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02/11/2012 1 UNIDADE 2. DAS PESSOAS (PARTE I) Roberta Siqueira1 2.1 NOÇÕES GERAIS Título I Das Pessoas Arts. 1º ao 78 Das Pessoas Naturais Arts. 1º ao 39 Da personalidade e da Capacidade Arts. 1º ao 10 Dos direitos da personalidade Arts. 11 ao 21 Das Pessoas Jurídicas Arts. 40 a 69 Da ausência Arts. 22 ao 39 Do Domicílio Arts. 70 a 78 2 2.2 PERSONALIDADE JURÍDICA � Conceito ligado ao de pessoa. � Todo aquele que nasce com vida torna-se uma pessoa. � Aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações ou deveres na ordem civil. 3 2.3 CAPACIDADE JURÍDICA � Art. 1º, CC conceito de personalidade e de capacidade. � Conceitos se cruzam mas não se confundem. � Personalidade é um valor, enquanto a capacidade é a projeção desse valor. � A capacidade, pode, ser subdividida em espécies. Poderá ser plena ou limitada. 4 Capacidade Plena Capacidade de direito ou de gozo: - Aquisição com o nascimento - Todo ser humano sem distinção - Só não existe quando falta personalidade. Ex.: nascituro Capacidade de Fato ou de exercício ou de ação - Aptidão de exercer por si só, os atos da vida civil Capacidade Limitada Só há capacidade de direito - Exigem a participação de outra pessoa (representante ou assistente). Ex: incapazes 5 2.3.1 CAPACIDADE X LEGITIMAÇÃO � Legitimação é a aptidão para a prática de determinados atos jurídicos. �� CapacidadeCapacidade especialespecial exigida em determinadas situações. Os legitimados não são incapazes, apenas impedidos de praticar certos atos jurídicos, sem cumprir os requisitos exigidos pela lei. � Exemplos: � CC, art. 496 � CC, art. 1.749, I � CC, art. 1.647 � CC, art. 580, etc. 6 02/11/2012 2 2.4 SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA 7 � OBSERVAÇÃO: Animais não são sujeitos de direitos: merecem proteção legal, mas não têm capacidade para adquirir direitos. O mesmo para entidades místicas (almas e santos). Pessoas Pessoa Natural ou Pessoa Física (ser humano) Pessoa Jurídica, moral ou coletiva (agrupamento de pessoas naturais com fim comum) 2.5 PESSOAS NATURAIS � Pessoa natural ou física é o ser humano considerado como sujeito de direitos e deveres. � Tanto o sujeito ativo como o sujeito passivo da relação jurídica. � Relação jurídica é toda relação da vida social regulamentada pelo direito. � Para ser considerada pessoa natural, basta nascer com vida e adquirir sua personalidade. 8 2.6 AQUISIÇÃO DA PERSONALIDADE � Art. 2º, CC. � Regra geral: nascimento com vida como marco inicial de aquisição da personalidade. � Nascimento com vida: � Separação do ventre materno (cordão umbilical) � Haja respiração (LRP, art. 53, §2º). Exame de docimasia hidrostática de Galeno. � Não há necessidade que o feto seja viável (anomalia ou deformidade) 9 2.6.1 SITUAÇÃO JURÍDICA DO NASCITURO � A personalidade civil da pessoal começa do nascimento com vida (art. 2º), entretanto, aa leilei põepõe aa salvo,salvo, desdedesde aa concepção,concepção, osos direitosdireitos dodo nascituronascituro.. � Nascituro: � O que está por nascer � Não tem personalidade jurídica ainda, pois não é pessoa juridicamente � Tem expectativa de direito, sob condição suspensiva: seus direitos só terão eficácia se nascer com vida. 10 A) TEORIA NATALISTA � Sustenta que a personalidade civil somente se inicia com o nascimento com vida. � Doutrina tradicional: antes do nascimento, não há personalidade. Nascendo com vida seus direitos retroagem ao momento de sua concepção. � Interpretação literal e simplista do art. 2º, CC. � Críticas: � Uma vez que não é uma pessoa, seria o nascituro uma coisa? � Esquece-se da proteção ao nascituro conferida pelo próprio Código. 11 � Nascituro (não nascido) Concepturo (não concebido) � Concepturo: só poderá adquirir direitos surgidos anteriormente no caso do art. 1.799, I, CC � Natimorto: nasce morto, sem respirar. � Não há aquisição da personalidade jurídica. 12 02/11/2012 3 B) TEORIA DA PERSONALIDADE CONDICIONAL � Sustenta que o nascituro é pessoapessoa condicionalcondicional.. � Aquisição da personalidade encontra-se sob a dependência de condição suspensiva: o nascimento com vida. � Desdobramento da teoria natalista: parte da premissa de que a personalidade tem início com o nascimento com vida. � Críticas: entende-se que o nascituro não tem direitos efetivos, mas eventuaiseventuais; sob condição suspensiva, ou seja, mera expectativa de direitos. � Também a condição, conforme dicção do CC é uma cláusula voluntária (CC, art. 121). 13 C) TEORIA CONCEPCIONISTA � Sustenta que o nascituro adquire a personalidade antes do nascimento - desde a concepção (direito à vida, à gestação saudável), ressalvadosressalvados apenas certos e determinados direitos particularmente considerados: � direitos patrimoniais, decorrentes de herança, legado ou doação - ficam condicionados ao nascimento com vida. � Críticas: o legislador protegeu a expectativa e não o direito. Só se torna direito se o nascituro nascer vivo. Direito já garantido constitucionalmente (art. 5º, caput) e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90, art. 7º). 14 � STF não tem posição definida: � Ora segue teoria natalista, ora concepcionista � RE 99.038 � Reclamação 12.040-DF � ADI 3.510 � STJ tem acolhido a teoria concepcionista: � Resp 399.029-SP: reconhecimento de danos morais ao nascituro. 15 2.7 INCAPACIDADES � As pessoas que tem capacidade direito ou de aquisição de direitos, mas não tem capacidade de fato ou de ação são chamadas de incapazes. � Não podem exercer pessoalmente seus direitos, sendo representadas ou assistidas nos atos jurídicos em geral. �� RegraRegra: capacidade ExceçãoExceção:: Incapacidade. � A incapacidade se subdivide em espécies, que poderão ser supridas. 16 Meios de Suprimento das incapacidades: Pelo grau da incapacidade Incapacidade Absoluta (art. 3º) Representação (art. 166, I) Pena: nulidade do ato Incapacidade Relativa (art. 4º) Assistência (art. 171, I) Pena: anulabilidade do ato 17 2.7.1 INCAPACIDADE ABSOLUTA (ART. 3º) � Proibição total do exercício do direito. � Os atos só podem ser praticados pelo representante legal do absolutamente incapaz � Inobservância provoca nulidade do ato (art. 166, I, CC). � Casos previstos no art. 3º: � Menores de 16 anos � Privados de discernimento por enfermidade ou deficiência mental � Não puderem exprimir sua vontade, mesmo que por causa transitória. 18 02/11/2012 4 � Ser humano até 16 anos não tem discernimento suficiente para dirigir sua vida e negócios: representado por seus pais, tutores e curadores. � Ressalva: ato dotado de ampla aceitação social (ato- fato jurídico). � Situações especiais exigem manifestação de vontade do incapaz: � Concordância com a adoção ou família substituta – mais de 12 anos (ECA, art. 28, § 2º) � Responde o menor, de forma subsidiária e mitigada, pelos atos ilícitos que praticar (CC, art. 928). 19 A) MENORES DE 16 ANOS B) PRIVADOS DO DISCERNIMENTO POR ENFERMIDADE OU DEFICIÊNCIA MENTAL � CC 1916: loucos de todo os gênero. � Decreto n. 24.559/ 1934: psicopatas �� EnfermidadeEnfermidade (doença mental congênita ou adquirida, como a oligofrenia e a esquizofrenia) difere da deficiênciadeficiência mentalmental (distúrbios psíquicos, como QI inferior a 70). � Nossa lei não considera os intervalos lúcidos – a incapacidade mental é considerada um estado permanente e contínuo. 20 B.1) PROCEDIMENTO DE INTERDIÇÃO � Procedimento especial de jurisdição voluntária. � Rito dos arts. 1.177 e ss. do CPC e disposições da Lei nº 6.015/73 (LRP). � Obriga o exame pessoal do interditando em audiência – art. 1.181, CPC. Nulo o processosem referida formalidade. � MP atua como fiscal da lei (CPC, art. 82, II): art. 1.182, §1º, CPC não foi recepcionado pela CF/88. 21 � Decretada a interdição: nomeação do curador. � Natureza da sentença: declaratória. Para outros: constitutiva. � Maria Helena Diniz diz eu a sentença tem natureza mista: constitutiva e declaratória. � Sentença deve ser registradaregistrada em livro especial no Cartório do 1º Ofício do Registro Civil da comarca em que for proferida (LRP, art. 92). Publicada três vezes na imprensa local e na oficial. � Nulo o ato praticado pelo enfermo ou deficiente mental depois da interdição e registro. 22 � Se o ato foi praticado antes da interdição, a decretação da nulidade dependerádependerá dada produçãoprodução dede provaprova inequívocainequívoca dada insanidadeinsanidade.. � Só pode ser obtida em ação autônoma. � É a insanidade mental que determina a incapacidade e não a sentença de interdição: por essa razão que estando ela provada, o ato praticado pelo incapaz será nulo. � Outra corrente defende o terceiro de boa-fé que não sabe das deficiências psíquicas do incapaz. Nesse caso, somente será nulo o ato se era notórionotório o estado de loucura. � O STJ tem proclamado a nulidade mesmo que a incapacidade seja desconhecida da outra parte (adquirente retém o bem até a devolução do preço pago, corrigido, com indenização das benfeitorias). Resp 296.895, Resp 38.353. 23 � A velhice ou senilidade, por si só, não é causa de limitação da capacidade. Exceção: estado patológico que afete o estado mental. 24 02/11/2012 5 C) NÃO PODEM EXPRIMIR SUA VONTADE, POR CAUSA TRANSITÓRIA � Não abrange as pessoas portadoras de doença ou deficiência mental permanentes (do art. 3º, II, CC). � Causas transitórias ou patologia: � Arteriosclerose, pressão arterial alta, paralisia, embriaguez não habitual, uso eventual e excessivo de entorpecentes ou substância alucinógenas, hipnose ou outras causas semelhantes. � A interdição só cabe às pessoas que não podem exprimir sua vontade por causas duradoras e não transitórias, como no caso (art. 1.767, II, CC). 25 � Ausentes não são mais considerados absolutamente incapazes (CC, 1916): arts. 22 a 39. � Surdo-mudez não é causa autônoma de incapacidade (CC 1916). � Poderão ser relativamente incapazes (art. 4º, III ou II): excepcionais sem desenvolvimento mental completo ou discernimento reduzido por deficiência mental. � Poderão ser absolutamente incapazes (art. 3º, II): não tiverem capacidade de manifestar sua vontade. � Poderão ser plenamente capazes: educados e puderem exprimir sua vontade. 26 2.7.2 INCAPACIDADE RELATIVA � Permite a prática de atos da vida civil, desde que haja assistência de seu representante legal, sob pena de anulabilidade (CC, art. 171, I). � Exceções: nem todos os atos devem ser assistidos: � Ser testemunha (art. 228, I) � Aceitar mandato (art. 666) � Fazer testamento (art. 1.860, § único) � Exercer empregos públicos para os quais não for exigida a maioridade (art. 5º, § único, III) � Casar (art. 1.517) � Ser eleitor (art. 14, §1º, I e II, CF), etc. 27 A) MAIORES DE 16 ANOS E MENORES DE 18 ANOS � Podem praticar apenas determinados atos sem a assistência de seus representantes. � Figuram nas relações jurídicas pessoalmente. Não podem participar sozinhos, mas acompanhados ou assistidos (pai, mãe ou tutor), assinando ambos. � Em caso de conflito de interesses: curador especial (CC, art. 1.692). 28 � Sistema de proteção aos incapazes: � Absolutamente incapazes – proteção incondicional. � Relativamente incapazes – devem proceder de forma correta para merecer proteção legal. Art. 180, CC � Protege-se a boa-fé do terceiro. � O erro da outra parte deve ser escusável. � A incapacidade só pode ser arguida pelo próprio incapaz ou pelo seu representante legal (art. 105). � Restituição da importância paga ao menor: prova de que o pagamento reverteu-se em seu benefício (art. 181). 29 � Obrigação resultante de ato ilícito: arts. 932, I c/c art. 928 � Pessoa encarregada da guarda: responsável em primeiro plano �� IndenizaçãoIndenização equitativaequitativa: incapaz abastado – Princípio da responsabilidade subsidiária e mitigada. 30 02/11/2012 6 B) OS ÉBRIOS HABITUAIS, OS VICIADOS EM TÓXICOS E OS DEFICIENTES MENTAIS DE DISCERNIMENTO REDUZIDO � Alcoólatras ou dipsômanos, toxicômanos e fracos da mente são considerados incapazes relativamente. � Usuários eventuais – efeito transitório: absolutamente incapazes (art. 3º, III). � Gradação da debilidade mental (fracos da mente): � Totalmente privado de discernimento – incapacidade absoluta (art. 3º, II) � Parcialmente privado de discernimento – incapacidade relativa. � Devem ser interditados e fixados os limites da curatela (arts. 1772 e 1.782). Esta pode se referir a atos que possam onerar ou desfalcar seu patrimônio. 31 C) EXCEPCIONAIS SEM DESENVOLVIMENTO MENTAL COMPLETO � Apenas os excepcionais semsem desenvolvimentodesenvolvimento mentalmental completocompleto são considerados relativamente incapazes. 32 Excepcional Deficiência mental Inteligência abaixo do normal Deficiência física Mutilação, deformação, paralisia etc. Deficiência sensorial Cegueira, surdez etc. D) PRÓDIGOS � É a pessoa que dissipa seu patrimônio desordenadamente, com risco de reduzir-se à miséria. � Desvio de personalidade e não estado de alienação mental. Se houver evolução poderá ser enquadrado como absolutamente incapaz (art. 3º, II). � Deve ser declarado pródigo através de sentença de interdição. � A curatela do pródigo (art. 1.767, V), pode ser promovida pelos pais ou tutores, pelo cônjuge ou companheiro (art. 226, §, 3º, CF), por qualquer parente e pelo MP (CC, arts. 1.768 e 1.769). 33 � A interdição interfere nos atos de disposição e oneração do seu patrimônio (CC, art. 1.782 c/c 171, I). � Não há limitações concernentes à pessoa do pródigo (pode votar, ser jurado, casar, etc.) 34 2.7.3 ÍNDIOS � CC 1916: silvícolas (habitantes das selvas). Eram considerados relativamente incapazes, submetidos ao regime tutelar especial que cessava à medida da adaptação à civilização. � CC de 2002: compatibilizou a linguagem com a CF (arts. 231 e 232). � Disciplinados pela legislação especial: Lei n. 6.001, de 19 de dezembro de 1973 (Estatuto do Índio). 35 � Sujeitos à tutela da União (Funai) até se adaptarem à civilização. � Nulos os atos jurídicos entre índio e pessoa estranha à comunidade sem a participação da Funai – absolutamente incapaz. � Válido o ato se demonstrada consciência e conhecimento do índio e tal ato não o prejudicar. � Tutela do índio é espécie de tutela estatal e fica no âmbito do direito administrativo. � A tutela independe de medida judicial (basta nascer em comunidade não integrada à civilização). É incapaz desde o nascimento. 36 02/11/2012 7 � Requisitos para aquisição de capacidade pelo índio (art. 9º, Lei n. 6.001/73): � Idade mínima de 21 anos � Conhecimento da língua portuguesa � Habilitação para o exercício de atividade útil à comunidade nacional � Razoável compreensão dos usos e costumes da comunidade nacional � Seja liberado por ato judicial, diretamente, ou por ato da Funai, homologado pelo órgão judicial. � Registro de nascimento: obrigatório se o índio for integradointegrado (art. 50, LRP). 37 � Classificação dos índios: �� IsoladosIsolados –– quando vivem em grupos desconhecidos �� EmEm viasvias dede integraçãointegração –– conservam condições de vida nativa, mas aceitam algumas práticas e modos de existência comuns ao demais setores da comunhão nacional. �� IntegradosIntegrados –– incorporados à comunhão nacional e reconhecidos no pleno exercício dos direitos civis, mesmo que conservem usos, costumes ecaracterísticas de sua cultura. 38 2.8 MODOS DE SUPRIMENTO DA INCAPACIDADE � Supre-se a incapacidade pela representação e pela assistência. � Os requisitos e efeitos da representação legal encontram-se nas normas respectivas (arts. 115 a 120). � Art. 1.634, V � Art. 1.690 � Art. 1.747, I � Art. 1.774 � Incapacidade absoluta: proibição total de exercício de direitos, sem representação, sob pena de nulidade (CC, art. 166, I). � Incapacidade relativa: proibição de exercício de direitos sem assistência, sob pena de anulabilidade (art. 171, I). 39 2.9 SISTEMA DE PROTEÇÃO AOS INCAPAZES � São protegidos por meio da representação e da assistência: segurança patrimonial. � Previstas outras medidas tutelares (arts. 119, 198, I, 588, 814, 181, 1.692 e 2.015). � Sendo o negócio jurídico validamente celebrado, observados os requisitos da representação e da assistência e autorização judicial, quando necessária, não se pode pretender anulá-lo. 40 2.10 CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE � Cessa a incapacidade desaparecendo os motivos determinantes. � Quando a causa for a menoridade, cessa pela maioridade e pela emancipação. A) MAIORIDADE: o Regra geral: começa aos 18 anos completos. o Exceção: leis especiais que exigem limite especial (capacidade eleitoral, capacidade militar, etc.). 41 B) EMANCIPAÇÃO � Consiste na antecipação da aquisição da capacidade de fato ou de exercício antes de aquisição da idade legal. � Art. 5º, § único prevê os motivos de cessação da incapacidade: � Concessão dos pais � Casamento � Exercício de emprego público efetivo � Colação de grau em curso de ensino superior � Estabelecimento civil ou comercial, relação de emprego 42 02/11/2012 8 Espécies de Emancipação Voluntária Concedida pelos pais se o menor tiver 16 anos completos Judicial Deferida por sentença, ouvido o tutor, com 16 anos completos Legal Casamento Exercício de emprego público efetivo Colação de grau Estabelecimento civil ou comercial ou relação de emprego 43 � Emancipações voluntária e judicial – registradas em livro próprio e antes do registro não produzirão efeito (LRP, art. 107, §1º, art. 91, § único). � Emancipação legal independe de registro e produzirá efeitos desde logo. 44 B.1) EMANCIPAÇÃO VOLUNTÁRIA � Concessão de ambos os pais. � Deve haver titularidade do poder familiar. � Não é um direito, mas um benefício. � Exige-se o instrumento público, independentemente de homologação judicial. � Os pais não podem retirar de seus ombros as responsabilidades: emancipações maliciosas. � É irrevogável, porém pode ser declarada sua invalidade (nulidade ou anulabilidade). 45 B.2) EMANCIPAÇÃO JUDICIAL � Depende de sentença do juiz. � Cabível ao menor sob tutela que já completou 16 anos de idade. � O tutor não pode emancipar o tutelado. � Procedimento de jurisdição voluntária (arts. 1.103 e ss. CPC) 46 B.3) EMANCIPAÇÃO LEGAL � Decorre de determinados acontecimentos especificados na lei: � Casamento: � Deve ser válido; � Se o vínculo é dissolvido não se retorna à condição de incapaz; � Casamento nulo não produz efeitos (art. 1.563); � Idade mínima 16 anos, coma autorização dos representantes legais (art. 1.517). � Exceção: gravidez (art. 1.520) � União estável: não é causa de emancipação. 47 � Exercício de emprego público efetivo: � Emprego deve ser efetivo. � Afastados interinos, contratados, diaristas, mensalistas, etc. � Colação de grau em curso de ensino superior: � Demonstra maturidade própria do menor. � Estabelecimento civil ou comercial, ou existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com 16 anos tenha economia própria: � Afasta-se a subordinação aos pais; � Hipótese rara � Capacidade do empresário: art. 972, CC c/c art. 5º, § único, V, CC. 48 02/11/2012 9 DIREITO CIVIL I UNIDADE 2. DAS PESSOAS (PARTE II) Roberta Siqueira49 2.11 EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL � A extinção da pessoa natural se dá com a morte – art. 6º, CC. � A morte pode ser conhecida como: � Morte real � Morte simultânea ou comoriência � Morte civil � Morte presumida 50 A) MORTE REAL � Art. 6º, CC. Ocorre com o diagnóstico de paralisação da atividade encefálica (art. 3º, Lei n. 9.434/97). � Extingue a capacidade. Em consequência, extingue o poder familiar, dissolve o vínculo matrimonial, a abertura da sucessão, a extinção dos contratos personalíssimos, etc. Sua prova se faz: � Atestado de óbito – art. 77 da Lei n. 6.015/73; ou � Ação declaratória de morte presumida, sem decretação de ausência (art. 7º, CC) � Justificação para assento de óbito (art. 88, Lei n. 6.015/73) – catástrofe sem encontrar o corpo do falecido. 51 B) MORTE SIMULTÂNEA OU COMORIÊNCIA � Art. 8º, CC. Modalidade de morte real. � Se duas ou mais pessoas falecem na mesma ocasião (não necessariamente no mesmo lugar), não se podendo averiguar qual delas morreu primeiro – incerteza invencível. � Presunção da simultaneidade da morte: presunção relativa (juris tantum) – pode ser elidida por laudo médico ou outra prova inequívoca de premoriência. � Efeito: não há transmissão de direitos sucessórios aos comorientes (um não herda do outro). Diagnóstico científico do momento da morte é feito por médico legista. 52 C) MORTE CIVIL � Idade Média e a Idade Moderna – condenados à penas perpétuas e aos religiosos (como profissão). � Privadas do direito civil e consideradas mortas para o mundo. Abolida das legislações. � Resquício no art. 1.816, CC: afasta o herdeiro excluído da herança por indignidade, como se fosse morto. 53 D) MORTE PRESUMIDA � A morte pode ser presumida em duas situações: COM ou SEM decretação de ausência. � COM Decretação de Ausência: � Ocorre para os declarados ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva (art. 6º, 2ª parte, CC). � Sucessão definitiva pode ser requerida: � depois de 10 anos da concessão da sucessão provisória (sentença) – art. 37, CC. � Provando-se que o ausente conta com 80 anos de idade e já fazem 5 anos das últimas notícias (art. 38, CC). 54 02/11/2012 10 � SEM Decretação de Ausência (art. 7º): � Perigo de vida; � Desaparecimento em ação militar e não reaparecimento em até 2 anos após final da guerra. � A LRP prevê um procedimento de justificação: destinado a suprir a falta de atestado de óbito (art. 88, Lei n. 6.015/73), em razão do corpo não ter sido encontrado. � Procedimento: arts. 861 a 866, CPC. Jurisdição voluntária. 55 2.12 INDIVIDUALIZAÇÃO DA PESSOA NATURAL � Os sujeitos das relações jurídicas devem ser perfeitamente identificados como titulares de direitos e deveres na ordem civil. Os principais elementos da individualização da pessoa naural são: � Nome � Estado � Domicílio 56 2.12.1 NOME � Designação ou sinal exterior pela qual a pessoa se identifica no seio da família e da sociedade. � Destacam-se um interesse público (disciplinado pela LRP) e um interesse individual (poder reconhecido de reprimir abusos cometidos por terceiros). � Protege-se o uso do nome através de ações: � Ação de retificação: proposta no interesse de preservação do nome verdadeiro � Ação de contestação: proposta para que terceiro não use o nome ou o exponha ao desprezo público. 57 A) PSEUDÔNIMO � O pseudônimo ou codinome é um nome fictício adotado, geralmente por artistas e escritores, diferente do nome civil verdadeiro (Allan Kardec - Hippolyte Léon Denizard Rivail; Cazuza - Agenor de Miranda Araújo Neto). � Goza da mesma proteção que se dá ao nome, desde que adotado para atividadesatividades lícitaslícitas: art. 19, CC. � Tutela do nome alcança o pseudônimo. 58 B) NATUREZA JURÍDICA DO NOME � Considera-se o nome um direito da personalidade (art.s 16a 19, CC). � Direito inerente à pessoa humana. � Existem outras teorias: da propriedade, da propriedade sui generis, a negativista, a do sinal distintivo revelador da personalidade. 59 C) ELEMENTOS DO NOME � O nome completo compõe-se de dois elementos (art. 16, CC): �� PrenomePrenome ou nome de batismo; �� SobrenomeSobrenome ou apelido familiar (patronímico, nome de família ou apenas nome). �� AgnomeAgnome:: sinal distintivo utilizado por pessoas da mesma família (Júnior, Neto, Sobrinho etc.) – art. 63 e § único da LRP. �� TítulosTítulos dede nobrezanobreza:: usados em alguns países (conde, comendador e outros), completam o nome da pessoa e servem para identificação. Por essa razão, integram o nome. �� PartículasPartículas de,de, do,do, da,da, didi:: integram também o nome. 60 02/11/2012 11 C.1) PRENOME � Nome próprio de cada pessoa e serve para distinguir os membros da própria família. 61 Prenome Simples (José, João) Composto Duplo (José Roberto, João Carlos) Triplo ou Quádruplo (Caroline Louise Marguerite) � Regra sobre a escolha do prenome: poderá ser livremente escolhido pelos pais, desde que não exponha o filho ao ridículo – art. 55, § único da Lei n. 6.015/73. � Exemplos Antônio Manso Pacífico de Oliveira Sossegado, Manuelina Terebentina Capitulina de Jesus do Amor Divino, Neide Navinda Navolta Pereira etc. � Regra também aplicada aos apelidos populares – art. 58 da LRP. 62 C.2) SOBRENOME � Sinal que identifica a procedência da pessoa, sua filiação ou estirpe. � Regra: inalterável (art. 56, LRP). Há exceções. � As pessoas já nascem com o sobrenome, herdado dos pais, não sendo escolhido – art. 55, LRP. � O sobrenome, faz parte, por lei, do nome completo. Pode ser lançado de ofício pelo escrivão. � Registro, com indicação do sobrenome, tem caráter meramente declaratório. Pode ser o do pai, o da mãe ou de ambos. 63 � Registro dos filhos fora do matrimônio – arts. 59 e 60 da LRP: em regra não pode ser lançado sem autorização do pai. � Reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável (art. 1.609, CC). Pode ser feito por escrito particular, público, perante o juiz ou por qualquer espécie de testamento. 64 D) IMUTABILIDADE DO NOME � A regra geral é a da imutabilidade do nome, somente podendo ser afastada em caso de necessidade comprovada, pois sua facilidade comprometeria os interesses sociais. � São previstas algumas exceções à imutabilidade: � Acréscimo do nome por apelidos públicos notórios – art. 58, LRP. Ex.: Luiz Inácio Lula da Silva, Maria da Graça Xuxa Meneghel. Podem inclusive substituir o prenome se quiserem. � Correção de evidente erro gráfico – art. 110, LRP. 65 � Que possa expor seu portador ao ridículo – art. 55, § único, LRP. Depende de procedimento de retificação de nome (art. 109, LRP). � Substituição do prenome ou do nome completo como medida de proteção à testemunha de crime que corre risco de vida (art. 58, § único, LRP). � Atribuição ao adotado do sobrenome do adotante (art. 47, §5º da Lei n. 8.069/90 – alteração pode ser do prenome e do sobrenome. � Adição intermediária de apelidos notórios ou de sobrenome materno, especialmente para evitar homonímia (art. 56 c/c 110, LRP) . � Inclusão do nome de família do padrasto ou madrasta, havendo motivo ponderável (art. 57, §8º, LRP). � Casamento (§1º do art. 1.565, CC): em caso de adoção do apelido do outro, não poderá suprimir seu próprio sobrenome. Reitera o princípio da igualdade dos cônjuges no casamento (arts. 5º, I, e 226, §5º, CF). 66 02/11/2012 12 � Renúncia pelo cônjuge, no divórcio, do nome de casado (art. 1.571, §2º, CC). Admite a conservação do nome como regra, e não como exceção. � Direito ao uso, pelo filho, do sobrenome do genitor ou genitora que o reconheceu (reconhecimento de filho). � Direito ao uso, pelo companheiro ou companheira, do patronímico de seu companheiro ou companheira (art. 57, §2º sem eficácia com o advento do art. 226, §3º, da CF). União estável é reconhecida como entidade familiar, portanto qualquer dos companheiros tem o direito de usar o sobrenome do outro. 67 � A jurisprudência tem admitido, ainda, as exceções: � Substituição do prenome oficial pelo prenome de uso (Cleonice por Cleo). � Tradução de nomes estrangeiros � Retificação do nome e do sexo de transexuais. Enunciado 276 do CJF: “ O art. 13 do CC, ao permitir a disposição do próprio corpo por exigência médica, autoriza as cirurgias de transgenitalização, em conformidade com os procedimentos estabelecidos pelo Conselho Federal de Medicina, e a consequente alteração do prenome e do sexo no Registro Civil”. � Exclusão do sobrenome paterno em virtude de abandono do filho pelo genitor. 68 DIREITO CIVIL I UNIDADE 2. DAS PESSOAS (PARTE III) Roberta Siqueira69 2.13.1 ESTADO � Soma das qualificações da pessoa na sociedade, hábeis a produzir efeitos jurídicos. � A doutrina em geral distingue três ordens de estado: � Estado individual – aspectos particulares da constituição orgânica da pessoa (homem, mulher, maioridade, menoridade – sexo, cor, altura). � Estado familiar – situação na família, em relação ao matrimônio (solteiro, casado, viúvo, divorciado) e ao parentesco (pai, filho, irmão etc.). � Estado político – qualidade que advém da posição do indivíduo na sociedade política, podendo ser nacional (nato ou naturalizado) ou estrangeiro (art. 12 da CF/88). 70 � Características do estado das pessoas: 71 Indivisibilidade • O estado é uno e indivisível • Ninguém pode ser casado e solteiro. • Exceção: dupla nacionalidade Indisponibilidade • Inalienável e irrenunciável • Pode ser alterado. Ex.: menor tornar-se maior Imprescritibilidade • Não se perde o estado pela prescrição • As ações de estado (interdição, separação judicial, divórcio, anulação de casamento etc., são imprescritíveis 2.14.1 DOMICÍLIO � É o local, livremente escolhido ou determinado pela lei, onde as pessoas possam ser encontradas para responder por suas obrigações. Local onde se estabelece a sede principal de residência e de negócios. � Previsto no CC, arts. 70 a 78 (pessoas naturais e jurídicas). � Elementos do conceito: � Elemento objetivo: residência, morada (art. 70). A residência é simples estado de fato, sendo o domicílio uma situação jurídica. � Elemento subjetivo: ânimo definitivo. Consiste na intenção de fixar-se no local de modo permanente. 72 02/11/2012 13 � Uma pessoa pode ter um só domicílio e mais de uma residência. � A pessoa pode ter mais de um domicílio (art. 71) – pluralidade domiciliar. � Pode haver o domicílio profissional (art. 72). � Pode haver domicílio sem possuir residência determinada ou em que esta seja de difícil identificação (art. 73) – domicílio aparente, ocasional ou presumido. � Perde-se o domicílio pela mudança, por determinação legal e pela vontade ou eleição das partes, nos contratos (CC, art. 78). 73 A) ESPÉCIES DE DOMICÍLIO � Quanto ao número ou quantidade: �� DomicílioDomicílio únicoúnico:: quando se tem apenas um domicílio, onde vive com sua família. �� DomicílioDomicílio plúrimoplúrimo:: quando a pessoa tem diversas residências, onde alternativamente vive (CC, art. 71). � Quanto à existência: �� RealReal:: é o da residência fixa. �� PresumidoPresumido:: são o domicílio das pessoas que não tem residência habitual (CC, art. 73). Seu domicílio é onde forem encontradas. 74 � Quanto à liberdade de escolha: �� NecessárioNecessário ouou legallegal:: é aquele determinado pela lei em razão da condição ou situação de certas pessoas. � Art. 76, CC � Art. 1.569, CC � Art. 77, CC �� DomicílioDomicílio voluntáriovoluntário:: Este pode ser subdividido em: �� DomicílioDomicílio voluntáriovoluntário geralgeralouou comumcomum: aquele que depende apenas da vontade do interessado (CC, art. 74). �� DomicílioDomicílio voluntáriovoluntário especialespecial:: pode ser o do contrato (art. 78, CC) e o de eleição (art. 111, CPC). 75 B) DOMICÍLIO DA PESSOA JURÍDICA � A pessoa jurídica de direito privado não tem residência, mas sede ou estabelecimento, que se prende a determinado lugar. � Trata-se de domicílio especial (CC, art. 75, IV) – será o local das atividades habituais, onde os credores podem demandar o cumprimento das obrigações. � Súmula 363, STF – domicílio da agência da prática do ato. � Art. 75, §1º - pluralidade de domicílio. Pode ser demandada no foro em que tiver praticado o ato (art. 100, IV, a e b, do CPC). 76 � As pessoas jurídicas de direito público interno tem por domicílio a sede de seu governo – art. 75. � Art. 99, I e II CPC – local de propositura das ações (CF, art. 109, §§1º a 4º). 77 2.15 ATOS DO REGISTRO CIVIL � Registro civil é a perpetuação, mediante anotação por agente autorizado (Oficial do Registro Civil das Pessoas Naturais), dos dados pessoais e dos fatos jurídicos de maior relevância na vida das pessoas. � Algumas funções podem ser exercidas por outras pessoas que não o oficial de registro: comandante de aeronaves pode lavrar certidão de nascimento e dos óbitos ocorridos a bordo (Código Brasileiro de Aeronáutica, art. 173) e autoridades consulares (LINDB, art. 18). 78 02/11/2012 14 � Justificativa: autenticidade, segurança e eficácia. � CC, arts. 9º e 10 e Lei n. 6.015, de 31 de dezembro de 1973. � Atos sujeitos a registro: art. 9º, CC. � Pessoas obrigadas a declarar o nascimento – art. 52, LRP � Atos que devem ser averbados: art. 10, CC. 79 2.16 DIREITOS DA PERSONALIDADE � Arts. 11 ao 21, CC. � Direitos que não são economicamente apreciáveis, mas valiosos e merecedores de proteção jurídica. � Inerentes à pessoa humana e ligados a ela de maneira perpétua e permanente. � Grande avanço trazido com a CF/88 em seu art. 5º, X, que diz: “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”. 80 � São direitos subjetivos que têm por objeto os bens e valores essenciais da pessoa, no seu aspecto físico, moral e intelectual (Francisco Amaral). � Espécies: � Podem ser subdivididos em duas categorias: �� A)A) InatosInatos –– são prerrogativas individuais reconhecidas pelas legislações modernas e jurisprudência. Ex: direito à vida e à integridade física e moral; �� B)B) AdquiridosAdquiridos –– decorrem do status individual e existem na extensão da disciplina que lhes foi conferida pelo direito positivo, como o direito autoral. 81 A) CARACTERÍSTICAS � Art. 11 � Intransmissíveis e irrenunciáveis – levam à indisponibilidade dos direitos da personalidade. � Não podem ser transmitidos a terceiros, renunciados ou abandonados, pois nascem e se extinguem com seus titulares. � Alguns atributos da personalidade, admitem a cessão de seu uso, como a imagem. Portanto a indisponibilidadeindisponibilidade éé relativarelativa. Nesse sentido está o Enunciado 4 da I Jornada de Direito Civil: “ O exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que não seja permanente nem geral”. 82 � Apesar dos direitos da personalidade serem intransmissíveis, a PRETENSÃO ou direito de exigir sua reparação pecuniária, em caso de ofensa, transmite-se aos seus sucessores (art. 943, CC). � Absolutos – são oponíveis erga omnes. Devem ser respeitados por todos. � Ilimitados – rol meramente exemplificativo nos arts. 11 a 21. Ex.: direito a alimentos, ao planejamento familiar, ao leite materno, à velhice digna, à liberdade de pensamente etc. � Imprescritíveis – não se extinguem pelo uso ou decurso de tempo, nem pela inércia na pretensão de defendê-los. � ATENÇÃO: o dano moral (pretensão à reparação de um direito da personalidade) está sujeita aos prazos prescricionais estabelecidos em lei, por ter caráter patrimonial. 83 � Impenhoráveis – não podem ser penhorados (venda forçada para satisfazer o crédito do exequente). � ATENÇÃO: indisponibilidade não é absoluta, portanto, os reflexos patrimoniais dos referidos direitos podem ser penhorados. � Não podem ser desapropriados – não podem ser retirados da pessoa contra sua vontade, nem seu exercício sofrer limitação voluntária (art. 11) – os inatos. � Vitalícios – os direitos da personalidade inatos são adquiridos no instante da concepção e acompanham a pessoa até sua morte. Mesmo após a morte são resguardados (respeito ao morto, à sua honra ou memória e ao seu direito moral de autor) – art. 12, § único, CC. 84 02/11/2012 15 B) PROTEÇÃO AOS DIREITOS DA PERSONALIDADE � Disciplinado pelo CC, no Livro I, do Capítulo II, da Parte Geral do CC, nos arts. 11 ao 21: � Atos de disposição do próprio corpo (arts. 13 e 14); � Direito à não submissão a tratamento médico de risco (art. 15); � Direito ao nome e ao pseudônimo (arts. 16 a 19); � Proteção à palavra e à imagem (art. 20); � Proteção à intimidade (art. 21). � A CF/88 já havia redimensionado a noção de respeito à dignidade da pessoa humana, no art. 1º, III e assegurado sua inviolabilidade no art. 5º, X. 85 B.1) ATOS DE DISPOSIÇÃO DO PRÓPRIO CORPO � Arts. 13 e 14 � Direito à vida deve ser entendido como direito ao respeito à vida do próprio titular e de todos. � A proteção jurídica da vida humana e da integridade física (compreende a vida, o próprio corpo vivo ou morto, quer na sua totalidade, quer em relação a tecidos, órgãos e partes suscetíveis de separação e individualização, quer ainda ao direito de alguém submeter-se ou não a exame e tratamento médico) tem como objetivo primordial a preservação desses bens jurídicos, que merecem tríplice proteção: � CF/88 – arts. 1º, III, e 5º, III � CC – arts. 12 a 15, 186 e 948 a 951 � Código Penal – arts. 121 a 129 (homicídio, induzimento, instigação ou auxílio a suicídio, infanticídio, aborto e lesões corporais) 86 � Permissão de transplantes – art. 13 c/c Lei n. 9.434, de 4 de fevereiro de 1997. � Art. 9º da lei – disposição gratuita do corpo vivo em caso de órgão duplos (rins), partes regeneráveis de órgão (fígado) ou tecido (pelo, medula óssea). � Em vida a doação é livre – pode ser escolhido o beneficiário do transplante, desde que seja parente. Ministério Público deve ser informado (Decreto n. 2.668/97, art. 20 e 25). � Disposição post mortem do próprio corpo – art. 14, CC e arts. 3º ao 9º Lei n. 9.434/97. � Precedida de diagnóstico de morte encefálica (art. 3º da lei). � Princípio do consenso afirmativo – manifestação da vontade de doar, que pode ser revogada a qualquer momento (arts. 4º a 6º). � Comercialização é expressamente vedada pela CF (art. 199, § 4º). 87 � Cirurgia para adequação de sexo em transexuais – é considerada lícita pela Resolução n. 1.482/97 do Conselho Federal de Medicina. � Fundamento legal autorizador da mudança do sexo jurídico de transexual está no art. 5º, X. � Enunciado 276 CJF na IV Jornada de Direito Civil: “O art. 13 do Código Civil, ao permitir a disposição do próprio corpo por exigência médica, autoriza as cirurgias de transgenitalização, em conformidade com os procedimentos estabelecidos pelo Conselho Federal de Medicina, e a consequente alteração do prenome e do sexo no Registro Civil”. 88 B.2) TRATAMENTO MÉDICO DE RISCO � Art. 15. � Nos casos mais graves, os médicos não podem atuar sem prévia autorização do paciente. Justificativa: proteger a inviolabilidade do corpo humano. � Dever de informar do médico – princípios da transparência (art. 4º, CDC) e do dever de informar (art. 6º, III, c/c art. 31, CDC) 89 � Impossibilidade de autorização – autorização suprida por parente maior, da linhareta ou colateral até o 2º grau, ou do cônjuge (analogia do art. 4º, Lei n. 9.434/97). �� ExceçãoExceção:: dispensa-se a autorização em caso de emergência que exija pronta intervenção médica. Não será considerado constrangimento ilegal (art. 146, §3º, I, CP). � Responsabilidade haverá se a conduta resultar de imperícia. � Transfusão de sangue: Resolução 1.021/80 do Conselho Federal de Medicina e arts. 46 a 56 do Código de Ética Médica – quando houver iminente perigo de vida e não houver outros meios de salvar a vida do doente. 90 02/11/2012 16 B.3) DIREITO AO NOME � Arts 16 a 19 � Espécie dos direitos da personalidade, pertencente ao gênero do direito à integridade moral. � Caráter absoluto e efeito erga omnes. 91 B.4) PROTEÇÃO À PALAVRA E Á IMAGEM � Art. 20. � A proteção à transmissão da palavra abrange a tutela da voz, conforme dispõe o art. 5º, XXVIII, a, da CF. � Imagem – art. 5º, X da CF. A reprodução da imagem é emanação da própria pessoa e somente ela pode autorizá-la. � A parte lesada pelo uso não autorizado pode obter ordem judicial interditando esse uso e condenando o infrator a reparar os prejuízos causados. 92 B.5) PROTEÇÃO À INTIMIDADE � Art. 21 � Todos os aspectos da intimidade são protegidos, concedendo ao prejudicado a prerrogativa de pleitear que cesse o ato abusivo ou ilegal. � Caso o dano já tenha ocorrido, o direito à indenização é assegurado expressamente pelo art. 5º, X, da CF. � Visa resguardar o direito das pessoas de intromissões indevidas em seu lar, em sua família, em sua correspondência etc. 93 2.17 DAS PESSOAS JURÍDICAS � Arts. 40 a 69, CC. � “Conjunto de pessoas ou de bens dotado de personalidade jurídica própria e constituído na forma da lei para consecução de fins comuns” (GONÇALVES, 2012, p. 183). � Entidades dotadas de personalidade, sendo capazes de serem sujeitos de direitos e obrigações. 94 A) CARACTERÍSTICAS � Personalidade diversa da dos indivíduos que a compõem (CC, art. 50 e art. 1.024). � Distinção entre patrimônio da entidade e de seus criadores. � Personalidade diversa dá autonomia: � Patrimonial � Negocial � Processual 95 B) NATUREZA JURÍDICA � As teorias que tentam explicar a natureza jurídica das pessoas jurídicas são divididas em dois grandes grupos: � Negativistas: negam a existência da pessoa jurídica, não aceitando que a união de pessoas possa ter personalidade própria, diversa da de seus membros. � Afirmativistas: atribuem personalidade diversa à união de pessoas , dos membros que a compõem. 96 02/11/2012 17 Teorias Afirmativistas Teorias da Ficção Ficção legal Ficção doutrinária Teorias da Realidade Realidade objetiva ou orgânica Realidade jurídica ou institucionalista Realidade técnica 97 98 � Teoria da ficção legal – a pessoa jurídica seria uma ficção da lei, uma criação artificial, pois somente a pessoa natural pode ser sujeito da relação jurídica e titular de direitos subjetivos (Savigny). � Teoria da ficção doutrinária – a pessoa jurídica não teria existência real, mas apenas intelectual, na inteligência dos juristas, sendo mera ficção doutrinária (Vareilles-Sommières). � Teoria da realidade objetiva ou orgânica – a pessoa jurídica seria uma realidade sociológica, com vida própria, que nasce por imposição das forças sociais (Gierke e Zitelmann). A vontade poderia criar organismos. Não esclarece como os grupos sociais adquirem personalidade. 99 � Teoria da realidade jurídica ou institucionalista – as pessoas jurídicas são tidas como organizações sociais, instituições, destinadas a um serviço ou ofício. Parte das relações sociais e não da vontade humana, que realizam uma ideia socialmente útil. Não responde a questão sobre as associações que se organizam sem a finalidade de prestar um serviço, por exemplo (Hauriou). � Teoria da realidade técnica – a personalidade atribuída às pessoas jurídicas é uma forma encontrada pelo direito para reconhecer a existência de grupos de indivíduos que se unem na busca de fins determinados. A personalidade é um atributo, conferido pelo Estado a certas entidades que observam certos e determinados requisitos por ele estabelecidos. A crítica é de ser positivista e desvinculada de pressupostos materiais. Adotada pelo direito brasileiro (art. 45, CC). C) REQUISITOS PARA CONSTITUIÇÃO � Em geral são três os requisitos para a constituição das pessoas jurídicas: I. Vontade humana criadora – affectio societatis. II. Observância das condições legais: I.I. ElaboraçãoElaboração dodo atoato constitutivoconstitutivo:: o instrumento utilizado pode ser um estatuto (associações) ou um contrato social (sociedades), além da escritura pública ou testamento no caso de fundações (CC, art. 62). II.II. RegistroRegistro dodo atoato constitutivoconstitutivo (CC,(CC, artart.. 4545)):: exige-se o registro para existência legal. Antes dela tem-se a forma irregular da pessoa jurídica. III. Licitude do objeto –– o objeto da pessoa jurídica, além de ser lícito, deve ser também determinado e possível. I. Sociedades – objeto: lucro II. Fundações – objeto: religiosos, moral, cultural ou de assistência (art. 62, § único, CC) III. Associações – objeto: cultural, educacional, esportivo, religiosa, filantrópico, recreativo, moral etc. 100 D) COMEÇO DA EXISTÊNCIA LEGAL � A vontade criadora das pessoas jurídicas se materializa através da elaboração do ato constitutivo, que pode ser um contrato social ou estatuto, conforme o fim da pessoa jurídica (art. 981, CC). � Regra geral: a declaração de vontade pode ser dada de forma pública ou particular (CC, art. 997). � Exceção: fundações – só podem ser criadas por escritura pública ou testamento (CC, art. 62). � Certas pessoas jurídicas dependem de autorização para funcionar, em razão do interesse coletivo preponderante. Ex.: empresas estrangeiras, agências ou estabelecimentos de seguros, caixas econômicas, cooperativas, instituições financeiras etc. (CF, arts. 21, XII, b; 192, I, II, IV; 176, §1º, e 223). 101 102 � Registro do ato constitutivo: art. 45, CC. Órgão competente para Registro Junta Comercial Sociedades Empresárias (art. 1.150, CC) Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas Demais pessoas jurídicas de direito privado (arts. 1.150, CC e 114 e s. LRP) Ordem dos Advogados do Brasil - Exceção Sociedade de Advogados (EOAB, arts. 15 e 16, § 3º) 02/11/2012 18 103 � O registro no órgão competente serve de prova, pois tem natureza constitutiva. � A capacidade adquirida com o registro estende-se a todos os campos do direito, não se limitando à esfera patrimonial (art. 52, CC). E) SOCIEDADES IRREGULARES OU DE FATO � São aquelas que não registraram seus atos constitutivos. Não tem personalidade jurídica, ou seja, é uma mera relação contratual. � Disciplinadas pelo Direito de Empresas, art. 986 e ss. � No que se refere à sua responsabilidade patrimonial, aplicam-se as regras dos arts. 990 e 1.024 do CC. 104 F) CLASSIFICAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA � Quanto à sua nacionalidade: � Nacional � Estrangeira � Quanto à sua estrutura interna: � Corporação � Associação � Sociedade � Simples � Empresária � Fundação � Pública � Particular 105 � Quanto à sua função ou órbita de sua atuação (art. 44 e s., CC): � De Direito Público � De direito público externo (art. 42) � Diversas nações � Organismos internacionais (ONU, OEA etc.) � De direito público interno (art. 41) � Da Administração direta: União, Estados, Distrito Federal, municípios � Da Administração indireta: autarquias, fundações públicas etc. � De Direito Privado (art. 44) � Corporação � Fundação 106 f.1) Quanto à sua nacionalidade: � Nacional: organizada de conformidade com a lei brasileira e que tenha no paísa sede de sua administração (CC, art. 1.126; CF, art. 176, §1º e 222); � Estrangeira: aquela que não pode funcionar no país, sem autorização do Poder Executivo (CC, art. 1.134). 107 f.2) Quanto à sua estrutura interna: � Corporação (universitas personarum): Conjunto de pessoas reunidas para consecução de um objetivo comum. Pode ser: � Associação: arts. 53 a 61 do CC. � Pessoas jurídicas de direito privado constituídas de pessoas que reúnem seus esforços para a realização de fins não lucrativos, mas religiosos, morais, culturais, assistenciais, desportivos ou recreativos (art. 53). � Não visam lucro � Requisitos para elaboração dos estatutos: art. 54, CC � Exclusão de associado: art. 57, CC; art. 5º, XX, CF/88 (retirada dos associados) � Destituição dos administradores e alteração dos estatutos: art. 59, CC � Intransmissibilidade da qualidade de associado: art. 56 � Destino dos bens em caso de dissolução: art. 61, CC 108 02/11/2012 19 � Sociedades (art. 981 e s.) • São pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Podem ser: � Simples: desenvolvem atividades não empresárias (art. 982) � Empresárias: atividade econômica típica de empresário (art. 966, CC). Pode assumir as seguintes formas: � Sociedade em Nome Coletivo � Sociedade em Comandita Simples � Sociedade em Comandita por Ações � Sociedade Limitada � Sociedade Anônima 109 � Fundação (universitas bonorum): arts. 62 a 69. • Compõem-se de um patrimônio personalizado e destinado a determinado fim. • Elementos: patrimônio e o fim (não pode ser lucrativo). • Podem ser particulares (art. 62) ou públicas (instituídas pelo Estado, pertencendo os seus bens ao patrimônio público, com destinação especial, regendo-se por normas próprias de direito administrativo). • Constituição formada de quatro fases: 1. Ato de dotação: reserva ou destinação de bens livres, por ato inter vivos (escritura pública) ou causa mortis (testamento) – art. 62. 2. Elaboração do estatuto: pode ser pelo próprio instituidor ou por pessoa de sua confiança (art. 65). 3. Aprovação do Estatuto: art. 65 e 66. 4. Registro: art. 45, CC e 46. 110 � Fiscalização: MP (art. 66, caput). � Alteração no estatuto: requisitos exigidos pelo art. 67. � Inalienabilidade dos bens: os bens são inalienáveis em regra. Porém comprovada a necessidade, poderá ser autorizada pelo juiz competente. Venda sem autorização: nula. � Extinção: art. 69, CC. � Destino do patrimônio: previsto pelo instituidor ou regra do art. 69. 111 f.3) Quanto à função exercida: � De Direito Privado (art. 44) e de Direito Público (art. 41 e 42) � Organizações Religiosas: � Art. 44, IV e §1º. � Não são associações em sentido estrito – definição legal do art. 53 não se enquadra. � Não são sociedades – não se enquadram da definição do art. 981. � Poderiam se enquadrar na definição de fundação (art. 62), entretanto, as normas, inviabilizam, para as organizações religiosas sua instituição. � Tem fins pastorais e evangélicos. � Aplicam-se as normas referentes às associações, mas apenas naquilo que for compatível 112 � Partidos Políticos: � Art. 44, V � Têm natureza própria. � Seus fins são políticos (não se caracteriza pelo fim econômico). � Regidos pela Lei n. 9.096/95, que regulamenta os arts. 14, §3º, V, e 17 da CF/88. � Eirelis: � Art. 44, VI (Lei n. 12.441, de 11-07-2011). � Natureza de pessoa jurídica que desenvolve atividade econômica empresária (art. 980-A). � Fins econômicos. 113 G) DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA o Pessoas jurídicas tem autonomia patrimonial. o Se forem utilizadas como instrumento para a prática de fraudes e abusos de direito contra credores, a lei pode retirar-lhes essa autonomia, como uma espécie de penalidade, para que faça bom uso da pessoa jurídica. o Chamada de disregard of legal entity no direito anglo- americano. o No direito brasileiro é adotada: o CDC (Lei n. 8.078, de 11.9.1990), art. 28 e seus parágrafos; o Atividades lesivas ao meio ambiente (Lei n. 9.605, de 12.2.1998), art. 4º; o Art. 50, CC 114 02/11/2012 20 � A teoria é subdividida em outras duas: � Teoria maior: que pode, por sua vez, se subdividida em: � Teoria maior objetiva: será desconsiderada a personalidade jurídica quando houver confusão patrimonial. Adotada pela doutrina brasileira. � Teoria maior subjetiva: É pressuposto da desconsideração, nesse caso, o desvio de finalidade e de fraude. De difícil prova. � Teoria menor: considera o simples prejuízo do credor motivo de desconsideração da personalidade jurídica. Adotada pelo CDC e pela Lei de atividades lesivas ao meio ambiente. 115 � Desconsideração inversa: afastado o princípio da autonomia patrimonial da pessoa jurídica para responsabilizar a sociedade por obrigação do sócio. Ex.: relações conjugais e de uniões estáveis. � Desconsideração Despersonalização. 116 H) RESPONSABILIDADE DA PESSOA JURÍDICA o A responsabilidade por danos em geral pode ser penal,penal, civilcivil ouou administrativaadministrativa.. o A responsabilidade penal é inovação em nosso ordenamento (Lei n. 9.605/1998), que trata dos crimes ambientais e responsabiliza a pessoa jurídica de forma administrativa, civil e penal (art. 3º). o As penas aplicáveis são: multa, restritivas de direitos e prestação de serviços à comunidade (art. 21). 117 o Responsabilidade das pessoas jurídicas de direito privado: � Contratual: desde que se tornem inadimplentes, respondem por perdas e danos (CC, art. 389); tem responsabilidade objetiva por fato e vício do produto e do serviço (CDC, arts. 12 a 25). � Extracontratual: as pessoas jurídicas de direito privado respondem civilmente pelos atos de seus prepostos, tenham ou não fins lucrativos (CC, arts. 186 e 932, III). 118 o Responsabilidade da pessoas jurídicas de direito Público: � Por atos praticados por seus agentes, tem responsabilidaderesponsabilidade objetivaobjetiva, sob a modalidade do risco administrativo. � A vítima não precisa provar culpa ou dolo do agente público, mas, sim, oo danodano ee oo nexonexo causalcausal. � Admite-se a inversão do ônus da prova. � O Estado não irá indenizar se provar culpa exclusiva da vítima, força maior e fato exclusivo de terceiro. � Em caso de culpa concorrente da vítima, a indenização será reduzida pela metade (CF, art. 37, § 6º; CC, art. 43). 119 I) EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA o As pessoas jurídicas nascem, desenvolvem-se, modificam-se e extinguem-se. o O começo da existência legal das pessoas jurídicas de direito privado se dá com o registro do ato constitutivo no órgão competente (CC, art. 45). o O término da existência pode decorrer de diversas causas, especificadas nos arts. 54, VI, segunda parte, 69, 1.028, II , 1.033 e s. 120 02/11/2012 21 o Formas de dissolução: o Convencional: por deliberação de seus membros, conforme quorum previsto nos estatutos ou na lei. o Legal: em razão de motivo determinante na lei (CC, art. 1.034). o Administrativa: quando as pessoas jurídicas dependem de autorização do Governo e praticam atos nocivos ou contrários aos seus fins. o Natural: resulta da morte de seus membros, se não ficou estabelecido que prosseguirá com os herdeiros. o Judicial: quando se configura algum dos casos previstos em lei ou no estatuto e a sociedade continua a existir, obrigando os sócios a entrar em juízo. 121 o Extinção: � A extinção da pessoa jurídica ocorre pela dissolução e pela liquidação, que se refere ao levantamento do patrimônio e pagamento das dívidas e partilha das sobras entre os sócios (ou dos prejuízos). � Art. 51, CC. � Cancelamento da inscrição só se dá após encerrada sua liquidação (art. 51, §3º). 122
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