Buscar

Direitos Fundamentais

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Direitos Fundamentais
INTRODUÇÃO
Ao decorrer dos anos, o homem, ser gregário de própria natureza, vem demonstrando seu intuito de conviver bem em sociedade a fim de evoluir seu conhecimento e demonstrar-se útil. Para isso é necessário traçar normas de aceitação geral que regulem a convivência entre povos.
A política liberal foi o resultado de acontecimentos econômicos e sociais que impuseram mudanças na concepção do poder do Estado, considerando instituído pelo consentimento dos indivíduos através do contrato social. Tais acontecimentos ficaram conhecidos com o nome derevoluções burguesas, isto é, mudanças na estrutura econômica, na sociedade e na política efetuadas por uma nova classe social, a burguesia. Embora em todas as revoluções o resultado tenha sido o mesmo, a burguesia pretendeu e conseguiu derrotar a realeza e a nobreza, passou a dominar o Estado e julgou com isso terminada a tarefa das mudanças, enquanto as classes populares desejavam muito mais, entre esses, instituir uma sociedade inteiramente nova, justa, livre e feliz.
Ao lutarem politicamente, as classes populares olhavam para o Estado (o ponto de partida dos homens no Paraíso) e para o futuro (o ponto de chagada dos homens na Nova Jerusalém). Olhavam para o tempo futuro e novo – a sociedade dos justos na Terra –, que seria a restituição ou restauração do tempo passado original – o Paraíso. Porque o ponto de chegada e o ponto de partida do movimento político coincidiam com a existência da justiça e da felicidade, o futuro e o passado se encontravam, fechando o ciclo e o círculo da existência humana, graças à ação do presente.
Observa-se que o processo evolutivo já se constituía desde os primórdios e que, cada vez mais, o homem lutava por seus direitos e deveres como indivíduo e como sociedade.
REVOLUÇÃO FRANCESA
Não é sem motivo que a Revolução Francesa marca o início da Idade Contemporânea, pois este movimento provocou profundas transformações na vida política, social e econômica da França e do mundo da época, principalmente na Europa.
Essa revolução foi o resultado do descontentamento da população com os privilégios da nobreza, do clero e da alta burguesia.
Dentro do Absolutismo dos Bourbons dominava a total desigualdade e uma enorme crise financeira, provocada pelas guerras externas.
No século XVIII a França era um país agrário e com poucas indústrias. A burguesia ambicionava reconhecimento social e direito de poder político. A sociedade estava dividida em três grupos básicos: 1º Estado – o Clero (isento de impostos – direito de explorar o ensino); 2º Estado – a Nobreza (isenta de impostos – direitos feudais – cargos públicos) e 3º Estado – o restante da população, desde os camponeses aos ricos comerciantes. O 3º Estado era alvo dos Iluministas, como motivação contra os privilégios da minoria.
Os filósofos iluministas, economistas e enciclopedistas defendiam e propagavam a liberdade individual de pensamento, ideais e liberdades democráticas e os reflexos deste movimento verificaram-se na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
O Reinado de Luís XVI iniciara-se em 1774 em meio a uma grande crise financeira. O rei nomeou Turgot como ministro da Fazenda com a missão de fazer reformas para sanar a crise. As classes privilegiadas impediram a ação e diante da grave situação do Estado, o rei convocou os Estados Gerais, assembléia de representantes da nobreza, clero e povo, que não se reunia desde 1612. A burguesia desejava o fim do Absolutismo para realizar reformas políticas, sociais e econômicas.
Em julho de 1789 eclodiram várias revoltas populares em Paris e no interior, que culminaram em 14 de julho com a tomada da Bastilha, que era uma prisão do Estado, símbolo da política absolutista. Os guardas foram massacrados e os prisioneiros libertados. Formou-se então a Guarda Nacional composta por cidadãos. Aboliu-se o sistema feudal e em 26 de agosto de 1789 foi aprovada a Declaração dos Direitos do Homem, inspirada na Declaração de Independência dos Estados Unidos, onde diz que a propriedade privada é inviolável e sagrada.
O povo invadiu o palácio exigindo o extermínio da realeza. A família real refugiou-se na Assembléia. Era necessário convocar uma nova Assembléia, a Convenção. Esta Convenção, estabelecida em 1792, era em grande parte constituída de burgueses, democratas que acreditavam na separação do poderes e no sufrágio universal. Na sessão de 21 de setembro de 1792, foi proclamada a República.
Os partidos políticos mais expressivos eram: Girondinos, mais moderados e os Montanheses que eram mais jovens e exaltados onde se destacavam Danton, Robespierre e Marat. O rei Luís XVI era acusado de traição e foi condenado à morte e decapitado na guilhotina na praça de Concórdia.
Logo após a execução de Luís XVI, a Inglaterra aliou-se a Áustria, Prússia, Holanda, Espanha e Estados italianos contra a França que, sem exército foi derrotada.
O período do Terror (1793 – 1794), durante o qual os jacobinos (partido da pequena burguesia e proletariado urbano, muito radical) sentavam-se à esquerda na Assembléia e defendiam as classes oprimidas defendendo assim a revolução. Conspira-se muito e descamba-se para executar na guilhotina os membros do próprio partido jacobino. Executam-se radicais e moderados. Milhares de pessoas morrem, entre elas intelectuais como o químico Lavoisier. Robespierre, em menos de 50 dias, mandou para a guilhotina 1.400 pessoas. Assim os membros da Convenção voltam-se contra o ditador.
Com o domínio das inseguranças e das ameaças, cria-se o Comitê de Salvação Pública que pretendia controlar a Comuna de Paris e evitar excessos. Em 1795 inicia-se a terceira fase da Revolução e a Convenção, dominada pelos girondinos, antes de dissolver-se organiza um novo regime constitucional que vai chamar-se de Diretório onde se mantinha a República, mas o Poder Executivo passava a ser exercido por cinco membros denominados diretores, eleitos por conselhos, formados por ricos proprietários. Nesta época, no setor militar, um jovem general conquistava grandes vitórias para o exército francês, contra a Áustria, a Espanha e a Prússia. Este jovem chamava-se Napoleão Bonaparte.
Como o Diretório mostrou-se incapaz de resolver os problemas da política interna e externa, com corrupção, revoltas, além das tropas, passou a ser entregue também a Napoleão, que aproveitou seu prestígio militar para derrubar o Diretório e instituir o Consulado.
Napoleão Bonaparte consolidou o poder da burguesia, colocando fim à Revolução por volta de 1799. Estes fatos marcaram o fim do Absolutismo na França, a independência das colônias inglesas na América e inicia o movimento de independência das colônias da América Central e do Sul.
Tem-se aí o processo histórico evolutivo e propulsor de uma nova geração de conceitos humanitários inerentes ao homem como ser natural e como ser social, possuindo assim, um valor próprio que deva ser respeitado por todas as Nações.
 
OS DIREITOS FUNADAMENTAIS
Desde a revolução de 1789, o regime constitucional é associado à garantia dos direitos fundamentais a qual condicionou à proteção dos direitos individuais a própria existência da Constituição.
Tal exagero tinha uma significação profunda, pois transparecia o objetivo do governo em prol da Constituição escrita, qual seja, o estabelecimento em favor do indivíduo de uma esfera autônoma de ação, delimitando assim o campo de interferência legítima do Estado com qualquer um. Com o passar dos tempos, operou-se mudança no modo de encarar as relações entre o indivíduo e o Estado, vindo novos direitos a serem reconhecidos em favor do indivíduo, direitos esses com um conteúdo positivo que o Estado estaria obrigado a prestar. Por outro lado, com o desprestígio do individualismo, foram também aos grupos reconhecidos direitos fundamentais, com o mesmo caráter inalienabilidade, imprescritibilidade e irrenunciabilidade que os individuais. Sempre, porém, o reconhecimento desses direitos permaneceu inabalado como uma das metas do constitucionalismo.
As Declaraçõesde Direitos são um dos traços mais característicos do constitucionalismo, bem como um dos documentos mais característicos do Constitucionalismo, bem como um dos documentos mais significativos para a compreensão dos movimentos que o geraram. Sem dúvida, a idéia de se estabelecer por escrito um rol de direitos em favor de indivíduos, de direitos que seriam superiores ao próprio poder que os concedeu ou reconheceu, não é nova. Os forais, as cartas de franquia, continham enumeração de direitos com esse caráter já na Idade Média. Entre as declarações, de um lado, e os forais, ou cartas, de outro, a diferença fundamental estava em que as primeiras se destinavam ao homem, ao cidadão, em abstrato, enquanto as últimas se voltavam para determinadas categorias ou grupos particularizados de homens. Naquelas se reconheciam certos direitos a todos os homens por serem homens, em razão de sua natureza, nestas, a alguns homens por serem de tal corporação ou pertencerem a tal valorosa cidade.
A causa profunda do reconhecimento de direitos naturais e intangíveis em prol do indivíduo decorrentes imediatamente da natureza humana é de ordem filosófico-religiosa.
De ordem religiosa porque decorre sem saltos dos dogmas cristãos. A igualdade fundamental de natureza entre todos os homens, criados à imagem e semelhança de Deus, a liberdade fundamental de fazer o bem, ou de não o fazer, decorrem dos mais remotos ensinamentos bíblicos. Dessa inspiração religiosa, ainda que por outras influenciadas, é que deflui a lição de Sto. Tomás de Aquino sobre o direito natural. Seria este aquela participação na lei eterna que o homem alcança, considerando O seu íntimo: a vontade de Deus, o criador, desvendada pela razão da criatura, por sua inclinação própria, na própria criação.
Essa base religiosa do direito natural foi substituída sem modificação profunda do edifício em sua exterioridade pela obra dos racionalistas do século XVII, Grócio e outros. Para estes o fundamento do direito natural não seria a vontade de Deus, mas a razão, medida última do certo e do errado, do bom e do mau, do verdadeiro e do falso. Esta versão racionalista do direito natural, inserida no Iluminismo, é que inspira as primeiras Declarações.
A afirmação do indivíduo, inerente às primeiras Declarações, encontrava eco no contexto econômico da época.
O caráter individualista é o traço fundamental das Declarações dos séculos XVIII e XIX e das editadas até a Primeira Guerra Mundial. Marca-as a preocupação de defender o indivíduo contra o Estado, este considerado um mal, embora necessário.
Esse aspecto individualista, essa preocupação com os direitos do indivíduo contra o Estado, perdura na maioria das constituições do século XX. Nestas, porém, reponta outra inspiração que é a de assegurar aos indivíduos certos direitos por meio do Estado, direitos em geral de alcance econômico.
O aparecimento dos "direitos econômicos e sociais" ao lado das "liberdades" nas Declarações é o fruto de uma evolução cujo ponto de partida se encontra bem cedo no século passado.
Essa nova concepção dos direitos fundamentais encontrou expressão solene principalmente nas primeiras Constituições republicanas alemã e espanhola — a de Welmar de 1919, a espanhola de 1931. Com menor repercussão que elas e caracterizada por um nacionalismo exacerbado está a Constituição mexicana de 1910, talvez a primeira a incorporar essas novas idéias.
No Brasil, a primeira Constituição a adotar, em seu texto, essa nova inspiração foi a de 1934, no que foi seguida pelas de 1937, 1946 e 1967. As anteriores — 1824 e 1891 — como era de se esperar, manifestavam em seu texto o apego à concepção individualista dos direitos fundamentais.
Na verdade, em nosso Direito Constitucional, o reconhecimento dos direitos "econômicos e sociais" tem sido feito sob a forma de princípios, catalogados em capítulo sobre a "Ordem econômica e social" e com ela devem ser estudados.
Dentre as Declarações, há que distinguir, por outro lado, as que se contentam com enumerar os direitos reconhecidos como anteriores ao Estado e superiores a ele — direitos de certo modo naturais — e as que se preocupam em acrescentar ao rol dos direitos o das garantias. Que são essas garantias?
As garantias, ao contrário dos remédios, buscam prevenir, não corrigir. As garantias consistem nas prescrições que vedam determinadas ações do poder público que violariam direito reconhecido. São barreiras erigidas para a proteção dos direitos consagrados.
Há autores que classificam os Direitos e Garantias Fundamentais em três gerações, seguindo de certa forma a seqüência dada pelo lema da Revolução Francesa – liberdade, igualdade e fraternidade. A primeira geração (liberdade) refere-se à liberdade do indivíduo em relação ao Estado, com a contenção do arbítrio estatal e o respeito aos direitos civis e políticos do cidadão. A segunda geração (igualdade) refere-se aos direitos sociais, econômicos e culturais, com o compromisso do Estado de promover o bem estar social. A terceira geração (fraternidade), ainda não bem definida, parece dirigir-se à proteção de direitos coletivos e difusos, como o meio ambiente, a paz, os direitos do consumidor a qualidade de vida e etc.
 
IGUALDADE, LIBERDADE, SEGURANÇA E PROPRIEDADE, NACIONALIDADE.
Fundamentalmente são dois os valores que inspiram a democracia: liberdade e igualdade, cada um destes valores, é certo, com sua constelação de valores secundários. A liberdade de cada um e de todos é, assim, inerente à democracia. A igualdade reflete a vitória dos povos sofridos, os quais antes eram tratados de maneira desigual e muitas vezes com desrespeito. A vida reflete o gozo do direito a liberdade e a igualdade. A segurança é um meio de fazer com que o cidadão se sinta protegido pelo Estado. E por último, e não menos importante, a nacionalidade que garante ao indivíduo o usufruto das prerrogativas contidas na Constituição. Apresentaremos um estudo mais detalhado a seguir.
1.1. IGUALDADE
Art. 5º CF – "Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes".
A igualdade, desde a Antigüidade, é indissoluvelmente associada à democracia. No célebre discurso de Péricles em honra aos mortos no primeiro ano da guerra do Peloponeso, é a "isonomia", a igualdade perante a lei, apontada como uma das três características fundamentais da democracia ateniense.
Juridicamente, como ensina Collard, pode-se distinguir a igualdade de direitos, ou igualdade civil, da igualdade de fato, ou igualdade real.
A primeira é uma "igualdade de aptidão, uma igualdade de possibilidades, uma igualdade virtual". Afirma ela que "os homens são igualmente aptos a gozar de direitos, mas não afirma que têm eles um exercício igual desses direitos". A segunda, ao invés, afirma em prol de todos "um igual exercício atual de direitos".
Aquela é a forma de igualdade consagrada constitucionalmente nas democracias ocidentais. Mantém aberta a possibilidade de distinções, mas de distinções que decorram do valor pessoal. De fato, a igualdade civil rejeita os privilégios de raça, cor, religião, sexo e nascimento. A última forma de igualdade é a prometida nas democracias marxistas para o paraíso comunista. Para o atendimento dessa promessa, se possível, não se lhe nega até o sacrifício da liberdade.
Na verdade, o princípio de igualdade é uma limitação ao legislador e uma regra de interpretação. Como limitação ao legislador, proíbe-o de editar regras que estabeleçam privilégios em razão da classe ou posição social, da raça, da religião, da fortuna ou do sexo do indivíduo. Inserido o princípio na Constituição, a lei que o violar será inconstitucional. É também um princípio de interpretação. O juiz deverá dar sempre à lei o entendimento que não crie privilégios, de espécie alguma. E, como o juiz, assim deverá proceder todo aquele que tiver de aplicar uma lei.
Por outro lado, nãose pode ter desigualdade de tratamento onde a religião ou o sexo do indivíduo sejam incompatíveis com o serviço ou a função. Não há desobediência ao preceito constitucional, por exemplo, se restringir a sacerdote católico a capelania católica das Forças Armadas, ou se negar à mulher acesso ao cargo de carcereiro de penitenciária masculina.
Deve-se assinalar que atualmente o princípio de igualdade parece em regressão. É inegável a tendência ao desenvolvimento de um direito de classe, que, embora para proteger o social e economicamente fraco, lhe concede privilégios em detrimento do princípio de igualdade. Também se pode observar que a intervenção do Estado no domínio econômico se tem feito não raro ao arrepio desse princípio.
A Constituição brasileira em vigor consagra a igualdade perante a lei. Consagra-a fiel ao modelo tradicional como igualdade de direitos. Todos, afirma o texto constitucional, gozam de igualdade de direitos, em princípio. Assim, qualquer discriminação quanto ao gozo de direitos, seja entre nacionais e estrangeiros, seja entre brasileiro e brasileiros, tem de ser, expressa ou implicitamente.
Destarte, a igualdade é regra constitucional a que só a Constituição pode, validamente, abrir exceções.
1.2. LIBERDADE
Os direitos explicitamente consagrados na Constituição podem ser agrupados em três categorias, conforme seu objeto imediato, pois o imediato se pode dizer que é sempre a liberdade.
A liberdade de locomoção, assim impropriamente chamada, pois é o direito de ir, vir e também de ficar é a primeira de todas as liberdades, sendo condição de quase todas as demais. Consiste em poder o indivíduo deslocar-se de um lugar para outro, ou permanecer cá ou lá, segundo lhe convenha ou bem lhe pareça. Claro, essa liberdade de ir ou ficar termina onde atenta contra o bem geral.
Sendo aquela cuja perda mais ostensiva aparece, foi talvez de todas as liberdades a mais cedo defendida. É ela protegida em particular pelo habeas corpus.
A propósito da liberdade de pensamento, deve-se, de pronto, distinguir duas facetas: a liberdade de consciência e a liberdade de expressão ou manifestação do pensamento. A primeira é a liberdade do foro íntimo. Enquanto não manifesta, é condicionável por meios variados, mas é livre sempre, já que ninguém pode ser obrigado a pensar deste ou daquele modo. Essa liberdade de consciência e de crença a Constituição declara inviolável.
A liberdade de consciência e de crença, porém, se extroverte, se manifesta na medida em que os indivíduos, segundo suas crenças, agem deste ou daquele modo, na medida em que, por uma inclinação natural, tendem a expor seu pensamento aos outros e, mais, a ganhá-los para suas idéias. As manifestações, estas sim, pelo seu caráter social valioso, é que devem ser protegidas, ao mesmo tempo em que impedidas de destruir ou prejudicar a sociedade.
A manifestação do pensamento pode, porém, dirigir-se a outrem e não apenas exprimir as convicções do individuo, sem preocupação deste que outros a percebam, ou não. Essa liberdade, expressão fundamental da personalidade, também é consagrada, mas sob regimes diversos, conforme sua importância social. Essa manifestação pode dirigir-se de uma pessoa para outra ou para outras não presentes de forma sigilosa, por carta, telegrama, telefone ou rádio. Essa manifestação, se de pessoa a pessoa e com caráter sigiloso, é a correspondência, cuja liberdade é reconhecida. Na verdade, a expressão correspondência é considerada sinônima de carta. Todavia, a técnica deu ao homem outros meios de corresponder-se com os demais, que se devem enquadrar no mesmo regime. A comunicação por meio dessas novas técnicas, dado o caráter das mesmas, dificulta o sigilo, que, todavia, deve ser mantido. É inviolável, proclama o mencionado dispositivo constitucional. A manifestação mais comum do pensamento é a palavra falada. Na verdade, é ela uma das principais de todas as liberdades humanas por ser a palavra uma das características fundamentais do homem. A liberdade de palavra, todavia, não exclui a responsabilidade pelos abusos sob sua capa cometidos.
A Constituição brasileira veda a censura da palavra escrita. Declara independente de licença do poder público a publicação de livros e periódicos. Proíbe, todavia, o anonimato (não o pseudônimo) e a propaganda de guerra de subversão da ordem, de preconceitos de raça, ou classe, bem como as publicações e exteriorizações contrárias à moral e aos bons costumes.
Com relação à imprensa, deve-se assinalar que é vedado ao estrangeiro ser dono, orientador ou responsável de empresa jornalística ou de radiodifusão. Na verdade, só aos brasileiros natos é que pode caber a orientação ou responsabilidade das mesmas. A liberdade de pensamento implica também a liberdade dos espetáculos e diversões públicas.
Próxima ainda da liberdade de expressão do pensamento, mas algo distinta, está a liberdade de reunião.
Reunião, no texto constitucional, significa um agrupamento de pessoas, organizado, mas descontínuo, para intercâmbio de idéias ou tomada da posição comum. O agrupamento, para ser reunião, deve ser organizado, ou seja, ter uma direção e englobar pessoas unidas por uma intenção comum. Não é pois, reunião, um grupo formado por circunstâncias fortuitas ou pela contigüidade no espaço como, por exemplo, os curiosos que se agrupam num caso de acidente na rua, ou os que se vêem no mesmo lugar, à mesma hora, à espera da mesma condução, porque em ambos os casos não há a intenção, nem pálida, de estarem uns com os outros para com outros trocar idéias ou firmar posição comum. Contudo, só é reunião o agrupamento descontínuo, ou seja, passageiro. Se o agrupamento adota laços duradouros passa da reunião para o campo da associação.
No direito brasileiro a reunião é livre, desde que seus participantes estejam desarmados, desde que se faça em lugar não proibido pela autoridade policial, de acordo com critério objetivo. A polícia, de fato, conforme a situação da cidade, deve, de antemão, estabelecer o rol dos locais públicos onde sejam lícitas as reuniões, só podendo vedar reunião num deles por motivos imperiosos e extraordinários.
O direito brasileiro mostra reflexos dessa evolução. A Carta de 1824 não reconhecia entre os direitos e garantias fundamentais o de associação, o que só foi feito pela Constituição de 1891, quando a revisão do pensamento liberal a esse respeito já se firmara.
Outra liberdade reconhecida é a de profissão que compreende, na sistemática da Constituição vigente, a de trabalho.
Como expressão lídima da liberdade individual, cada um tem o direito de trabalhar no ofício que lhe agradar, para o qual tiver aptidão. Rejeita-se assim o privilégio de profissão, anteriormente consagrado em prol das corporações de ofício.
Apenas admite a Constituição as restrições a essa liberdade indispensáveis para a salvaguarda do interesse público. De fato, consente que a lei ordinária imponha "condições de capacidade".
A liberdade de trabalho, por outro lado, recebe certas limitações, destinadas a proteger o próprio trabalhador e a sociedade, contra abusos.
Pode-se ainda mencionar entre as liberdades a de ação em geral. Esta, de certo modo, já foi examinada a propósito do princípio de legalidade. Essa liberdade é a de fazer ou não fazer tudo aquilo que a lei não proíbe.
Paralelamente com a liberdade de associação deve ser tratada a liberdade sindical, ou seja, a liberdade de aderir a um sindicato, ou não. Essa liberdade é expressamente reconhecida pela Constituição, não sendo, pois, lícito restringir a liberdade do trabalhador por ser este sindicalizado, ou por não ser. Tal preceito veda, portanto, o estabelecimento, embora disfarçado, do corporativismo entre nós.
1.3. SEGURANÇA E PROPRIEDADE
Dos direitos relativos à segurança do indivíduo, uns concernem aos seus direitos subjetivos em geral, outros apenas à sua segurança pessoal.
Destarte, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada são respeitados como fontes de direitos subjetivos adquiridos. O fundamental, pois, é a proteção destes para a segurançadas relações jurídicas.
Note-se, todavia, que o respeito aos direitos adquiridos não veda a sua restrição, nem mesmo sua eliminação por lei posterior à sua aquisição. Apenas significa que essa restrição ou supressão só tem efeitos para o futuro. Do contrário o legislador seria praticamente impotente, já que toda alteração de leis, ou edição de novas, atinge, do instante da publicação em diante, direitos adquiridos. Destarte, não há direito adquirido à permanência de um estatuto legal.
Dos direitos relativos à segurança pessoal o mais importante é o que resguarda a liberdade pessoal ao se proibir as prisões, a não ser "em flagrante delito ou por ordem escrita de autoridade competente". Impede-se assim o arbítrio a sacrificar imotivadamente a liberdade individual.
Dentre outros direitos relativos à segurança pessoal o primeiro é a inviolabilidade do domicílio, isto é, da residência do indivíduo, consiste em ser vedada a entrada a quem quer que seja sem o consentimento do morador, durante o dia, salvo as exceções previstas em lei, à noite, salvo para socorrer as vítimas de crime e acidente. As hipóteses, portanto, em que o domicílio pode ser invadido sem o consentimento do morador, durante a noite, foram taxativamente enumeradas pelo constituinte, enquanto, durante o dia, a enumeração dessas hipóteses é deixada ao critério do legislador, que pode aumentá-las ou diminuí-las a seu talante.
Os direitos fundamentais referentes à propriedade estão num plano intermediário entre os que concernem à liberdade e os que dizem respeito à segurança, já que ela ao mesmo tempo toca a uma e outra. De fato, ela é instrumento da liberdade e garantia de segurança, na medida em que torna possível ao indivíduo realizar o que quer, e o resguarda contra a necessidade e a incerteza do amanhã.
Sem dúvida, a propriedade não é sagrada, como afirmava a Declaração de 1789. É um direito fundamental que não está nem acima nem abaixo dos demais. Deve, como os demais, sujeitar-se às limitações exigidas pelo bem comum. Pode ser pedida em favor do Estado quando o interesse público o reclamar, como a vida tem de ser sacrificada quando a salvação da pátria o impõe.
Pode ser recusada quanto a certos bens cujo uso deva ser deixado a todos, quando a exploração deles não convém que se faça conforme a vontade de um ou de alguns cidadãos. Tem de ser respeitada, porém, até que se prove existir liberdade sem ela como Instrumento, segurança sem ela como garantia.
A Constituição brasileira reconhece o direito de propriedade, cujo uso deverá ser condicionado ao bem-estar social. Esse direito é garantido pela exigência de que toda expropriação se faça mediante prévia e justa indenização, que em princípio deve ser paga em dinheiro. No entanto, ser justa a indenização é o que importa. A exigência de ser ela em dinheiro é secundária. Sem dúvida é uma garantia que o constituinte procurou estabelecer contra a má-fé de governantes que esvaziassem a justiça da indenização, pagando-a em títulos de prazo longo e juros irrisórios, cuja substância se perdesse pela Inflação. A correção monetária, em bases reais, elimina o principal desses inconvenientes. Todavia, isso é admitido numa única hipótese salvo se o expropriado anuir — a de destinar-se a desapropriação a promover a justa distribuição da propriedade rural, Isto é, para a promoção de reforma agrária.
A desapropriação, como se assinalou, há de fundar-se em "necessidade pública", "utilidade pública" ou "interesse social". Há necessidade pública sempre que a expropriação de determinado bem é indispensável para atividade essencial do Estado. Há utilidade pública quando determinado bem, ainda que não seja imprescindível ou Insubstituível, é conveniente para o desempenho da atividade estatal. Entende-se existir interesse social toda vez que a expropriação de um bem qualquer for conveniente para a paz, para o progresso social ou para o desenvolvimento da sociedade.
1.4. NACIONALIDADE
O conceito de nação não é pacífico, mas é certo que representa a alma, o cerne do Estado. Para a maioria dos autores, nação é a entidade natural que aglutina indivíduos através da identidade de idioma, das tradições, da religião, dos costumes e de elementos históricos, culturais e étnicos. Nenhum destes elementos por si só é determinante para a caracterização da nação. A Suíça, por exemplo, tem três idiomas oficiais, mas nem por isso deixa de ser uma nação.
Observa-se no Brasil a mistura e a convivência de todas as raças humanas, mas tal fato não evitou a formação do forte vínculo nacional brasileiro.
A nação forma-se aos poucos, ao longo dos séculos, no desenvolvimento das atividades de determinado agrupamento humano. Assim, por exemplo, nos primeiros anos após o descobrimento não era possível falar em nação brasileira, porque a identidade entre os brasileiros ainda não se fazia sentir.
Portanto, nação é o laço moral natural que existe entre os componentes de um determinado agrupamento humano. Este vínculo tem longas raízes no passado e se projeta para o futuro infinito.
A idéia de nação é recente e tomou impulso somente na Revolução Francesa (1789), que se opôs ao sentido universalista da religião. Alguns estudiosos deslocam o nascimento do chamado "sentimento nacional" para a época das guerras napoleônicas. O Estado pode ser imposto ao povo de imediato, mediante o uso da força. Mas a nação se estabelece lenta e espontaneamente, ao longo dos séculos de história.
Sistema brasileiro de aquisição de nacionalidade: Modo originário — O Brasil adota um sistema misto de nacionalidade. Em princípio, é adotado o ius soli é nacional quem nasce em solo brasileiro. Mas também observa-se o ius sanguinis, já que é igualmente brasileiro o nascido no estrangeiro filho de brasileiro. Neste caso a nacionalidade é automática se, ao tempo do nascimento, o pai estava no estrangeiro a serviço do Brasil. Mesmo que assim não seja, o filho poderá optar pela nacionalidade; Modo adquirido — A nacionalidade brasileira poderá ser adquirida pelos estrangeiros residentes no Brasil há mais de 15 anos ininterruptos e sem condenação penal. Aos originários de países de língua portuguesa exigem-se apenas residência no país por um ano ininterrupto e idoneidade moral. Os portugueses com residência permanente no país têm os mesmos direitos atribuídos aos brasileiros, salvo as exceções previstas na Constituição. Esta equiparação somente tem validade se houver reciprocidade em favor de brasileiros em Portugal.
Salvo nos casos previstos na Constituição, a lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados.
A Constituição Federal faz uma diferença entre naturalizado novo e naturalizado antigo. Assim, o brasileiro naturalizado (novo) há menos de 10 anos não pode ser proprietário de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens.
Perda da nacionalidade brasileira — A nacionalidade brasileira somente poderá ser perdida em dois casos: A primeira hipótese é a do brasileiro que tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional (art. 12, § 4~, 1). Compete ao Ministério Público Federal promover a ação correspondente. Não há consenso sobre o significado da expressão "atividade nociva aos interesses nacionais". Para alguns autores, que seguem a antiga tendência da Corte de Cassação da França, o conceito de "nocividade" ao interesse nacional é aberto e incumbem ao titular da ação e ao juiz a interpretação e a integração desse dispositivo. Do outro lado estão aqueles que advogam a necessidade de prévia e específica tipificação legal (nulla poena sine lege), que é basilar em nosso Direito. A segunda hipótese de perda da nacionalidade é a do brasileiro que adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira e de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em Estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.
Reaquisiçãoda nacionalidade brasileira — Se o cancelamento da naturalização ocorreu por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional, a reaquisição somente se dará via ação rescisória daquele julgado.
No caso de perda por aquisição voluntária de outra nacionalidade poderá ocorrer reaquisição da nacionalidade brasileira por decreto do Presidente da República, desde que o interessado estiver domiciliado no Brasil.
1.5. VIDA
O direito mais importante sobre todos estes citados é o direito à vida, pois garante ao cidadão a proteção estatal, mesmo diante de infrações penais e demais irregularidades que sejam danosas ao convívio social.
Mesmo com relação à pena a Constituição proíbe a de caráter perpétuo, de trabalhos forçados, de banimento, cruéis e pena de morte, salvo em caso de guerra declarada, pois tem-se o perigo de ofensa a nação, autorizando assim a morte ao indivíduo que a põe em risco.
CONCLUSÃO
Podemos afirmar que o artigo 5° da Constituição da República Federativa do Brasil é um verdadeiro "manual de convívio" entre o Estado e os cidadãos que o complementam. Sabemos que muitos dos incisos demonstrados são de aplicação imediata, porém alguns deles são menos notados. Devemos reconhecer o empenho do Estado para fazer com que estes "mandamentos" sejam cumpridos. Porém, às vezes, o próprio Estado desconhece suas normas e acaba ferindo preceitos basilares de sua própria legislação.
Podemos citar um atual exemplo, o caso do "apagão", tão comentado diariamente, onde, logo após sua implantação o Estado feriu o Código de Defesa do Consumidor, um dos mais modernos códigos da atualidade, atribuindo o corte do fornecimento de energia a quem não cumprisse sua meta de consumo. Ora, como isso pode ser justo se o próprio Código de Defesa do Consumidor proíbe o corte de serviços considerados essenciais ao consumidor?
Cabe a nós, cidadãos, exigir o que é nosso de pleno direito. Devemos contribuir para formarmos uma nação unida, que auxilie o próximo, que respeite os valores de cada indivíduo, que preserve pela paz, pela solidariedade e principalmente pela vida de cada um. Pois, de nada vale termos princípios e fundamentos se não os cumprirmos de maneira consciente.
 
BIBLIOGRAFIA
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 6 ed. São Paulo: Malheiros, 1996.
COMPARATO, Fábio Konder. Fundamentos dos Direitos Humanos. Estudos Avançados. São Paulo, N. 2, 1997. Coleção Documentos.
CRETELLA JR, José. Curso de Filosofia do Direito. 5ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1995.
FERREIRA FILHO, Manuel Gonçalves. Direitos Humanos Fundamentais. São Paulo: Saraiva, 1995.
MELO, José Tarcízio de Almeida. Direito Constitucional Brasileiro. Belo Horizonte: Del Rey, 1996.
MORAIS, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 1997.
REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 16 ed. São Paulo: Saraiva, 1994.
SARAIVA, Paulo Lopo. Manual de Direito Constitucional. São Paulo: Acadêmica, 1995.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 13 ed. São Paulo: Malheiros, 1997.
TEIXEIRA, José Horácio Meirelles. Curso de Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Forense, 1991.

Outros materiais