: 
 I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença 
definitiva; 
 II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, 
nos termos deste artigo; 
 III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as 
circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida. 
 § 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do Juiz. 
 § 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de 
direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo 
benefício no prazo de cinco anos. 
 § 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei. 
 § 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não constará de certidão de antecedentes criminais, 
salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação cabível 
no juízo cível. 
 
 Formulação de proposta: o juiz não pode conceder de ofício 
 Contravenção penal ou crime com pena máxima não superior a dois anos. 
 Pelo caput do art. 76 somente seria cabível a transação em crimes de ação penal pública 
condicionada e incondicionada. Já a doutrina afirma que também pode ser aplicável a 
transação penal também em relação aos crimes de ação penal privada. E, em se tratando de 
crimes de ação penal privada será o ofendido o legitimado para propô-la. 
Assim, apesar do art. 76 referir-se apenas aos crimes de ação penal pública 
incondicionada e pública condicionada a representação, a transação penal também é cabível 
em crimes de ação penal privada, hipótese em que a proposta deve ser formulada pelo 
ofendido. (HC 34.085, STJ). 
Há doutrinadores que sustentam que essa proposta no crime de ação penal privada 
deveria ser feita pelo MP com a aquiescência do querelante, o que não pode ser admitido, já 
que a legitimidade para a ação não é do MP. 
 Não ter sido o agente beneficiado anteriormente pela transação penal no prazo de cinco anos. 
Ao ser feita a transação penal, não é o agente considerado culpado e isso não será usado 
como antecedentes. Tecnicamente não poderá o agente ser considerado reincidente. O único 
efeito dessa transação é a impossibilidade de nova transação no prazo de cinco anos. 
 Não ter sido o agente condenado a pena privativa de liberdade pela prática de crime por 
sentença irrecorrível. Se a condenação foi em razão de contravenção ou se a pena é restritiva 
de direitos há possibilidade de ser utilizada a transação penal. 
 Não ser caso de arquivamento do termo circunstanciado: tratando-se de conduta 
insignificante (atípica) não deve ser realizado o acordo. Somente deve ser feita a transação se 
não for o caso de arquivamento. O art. 76 afirma expressamente que a transação será 
oferecida não sendo o caso de arquivamento do termo circunstanciado. 
 Antecedentes, conduta social, personalidade e circunstâncias favoráveis: trata-se de requisito 
de natureza subjetiva. 
Direito Penal IV - Juizados Especiais Criminais 
 
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 Aceitação da proposta de transação pelo acusado e seu defensor. É o que dispõe o art. 76, 
§3º. Havendo discordância, prevalece a vontade, de acordo com a doutrina, do autor do fato 
delituoso. 
 
*Descumprimento injustificado: sobre a questão existem duas correntes: 
1ª Corrente: caso a proposta já tenha sido homologada pelo Juiz essa sentença faz coisa julgada 
formal e material, sendo inviável o oferecimento de denúncia ou queixa. Essa é a posição encontrada 
em alguns julgados do STJ, especialmente da 6ª Turma. (STJ, HC 90.126). 
 
2ª Corrente: para o STF, descumpridas as cláusulas estabelecidas em transação penal, é possível que 
o MP ofereça denúncia contra o acusado. Em outras palavras, o STF entende que se o cidadão não 
cumpriu a transação, a decisão não faz coisa julgada formal e material. (STF, RE 602.072). 
 
Obs.: na prática muitos juízes do Juizado não homologam a transação penal exatamente para não 
ter esse tipo de discussão. O juiz faz o acordo, mas o juiz não homologa de imediato essa transação 
penal, exatamente para evitar essa discussão em torno da coisa julgada formal e material. Se o 
agente não cumpre mas não foi homologada a transação, dúvida não há sobre a possibilidade de 
ser retomada a persecução penal. 
 
*Prescrição: ao ser feito acordo de transação penal, isso não interrompe nem suspende a prescrição. 
 
7. Procedimento sumaríssimo: 
 
A lei do Juizado traz o procedimento sumaríssimo que tem início a partir do art. 77: 
 
 Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de pena, pela ausência do autor do fato, 
ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76 desta Lei, o Ministério Público oferecerá ao Juiz, de imediato, 
denúncia oral, se não houver necessidade de diligências imprescindíveis. 
 § 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de ocorrência referido no art. 69 desta 
Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á do exame do corpo de delito quando a materialidade do crime 
estiver aferida por boletim médico ou prova equivalente. 
 § 2º Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a formulação da denúncia, o Ministério Público 
poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das peças existentes, na forma do parágrafo único do art. 66 desta Lei. 
 § 3º Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá ser oferecida queixa oral, cabendo ao Juiz verificar se a 
complexidade e as circunstâncias do caso determinam a adoção das providências previstas no parágrafo único do art. 66 
desta Lei. 
 Art. 78. Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a termo, entregando-se cópia ao acusado, que com ela ficará 
citado e imediatamente cientificado da designação de dia e hora para a audiência de instrução e julgamento, da qual 
também tomarão ciência o Ministério Público, o ofendido, o responsável civil e seus advogados. 
 § 1º Se o acusadonão estiver presente, será citado na forma dos arts. 66 e 68 desta Lei e cientificado da data da 
audiência de instrução e julgamento, devendo a ela trazer suas testemunhas ou apresentar requerimento para intimação, 
no mínimo cinco dias antes de sua realização. 
 § 2º Não estando presentes o ofendido e o responsável civil, serão intimados nos termos do art. 67 desta Lei para 
comparecerem à audiência de instrução e julgamento. 
Direito Penal IV - Juizados Especiais Criminais 
 
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 § 3º As testemunhas arroladas serão intimadas na forma prevista no art. 67 desta Lei. 
 Art. 79. No dia e hora designados para a audiência de instrução e julgamento, se na fase preliminar não tiver havido 
possibilidade de tentativa de conciliação e de oferecimento de proposta pelo Ministério Público, proceder-se-á nos termos 
dos arts. 72, 73, 74 e 75 desta Lei. 
 Art. 80. Nenhum ato será adiado, determinando o Juiz, quando imprescindível, a condução coercitiva de quem deva 
comparecer. 
 Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para responder à acusação, após o que o Juiz receberá, 
ou não, a denúncia ou queixa; havendo recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e defesa, 
interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se imediatamente aos debates orais e à prolação da sentença. 
 § 1º Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento, podendo o Juiz limitar ou excluir as 
que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias. 
 § 2º De todo o ocorrido na audiência será lavrado termo, assinado pelo Juiz e pelas partes, contendo breve resumo 
dos fatos relevantes ocorridos em audiência e a sentença. 
 § 3º A sentença, dispensado o relatório, mencionará os elementos de convicção do Juiz. 
 Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que poderá ser julgada por 
turma composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado. 
 § 1º A apelação será interposta no prazo de dez dias, contados da ciência da sentença pelo Ministério Público, pelo 
réu e seu defensor, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente. 
 § 2º O recorrido será intimado para oferecer resposta escrita no prazo de dez dias. 
 § 3º As partes poderão requerer a transcrição da gravação da fita magnética a que alude o § 3º do art. 65 desta Lei. 
 § 4º As partes serão intimadas da data da sessão de julgamento pela imprensa. 
 § 5º Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão. 
 Art. 83. Caberão embargos de declaração quando, em sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradição, 
omissão ou dúvida. 
 § 1º Os embargos de declaração serão opostos por escrito ou oralmente, no prazo de cinco dias, contados da ciência 
da decisão. 
 § 2º Quando opostos contra sentença, os embargos de declaração suspenderão o prazo para o recurso. 
 § 3º Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício. 
 
7.1. Oferecimento da peça acusatória (denúncia ou queixa-crime): 
 
Pela redação da lei dos juizados, tanto a denúncia quanto a queixa seriam apresentadas 
oralmente. E, uma vez apresentadas oralmente, devem ser reduzidas a termo. Apesar disso, na 
prática, geralmente a peça acusatória é apresentada por escrito. 
No art. 77, §1º da Lei há afirmação da desnecessidade do exame de corpo de delito e aqui 
surge uma discussão na doutrina. 
Para o oferecimento da denúncia não se faz necessário o exame de corpo de delito de acordo 
com a Lei do Juizado. No CPP também é desnecessário o exame de corpo de delito, via de regra, para 
o oferecimento da denúncia, podendo esse ser juntado posteriormente. 
 Alguns doutrinadores interpretam esse §1º da Lei do Juizados que não é necessário o exame 
de corpo de delito tanto para o oferecimento da denúncia como para processo e julgamento. No 
entanto, prevalece na doutrina que a interpretação do dispositivo é no sentido de que não é 
necessário o exame de corpo de delito para o oferecimento da denúncia, exigindo-se o mesmo para o 
processo. 
 
7.2. Citação do acusado: 
Direito Penal IV - Juizados Especiais Criminais 
 
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A citação do acusado pode se dar pessoalmente ou por hora certa. Nesse ponto, merece 
ressaltar a impossibilidade de citação por edital. 
No caso de Carta Precatória e Carta Rogatória prevalece que não há impedimento de uso no 
juizado especial, apesar de alguns doutrinadores entenderem que seriam possibilidades 
incompatíveis com a celeridade do CP. 
Observe-se que o art. 368 do CPP determina que haverá suspensão da prescrição até o 
cumprimento da carta rogatória (acusado no estrangeiro em local certo e sabido), não havendo, por 
outro lado, suspensão do processo. 
 O acusado é citado para comparecer a audiência e até agora não teria havido o recebimento 
da denúncia, pelo que o termo mais correto seria notificação. 
 
7.3. Defesa preliminar: 
 
Essa defesa preliminar não é defesa prevista em todos os procedimentos. A defesa preliminar 
é apresentada entre o oferecimento e o recebimento da peça acusatória e visa impedir a instauração 
de uma lide temerária. 
São procedimentos que preveem tal defesa: drogas, crimes funcionais afiançáveis, juizados 
especiais, competência originária dos tribunais. 
Na defesa preliminar tenta-se impedir o recebimento da peça acusatória, não obtendo êxito, 
será efetivado o recebimento da denúncia. 
 
7.4. Recebimento da peça acusatória: 
 
O magistrado irá receber a peça acusatória nesse momento, o que também ocorre na 
audiência. 
 
7.5. Resposta à acusação: 
 
A absolvição sumária prevista para o procedimento comum ordinário pode ser aplicada no 
âmbito dos juizados? De acordo com o art. 394, §4º do CPP as disposições dos artigos 395 a 398 
aplicam-se a todos os procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não regulados pelo CPP. 
Diante disso, há possibilidade de aplicação da absolvição sumária no Jesp, já que previsto no art. 397 
do CPP. 
 A defesa preliminar visa a rejeição da peça acusatória e a resposta à acusação visa a 
absolvição sumária, tratando-se de ataque de mérito. Busca-se aqui uma absolvição sumária. 
 Na lei dos juizados, é necessário lembrar que todos esses atos são concentrados em uma 
audiência, acabando por ser apresentada essa resposta à acusação juntamente com a defesa 
preliminar. 
 
7.6. Análise de possível absolvição sumária: 
 
Direito Penal IV - Juizados Especiais Criminais 
 
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Aplica-se o art. 394, §4º do CPP. 
 
7.7. Instrução e julgamento do processo: 
 
Não sendo o caso de absolvição sumária segue-se a instrução do processo com a oitiva do 
ofendido, das testemunhas e do acusado. 
 
8. Sistema Recursal: 
 
Observe-se que o juízo ad quem é a turma recursal composta por três juízes que atuam na 
primeira instância. Não tendo turma recursal instalada será o recurso julgado pelo próprio TJ. 
São recursos cabíveis no âmbito da Lei dos Juizados Especiais: 
 Contra rejeição da peça acusatória: é cabível o recurso de apelação, diferentemente do CPP 
que traz como recurso o RESE. Atente-se que o prazo para essa apelação é de 10 dias, 
devendo as razões serem apresentadas simultaneamente a interposição do recurso. Não 
sendo apresentadas as razões conjuntamente, alguns entendem que seria irregularidade 
grave. No entanto, para concurso considerando que a não apresentação pode prejudicar a 
ampla defesa deve ser considerada como irregularidade, oportunizando-se a parte a 
apresentação dessas razões. Nesse sentido, HC 85.344, STF.Embargos de declaração: os embargos de declaração são o recurso cabível contra toda e 
qualquer decisão e têm como fundamento o esclarecimento de decisão. Atente-se que 
diferentemente do CPP, a Lei dos Juizados prevê que os embargos de declaração são cabíveis 
quando houver dúvida e o CPP prevê a hipótese em que houver ambiguidade. No CPP o prazo 
de embargos é de dois dias enquanto na Lei dos juizados o prazo é de cinco dias. Outra 
diferença diz respeito à consequência do prazo outro recurso. No CPP os embargos de 
declaração interrompem o prazo para o outro recurso. Nos Juizados, quando opostos 
embargos de declaração contra sentença, suspendem o prazo para outro recurso. Caso 
interpostos contra acórdão da turma recursal haverá interrupção do prazo para o outro 
recurso. 
 
 Habeas corpus: o habeas corpus interposto contra ato de turma recursal é julgado pelo 
Tribunal de Justiça do Estado ou, no âmbito federal, pelo TRF, estando a Súmula 690 do STF 
ultrapassada, apesar de não ter sido formalmente cancelada. Prevalece que o HC contra 
turma recursal será julgado pelo TJ ou TRF. 
 
 Revisão criminal: é cabível sim a revisão criminal no âmbito dos Juizados Especiais, já que o 
art. 92 da Lei dos Juizados prevê a aplicação subsidiária do CPP no caso em que não houver 
incompatibilidade com a referida lei e o entendimento é no sentido de que seja cabível a 
revisão criminal. Atente-se que essa revisão criminal será julgada pela turma recursal uma vez 
que a ela cabe o julgamento da apelação. (STJ, CC 47.718). 
Direito Penal IV - Juizados Especiais Criminais 
 
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 Conflito de competência entre juiz do juizado e juízo comum: quem irá julgar é o Tribunal de 
Justiça ou TRF. (STF, Re 590. 409 e Súmula 428, STJ). 
 
 Recurso Especial e Recurso Extraordinário: para responder a dúvida acerca do cabimento de 
recurso especial e recurso extraordinário é necessário observar a Constituição Federal. E 
analisando o art. 105 temos que o REsp é cabível de decisões de Tribunal (em única ou última 
instância) e não se pode querer comparar um turma recursal de um Tribunal de Justiça ou 
Tribunal Regional Federal. Diante disso temos que não cabe recurso especial de decisões 
provenientes do Juizado Especial. 
Assim, não é cabível o Recurso Especial contra decisão de turma recursal. 
No que tange ao Recurso Extraordinário, nos termos do art. 102, III da CF temos que 
não se exige que a decisão tenha sido proferida por Tribunal. Exige-se apenas que a causa 
tenha sido proferida em última ou única instância. Diante disso, o recurso extraordinário é 
perfeitamente cabível, nos termos do art. 102, III da CF. 
 
9. Suspensão Condicional do Processo: 
 
9.1. Conceito: 
 
É o instituto despenalizador previsto no art. 89 da Lei dos Juizados Especiais pelo qual se 
permite a suspensão do processo por determinado período, caso o acusado preencha certas 
condições objetivas e subjetivas. 
A Suspensão condicional do processo se baseia no chamado Nolo contendere, oriunda do 
Direito Italiano que quer dizer que, na suspensão condicional do processo, o acusado não admite 
culpa, mas também não contesta a imputação que lhe foi feita. 
 
9.2. Iniciativa para suspensão: 
 
Aqui, novamente vem a tona a discussão acerca da possibilidade de o Juiz conceder, de ofício, 
a suspensão condicional do processo. Quando entrou em vigor a Lei dos Juizados Especiais houve 
quem disse que a suspensão condicional do processo seria direito subjetivo do réu, pelo que parte da 
doutrina passou a entender que diante da recusa injustificada do MP o juiz poderia concedê-la de 
ofício. 
Atualmente, essa posição não resistiu às críticas já que ao se falar em suspensão do processo, 
de alguma forma se tem ofensa à titularidade da ação penal pertencente ao MP. 
Assim, temos que a iniciativa para a suspensão condicional do processo deve partir do MP. E 
essa já é uma posição tranquila. Sobre esse assunto, merece destaque um julgado do STF HC 83.458. 
Merece destaque o teor da Súmula 696, STF: “Reunidos os pressupostos legais permissivos da 
suspensão condicional do processo, mas se recusando o promotor de justiça a propô-la, o juiz, 
Direito Penal IV - Juizados Especiais Criminais 
 
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dissentindo remeterá a questão ao Procurador Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de 
Processo Penal”. 
9.3. Cabimento da Suspensão condicional do processo em crimes de ação penal privada: 
 
Sobre esse assunto deve ser observado o art. 89 da Lei dos Juizados: “Art. 89. Nos crimes em que a 
pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer 
a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo 
processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão 
condicional da pena (art. 77 do Código Penal).” 
 Pela leitura de tal dispositivo que fala em MP oferecimento denúncia, somos levados a crer 
que somente seria cabível no caso em que fosse ação penal pública. Mas, apesar de tal dispositivo 
somente falar de ação penal pública, alguns autores (Antonio Scarance Fernandes, Ada Pelegrini) 
começaram a afirmar que não haveria razão para ter tratamento desigual quanto aos crimes de ação 
penal privada. Isso já encontra ressonância inclusive na jurisprudência. 
 Nesse sentido, STF, HC 81.720. 
 Na hipótese da suspensão condicional do processo no crime de ação penal privada indaga-se 
quem deveria propô-la. Sobre essa matéria surgem várias correntes. Alguns afirmam que poderia ser 
concedida pelo Juiz, de ofício e outros que deveria ser oferecida pelo MP. No entanto, prevalece que 
a legitimidade para a propositura da suspensão condicional do processo é do querelante. Assim, a 
proposta deve ser formulada pelo querelante nos crimes de ação penal privada. No próprio julgado 
acima citado, o STF confirma essa posição. 
 
9.4. Requisitos para a suspensão condicional do processo: 
 
Aqui merece destaque o art. 89 da Lei dos Juizados Especiais: 
“Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta 
Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde 
que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos 
que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).” 
 § 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá 
suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições: 
 I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo; 
 II - proibição de freqüentar determinados lugares; 
 III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz; 
 IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. 
 
São pois, requisitos para a suspensão condicional do processo: 
 Pena mínima cominada igual ou inferior a um ano: não se pode pensar que a suspensão 
condicional do processo seja cabível apenas no âmbito dos Juizados. A suspensão condicional 
do processo é cabível em relação a qualquer delito, desde que preenchidos os requisitos. A 
título de exemplos podemos pensar no crime de furto simples, cuja pena varia de um a quatro 
anos. E sendo essa a pena, o delito de furto está submetido ao procedimento comum 
ordinário nos termos do art. 394, §1º do CPP, no entanto, apesar disso, como a pena mínima 
Direito Penal IV - Juizados Especiais CriminaisPágina 16 
 
para o delito é de um ano, se preenchidos os demais requisitos é cabível a suspensão 
condicional do processo. 
Indaga-se aqui se devem ser levadas em conta causas de aumento e diminuição de pena e o 
concurso de crimes para análise do cabimento ou não da suspensão condicional do processo. 
E aqui é necessário lembrar que a suspensão condicional do processo tem como 
parâmetro a pena mínima prevista para o delito, e havendo causas de aumento e de 
diminuição é necessário que seja levado em conta o percentual mínimo de aumento e o 
percentual máximo de diminuição. Quanto às causas de aumento, deve-se aplicar o 
quantum quem menos aumente a pena (1/3). Já no caso de causa de diminuição, a situação 
é diferente. Deve-se usar aqui o quantum que mais diminua a pena. 
No que tange ao concurso de crimes é necessário observar a Súmula 243, STJ: “O 
benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais 
cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena 
mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o 
limite de um ano” 
 Assim, se por conta do somatório ou da majorante a pena ultrapassar um ano não será 
cabível a suspensão condicional do processo. 
 É cabível a suspensão condicional do processo em relação ao delito previsto no art. 5º 
da Lei 8.137/90 cuja pena é de detenção de dois a cinco anos ou multa? Quando se vê que a 
pena mínima é de dois anos o aluno já pensa que não é cabível a suspensão. No entanto, 
considerando que a pena de multa está prevista de maneira alternativa é cabível a suspensão. 
Para o STF, portanto, será cabível a suspensão quando a pena de multa estiver cominada de 
maneira alternativa, mesmo que a pena mínima seja superior a um ano. 
 
 O acusado não esteja sendo processado ou tenha sido condenado por outro crime: atente-se 
que na prova o examinador pode falar em contravenção e não em crime e nesse caso não 
haverá impedimento para a suspensão condicional do processo. Tratando-se de contravenção 
penal, é perfeitamente possível que haja a suspensão condicional do processo. 
A lei diz “não estar sendo processado” e nesse ponto alguns doutrinadores afirmam 
que não estaria sendo respeitado o principio constitucional da presunção de inocência. Mas 
essa posição deve ser exarada somente em provas da Defensoria Pública. 
E esse requisito é plenamente compatível com o princípio da presunção de inocência, 
sob pena de vulgarizar o instituto. 
Atente-se para a existência do lapso temporal da reincidência. A lei não fala sobre isso 
nesse ponto. De acordo com o art. 64, I do CP, decorrido o prazo superior a cinco anos não é 
considerado o agente reincidente. 
Nesse sentido, merecem destaque: HC 88.157, HC 85.751, STF. 
 
 Presença dos demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena: tais 
requisitos estão previstos no art. 77 do CP, senão vejamos: 
Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) 
a 4 (quatro) anos, desde que: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
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I - o condenado não seja reincidente em crime doloso; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as 
circunstâncias autorizem a concessão do benefício;(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código. 
 
 Prévio recebimento da peça acusatória: antes de ser efetivada a suspensão do processo é 
necessário o recebimento da peça acusatória. E aqui se indaga se a suspensão condicional do 
processo deve se dar antes ou após a possibilidade de absolvição sumária. Deve a suspensão 
ser aplicada nos casos em que não seja cabível a absolvição sumária. 
Assim, o momento para a suspensão seria após a análise da absolvição sumária. 
 
Oferecimento da denúncia � rejeição da peça acusatória (art. 395) � recebimento da peça 
acusatória, não sendo o caso de rejeição � citação do acusado � resposta à acusação � 
análise de possível absolvição sumária � não sendo o caso de absolvição sumária, deve o 
Juiz designar audiência para aceitação da proposta. 
 
Obs.: aqui é necessário lembrar que, por conta do princípio da ampla defesa, essa aceitação 
deve ser dada tanto pelo acusado como pelo defensor, e, havendo divergência prevalece a 
vontade do acusado. Prova disso é o próprio art. 89, §7º da Lei dos Juizados, interpretado a 
contrario sensu: “§ 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o processo 
prosseguirá em seus ulteriores termos.” 
 
9.5. Condições para suspensão condicional do processo: 
 
As condições a serem impostas pelo magistrado estão previstas no art. 89, §1º da Lei dos 
juizados especiais. 
É importante salientar que a lei fala em “condições” e essa expressão não significa pena 
privativa de liberdade, apesar de muitas vezes o MP se valer de seu poder de barganha para agir de 
forma arbitrária. Não se pode usar esse poder para impor condições que atinjam a dignidade do 
acusado. Ex. varrer Fórum, doa sangue. 
 São pois, condições: 
 Reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo; 
 Proibição de frequentar determinados lugares; 
 Proibição de se ausentar da comarca onde reside, sem autorização do Juiz; 
 Comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente para informar e justificar suas 
atividades; 
 Outras condições (§2º): não se pode aplicar pena restritiva de direitos, nessa hipótese já que 
se fala em condições. 
 
É necessário lembrar que essas condições são fixadas pelo período de dois a quatro anos, nos 
termos do caput do art. 89 da Lei do Jesp. 
 
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9.6. Revogação da Suspensão condicional do processo: 
 
Na verdade, há causas obrigatórias de revogação e causas facultativas da revogação da 
suspensão condicional do processo. 
Nesse ponto, merece destaque os § 3º e §4º do art. 89 da Lei dos Juizados: 
 § 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por outro crime ou não 
efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano. (REVOGAÇÃO OBRIGATÓRIA) 
 § 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção, ou 
descumprir qualquer outra condição imposta. (REVOGAÇÃO FACULTATIVA) 
 
Revogação obrigatória Revogação facultativa 
 Beneficiário vier a ser processado por 
outro crime 
 Não efetuar, sem motivo justificado, a 
reparação do dano. 
 Acusado vier a ser processado pro 
contravenção 
 Descumprir qualquer outra condição 
imposta. 
 
Alguns autores afirmam que deveria ser aguardada a condenação, não bastando mero 
processamento do acusado. No entanto, a suspensão condicional do processo é instituto que deve 
ser usado para aqueles que realmente fazem jus dela, não havendo qualquer incompatibilidade com 
o princípio da presunção constitucional do processo. 
Alguns autores afirmam até mesmo que haveria possibilidade de prorrogação do período de 
prova. 
 
9.7. Extinção da punibilidade: 
 
Ao final do período de prova, que pode variar de dois a quatro anos, haverá a extinção da 
punibilidade do agente. 
Nesse sentido, o §5º do art. 89: “§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a 
punibilidade.” 
Assim, expirado o prazo de prova sem revogação, deve o juiz declarar extinta a punibilidade. 
Sobre esse assunto normalmente se indaga se há possibilidade de revogação dasuspensão 
condicional após o decurso do período de prova. Para os Tribunais, é possível a revogação da 
suspensão condicional do processo mesmo após o decurso do período de prova. 
Nesse sentido, STF, HC 97.527; STJ, Resp. 1.111.427. 
 
9.8. Suspensão da prescrição: 
 
Observe-se que durante o curso da suspensão condicional do processo, nos termos do art. 89, 
§6º da Lei dos juizados, a prescrição também permanece suspensa: “§ 6º Não correrá a prescrição durante o 
prazo de suspensão do processo.” 
 
9.9. Recurso cabível contra a decisão que homologa a suspensão condicional do processo: 
 
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Aqui é necessário atentar que a questão não é tão simples. Alguns doutrinadores afirmam que 
não seria cabível o RESE já que não está prevista no capítulo que trata de tal recurso. 
No entanto, o ideal é que se diga que o recuso cabível é o RESE fazendo uma analogia com o 
art. 581, XI do CPP que fala da suspensão condicional da pena. Isso porque não houve previsão do 
cabimento do referido recurso no rol do RESE considerando que o CP é da década de 1940. Nesse 
sentido, um julgado do STJ: RMS 23.516. 
 
9.10. Cabimento de Habeas Corpus durante o período de suspensão condicional do processo: 
 
Aqui é necessário atentar que, durante esse período de suspensão há possibilidade de 
revogação do benefício, pelo que os Tribunais entendem que, mesmo durante o período de 
suspensão é cabível o Habeas Corpus. Mesmo porque há possibilidade de haver constrangimento da 
liberdade. Ex. Suspensão condicional do processo e Delito insignificante. 
STF, RHC 82.365. 
 
9.11. Desclassificação do Delito: 
 
Em outras palavras, indaga-se se há possibilidade de suspensão somente quando do 
recebimento da peça acusatória ou se é possível o cabimento da suspensão quando efetivada uma 
desclassificação (na sentença, p. ex). 
Os Tribunais entendem que é cabível a suspensão condicional do processo diante de eventual 
desclassificação da imputação. Nesse caso, deve o juiz abrir vista ao MP para que seja oferecida a 
suspensão. 
Merece destaque nesse ponto a Súmula 337, STJ: “É cabível a suspensão condicional do 
processo na desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão punitiva”. 
Na hipótese da emendatio libelli também há possibilidade de aplicação da suspensão, nos 
termos do art. 383 do CPP. 
 
9.12. Suspensão condicional do processo nos Crimes ambientais: 
 
Sobre esse assunto vale a pena atentar para o art. 28 da Lei dos Crimes Ambientais (Lei 
9.605/98) em que são feitas algumas especificações para a efetivação da suspensão condicional do 
processo, senão vejamos: 
 Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, aplicam-se aos crimes de menor 
potencial ofensivo definidos nesta Lei, com as seguintes modificações: 
 I - a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o § 5° do artigo referido no caput, dependerá de laudo de 
constatação de reparação do dano ambiental, ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I do § 1° do mesmo artigo; 
 II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter sido completa a reparação, o prazo de suspensão do 
processo será prorrogado, até o período máximo previsto no artigo referido no caput, acrescido de mais um ano, com 
suspensão do prazo da prescrição; 
 III - no período de prorrogação, não se aplicarão as condições dos incisos II, III e IV do § 1° do artigo mencionado no 
caput; 
Direito Penal IV - Juizados Especiais Criminais 
 
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 IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à lavratura de novo laudo de constatação de reparação do dano 
ambiental, podendo, conforme seu resultado, ser novamente prorrogado o período de suspensão, até o máximo previsto 
no inciso II deste artigo, observado o disposto no inciso III; 
 V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração de extinção de punibilidade dependerá de laudo de 
constatação que comprove ter o acusado tomado as providências necessárias à reparação integral do dano.

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