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UNIDADE 7 - SISTEMAS DE GOVERNO DESENHO INSTITUCIONAL E DESENVOLVIMENTO DEMOCRÁTICO À MODO DE INTRODUÇÃO - A forma como uma determinada MONARQUIA ou REPÚBLICA integra a sua representação política e, igualmente, estabelece as relações entre as diversas instituições governamentais é denominado de SISTEMAS DE GOVERNO. Os SISTEMAS DE GOVERNO conformam, juntamente com os sistemas eleitorais, de partidos e culturais (anseios, desejos e percepções que uma sociedade tem com respeito aos seus governantes e sobre o modo como é exercido o poder, bem como das práticas e das relações vigentes através das quais se determina o acesso ou a exclusão das funções de poder); o que se conhece como SISTEMA POLÍTICO. À MODO DE INTRODUÇÃO - No âmbito da ciência política, o termo “SISTEMA” se refere à análise sobre o comportamento e/ou interação mutuamente determinantes entre o LEGISLATIVO e EXECUTIVO, fazendo com que o funcionamento e as reformas promovidas em um dos poderes anteriormente mencionados afete consideravelmente o outro. A classificação dos SISTEMAS DE GOVERNO se dá através de 3 modelos distintos: Presidencialismo, Parlamentarismo e Semipresidencialismo. A seguir, trataremos de identificar e analisar os elementos que caracterizam cada um desses desenhos institucionais, tendo por base a recente literatura jurídica-política sobre o tema. PRESIDENCIALISMO Desde uma perspectiva histórica, pode-se afirmar que o PRESIDENCIALISMO foi uma criação americana do século XVIII, resultado da aplicação dos ideais democráticos, concentrados na LIBERDADE e IGUALDADE dos indivíduos e na SOBERANIA POPULAR, os quais estavam presentes no texto da Constituição de 1787. A péssima lembrança da atuação da monarquia, enquanto estiveram submetidos aos poderes da coroa inglesa, juntamente com a influência dos autores que se opunham ao absolutismo (Montesquieu), determinaram a criação de um sistema que, consagrando a soberania da vontade popular, adotava ao mesmo tempo um mecanismo de governo (Sistema de Freios e Contrapesos – Checks and Balaces) que impedia a CONCENTRAÇÃO DE PODER. (Thomas Jefferson. Escritos Políticos) PRESIDENCIALISMO PRINCÍPIOS BÁSICOS DO PRESIDENCIALISMO: O PRESIDENTE DA REPÚBLICA É O CHEFE DO ESTADO E O CHEFE DE GOVERNO - O Presidente exerce o papel de VÍNCULO MORAL e também de REPRESENTAÇÃO do Estado, ao mesmo tempo em que exerce a CHEFIA DO PODER EXECUTIVO (função de governo). A CHEFIA DO EXECUTIVO É UNIPESSOAL - A responsabilidade pela fixação das diretrizes do Poder Executivo cabe exclusivamente ao Presidente da República, que o exerce inteiramente fora de qualquer responsabilidade política perante o Legislativo. Essa irresponsabilidade se estende ao seu corpo de auxiliares (Ministros de Estado), de imediata confiança presidencial e que não têm nenhuma dependência política com o Congresso Nacional. Além do mais, esse corpo é DEMISSÍVEL AD NUTUM a qualquer momento. PRESIDENCIALISMO O PRESIDENTE DA REPÚBLICA É ESCOLHIDO PELO POVO - Para o escritor e político norte-americano James Madison (Artigo - Os federalistas): “é essencial que semelhante governo derive do grande conjunto da sociedade, não de uma parte inapreciável, nem de uma classe privilegiada dela e é suficiente para esse governo que as pessoas que o administram sejam designadas direta ou indiretamente pelo povo”. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA É ESCOLHIDO POR PRAZO CERTO E DETERMINADO - Para assegurar o caráter democrático do governo foi estabelecida a escolha por eleições. No entanto, e tendo por base o sistema presidencial, o Chefe do Executivo é eleito por PRAZO FIXO e PREDETERMINADO, findo o qual o povo é chamado a escolher um novo governante. PRESIDENCIALISMO O PRESIDENTE DA REPÚBLICA TEM PODER DE VETO - Sabe-se que o Congresso Nacional (Câmara dos Deputados – CD + Senado Federal - SF) tem a totalidade do Poder Legislativo. Entretanto, para que não houvesse o risco de uma ditadura do Legislativo, reduzindo-se o Executivo a mero executor automático das leis, lhe foi concedida a possibilidade de interferir no PROCESSO LEGISLATIVO por meio do VETO. PONTOS FINAIS: O Presidente recebe da Nação soberana os seus poderes, através do sufrágio universal direto, o que de uma parte aumenta-lhe o prestígio da investidura pela origem imediatamente democrática do poder público que desfruta; e doutra parte, lhe afiança posição de inteira independência política perante a esfera do Poder Legislativo. PRESIDENCIALISMO CONDIÇÕES DE ELEGIBILIDADE DO PRESIDENTE E DO VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA a) ser brasileiro nato; b) estar no pleno exercício dos direitos políticos; c) alistamento eleitoral; d) domicílio eleitoral na circunscrição; e) filiação partidária; f) idade mínima de 35 anos; g) não ser inalistável e nem analfabeto; h) não ser inelegível PRESIDENCIALISMO OS PODERES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA: 1. A CHEFIA DA ADMINISTRAÇÃO, através de ministérios e da execução de serviços públicos federais, entregues a pessoas de total confiança do Presidente da República, responsáveis perante este, que livremente os escolhe e os demite; 2. O exercício do COMANDO SUPREMO DAS FORÇAS ARMADAS; 3. A DIREÇÃO E ORIENTAÇÃO DA POLÍTICA EXTERIOR com atribuições de celebrar tratados e convenções internacionais, declarar a guerra e fazer a paz, debaixo das RESSALVAS do controle do Poder Legislativo, nos termos da Constituição Federal. PRESIDENCIALISMO COMPETÊNCIAS PRIVATIVAS DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA (art. 84, CF/1988) As atribuições do Presidente da República se dilatam, em síntese, da matéria legislativa à administrativa; da esfera do poder militar ao campo da política exterior; dos negócios da ordem federativa aos da “função judiciária”. Entre as PRINCIPAIS atribuições, podemos citar: I. Tomar a iniciativa do processo legislativo; sanção, promulgação e a publicação das leis, bem como a expedição de decretos e regulamentos visando à fiel execução desses diplomas; II. Poder de Veto (total ou parcial) dos projetos de lei e edição de MEDIDAS PROVISÓRIAS; III. Remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional; IV. Prestar anualmente ao Congresso Nacional as contas referentes ao exercício anterior; PRESIDENCIALISMO V – Enviar ao Congresso Nacional o Plano Plurianual, o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias e as propostas de Orçamento, tal como previsto na Constituição Federal; VI – Nomear e exonerar os Ministros de Estado e exercer a direção e funcionamento da administração federal, nomear Governadores dos territórios, o PGR e o presidente do BC; VII - Declarar guerra no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional; VIII – Decretar a mobilização nacional; IX – Celebrar a paz, com autorização do Congresso Nacional; X – Permitir, nos moldes da CF/1988, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente; XI – Exercer o comando Supremo das Forças Armadas; XII – Promover os oficiais-generais das Forças Armadas e nomeá-los para os cargos que lhe são privativos PRESIDENCIALISMO XIII – Manter relações com Estados estrangeiros; XIV – acreditar seus representantes diplomáticos; XV – celebrar tratados, convenções e atos internacionais mediante autorização do CN. XVI – Zelar pelo equilíbrio e conservação da ordem federativa, mediante a preservação e pronto restabelecimento da ordem pública e da paz social, podendo, se necessário, decretar o estado de defesa e o estado sítio bem como decretar a execução de intervenção federal; XVII – Conceder indulto e comutar penas; XVIII – Nomear, após aprovação do SF, os Ministros do STF e os Tribunais Superiores; XIX – Nomear magistrados e o Advogado Geral da União; XX – Nomear os Membros do CONSELHO DA REPÚBLICAe o CONSELHO DE DEFESA NACIONAL, assim como presidir os mencionados órgãos. PRESIDENCIALISMO - CONSELHO DA REPÚBLICA – O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da República, sendo que as suas manifestações não terão, em hipótese alguma, caráter vinculatório aos atos a serem tomados pelo Presidente. O Conselho se reúne sempre quando convocado pelo Presidente da República, sendo por ele presidido. COMPOSIÇÃO: Art. 89, CF/88 -CONSELHO DE DEFESA NACIONAL – Este Conselho, também convocado e presidido pelo Presidente da República, é órgão de consulta nos assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado democrático. COMPOSIÇÃO: Art. 91, CF/88. PRESIDENCIALISMO MINISTROS DE ESTADO – Auxiliares do Presidente da República no exercício do Poder Executivo. São escolhidos livremente dentre os brasileiros (natos ou naturalizados- EXCETO O MINISTRO DE DEFESA) maiores de 21 anos e que se encontrem no exercício de direitos políticos. Possuem responsabilidade administrativa e são demissíveis pelo próprio Presidente. ATRIBUIÇÕES: a) Orientação, coordenação e supervisão dos órgãos/entidades da administração federal; b) Referendar atos e decretos assinados pelo Presidente da República; c) Expedir instruções para a execuções das leis, decretos e regulamentos; d) Apresentar ao Presidente um relatório anual dos serviços prestados; e) Praticar atos relativos às atribuições que lhe outorgadas ou delegadas pelo Presidente PRESIDENCIALISMO OBSERVAÇÃO IMPORTANTE SOBRE OS MINISTROS DE ESTADO: Os MINISTROS DE ESTADO devem comparecer perante a Câmara dos Deputados, Senado Federal ou mesmo qualquer de suas comissões, quando convocados para prestar, pessoalmente, informações acerca de assunto previamente determinado; ou poderão receber pedidos escritos de informações com respeito a assuntos de relevância do seu MINISTÉRIO. QUAL SERIA A CONSEQUÊNCIA PARA O NÃO COMPARECIMENTO SEM A DEVIDA JUSTIFICAÇÃO NO PRIMEIRO CASO; E O NÃO ATENDIMENTO DOS PEDIDOS OU DECLARAÇÃO DE INFORMAÇÕES FALSAS, NO SEGUNDO CASO ??? PRESIDENCIALISMO PERGUNTA: Os Ministros de Estado podem exercer as atribuições previstas no art. 84 da Constituição Federal, e que são privativas do Presidente da República? Ou dito de outro modo: poderá o Presidente da República delegar suas funções aos Ministros de Estado? Apenas as seguintes atribuições (Art. 84, parágrafo único, CF/88) Dispor, mediante decreto, sobre a organização e funcionamento da administração pública federal Conceder indulto e comutar penas Prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei. PRESIDENCIALISMO E o VICE-PRESIDENTE? Acentuando-se o caráter unipessoal característico do presidencialismo, verifica-se que o VICE-PRESIDENTE, escolhido juntamente com o PRESIDENTE, não tem qualquer atribuição, só podendo tomar conhecimento dos assuntos do governo quando são PÚBLICOS, ou quando o Presidente da República o permite. - São requisitos ao candidato a VICE-PRESIDENTE da República: a) ser brasileiro nato (art. 12, § 3º , I, CF/1988), maior de 35 anos; b) achar-se no exercício dos direitos políticos. O mandato é de 4 anos e a posse obedece exatamente ao mesmo ritual do PRESIDENTE. - O VICE-PRESIDENTE é o substituto do Presidente da República, em caso de impedimento (CARÁTER TEMPORÁRIO – doença, afastamento, etc); e seu sucessor, no caso de vaga (sugere a ideia de uma IMPOSSIBILIDADE DEFINITIVA- cassação, renúncia ou até morte). PRESIDENCIALISMO NOTAS INTERESSANTES SOBRE O PRESIDENCIALISMO Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da República tomarão posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil. Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado vago. Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente chamados ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal. Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga. § 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei. Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República não poderão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do País por período superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo PRESIDENCIALISMO AS RELAÇÕES ENTRE O EXECUTIVO E LEGISLATIVO NO PRESIDENCIALISMO i. Nenhuma ingerência do Chefe do Poder Executivo nas prerrogativas de iniciativa própria Congresso Nacional (Ex.: convocação e reuniões dos congressistas); ii. Ausência de faculdade que permita o Presidente por ato próprio dissolver o CN; iii. Participação reduzida do Presidente em matéria de iniciativa de leis; iv. Consagração do direito de veto como faculdade de impedir a ditadura do Poder Legislativo; v. A possibilidade de aceitação/rejeição pelo Congresso Nacional do veto do Presidente; vi. Nomeação pelo Presidente dos ministros da alta corte de justiça, sujeita a aprovação do SF; vii. A direção da política exterior pelo Presidente, cabendo porém ao SF exercer controle nessa política (Ex.: ratificação de tratados internacionais por maioria de 2/3 dos membros). PRESIDENCIALISMO O PRESIDENTE DA REPÚBLICA E O INSTITUTO DO IMPEACHMENT No presidencialismo, o Chefe do Executivo poderá incorrer na prática de CRIMES DE RESPONSABILIDADE, vale dizer, infrações político-administrativas (delitos de natureza política), submetendo-se ao processo de IMPEACHMENT. São hipóteses de CRIME DE RESPONSABILIDADE, os atos que atentarem contra: a) A existência da União; b) O livre-exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação; c) O exercício dos direitos políticos, individuais e sociais; d) A segurança interna da país; e) A probidade da administração; f) A lei orçamentária; g) O cumprimento das leis e das decisões judiciais PRESIDENCIALISMO O PRESIDENTE DA REPÚBLICA E O INSTITUTO DO IMPEACHMENT * Procedimento (CF/1988 e Lei nº 1.079/1950) O procedimento é BIFÁSICO, composto por uma fase preambular (instauração) na Câmara dos Deputados (JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE DO PROCESSO - maioria qualificada de 2/3 dos membros); e por uma fase final em que ocorre o processo propriamente dito e o JULGAMENTO no Senado Federal (2/3 dos votos dos presentes) com a presença e condução do Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). OBSERVAÇÃO.: Uma vez instaurado o processo, o Presidente da República ficará afastado de suas funções pelo prazo de 180 dias. Se o julgamento não for concluído nesse prazo, cessará o afastamento sem prejuízo do regular prosseguimento do feito. A sentença se materializa por meio de Resolução do Senado Federal e a condenação será a PERDA DO CARGO E A INABILITAÇÃO PARA O EXERCÍCIO DE QUALQUER FUNÇÃO PÚBLICA PELO PRAZO DE 8 ANOS, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis. PRESIDENCIALISMO É POSSÍVEL O CONTROLE JUDICIAL SOBRE O PROCESSO DE IMPEACHMENT? RESPOSTA: O Poder Legislativo, seja na Câmara dos Deputados no juízo de admissibilidade, seja no Senado Federal com o julgamento de mérito, realizam julgamento de natureza política, levando em consideração critérios de CONVENIÊNCIA / OPORTUNIDADE. Assim, por esse aspecto (mérito),não parece razoável o controle judicial, sob pena de violar o PRINCIPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES. Contudo, cabe alertar que o STF vem admitindo o controle judicial em razão de LESÃO ou AMEAÇA A DIREITO (Art. 5º, XXXV, CF/1988), por exemplo, em procedimento que viole a AMPLA DEFESA (MS 20.941-DF) PRESIDENCIALISMO “A configuração de um crime de responsabilidade por parte de Presidentes da República caracteriza-se pela subversão da ordem constitucional de forma dolosa, por um ato positivo para se alcançar um resultado previamente desejado e que haja ação do próprio mandatário. Praticar um ato contrário à Constituição não equivale a atentar contra a Constituição, para fins de impeachment” (André Ramos Tavares) PRESIDENCIALISMO ARGUMENTOS A FAVOR DO PRESIDENCIALISMO: A rapidez com que as decisões podem ser tomadas e postas em prática. A ausência de responsabilidade política do Presidente perante o Parlamento proporciona uma unidade de comando. Assegura maior energia nas decisões, pois, sendo o responsável pela política e tendo os meios para aplica-la, o Presidente, interessado no êxito de sua política, tudo fará para que o Estado atue com o máximo de suas possibilidade. ARGUMENTOS CONTRÁRIOS AO PRESIDENCIALISMO Esse sistema de governo constitui uma ditadura a prazo certo. O Presidente, aqui, poderia agir contra a vontade do povo ou do Congresso sem que haja meios normais para afastá-lo da presidência. O instituto do Impeachment só permite o afastamento em caso de CRIME. PRESIDENCIALISMO AS DESVANTAGENS DO PRESIDENCIALISMO NA VISÃO DE JUAN LINZ 1. O Presidente e o Parlamento têm reinvindicações concorrentes à LEGITIMIDADE. Ambos os poderes são eleitos pelo voto popular, e a origem e sobrevivência de cada um é independente do outro. Então, se a maioria dos legisladores prefere políticas diferentes daquelas que o Presidente da República adota, pode surgir um conflito dramático entre a Assembleia e o Poder Executivo. 2. O MANDATO FIXO do Presidente da República introduz uma certa rigidez que é menos favorável à DEMOCRACIA. Nesse exato sentido, as constituições presidencialistas manifestam frequentemente uma CONTRADIÇÃO entre o desejo de um Executivo forte e estável e a suspeita latente em relação a este mesmo poder presidencial. PRESIDENCIALISMO AS DESVANTAGENS DO PRESIDENCIALISMO NA VISÃO DE JUAN LINZ 3. O Presidencialismo apresenta uma lógica do tipo “O VENCEDOR LEVA TUDO” que é desfavorável à estabilidade democrática. No referido sistema, a eleição popular direta tende a imbuir o Presidente da República de um sentimento de que não precisa levar a cabo o processo de: a) CONSTRUIR COALIZÕES; b) FAZER CONCESSÕES À OPOSIÇÃO. 4. O estilo presidencialista de política é menos propício à democracia. Os Presidentes são convocados a serem Chefe de Estado e Chefe de Governo, e às exigências desses dois papeis às vezes entram em conflito. O sentido de o Presidente ser o REPRESENTANTE DE TODA A NAÇÃO poderá leva-lo a uma perniciosa intolerância em relação à oposição. PRESIDENCIALISMO QUESTÃO 1 (OAB 2010 – FGV) Em relação aos Ministros de Estado, a Constituição do Brasil ESTABELECE que: a) Como delegatários do Presidente da República, podem, desde que autorizados, extinguir cargos públicos. b) podem expedir instruções para a execução de leis e medidas provisórias. c) somente os brasileiros natos poderão exercer a função. d) respondem, qualquer que seja a infração cometida, perante o Superior Tribunal de Justiça. PRESIDENCIALISMO QUESTÃO 2 (MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS – 2010) – Quanto ao Poder Executivo da União, é CORRETO afirmar que: a) É exercido pelo Presidente da República e pelos Ministros de Estado. b) É exercido pelo Presidente da República e pelos congressistas escolhidos por aquele. c) É exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado. d) É exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelo Congresso Nacional PRESIDENCIALISMO “Meus caros cidadãos do mundo: perguntem não o que a América pode fazer por vocês, mas o que, juntos, nós podemos fazer pela liberdade do ser humano” (John Kennedy) PARLAMENTARISMO CONSIDERAÇÕES INICIAIS O PARLAMENTARISMO foi produto de uma longa evolução histórica, não tendo sido previsto por qualquer teórico, e tampouco tendo se constituído em objeto de um movimento político determinado. Suas características foram se definindo paulatinamente, durante muitos séculos, até que se chegasse, no final do século XIX, à forma precisa e bem sistematizada que a doutrina batizou de parlamentarismo e que Maurice Duverger denomina de REGIME DE TIPO INGLÊS, indicando-o como um dos grandes sistemas governo daquele século. PARLAMENTARISMO BREVE SÍNTESE SOBRE O CONTEXTO HISTÓRICO DE SURGIMENTO: A origem do parlamentarismo remonta à Inglaterra do século XVIII. Os fatos que se sucederam no século anterior criaram o ambiente propício à formação do referido regime. Com a Revolução de 1688, o Monarca passou a exercer funções administrativas, de defesa e de política exterior, e o Parlamento cuidava da legislação e da tributação. Tal divisão de funções reclamava, sem dúvida alguma, a colaboração entre o Monarca e o Parlamento. Surgiu, então, a necessidade de escolha, pelos monarcas ingleses, de Ministros, retirados das facções preponderantes nas Câmaras, para auxiliá-los. Com isso houve, já no século XVIII, a primeira nota do Parlamentarismo: a identidade política entre o ministério e a maioria parlamentar. PARLAMENTARISMO BREVE SÍNTESE SOBRE O CONTEXTO HISTÓRICO DE SURGIMENTO: Com o falecimento da Rainha Ana da Inglaterra (1714), assumiram o trono britânico o príncipe alemão da Casa de Hanover, com o título de Jorge I. Nem ele, nem seu sucessor (Jorge II), tinham conhecimento dos problemas e interesses políticos britânicos, nem ao menos falavam a língua inglesa. Por tal motivo, entregaram a um de seus ministros a condução geral do governo e a presidência do Conselho de Ministros. Aparece a figura do Primeiro-Ministro, que os representava nesse Conselho, levando ao monarca a sua opinião e as decisões que deveriam ser formalizadas. Na ausência do rei, o Conselho de Ministros passou a se reunir numa saleta (Gabinete). Mais tarde, o Parlamento deu um passo adiante no sentido de que se discordasse do Primeiro- Ministro, forçava a sua demissão ou a de todo o seu ministério. Ao final, fixou-se a ideia de que o Executivo é de estrutura dualista, cabendo ao Monarca a Chefia do Estado (simbolização e/ou representação) e ao Primeiro- Ministro a Chefia de Governo, ou seja, a fiscalização diuturna dos NEGÓCIOS PÚBLICOS. PARLAMENTARISMO “O sistema parlamentar é o produto de afirmação do órgão da representação popular, o Parlamento, na fase do declínio do poder monárquico. A curva ascendente do poder parlamentar coincide com a curva declinante do poder monárquico” (Georges Burdeau) PARLAMENTARISMO O PARLAMENTARISMO PODE SE APRESENTAR DE DUAS FORMAS: REPÚBLICA PARLAMENTARISTA, o chefe de Estado (PRESIDENTE) normalmente não tem poderes executivos reais. Ele pode ser eleito pelo povo e nomeado pelo Parlamento, por tempo determinado. Há também países em que o Presidente é eleito pelo Parlamento. Quem governa de fato (com poderes executivos) é o chefe de governo (primeiro-ministro). Ex.: Itália MONARQUIA PARLAMENTARISTA o chefe de estado é o rei, que assume de forma hereditária, não possuindo poderes executivos. O chefe de governo (que governa de fato) é um primeiro-ministro ou também chanceler, que é escolhido pelo próprio Parlamento. Ex.: Espanha OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: Em ambos os casos acima, os parlamentares (representantes do Poder Legislativo) são escolhidos pelo povo através da realização deELEIÇÕES DIRETAS. PARLAMENTARISMO CARACTERISTICAS FUNDAMENTAIS DO PARLAMENTARISMO DISTINÇÃO ENTRE CHEFE DE ESTADO E CHEFE DE GOVERNO – O CHEFE DE ESTADO, Monarca/Presidente da República, não participa das decisões políticas, exercendo uma função de representação e/ou elemento moral do Estado. A sua figura é fundamental para a estabilidade da unidade do Estado, especialmente em períodos de crise, em que se torna necessário indicar um novo Primeiro-Ministro, submetendo-o à aprovação do Parlamento. O CHEFE DE GOVERNO, por sua vez, é figura central do sistema parlamentar, pois é ele que exerce o Poder Executivo e se encarrega da orientação política geral. O mesmo é apontado pelo Chefe de Estado para compor o governo e apenas se torna Primeiro-Ministro depois de obter a aprovação do Parlamento. PARLAMENTARISMO CARACTERISTICAS FUNDAMENTAIS DO PARLAMENTARISMO CHEFE DE GOVERNO COM RESPONSABILIDADE POLÍTICA – O Chefe de governo não tem mandato com prazo determinado, podendo permanecer muitos anos enquanto detiver a confiança do Parlamento. 2 fatores podem determinar a sua demissão: A PERDA DA MAIORIA PARLAMENTAR ou o VOTO DE DESCONFIANÇA (Se um certo parlamentar desaprova a política do Primeiro-Ministro, propõe um voto de desconfiança que poderá ou não ser aprovado pela maioria parlamentar). POSSIBILIDADE DE DISSOLUÇÃO DO PARLAMENTO - O Chefe de Estado dispõe do direito de dissolução do Parlamento. Com isso, refreia os excessos do controle parlamentar sobre o governo, ao submeter eleições gerais a decisão sobre eventual conflito entre o Executivo e Legislativo (SITUAÇÕES: Perda de maioria parlamentar do Primeiro-Ministro ou voto de desconfiança, quando o Chefe de Estado entende que é o Parlamento que está em desacordo com a chamada vontade popular. PARLAMENTARISMO CARACTERISTICAS FUNDAMENTAIS DO PARLAMENTARISMO COLABORAÇÃO ENTRE O PODER EXECUTIVO E O PODER LEGISLATIVO – Essa característica é bastante evidenciada pela circunstância de que, se por um lado, o CHEFE DO GOVERNO, para se manter no cargo, depende da enorme confiança do Parlamento; por outro lado, o Parlamento pode ser dissolvido pelo CHEFE DE ESTADO. “Em seu funcionamento prático, se vê que toda a doutrina parlamentaria se reduz a evitar que o Governo ou o Parlamento adquiram uma preponderância duradoura e a garantir o equilíbrio mediante um controle permanente da opinião” (GEORGES BURDEAU) PARLAMENTARISMO VANTAGENS DO SISTEMA PARLAMENTARISTA PARA JUAN LINZ 1) A RELAÇÃO ENTRE EXECUTIVO E LEGISLATIVO É MAIS HARMONIOSA E ARTICULADA - O Chefe de governo é, em regra, oriundo dos quadros do Legislativo, sendo indicado pelo partido que obteve maioria nas eleições parlamentares. Esse apoio da maioria facilita a atuação político- administrativa. No entanto, se essa mesma maioria preferir uma mudança de orientação política, ela poderá substituir o governo por meio do seu voto de desconfiança. 2) O SISTEMA PARLAMENTARISTA FORNECE MECANISMOS MAIS CÉLERES E MENOS TRAUMÁTICOS À SUPERAÇÃO DE CRISES POLÍTICAS - Se o Governo não possui mais o apoio do Parlamento, ele pode ser substituído imediatamente, sem que para isso seja necessário a instauração de um processo complexo e frequentemente conturbado como o IMPEACHMENT. PARLAMENTARISMO VANTAGENS DO SISTEMA PARLAMENTARISTA PARA JUAN LINZ 3) NOS SISTEMAS PARLAMENTARISTAS DE GOVERNO TORNA-SE MAIS CENTRADA ATUAÇÃO DE PARTIDOS - O compartilhamento do poder e a formação de coalizões (acordos políticos ou alianças interpartidárias para lograr fins comuns) são muito comuns, e os que ocupam o governo estão, portanto, atentos às demandas e interesses até mesmo dos PARTIDOS MENORES. “Nos sistemas parlamentaristas há uma institucionalização do carisma, o que certamente exerce um papel importante no fortalecimento dos partidos políticos” (BRUCE ACKERMAN) SEMIPRESIDENCIALISMO O MODELO SEMIPRESIDENCIALISTA surge como uma alternativa que busca reunir as qualidades dos sistemas puros (Presidencialismo e Parlamentarismo), sem incidir em algumas de suas vicissitudes. Ressalte- se que não se trata de um modelo híbrido desprovido de unidade e coerência, um agregado de elementos estanques. Pelo contrário, é uma fórmula dotada de identidade própria, capaz de oferecer solução adequada para certos problemas da vida política. SEMIPRESIDENCIALISMO O SEMIPRESIDENCIALISMO consagrou um PAPEL MAIS ATIVO do Presidente da República, fortalecendo as atribuições executivas e políticas numa convivência de regras típicas do sistema PRESIDENCIAL, bem como PARLAMENTAR de governo. CONTEXTO HISTÓRICO DE SURGIMENTO: Constituição de Weimar - 1919 Constituição francesa – 1958 (que constitui, apesar das Constituições antecedentes, o marco do sistema semipresidencialista sob inspiração das ideias de Charles de Gaulle) Constituição Portuguesa - 1976 SEMIPRESIDENCIALISMO CARACTERÍSTICAS GERAIS DO SISTEMA SEMIPRESIDENCIALISTA (G. SARTORI) O Presidente da República (Chefe de Estado), eleito pelo voto popular com mandato certo, e o Primeiro- Ministro (Chefe de Governo), nomeado pelo Presidente e chancelado pela MAIORIA DO PARLAMENTO. O CHEFE DO ESTADO compartilha o Poder Executivo com o PRIMEIRO-MINISTRO, em uma ESTRUTURA DUPLA de autoridade com os seguintes critérios: a) Embora independente do Parlamento, o Presidente não tem o direito de governar sozinho ou diretamente e, portanto, a sua vontade deve ser canalizada e processada pelo seu governo; b) O Primeiro-Ministro e o gabinete independem do Presidente na medida em que dependem do Parlamento e estão sujeito à confiança da Assembleia, pelo que necessitam da maioria Parlamentar; c) A estrutura dupla de autoridade permite diferentes equilíbrios e a oscilação de prevalências de poder dentro do Executivo, estritamente sob a condição de que subsista a autonomia potencial de cada componente. SEMIPRESIDENCIALISMO BREVE RESUMO DO SISTEMA SEMIPRESIDENCIALISTA a) O Presidente (Chefe de Estado) é eleito pelo voto popular/mandato determinado b) O Presidente nomeia um Primeiro-Ministro (Chefe de Governo); c) O Primeiro-Ministro e o Gabinete dependem da confiança da Assembleia; d) O Presidente possui poderes políticos importantes (nomear o Primeiro-Ministro; dissolver o Parlamento; propor projetos de lei; conduzir a política externa; exercer poderes especiais em momentos de crise; submeter leis à Corte Constitucional; exercer o comando das forças armadas; nomear alguns funcionários de alto-escalão, convocar referendos, entre outros) OBSERVAÇÃO IMPORTANTE.: A nota distintiva dos países que adotam o semipresidencialismo situa-se na MAIOR OU MENOR ATUAÇÃO do Presidente na vida política. SEMIPRESIDENCIALISMO VANTAGENS DO SISTEMA SEMIPRESIDENCIALISTA A presença de mecanismos céleres para a substituição do governo, sem que isso venha a provocar crises institucionais de MAIOR GRAVIDADE; O Primeiro-Ministro pode ser substituído sem que tenha que se submeter aos complexos e demorados institutos do IMPEACHMENT ou RECALL; Poderá o Presidente dissolver o Parlamento e convocar novas eleições gerais, quando perceber que a Assembleia está em desacordo com a vontade popular; Eleição direta do Presidente e um extenso rol de competências institucionais. UNIDADE 7 - SISTEMAS DE GOVERNO “Saber exatamente qual a parte do futuro que pode ser introduzida no presente é o segredo de um bom governo” (Victor Hugo) FIM DESTA UNIDADE !
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