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... O QUE É UMA «PENA INUMANA OU DEGRADANTE»? , Estéprimado dos direitos naturais encontramo�lo hoje no cerne do f debate sobre a pêii.á ê êlâ'âigümêntação humanitária. Para esta, uma pena só pode ser humana se estiver demarcada por uma concepção exigente e extensiva dos direitos fundamentais da pessoa humana. Esta argumentação apresenta-se mais como umHmite in:1l�apassável à pena do que como umajJ1s�ficação,d���:. . ·---· "···· .... � ··'··-- ·· Limite tanto mais impênoso quanto ela é de futuro de natureza supranacional/A novidade do pacto humanitário é também ignorar as fronteiras dos Estados e viver apoiado em normas internacionais cada vez mais prenhes,;Noutros termos, preso pelos seus compromissos internacionais, chamado à ordem por um certo número de instâncias 20 Emmanuel Levinas, Hots sujet, Paris, le Livre de poche, 1997, p. 167. 181 ANTOINE GARAPON FRÉDÉRIC GROS THIERRY PECH PUNIR EM DEMOCRACIA E A JUSTIÇA SERÁ INITITUTO PIAOl!T ODILE JACOB, 2001 SEGUNDA PARTE NEUTRALIZAR A PENA THIERRY PECH externas,� Estado devia e deve ainda conformar as suas práticas re pressivas aos padrões de humanidade consignado:rnomeadamente na Convenção Europeia dos Direitos do Homem21. Fazê-lo não é apenas aceder às exigências caritativas de uma opinião públíca cada vez mais sensível a estas questões, é também tomar nota d� uma redistribuição dos poderes e das novas medidas da soberania/ O direito de punir, l ceiro apátrida. '- \ .. direito realengo por excelência, exe r ce-se hoje sob o olhar de um ter- . A este respeito, podemos convir e uma parte das propostas avan- çadas pelas comissões de inquérito parlamentar do Senado e da Assem bleia Nacional francesa formadas em 2000 consiste em fazer da neces sidade virtude, nomeadamente integrando o controlo da instituição prisional no funcionamento institucional nacional para não lhe ser imposta um dia do exterior pela via europeia. Assim, o1Cornité euro peu para a prevenção da tortura e das penas ou tratamerttos desuma nos ou degradantes (CPT), criado em 1989 no quadro dq1Conselho da Europa, dispõe já de poderes de controlo alargados a todos os lugares / onde «pessoas são privadas de liberdade por ordem das autoridades . l públicas!1)como os locais de detenção à vista, os centros de retenção administrativa, os estabelecimentos de educação vigiada e, natural mente, as prisões. Os Estados signatários da Convenção Europeia dos Direitos do Homem, cujas administrações recusassem cooperar com os membros do CPT, poderiam assim tomar-se objecto de um processo de declaração pública e ser ameaçados de exclusão22. Ajurisprudência do Trib�!'a.I_��:<:>p�u dos Direitos do Homem contribui igualmetitê para um·eíí:quadramento cada vez mais severo das práticas penais dos Es tados-membros do Conselho da Europa. Uma via de recurso cujo in teresse muitos compreenderam: em 1996, perto de 30 por cento dos pe didos sujeitos cada ano à Comissão Europeia dos Direitos do Homem emanaram de pessoas privadas de liberdade23 e diziam respeito em grande parte às condições de detenção. 21 O direíto europeu é hoje o principal motor da renovação da regulamentação peni tenciária. Ver Pierre Pedronla Pl'ison et Jes droits de l'ltomme, Paris, LGDJ, 1995. 22 Este processo foi-aplicado por duas vezes na Turquia. Quanto à França, o CPT con duziu diversas missôes de inquérito. Num relatório datado de 14 de Maio de 1998, sublinhava nomeadamente as más condições sanitárias de certos estabelecimentos. Pot oútras palavras, existe já um mecanismo de controlo externalizado à escala europeia. O Estado francês foi de resto um dos seus mais ardentes defensores. 23 Le Co,tlrôle des conditions de détention dans le11 prison.� d'Emvpe, actas de um colóq�üo europeu realizado em Marly-le-Roi, de ,25 a 27 de Outubro de 1996, p. 16. 182 Não apenas a prisão já não está sozinha na nação ao abrigo dos olhares e da denúncia, como a própria nação já não está sozinha face às suas prisões: ela está colocada sob o olhar de outros Estados e de um terceiro cuja autoridade é justamente garantida pela sua extrater ritorialidade. De igual modo, a dignidade que é preciso defender já não depende de uma definição nacional; foi canonizada pela referência à Declaração Universal de 1789 (em que de resto não figura enquanto tal): ela não é a do homem cidadão, mas a dos «seres humanos)), do homem nu, o da Declaração Universal de 1948. Em suma, ela foi içada a uma escala ao mesmo tempo mais convincente e mais coerente com a sua ambição universalista. .. ,,- Com efeito, é na jurisprudência do Tribunal de Estrasburgo que é necessárío ir procurar a justificação jurídica do humanitarismo penal contemporâneo. E nomeadamente na sua interpretação do artigo 3 da Convenção Europeia dos Direitos do Homem (CEDH): «Ninguém poâe ser sujeito a torturas nem a penas ou tratamentos desumanos e degra-1 dantes.» Mas o que é uma pepa desumana ou degradante? . .. ... _ __/,, Este artigo 3 convida a'.�i�itar,apena pe!o seu IiJ!l:i!�_extremô e não pelo lucro obtido, pelas razões avançadas para a justificc:1r ou pelo id.�?Lpgrs.�gt1!9:9:.l0 juiz europeu não exerce, com sua base, uma ma gistratura do sentido da pena. Ele não faz o processo dos fins ou das justificações, mas o dos meios e dos métodos. É uma reflexão sobre a hybris do poder público, sobre a pena como possível expressão de uma violência institucional desmesurada. De facto, se a fronteira moral tradi cional entre condenados e inocentes viu-se substituída por uma inter pretação mais modesta da «lei de bronze», esta ficou ainda enfraquecida pelo juiz europeu que vem impor uma mova limitação de direito a este trabalho de diferenciação. Mas a filosofia deste artigo 3 excede largamente o quadro de um simples interdito: ela determiria um direito pe.s,so..él!_ .:ip.solt-!Jt?.<'..�-!!ªº' sofrer um tratamento contrário àdi9nidade d() �()mem>3,24, o que é muito diferente. A dignidade afirma�se' dâfamên'ftf rüi'jurisprudência deste artigo não apenas cómo o pé1vim,ç11r51t:J.<=1..&ptªtisas penais, mas igual mente como um dí��to subjectiv() da pes.soa. Dé.fãcfõ;eõmo este i<di reito a» é intangível, 'iiãõ ccin'tj ? ,�C>§_ete a_'r�.se<?ns����i�il1f: �º,�!.!ado unicamente nos casos em qge,.e.stg,é º�agente de trn!ªmtm.tos_g_es1,1ma ri._ose degradantes, mas i�lmente hos"câsosêrti que elen.ªQJ?Q�}.m � taísffãtãrii'entõ s exerddos'sobre Ressoas colocadas sob a sua jurisdiçáô,· '··�w•--w�'·' - •••, A · ···· ' """'�, . -�---,...�''"" .·.· . •- - �....,..,............,,_ _,,.-. ........ , . ,.- . >, >, . _ ,,.,.,.,,.,_�_ ,,.. 'w, ·,..,, . ,,,, _,Á'•'Vv, . , ., ", . ' 24 Jean-flrançois Renucci, Drôit européen des droils de l'/1omme, Paris, LGDJ, 2001, p. 69 183 nomeada e particularmente sobre pessoas �ulneráveis ou num estado de inferioridade como o são os detidos./Em suma, os Estados não devem apenas responder por actos que teriam cometido de maneira deliberada ou que teriam expressamente autorizado: devem igual mente responder pela protecção dos indivíduos contra tais actos, se jam quais forem os agentes�,.Há muito mais que um interdito: uma forma de responsabilidade objectiva e uma «obrigação de compor famentô>> que fazem ecó do combatêlnovo êontra o «mal objectivo» da prisão, a saber todas as formas de i,frimento susceptíveis de afec tar a pessoa. Esta responsabilização é de resto prolongada pelo regime da prova aplicável na matéria. Sobre este ponto, o Tribunal de Estrasburgo os cila entre presunção de inocência e presunção de culpabilidade. Em diversos processos relativos a vítimas vulneráve,is p�t colocadas num :staclQ .. .c:te inf:riorid.ade (o que' ê; rêp1fa'mo�fo, o caso dÔs cfétidos), o jui� ... �iirofiêii"cãTêülõü' que o ónus cl<1. prqyafaCUJnbia.nãofO a,rg11ido J � .. êÕ!l'lo o �?<igié'I. �-PE!=:��l)çã,oA: ir1,c,ççncia"mas ao. EstªçlQ,. isto é, ao / aCi.isãêfo. Foi nomeadamente o caso nos processos Tomasi e Ribitsch.26. Kj'têsâr'das hesitações recentes do Tribunal em confirmar esta juris prudência, parece que(Õ pacto humanitário se apoia em fundamentos l jurídicos que organizam a suspeita a respeito não das pessoas conde nadas, mas do Estado que pun� ( Falta saber que matérias abarca concretamente esta classificação de f «tratamentos desumanos e degradantes» 27 e a pi:\rtir de que limiar de f g:avidade ela pode .ser ap����E.�· Na realidade, 1p juiz europeu distin ""gue entre os tratamentos aesumanos e os tratamentos degradantesi Os ;primeirollconsistem, em «tratamentos que provocam voluntariamente ·sofrimentos mentais ou físicos de uma intensidade particular» ligados a uma utilização organizada da violência (acórdão Tyrer e. Reino Unido, 25 Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, 12 de Marc;.-o de 1984, Kirkwood e. Reino Unido. 26 Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, Tomasi e. França (1992) e Ribitsch e. Áus tria (1995). Os dois requerentes, Félix Tomasi e Ronald Ribítsch, foram vítimas de violêt\das durante a sua detenção à vista 27 Deixa-se de lado a questão da tortura definida como «um tratamento desumano deliberado provocando sofrimentos graves e cruéis, os quais prn;:lem ser psicoló gicos. Ver Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, 18 de Janeiro de 1978, Irlanda e. Reino Unido: este acórdão pronunciava-se sobre as prisões e as práticas de internamento «extrajudiciário» realizadas na Irlanda do Norte na sequência das perturbações dos anos 1971-197 4. 184 / 1978). Os segundos visam tratamentos que «humilham o indivíduo ; grosseiramente perante outrem ou levam a agir contra a sua vontade ( gu a sua consciência» (ibid.) Estruturado sobre o mddelo de umª$rn . ·· duação (sofrimentos físicosou mentais aos sofrimentosét�çoª, istg é, .ligados ao rg�peitp _de sí); ifârtigo 3 pode class1tiêâr'cã'sos'de medidas vexatórias, de castigos.corporais na escola, de tratamentos experimen tais praticados sem o consentimento expresso da pessoa ou ainda dis criminação por motívos raciais. Como se vê, a extensão da classifica ção dá forma jurídica a todas as representações do sofrimento pessoal e_;<aminadas no primeiro capítulo. Í ,,,.. Porém, onde passa exactamente a fronteira entre a violência penal L.�.c::eitável e a violência penal inaceitável? qj�i�.��ropeu recordou em l diversas ocasiões que é necess�!i_o que um certo _l��.Í�r d.:J?:�-�i��-d..�. 1 seja ultrt1pt1g,aª2, que uma certa intensiffãdeseja àtirigiâa para mere / êe7ãélãssificação de tratamento des�ano_-01.1 de�radante. Mas esse \ mínimo e esta intensidade são por(�ssênciarelati�·os.JAlém disso, o ··Tribunal de Estrasburgo aprecia cada caso 0:o seu·c�texto: a gravi- dade é assim em função de uma multidão de parâmetros como a ameaça feita contra o conjunto do corpo social, o rigor da medida, a sua dura ção, o seu objectivo e os seus efeitos sobre a pessoa em causa. O artígo 3, como quase todos os outros artigos da Convenção; releva de um direito do princípio, isto é, de um direito magro na sua letra e vivo no seu espírito. Os contornos são necessariamente incertos e evolutivos e d<?.!xam uma grande latitude ao juiz na classificação dos factos28. ,.,. Se a segurança jurídica e a previsibilidade da sanção saírem dimi nuídas, se o princípio de legalidade caro ao Iluminismo não encontra aí eco, em conh·apartida a justiça ganha em flexibilidade. O juiz europeu não é a «boca da lei»: esta situa-se num nível de generalidade dema siado elevado para demarcar com precisão o território do mal.. Ele faz-se juiz dos interesses divergentes, censor da proporcionalidade entre as exigências de segurança e o respeito pela pessoa, árbitro das circunstân cias e das singularidades e por fim produtor de normas, fonte de direito. Sob o seu olhar, toda a brutalidade, qualquer que seja a sua gravi dade intrínseca, por fraco que seja o dano físico ou mental, pode ser 2�/Latitude que mantém igualmente a sua total liberdade a respeito das categorias i jurídicas nacionais: que o Estado francês considere as sanções disciplinares aplká- 1 veis ao detido como medidas cuja contestação .releva das jurisdições admínístrati \ vas e não penais não impede em nada o juiz. europeu de ver aí uma matétiá penal e l de lhe aplícar os prindpios·da Convenção. 185 \julgada contrária ao artigo 3. Em suma/ um direito a priori relativo a 1 situações excepcionais, edificado no pós-guerra imediato sobre uma j memória dramática (a do Shoah em particular e do tratamento concen J tracionário dos deportados) vê-se hoje chamado a terrenos muito menos J extraordinário�,,,A energia dos dramas fundadores difunde-se assim a pouco e pouco no quotidiano-das instituições repressivas e opõe-lhes princípios indiscutíveis. Aí ainda, quer se trate de circunstâncias polí rA�a�,dt:uik@C.� hi_stóric .o q11�r �a !�t�pi:osa ?ªs �risões francesas, a \J2P;1c:ê}\'::1;��.;:.1tár.�� :���!�;§�.Jlll:Í,!��::,reL: Alem disso, a elaboração Junsprudencial do füreito europeu desmultiplica-lhe os efeitos; é em virtude de uma decisão do Tribunal de Estrasburgo relativa ao Estado alemão que o Estado francês modifica as modalídades de aplicação desta ou daquela regra penitenciária. Da mesma maneira, um conten cioso opondo um particular ao Estado austríaco pode conhecer a mais ou i:nenos longo prazo importantes «réplicas» na legislação grega, belga ou irlandesa. A apreciação circunstanciada de um caso ym qualquer parte da Europa é assim susceptível de ressoar em cada um dos pontos do novo continente jurídico. Porque,Gio mesmo tempo que decide um litígio entre partes, o juiz europeu diz o direito para os outro� Está aí o seu carácter sísmico ou, se assim o preferirmos, o seu <<efeito bor.- boletê\»29. · · ·· · ··. · -·· ···y;d;�ia, a formidável extensão desta construção jurídica convida . nos a interrogar-nos mais longamente sobre o seu limiar mais baixo. / Com efeito, a pena pode ser totalmente liberta, de toda a dimensão de i gradante, de todo o carácter de humilhação? E a questão que foi colo- cada ao juiz europeu no processo Tyrer e. Reino Unido em 1978. Na au sência de poder colocar um limite substancial preciso sem ferir o carácter geral e vivo dos princípios que defende, a sua demonstração apoiou-se num critério comparativof«Para que uma pena seja degradante e infrin ja o artigo 3, a humilhação ou o aviltamento que a acompanha devem situar-se a um nível particular e diferir em todo o caso do (!le1nent.Q habi t11,aL��.�i1milhação [penas em geral praticadas nos Estados-membrÔ;j;;, Por outrâspã1ãvras, há o risco de degradação desde que a execução da pena transgrida um princípio de igualdade média do tratamento reservado aos diferentes condenados de um mesmo Estado. A defini- -�, não é apenas questão de apreciação - mesmo que estdê;itéri';;. 29 Os ffsic,os. chamam assim à cadeia das causas e das consequências que permitereconstituir o elo entre Qma borboleta que bate as asas no México num 18 de Maio às quinze horas e um temporal que se abate sobre Paris alguns meses mais tarde. 186 permaneça: entra aí um cr�t�ri? d': 11;aturez':. políticà,)A d�gradação consiste em tratar qualquer pessoa como se nao fosse partemtegrante da comunidade humana realizada através das utilizações habituais da sua comunidad� E()lítjç-ª, como se (já) não fo,s.s�.�!�ª de lhe ser im postoome$.m!: f h;ijta.xnentQ .. g!l�ª.QlL����JJ.�ftS e atnbmr-lhe como P:�� çlesigµ�t �- i,tta e�E�-�-�ã� .�.':�!�S2.��l!��!�e. Esta neç�2��:1.,�!R:1�a�� das condições não vem apenas contestar a sua pertença a comumêfade política em causa mas também - é g_e.!�i!o. alllp!ifi.ce<:t�r-�.a ��fl:E�!l:ciª aos diri;Itç,.s do .. horn.e!ll - a. S1:!._�.JI��g��?lt.9.�-4lçl1y1_g_u0Ji�:!.!!.!<:.!!2_e ·1:el:> . ai,�k}QêQD.íYeLg�_ç.oj.,�. Nisso, a �.�!$r���2�? ��!l!.!.':!!!���!!t�I}te.. c��!��-�_5QgEi���-�-���sso11Jlu™ A, Na espécie,_o juiz europ�u con siderou, com efeito, que <<embora o requerente nao tenha sofrido le sões físicas graves ou duradouras, o seu castigo, consistindo em tratá-lo como objecto nas mãos do poder público, atentou contra aquilo cuja protec ção figura precisamente entre as finalidades principais do artigo 3: a dignidade e a integridade física da pessoa»30. O ac�rdão acrescenta q:1e «a publicidade pode constituir um elemento pertinente para apreciar se uma pena é degradante», mas «pode muito bem bastar que a vítima seja humilhada aos s.eus próprios olhos, mesmo que ela não o seja a�s plhos de outrem»31. D critério p9lfüco,é.J1s.s.i.m.c.ompletaçl.Q .. J.?..Q!:}:!!IL<It .. ,, ,!tério étieo e .. retlexiv:o. O atent�<;l,Q_ççmu;tjgQ,ÇQU!tê: a dj&r.!;lru!9:�llY:!!t.�t'::!ê ! ' ... ... . .............. • .. ::. . 1 é duplo: consiste ao mesmo tempo no fenmento da relaçao c�m o <:utro 1 e da relação consigo. Ou, mais exactamente, é um atentado s1multaneo 1 contra a i magem exterior de sí e contra o respeito de si. i Estes desenvolvimentos convidam a relativizar a convergência de interesses entre o discurso humanitário e a Convenção Europeia dos Direitos do Homem. Se, no absoluto, ambos sonham com uma pena que não fira nem a integridade física nem a integridade psíquica, ne1:' mesmo a integridade ética do indivíduo, na prática o so,:n.h.,Q)1H.�1."l:!: tário é ao.rneªf!l.º tempo. ajuga.9:9 �Jn1v .. a.'10 .. 1.2,d.Q.,$eu.�ncosto.AQ,J J1t� :�;;;peu,�j�.§9pm:9.�e éste do ta-o d�� pode.r de efectiv idade �m precedentes, mas 1!i"avadcWorque as dec1soes do Tnbuna1 de E�trasbu�go dão lugar a toda a 'i.�-specie de contingências e podem em tal c1rcimstan da levar em conta imperativos ligados à aplicação da pena ou à ordem pública/Por outras palavras, o modelojurídico europeu atenua_ o �an tasma de uma pena perfeitamente indolor e insensível. Mas e nisso 30 Tribunal Europeu dos Díreitos do Homem, Tyrer e. Rei110 Unido (MaTÇO de 1978). Tyrer fora sujeito a um castigo corporal legal (três vergastadas) quando era menor. 31 Ibid. 187 que ele tem a preocupação humanitária no campo de uma pena verda deiramente neutra, que ele impede de derivar para uma oposição radi cal a todas as formas de penalidade. O pacto humanitário não resulta apenas da emergência de uma democracia compassiva: é também um pacto com o direito, isto é, com um instrumento de mediação e de moderação que precavê contra a subida aos extremos das emoções e os riscos de desabamento fusional. 188
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