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1ª AULA TEORIA GERAL DO DIREITO NOTARIAL RESUMO

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INTRODUÇÃO
PREVISÃO CONSTITUCIONAL DOS REGISTROS PÚBLICOS. Art. 236, CF. 
Art. 236 - Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público. (Lei 8935/94 – Lei dos Serviços Notariais e de Registro). 
§ 1º - Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e criminal dos notários, dos oficiais de registro e de seus prepostos, e definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário. 
§ 2º - Lei federal estabelecerá normas gerais para fixação de emolumentos relativos aos atos praticados pelos serviços notariais e de registro. (Lei 10.169/2000)
§ 3º - O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público de provas e títulos, não se permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso de provimento ou de remoção, por mais de seis meses.
Lei 6.015/73 – Lei dos Registros Públicos.
Para podemos iniciar o estudo do direito notarial e de registro é indispensável que comecemos fazendo a integração do seu conteúdo com a Constituição Federal. A previsão constitucional do direito notarial e de registros públicos se dá pelo art. 236 e seus parágrafos 1º, 2º e 3º. 
A norma contida no art. 236 de eficácia limitada, tendo em vista que prevê em seu texto que a sua regulamentação deverá ser feita por lei própria, de âmbito federal e estadual. As leis que regulamentaram a atividade notarial e de registro foram a Lei 8.935 de 1994, a Lei 10.169 de 2000, e a Lei 6.015 de 1973 que teve seu texto recepcionado pela CF/88. 
A Lei 8935/94, trouxe a própria regulamentação do artigo 236 da Constituição Federal, indicando as regras gerais para os serviços notariais e de Registro. 
A Lei Federal 10.169/2000 trata de estabelecer normas gerais relativas à fixação de valores e cobrança pelos serviços realizados, portanto, regulamentou o §2º do art. 236 da CF/88. Traz o regramento geral, deixando para as leis estaduais a indicação das regras específicas. 
Já a lei 6.015/73, foi recepcionada pela CF/88, já que seu texto, que regulamenta os serviços de registros públicos era plenamente compatível e constitucional. 
SERVIÇOS NOTARIAIS E DE REGISTROS. 1.1 Natureza e espécie. 
Cartórios x Serviços notariais e registrais.
A partir da CF/88 deixa-se de lado a nomenclatura cartórios, pois a mesma não foi contemplada no texto constitucional, tendo sido indicada a nomenclatura constitucional Serviços Notariais e Registrais.
Serviço de caráter privado não hereditário
A partir da leitura simples do art. 236, caput, percebe-se que o exercício dos serviços notariais e de registro se dará em caráter privado, por delegação do poder público. Uma mudança perceptível também a partir do at. 236 é que o serviço deixou de ter provimento hereditário, pois havendo vacância no cargo este deverá ser provido por concurso público no prazo máximo de 6 meses.
Natureza jurídica. 
Conforme o entendimento do STF, os serviços notariais e de registro tem natureza jurídica de direito público. Quanto aos seus aspectos privados, restringem-se ao mero exercício da atividade que se dá por delegação de serviço público.
O STF na ADIn 2602/2002, que tratava sobre a aposentadoria compulsória por idade dos Notários e Registradores, deixou claro seu entendimento sobre a natureza jurídica dos serviços notariais concluindo pelo seu caráter público, ressalvando seu exercício em caráter privado. 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. PROVIMENTO N. 055/2001 DO CORREGEDOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS. NOTÁRIOS E REGISTRADORES. REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS. INAPLICABILIDADE. EMENDA CONSTITUCIONAL N. 20/98. EXERCÍCIO DE ATIVIDADE EM CARÁTER PRIVADO POR DELEGAÇÃO DO PODER PÚBLICO. INAPLICABILIDADE DA APOSENTADORIA COMPULSÓRIA AOS SETENTA ANOS. INCONSTITUCIONALIDADE. 1. O artigo 40, § 1º, inciso II, da Constituição do Brasil, na redação que lhe foi conferida pela EC 20/98, está restrito aos cargos efetivos da União, dos Estados-membros , do Distrito Federal e dos Municípios --- incluídas as autarquias e fundações. 2. Os serviços de registros públicos, cartorários e notariais são exercidos em caráter privado por delegação do Poder Público --- serviço público não-privativo. 3. Os notários e os registradores exercem atividade estatal, entretanto não são titulares de cargo público efetivo, tampouco ocupam cargo público. Não são servidores públicos, não lhes alcançando a compulsoriedade imposta pelo mencionado artigo 40 da CB/88 --- aposentadoria compulsória aos setenta anos de idade. 4. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente.
(STF - ADI: 2602 MG , Relator: JOAQUIM BARBOSA, Data de Julgamento: 23/11/2005, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJ 31-03-2006 PP-00006 EMENT VOL-02227-01 PP-00056) 
Já a natureza jurídica das custas ficaram bem claras após a conclusão do STF, no sentido de tratar-se de taxa, modalidade de tributo. 
QUESTÕES
(MARANHÃO 2008) Quanto à natureza de fins das atividades notariais e registrais, responda:
Notário ou tabelião, e oficial de registro, ou registrador, são profissionais da administração pública, dotados de fé pública, a quem é delegado o exercício da atividade notarial e de registro. 
Os serviços notariais e de registro serão prestados, de modo eficiente e adequado, em dias e horários convenientes ao atendimento público e de acordo comas peculiaridades locais, em local de fácil acesso ao público e que ofereça segurança para o arquivamento de livros e documentos. 
O serviço de registro civil das pessoas naturais será prestado, também, nos sábados, domingos e feriados pelo sistema de plantão.
Serviços notariais e de registro são os de organização técnica e administrativa destinados a garantir a publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos.
As alternativas II e IV estão corretas.
As alternativas I e III estão corretas.
As alternativas I e II estão corretas.
As alternativas III e IV estão corretas. 
COMENTÁRIOS:
O Item I está incorreto, pois no art. 3º da Lei 8935/94, prevê expressamente que os notários e registradores são profissionais do direito e não profissionais da administração pública.
O item II está incorreto, pois conforme o art. 4º da Lei 8935/94 os serviços notariais e de registro serão realizados em dias e horários estabelecidos pelo juízo competente.
O item III está correto, pois previsto expressamente no art. 4º da Lei 8935/94.
O item IV está correto conforme previsão expressa do art. 1º da Lei 8935. 
(Questão Oral – 6º Concurso – São Paulo). QUAL A NATUREZA JURÍDICA DOS NOTÁRIOS E REGISTRADORES?
Resposta. O STF entendeu, manifestando-se através da ADIn 2602/2002 que tratava sobre a aposentadoria dos notários e registradores que o serviço prestado por notários e registradores era de natureza pública, entretanto exercido em caráter privado por delegação do poder público. Portanto, conclui-se que a natureza jurídica dos notários e registradores consiste em bacharéis em direito a quem são delegadas atividades notariais e registrais. 
Delegação do poder público
A própria constituição federal no caput do art. 236 define a natureza da função do titular do serviço notarial ou de registro, que exercerá suas funções por delegação. Sabe-se que a delegação consiste na transferência de atribuições de um órgão a outro. É por isso que considera-se o titular do serviço notarial ou de registro um delegado do poder público. 
Por isso entende-se que o titular do serviço notarial ou de registro não exerce nem detém cargo público, mas exerce função pública por delegação. 
Espécies dos serviços notariais e registrais
A primeira atividade de registros públicos previstas na constituição federal é atividade notarial que é realizada pelo tabelião de notas. Ao lado da atividade notarial surge a atividade registral que é praticada pelo oficial do registro.
Portanto pode-se identificar duas espécies de registros públicos: a atividade Notarial e a atividade Registral. 
A atividade notarial tem por finalidade maior a formalização da manifestação de vontade do serhumano. Se desenvolve com base nesta vontade e consiste em dar autenticidade (dar fé) aos atos praticados pelos seres humanos, através de sua declaração de vontade. De forma alguma a atividade notarial visa constituir direitos ou extinguir direitos, mas tão somente declarar as vontades manifestadas pelo ser humano.
A atividade registral não tem por finalidade praticar atos da vontade humana, mas pelo contrario tem por finalidade criar, extinguir, modificar ou declarar direitos. 
Notários ou registradores são necessariamente profissionais do direito, dotados de fé pública, que exercem a função por delegação da atividade notarial ou de registro. 
Por previsão expressa do art. 5º da Lei 8935/1994, pode-se distinguir com clareza os tipos de titulares de serviços notariais e registrais:
	Notários
	Registradores
	Tabeliães de notas
	Oficiais de registro de imóveis
	Tabeliães de registro de contratos marítimos
	Oficiais de registro de títulos e documentos civis das pessoas jurídicas. 
	Tabeliães de protestos de títulos
	Oficiais de registro civil das pessoas naturais e de interdições e tutelas
	
	Oficiais de registro de distribuição. 
TEORIA GERAL DOS ATOS NOTARIAIS. 2.1 Princípios. 2.2 Espécies. 2.3 Objeto. 2.4 Finalidade. 2.5 Função. 2.6 Fé pública notarial. 2.7 Delegações e aspecto institucional dos serviços notariais.
PRINCÍPIOS.
Como todo ramo do direito o direito notarial é regido em sua origem por princípios norteadores. Tais princípios são a gênesis da própria norma e como sua fonte devem ser respeitados. 
Em decorrência da natureza pública e do exercício privado o tabelião está sujeito aos princípios da administração pública e também aos princípios de direito privado. É sujeito aos princípios da administração em decorrência de sua caracterização como ente estatal, e sujeito aos princípios do direito privado em decorrência de atuar como agente de serviços particulares. 
Podemos classificar os princípios notariais em típicos ou atípicos. Típicos são os princípios decorrentes da natureza da atividade notarial e atípicos são os princípios decorrentes de outras áreas. 
Princípios típicos
Segurança Jurídica – comum à atividade notarial e registral, o princípio da segurança jurídica tem por finalidade garantir às partes a concretização e a intangibilidade de seus direitos. Assim, conclui-se que a segurança jurídica, na verdade, é a essência do serviço notarial e registral, pois seus atos existem para garantir a segurança jurídica dos negócios realizados pelas partes. 
Economia – a atuação notarial deverá sempre buscar a opção mais econômica para as partes, sendo dever do notário a busca pela forma pública mais econômica, tanto para os custos dos atos notariais como também quanto aos aspectos tributários. 
Forma – qualquer ato ou fato jurídico para ser válido depende de forma prevista ou não proibida na lei. Desta forma, no direito notarial deverá ser observada a forma prevista na lei para cada ato a ser registrado. Respeitada a forma o ato notarial realizado goza de presunção júris tantum, garantindo-se a segurança jurídica buscada pelo serviço notarial.
Imediação - pelo princípio da imediação o notário, próximo das partes, compreende a vontade delas e pode então oferecer os instrumentos adequados para registrar devidamente a sua vontade. Todos os atos notariais deverão ser lavrados perante o tabelião, que elaborará, reescreverá, e promoverá o ato tantas vezes seja necessário para exprimir de forma mais fidedigna possível a vontade das partes. O princípio da imediação já significou proximidade física entre os notários e as partes, entretanto, diante dos meios eletrônicos de comunicação a presença do notário poderá ser realizada pelo telefone, por email, ou até mesmo por site na internet. O tabelião também poderá se fazer representar por prepostos (art. 20, Lei 8.935/94), nos limites em que for autorizado. 
Rogação ou Instância – o serviço notarial depende de um pedido para ser realizado. O tabelião não age de ofício, dependendo de provocação pelas partes. O pedido pode ser verbal, mas nos casos mais complexos deverá ser escrita. 
Consentimento – não se admite ato notarial sem consentimento, devendo ser exigida a assinatura do ato por aquele que o requer. A assinatura deve ser aposta ao final do texto do ato notarial para identificar o consentimento. Uma exceção pode ser mencionada, no caso de registro de atas notariais, a parte pode se recusar a assinar seu consentimento, o que será mencionado pelo tabelião em seu texto, declarando-se a recusa e o motivo, e por fim assinar a ata. 
Unidade formal do ato – o ato notarial deve manter uma unidade de contexto, de tempo e de lugar. Esta unidade do ato, atualmente se dá de forma mitigada, a preservar o interesse real das partes e a conveniência destas quanto ao melhor momento de realizá-los. Diante das inúmeras dificuldades práticas, é quase impossível a realização do ato notarial num só momento, ou até mesmo num só lugar. O princípio da unidade formal do ato, compreende um elemento formal do instrumento, não necessariamente num único ato material.
Fé pública ou força probante – a fé pública garante a presunção de veracidade dos atos realizados pelos notários. Ao realizar o ato o tabelião transfere para este a fé pública que detém, sendo o ato tido como verdadeiro em sua forma e em sua matéria. O registro detém presunção de veracidade júris tantum, ou seja, até que se prove o contrário
Matricidade – pelo princípio da matricidade fica o tabelião obrigado a manter livros de registro dos atos notariais organizados, para garantir a segurança jurídica e a publicidade destes atos no futuro. A lei 8159/91, dispõe que sobre guarda e conservação de documentos públicos e privados aplica-se aos serviços notariais e registrais. 
Princípios Atípicos do Direito Notarial
Princípios Constitucionais da Administração aplicados ao Direito Notarial
Princípio da Legalidade – para o tabelião a legalidade significa agir conforme a lei e garantir que todos os atos que realiza sejam reflexos do cumprimento da lei. A forma dos atos é responsabilidade do tabelião que deverá buscar sempre estar limitado pela legalidade na sua discricionariedade. O tabelião tem ampla autonomia para escolher qual a melhor formar para registrar o ato dentre aquelas permitidas em lei. Uma questão interessante de se discutir é quanto à legalidade das atas em meios eletrônicos e ainda sobre a inserção de imagens em atas notariais. Apesar de o CNJ a princípio ter entendido haver irregularidade técnica, muitas decisões judiciais preconizam a legalidade dos atos notariais por meio eletrônico e mesmo a inserção de imagens em sítios eletrônicos. Ato ilícito e a legalidade no ato notarial. Na hipótese em que se verificar a necessidade de se registrar em ata um ato ilícito praticado pelo interessado ou por terceiro, o tabelião deverá advertir e aconselhar às partes sobre as conseqüências dos atos praticados, não poderá, entretanto participar do ato ilícito, nem recusar-se de realizar a lavratura da ata, já que não é sua função julgar se há ou não ilícito nos atos praticados pelos interessados. No caso de escritura pública a coisa é diferente, o tabelião não poderá lavrar escritura pública em que haja ilícito ou irregularidade administrativa. 
Impessoalidade - previsto no at. 27 da Lei 8.935/94, o principio da impessoalidade veda a prática, pelo tabelião, de atos notariais cujos interessados sejam ele próprio, ou ainda seu cônjuge e seus parentes em linha reta ou colateral, consangüíneos ou afins, até o terceiro grau. 
Moralidade - Pelo princípio da Moralidade os limites do serviço notarial não se exaurem na legalidade. O tabelião deverá preservar na sua atuação fundamentos morais e éticos, e ainda basear sua conduta na boa fé. Lembre-se que moral é considerada um universo de bons costumes e regras de bom convívio de um determinado lugar e num determinado tempo. A moral muda conforme a dinâmica da sociedade. A moral será aferida pelo senso comum, o que torna seu conceitomuito abstrato. Da mesma forma dos atos ilícitos o tabelião não deverá se negar a realizar ata sobre ato notarial contra a moral, pois a ata servirá de prova da ilicitude ou imoralidade do ato. 
Publicidade – O princípio da publicidade define que todo ato notarial é público e, portanto, qualquer indivíduo pode pedir certidão dos atos registrados, para, inclusive valer contra terceiros. Entretanto, até para a publicidade há limites a serem preservados. Nos casos em que houver necessidade de preservação do direito de intimidade e de privacidade, o tabelião deverá resguardar os atos, impedindo de chegarem ao público. Essa é a mitigação da publicidade dos atos públicos. A publicidade, caracterizada como efeito da lavratura do ato, não poderá ser sempre ilimitada, devendo ser respeitados os direitos e princípios constitucionais. A limitação à publicidade dos atos notariais é prevista pela lei 12.527, que no art. 5º, XXXIII, prevê que os documentos sigilosos referentes à honra e à imagem das pessoas serão restritos num prazo máximo de cem anos, a contar da sua data de produção. A publicidade dos atos notariais está prevista em lei própria que se restringe à Declarações de Operações Imobiliárias, Lei 10.426/02. Também poderá ser mitigada a publicidade do ato, por ordem judicial, mas de forma reservada, desde que a ordem seja devidamente motivada. Pode-se concluir então, que a publicidade dos atos notariais está limitada à preservação de direitos e garantias constitucionais da intimidade, honra e vida privada das pessoas, e em especial à dignidade da pessoa humana, fundamento da República Federativa do Brasil. Quanto à esta questão é bom fazer uma ressalva, na dúvida não ultrapasse: em questões de concursos, a regra é a publicidade dos atos notariais, salvo as hipóteses previstas em leis estaduais. 
Eficácia - Como à todo serviço público a eficácia também se aplica aos atos notariais. É indispensável que o ato notarial seja eficaz juridicamente, como medida da segurança jurídica. A eficácia, poderá, em determinados casos ficar pendente, aguardando resolução de outras circunstâncias ou providências, o que não atinge sua validade. É o caso da propriedade dos registros de imóveis, que podem inclusive ter escritura pública lavrada, mas a eficácia do ato somente será verificada após o registro. 
Princípios de Direito Privado aplicados ao Direito Notarial. 
Autonomia da vontade – O princípio da autonomia da vontade, amplamente conhecido, tem suas bases no art. 5º da Constituição Federal, que garante que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. Assim é permitido aos brasileiros praticar qualquer ato que não seja proibido, desde que tenham capacidade plena para os atos da vida civil. Dessa forma o tabelião poderá formalizar a vontade das partes em consonância com a ampla liberdade basilar de nosso Estado de Direito. [1: Pág. 47. RODRIGUES, Felipe Leonardo. Tabelionato de Notas. São Paulo: Saraiva, 2013. ]
Obrigatoriedade ou pacta sunt servanda – Princípio base do direito contratual, pacta sunt servanda ou princípio da obrigatoriedade, afirma que o contrato faz lei entre as partes. É o princípio que assegura as relações jurídicas contratuais, proibindo a retratação ou revogação unilateral por um dos interessados. Após firmar o ato as partes estão a ele vinculadas, não podendo simplesmente desistir. No que se trata do direito do consumidor este princípio da obrigatoriedade é relativizado, tendo em vista a vulnerabilidade legal atribuída a este tipo de interessado. Poderão ser revistas as clausulas desproporcionais ou abusivas.
Supremacia da ordem pública - A supremacia da ordem pública consiste em limitação ao princípio da autonomia da vontade. As convenções contratuais dos particulares deverão estar embasadas em legalidade, moralidade, ordem pública e bons costumes. Quanto à função do tabelião a supremacia da ordem pública tem força de exigir dele a prestação do serviço. Ao tabelião é vedado negar a prestação do serviço, sob pena de configurar, inclusive, crime de prevaricação (art. 319, CP). 
Probidade e boa fé - Assim como se rege no direito civil, a prática do ato notarial dependerá da boa fé das partes, pois se são obrigados a agir de boa-fé na durante a produção do contrato, também o deverão fazer durante seu registro público. A utilização do registro público para dar segurança jurídica ao ato também deverá ser pautada de boa fé, pois a declaração prestada gera presunção de veracidade. 
Função social do contrato - Previsto no art. 421 do Código Civil o princípio da função social do contrato determina que qualquer negócio jurídico contratual deverá se limitar à função social que o contrato tem. Tal princípio decorre da supremacia da ordem pública, no sentido de que os atos jurídicos praticados pelos brasileiros deverão estar limitados pela legalidade, moralidade, ordem pública e bons costumes. 
ESPÉCIES DOS ATOS NOTARIAIS
Atas Notariais – As notariais consistem na confirmação pelo tabelião de fato por ele presenciado, tendo como finalidade a confirmação de autenticidade do fato ou ato. Dentre as atas notarias encontramos:
Autenticações. Pela autenticação verifica-se a identidade entre documentos ou entre uma assinatura e uma manifestação de vontade. As autenticações serão chamadas stricto sensu quando se reconhece a identidade de um documento e sua cópia fiel. 
Reconhecimento de firma. Pelo reconhecimento de firma verifica-se a autoria de uma assinatura, dando fé-pública de que o documento assinado por certa e determinada pessoa. 
Reconhecimento por autenticidade. É feito na presença do próprio tabelião, quando as partes comparecem à sua frente para assinar a documentação. 
Reconhecimento por semelhança. É feito através de cartão de autógrafo depositado no tabelionato, onde o interessado aposta sua assinatura por diversas vezes para propiciar a verificação. A declaração de autenticidade se faz por semelhança com as assinaturas presentes no cartão. 
Reconhecimento por abono. Pouco conhecido dos brasileiros atualmente, pois oferece pouca segurança. Aqui um terceiro afirma reconhecer a assinatura do documento, assumindo para si as responsabilidades civis e penais. 
Atas notariais. Consistem em documentos cujo conteúdo é a descrição de algum fato, com seus detalhes, com a finalidade de constituir prova jurídica. 
Escrituras Públicas – as escrituras públicas tem por finalidade formalizar a vontade das partes. O tabelião aqui realiza o registro do negócio ao qual as partes pretende dar forma legal e autenticidade, redigindo o documento adequado para propiciar a plena eficácia. 
Procurações. Pela procuração se dá a formalidade ao contrato de mandato, cujo conteúdo é a representação para atos ou negócios jurídicos. 
Negociais. São as conhecidas escrituras públicas de compra e venda e outras, servem para formalizar os negócios. 
Testamentos. O testamento é considerado ato de disposição de última vontade, por meio do qual o dono do espólio distribui seus bens podendo também fazer declarações de caráter pessoal, para fazer efeito após a morte. 
OBJETO
Conforme já mencionado a atividade notarial tem por objeto a formalização da vontade dos interessados para dar-se à seus negócios a publicidade e a veracidade propiciada pela fé publica. Portanto, o objeto do direito notarial recai sobre os direitos subjetivos das partes, e também sobre a fé pública que o ato notarial vai lhes conferir. 
FINALIDADE
O direito notarial tem por finalidade a constituição regular e formal de documentos públicos que expressem a vontade das partes. Sua finalidade foi definida no art. 1º da lei 8935/94, que declara que os atos notariais são destinados a garantir a publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos.
FUNÇÃO 
A função notarial é função pública, garantindo ao notário a autoridade própria das autoridades estatais. Deverá ser exercida de forma imparcial e independente, não estando sujeito a qualquer hierarquia. 
O notário é um profissionaldo direito, que detém a titularidade de uma função pública, cujo trabalho é conferir autenticidade dos atos e negócios jurídicos integrantes dos documentos que produz. 
FÉ PÚBLICA NOTARIAL. 
A fé pública notarial é considerada uma garantia concede ao tabelião para garantir que os fatos ou atos jurídicos por ele registrados são verdadeiros, ou seja, autênticos. Para dar autenticidade aos documentos o tabelião deverá presenciar o ato, nos termos do principio da imediação. [2: Pág. 631. LOUREIRO, Luis Guilherme. Registros Públicos – teoria e prática. São Paulo: Método, 2013. ]
A fé pública pressupõe exatidão: o fato narrado pelo agente público é presumido fiel ao fato por ele presenciado; integridade: o que foi narrado sob fé pública pode ser localizado no tempo e no espaço será preservado. 
DELEGAÇÕES E ASPECTO INSTITUCIONAL DOS SERVIÇOS NOTARIAIS.
Para o exercício da atividade notarial a criação da serventia dependerá de lei. Será por meio dela que serão criadas as unidades em que serão exercidas as funções públicas dos notários e registradores. Serão chamadas de serventias ou serviços que constituirão a instituição notarial. A criação se distribuirá pelo território e também pela função. 
Não há porque confundir a atividade delegada com o serviço ou serventia. A lei criará as unidades institucionais em que serão exercidas as atividades notariais e de registro. Depois desta criação, as atividades é que serão delegadas aos aprovados em concurso público de provas e títulos. 
Desta forma se conclui que as serventias não são criadas pelo ato de delegação, nem tampouco suprimidas quando a delegação se extingue. Neste sentido a lei 8935/94, deixa claro que a extinção da delegação não implica a extinção da serventia. Uma vez extinta a delegação, mantém-se a serventia, devendo ser aberto concurso público para o provimento de novo delegado no prazo máximo de seis meses. [3: Pág. 5. LOUREIRO, Luis Guilherme. Registros Públicos – teoria e prática. São Paulo: Método, 2013. ]

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