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Resumo: Regulação e efeitos biológicos dos hormônios GH, ACTH, TSH. (Guyton 11ed)

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Explicar a regulação da secreção e os efeitos biológicos dos hormônios GH, ACTH e TSH.
GH
Efeitos Biológicos:
	O GH, ou “Growth Hormone”, não age através de uma glândula alvo, ele exerce seu efeito diretamente sobre os tecidos do organismo. Sua principal função biológica é provocar o crescimento de tecidos (a grande maioria dos tecidos no corpo responde ao estímulo do GH). Dessa forma, ele estimula o aumento do tamanho, número de mitoses e diferenciação das células nesses tecidos. No entanto, para que o GH exerça seu papel no organismo, ele necessita de mediadores. Estes são conhecidos como fatores de crescimento, ou somatomedinas, e são produzidos no fígado e no tecido “alvo” in loco. Tais fatores de crescimento são denominados “Insulin like Growth Factors”, ou IGFs, são pequenas moléculas protéicas que aumentam o crescimento ósseo, e, como o nome expressa, possuem efeitos similares aos da insulina. Destas, o IGF-1 (somatomedina C) é considerado o mais importante, uma vez que realiza uma forte ligação com uma proteína transportadora no sangue (também produzida em resposta ao GH), o que prolonga os efeitos promotores do crescimento nos picos de secreção de GH, pois garante uma meia vida de até vinte horas ao fator de crescimento (enquanto o hormônio, em si, dura apenas cerca de 20 minutos). 
	Os principais efeitos metabólicos do GH são: 
Deposição de proteínas nos tecidos. Isso se dá por diversos mecanismos, dentre eles, aumento do transporte de aminoácidos pelas membranas, que gera o aumento da concentração de aminoácidos no meio intracelular e o aumento da tradução do RNAm para síntese protéica pelos ribossomos, o que, nas condições ideais (disponibilidade de energia, vitaminas, eletrólitos) estimula o crescimento celular pelo aumento da síntese de proteínas. 
Redução do catabolismo protéico. Além de reduzir a taxa de catabolismo de proteínas, o GH aumenta a utilização de lipídeos ao estimular a liberação dos ácidos graxos do tecido adiposo, aumentando a concentração desses no fluído extracelular, ele desvia a via metabólica, mobiliza esses ácidos graxos livres para a produção de energia (como a conversão de AG em acetil-CoA – Ciclo do ácido cítrico), também poupando as proteínas e favorecendo o aumento de massa magra. A mobilização de lipídeos, porém, quando acentuada pode levar à Cetose (alta concentração de corpos cetônicos na corrente sanguínea), que gera efeitos levemente tóxicos ao organismo, e pode levar também à deposição de gordura no fígado. 
Reduz a utilização dos carboidratos. O GH induz uma resistência à insulina (temporária), reduzindo a captação de glicose pelos tecidos, estimulando a glicólise e a secreção de insulina. Isso estimula a captação e utilização de glicose pelos músculos esqueléticos e tecido adiposo, assim como inibe a formação de glicogênio (gliconeogênese) pelo fígado. Portanto, o GH pode ter efeitos diabetogênicos, já que leva à uma hiperglicemia.
Crescimento de cartilagens e ossos. O efeito mais óbvio do hormônio é aumentar o crescimento ósseo, o que ocorre por meio de uma maior deposição de proteínas pelas células osteogênicas e condrocíticas aumentando sua taxa de reprodução, e, posteriormente, a conversão de condróctios em células osteogênicas, formando osso novo. Há dois mecanismos desse crescimento, em um deles os ossos longos crescem em comprimento (crescimento e ossificação das catilagens epifisárias), no outro, quando osso não pode mais aumentar de comprimento, ocorre a deposição de osso novo por osteoblastos no perisósteo. Ao mesmo tempo, os osteoclastos removem o osso antigo. Quando a taxa de deposição ultrapassa a de reabsorção, a espessura do osso aumenta. 
Regulação da secreção:
 	Após a puberdade, a secreção do GH diminui lentamente até atingir cerca de 25% do valor normal com a senescência do organismo. O padrão de secreção é pulsátil e está relacionado ao estado nutricional e emocional (principalmente relativo ao estresse) do indivíduo. Os fatores que estimulam a secreção são o jejum, depleção protéica, hipoglicemia, baixa concentração de ácidos graxos circulantes, exercício físico, excitação, trauma e o estado de sono/vigília (maior secreção nas duas primeiras horas de sono profundo). 
 	Além disso, o GH é controlado por dois hormônios hipotalâmicos, o homônio liberador de GH (GHRH) e o hormônio inibidor do GH (somatostatina). O primeiro origina-se no núcleo ventromedial (área também sensível à glicemia) e se liga a receptores de membrana nos somatotrofos, ativando o sistema da adenilil-ciclase aumentando a concentração de AMPc, que aumenta do transporte de Ca2+ para a célula, provocando liberação do hormônio, assim como, após algum tempo aumenta a transcrição de genes responsáveis pela síntese de GH. Já o segundo, origina-se em áreas próximas ao núcleo ventromedial, inibe a secreção de GH na hipófise, mas acredita-se que tenha menor papel no controle secretório do que o GHRH. Apesar de o mecanismo de feedback negativo desse hormônio não estar completamente elucidado, também crê-se que seja relacionado ao GHRH e não necessariamente à somatostatina.
 
TSH
Efeitos Biológicos:
 	Um dos principais efeitos da Tireotropina, ou hormônio estimulante da tireóide (TSH), é a regulação da secreção do hormônio tireoidiano. A liberação de TSH pela adeno-hipófise estimula a secreção de T4 e T3 pela glândula tireóide. O TSH ativa o sistema celular do segundo mensageiro, no qual se liga a receptores na superfície da membrana basal, ativa adenil-ciclase, aumenta a formação de AMPc, que atua ativando a proteína quinase. Ela provoca fosforilações múltiplas em toda a célula, resultando no aumento imediato na secreção de hormônios e no crescimento prolongado do tecido glandular. Os principais mecanismos associados ao TSH que controlam a secreção dos hormônios tireoidianos são:
Aumento da proteólise da tireoglobulina já armazenada, liberando os hormônios no sangue (efeito precoce – 30min)
Aumento da atividade da bomba de iodeto, o que aumenta a taxa de transporte de iodo circulante para as células e folículos glandulares da tireóide.
Aumento da iodização da tirosina, fase essencial para a formação dos hormônios tireoidianos.
Aumento do tamanho e da atividade secretória das células tireoidianas.
Aumento do número de células tireoidianas, além de transformação das células cubóides em colunares e grande pregueamento do epitélio folicular. 
Regulação da secreção:
 	A secreção de TSH é controlada pelo hormônio hipotalâmico liberador de tireotropina (TRH), secretado por terminações nervosas na eminência mediana do hipotálamo e transportado para hipófise anterior pelo sistema porta hipotálamo-hipofisário. Ele afeta diretamente as células da adeno-hipófise, aumentando a secreção de TSH. O mecanismo molecular consiste na ligação do TRH à receptores na membrana das células hipofisárias, o que ativa o sistema de segundo mensageiro da fosfolipase em seu interior. Isso produz grande quantidade de fosfolipase C, o que é seguido por cascata de outros segundos mensageiros (incluindo Ca e diacilglicerol), que, por fim, provocam liberação de TSH. 
 	Ademais, a exposição ao frio provoca excitação dos centros hipotalâmicos de controle da temperatura corporal, o que aumenta a liberação de TSH, visando gerar um aumento na taxa metabólica do organismo. As reações emocionais, como ansiedade e agitação, que estimulam o SN simpático, também podem afetar a secreção, nesse caso, causando drástica redução. Além disso, os hormônios tireoidianos têm efeito direto sobre a hipófise, já que sua elevação reduz a secreção de TSH por feedback negativo, mantendo uma concentração constante.
ACTH
Efeitos Biológicos:
 	A corticotropina, ou hormônio adenocorticotrópico (ACTH), produzido nos corticotropos, células da hipófise anterior, são formados por uma cadeia protéica única que contém 39 aminoácidos. Suas principais ações fisiológicas se resumem ao estimulo da produção de glicocorticóides e androgênios pelo córtex adrenal (controla quase inteiramente a secreção decortisol, já sua ação sobre o controle da secreção de aldosterona é pequena, mas essencial), além da manutenção do tamanho das zonas fasciculada e reticular desse. Seus mecanismos de ação são:
Regulação do transporte de colesterol para o interior das células adrenais por meio do aumento de receptores para LDL na adrenal e o aumento da atividade das enzimas que liberam o colesterol a partir do lipídeo de baixa densidade. 
Ativa a adenil-ciclase na membrana, o que induz a formação de AMPc. Esse, por sua vez, ativa enzimas que formam os hormônios. 
Ativa a proteína quinase que gera a conversão inicial de colesterol para pregnenolona (etapa limitante da produção de todos os hormônios adrenocorticais).
Provoca, a longo prazo, hipertrofia e proliferação celular no córtex.
Regulação da secreção:
 	A produção de ACTH pela hipófise anterior é induzida pelo fator liberador de corticotropina (CRF), secretado pelo hipotálamo no plexo capilar primário do sistema porta hipofisário. Os corpos celulares dos neurônios que produzem o CRF estão nos núcleos paraventriculares, que recebem conexões do sistema límbico e tronco cerebral inferior. A maioria das condições que causam altas taxas secretórias de ACTH iniciam a secreção por sinais que se originam nas regiões prosencefálicas basais e são transmitidos pelo CRF. Além disso, qualquer estresse seja físio ou neurogênico (estímulos dolorosos, aumento da atividade do sistema límbico, na região da amígdala e do hipocampo), provocam um aumento acentuado e imediato na secração de ACTH. Há, também, o feedback direto do cortisol sobre o hipotálamo, inibindo a formação de CRF e, por conseguinte, de ACTH.

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