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Direito e Legislação Comercial Walter Matheus Bernardino Silva Curso Técnico em Finanças e-Tec BrasilNome da Aula 1 Direito e Legislação Comercial Walter Matheus Bernardino Silva Cuiabá-MT 2014 Presidência da República Federativa do Brasil Ministério da Educação Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica Diretoria de Integração das Redes de Educação Profissional e Tecnológica © Este caderno foi elaborado em parceria entre o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia/RO, o Ministério da Educação e a Universidade Federal de Mato Grosso para o Sistema Escola Técnica Aberta do Brasil – e-Tec Brasil. Equipe de Revisão Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT Coordenação Institucional Carlos Rinaldi Coordenação de Produção de Material Didático Impresso Pedro Roberto Piloni Designer Educacional Izabel Solyszko Gomes Designer Master Neure Rejane Alves da Silva Ilustração Cláudia Santos Diagramação Cláudia Santos Revisão de Língua Portuguesa Marta Maria Covezzi Revisão Final Marta Magnusson Solyszko S586d Silva,Walter Matheus Bernardino. Direito e legislação comercial / Walter Matheus Bernardino Silva. – Cuiabá: Ed.UFMT, 2013. 104 p. Curso Técnico – Rede E- Tec. (IFRO) ISBN 978-85-68172-09-4 1. Direito Comercial - Brasil. 2. Direito do Consumidor - Brasil. Contratos Comerciais – Brasil. I. Título. CDU 347.7 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tec- nologia de Rondônia - IFRO Campus Porto Velho Zona Norte Direção-Geral Miguel Fabrício Zamberlan Direção de Administração e Planejamento Gilberto Laske Departamento de Produção de EaD Ariádne Joseane Felix Quintela Coordenação de Design Visual e Ambientes de Aprendizagem Rafael Nink de Carvalho Coordenação da Rede e-Tec Ruth Aparecida Viana da Silva Projeto Gráfico Rede e-Tec Brasil / UFMT Direito e Legislação Comercial - Finanças Ficha Catalográfica Elaborada por Almira de Araújo Medeiros – CRB1 2.327 Rede e-Tec Brasil3 Apresentação Rede e-Tec Brasil Prezado(a) estudante Bem-vindo(a) à Rede e-Tec Brasil! Você faz parte de uma rede nacional de ensino que, por sua vez, constitui uma das ações do Pronatec - Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego. O Pro- natec, instituído pela Lei nº 12.513/2011, tem como objetivo principal expandir, in- teriorizar e democratizar a oferta de cursos de Educação Profissional e Tecnológica (EPT) para a população brasileira propiciando caminho de acesso mais rápido ao emprego. É neste âmbito que as ações da Rede e-Tec Brasil promovem a parceria entre a Se- cretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec) e as instâncias promo- toras de ensino técnico, como os institutos federais, as secretarias de educa- ção dos estados, as universidades, as escolas e colégios tecnológicos e o Sistema S. A educação a distância no nosso país, de dimensões continentais e grande diversi- dade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pessoas ao garantir aces- so à educação de qualidade e ao promover o fortalecimento da formação de jovens mo- radores de regiões distantes, geográfica ou economicamente, dos grandes centros. A Rede e-Tec Brasil leva diversos cursos técnicos a todas as regiões do país, incentivando os estudantes a concluir o ensino médio e a realizar uma formação e atualização contínuas. Os cursos são ofertados pelas instituições de educação profissional e o atendimento ao estudan- te é realizado tanto nas sedes das instituições quanto em suas unidades remotas, os polos. Os parceiros da Rede e-Tec Brasil acreditam em uma educação profissional quali- ficada – integradora do ensino médio e da educação técnica - capaz de promover o ci- dadão com capacidades para produzir, mas também com autonomia diante das di- ferentes dimensões da realidade: cultural, social, familiar, esportiva, política e ética. Nós acreditamos em você! Desejamos sucesso na sua formação profissional! Ministério da Educação Abril de 2014 Nosso contato etecbrasil@mec.gov.br Rede e-Tec Brasil5 Indicação de Ícones Os ícones são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de lin- guagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual. Atenção: indica pontos de maior relevância no texto. Saiba mais: oferece novas informações que enriquecem o assunto ou “curiosidades” e notícias recentes relacionadas ao tema estuda- do. Glossário: indica a definição de um termo, palavra ou expressão utilizada no texto. Mídias integradas: remete o tema para outras fontes: livros, filmes, músicas, sites, programas de TV. Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em diferentes níveis de aprendizagem para que o estudante possa realizá-las e con- ferir o seu domínio do tema estudado. Reflita: momento de uma pausa na leitura para refletir/escrever so- brepontos importantes e/ou questionamentos. Rede e-Tec Brasil7 Estimado(a) estudante, Seja bem vindo ao componente curricular Direito Comercial. É com grande satisfação que apresentamos a você o conteúdo deste compo- nente curricular, com carga horária de 40 horas. Almejamos que o presente curso e o aprendizado dele decorrente tragam elementos suficientes para que você consiga alcançar espaço e bom desem- penho no mercado de trabalho. Durante o curso, você terá a oportunidade de interagir por meio da pla- taforma Moodle e participar de chat, fóruns, realizar atividades individuais e em grupo, o que lhe proporcionará o crescimento e aperfeiçoamento do aprendizado. Vamos aprender juntos, somos parceiros nesta etapa da sua formação, conte conosco, pois nós contamos com sua participação e sua dedicação. Palavra do Professor-autor Rede e-Tec Brasil9 Apresentação da Disciplina Neste caderno, nossos estudos terão como objeto o componente curricu- lar Direito Comercial, modernamente conhecido como direito empresa- rial, no qual abordaremos, dentre outros, os direitos do consumidor, os contratos comerciais, as empresas e sua função social, o micro e pequeno empresário, as questões tributárias e fiscais, as leis e artigos relacionados ao antigo direito comercial. Esses temas são muito importantes para o direito comercial, que consiste em um dos ramos do direito no qual se estuda as normas que disciplinam as atividades comerciais/empresariais desenvolvidas no exercício das prá- ticas econômicas no país. Assim, referidos assuntos possuem grande relevância para o futuro pro- fissional do(a) técnico(a) em finanças, já que sua atuação profissional está diretamente ligada às práticas comerciais de um modo geral. É impres- cindível que esse(a) profissional conheça os assuntos e institutos tratados neste caderno, a fim de pensar e colocar em prática os ensinamentos ad- quiridos no curso em questão, principalmente quando ingressar no mer- cado de trabalho. Sendo assim, bons estudos e sucesso em seu aprendizado. Rede e-Tec Brasil11 Sumário Aula 1 – Direitos do Consumidor 15 1.1 Noções introdutórias 15 1.2 Consumidor 16 1.3 Fornecedor 17 1.4 Produtos e serviços 17 1.5 Relação de consumo 18 1.6 Sistema de proteção dos consumidores: princípios ou diretri- zes 18 Aula 2 – Direitos Básicos do Consumidor 23 2.1 Noções introdutórias 23 2.2 Direito à segurança, à vida e à saúde 24 2.3 Direito à educação e à informaçãopara o consumo 24 2.4 Proteção contra práticas abusivas 24 2.5 Direito à prevenção e reparação de danos 26 2.6 Direito à facilitação do acesso à justiça para defesa de seus direitos 27 2.7 Direito à inversão do ônus da prova 27 2.8 Direito à adequada prestação dos seviços públicos em ge- ral 28 2.9 Direitos decorrentes de defeitos no produto ou serviço 28 2.10 Direito ao arrependimento 29 2.11 Forma do consumidor fazer valer seus direitos 29 2.12 Prazos para reclamar 30 Aula 3 – Contratos Comerciais 33 3.1 Noções introdutórias 33 3.2 Contrato de compra e venda mercantil 35 3.3 Contrato de mandato mercantil 36 3.4 Contrato de comissão mercantil 37 Rede e-Tec Brasil 12 Direito e Legislação Comercial 3.5 Contrato de representação comercial 37 3.6 Contrato de franquia ou franchising 38 3.7 Contrato de distribuição 39 3.8 Contrato de seguro 40 Aula 4 – Contratos Bancários 45 4.1 Noções introdutórias 45 4.2 Contrato de mútuo 46 4.3 Contrato de depósito 47 4.4 Contrato de alienação fiduciária em garantia 47 4.5 Contrato de arrendamento mercantil (leasing) 48 4.6 Contrato de faturização ou factoring 49 4.7 Contrato de fiança bancária 49 4.8 Contrato de cartão de crédito 48 Aula 5 – Empresário, Sociedades Empresariais e Função Social das Empresas 55 5.1 Noções introdutórias 55 5.2 Empresário 55 5.3 Sociedade empresarial (empresa) 56 5.4 Estabelecimento comercial 57 5.5 Nome empresarial 58 5.6 Tipos de sociedades empresariais 59 5.7 Função social das sociedades empresariais 65 Aula 6 – Micro e Pequeno Empresário 71 6.1 Noções introdutórias 71 6.2 Micro e pequenos empresários 72 6.3 Impedimentos para enquadramento como micro ou peque- no empresário 73 6.4 Regime jurídico dos micro e pequenos empresários 75 6.5 Principais benefícios previstos na lei complementar n. 123/ 2006 77 Rede e-Tec Brasil13 Aula 7 – Questões Tributárias e Fiscais Decorrentes da Prá- tica Empresarial 85 7.1 Noções introdutórias 85 7.2 Tributo: conceito e espécies 86 7.3 Competência tributária e atividade empresarial 91 7.4 Função dos tributos 92 7.5 Planejamento tributário e fiscal 93 Aula 8 – Leis e Artigos Relacionados ao Antigo Direito Comer- cial: Evolução Histórica 97 8.1 Noções introdutórias 97 8.2 Origem do direito comercial 98 8.3 O direito comercial no Brasil 100 Palavras finais 105 Guia de soluções 106 Referências 111 Obras consultadas 115 Bibliografia básica 117 Currículo do Professor-autor 119 Aula 1 - Direitos do Consumidor Rede e-Tec Brasil15 Aula 1 - Direitos do Consumidor Objetivos: • identificar os sujeitos e o objeto da relação e consumo; • distinguir os fundamentos dos direitos do consumidor. Estimado(a) estudante, Esta é a nossa primeira aula da disciplina Direito e Legislação Comercial. Iniciaremos nossas reflexões com o estudo dos direitos dos consumidores. Juntos, buscaremos compreender a importância deste assunto para um futuro Técnico em Finanças. Desejamos que você compreenda as relações de consumo e seus ele- mentos, bem como se sinta sujeito integrante desta temática, so- bretudo pela importância deste assunto no mundo contemporâneo. 1.1 Noções introdutórias Em seus primórdios, o direito só se preocupava com as relações individuais, de modo que a preocupação com as relações envolvendo a coletividade, dentre as quais, fornecedores e consumidores, é relativamente nova. Preo- cupação esta que deu origem às relações de consumo, ou seja, ao próprio direito do consumidor. (VIEGAS; ALMEIDA, 2011). Assim sendo, com o crescimento e desenvolvimento das empresas e, con- sequentemente, o aumento da oferta de produtos postos à disposição das pessoas, mais acentuado a partir dos anos 50, ficou mais nítida a depen- dência dos consumidores ao consumo cada vez mais crescente. Com isso e com o passar do tempo, fez-se necessário estabelecer regras legais específicas para tratar da questão relativa às relações de consumo. Nesse contexto é que surgiu a regra geral acerca do direito do consumidor, prevista no artigo 5º, inciso XXXIII, da Constituição Federal de 1988, pela Rede e-Tec Brasil 16 Direito e Legislação Comercial qual o Estado promoverá, nos termos da lei, a proteção do consumidor. Também no artigo 170, inciso V, a Constituição Federal, ao tratar dos princípios que regem a ordem econômica nacional, prevê a de- fesa do consumidor (artigo 170, inciso V, da Constituição Federal). Contudo, é a Lei n. 8.078/90, conhecida como Código de Defesa do Con- sumidor que, efetivamente, disciplina a questão, apresentando de forma detalhada as regras sobre o assunto, definindo, por exemplo, os sujeitos da relação de consumo (consumidor e fornecedor), seu objeto (produtos e serviços), os direitos e obrigações de cada parte integrante da relação, entre outros. 1.2 Consumidor Figura 1 Fonte: Ilustradora O conceito de consumidor está previsto no artigo 2º, do Código de Defe- sa do Consumidor, pelo qual: “consumidor é toda pessoa física ou jurídi- ca que adquire ou utiliza produtos ou serviços como destinatário final”. Deste modo, verifica-se, basicamente, que o consumidor é aquele que uti- liza, para o próprio uso, o produto ou serviço oferecido na relação de con- sumo, ou seja, é o seu destinatário final. Por destinatário final podemos entender aquele que retira o produto ou serviço do mercado para fins de consumo. Aquele que coloca um fim na cadeia produtiva e não aquele que utiliza o bem ou serviço para continuar a produzir (MARQUES; BENJAMIN; MIRAGEM, 2006). Mas não é só isso, pois o consumidor, para os fins do Código de Defesa O Código Brasileiro deDefesa do Consumidor (CDC) é, no ordenamento jurídico brasileiro, um conjunto de normas que visam a proteção aos direitos do consumidor, bem como disciplinar as relações e as responsabilidades entre o fornecedor (fabricante de produtos ou o prestador de serviços) com o consumidor final, estabelecendo padrões de conduta, prazos e penalidades. Foi instituído pela Lei Nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Disponível em: <http:// pt.wikipedia.org/wiki/ C%C3%B3digo_de_Defesa_do_ Consumidor> Aula 1 - Direitos do Consumidor Rede e-Tec Brasil17 do Consumidor, pode não ser apenas uma pessoa que utiliza o produto ou serviço como destinatário final, isoladamente considerado, já que o parágrafo único do artigo 2º, da Lei n. 8.078/90 equipara o consumidor à coletividade de pessoas que participam da relação de consumo nesta con- dição, conhecido como consumidor por equiparação, ou seja, aquele que, mesmo não tendo efetivamente adquirido o produto ou serviço, utilizou-o ou está exposto ao seu uso. 1.3 Fornecedor Figura 2 Fonte: Ilustradora O conceito de fornecedor também é trazido pelo Código de Defe- sa do Consumidor que, em seu artigo 3º, estabelece como tal toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados que desenvolvem as ativida- des de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produ- tos ou prestação de serviços. Desta forma, todo aquele que, de algum modo, participe da atividade eco- nômica com a finalidade de obter lucro ou renda, é visto como fornecedor pelo direito do consumidor. 1.4 Produtos e serviços Figura 3 Fonte: Ilustradora Os produtos e serviços, em verdade, correspondem ao objeto da relação de consumo. Segundo o artigo 3º, § 1º, do Código de Defesa do Consumidor, “produto Rede e-Tec Brasil 18 Direito e Legislação Comercial é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial”, com valor econô- mico, isto é, passível de compra, que se destina a satisfazer as necessidades do consumidor. Os serviços, nos termos do artigo 3º, § 2º, do Código de Defesa do Con- sumidor correspondem a toda e “qualquer atividade fornecida no mer- cado de consumo mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das re- lações de caráter trabalhista”. Portanto, para fins de direito do consumi- dor, a atividade gratuita ou voluntária não pode ser considerada como serviço, já que este tem, necessariamente, que ser remunerado (pago). 1.5 Relação de consumo Figura 4 Fonte: Ilustradora Tendo em vista os conceitos acima mencionados, verifica-se que a relação jurídica de consumo é aquela onde é possível identificar de um lado o con- sumidor e de outro o fornecedor, com o objetivo de comercializar produtos ou serviços. 1.6 Sistema de proteção dos consumidores: Princípios ou Diretrizes A sistemática do Código de Defesa do Consumidor destina-se, em regra, a proteger o consumidor, considerado a parte mais fraca da relação de con- sumo. Assim, com objetivo de equiparar a posição desfavorável do consumidor na relação de consumo, o Código de Defesa do Consumidor segue algu- mas diretrizes ou princípios, tais como: o princípio da vulnerabilidade ou da hipossuficiência, da informação, da publicidade, da boa-fé, entre outros. Aula 1 - Direitos do Consumidor Rede e-Tec Brasil19 1.6.1 Princípio da vulnerabilidade ou da hipossu- ficiência Figura 5 Fonte: Ilustradora Por esta regra, prevista, por exemplo, nos artigos 4º, inciso I e 6º, inciso VIII, am- bos do Código de Defesa do Consumidor, o consumidor é a parte vulnerável, carecedor de proteção em relação ao fornecedor, pois não tem qualquer tipo de controle ou interferência na produção dos bens ou serviços que consome. Portanto, o consumidor, hipossuficiente, por ser mais fraco, indefeso e me- nos capaz, necessita de atenção especial da Lei, que estabelece em seu favor mecanismos destinados a compensar sua situação de desigualdade. “O consumidor é o elo mais fraco da economia. E nenhuma corrente pode ser mais forte do que o seu elo mais fraco” Henry Ford 1.6.2 Princípio da informação Nos tempos atuais, a informação é imprescindível para o convívio social. Nas relações de consumo não é diferente. Nelas, os consumidores têm direito a todas as informações necessárias ao pleno conhecimento do produto ou serviço. Em relação à importância do princípio em estudo, interessantes são as lições de Carvalho (2002, p. 255), para quem “Não há sociedade sem comunica- ção de informação. A história do homem é a história da luta entre idéias, é o caminhar dos pensamentos. O pensar e o transmitir o pensamento são tão vitais para o homem como a liberdade física.” No mesmo sentido são os ensinamentos de Nunes (2005, p.129) que, ao tratar do princípio da informação, assim se pronuncia: Rede e-Tec Brasil 20 Direito e Legislação Comercial Dever de informar: com efeito, na sistemática implantada pelo CDC, o fornecedor está obrigado a prestar todas as informações acerca do produto e do serviço, suas características, qualidades, riscos, preços e etc., de maneira clara e precisa, não se admitindo falhas ou omissões. Portanto, tem o fornecedor o dever de informar aos consumidores sobre tudo aquilo que se fizer necessário para o bom uso do produto ou serviço. 1.6.3 Princípio da publicidade Pelo princípio da publicidade, o consumidor tem o direito de identificar a propaganda de todo e qualquer produto ou serviço (artigo 36, do Código de Defesa do Consumidor), sendo proibida a propaganda indireta ou su- bliminar, ou seja, aquela em que a pessoa não percebe, imediatamente, a mensagem comercial. Além disso, o princípio da publicidade, em razão do artigo 30, do Código de Defesa do Consumidor, vincula o fornecedor ao seu cumprimento. As- sim, se for feito um determinado anúncio, o fornecedor tem a obrigação de cumpri-lo. É proibida, também, a publicidade abusiva, capaz de induzir o consumi- dor a erro, e a discriminatória, que privilegia determinada classe ou grupo. 1.6.4 Princípio da boa-fé O Princípio da boa-fé, nas relações de consumo, está expressamen- te previsto no inciso III, do artigo 4°, do Código de Defesa do Consumi- dor, pelo qual as partes envolvidas nas relações de consumo devem agir com correção, de forma honesta, sem a intenção de prejudicar a outra. Deste modo, a boa-fé está diretamente ligada à honestidade com que as pessoas devem agir em relação as outras, não desejando obtar vantagens desproporcionais nas relações de consumo. Resumo Nesta aula, foram estudados a origem e a evolução dos direitos do consu- midor no Brasil, os sujeitos e o objeto da relação de consumo, assim como o sistema de proteção dos consumidores. Aula 1 - Direitos do Consumidor Rede e-Tec Brasil21 Atividades de aprendizagem 1. A partir do conteúdo desta aula, aponte o fundamento para a proteção do consumidor na relação de consumo, bem como indique os pontos positivos e negativos de tal protecionismo. ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 2. “Nas relações de consumo a parte fraca é o consumidor, assim como nos contratos de trabalho, o laborista é a parte fraca e mereceu a proteção de um código próprio,CLT, e de uma justiça especializada, a Justiça do Trabalho. Hoje um importante reino do direito que cuida exclusivamente das relações trabalhistas é o Direito do Trabalho. Nem todos os consumidores são traba- lhadores, mas todos os trabalhadores são consumidores, logo, justifica-se a existência de maior atenção e proteção jurídica às relações de consumo”. (SOARES, 2000:55-56). Com base na citação acima, aponte a alternativa que retrata o princípio de proteção do con- sumidor referido pelo autor do texto acima: a) Princípio da publicidade; b) Princípio da vulnerabilidade ou hipossuficiência; c) Princípio da informação; d) Princípio da boa-fé Chegamos ao fim da primeira aula sobre direitos do consumidor. Nela, buscamos demonstrar conceitos básicos sobre as relações de consumo e os parâmetros que as orientam. Na próxima aula, estudaremos os direitos básicos dos consumidores, as responsabilidades dos fornecedores, as for- mas e os prazos para assegurar o respeito aos direitos do consumidor no mercado de consumo.Continue atento(a) e não deixe de realizar as ativi- dades de aprendizagem Rede e-Tec BrasilAula 2 – Direitos Básicos do Consumidor 23 Aula 2 - Direitos Básicos do Consumidor Objetivos: • reconhecer os direitos básicos do consumidor; • identificar a forma de fazer valer os direitos do consumidor; • apontar os prazos para reclamar de defeitos nos produtos ou servi- ços, no mercado de consumo. Prezado(a) estudante, Em nossa primeira aula, avançamos bastante no estudo dos direitos dos consumidores. Em nosso segundo encontro, daremos sequên- cia ao conteúdo da disciplina, abordando, desta vez, os direitos bási- cos dos consumidores, as formas de dar efetividade a tais direitos, as- sim como os prazos para reclamar de defeitos em produtos ou serviços. Continue disciplinado(a) em seu estudos, há ainda muito para aprender. 2.1 Noções introdutórias Esta aula terá como tema os direitos básicos do consumidor, conferidos pelo Código de Defesa do Consumidor, isto é, as garantias asseguradas aos consumidores e, consequentemente, os deveres impostos aos forne- cedores na relação de consumo. Além disso, serão abordadas as formas e os prazos para assegurar o res- peito aos direitos do consumidor. Como regra, os direitos básicos do consumidor estão previstos nos ar- tigos 6º a 10, do Código de Defesa do Consumidor, sendo eles, basica- mente: o direito à segurança, à vida e à saúde; direito à educação para o consumo; a proteção contra práticas abusivas; direito à prevenção e reparação de danos; direito à facilitação do acesso à justiça para defesa de seus direitos; direito à inversão do ônus da prova; direito à adequada prestação dos seviços públicos em geral. Rede e-Tec Brasil 24 Direito e Legislação Comercial “Consumidores, por definição, somos todos nós. O consumidor é o maior grupo econômico na economia, afetando e sendo afetado por quase todas as decisões econômicas, públicas e privadas”. John Kennedy 2.2 Direito à segurança, à vida, e à saúde (artigo 6º, I, do código de defesa do consumidor) O direito à segurança, à vida e à saúde do consumidor deve ser visto da forma mais ampla possível, indo do amparo à segurança e saúde física do consumidor até a proteção de seu patrimônio. Portanto, o consumidor, antes de adquirir um produto ou contratar um serviço, tem o direito de ser avisado dos possíveis riscos que podem ofere- cer à sua saúde ou sua segurança. Mas não é só isso, já que o fornecedor, ao colocar um determina- do produto ou serviço no mercado de consumo, tem o dever de ga- rantir que o mesmo não ofereça qualquer risco aos seus destinatários. 2.3 Direito à educação e à informação para o consumo (Artigo 6º, II e III, do código de defesa do consumidor) É assegurado aos consumidores conhecimentos mínimos para a utilização adequada dos bens e serviços, a fim de que possam, livremente, escolher entre os vários produtos e serviços existentes no mercado, aquele que me- lhor atenda aos seus interesses. A informação em questão se revela, por exemplo, naquelas informações constantes nos manuais de instrução. 2.4 Proteção contra práticas abusivas (ar- tigo 6º, IV e V, do código de defesa do consumidor) Figura 6 Fonte: Ilustradora Rede e-Tec BrasilAula 2 – Direitos Básicos do Consumidor 25 O consumidor tem o direito de não sofrer com práticas consideradas abu- sivas na relação de consumo. A referida regra deve ser vista sob dois enfoques: a vedação de práticas abusivas ou enganosas e a proibição da existência de cláusulas abusivas. A proibição referente às práticas abusivas ou enganosas retrata o dever de o fornecedor oferecer, com transparência e verdade, as informações sobre o produto ou serviço, expondo suas características verdadeiras, não podendo omitir qualquer informação relevante, ainda que prejudicial a sua reputação, sob pena de configurar prática abusiva ou propaganda enga- nosa. Também não pode impor o uso de determinado produto ou serviço. Já a proibição da existência de cláusulas abusivas se refere, mais preci- samente, aos contratos feitos com os consumidores em geral, sen- do vedada a existência de cláusulas excessivas, ou seja, pesadas e desproporcionais, por impor obrigações difíceis de serem cum- pridas pelo consumidor. Nestas hipóteses, as cláusulas ou o pró- prio contrato podem ser anulados ou modificados pela justiça. Além disso, quando o consumidor assina um contrato sem ter exato co- nhecimento de seus termos, o contrato não cria obrigações para o consu- midor, pois este não foi devidamente informado. Deste modo, em geral, práticas abusivas são consideradas condições ir- regulares de negociações nas relações de consumo que ferem, principal- mente, a boa-fé. O Código de Defesa do Consumidor em seu artigo 39 especifica algumas práticas tidas como abusivas, contudo, há inúmeras outras que assim podem ser consideradas. Podem ser citados como exemplos de práticas abusivas: • condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos; • recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes; Rede e-Tec Brasil 26 Direito e Legislação Comercial • enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço; • prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços; • exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva; • executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anterio- res entre as partes; • repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consu- midor no exercício de seus direitos; • colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em de- sacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacio- nal de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro); • recusar a venda de bens ou a prestação de serviços diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento; • elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços; • deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou dei- xar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério; • aplicar fórmula ou índice de reajustediverso do legal ou contratual- mente estabelecido. 2.5 Direito à prevenção e reparação de da- nos (artigo 6º, VI, do código de defesa do consumidor) O fornecedor tem o dever de prevenir todo e qualquer risco o dano, ainda que potencial, que o produto ou serviço por ele oferecido vir a oferecer ao consumidor. Um bom exemplo disso são os Serviços de Atendimento ao Consumidor, conhecidos como SAC, no qual é possível obter todas as Rede e-Tec BrasilAula 2 – Direitos Básicos do Consumidor 27 informações sobre os perigos na utilização de determinado produto ou serviço e as providências a serem tomadas em caso de acidentes. Além do que, em caso de dano efetivo, deve o fornecedor responsabilizar- -se por sua integral reparação. 2.6 Direito à facilitação do acesso à justi- ça para defesa de seus direitos (artigo 6º, VII, do código de defesa do consu- midor) Figura 7 Fonte: Ilustradora O consumidor, como mencionado na primeira aula, é considerado parte mais fraca (vulnerável) na relação de consumo, por este motivo, o Código de Defesa do Consumidor facilita o acesso à justiça para a defesa de seus direitos. Tanto é assim que, quando o consumidor mora em uma cidade e o for- necedor em outra, o processo judicial movido para a defesa dos direitos daquele vai correr na cidade em que ele reside, ja que é mais fácil para ele participar do processo no local onde mora. 2.7 Direito à inversão do ônus da prova (artigo 6º, VIII, do código de defesa do consumidor) Figura 8 Fonte: Ilustradora Rede e-Tec Brasil 28 Direito e Legislação Comercial O direito à inversão do ônus da prova é decorrente do próprio direito à facilitação do acesso à justiça para a defesa dos direitos do consumidor. Em regra, a pessoa que requer um determinado direito tem o dever de comprovar a verdade dos fatos que ela alega, porém, os consumidores possuem direito à inversão do ônus da prova, de modo que, nos processos envolvendo relação de consumo, a obrigação de provar a verdade dos fa- tos recai sobre o fornecedor. Assim sendo, pela inversão do ônus da prova, é imposta ao possui- dor do poder econômico ou do conhecimento técnico (fornecedor) o dever de fazer prova contrária às alegações do consumidor, visto ser mais fácil ao fornecedor, que possui todas as informações sobre os pro- dutos ou serviços, provar a verdade sobre os fatos a eles relativos. Mesmo porque, como bem assinala Cavalcanti (2001, p. 83) o fornecedor tem o dever de “manter em seu poder todos os dados e informações acer- ca de seus produtos e serviços, sendo bem mais fácil a comprovação dos fatos referentes a esses bens e serviços pelo fornecedor que pelo consumi- dor, sobretudo quando se tratar de hipossuficiente”. 2.8 Direito à adequada pretação dos servi- ços públicos em geral (artigo 6º, IX, do código de defesa do consumidor) Mesmo em relação aos serviços públicos, de um modo geral, é conferida ao consumidor a devida proteção, principalmente em relação aos serviços que, apesar de serem considerados públicos, são oferecidos por empre- sas privadas, tais como os serviços de luz, água, telefone, transporte etc. Portanto, em relação a tais serviços incidem as garantias e direitos estabe- lecidos no Código de Defesa do Consumidor. 2.9 Direitos decorrentes de defeitos no produto ou serviço (artigo 18, do có- digo de defesa do consumidor) Caso o produto ou serviço apresente defeito, é responsabilidade do for- necedor providenciar, em prazo não superior a 30 (trinta) dias, a resolução do problema. Se o defeito não for resolvido no mencionado prazo, o consumidor tem Rede e-Tec BrasilAula 2 – Direitos Básicos do Consumidor 29 direito a optar, conforme a sua vontade: pela substituição do produto por outro equivalente, em perfeito estado de funcionamento e uso; pela resti- tuição imediata do valor pago, devidamente corrigido monetariamente; ou pelo abatimento proporcional no preço. 2.10 Direito ao arrependimento (artigo 47, do código de defesa do consumidor) Quando o produto ou serviço for adquirido fora do estabelecimento comercial, por exemplo, em casos de compras por telefo- ne, pela internet ou em domicílio, o consu- midor pode desistir do contrato, indepen- dentemente de qualquer justificativa, no prazo de 07 (sete) dias, contados de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço. Ocasião em que terá direito a restituição integral do valor pago, corrigido monetariamente. 2.11 Forma do consumidor fazer valer seus direitos A maioria das empresas possui o Serviço de Atendimento ao Consumidor, conhecido como SAC, destinado a atender às reclamações, bem como resol- ver os problemas apresentados pelo produto ou serviço. Deste modo, o pri- meiro passo é entrar em contato com o serviço de atendimento da empresa. Porém, na hipótese de o consumidor não conseguir solucionar o proble- ma com o SAC, há outras formas para fazer valer seus direitos, já que pode procurar os Órgãos de defesa do consumidor, tais como: PROCON, IDEC, Ministério Público, Juizados Especiais (Juizados de Pequenas Causas) É imprescindível ao consumidor, caso necessite de proteção, que tenha em mãos a nota fiscal do produto ou serviço, o certificado de garantia, o contrato, o recibo, enfim, todos os documentos que comprovem a compra ou contratação. Além disso, é preciso especificar, com detalhes, os problemas apresentados pelo produto ou serviço. Figura 9 Fonte: Ilustradora O Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (ou Procon) é uma fundação presente em diversos estados e municípios brasileiros com personalidade jurídica de direito público, cujo objetivo é elaborar e executar a política estadual de proteção e defesa do consumidor. Funciona como um órgão auxiliar do Poder Judiciário, tentando solucionar previamente os conflitos entre o consumidor e a empresa que vende um produto ou presta um serviço, e quando não há acordo, encaminha o caso para o Juizado Especial Cível com jurisdição sobre o local. O Procon pode ser estadual ou municipal, e segundo o artigo 105 da Lei 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor), é parte integrante do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor. O Procon é estabelecido primeiramente pelo governo estadual por meio de decretos. A partir da criação deste Procon, são criados outros Procons nas cidades do estado. Nem todas as cidades de um estado possuem um escritório do Procon. Todas as capitais do Brasil possuem uma filial do Procon. Fonte: http:// pt.wikipedia.org/wiki/Procon Rede e-Tec Brasil 30 Direito e Legislação Comercial Por fim, deve o consumidor, em caso de reclamação, guardar os documen- tos que comprovem tal fato, por exemplo, o protocolo de atendimento, o nome e o cargo exercido pela pessoa responsável pelo atendimento. Desta forma, é bem provável que o consumidor consiga, de fato, fazer valer seus direitos. 2.12 Prazos para reclamar (artigo 26, do código de defesa do consumidor) O consumidor tem, em regra, pra- zo para reclamar de defeitos nos produtos ou serviços, sendo que, se transcorrido o prazo estipulado pelo Código de Defesa do Consumidor sem que tenha havido o registro da respectiva reclamação, o direito do consumidor se extingue, ou seja, “caduca”. Figura 10 Fonte: Ilustradora Portanto, em se tratando de fornecimento de produtos ou serviços não duráveis, o prazo para reclamação é de 30 (trinta) dias, ao passo que, em relação aos produtos ou serviços duráveis, o prazo é de 90 (noventa) dias. A identificação de serviços e produtos duráveis ou não duráveis deve ser feita pelocritério da durabilidade, conforme o tempo de consumo. Logo, como serviços e produtos duráveis podem ser citados, eletrodomésticos, automóveis, serviços de construção civil etc., e como não duráveis, produ- tos que são consumidos rapidamente, alimentos, roupas, calçados, entre outros. Resumo Nesta aula, foram estudados os direitos básicos dos consumidores na re- lação de consumo, assim como os mecanismos postos à disposição dos consumidores para fazer valer os seus direitos. Além disso, identificou-se quais são os prazos para reclamar sobre defeitos nos produtos ou serviços, no mercado de consumo. Rede e-Tec BrasilAula 2 – Direitos Básicos do Consumidor 31 Atividades de aprendizagem 1. Escreva um pouco sobre a justiça da proteção conferida ao consumi- dor, ou seja, se é justa ou não a referida proteção, bem como dê sua opinião sobre a efetividade das normas previstas no Código de Defesa do Consumidor, isto é, se, na prática, elas efetivamente funcionam. ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 2. Dentre as alternativas abaixo, aponte aquela que não configura práticas abusivas na relação de consumo: a) Enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço; b) Prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vis- ta sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir- -lhe seus produtos ou serviços; c) recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamen- te a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento; d) Recusar a reclamação contra defeitos de produtos ou serviços não du- ráveis após 90 dias da venda do produto ou da prestação do serviço. 3. João comprou uma geladeira em uma loja que vende eletrodomésti- cos na cidade onde mora. Um dia após a entrega da geladeira em sua casa, João se arrependeu da compra, já que não gostou do modelo do eletrodoméstico, tendo procurado a loja para devolvê-la, alegando que estava no exercício do direito de arrependimento, previsto no artigo 47 do Código de Defesa do Consumidor. Contudo, o dono da loja se recu- sou a aceita a devolução da geladeira. Com base nesses fatos, assinale a alternativa correta. a) O dono da loja está certo, pois o consumidor só pode exercer seu direito de arrependimento em sete dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto, se a aquisição ocorrer fora Rede e-Tec Brasil 32 Direito e Legislação Comercial do estabelecimento, especialmente por telefone ou em domicílio; b) O dono da loja está correto, pois não existe direito de arrependimen- to, em qualquer situação, se o produto não é defeituoso ou não apre- senta vício de qualidade; c) João está certo, pois o CDC prevê o prazo de sete dias a contar da aquisição do produto, em qualquer situação, para o consumidor exer- cer o direito de arrependimento; d) João está certo, por estar no prazo de arrependimento, mas o dono da loja pode impor multa pela devolução do produto. Prezado(a) estudante, Alcançamos, assim, o fim de nossa segunda aula, na qual abordamo- sum pouco da matéria sobre os direitos básicos do consumidor. Con- tudo, o referido tema, como visto, é bastante amplo, de modo que comporta pesquisa e estudo mais aprofundados, o que fica, desde já, sugerido. Na próxima aula, estudaremos os contratos comerciais. Rede e-Tec BrasilAula 3 – Contratos Comerciais 33 Aula 3 - Contratos Comerciais Objetivos: • compreender as especificidades dos contratos comerciais; • identificar as características dos principais contratos comerciais. Caro(a) estudante, Nas aulas anteriores, você teve oportunidade de aprender sobre os direi- tos dos consumidores. Agora iniciaremos o estudo dos contratos comer- ciais, suas peculiaridades e espécies mais comuns. Esperamos que você consiga assimilar a importância deste tema nas relações comerciais, nas quais, em regra, as transações comerciais encontram-se materializadas em contratos. Então, vamos adiante 3.1 Noções introdutórias. Com o passar do tempo e a evolução das relações comerciais, sur- giu a necessidade de se celebrar contratos, como forma de assegu- rar o cumprimento das obrigações assumidas nas relações comerciais. Figura 11 Fonte: Ilustradora O contrato pode ser definido como o acordo feito por duas ou mais pessoas, manifestando suas vontades, destinado a estabelecer uma re- gulamentação de interesses entre as partes, com a finalidade de adquirir, Direito e Legislação ComercialRede e-Tec Brasil 34 modificar ou extinguir direitos ou obrigações; é, portanto, um instrumento capaz de criar determinados vínculos entres as pessoas que dele partici- pam. Para Diniz (1997, p. 30): contrato é o acordo de duas ou mais vontades, na conformida- de da ordem jurídica, destinado a estabelecer uma regulamenta- ção de interesses entre as partes, com o escopo de adquirir, mo- dificar ou extinguir relações jurídicas de natureza patrimonial. Sendo assim, no direito comercial, os contratos, além das características acima, identificam-se por ter como objeto relações de natureza comercial, isto é, os direitos e as obrigações pactuadas referem-se às práticas comer- ciais. Tanto é assim que Coelho (2002, p. 413) afirma que: a exploração da atividade empresarial, a que se dedica, o empre- sário individual ou a sociedade empresária celebram vários con- tratos. Pode-se dizer que combinar os fatores de produção é con- trair e executar obrigações nascidas principalmente de contratos. Deste modo, em regra, os contratos devem conter um objeto (que deve ser lícito, por exemplo, não é possível contratar a morte de alguém, já que isto é ilícito), uma forma (pode ser escrita ou verbal), as partes contratantes e o acordo entre elas celebrado. A principal diferença entre os contratos comerciais e os civis é que aque- les são celebrados por comerciantes no exercício de suas atividades, com finalidade de obtenção de lucro, já os civis podem ser feitos por qual- quer pessoa (comerciante ou não) e podem não ter como objetivo o lucro. Os contratos comerciais surgem pelo acordo de vontade das partes e extin- guem-se, em regra, pela sua execução, isto é, pelo cumprimento das obriga- ções nele assumidas. Contudo, podem se extinguir por outras formas, sen- do elas: o distrato (quando ambas as partes, de comum acordo, desistem da contratação); a denúncia unilateral (quando uma das partes manifesta sua vontade em desistir da contratação, desde que haja previsão no contrato desta possibilidade); inadimplemento (quando uma das partes não cumpre Antigamente, um acordo entre duas ou mais pessoas que transferem entre si obrigações era feito através de uma “carta partida”; o interessante documento era cortado ao meio, de alto a baixo, e as duas partes ficavam em poder dos contratantes para a garantia do negócio. O ato da entrega de cada pedaço era realizado à presença de testemunhas idôneas. O cumprimento das obrigações, exigia por vezes, a exibição de cada pedaço do original. A carta partida, nome por que se tornou conhecido o pitoresco documento contratual, esteve em uso na Aquitânia, região da Galia antiga. Na França e notadamente na Inglaterra, por volta do século XIII, era comum, nas transações comerciais, essetipo original de contrato. Há quem diga que na Idade Média até acordos amorosos eram estabelecidos em “cartas partidas”; cada um dos namorados guardava consigo um pedaço do documento. (Fonte: http://homemdoconhecimento. blogspot.com.br/2011/11/o- contratos-eram-firmados-numa- carta.html) Rede e-Tec BrasilAula 3 – Contratos Comerciais 35 com a sua obrigação, gera direito a reparação de perdas e danos em favor da outra parte); resolução por onerosidade excessiva (quando a obrigação de uma das partes se torna excessivamente onerosa – desproporcional). No direito comercial, os contratos comerciais, também conhecidos como mercantis, que merecem maior atenção, e por esta razão serão abordados no presente estudo, são os Contratos de Compra e Ven- da Mercantil, de Mandato Mercantil, de Comissão Mercantil, de Re- presentação Comercial, de Franquia, de Distribuição e de Seguro. 3.2 Contrato de compra e venda mercantil Contrato de compra e venda mercantil é aquele que um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de coisa determinada ao outro mediante o pagamento do respectivo preço. Em regra, são regidos pela regra geral do artigo 481 do Código Civil, pelo qual “um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro”. O que diferencia o contrato de compra e venda mercantil do contrato de compra e venda civil é, na verdade, as partes nele envolvidas, já que, no contrato mercantil, ambas as partes são empresários ou comerciantes. Os contratos de compra e venda mercantil são a base das atividades em- presariais, pois as operações de compra e venda constituem a essência das práticas comerciais. Os elementos necessários para conferir validade aos contratos de compra e venda mercantil são o consentimento (vontade) das partes, o objeto (coisa vendida) e o preço. Os contratos de compra e venda mercantil possuem natureza bilateral, pois geram obrigações recíprocas entre as partes contratantes, de modo que o vendedor tem o dever de entregar o bem, transferindo a proprieda- de do mesmo para o comprador que, por sua vez, fica obrigado a pagar o preço combinado pela compra. Na compra e venda mercantil, podem existir, ainda, obrigações es- peciais, tais como a retrovenda; venda a contento; venda a preemp- ção ou preferência, venda com reserva de domínio; entre outras. Direito e Legislação ComercialRede e-Tec Brasil 36 A retrovenda é característica dos contratos de compra e venda de bem imóvel, nos quais fica estipulado que o vendedor poderá reaver a coi- sa vendida, dentro de um prazo determinado, não superior a 03 (três), restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do comprador. A venda a contento é aquela em que há uma sujeição à ocorrên- cia de uma condição, qual seja, a satisfação do comprador, de modo que a venda somente será concretizada após a manifestação favorá- vel do comprador no sentido de que a coisa satisfez suas expectativas. Preempção ou preferência é a modalidade de venda em que o comprador, caso pretenda vender o objeto da compra, fica obrigado, por um determi- nado período, a oferecer primeiramente para o vendedor, já que este pos- suirá direito de preferência na compra da coisa, em igualdade de condições com os demais interessados. Venda com reserva de domínio é aquela ocorrida normalmente nas ven- das a prazo, na qual o vendedor, mediante expressa previsão contratu- al, somente transfere a propriedade (o direito) sobre bem vendido de- pois de realizado integralmente o pagamento do preço. Destaque-se que a coisa é entregue no momento da venda, porém o direito de pro- priedade somente será transferido ao final se houver total pagamento. 3.3 Contrato de mandato mercantil Mandato mercantil é o contrato pelo qual alguém se obriga a praticar atos ou administrar interesses de natureza comercial em nome e por conta de outrem, mediante remuneração (artigo 140 do antigo Código Comer- cial e artigo 653 do Novo Código Civil). Nele, pelo menos uma das par- tes é empresário e os atos a serem praticados são negociais (comerciais). Neste passo, para Martins (2000), mandato mercantil é o contrato segun- do o qual uma pessoa se obriga a praticar atos ou administrar interesses de natureza comercial, em nome e por conta de outrem, mediante remu- neração. Portanto, a principal característica do mandato é a representação, ou seja, sempre uma pessoa estará agindo (representando) outra, como se esta fosse. No mandato, mandante ou outorgante é a pessoa que outorga (dá) pode- res a outra para a prática de determinados atos de comércio, ao passo que Rede e-Tec BrasilAula 3 – Contratos Comerciais 37 mandatário ou procurador é a pessoa que recebe os referidos poderes. As obrigações do mandante e do mandatário estão previstas nos ar- tigos 667 a 681, do Código Civil, cuja pesquisa mostra-se interessante. O contrato de mandato mercantil extingue-se (termina) pela revogação dos poderes por parte do mandante; pela renúncia do mandatário; pela morte ou incapacidade de quaisquer das partes; pela mudança de estado (capacidade) que inabilite o mandante a conferir os poderes, ou o manda- tário para exercê-los; pelo término do prazo ou pela conclusão do negócio (artigo 682, do Código Civil). 3.4 Contrato de comissão mercantil No contrato de comissão mercantil, uma das partes compromete-se a re- alizar, mediante o recebimento de determinada quantia, atos ou negócios comerciais em favor e conforme as orientações da outra, contudo, agem em seu próprio nome (artigo 165 do antigo Código Comercial e artigo 693 do Novo Código Civil). Na comissão, comitente é a pessoa que outorga (dá) poderes a outra para a prática de determinados atos de comércio, ao passo que comissário é a pessoa que recebe os referidos poderes. A principal diferença entre contrato de comissão e de mandato é que, neste, o mandatário age em nome de outra pessoa (mandante), ao passo que, naquele, o comissário age em nome próprio. Exemplo desta modalidade de contrato são os contratos de leilão. As obrigações das partes contratantes estão estabelecidas nos artigos 693 a 709, do Código Civil. As formas de extinção do contrato de comissão são, via de regra, as mes- mas do contrato de mandato. 3.5 Contrato de representação comercial O contrato de representação comercial é regido pela Lei n. 4.886/1965, a qual, em seu artigo 1º, conceitua o referido instrumento, segundo o qual: Art. 1º Exerce a representação comercial autônoma a pessoa jurídica ou a pessoa física, sem relação de emprego, que desempenha, em Direito e Legislação ComercialRede e-Tec Brasil 38 caráter não eventual por conta de uma ou mais pessoas, a me- diação para a realização de negócios mercantis, agenciando pro- postas ou pedidos, para, transmiti-los aos representados, prati- cando ou não atos relacionados com a execução dos negócios. Na representação comercial, o representante é a pessoa que efetivamente pratica a atividade comercial, isto é, quem promove a realização dos ne- gócios mercantis, sendo que o representado é aquele que produz ou tem para venda o respectivo produto. O representante comercial é remunerado, em regra, por um percen- tual do valor das vendas que realizar. Contudo, só terá direito ao rece- bimento da remuneração se estiver registrado no Conselho Regional de Representantes Comerciais (artigos 2º e 6º, da Lei n. 4.886/1965). Os deveres dos representantes e dos representados estão previstos nos artigos 28 a 31, da Lei n. 4.886/1965. O contrato de representação pode ser rescindido pelo representado, em caso de falta de cumprimento, por parte do representante, das obrigações decorrentes do contrato; pela prática deatos que importem em descrédito comercial do representado; pela falta de cumprimento de quaisquer obri- gações inerentes ao contrato de representação comercial; pela condena- ção definitiva por crime considerado infamante; ou por força maior (artigo 35, Lei n. 4.886/1965). Também pode ser rescindido pelo representante, quando houver redução de esfera de suas atividades em desacordo com as cláusulas do contrato; quebra, direta ou indireta, da exclusividade, se pre- vista no contrato; fixação abusiva de preços em relação à zona do repre- sentante, impossibilitando-lhe um trabalho regular; não pagamento de sua retribuição na época devida; força maior (artigo 36, da Lei n. 4.886/1965). 3.6 Contrato de franquia ou franchising O contrato de franquia está previsto na Lei n. 8955/94, que em seu artigo segundo estabelece o conceito do instrumento em estudo. Art. 2º Franquia empresarial é o sistema pelo qual um franqueador cede ao franqueado o direito de uso de marca ou patente, associado ao direito de distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de produtos ou serviços e, Rede e-Tec BrasilAula 4 – Contratos Bancários 39 eventualmente, também ao direito de uso de tecnologia de implanta- ção e administração de negócio ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos pelo franqueador, mediante remuneração direta ou indi- reta, sem que, no entanto, fique caracterizado vínculo empregatício. Na franquia, o franqueado é aquele que utiliza a marca ou patente desen- volvida pelo franqueador. Portanto, inicialmente, o contrato de franquia é um negócio mais atrati- vo para o franqueado, já que este se aproveita dos conhecimentos e ex- periências do franqueador no desempenho daquela atividade comercial. Na franquia, normalmente, o franqueado paga ao franqueador um va- lor inicial para o uso da marca ou produto. Além disso, se comprome- te a pagar ao franqueador determinada porcentagem sobre a venda. Em contrapartida, o franqueador garante a exclusividade da marca ou pro- duto em local determinado (cidade, região, estado, ou mesmo no país). Outra peculiaridade do contrato de franquia é que o preço do produto, em regra, é estabelecido pelo franqueador. São exemplos de franquia o McDonald’s, Habib’s, Bob’s, Subway, entre outros. O contrato de franquia extingue-se pela expiração do prazo convencio- nado entre as partes; pelo consentimento de ambas as partes; pelo des- cumprimento, por uma das partes, das obrigações constantes no contrato. Além disso, se o franqueado, no desempenho da atividade comercial, pre- judicar a reputação da marca ou do produto, pode o franqueador rescindir o contrato. 3.7 Contrato de distribuição O contrato de distribuição mercantil é aquele no qual uma das partes - o distribuidor - adquire os produtos fabricados por outrem (o fabricante), obrigando-se a revendê-los com certa margem de lucro (preço maior do que comprou), em geral, com exclusividade em um determinado território. Forgioni (2008, p. 116), define bem o que vem a ser contrato de distribui- ção mercantil: Direito e Legislação ComercialRede e-Tec Brasil 40 contrato bilateral, sinalagmático, pelo qual um agente econô- mico (fornecedor) obriga-se ao fornecimento de certos bens ou serviços a outro agente econômico (distribuidor), para que este os revenda, tendo como proveito econômico a diferença entre o preço de aquisição e o preço de revenda e assumindo à satis- fação de exigências do sistema de distribuição do qual participa No contrato de distribuição comercial, embora não haja expressamente uma lei específica que o regulamente, em relação a ele são aplicadas as regras previstas na Lei n. 6.729/79, que trata das concessões comerciais relativas aos distribuidores de veículos. O contrato de distribuição comercial extingue-se pelo decurso do prazo nele previsto; pela vontade das partes ou pelo descumprimento, por uma dela, das obrigações assumidas no contrato. 3.8 Contrato de seguro No contrato de seguro, uma das partes, conhecida como seguradora, me- diante o recebimento de determinado valor, chamado de prêmio, assume o compromisso com a outra parte, denominada segurado, de pagar a este uma indenização decorrente de prejuízos oriundos de riscos futuros e in- certos, alheios à vontade das partes. Os dispositivos legais mais importantes que tratam do contrato de seguro são os artigos 666 a 730, do Código Comercial, os artigos 757 a 802, do Código Civil, o Decreto-Lei n. 73/1966, o Decreto n. 60.459/1967. O contrato de seguro tem como objeto a garantia contra o risco que pode sofrer uma coisa ou uma pessoa, de modo que os seguros podem ser feitos em relação a pessoas ou coisas. A seguradora, ao assumir o risco pela reparação dos danos experimen- tados pelo segurado, recebe como contraprestação o pagamento de um determinado valor, conhecido como prêmio. O valor da indenização a ser paga pela seguradora em caso de ocorrência do risco previsto no contrato, conhecido também como sinistro, normal- mente corresponde ao valor do bem segurado, mas pode ser diferente, desde que as partes pactuem neste sentido. Rede e-Tec BrasilAula 4 – Contratos Bancários 41 O contrato de seguro é conhecido por ser um contrato formal, isto é, pre- cisa estar materializado num documento escrito. Como regra, o contrato de seguro materializa-se na apólice, que é o documento em que cons- tam todos os dados referentes ao seguro, tais como o nome das partes, a descrição da coisa ou da pessoa segurada, os riscos cobertos pelo seguro, o valor da indenização e do prêmio, o prazo de vigência, entre outros. A seguradora tem como obrigação emitir a respectiva apólice, bem como se responsabilizar pelo pagamento da indenização na hipótese de ocor- rência do sinistro. Já o segurado fica obrigado a pagar o prêmio do se- guro, nos termos constantes no contrato, e prestar todas as informações, sem mentiras ou omissões, sobre o objeto do seguro e suas características. O contrato de seguro extingue-se pelo vencimento do prazo nele previsto, pelo acordo entre as partes, pela cessação do risco que a ele deu origem, pela ocorrência do sinistro seguido do pagamento da respectiva indeni- zação, ou pela falta de pagamento do prêmio por parte do segurado. Resumo Na presente aula, foram analisados o conceito de contrato comercial, bem como as principais espécies de contatos mercantis e suas respectivas pe- culiaridades, tais como conceito, objeto, partes, disposições legais, obriga- ções deles decorrentes e formas de extinção. Atividades de aprendizagem 1. Indique a importância dos contratos mercantis para as atividades co- merciais, bem como aquele que, no seu entendimento, possui maior utilidade prática. ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 2. Acerca do contrato de seguro, opine sobre a possibilidade ou não do segurado, em caso de ocorrência do sinistro, exigir do segurador o paga- mento da indenização caso esteja em atraso com pagamento do prêmio devido ao segurador. ______________________________________________________________ Direito e Legislação ComercialRede e-Tec Brasil 42 ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________3. Com relação aos contratos comerciais, aponte a alternativa correta: a) faturizador e faturizado têm que ser, necessariamente, pessoa jurídica; b) o representante poderá resolver o contrato face à inobservância da cláusula de exclusividade, pelo representado; c) sempre haverá vínculo empregatício entre franqueado e franqueador; d) Na alienação fiduciária em garantia, havendo inadimplemento, o cre- dor não poderá requerer a reintegração na posse do bem móvel aliena- do fiduciariamente. 4. O contrato pelo qual um empresário cede a outro o direito de uso da marca ou patente, associado ao direito de distribui- ção exclusiva ou semiexclusiva de produtos ou serviços e, ain- da, presta-lhe serviços de organização empresarial por ele de- senvolvidos, mediante remuneração direta ou indireta, sem que fique caracterizado vínculo empregatício entre as partes, denomina-se: a) Franquia; b) Comissão; c) Representação comercial; d) Compra e venda. 5. Em relação aos contratos comerciais, aponte V para verdadeiro e F para falso: ( ) O contrato de comissão mercantil assemelha-se ao de mandato no que se refere à responsabilidade do comissário, que deverá agir em nome do comitente, ao efetuar contratos com terceiros; ( ) No contrato de seguro, prêmio é o valor recebido pelo segurado em caso de acidente (sinistro); ( ) No contrato de distribuição mercantil o distribuidor é aquele que fabrica os produtos postos a venda; Rede e-Tec BrasilAula 4 – Contratos Bancários 43 ( ) No contrato de comissão mercantil uma das partes se compromete a realizar, mediante o recebimento de determinada quantia, atos ou negócios comerciais em favor e conforme as orientações da outra, contudo agem em seu próprio nome Prezado(a) estudante, Chegamos ao fim de nossa terceira aula, na qual foram abordados con- ceitos básicos sobre os contratos comerciais e suas principais modalidades. Esperamos que você se aproprie das infomações que trouxemos e que pos- sa utilizá-las quando estiver atuando na função para a qual está se qualifi- cando. Na próxima aula, continuaremos os estudos dos contratos mercan- tis, agora com a exploração dos contratos bancários. Continue atento(a). Rede e-Tec BrasilAula 4 – Contratos Bancários 45 Aula 4 - Contratos Bancários Objetivos: • reconhecer os contratos bancários; • identificar as peculiaridades dos principais contratos bancários. Caríssimo(a) estudante, Na aula passada, você teve oportunidade de compreender os contratos comerciais, assim como identificar suas espécies mais comuns. Agora anali- saremos os principais contratos bancários e suas respectivas características. Com o estudo do conteúdo desta aula, você estará avançando em seu processo de aprendizagem. Seja bem vindo(a) ao debate sobre contratos bancários e suas pecualiari- dades! 4.1 Noções introdutórias Figura 12 Fonte: Ilustradora Os contratos bancários, na verdade, fazem parte do gênero que são os contratos comerciais. Portanto, possuem os mesmos elementos dos con- tratos mercantis em geral. Todavia, tem uma peculiaridade que os distin- gue, já que, ao menos, uma das partes nele envolvida será sempre uma instituição bancária ou financeira. Direito e Legislação ComercialRede e-Tec Brasil 46 Mas não é só isso, para configurar o contrato bancário não basta que uma das partes seja uma instituição financeira, é preciso, também, que tenha como objeto a intermediação de uma operação econômica ou monetária. Os contratos bancários mais comuns, que merecem maior atenção, são os contratos de mútuo, de depósito, de alienação fiduciária em garantia, de arrendamento mercantil (leasing), de faturização (factoring), de fiança bancária e de cartão de crédito. 4.2 Contrato de mútuo O contrato de mútuo, na verdade, corresponde a um empréstimo, nor- malmente de dinheiro, mas também pode ser de outra coisa fungível (que pode ser trocada por outra do mesmo gênero), mediante o recebimento de determinado valor (artigo 247, do Código Comercial e artigo 586, do Código Civil). Segundo Bittar (1990, p. 116): configura-se o mútuo pela entrega de certa quantia em dinheiro, com transferência de propriedade, para uso do mutuário, mediante pagamento de determinado valor, denominado juro. O juro é, pois, remuneração do capital, constituindo-se em percentual sobre ele in- cidente, em função do prazo de empréstimo. Findo o prazo, deve o valor ser restituído ao mutuante, pagos os juros correspondentes às ocasiões convencionadas, por períodos, ou ao final do relacionamen- to, conforme a situação. No contrato de mútuo, mutuário é aquele que recebe o dinheiro ou a coisa fungível em empréstimo, e mutuante é a pessoa que dá a coisa em empréstimo. As principais obrigações do contrato de mútuo recaem sobre o mutuário, que deve restituir a coisa emprestada e pagar a remuneração pelo emprés- timo (juros), no prazo combinado. Um exemplo comum de mútuo bancário é o empréstimo de dinheiro para compra da casa própria, normalmente feito pela Caixa Econômica Fede- ral pelo Sistema de Financiamento Habitacional (SFH). Tanto que é co- mum ouvir as expressões como “mutuários da Caixa” ou “da casa pró- pria”, para referir-se às pessoas que contraem os referidos empréstimos. Rede e-Tec BrasilAula 4 – Contratos Bancários 47 O contrato de mútuo extingue-se pelo vencimento do prazo, pelo des- cumprimento de suas cláusulas (inadimplemento), ou por acordo entre as partes. 4.3 Contrato de depósito O contrato de depósito é aquele em que uma das partes (depositante), entrega à outra (depositário) uma coisa móvel, em se tratando de depósito bancário (dinheiro) que deve permanecer guardado pelo prazo combinado ou até que o depositante solicite sua devolução (artigo 280, do Código Comercial e artigo 627, do Código Civil). O depositante obriga-se a pagar certa remuneração pelo depósito da coi- sa, bem como pagar pelas despesas decorrentes do negócio, ao passo que o depositário fica obrigado a guardar e zelar pela coisa depositada, não utilizá-la ou transferi-la sem que haja permissão do depositante e restitui-la quando solicitada. Extingue-se o depósito pelo vencimento do prazo, pela vontade das partes, pela morte ou incapacidade do depositário. 4.4 Contrato de alienação fiduciária em garantia O contrato de alienação fiduciária em garantia é regido pela Lei n. 4.728/1965 (artigo 66) em combinação com o Decreto Lei n. 911/1969 e consiste no acordo em que uma parte, o devedor (fiduciário), transfere ao credor (fiduciante), a propriedade de um determinado bem, mantendo, porém, a posse direta do bem, com a condição de pagar a dívida no prazo estipulado. Essa espécie de contrato é muito utilizada para financiamento de veículos em que o banco (credor) adquire a propriedade do bem (veículo), que fica na posse direta (uso) do devedor (pessoa que comprou o carro na conces- sionária). Se, no final do prazo de vigência do contrato, o devedor saldar a dívida, o credor devolve a propriedade do bem, em definitivo, para aquele. Assim, essa prática serve como garantia do negócio, daí o nome de aliena- ção fiduciária em garantia. O contrato de alienação fiduciária em garantia extingue-se pelo cumpri- mento das obrigações nele assumidas no prazo estipulado, por vontade das partes ou por inadimplemento do devedor. Direito e Legislação ComercialRede e-Tec Brasil 48 4.5 Contrato de arrendamento mercantil (Leasing) O contrato de arrendamento mercantil é disciplinado pela Lei n. 6.099/1974, conhecido também como leasing, é aquele em que uma das partes, chamada de arrendador, aluga para a outra, co- nhecida como arrendatário,um determinado bem mediante paga- mento de um valor a título de aluguel (preço). Contudo, a proprie- dade do bem permanece com o locador (arrendador), sendo que o locatário (arrendatário) recebe apenas a posse direta da coisa, para uso. Entretanto, no final do contrato, o arrendatário tem o direito de adquirir a propriedade sobre o objeto do contrato, desde que pague um determi- nado valor a mais por isso, chamado de valor residual. Caso não tenha interesse em adquirir o bem, tem o locatário outras duas possibilidades, pode optar pela prorrogação do contrato ou pela devolução do bem. Esta modalidade de contrato bancário também é bastante utilizada para financiamento de veículos. Existem, basicamente, duas espécies de leasing, o financeiro e o lease- -back. O leasing financeiro caracteriza-se pela presença de três partes. O arren- dador (comprador do bem que será locado), o arrendatário (a pessoa que utilizará o bem locado) e o fornecedor (quem comercializou o bem locado). Este tipo de leasing é chamado de comum, puro ou propriamente dito. É a espécie mais usual. O lease-back segue a mesma sistemática do financeiro, sendo que o que os diferencia é a ausência da figura do fornecedor, já que no lease-back o bem, desde o início, pertence ao próprio arrendador. No contrato de arrendamento mercantil, o arrendador fica obrigado a ad- quirir e entregar o bem a ser dado em locação; vender a coisa ao arren- datário, ao final, caso este opte pela compra; renovar a contratação se o locatário assim desejar; ou receber a coisa de volta. Ao passo que o arren- datário se obriga a pagar o preço, normalmente dividido em prestações mensais; conservar o objeto da locação; devolver, no final do contrato, a coisa, caso não haja opção pela compra ou pela renovação da contratação. A palavra leasing é de origem inglesa, mais precisamente surgida ns Estados Unidos, país onde teve origem como devivação do verbo “to lease”, que significa alugar. Acrescida do sufixo “ing” (gerúndio) esta obteve uma idéia de continuidade. Acredita-se que esta forma de “finaciamento” das atividades empresariais tenha surgido há séculos atrás, de uma forma bem rudimentar. Estudiosos acreditam que este tenha se propagado por volta da década de 40, logo após a segunda guera mundial, quando os Estados Unidos passaram a “alugar” materiais bélicos (de guerra) a seus aliados, dando-lhes a opção de compra no fim do contrato. Não há uma data definida da chegada do leasing no Brasil, mas a primeira companhia de leasing fundada aqui foi a “Rent a Maq”, uma pequena empresa arrendadora de máquinas de escrever fundada em 1967 na cidade de São Paulo. O surgimento da atividade de arrendamento mercantil (leasing) se deu inicialmente com o objetivo de oferecer recursos às empresas a baixo custo, para aquisição de bens e modernização de seus parques tecnológicos. Fundamentadamente a idéia de leasing é baseada na concepção de que o fato propulsor do rendimento para uma empresa é a utilização, e não a propriedade de um bem. Seu crescimento no Brasil se deu principalmente a associação desta atividade com as atividades bancárias. (Fonte: http://blogdareba.blogspot. com.br/2010/06/curiosidades- sobre-o-leasing.html). Rede e-Tec BrasilAula 4 – Contratos Bancários 49 A extinção do contrato de arrendamento mercantil ocorre pelo vencimen- to do prazo do contrato, pelo consentimento das partes, pelo inadimple- mento, ou pela falência do arrendador. 4.6 Contrato de faturização ou factoring O contrato de faturização ou factoring é aquele onde uma das partes (fa- turizado, aderente ou devedor), em regra um comerciante, cede a outra (factor ou faturizador) o produto (créditos) adquirido no desempenho de suas atividades comerciais, mediante o recebimento de determinada re- muneração pactuada entre as partes, correspondente a um percentual dos créditos. Deste modo, o contrato de factoring corresponde a um contrato de ad- ministração de créditos (compra e venda de créditos), onde factor ou fa- turizador adquire os créditos, com ou sem adiantamento do respectivo valor, e assume os riscos pelo inadimplemento dos devedores originários, ao passo que o faturizado, aderente ou devedor é quem cede o crédito de que é titular, mediante o recebimento de certa quantia, normalmente um percentual do valor original. A principal finalidade do contrato de factoring é garantir às empresas de pequeno porte, principalmente, oportunidade de ter acesso a créditos, pois a dificuldade de acesso capital de giro é grande. Isto porque o risco do negócio é transferido para o faturizador, que assume, como dito, o risco pelo não recebimento dos créditos. Existem, basicamente, duas espécies de faturização, a maturiy factoring, conhecida como compra a prazo, onde o faturizador efetua o pagamen- to apenas na data do vencimento do crédito; e a conventional factoring, compra à vista, na qual o faturizador efetua o pagamento à vista, isto é, no momento da compra do crédito. Em regra, o contrato de factoring se extingue com o próprio alcance de sua finalidade (venda do crédito), pela decorrência do prazo nele previsto, pelo acordo entre as partes, ou pelo descumprimento de alguma das obri- gações assumidas no contrato. 4.7 Contrato de fiança bancária O contrato de fiança bancária é aquele por meio do qual o banco, na qua- lidade de fiador, assegura (garante) o cumprimento de uma determinada Direito e Legislação ComercialRede e-Tec Brasil 50 obrigação assumida por um de seus clientes (afiançado) numa determina- da relação comercial. A fiança consiste, na verdade, numa obrigação secundária, já que ela so- mente terá importância caso o devedor descumpra a obrigação por ele assumida, tida como principal, ocasião em que o fiador (banco) deverá se responsabilizar pelo cumprimendo da obrigação. Via de regra, a fiança bancária é feita por meio de um documento cha- mado carta de fiança, no qual constam: a identificação das partes (banco e cliente); a descrição da dívida a ser garantida; o índice de atualização do valor do débito; a renúncia do banco ao benefício de ordem previsto no artigo 827, e ao direito previsto no artigo 835, ambos do Código Civil. O contrato de fiança bancária extingue-se pelo término do prazo de va- lidade da carta de fiança (instrumento que materializa o contrato); pela devolução, ao banco, da carta de fiança; ou pela manifestação expressa do credor, liberando a garantia prestada pelo fiador. 4.8 Contrato de cartão de crédito Figura 13 Fonte: Ilustradora O contrato de cartão de crédito surgiu como um instrumento capaz de garantir mais segurança ao uso do dinheiro, pois com ele não é necessário que a pessoa leve consigo dinheiro em espécie para realizar transações comerciais. Além disso, permite que a pessoa realize uma compra à vista e somente tenha que desembolsar o dinheiro na data do vencimento do cartão, ou seja, a prazo. No contrato de cartão de crédito figuram como partes o emissor (insti- Atualmente, tendo em vista a popularização do cartão de crédito, onde grande parte das relações comerciais são concretizadas via cartão de crédito é interessante analisar se a cobrança feita por muitos estabelecimentos comerciais, acerca da exigência de um consumo/valor mínimo para pagamento via cartão é abusiva ou não. Se o pagamento for à vista, não pode haver limitação de valores para compras pagas por meio de cartão de crédito. Contudo, em caso de compra à prazo ou de parcelamento, o fornecedor pode impor condições, como, por exemplo, somente aceitar pagamento por cartão de crédito em compras acima de um valor determinado. (fonte:
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