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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA DEPARTAMENTO DE SOLOS CADERNO DE ATIVIDADES SOL 250 FÍSICA DO SOLO Fase sólida (Aulas práticas) VIÇOSA – MG 2010 1ª aula prática 1 TEXTURA DO SOLO CONCEITO A textura do solo refere-se à distribuição percentual das partículas primárias do solo, ou seja, diz respeito à proporção dos diferentes tamanhos de partículas. Quando determinamos a textura do solo, o mais importante é conhecer as proporções da fração fina do solo (fração reativa), formada por areia, silte e argila. Fração grosseira Diâmetro (mm) Fração Fina Diâmetro (mm) Matacão > 200 Areia grossa 2,0 - 0,2 Calhau 200 - 20 Areia fina 0,2 - 0,052 Cascalho 20 – 2 Silte 0,052 - 0,002 Argila <0,002 - Importante: fração fina (< 2mm) = TFSA = “Terra Fina Seca ao Ar” IMPORTÂNCIA DA TEXTURA a) dinâmica da água (armazenamento, irrigação e drenagem) b) dinâmica de nutrientes (adubação, calagem) c) preparo do solo (aração, gradagem, cultivo) d) classificação do solo METODOS DE DETERMINAÇÃO A textura do solo pode ser avaliada em campo (sensação ao tato) ou em laboratório, por meio da análise textural. Na sensação ao tato, avaliamos a textura pela sensação ao esfregar um pouco do solo entre os dedos. A areia provoca sensação de aspereza, o silte de sedosidade e a argila de pegajosidade. Importante destruir os agregados do solo e, para isto, água e persistência ajudam muito. ANÁLISE TEXTURAL A análise textural é composta de 3 etapas: pré-tratamento, dispersão e, separação e quantificação. O pré-tratamento visa remover agentes floculantes e cimentantes: matéria orgânica, óxidos de ferro e alumínio e carbonatos. Porém, essa etapa é frequentemente suprimida, pois os solos brasileiros normalmente possuem pouca quantidade de matéria orgânica e de carbonatos e, por outro lado, possuem grande quantidade de óxidos, os quais constituem, muitas vezes, grande parte das argilas. Na dispersão é promovida a individualização das partículas primárias do solo (areia, silte e argila), envolvendo duas etapas: dispersão mecânica e dispersão química. A dispersão mecânica (rápida ou lenta) consiste na agitação da suspensão de solo, buscando a desagregação completa da amostra para contribuir com a quebra dos pequenos agregados. A dispersão química consiste da adição de um agente dispersante, geralmente o hidróxido de sódio (NaOH). Somente a dispersão física não é suficiente para promover a perfeita individualização das partículas primárias do solo, uma vez que as condições químicas do mesmo favorecem que ocorra a floculação mesmo após a quebra mecânica. Por isso, é indispensável o uso do dispersante químico. 1ª aula prática 2 Na seqüência promovem-se a separação e quantificação das partículas de areia, silte e argila. A separação das partículas superiores a 0,05 mm de diâmetro (areia) é feita por peneiramento, que após a dispersão mecânica e química. Uma peneira de 0,210 mm separa a areia grossa da areia fina. Para as partículas inferiores a 0,052 mm de diâmetro (silte e argila), a separação é feita por sedimentação. Defini-se uma profundidade de retirada de alíquotas na proveta e o tempo de sedimentação dessas partículas é obtido calculando-se a velocidade (V) de queda das partículas em meio liquido, segundo a Lei de Stokes: η9 )(2 2 gddr V fs −= , em função do raio das partículas (r), densidade das partículas (ds), densidade do fluido (df), aceleração da gravidade (g) e viscosidade do fluido (η ). Esquema de separação da fração areia, por peneiramento A solução contendo silte e argila é inicialmente agitada para que ocorra uma homogeneização e, em seguida, com auxilio de uma pipeta, retira-se uma alíquota da solução contendo (silte+argila). Na seqüência, a proveta é deixada em repouso durante o tempo de sedimentação calculado. Posteriormente retira-se uma nova alíquota (argila). Ambas as amostras são colocadas em béquers e levadas à estufa para secagem a 105-110°C, por 24 – 48 horas. A fração silte é obtida pela diferença entre (silte+argila) e (argila). CLASSIFICAÇÃO TEXTURAL Uma vez definidas as proporções de cada fração textural, promove-se a classificação textural do solo. A Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (www.sbcs.org.br) estabelece 13 classes de textura do solo, sendo a classificação textural definida com o uso do Triângulo Textural. 1ª aula prática 3 • ATIVIDADE 1 – Textura pela sensação ao tato Na bancada estão quatro tipos de solos (numerados de 1 a 4). Procure identificar a textura de cada um deles por meio do tato, procurando ordená-los da textura mais grosseira para a mais fina. Para uma perfeita identificação é imprescindível que o solo seja molhado e que todos seus agregados sejam desfeitos. Avalie aspereza, plasticidade (capacidade de ser moldado ou modelado em um fio ou cilindro fino) e pegajosidade (capacidade de se aderir entre o indicador e o polegar) • ATIVIDADE 2 – Dispersão e floculação Observe as provetas sobre a mesa. Ambas contêm um mesmo solo em suspensão, sendo que em um foi adicionado NaOH, enquanto o outro contém apenas água. Perguntas: a) Qual proveta apresenta o material floculado (solução mais limpa e material sedimentado no fundo)? ____________________________________________________________________ b) Qual proveta o material está disperso (solução turva, não sendo observado material sedimentado)? _______________________________________________________________ Perguntas para reflexão: a) Em qual solo você espera que se deva aplicar maior quantidade de água via irrigação, arenoso ou argiloso? E quanto ao turno de rega? E qual o sistema de irrigação deve-se escolher para cada tipo de solo, um que aplica mais água em menos tempo ou um que aplique menos água em mais tempo? Por quê? ___________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ b) Considerando que dois solos apresentam mesmo nível de fertilidade química, você espera que as recomendações de adubação sejam as mesmas para ambos sabendo que eles diferem em textura? _________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ c) Qual solo é mais fácil de ser trabalhado, um de solo textura arenosa ou argilosa? ________ ___________________________________________________________________________ d) Quais solos apresentaram maior plasticidade e pegajosidade? Os de textura mais grosseira ou mais fina? ________________________________________________________________ e) O uso do solo pode alterar a sua textura? ________________________________________ ___________________________________________________________________________ 2ª aula prática 4 ESTRUTURA • - ATIVIDADE 1 – Descobrindo o que é estrutura do solo e a permeabilidade do solo Em cima da mesa existem três colunas de vidro: uma preenchida areia, outra com material siltoso e a última com solo argiloso. Se for adicionada a mesma quantidade de água nas três colunas, em qual coluna a água percolará mais rapidamente? E mais lentamente? Registre abaixo sua hipótese (o que você esperava que aconteceria) e o resultado (o que realmente aconteceu): Hipótese: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ Resultado: ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ CONCEITO A estrutura trata da organização (arranjo) das partículas primárias do solo (areia, silte e argila) em unidades secundárias denominadas de agregados, que são separados uns dos outros por superfície de fraca resistência. Esta organização permite a existência de espaços entre e intra- agregados, denominados de poros. Partículas primárias e secundárias Macroporos x Microporos AGREGADOS ESTÁVEIS COLÓIDES FLOCULÃÇÃO AGREGAÇÃO AGREGADOS ESTÁVEIS COLÓIDES FLOCULÃÇÃO AGREGAÇÃO 2ª aula prática 5 POROSIDADE A porosidade total de um solo é dada pela soma de seus macroporos e microporos. Os macroporos são aqueles localizados entre os agregados e são responsáveis pela drenagem e aeração do solo. Já os microporos são os localizados dentro dos agregados, sendo responsáveis pela retenção de água. IMPORTÂNCIA DA ESTRUTURA a) redução da erosão b) desenvolvimento de plantas c) dinâmica da água d) classificação de solos GRANDE DESAFIO - manutenção da “fertilidade física” dos solos Tempo AFETAM A ESTRUTURA AVALIAÇÃO DO ESTADO DA ESTRUTURA POSITIVAMENTE NEGATIVAMENTE matéria orgânica (agente cimentante) sódio (dispersante) baixa intensidade de cultivo, pousio preparo excessivo e fogo rotação de culturas. preparo com alto teor de umidade cobertura do solo impacto da gota de chuva • ATIVIDADE 1 – Agregados ou partículas individuais? Sobre a mesa podem ser visualizados algumas recipientes com partículas em ordem decrescente de tamanho. Quais são agregados e quais são partículas individuais? Caso necessário utilize a lupa. Descreva o que você observou: _________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ 3ª aula prática 6 AVALIAÇÃO DO ESTADO DA ESTRUTURA A estrutura é uma propriedade dinâmica do solo, portanto, varia com as práticas de uso e manejo do solo. Neste sentido, torna-se relevante monitorar o estado da estrutura do solo para saber se o que está sendo feito está contribuindo ou não para a melhoria da qualidade física do solo. AVALIAÇÃO DA ESTRUTURA A avaliação do estado da estrutura pode ser feito em campo ou em laboratório. • Em campo, esta avaliação pode ser feita mediante: a) teste da faca: utilizando-a contra o perfil do solo b) visualização do desenvolvimento das raízes e das plantas c) visualização de situações de encharcamento e teste de infiltração de água d) resistência à penetração: penetrômetro ou penetrógrafo • Em laboratório, avalia-se a) a distribuição do tamanho dos agregados b) lâminas de micromorfologia do solo c) densidade do solo d) porosidade total e) condutividade hidráulica DENSIDADE DO SOLO E DENSIDADE DAS PARTÍCULAS CONCEITO O solo é composto por uma massa de sólidos (fase sólida) e um meio poroso (ocupado por ar e, ou água). A densidade do solo (Ds) é a relação existente entre a massa de solo (TFSE1) e o volume total do solo. Já a densidade de partículas (Dp) é definida pela relação entre a massa do solo e o volume ocupado unicamente pela fase sólida do solo. S O L O Ms Vs Vp VT Poros Fase Sólida VT MsDs = Vp MsDp = Em que: Ds = densidade do solo Dp = densidade de partículas do solo Ms = massa do solo VT = volume total do solo Vp = volume de partículas sólidas do solo 1 Terra fina seca em estufa (TFSE) 3ª aula prática 7 IMPORTÂNCIA A densidade é um importante atributo físico dos solos, por fornecer indicações a respeito do estado de sua conservação, sendo uma das primeiras propriedades a ser alterada pelos diferentes usos. Esta tem sido utilizada na avaliação da compactação (de natureza antrópica) e, ou, adensamento (associada à pedogênese) dos solos. A densidade de partículas depende da proporção existente entre matéria orgânica e parte mineral, como também da constituição mineralógica do solo. A densidade do solo reflete o arranjamento das partículas definindo as características do sistema poroso. DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE DO SOLO Os métodos de determinação da densidade do solo (Ds) fundamentam-se na obtenção de dois dados principais: a massa dos sólidos e o volume total da amostra. A massa é obtida pelo peso do solo após secagem em estufa a 105-110°C (24 - 48 horas). Para a obtenção do volume utilizam-se diferentes técnicas. São as formas de determinação do volume que definem os métodos de avaliação da Ds: • Método do anel volumétrico: consiste no uso de um anel de volume conhecido. O anel é acoplado a um amostrador (“castelo”) permitindo que o anel seja cravado e, posteriormente, retirado do solo por pancadas com auxilio de um martelo. Retira-se o excesso de terra com o auxílio de uma faca nas extremidades do anel. O solo obtido é transferido para um recipiente (lata de alumínio) e levado à secagem em estufa (105-110°C, 24-48 horas) para obtenção de sua massa. Esse método é o método padrão para a determinação da Ds. • Método do torrão parafinado: utilizado para situações de difícil retirada de amostras com o anel volumétrico, como solos com elevada pedregosidade, solos florestais ou com muitas raízes, e solos muito compactados. Neste método promove-se a impermeabilização de torrões de solo com parafina. Depois o torrão parafinado é mergulhado em um recipiente com água, anotando-se o volume de água deslocado do líquido, que no caso, corresponde ao volume do torrão + parafina. Para descontar o volume da parafina, basta pesar o torrão antes e depois de parafiná-lo. Desta forma, por diferença, obtém a massa de parafina usada, que com sua densidade (0,9 g/cm3), calcula-se o volume de parafina, descontando-se do valor anteriormente obtido. O torrão é impermeabilizado para impedir que a água penetre nos poros do solo, garantindo a determinação do valor do volume total da amostra, que inclui fase sólida + espaço poroso. • Método da proveta: de menor confiabilidade, sendo admitido para solos que não permitem o uso dos métodos anteriores. Este é o caso dos solos de textura mais arenosa onde é difícil a obtenção de uma mostra indeformada (com anel) ou mesmo de um torrão, pois estes solos não têm agregação. O método consiste em se encher uma proveta (normalmente de 100 mL) com TFSA, tendo-se o cuidado de, a cada 3 terços preenchidos, aplicar leves pressões com uma batida da proveta sobre a bancada/mesa. Após o procedimento total da proveta, o solo do interior é pesado. Como o volume da proveta é conhecido, obtém-se a densidade do solo. DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE DE PARTÍCULAS Na determinação da densidade de partículas (Dp) utiliza-se o método do balão volumétrico. O método consiste em adicionar uma massa conhecida de solo seco (TFSE) em um balão volumétrico preenchendo o restante do volume do balão com álcool. O álcool é utilizado, 3ª aula prática 8 em vez de água, porque apresenta maior capacidade de penetração, ou seja, é mais eficiente quanto ao preenchimento dos microporos do solo, uma vez que espalha mais, por apresentar menor tensão superficial. O volume gasto é anotado e por diferença com o volume da capacidade do balão volumétrico, obtém-se o volume das partículas sólidas do solo. Na determinação da Dp é imprescindível que o líquido utilizado ocupe todo o espaço poroso do solo, uma vez que para esta avaliação o que se utiliza nos cálculos é o volumeda fase sólida e não o volume total do solo, como na determinação da Ds. Como a massa adicionada ao balão é previamente conhecida, com o volume de partículas calculado, estima-se a Dp. - ATIVIDADE 1 –Densidade do solo e textura Em cima da mesa estão duas provetas, uma com solo arenoso e outra com solo argiloso. a) Qual tem maior Ds, um solo argiloso ou um solo arenoso? ____________________________ b) Como você explica o resultado encontrado? ________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ Pergunta para reflexão: 1) Qual varia com o uso e manejo do solo, a Ds ou a Dp? Por quê? ________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ POROSIDADE TOTAL CONCEITO A porosidade de um solo é a proporção de seu volume não ocupado por partículas sólidas. A denominação de porosidade total (PT), ou simplesmente porosidade, indica a totalidade do volume de vazios, sem diferenciação quanto a seu tamanho e geometria. CÁLCULOS , em que Ds é a densidade do solo e Dp é a densidade de partículas. Perguntas para reflexão: 1 – Um solo de maior PT apresenta melhor drenagem de água que um solo de menor PT? ______ ______________________________________________________________________________ 2 – Por que os solos argilosos freqüentemente apresentam maior porosidade total? ____________ ______________________________________________________________________________ 3ª aula prática 9 CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA RESISTÊNCIA À PENETRAÇÃO (PENETROMETROS) http://seguro.intergiro.net/loja/arquivos/soilcontrol/produtos/big/Penetr%C3%B4metro%20de%20Impacto%20-%20Vista%20Geral_200851417929.jpg
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