Buscar

Farra do Boi

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

A FARRA DO BOI
SANTA CATARINA (1980-1990)
Santos
2016
Trabalho apresentado a Profª. Drª. Norma Sueli Padilha da disciplina de Direito Ambiental do 7º semestre “A”, do turno da noite do curso de Direito.
Universidade Católica de Santos
Santos 2016
INTRODUÇÃO
A crise ambiental traz consigo diversos elementos. Dentre eles, a sensibilidade em relação aos seres na natureza que vem ganhando grande número de adeptos ao longo dos anos.
O tema “farra do boi” gerou imensa polêmica aos fins da década de 1980, principalmente pela constatação da violência contra o animal. Apesar de proibida os farristas continuam brincando com o boi em grande parte do litoral catarinense, ignorando os direitos dos animais, buscando defender a tradição cultural como forma de preservar a identidade açoriana. 
Opiniões controversas, a polêmica já foi instaurada. Dessa maneira, esse estudo pretende contribuir com as discussões acerca dessa problemática, fomentando ainda uma reflexão acerca das nossas atitudes frente aos seres da natureza. Nosso foco está relacionado a manifestação polêmica sobre a “farra do boi” acontecida na cidade de Santa Catarina entre 1980-1990.
O objetivo desse trabalho é mostrar parte do Direito Ambiental que protege os animais e como as tradições e culturas estão envolvidas nos acontecimentos ao longo do tempo, discutindo a proteção na campanha contra a farra do boi. A metodologia utilizada foi por pesquisas em Doutrinas, Jurisprudência que interdita prática e Sites que lutam em defesa dos animais.
CONTEXTO GERAL DO SURGIMENTO DA FARRA DO BOI EM SANTA CATARINA
O boi-na-vara ou farra-do-boi, como é conhecida e mantida pelas comunidades litorâneas, tem sua origem em Santa Catarina com a chegada dos primeiros colonizadores açorianos. A festa descende de um antigo costume praticado na Península Ibérica e ainda nos dias de hoje consiste em soltar um touro nas estreitas ruas das antigas cidades ibéricas, para que a população possa brincar com o mesmo.
Segundo os folcloristas a brincadeira tem origem nos tempos medievais, século XII, quando por falte de ovelhas e pela forte influência da tauromaquia, a tradição do Cordeiro Pascal foi substituída pelo flagelo do boi. 
Às vésperas da Semana Santa, o animal era solto pelas ruas das ilhas açorianas e uma multidão o perseguia usando paus e pedras. Quando estivesse já esgotado era abatido e sua carne consumida entre os participantes da festa.
Segundo o historiador Walter Fernando Piazza o Arquipélago dos Açores é constituído por nove ilhas, e que devido aos constantes abalos sísmicos, fraco desenvolvimento econômico, excesso populacional e fome, incentivaram a saída de parte da população que ali habitava. 
Afirma o autor que o interesse dos açorianos de deixarem sua terra e se transferirem para o Brasil, “coincide com os interesses da Coroa Portuguesa” de ocupar seus territórios fronteiriços, protegendo-os do interesse da Espanha. 
Os açorianos quando aqui chegaram, entre o período de 1748 a 1756, se fixaram em todo o litoral catarinense, desde São Francisco do Sul, até Laguna fundando ainda diversos povoados, o que possibilitou o crescimento dessa população ao longo do litoral catarinense. 
Dentre as diversas tradições que os açorianos transplantaram de sua terra natal para o litoral de Santa Catarina, foram “as técnicas de pesca, o folguedo do boi na vara (Farra do Boi atualmente), dentre outros. 
Para o antropólogo Rafael J. M. Bastos, a farra do boi origina-se em práticas rituais açorianas e mediterrâneas relacionadas à figura do touro, que, no caso das açorianas, constaram proibição papal já no século XVI.
A farra do boi como é praticada atualmente não foi trazida, dessa mesma maneira, pelos açorianos. Na época da colonização açoriana não há muitos registros relacionados a divertimentos com o boi. 
Em suas pesquisas, Lacerda encontra alguns relatos de viajantes estrangeiros que fazem alusão ao assunto. Um deles afirma que existiam bois selvagens aos arredores da cidade (Desterro), e que os mesmos eram violentamente amansados através de enlaçamentos. 
Como os açorianos eram pecuaristas em sua origem, isso facilitava a expansão da tourada. Porém quando em Santa Catarina chegaram, tiveram que abandonar essa prática, pois a terra oferecia pouca condição para continuá-la. Dessa maneira, o boi se afastou do cotidiano desse povo, estando presente apenas nos dias de festa. 
A farra do boi pode ser entendida então, como uma transformação das touradas populares de Açores. 
A figura do boi nunca foi muito visível, tendo seus espetáculos feitos na clandestinidade. Vai ser somente nos anos 80 que a farra ganha imensa visibilidade, sendo objeto de estudo de diversos profissionais, como antropólogos, sociólogos e historiadores. 
Importante ressaltar que essa visibilidade vai se dar através das transformações urbanísticas provocadas pela modernidade, juntamente com a nova população – sensível à natureza e a propriedade privada – que vai habitar o litoral catarinense a partir de então.
Todos os anos quando se aproxima a quaresma – rito católico que prepara a festa da Páscoa – entra em pauta uma questão polêmica no estado catarinense: a farra do boi.
De um lado a comunidade de descendentes açorianos afirmam manter uma tradição cultural, defendida também por alguns antropólogos, historiadores e sociólogos, e do outro, ativistas dos direitos dos animais (PEA), denunciando maus-tratos ao boi, assim como autoridades, políticos, mídia, polícia tentando coibir a prática farrista, alegando depredação do patrimônio privado e perturbação da ordem. 
MUDANÇAS URBANÍSTICAS E TURÍSTICAS: TRANSFORMAÇÕES NA SENSIBILIDADE FRENTE À NATUREZA
Segundo Eugênio Pascele Lacerda (Doutor em Antropologia Social) “a descoberta do litoral como área turística vai provocar profundas transformações nas tradições culturais das comunidades litorâneas”.
As farras que ocorriam tradicionalmente em escampados, ganham imensa visualização da nova população que habita a Ilha, passando a depender então de áreas ainda disponíveis e da tolerância dos novos moradores. 
Na medida em que o litoral de Santa Catarina se incorpora ao turismo nacional e internacional, “as práticas culturais das populações nativas sofrem a tentativa de incorporação pela indústria cultural”. Desse modo, a cultura local enquanto não for incorporada pela cultura dominante, é percebida pela população em geral como folclore saudável. Essa visão passa a mudar no momento em que as farras se tornam visíveis. 
O turismo requer uma cultura diferente, que seja “tragável, palatável ao novo padrão de consumo”. Como as farras fogem desse padrão, as mesmas tornam-se “objeto de maneira de viver e pensar, por meio da censura cultural e da repressão oficial. 
Por três aspectos, acredita Lacerda, que a farra deixou de ser reconhecida como folclore saudável e passou a ser vista como sinônimo de barbárie, da anti civilização. 
Primeiro seria um tipo de inversão de sentidos, dando a sensação de um “tempo louco” que foge da rotina e dos valores vigentes. Em segundo lugar “se o assunto dos farristas é o Boi, o assunto da farra, como rito, é a violência: violência que tematiza o sacrifício, pela morte ritual do animal e sua transformação em comida”48, a violência tornou-se assim o principal ponto de discussões entre os envolvidos na polêmica. E por último, a farra do boi seria uma festa orgíaca, transgredindo toda a sexualidade e os jogos de prazer.
FARRA COMO UMA BRINCADEIRA: PERMANÊNCIA E TRADIÇÃO CULTURAL
A farra é tida como uma brincadeira onde não há discriminação, basta, no caso, a vontade de querer participar. É tida, dessa maneira, como integradora, onde diferentes crenças, idades, posições sociais não se chocam. 
Lacerda afirma ainda que o limite ético da festa está estabelecido entre o brincar e o judiar do boi. “Quem judiar do boi revela que tem “rixa na cabeça‟e pode ser apartado, quando não sujeito a uma “surra‟. Quem brincar com o boi recebe o carinho dos camaradas e a chancela das mulheres. 
Então percebe-se que as regras da brincadeira variam, que na subjetividade o brincar não significa judiar, maltratar, trata-se de uma visão, que tenta legitimar o que se faz com o boi.
SENSIBILIDADE NA LUTA PELA EXTINÇÃO DA FARRA DO BOI EM SANTA CATARINA
A violência, está presente em todo o contexto da farra do boi, pois ela existe tanto contra o boi como contra as pessoas que praticam esse costume.
A ementa que tornou referência histórica: A decisão do Supremo, considerou contrária à Constituição a chamada “farra do boi”, proibindo-a com fulcro na norma que interdita prática que acabe por submeter os animais a crueldade (CF, art. 225, § 1º, VII).
COSTUME - MANIFESTAÇÃO CULTURAL - ESTÍMULO - RAZOABILIDADE - PRESERVAÇÃO DA FAUNA E DA FLORA - ANIMAIS - CRUELDADE. A obrigação de o Estado garantir a todos o pleno exercício de direitos culturais, incentivando a valorização e a difusão das manifestações, não prescinde da observância da norma do inciso VII do artigo 225 da Constituição Federal, no que veda prática que acabe por submeter os animais à crueldade. Procedimento discrepante da norma constitucional denominado "farra do boi". (STF, RExt 153531, Segunda Turma, Rel. p/ ac. Min. Marco Aurélio, DJ de 13/03/1998).
Por meio de ONGs que se iniciou a manifestação contrária a continuidade desta prática e assim conseguiu torná-la ilegal. Tal contexto de aprovação se dá em um cenário teorizado por Antônio Carlos Wolkmer ("Pluralismo Jurídico: fundamentos de uma nova cultura no direito, 1994), que prevê que os movimentos sociais modernos serão a maneira contemporânea de conseguir a positivação de anseios populares – já que as maneiras tradicionais, legislativo e executivo, mostraram-se historicamente ineficientes ao os realizarem.
Wolkmer, em sua teoria acerca de pluralismo jurídico afirma que os movimentos sociais modernos serão num futuro próximo, a maneira na qual a população consagrará seus anseios. 
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ACERCA DA PROIBIÇÃO DA "FARRA DO BOI”
Os movimentos sociais atuais, reclamam direitos difusos e melhorias que beneficiariam a sociedade como um todo - e não somente direitos isolados que remediariam apenas determinadas situações e que não resolveriam futuras necessidades e possíveis problemáticas mais profundas. Assim, problemáticas ambientais e diversos direitos de minorias passam a ter um palco de discussão e podem ser efetivamente concretizados e positivados.
Em tal contexto, encaixam-se as ONGs que se mobilizaram para que o Recurso do STF, que proibiu a farra do boi, fosse aprovado. Sem a comoção popular que motivou a organização de diversas ONGs, além de ter a participação da sociedade civil, tal prática jamais teria sido proibida – e inúmeros animais ainda continuariam sofrendo com tais crueldades.
Em tal análise, torna-se latente o fato de a sociedade contemporânea ser regida pelo pluralismo jurídico: diferentemente do verificado num contexto monista, a sociedade atual é influenciada por diferentes e variados fatores sociais, tais como a família nuclear, mídia, internet, manifestações culturais, dentre outros. Desta maneira, ao organizar-se e modificar um problema que a incomodava, fica clara a interferência direta de diferentes fatores na sociedade. Esta, ao viver num contexto multifacetado, passa a ser informada acerca de diversos assuntos, o que faz com que esta tenha uma renovada gama de interesses, que vão além dos simples fatores que influenciam diretamente seu dia-a-dia. Fica assim, perceptível a influência social no mundo jurídico - e não somente o contrário, como acontecia no monismo tradicional- que adequa-se ao proposto pelas demandas sociais (se isto não é feito pelos meios jurídicos, passa a ser conquistado pela sociedade organizada).
Percebe-se assim, que a teoria de Wolkmer, aplica-se facilmente a diversos casos reais, como no que culminou a proibição da Farra do Boi. Os movimentos sociais podem concretamente mudar a realidade constitucional, como neste caso, onde, com a união de ONGs e da sociedade civil, a prática foi proibida.
A sociedade, neste caso, não esperou uma possível intervenção dos meios jurídicos tradicionais, mas sim, organizou-se e conseguiu modificar a realidade que a incomodava – demonstrando assim, que a sociedade pode mobilizar-se para positivar e efetivar seus anseios.
"FARRA DO BOI" PRINCÍPIO AMBIENTAL E PATRIMÔNIO CULTURAL?
Há um embate entre dois princípios constitucionais que se mostram divergentes: de um lado há o princípio que assegura a proteção ao meio ambiente (art. 225 da CF/88), do outro há aquele que protege o patrimônio cultural como um todo (art. 216 da CF/88). 
Tal divergência se dá na medida em que, ao mesmo tempo, que, a liberdade cultural deve ser protegida, o mesmo deve ocorrer com a fauna e a flora envolvida em tais manifestações culturais.
Ronald Dworkin um grande filósofo do Direito contemporâneo categoriza o caso como um hard case, e a única resposta correta a ser encontrada será aquela que não irá contrapor-se a moral amplamente aceita pela sociedade. 
Na "Farra do Boi", ao haver tal divergência constitucional, o juiz optou por dar precedência à proteção ao animal, visto que, neste caso em específico, tal manifestação, apesar de ser bem antiga, não era estritamente cultural (havia muitos interesses políticos e econômicos envolvidos); além do que, o direito ambiental mostrava-se gritantemente mais violado. 
Dworkin propõe o direito como uma integridade, ou seja, o juiz deve se portar de maneira a ser a personificação da comunidade e, assim, tomar decisões que respeitem os direitos e deveres defendidos por essa comunidade. Dessa maneira, o juiz seria uma espécie de representante da moral da comunidade no campo jurídico.
Baseia-se em uma perspectiva principiológica do direito, ou seja, em todo conflito jurídico, há uma única solução correta (sendo aquela que representa mais fielmente os interesses da comunidade) e ela deve ser encontrada mediante análise dos princípios vigentes naquele contexto social.
PERCEPÇÃO DA LEI DE CRIMES AMBIENTAIS
Este princípio expresso no art. 225 da Constituição Federal, dispõe sobre o reconhecimento do direito a um meio ambiente sadio como uma extensão ao direito à vida, seja pelo aspecto da própria existência física e saúde dos seres humanos, seja quanto à dignidade desta existência, medida pela qualidade de vida. Este reconhecimento impõe ao Poder Público e à coletividade a responsabilidade pela proteção ambiental. O meio ambiente é um bem fundamental à existência humana e, como tal, deve ser assegurado e protegido para uso de todos
Crime é uma violação ao direito. Assim, será um crime ambiental todo e qualquer dano ou prejuízo causado aos elementos que compõem o ambiente: flora, fauna, recursos naturais e o patrimônio cultural. 
O ambiente é protegido pela Lei n.º 9.605 de 12 de fevereiro de 1998 (Lei de Crimes Ambientais), que determina as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.
Antes da sua existência, a proteção ao meio ambiente era um grande desafio, uma vez que as leis eram esparsas e de difícil aplicação: havia contradições como, por exemplo, a garantia de acesso livre às praias, entretanto, sem prever punição criminal a quem o impedisse. Ou inconsistências na aplicação de penas. Matar um animal da fauna silvestre, mesmo para se alimentar era crime inafiançável, enquanto maus tratos a animais e desmatamento eram simples contravenções punidas com multa. Havia lacunas como faltar disposições claras relativas a experiências realizadas com animais ou quanto a soltura de balões.
De acordo com a Lei de Crimes Ambientais (Lei N.º 9.605/98), os crimes ambientais são classificados em cinco tipos diferentes: Contra a fauna e a flora, Poluição e outros crimes ambientais, contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural.A proibição da prática “Farra do Boi” segue para a criminalização com força através do artigo 32 que atribui detenção, de 3 meses à 1 ano, e multa para quem "Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos", podendo aumentar em caso de morte do animal. Desse modo, a "Farra do Boi" torna-se criminalizada pelas condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. 
CONSCIENTIZAÇÃO E EDUCAÇÃO PARA PREVENIR
Para evitar os casos de farra do boi, a Polícia Militar, Ambiental e Rodoviária Estadual, a Cidasc (Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina), o Ministério Público e as SDRs (Secretarias de Desenvolvimento Regional) da Grande Florianópolis e de Itajaí realizam anualmente campanhas educativas nas escolas para tentar evitar a prática violenta. 
Segundo a presidente da Comissão de Defesa dos Animais da OAB/SC Maria Helena Machado, além do policiamento, somente com medidas preventivas como conscientização e educação é possível mudar esta realidade. “A situação é difícil porque quando a polícia chega, os farristas fazem tudo de forma muito rápida para se dissipar”. 
“Um homem de 48 anos foi encaminhado pelo Corpo de Bombeiros ao Hospital Regional de São José pois teve o tórax perfurado por um búfalo. A princípio, o caso foi registrado como farra do boi, mas segundo o tenente-coronel Sérgio Luís Sell, da PM, o animal teria fugido de uma localidade rural e o homem ferido trabalhava neste loca”l.
OCORRÊNCIAS DA PRÁTICA DA FARRA DO BOI EM SANTA CATARINA
2015 – 203 chamadas de emergência e 25 farras confirmadas
2014 – 189 chamadas de emergência
2013 – 183 chamadas de emergência
*De janeiro a abril
CONCLUSÃO
No Brasil, a preocupação ambiental vem crescendo desde a década de 1970, o próprio movimento brasileiro cria várias associações de defesa ambiental. 
Toda essa polêmica referente à farra do boi teve “start” entre os anos de 1987 a 1989. Esse vai ser o período de maior repercussão da farra, e onde vai gerar diversas discussões relacionadas ao tema. 
“A farra do Boi” do foi proibida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 1997 e com a aprovação da Lei 9.605/98 se deram em um contexto de movimentação social, onde a sociedade civil organizada por meio de ONG’s mobilizou-se para modificar uma situação cultural que a incomodava. 
Percebe- se então, que a sociedade como um todo tem plena capacidade de efetivamente modificar o que não se adequa mais em seu sistema. De qualquer modo, a conscientização das pessoas, bem como, o desenvolvimento do amor e respeito, tanto pelos animais como pelo nosso semelhante, fazem parte do aprimoramento humano. 
Só a colocação em pauta, na discussão sobre a moralidade, necessidade, e o valor real da farra do boi, já constitui avanço em nossa civilização, vez que, uma parte relevante da sociedade não aceita passivamente os maus tratos infligidos ao boi como mera trivialidade. Por outro lado, não se pode coibir o que é considerado por muitos como patrimônio cultural, apenas com repressão policial, e sim, com conscientização e educação da população.
Concluímos, portanto e de acordo com dispositivos legais o direito à cultura é garantido constitucionalmente. Assim, o Estado deve proteger o patrimônio cultural de natureza imaterial do povo, a memória do grupo e as manifestações populares. Porém, na Farra do Boi é questionável se a crueldade praticada pode ser chamada de cultura. Argumenta-se que a cultura deverá ser sentida, no entanto, o boi é um ser vivo dotado de nervos sensitivos e sente tal cultura para com ele. 
Os excessos na prática da farra do boi incubem ao Estado por meio de seu poder de polícia exercer sua função repressora, e ao judiciário, se a tanto for provocada em razão da inépcia do poder público, prover o respeito, impelindo-a a prática de atos voltados a obstar o procedimento contrário a preceito constitucional que é de grande importância o equilíbrio ecológico e sendo um requisito para a manutenção da qualidade e das características essenciais do ecossistema ou de determinado meio. Não deve ser entendido como situação estática, mas como estado dinâmico no amplo contexto das relações entre os vários seres que compõem nosso meio ambiente. A destruição do equilíbrio ecológico causa a extinção de espécies e coloca em risco os processos ecológicos essenciais.
REFERÊNCIAS
LIVROS:
PIAZZA, Walter Fernando. Santa Catarina: sua história. Florianópolis: Ed. da UFSC Ed. Lunardelli, 1983.
DWORKIN, Ronald. O Império do Direito. Tradução de Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
WOLKMER, A. C. Pluralismo jurídico: fundamentos de uma nova cultura no direito. São Paulo: Alfa omega, 1994.
ARTIGOS DA INTERNET 
Eugênio Pascele Lacerda: http://nea.ufsc.br/artigos/artigos-eugenio/
Trabalho de Conclusão de Curso MARIANA PERUCHI RONSANI http://repositorio.unesc.net/bitstream/1/866/1/Mariana%20Peruchi%20Ronsani.pdf
Jusbrasil: http://anda.jusbrasil.com.br/noticias/179634872/de-janeiro-a-abril-25-casos-de-farra-do-boi-foram-registrados-pela-policia-militar-em-santa-catarina
Sociedade Civil de Interesse Público “Ativistas dos direitos dos animais (PEA) ” http://www.pea.org.br/sobre.htm
Entidade de defesa animal “ONCA” http://www.onca.net.br/exploracao-animal/exploracao-animal-farra-do-boi/
Fonte: Notícias do Dia http://anda.jusbrasil.com.br/noticias/179634872/de-janeiro-a-abril-25-casos-de-farra-do-boi-foram-registrados-pela-policia-militar-em-santa-catarina
ANEXOS
Recentemente a Polícia Militar resgatou no dia 20/03/2016, um boi que vítima da farra em Itapema, no litoral Norte de Santa Catarina. O animal foi encontrado na rua Austrália, no bairro Cachoeira. Mas ninguém foi detido.
Foto do Boi que foi retirado de dentro do rio com ajuda dos Bombeiros.
A farra teria começado antes da meia-noite do dia 23/04/2016 (sábado) no bairro São Pedro, SC e encerrou depois das 2h30 do dia 24/04/2016 (domingo). Além das equipes de Navegantes, policiais de Itajaí foram acionados para dar apoio e dispersar os farristas. Ao todo 18 PMs participaram da ação. Eles precisaram usar balas de borracha e bombas de gás para conter a farra.
Dois homens tentaram agredir um policial de Itajaí e acabaram sendo detidos. A dupla foi presa e conduzida à Central de Plantão Policial (CPP). 
Também foi acionada uma equipe da CIDASC (Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina) para laçar o animal. No entanto, os farristas jogaram o boi no rio para tentar atravessar até Itajaí e foi preciso pedir apoio do Corpo de Bombeiros para retirá-lo da água. Algumas pessoas se esconderam nas casas próximas e outras fugiram pelo rio, segundo a polícia.
De acordo com o gestor regional da CIDASC Itajaí, João Paulo Batista dos Santos, o animal era da raça charolês e estava sendo o brinco de identificação. Ele pesava cerca de 400 quilos e já foi sacrificado.
– O boi estava bastante debilitado quando encontramos. Isso quer dizer que os farristas já estavam brincando com ele há dias, mas ninguém denunciou – comenta.
As farras são mais comuns na época da Quaresma, por isso, Santos acredita que a ação tenha sido uma forma de provocação. Esta é a quinta farra que acontece na região. Bombinhas, Porto Belo e Itapema já tiveram registros neste ano. O caso mais grave ocorreu em Bombinhas, onde um homem morreu após levar uma chifrada durante uma farra.

Outros materiais