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dar um golpe de esta- do, em que dissolveu a Câmara e o Senado e convocou novas eleições. Mas dessa vez não contou com o apoio unânime da classe. O almirante Custódio de Melo, à frente da Marinha, declarou-se em revolta, e Deodoro foi obrigado a renunciar para evitar a guerra civil. Governo Floriano Peixoto. Assumiu então o vice-presidente Floriano Peixoto, que reabriu o Congresso e restabeleceu a normalidade legislativa. Ao mesmo tempo promoveu a derrubada dos governadores que se haviam solidarizado com o golpe. Floriano enfrentou duas revoluções, de origem diferente, mas coligadas: a revolução federalista, no Rio Grande do Sul, chefiada por Gaspar da Silveira Martins, e a revolta da Armada, no Rio de Janeiro, chefiada pelo almirante Custódio de Melo, à qual aderiu depois o almirante Saldanha da Gama. Como a idéia de um plebiscito, lançada em manifesto por Saldanha, atraísse o apoio dos monarquistas, os republica- nos concentraram-se em torno de Floriano. A sangrenta derrota dos dois movimentos consolidou o regime. Portugal concedeu asilo aos oficiais revoltosos, o que provocou o rompimento de relações com o Brasil. Governo Prudente de Morais. Se o primeiro quatriênio da república foi tumultuoso, o segundo marcou o início de uma linha ascensional. Prudente de Morais, presidente da constituinte republicana, eleito sem competidor, iniciou o período dos governos civis. A partir de então, São Paulo dominaria a política brasileira, posição que seria compartilhada por Minas Gerais a partir de 1906. O governo foi ocupado nos quatriênios seguintes por Cam- pos Sales, Rodrigues Alves e Afonso Pena, quando a primeira república atingiu seu apogeu. Por interferência do Reino Unido, o Brasil restabeleceu relações diplomáticas com Portugal e recuperou a soberania da ilha da Trindade, ocupada arbitrariamente em 1895 pelos ingleses. Duas vitórias diplomáticas, obtidas sucessivamente pelo barão do Rio Branco nos julga- mentos arbitrais das questões de limites com a Argentina e com a Guiana Francesa, restituíram a confiança na política exterior. O governo Prudente de Morais enfrentou graves problemas internos, desde movimentos de insubordinação na escola militar até a revolta de Canudos, no sertão da Bahia, e um atentado contra sua vida no qual mor- reu o ministro da Guerra, marechal Carlos Machado Bittencourt. Mesmo assim, mostrou determinação e firmeza, ao demitir funcionários contratados irregularmente no governo anterior e ao vetar o aumento de soldos e efeti- vos do Exército. Conseguiu também pacificar o Rio Grande do Sul. Mas a contestação ao seu governo prosseguiu no Congresso. Em 1896, o presi- dente afastou-se do cargo por motivo de saúde, e foi substituído pelo vice- presidente, Manuel Vitorino Pereira, ligado às oposições, mas que nada conseguiu de concreto porque em março de 1897 Prudente de Morais reassumiu o poder, agora já em meio a manifestações violentas, como as ocorridas no Distrito Federal, em São Paulo e Salvador contra os monar- quistas, sob pretexto da derrota dos militares em Canudos, apresentado ficticiamente como reduto de fanáticos monarquistas. Tantas cisões e radicalismos levaram a maioria a buscar um candidato à presidência politi- camente mais equilibrado, e o escolhido foi Manuel Ferraz de Campos Sales. Governo Campos Sales. O governo de Campos Sales não teve de en- frentar inicialmente nenhuma desordem grave e pôde dedicar-se ao sane- amento das finanças do país, por meio das drásticas medidas econômicas de seu ministro da Fazenda, Joaquim Murtinho. Para obter o apoio do Congresso, o presidente garantiu aos governadores o reconhecimento dos deputados por eles apoiados. Essa política desmontou a frágil organização partidária, deu uma aparente estabilidade à representação nacional e proporcionou uma maioria governamental compacta. No entanto, a restrição dos gastos públicos e o aumento dos impostos ensejou o retorno das agitações. Entre 1900 e 1901, as crises comercial e bancária levaram ao fechamento de fábricas e lojas e ao aumento do desemprego. A instabilidade aumentou com a dissidência paulista, encabe- çada por Prudente de Morais, e com as revoltas dos monarquistas e inte- gradas por militares e oposicionistas. Mesmo assim, a situação financeira melhorou, e foi o sucessor de Campos Sales, Francisco de Paula Rodri- gues Alves, quem se beneficiou desse trunfo. Governo Rodrigues Alves. Como encontrou as finanças em ordem e o crédito externo revigorado, Rodrigues Alves pôde realizar grandes empre- endimentos. Para isso contou com excelente corpo de auxiliares, entre eles o barão do Rio Branco, que dirigiu genialmente a política exterior; o prefeito Pereira Passos, que executou as reformas urbanísticas do Rio de Janeiro; e Osvaldo Cruz, que à frente do Departamento de Saúde Pública, implan- tou medidas sanitárias radicais e inadiáveis. O fim do governo Rodrigues Alves não foi pacífico. Além da revolução mato-grossense de 1906, o problema sucessório aguçou-se, com a contes- tação ao nome paulista de Bernardino de Campos. Pinheiro Machado e Rui Barbosa iniciaram uma campanha que acabou por gerar um impasse, que se resolveu pela escolha de um nome mineiro, o de Afonso Augusto Morei- ra Pena. Governo Afonso Pena. Foi com planos arrojados de um Brasil industria- lizado, rico e militarmente forte que Afonso Pena iniciou seu período de governo. No intuito de colonizar o interior do país, promoveu a construção de estradas de ferro e portos e prestigiou a penetração capitaneada por APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos Conhecimentos Gerais A Opção Certa Para a Sua Realização 20 Cândido Mariano da Silva Rondon. Incrementou também a imigração e a pesquisa mineral. No âmbito parlamentar, teve de enfrentar a influência de Pinheiro Machado, que controlava a maior parte das bancadas dos peque- nos estados. Formou para isso um grupo de apoio com jovens parlamenta- res, chamado por isso de "jardim da infância". No entanto, o súbito faleci- mento do presidente da república, em 1909, antecipou a reabertura da luta sucessória. Assumiu o poder o vice-presidente Nilo Peçanha e a campanha política radicalizou-se entre os candidatos Hermes da Fonseca, apoiado pela maioria dos estados e do Congresso, e o candidato civilista Rui Barbo- sa, apoiado por São Paulo. A luta acabou com a vitória de Hermes da Fonseca, mas sua posse foi antecedida por choques nos estados do Rio de Janeiro e Bahia e pelo incidente do bombardeio de Manaus. Governo Hermes da Fonseca. Eleito, Hermes da Fonseca teve logo de enfrentar um governo agitado. Poucos dias após a posse eclodiu em 1910 a revolta da chibata, também chamada revolta dos Marinheiros, comandada pelo marinheiro João Cândido. Os marujos rebelados exigiam a extinção do castigo da chibata, suprimido na lei mas mantido na prática. Foram atendi- dos e anistiados por uma lei da autoria do senador Rui Barbosa, mas os novos oficiais nomeados para os navios rebelados prenderam João Cândi- do e seus companheiros, que foram lançados nos porões do navio Satélite e nas masmorras da ilha das Cobras, morrendo a maioria. Em seguida rebelaram-se os marinheiros do Batalhão Naval e do cruzador Rio Grande do Sul, tratados com idêntico rigor por ordem do presidente da república. Apesar de Pinheiro Machado ter fundado o Partido Republicano Con- servador, com a intenção de influir diretamente sobre o presidente, os militares foram paulatinamente imiscuindo-se nas políticas estaduais. Impossibilitados de se apresentarem como candidatos aos governos de São Paulo e do Rio Grande do Sul, alguns se candidataram por Pernambu- co, Alagoas, Ceará etc. Resultaram daí inúmeras crises. A partir de 1913, Pinheiro Machado conseguiu recuperar seu poderio em