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Programa de Aprimoramento Profissional de Enfermagem em Estomaterapia Fatores relacionados ao processo de reparação tissular Enfª Priscila Silva Delpintor São Paulo 2016 INTRODUÇÃO A cicatrização é um processo fisiológico onde o organismo restaura as funções dos tecidos lesionados. Todos os tecidos são capazes de auto-cicatrização por dois mecanismos: Regeneração é o processo em que o tecido lesionado é reposto por células iguais. Reparação é o processo em que o tecido lesionado é substituído por tecido conjuntivo, dando lugar à cicatriz. Nesses processos, uma série de eventos ocorre com o objetivo de corrigir o dano provocado pelo agente lesivo e voltar ao estado de normalidade do tecido. Ou seja, o plano básico para o processo de reparo com um novo tecido, geralmente uma cicatriz. Para isso, não só o tecido morto deve ser removido, como as células devem proliferar para substituir o tecido perdido. FATORES SISTÊMICOS � Idade. � Imobilidade. � Estado nutricional � Proteínas, � Vitamina C - hidroxilação da lisina e prolina no processo de síntese do colágeno, � Vitamina A - formação e manutenção da integridade do tecido epitelial, � Vitaminas do complexo B - ligação cruzada entre as fibras colágenas, ativa a função linfocitária e produção de anticorpos, � Oligoelementos como zinco, ferro cobre e manganês são necessários para a formação do colágeno). � Temperatura – a atividade mitótica ocorre mais rapidamente à temperatura corporal. Temperaturas extremas produzem lesões tecidulares. � Uso de medicamentos contínuos, principalmente drogas imunossupressoras; uso de corticoides por terem efeito anti-inflamatório, anti mitótico, diminuição da síntese dos componentes da matriz e atraso na epitelização. � Desidratação - a epitelização, a contração e a granulação da ferida ocorrem mais rapidamente num ambiente úmido que num ambiente seco. � Stress mecânico- fricção, pressão atrasam a cicatrização por prolongar a lesão. � Extensão da perda de tecido (grandes perdas de tecido diminuem a rapidez de cura, margens irregulares e contundidas, presença de fístulas atrasam a cicatrização). � Doenças associadas- Diabetes Mellitus (DM) - reduz a resposta inflamatória e maior risco de infecção, reduz a percepção sensorial, aumentando o risco para desenvolvimento de lesões. � Tipo de tecido envolvido (presença de músculo, osso ou tendão atrasa a cicatrização). � Corpos estranhos (causam irritação tecidular, prolongam a inflamação e podem potenciar a infecção – restos de gase, suturas, fragmentos ósseos e tecido necrótico). � Tecido necrosado (impede a migração epitelial e de nutrientes para o leito da ferida). � Maceração da pele (excessivo exsudado, suor ou incontinência podem causar infeção, sensibilização e irritação da pele). � Diminuição da tensão tecidual de oxigênio, angiogênese e reepitelização; podendo ser causado por anemias, problemas renais, aumento da resistência vascular periférica. Níveis baixos de oxigênio estimulam a síntese de colágeno, o crescimento epitelial e diminuem a resistência do tecido à infecção por perda da capacidade fagocitária dos neutrófilos. A medida do nível de O² pode ser realizada por avaliação transcutânea. � Diminuição da síntese protéica, afetando a proliferação de fibroblastos, síntese de colágeno e remodelagem cicatricial. FATORES LOCAIS � Localização anatômica da ferida. � Isquemia, alteração da viscosidade e perfusão sanguínea. � Traumas recorrentes podendo retornar a fase inflamatória. � Manejo inadequado da ferida. � Técnica cirúrgica (excessivo tecido cicatricial, inadequada drenagem da ferida). � Infecção local (prolonga a fase inflamatória, causa futuras lesões teciduais, atrasa a síntese de colágeno e epitelização). FATORES EXTERNOS � Situação socioeconômica do paciente – avaliar as condições financeiras do paciente e familiares para a disponibilidade na compra dos materiais necessários para manutenção do tratamento. � Recursos e equipe da instituição. Processo biológico da cicatrização Alguns autores classificam este processo em 3 estágios: inflamação, proliferação e maturação. Inflamação Nessa primeira fase o espaço da ferida deve ser preenchido para que se dê prosseguimento ao processo de fechamento. Após o trauma são liberados mediadores celulares, os quais estimulam a elaboração de substâncias, que desenvolvem o fenômeno inflamatório (histamina, serotonina, bradicinina, prostaglandinas e tromboxanes, linfocinas, interleucina 1 e 2). Dentro de 5 a 10 minutos após a lesão inicial, ocorre vasodilatação ativa, resultando em maior fluxo sanguíneo e plasmático na ferida. Os impulsos nervosos da área lesionada e as substâncias liberadas das células lesadas provocam hiperemia local e aumento da permeabilidade da parede vascular. Essa vasodilatação com extravasamento de elementos para o exterior do vaso forma um exsudato, traduzido clinicamente por tumor, calor, rubor e dor, cuja intensidade se correlaciona com o tipo e o grau de agressão. O efeito positivo desses eventos é que a área lesionada é suprida com diferentes meios de defesa, como granulócitos, fagócitos e imunoglobulinas que chegam para auxiliar no processo de reparo. As células inflamatórias penetram no tecido lesionado através dos pequenos vasos, os quais estão com sua permeabilidade facilitada pela atuação dos mediadores químicos liberados. A fase inflamatória possui uma duração de 2 a 4 dias, e forma a base para o processo de reparação. Proliferação Nessa segunda fase, ocorre a reparação do tecido conjuntivo e do epitélio. Na reparação do tecido conjuntivo ocorre a formação do tecido de granulação, com proliferação endotelial e fibroblastos. O fibroblasto surge por volta do segundo e terceiro dia após o trauma. O fibrinogênio do exsudato inflamatório transforma-se em fibrina, formando uma rede, na qual os fibroblastos se depositam e passam a multiplicar-se e a secretar os componentes proteicos do tecido cicatricial. O novo tecido é denominado tecido de granulação, de aspecto granular, rosado e consistência mole. Maturação Nesta fase ocorrem dois eventos importantes: deposição, agrupamento e remodelação do colágeno; e regressão endotelial. A remodelação do colágeno inicia-se na formação do tecido de granulação e mantém-se por meses após a reepitelização. Outros em 5 fases: Coagulação, inflamação, proliferação, contração da ferida, remodelação. Coagulação Depende da cascata de coagulação e atividade plaquetária do indivíduo, tem início imediato à ferida. Inflamação Depende de mediadores químicos, leucócitos polimorfonucleares (PMN) que fagocitarão as bactérias, macrófagos e linfócitos. Proliferação É dividida em 3 fases: � Reepitelização, Fibroplasia, Angiogênese. Contração da ferida Movimento de aproximação das bordas de feridas de espessura total, mesmo quando há enxertos, diminuindo em até 20% o tamanho da ferida. Nos casos de cicatrização por segunda intenção a contração pode diminuir até 62%. Remodelação Nessa fase final, ocorre redução do tamanho da cicatriz e do eritema. O reparo tecidual por regeneração consiste na substituição do tecido lesionado por células do mesmo tipo, sem deixar vestígio residual da lesão anterior. Ou seja, ao término do processo, o tecido resultante é semelhante ao original, e pode não haver mais sinais da lesão. A ocorrência desse processo depende do grau de destruição tecidual, do tipo de tecido afetado e duração do estímulo lesivo. Já o reparo por cicatrização é a substituição do tecido original por tecido conjuntivo, e tambémpode ser denominado como fibroplasia ou fibrose, caracterizando-se pela presença de uma cicatriz permanente. Ao final do processo a cicatriz nos diz que houve uma lesão anterior naquele tecido. Estudos comprovam que vários produtos tópicos apresentaram melhora na cicatrização das lesões. Para utilização destes produtos será necessária à avaliação do profissional (em que grau a úlcera ou a ferida se encontra) bem como as condições financeiras do paciente ou dos insumos que a unidade dispõe. BIBLIOGRAFIA Em pacientes adultos com sequelas de hanseníase que apresentam escaras de decúbito o tratamento para estas escaras é o convencional? Equipe Telessaúde Rio Grande do Sul | 06 ago 2009 | ID: sof-2146 http://aps.bvs.br/aps/em-pacientes-adultos-com-sequelas-de-hanseniase-que-apresentam- escaras-de-decubito-o-tratamento-para-estas-escaras-e-o-convencional/ Cicatrização de feridas Prof. MD. MSc. Hélio Alves. http://slideplayer.com.br/slide/5763252/ Cicatrização: conceitos atuais e recursos auxiliares - Parte I http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0365-05962003000400002 Fisiopatologia da Reparação Cutânea: Atuação da Fisioterapia http://rbf-bjpt.org.br/files/v3n1/v3n1a02.pdf Livro Prevenção e Tratamento de Feridas Da Evidência à Prática, Novembro 2014, 1ª Edição. Livro Patologia – Processos gerais para o estudo das doenças. Editora Rideel, 2ª edição.
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