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Macroeconomia Curso Professor Geraldo Goes CAPÍTULO 1 BALANÇO DE PAGAMENTOS: ESTRUTURA E FORMAS DE FINANCIAMENTO 1.1. O BALANÇO DE PAGAMENTOS (BP). Conceito: Durante um determinado período, geralmente de um ano, um país realiza transações com o exterior, tais como as exportações e importações de bens e serviços, pagamentos e recebimentos dos juros da dívida externa, recebimento e envio de rendas para o exterior, recebimentos e doações de donativos, entrada e saída de capitais, etc. Essas transações que um país realiza com o exterior são registradas contabilmente no Balanço de Pagamentos desse país. Cada país publica anualmente seu Balanço de Pagamentos. 1.2. O CONCEITO DE RESIDENTE EM UM PAÍS. São considerados residentes em um país: (i) as pessoas físicas, sejam nacionais ou não, cujo centro de interesse é o País; (ii) as firmas instaladas nesse país, sejam nacionais ou não; (iii) as embaixadas do país; (iv) os órgãos do Governo do país, a nível federal, estadual e municipal do Executivo, Legislativo e Judiciário. Pôr exemplo são considerados residentes no Brasil: os brasileiros e estrangeiros que trabalham no país, as firmas brasileiras e a filial da IBM no Brasil e outras filiais de multinacionais aqui instaladas, as embaixadas do Brasil em Paris, o ministério da Saúde e o Banco Central, etc. Ser residente não significa fixar moradia, uma pessoa que mora na fronteira pode fixar moradia em um país e trabalhar em outro país e portanto residir nesse último. Dizer que uma pessoa é residente em um país significa que o centro de interesse dessa pessoa é o país , isto é, que essa pessoa ajuda a formar e absorver (consumir) o PIB desse país. 1.4. DEFINIÇÃO DE BALANÇO DE PAGAMENTO (BP). O Balanço de Pagamentos (BP) é o registro sistemático de todas as transações entre residentes e não residentes de um país. Note que só são registradas no BP as transações realizadas entre residentes e não residentes de um país. As transações que envolvem apenas os residentes de um país não são contabilizadas no balanço de pagamento desse país, pôr exemplo: os gastos com turismo interno, os pagamentos de juros da dívida interna e os empréstimos realizados entre residentes de um país não são contabilizados no balanço de pagamento desse país. As únicas exceções à essa regra são as operações de monetização e desmonetização do ouro monetário. Chamasse ouro monetário ao ouro que está em poder do Banco Central. O ouro não monetário é o ouro que não está em poder do banco central( é o ouro utilizado para fins comerciais, artísticos e industriais). As operações de monetização ( quando o Banco Central compra ouro) e desmonetização (quando o Banco Central vende ouro) mesmo que realizada entre residentes é contabilizada no BP. 1.5. OS MEIOS INTERNACIONAIS DE PAGAMENTO. Os meios internacionais de pagamento são as diversas formas de pagamento e/ou recebimento realizadas pêlos bancos centrais dos países nas relações de comércio internacional. O leitor deve estar atento ao fato de que mesmo as operações de comércio internacional realizadas entre agentes privados de países diferentes são controladas pelos respectivos bancos centrais desses países. Os meios internacionais de pagamento são: (i) Haveres a curto prazo no exterior; (ii) Ouro monetário; (iii) Direitos Especiais de Saque; (iv) Posição de Reservas no FMI. Essas são as formas de pagamento das importações de um país. Pôr exemplo: Se o Brasil (algum residente no Brasil) importou uma máquina da França, então o Banco Central do Brasil pode pagar essa máquina ao Banco Central da França na forma de haveres, ouro monetário, DES ou em posição de reservas no FMI HAVERES A CURTO PRAZO NO EXTERIOR São compostos pelas reservas em moeda forte e títulos de curto prazo. É a liquidez imediata de um país, isto é, são os recursos em poder de um país e que possuem liquidez imediata no mercado internacional tais como as reservas cambiais em moeda forte (dólar, euro, iene, e libra, principalmente as reservas em dólar) e os títulos de curto prazo aplicados no exterior. OURO MONETÁRIO É o ouro que está em poder do Banco Central. O ouro que não está em poder do Banco Central é chamado de ouro não monetário ( ouro para fins comerciais, industriais e artísticos). Em outras palavras , chamasse ouro monetário às reservas em ouro do Banco Central. 1 Macroeconomia Curso Professor Geraldo Goes POSIÇÃO DE RESERVAS NO FMI São as reservas que um país membro do FMI deve manter no FMI como cota parte. É a cota parte de um país no FMI, registrada na conta geral do país no FMI. Todo país membro do FMI é um país quotista, isto é, para ter o direito de pedir empréstimos ao FMI , um país deve integralizar sua cota em um fundo de estabilização. O FMI é um fundo que auxilia seus países membros a regularizarem suas contas quando incorrerem em déficit no balanço de pagamento. Para ser um país membro do FMI ( e consequentemente ter o direito, sob certas condições, de pegar empréstimos de regularização) um país deve entregar ao FMI a sua cota parte, é essa cota parte que chamamos de reservas no FMI. Justamente pôr representar a cota parte de um país, é que , essas reservas são consideradas saques incondicionais, isto é, a cota parte de um país é “dinheiro” do país e portanto faz parte das reservas internacionais de um país, enquanto que os empréstimos são saques condicionais . Essa cota parte inicialmente era integralizada da seguinte maneira: (i) 25 % em ouro (ii) 75 % em moeda nacional. Após o Acordo da Jamaica em 1976, os 25 % passaram a ser integralizados em DES. DIREITOS ESPECIAIS DE SAQUE (DES) O DES é uma moeda criada pelo FMI com o objetivo de fornecer liquidez ao sistema financeiro internacional. As principais características do DES são: (i) Foi criada pelo FMI na reunião do Rio de Janeiro em 1967, (ii) Foi depositada pela primeira vez em 1970 numa conta chamada conta especial, é conhecida como ouro-papel. (iii) é uma moeda emitida pelo FMI sob a anuência de 85% de seus países membro, (iv) Só é transacionada entre os bancos centrais e os tesouros dos países membros, (v) Possui curso forçado, isto é, todo país membro do FMI é obrigado a receber os DES como forma de recebimento pelas suas exportações de bens e serviços, (vi) É uma moeda escritural, não existem cédulas de DES. Os DES são contabilizados em uma conta chamada conta especial (para diferenciar das reservas registradas na conta geral), (vii) Não possui “lastro”, isto é, seu “lastro” é o FMI através da anuência de seus países membros, (viii) Sua paridade, atualmente (a partir de 01/01/1999) é calculada a partir de uma cesta ponderada de quatro moedas: dólar (39%), euro (32%), iene (11%) e libra (18%). 1.6. TIPOS DE CONTAS DO BALANÇO DE PAGAMENTO. No Balanço de pagamento existem duas categorias de contas: (i) as contas de caixa: que registram se efetivamente entrou ou saiu meios internacionais de pagamento no país ( isto é se entrou ou saiu do país haveres, ouro monetário, DES ou reservas no FMI). Só existem quatro contas de Caixa no balanço de pagamento: haveres a curto prazo no exterior, ouro monetário, DES e reservas no FMI. Todas as demais contas do balanço de pagamento são contas operacionais. (ii) as contas operacionais: registram os fatos geradores que dão origem à entrada ou saída de meios internacionais de pagamento (haveres, ouro monetário, DES e reservas no FMI). Pôr exemplo, as operações de exportações de bens, recebimento de juros, recebimento de lucros, entrada de capitais dão origem à entrada de meios internacionais de pagamento no país. Já as operações de importações de bens, pagamentos de juros e investimentos de residentes no exterior dão origem à uma saída de meios internacionais de pagamento. 1.7. CRITÉRIOS DE LANÇAMENTO. Com o objetivo de realizar o método das partidas dobradas (a cada crédito corresponde um débito de mesmo valore sinal contrário) os critérios de lançamento nas contas de caixa são opostos aos critérios de lançamento nas contas operacionais: (i) contas de caixa: aumentam seu saldo pôr débito e diminuem seu saldo pôr crédito. Isto é, se a operação representou uma entrada de divisas (uma receita) para o país as contas de caixa são debitadas (-). Se a operação representa uma saída de divisas (uma despesa) para o país as contas de caixa são creditadas (+). (ii) contas operacionais: aumentam seu saldo pôr crédito e diminuem seu saldo pôr débito. Se a operação representa uma entrada de divisas para o país a conta operacional será creditada (+),se a operação representa uma saída de divisas para o país as conta operacional será debitada (-). OBS: creditar um valor em uma conta (operacional ou de caixa) significa colocar um sinal positivo (+) nesse valor e debitar um valor em uma conta (operacional ou de caixa) significa colocar um sinal negativo (-) nesse valor. 1.8. ESTRUTURA DO BALANÇO DE PAGAMENTO. 1. BALANÇO COMERCIAL (VALOR FOB) 1.1. Exportações: receitas de exportações de bens. 1.2. Importações: despesa com importações de bens. 2. BALANÇO DE SERVIÇOS. 2.1.BALANÇO DE SERVIÇOS NÃO FATORES. 2 PC Material Inserted Text Macroeconomia Curso Professor Geraldo Goes 2.1.1. Viagens Internacionais: receita com os gastos de não residentes no país menos (–) despesa com gastos de residentes em viagens internacionais. 2.1.2. Fretes: fretes recebidos quando se fretam navios que pertencem à residentes para não residentes menos (–) fretes pagos pêlos residentes quando estes alugam navios que pertencem a não residentes. 2.1.3. Seguros: receitas (prêmios de seguros recebidos pôr seguradoras residentes) menos (–) despesas (prêmios de seguros pagos pôr residentes à seguradoras não residentes) 2.1.4. Serviços Governamentais: receitas com as embaixadas do país menos (–) despesas com as embaixadas do país. 2.1.5. Outros Serviços Não Fatores: receitas com outros serviços não fatores menos (–) despesas com outros serviços não fatores. 2.2 BALANÇO DE SERVIÇOS FATORES 2.2.1. Renda do Capital 2.2.1a. Juros : recebimento de juros da dívida externa (receitas) – pagamento de juros da dívida externa(despesas) 2.21b. Lucros : lucros recebidos do exterior (EX: lucros recebidos da filial da Camargo Corrêa em Angola) – lucros enviados ao exterior (EX: lucros enviados pela filial da IBM no Brasil para os EUA). 2.2.2. Rendas do Trabalho: renda do trabalho recebidas pôr residentes quando prestam serviços de mão de obra para não residentes – renda do trabalho pagas pôr residentes quando contratam serviços de mão de obra de não residentes. 2.2.3. Outros Serviços Fatores: royalties recebidos menos (–) royalties pagos 3 TRANSFERENCIAS UNILATERAIS (DONATIVOS) : donativos, remessas de imigrantes e reparações de guerra recebidas (receitas) menos os donativos cedidos, remessas de imigrantes enviadas e reparações de guerra recebidas (despesas). 4. SALDO EM CONTA-CORRENTE (OU TRANSAÇÃO CORRENTE) DO BP =1+2+3 5. MOVIMENTO CAPITAIS AUTONOMOS: capitais que livremente entram ou saem do paí 5.1. Investimentos Diretos : entradas de capitais sob a forma de aquisição de propriedades ou de aquisição de ações na bolsa de valores de empresas residentes no país(receitas) menos as saídas de capitais sob a forma de aquisição de propriedades ou de compra de ações de empresas de não residentes (despesas). 5.2. Empréstimos e financiamentos: empréstimos obtidos pôr residentes junto à não residentes (receita) menos os empréstimos cedidos pôr residentes à não residentes. 5.3. Amortização : amortizações do principal da dívida externa recebidas menos amortizações do principal da dívida externa pagas. 5.4. Reinvestimento: contrapartida contábil de lucros reinvestidos. 5.5 Refinanciamento: contrapartida contábil de juros refinanciados. 5.6 Capitais a curto prazo 6. ERROS E OMISSÕES: conta de ajuste dos débitos e créditos 7. SALDO TOTAL DO BALANÇO DE PAGAMENTO = 4+5+6. 8. MOVIMENTO DE CAPITAIS CONPENSATÓRIOS (Demonstrativo de Resultado). 8.1. Contas de Caixa: Haveres, ouro monetário, DES e Reservas no FMI 8.2. Empréstimos de Regularização : empréstimos obtidos junto ao FMI ou SOB aval do FMI para regularizar as contas do país ( cobrir um déficit no saldo total do Balanço de Pagamento) 8.3. Atrasados: todas os compromissos vencidos e não pagos serão aqui registrados. 1.9.RESUMO DA ESTRUTURA DO BALANÇO DE PAGAMENTO. 3 Macroeconomia Curso Professor Geraldo Goes 1. Balanço comercial portação Exportação Im 2. Balanço de Serviços Balanço de serviços não-fatores fatoresnãoserviçosoutros taisgovernamenserviços seguros fretes viagens Balanço de serviços fatores fatoresserviçosoutros trabalhodorendas osreinvestidlucros osrefinaciadjuros )( )( 3. Transferências Unilaterais (donativos) 4. Saldo em transação corrente do BP: 5.Capitais autônomos prazocurtoacapitais entoreinvestim mentorefinancia oamortizaçã ntosfinanciamesEmprestimo DiretostosInvestimen / 6.Erros e Omissões 7.Saldo Total do BP 8.Capitais Compensatórios 8.1Contas de caixa FMInoreservas DES monetárioouro haveres 8.2 Empréstimos de Regularização 8.3. Atrasados 1.10 AS SUBCONTAS DAS CONTAS DE CAIXA: LANÇAMENTOS DE AJUSTES As contas de caixa (haveres, ouro monetário, DES e reservas no FMI) possuem subcontas utilizadas para realizar lançamentos de ajustes tais como: 4 Macroeconomia Curso Professor Geraldo Goes (i) valorizações e desvalorizações de haveres, do ouro monetário, do DES e das reservas no FMI; (ii) monetizações (compra) e desmonetizações (venda) do ouro monetário e (iii) alocações(compra) e cancelamentos (venda) de DES. (iv) Variação total de haveres, do ouro monetário, do DES e das reservas no FMI: registra o saldo total das respectivas contas, isto é, representa a própria conta As contas de caixa portanto podem ser “abertas” da seguinte maneira: 1. Haveres 1.1 Variação Total: registra o saldo total da conta haveres 1.2 Contrapartida para valorização/desvalorização 2. Ouro Monetário 2.1 Variação Total: registra o saldo total da conta ouro monetário 2.2 Contrapartida para valorização/desvalorização 2.3 Contrapartida para monetização/desmonetização 3. DES 3.1 Variação Total: registra o saldo total da conta DES 3.2 Contrapartida para valorização/desvalorização 3.3 Contrapartida para alocação/cancelamento 4. Posição de Reservas no FMI 4.1 Variação Total: registra o saldo total da conta reservas no FMI 4.2 Contrapartida para valorização/desvalorização As contrapartidas para valorização, monetização e alocação são sempre creditadas enquanto que as contrapartidas para desvalorização, desmonetização e cancelamento são sempre debitadas. A variação total é utilizada como contrapartida contábil dessas contrapartidas (veja os exemplos 45 à 60 ) 1.11. EXEMPLOS DOS PRINCIPAIS LANÇAMENTOS. 1 Exportação de mercadorias : O Brasil exporta mercadorias no valor de 100 e recebe em moeda forte: exportação: + 100 Haveres: -100 2 Exportação de bens : O Brasil exporta bens no valor de 100 e recebe , metade em moeda forte e metade em DES. Exportação: +100 Haveres: -50 DES: -50 3 Importação de bens: O Brasil importa bens no valor de 100 e paga metade sob a forma de moeda forte e metade em ouro: importação : -100 Haveres: +50 Ouro monetário: +50 4 Permuta de mercadorias: O Brasil importa automóveis, no valor de 100, pagando com madeira de pinho Exportação: +100 Importação: -100 5 Pagamento de juros da dívida externa: O Brasil paga juros de sua dívida externa para credores no exterior novalor de 100, metade sob a forma de reservas no FMI e metade em moeda forte juros: -100 Haveres: +50 reservas no FM: +50 6 Recebimento de juros da dívida externa: O Brasil recebe da Bolívia juros da dívida externa boliviana junto a residentes no Brasil no valor de 100, em moeda forte: Juros: +100 Haveres : -100 7 Recebimento de lucros: A Camargo Corrêa recebe, de sua filial no exterior, lucros no total de 10 milhões de dólares: lucros : +10 haveres: -10 8 Envio de lucros: A IBM do Brasil envia para o exterior 20 milhões de dólares lucros : -20 haveres: +20 9 Pagamento de fretes: A Petrobrás paga frete de navio petroleiro no valor de 100, à vista: fretes: -100 haveres: +100 10 Recebimento de fretes: A Loyd do Brasil recebe frete de navio alugado para a Bolívia no valor de 100, à vista: fretes: +100 haveres: -100 11 Pagamento de seguro: Residentes no Brasil pagam prêmios de seguros para seguradoras no exterior no valor de 20, em moeda forte Seguro: -20 Haveres: +20 5 Macroeconomia Curso Professor Geraldo Goes 12 Recebimento de seguro: Seguradora residentes no Brasil recebe prêmios de seguros de firma pôr prestar serviços para uma empresa no Paraguai no valor de 20, em moeda forte. Seguro: +20 Haveres: -20 13 Despesas com serviços governamentais: Embaixadas e Consulados brasileiros no exterior gastam 10 milhões de dólares. Serviços governamentais: -10 Haveres: +10 14 Receitas de renda do trabalho: carpinteiro presta serviço de mão de obra para a embaixada americana em Brasília, no valor de 10, recebendo à vista Rendas do trabalho: +10 Haveres: -10 15 Despesas com rendas do trabalho: um trabalhador uruguaio presta serviço de mão de obra para uma firma em Uruguaiana, no valor de 10 e a firma paga em moeda forte. Rendas do trabalho: -10 Haveres: +10 16 Pagamento de royalties: O Brasil paga 10 milhões de dólares em royalties. Outros serviços fatores: -10 Haveres: +10 17 Recebimento de donativos em espécie (em moeda forte): uma ONG no Rio de Janeiro recebe de uma organização da Alemanha 1 milhão de dólares. Transferencias unilaterais: +1 haveres: - 1 18 Doação em espécie (em moeda forte): uma entidade filantrópica no Rio Grande do Sul doa 100 mil dólares para uma ONG no Paraguai. Transferencias unilaterais: -1 haveres: +1 19 Recebimento de donativos em mercadoria: uma ONG no Rio de Janeiro recebe de uma organização da Alemanha 1 milhão de dólares em remédios. Transferencias unilaterais: +1 importação: - 1 20 Doação em mercadorias: O Brasil doa 1 milhão de dólares em remédios e alimentos para socorrer vítimas de terremoto na Nicarágua. Transferencias unilaterais: -1 exportação: +1 21 Recebimento de remessa de imigrantes: Uma família em de Governador Valadares recebe de um parente nos Estados Unidos 3 mil dólares Transferencias unilaterais: +3 haveres: - 3 22 Envio de remessa de imigrantes: Um português, morador do Bairro de São Cristovão no Rio de Janeiro, envia para seus familiares em Beira-Alta 2 mil dólares. Transferencias unilaterais: -2 haveres: +2 23 Recebimento de reparações de guerra: Uma senhora de origem hebraica , residente nos Estados Unidos, recebe do Governo da Alemanha 2 mil dólares como reparação de guerra. Transferencias unilaterais: +2 haveres: - 2 24 Pagamento de reparações de guerra: O Japão paga para famílias na China 10 milhões de dólares como reparação de guerra. Transferencias unilaterais: -10 haveres: +10 25 Repatriações: Um brasileiro ao retornar para o Brasil traz bens no valor de 2, direitos no valor de 3 e obrigações no valor 4. Transferencias unilaterais: +2+3- 4 = 1 Importação: -2 Empréstimos : -3 + 4 = 1 26 Migração: Um brasileiro ao emigrar para a Espanha leva consigo bens no valor de 2, direitos no valor de 3 e obrigações no valor 4. Transferencias unilaterais: -2 –3 + 4 = -1 Exportação: + 2 Empréstimos : + 3 - 4 = - 1 27 Aquisição de propriedade no exterior pôr parte de residentes: um brasileiro compra uma vila na Itália pôr 4 milhões de dólares. Investimento direto: - 4 Haveres: +4 28 Aquisição de propriedade no país pôr parte de não residentes: um milionário árabe compra uma fazenda no Brasil pôr 2 milhões de dólares. Investimento direto: +2 Haveres: -2 29 Entrada de investimentos diretos sob a forma de participação acionária: um investidor nova-iorquino compra ações da Vale do Rio Doce no valor de 20 mil dólares. Investimento direto: +20 Haveres: -20 30 Saída de investimentos diretos sob a forma de participação acionária: um investidor brasileiro compra ações da Exxon no valor de 20 mil dólares. 6 Macroeconomia Curso Professor Geraldo Goes Investimento direto: - 20 Haveres: + 20 31 Entrada (recebimento) de investimentos diretos (de risco): não residentes investem no país 20 milhões de dólares. Investimento direto: +20 Haveres: -20 32 Saída (pagamento) de investimentos diretos (de risco): residentes no país investem no exterior 20 milhões de dólares. Investimento direto: - 20 Haveres: + 20 33 Entrada de investimentos diretos sem cobertura cambial: ingressam no país, sob a forma de investimentos diretos, máquinas e equipamentos no valor de 3 milhões de dólares. Investimento direto: + 3 Importação: - 3 34 Saída de investimentos diretos sem cobertura cambial: saem do país, sob a forma de investimentos diretos, máquinas e equipamentos no valor de 3 milhões de dólares. Investimento direto: - 3 Exportação: + 3 35 Recebimentos de empréstimos de não residentes: residentes no país obtém empréstimos junto à não residentes no valor de 10. Empréstimos/financiamentos: + 10 Haveres: - 10 36 Concessão de empréstimos à não residentes: residentes no país cedem empréstimos à não residentes no valor de 10. Empréstimos/financiamentos: - 10 Haveres: + 10 37 Recebimento de amortização: O Brasil recebe da Bolívia amortização do principal de sua dívida para com o Brasil no valor de 10 milhões de dólares. Amortização: + 10 Haveres: - 10 38 Pagamento de amortização: O Brasil paga para os Estados Unidos amortização do principal de sua dívida no valor de 10 milhões de dólares. Amortização: - 10 Haveres: + 10 39 Reinvestimento: A IBM do Brasil reinveste no país 10 milhões de dólares. Reinvestimento: + 10 Lucro (reinvestido): - 10 40 Refinanciamento: O Brasil refinancia parcela de juros da sua dívida com os Estados Unidos no valor de 10 bilhões de dólares. Refinanciamento: + 10 Juros (refinanciados): - 10 41 Atrasados: O país deixa de pagar juros no valor de 10. Juros: - 10 Atrasados: + 10 42 Atrasados: vencem fretes no valor de 10. O país paga apenas 8, sendo metade em moeda forte e metade em DES. Fretes: - 10 Haveres: + 4 DES: + 4 Atrasados: +2 43 Recebimento de empréstimos de regularização: O país obtém junto ao FMI 6 bilhões de dólares para cobrir déficit no saldo total do Balanço de pagamento. Empréstimo de Regularização: + 6 Haveres: - 6 44 Pagamento de empréstimo de regularização: O país paga em moeda forte empréstimo de regularização obtido junto ao FMI no valor de 4 bilhões de dólares. Amortização: - 4 Haveres: + 4 45 Monetização no mercado interno: Banco Central compra ouro de garimpeiros em Serra Pelada no valor de 10. Variação total de ouro monetário: - 10 Contrapartida para monetização: + 10 46 Desmonetização no mercado interno: Banco Central vende ouro para uma indústria de São Paulo no valor de 10. Variação total de ouro monetário: + 10 Contrapartida para desmonetização: - 10 47 Monetização no mercado externo: O Bacen compra ouro no exterior com o objetivo de aumentar suas reservas em ouro no valor de 10. Variação total de ouro monetário: - 10 Contrapartida para monetização: + 10 Importação: - 10 Haveres: + 10 48 Desmonetização no mercado externo: O Bacen vende ouro no exterior com o diminuindo suas reservas em ouro no valor de 10. Variação total de ouromonetário: + 10 Contrapartida para desmonetização: - 10 Exportação: + 10 Haveres: - 10 7 Macroeconomia Curso Professor Geraldo Goes 49 Importação de ouro não-monetário: uma indústria do Rio de Janeiro compra ouro no exterior para utilizar como insumo em sua linha de produção no valor de 10. Importação: - 10 Haveres: + 10 50 Exportação de ouro não monetário: um artista da França compra ouro no Brasil para utilizar em suas esculturas. Exportação: + 10 Haveres: - 10 51 Valorização de haveres: o euro se valoriza frente ao dólar em um valor total de 10. Variação total de haveres: -10 Contrapartida para valorização: + 10 52 Desvalorização de haveres: a libra se desvaloriza frente ao dólar no valor total de 10. Variação total de haveres: +10 Contrapartida para desvalorização: - 10 53 Valorização do ouro monetário: o ouro se valoriza frente ao dólar em um valor total de 10. Variação total de ouro monetário: -10 Contrapartida para valorização: + 10 54 Desvalorização do ouro monetário: o ouro se desvaloriza frente ao dólar no valor total de 10. Variação total de ouro moneário: +10 Contrapartida para desvalorização: - 10 55 Valorização do DES : o DES (registrado na conta Especial do Brasil no FMI) se valoriza frente ao dólar em um valor total de 10. Variação total de DES: -10 Contrapartida para valorização: + 10 56 Desvalorização do DES: o DES se desvaloriza frente ao dólar no valor total de 10. Variação total de DES: +10 Contrapartida para desvalorização: - 10 57 Valorização das reservas no FMI: as reservas no FMI (registradas na conta Geral do Brasil no FMI) se valorizam frente ao dólar em um valor total de 10. Variação total de reservas no FMI: -10 Contrapartida para valorização: + 10 58 Desvalorização das reservas no FMI: as reservas no FMI se desvalorizam frente ao dólar no valor total de 10. Variação total de reservas no FMI: +10 Contrapartida para desvalorização: - 10 59 Alocação de DES: Após o FMI realizar uma emissão de DES, o Brasil é designado um comprador compulsório e o Bacen compra DES em um valor total de 10. Variação total de DES: -10 Contrapartida para alocação: + 10 60 Cancelamento de DES: o Bacen vende DES em um valor total de 10. Variação total de DES: + 10 Contrapartida para cancelamento: - 10 1.12 PRINCIPAIS IDENTIDADES DO BALANÇO DE PAGAMENTOS. T = BC + BS + TU O saldo em conta corrente (T)(ou saldo em transação corrente do balanço de pagamento) é igual à soma do balanço comercial (BC), com o balanço de serviço (BS) e das transferencias unilaterais (TU). B = T + KA + EO O saldo total do balanço de pagamento (B) é igual à soma do saldo em conta- corrente do balanço de pagamento (T) mais Capitais Autônomos (KA ) mais Erros e Omissões (EO). KC = CC + ER + A O Capital Compensatório (demonstrativo de resultado) é dado pela soma da conta de caixa (CC), dos Empréstimos de Regularização (ER) e de Atrasados (A). T + KA + KC = 0 , considerando EO = 0 A soma algébrica do Saldo em Conta corrente do Balanço de Pagamento (T) mais Capitais Autônomos (KA) mais Capitais Compensatórios ((KC) é igual a zero, salvo erros e omissões. T = - ( KA + KC ) , considerando EO = 0 O saldo em Conta Corrente do Balanço de Pagamento (T) é igual à soma de Capitais Autônomos (KA) mais Capitais Compensatórios (KC), com sinal trocado, salvo erros e omissões. B + KC = 0 A soma algébrica do Saldo Total do Balanço (B) com Capital Compensatório (KC) é zero. B = - KC O Saldo Total do Balanço (B) iguala com sinal trocado o Capital Compensatório (KC). T + KA + KC + EO = 0 8 Macroeconomia Curso Professor Geraldo Goes A soma algébrica do Saldo em Conta corrente do Balanço de Pagamento (T) mais Capitais Autônomos (KA) mais Capitais Compensatórios ((KC) mais Erros e Omissões (EO) é igual a zero. 1.14 A TRANSFERENCIA LÍQUIDA DE RECURSOS PARA O EXTERIOR E O HIATO DO PRODUTO (H). H = BC +BSNF Onde: BC = Balanço Comercial BSNF = Balanço de Serviços Não Fatores H > 0 : Transferência líquida de recursos para o exterior H < 0 : Hiato do produto 11.17 OUTRA FÓRMULA PARA H. H = Xnf - Mnf Xnf = Exportação de bens e serviços não fatores Mnf = Importação de bens e serviços não fatores 1.18. RENDA LÍQUIDA RECEBIDA DO EXTERIOR (RLRE). RLRE = BSF + TU Onde: BSF = Balanço de Serviços Fatores TU = Transferencias Unilaterais (donativos) RLRE = Renda Líquida Recebida do Exterior 1.19 RENDA LÍQUIDA ENVIADA AO EXTERIOR (RLE). RLE = - (BSF + TU) Onde: BSF = Balanço de Serviços Fatores TU = Transferencias Unilaterais (donativos) RLE = Renda Líquida Enviada ao Exterior 1.23 Relação entre o Saldo em Conta (T) e a Renda Líquida Recebida do Exterior(RLRE). T = H + RLRE T = Saldo em Conta Corrente do Balanço de Pagamento. H = Transferencia Líquida de Recursos para o Exterior (H > 0) ou Hiato do Produto (H < 0). RLRE = Renda Liquida Recebida do Exterior. T = H - RLE T = Saldo em Conta Corrente do Balanço de Pagamento. H = Transferencia Líquida de Recursos para o Exterior (H > 0) ou Hiato do Produto (H < 0). RLE = Renda Liquida Enviada ao Exterior. 1.25 FORMAS DE COMBATE AO DÉFICIT NO BALANÇO DE PAGAMENTO. As principais medidas de combate (correção, ajuste) à um déficit no balanço de pagamento são : i. Desvalorização da taxa real de câmbio, isto é, um desvalorização da moeda nacional ii. Redução do nível de atividade econômica, isto é recessão iii. Aumento da taxa de juros iv. Restrições tarifárias e não tarifárias às importações v. Subsídios às exportações vi. Restrições à saída de capitais. 1.26 Termos utilizados como sinônimo de déficit em conta-corrente As afirmações abaixo são utilizadas como sinônimo de um déficit em transação corrente do balanço de pagamento: 1. Saldo em conta-corrente negativo (T < 0) 2. Poupança externa positiva 3. Conta de capitais (autônomos mais compensatórios) positiva 4. Entrada (importação) de capitais 5. Desnacionalização da produção interna 6. Acumulação externa 7. Desacumulação interna 8. Aumento do passivo externo líquido 9. Diminuição do ativo externo líquido 10. H < RLE 11. O país investiu internamente mais do que poupou (I > Si ) 12. A Absorção (Consumo + Investimento) é maior que o Produto Nacional Bruto 1.27 Termos utilizados como sinônimo de superávit em conta-corrente 9 Macroeconomia Curso Professor Geraldo Goes As afirmações abaixo são utilizadas como sinônimo de um superávit transação corrente do balanço de pagamento: 13. Saldo em conta-corrente positivo (T >0) 14. Poupança externa negativa 15. Conta de capitais (autônomos mais compensatórios) negativa 16. Saída (exportação) de capitais 17. Nacionalização da produção interna 18. Desacumulação externa 19. Acumulação interna 20. Diminuição do passivo externo líquido 21. Aumento do ativo externo líquido 22. H > RLE 23. O país poupou mais do que investiu internamente (I < Si ) 24. A Absorção (Consumo + Investimento) é menor que o Produto Nacional Bruto 1.28 VARIAÇÃO DAS RESERVAS INTERNACIONAIS Variação das Reservas Internacionais CAERBs Re onde: Res = Variação da reservas internacionais B = Saldo total do balanço de pagamento ER = Empréstimos de regularização C = Saldo de Contrapartidas (para valorização/desvalorização, monetização/desmonetização e alocação/cancelamento) A variação das reservas internacionais também podem ser calculadas pôr: CCCs Re onde: CC é o saldo das contas de caixa (haveres, ouro monetário, DES e reservas no FMI) e C é o saldo Contrapartidas. 10 Macroeconomia Curso Professor Geraldo Goes (CAPÍTULO 2 CONTABILIDADE NACIONAL (CONTABILIDADE SOCIAL) 2.1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA CONTABILIDADE NACIONAL. A Renda é a remuneração dos fatores de produção na forma de salários, aluguéis, juros (pagos a pessoas) e lucros. A renda, portanto, é composta pela soma dos salários ( que são a remuneração do fator trabalho) mais os juros pagos a pessoas (que são a remuneração do capital financeiro) mais os aluguéis (que são a remuneração do capital físico ou dos recursos naturais) mais os lucros (que são a remuneração do capital de risco ou da capacidade empresarial) mais os royalties e renda de patentes (que são a remuneração da tecnologia). O Produto é o valor, em unidades monetárias, dos bens e serviços finais produzidos pôr uma economia em um determinado período de tempo (geralmente um ano) . No período de um ano uma economia produz um grande número de bens e serviços, como é possível mensurar esta produção? Simplesmente adicionando (agregando) em unidades monetárias todos os bens e serviços finais produzidos na economia naquele período de tempo. Portanto o Produto nada mais é do que o total (expresso em unidades monetárias) dos bens e serviços finais produzidos em um país durante um certo tempo. Em1999 o Produto Interno Bruto do Brasil foi de 900 bilhões de reais, isto significa que foram produzidos no país bens e serviços finais num valor total de 900 bilhões de reais. O Consumo é o valor dos bens e serviços adquiridos pelos indivíduos para a satisfação de seus desejos. O Consumo são os gastos realizados para satisfazer desejos individuais. Os gastos que as famílias fazem em alimentação, vestuários, habitação, educação, saúde, lazer, etc. compõe o Consumo. O valor, em unidades monetárias, do total destes gastos nós chamamos de Consumo. A Poupança é a renda que não foi consumida. A poupança é o excesso da renda sobre o consumo ( S = Y-C ) . Notamos que as famílias utilizam os rendimentos obtidos da remuneração dos fatores de produção para adquirir os bens e serviços produzidos pelas firmas. Mas será que toda a renda obtida pelas famílias é gasta em consumo? Não , pois as os indivíduos podem tomas a decisão de poupar. A Poupança , portanto, é a renda que não foi consumida, utilizamos a letra “S” para denotar a Poupança (do inglês saving) . 11 Macroeconomia Curso Professor Geraldo Goes O Investimento é o aumento do estoque físico de capital. O Investimento é o processo de acumulação dos bens de capital. O Investimento é igual a soma da formação bruta de capital fixo (FBKF ) com a variação de estoques ( e ) , isto é: I = FBKF + e. Investimento = FBKF + e Gastos do governo: são os gastos com salários de funcionários públicos e os gastos com as compras do governo (bens e serviços que o Governo adquire do setor privado a fim de realizar suas funções tais como saúde pública, educação pública, segurança pública, etc.). Pôr exemplo os gastos do Governo com os salários dos agentes da Polícia Federal, com armamentos, munições, viaturas e instalações da PF são classificados como gastos do Governo. As despesas de capital do Governo também são incluídas na rubrica Gastos do Governo, porém os gastos com transferencias (pensões e aposentadorias) e com subsídios não são incluídas na rubrica Gastos do Governo. Transferências Governamentais: São recursos financeiros que o Governo transfere ao setor privado sem receber algo (bem ou serviço) em troca. As transferencias se dividem em transferencias à pessoas e transferencias à empresas. Transferencias à pessoas: são pensões, aposentadorias, auxílio a população flagelada, salário família, seguro desemprego, etc. Transferencia à empresas: são transferencias em espécie que o Governo realiza a algumas de suas empresas, pôr exemplo quando o governo transferia recursos financeiros para o extintos IAA (Instituto do Açúcar e do Álcool) e o IBC (Instituto Brasileiro do Café ). Subsídios: quando o Governo financia parte do custo de produção de certos produtos (como leite, álcool ) com o objetivo de que o consumidor adquira mais barato esses produtos. Impostos Diretos: são tributos nos quais o ônus do pagamento recai sobre quem efetivamente deve arcar com o mesmo e portanto são aqueles tributos nos quais o contribuinte se identifica ao pagar o imposto. Os impostos diretos incluem os impostos sobre a renda, sobre o patrimônio e as contribuições parafiscais ( Previdência social, FGTS, PIS- PASEP, ETC). Exemplos: IRPF, IRPJ, IPTU, IPVA. Impostos Indiretos: são tributos nos quais o ônus não recai necessariamente sobre quem deveria pagá-lo ( existe uma transferência da carga tributária) e portanto ocorre naqueles impostos nos quais o pagamento é realizado sem a identificação do contribuinte. Exemplos: ICMS, IPI, ISS,IVA Dispêndio ou Despesa (D): são os gastos que os agentes econômicos realizam para adquirir (comprar) a produção, ou seja, é o destino da produção (é o destino dos bens e serviços produzidos). A despesa é a alocação do produto. A Despesa é dada pela soma do Consumo das famílias (C), do Investimento das empresas (I), dos Gastos do Governo (G) e das Exportações líquidas (X-M). A despesa, portanto é definida pôr C+I+ G+X-M. Despesa = C + I + G + X – M CONCEITO 13. O Conceito de OUTRAS RECEITAS DO GOVERNO (ORG). ORG : é dado pela soma das Receitas Imobiliárias do Governo (os aluguéis do Governo) com a Participação Acionária do Governo (os dividendos do Governo). 2.2 PRINCIPAIS IDENTIDADES MACROECONÔMICAS. IDENTIDADE 1: A identidade (tautologia) entre Renda , Produto e Despesa. RENDA PRODUTO DESPESA IDENTIDADE 2 : A identidade(tautologia) entre Poupança e Investimento (I S). I = Sp + Sg + Se Onde: Sp é a poupança privada Sg é a poupança do governo Se é a poupança externa Nota: A equação acima mostra que os investimentos podem ser financiados ou pela poupança do setor privado, ou pela poupança do governo ou pela poupança do setor externo. 2.3. OS VÁRIOS CONCEITOS DE PRODUTO. RESUMO Produto Interno: inclui RLE (o que é o mesmo que dizer que exclui RLRE). 12 Macroeconomia Curso Professor Geraldo Goes Produto Nacional: exclui RLE (o que é o mesmo que dizer que inclui RLRE). Produto Bruto: inclui a depreciação. Produto Líquido: exclui a depreciação. Produto a preço de mercado: inclui Impostos Indiretos e exclui subsídios. Produto a custo de fator: exclui impostos indiretos e inclui subsídios. 2.6. AS TRÊS ÓTICAS DO PIBpm. AS TRÊ ÓTICAS DO PIBpm Já sabemos que os conceitos de renda , despesa e produto são idênticos, portanto podemos calcular o PIBpm de três maneiras diferentes, isto é, podemos calcular o valor do PIB pôr três caminhos diferentes : a ótica da despesa, a ótica do produto e ótica da renda. Porém o resultado encontrado deve ter o mesmo valor numérico. Na ótica da renda devemos somar todas as remunerações pagas aos agentes econômicos para que os mesmos realizem a produção, na ótica da despesa devemos somar todas as despesas realizada pêlos agentes econômicos para poderem adquirir a produção e na ótica do produto devemos somar todos os bens e serviços finais para poder obter o valor em unidades monetárias dessa produção. 2.7 A ÓTICA DA DESPESA. ÓTICA DA DESPESA O PIBpm pela ótica da despesa é dada pela soma do Consumo das famílias (C), do Investimento das empresas (I), dos Gastos do Governo (G) e das exportações líquidas (X – M). Ou seja: PIBpm = C + I + G + Xnf – Mnf Onde: C- consumo das famílias I – investimento das empresas G – gastos do governo Xnf – exportações de bens e serviços não fatores Mnf – importações de bens e de serviços não fatores 2.8. A ÓTICA DA RENDA ÓTICA DA RENDA O PIBpm pela ótica da renda é dado pela soma de todas ao remunerações pagas aos agenteseconômicos em um determinado ano, ou seja: PIBpm = salários + aluguéis + juros + lucros distribuídos + lucros retidos + impostos diretos das empresas – transferencias à empresas + ORG + RLE + depreciação + Impostos indiretos – subsídios. RENDA NACIONAL A Renda Nacional é dada pelo Produto Nacional Líquido a custo de fator, ou seja: PIBpm – RLE – depreciação- II + subsídios = PNLcf = Renda Nacional COMPONENTES DA RENDA NACIONAL Renda Nacional = (salários + aluguéis + juros + lucros distribuídos) à pessoas + lucros retidos + Impostos diretos das empresas – transferencias à empresas + ORG. RENDA PESSOAL (RP) A Renda Pessoal é obtida a partir da Renda nacional através de adições e exclusões. Como no conceito de Renda Pessoal só estamos interessados na renda das pessoas devemos subtrair da Renda Nacional os itens relativos à empresas e ao governo; os itens que não pertencem à Renda Nacional (pôr não remunerarem fatores de produção) mas que pertencem à pessoas devem ser adicionados, assim temos: Renda Pessoal = Renda Nacional – lucros retidos das empresas - impostos diretos das empresas - contribuições previdenciárias das empresas - ORG + transferências + juros pagos pelo Governo à pessoas + juros pagos pôr pessoas à pessoas. Nota : as contribuições previdenciárias das empresas fazem parte dos impostos diretos das empresas. Na fórmula acima essas contribuições foram desmembradas dos impostos e portanto aparecem como uma exclusão da Renda Nacional afim de se obter a Renda Pessoal. RENDA PESSOAL DISPONÍVEL (RPD) 13 Macroeconomia Curso Professor Geraldo Goes A Renda Pessoal Disponível, como o nome indica é aquela que está disponível para as pessoas consumirem ou pouparem, portanto para obtermos a Renda Pessoal Disponível a partir da Renda Pessoal devemos retirar os impostos diretos das pessoas, ou seja : Renda Pessoal Disponível = Renda Pessoal – Impostos diretos das pessoas. ALOCAÇÃO DA RENDA PESSOAL DISPONÍVEL (RPD) A Renda Pessoal disponível pode ser alocada em consumo, poupança ou para pagamentos de juros, ou seja: RPD = CONSUMO + POPANÇA + JUROS PIBcf = Remuneração dos empregados + Excedente Operacional Bruto 2.9. A ÓTICA DO PRODUTO. ÓTICA DO PRODUTO Para se calcular o PIBpm pela ótica do produto devemos somar (agregar) toda a produção de bens e serviços finais produzidos pôr um país em um determinado período de tempo, pôr exemplo , um ano. A questão básica no cálculo do PIB pela ótica do produto é não cometer um erro de dupla contagem ao se somar os produtos intermediários, ou seja só devemos contabilizar a produção dos bens e serviços finais. Assim temos: PIBpm = (Produção total de bens e serviços) – (Produção intermediária) VALOR ADICIONADO É o valor adicionado pôr cada etapa na produção de um bem. O valor adicionado remunera os fatores de produção em cada uma das tapas de fabricação de um bem. O valor adicionado de uma etapa (ou de um setor) é calculado subtraído-se do valor da produção em cada etapa (ou setor ) do valor da produção da etapa anterior ( ou de outros setores) de maneira que, ao se proceder dessa maneira não cometemos erros de dupla contagem. O PIB COMO SOMA DOS VALORES ADICIONADOS (AGREGADOS) O PIB é a soma dos valores adicionados de todos os setores da economia. Em particular o PIB pela ótica do produto também pode ser calculado como a soma dos valores adicionados pelos setores primário , secundário e terciário. 2.10 VAZAMENTOS E INJEÇÕES. As injeções no fluxo circular da renda são: Investimento ( I ), Gastos do Governo ( G) e as Exportações ( X ). Os vazamentos no fluxo da renda são : Poupança (S ), Tributação (T ) e as Importações (M ) Nota: As injeções representam uma entrada no fluxo circular da renda, assim: ( i ) quanto mais as empresas investirem, isto é, adquirirem máquinas, equipamentos e edificações mais terão que contatar pessoas e remunerar os fatores de produção e estes pôr sua vez, consequentemente poderão comprar mais bens e serviços das empresas, aquecendo a economia (aumentando o nível de atividade econômica); ( ii ) quanto mais o Governo gastar, isto é, quanto mais o Governo contratar pessoas e comprar bens e serviços do setor privado, mais essas pessoas poderão comprar bens e serviços, e portanto aumentando o nível de atividade da economia. As firmas para atender a demanda do Governo irão contatar mais pessoas e outros recursos, aumentando a renda e consequentemente os agentes econômicos poderão consumir mais ,aumentando o nível de emprego e de atividade econômica; (iii) quanto mais uma economia exporta mais terá que contratar recursos para atender a demanda externa e portanto aumentará a remuneração dos fatores , aumentando o nível de atividade econômica (aquecendo a economia). Os vazamentos possuem o efeito oposto: ( i ) quanto mais as pessoas pouparem, menor será o consumo e portanto a demanda pôr bens e serviços diminuirá, As firmas irão contratar menos pessoas e o nível de emprego e de atividade econômica diminuirá; (iii) quanto mais o Governo tributar , menos renda as pessoas terão para consumir, portanto o nível de atividade da economia diminuirá; ( iii ) quanto mais uma economia importa, menos irá remunerar os fatores de produção Domésticos e portanto o nível de emprego, renda e de atividade econômica diminuirá. 2.11 A igualdade entre a soma das injeções e a soma dos vazamentos. Em uma economia a soma das INJEÇÕES (Investimento, Gastos do Governo e Exportações) é igual a soma dos VAZAMENTOS (Poupança, Tributação e Importações): I + G + X = S + T + M. 2.12 Os déficit gêmeos. 2.13 FÓRMULAS UTILIZADAS NA ÓTICA DA DESPESA 14 Macroeconomia Curso Professor Geraldo Goes As principais relações utilizadas nas resoluções de exercícios pela ótica da despesa são: nfnfpm MXGICPIB HGICPIBpm eFBKFI nfnf MXH BSNFBCH TGICPNB subIIcfpm depLB RLENI PNLlndaNaciona TUBSFRLE RLEHT pm cf Re )( DÉFICITS GEMEOS O déficit externo ( M – X ) é acompanhado do déficit do Governo ( G –T). Em outras palavras quando um país incorre em um déficit externo é porque está incorrendo em um déficit do Governo ( o Governo mais gasta do que arrecada). Tal relação só é valida quando a Poupança e o Investimento são iguais. 2.14 PRINCIPAIS CONCEITOS RELATIVOS À IDENTIDADE ENTRE POUPANÇA E INVESTIMENTO. egp SSSI I = Investimento Total Bruto Sp= Poupança Bruta do Setor Privado ou Renda Bruta das Empresas Sg = Poupança do Governo ou saldo em conta corrente do governo Se= Poupança Externa I = Ip + Ig I = Investimento total Ip= Investimento Bruto do Setor Privado Ig = Investimento do Governo I = FBKF + e I = Investimento bruto FBKF = Formação Bruta de Capital Físico e = variação de estoques Poupança Bruta do Setor Privado (Sp) Sp = Poupança das famílias (Sfam ) + Poupança das empresas (Sempresas) Sfam =RPD –C RPDE = Renda Pessoal disponível C = Consumo das famílias Sempresas = LUCRO RETIDO (LR) + DEPRECIAÇÃO (dep) Sempresas = LR + dep Poupança do Governo ou Saldo em conta corrente do governo(Sg) GRLGS g onde: RLG = Renda Líquida do Governo G = Gasto do Governo ou Consumo do Governo ou Consumo final das Administrações Públicas Déficit em conta corrente do governo (Dgcc) 15 Macroeconomia Curso Professor Geraldo Goes Dgcc = - RLGGS g onde: RLG = Renda Líquida do Governo G = Gasto do Governo ou Consumo do Governo ou Consumo final das Administrações Públicas O déficit do governo em conta corrente é igual ao saldo em conta-corrente do governo com sinal trocado. Renda Líquida do Governo (RLG) A Renda Líquida do Governo (RLG) é dada pela soma dos Impostos Indiretos (II) mais Impostos Diretos (ID) mais outras Receitas do Governo (ORG) menossubsídios menos transferências (pensões e aposentadorias). RLG = II + ID + ORG –subsídios - transferências Outras Receitas do Governo (ORG) ORG = Aluguéis do Governo + dividendos do Governo A conta de Outras Receitas do Governo é dada pela soma da Receita imobiliária do governo (aluguéis do Governo) com a Participação Acionária do governo (dividendos do Governo). Outras Receitas do Governo é portanto uma conta que registra as receitas originárias do Governo. Poupança Externa (Se) TSe onde: T = saldo em conta corrente do balanço de pagamento - T = déficit em conta corrente do balanço de pagamento A poupança externa é igual ao déficit em transação corrente do balanço de pagamento. A poupança externa é dada pela entrada de capitais (autônomos e compensatórios) 2.15 ALOCAÇÃO DA RENDA RLERLGSCPIB Ppm C = Consumo Sp = Poupança privada ou Renda Bruta das Empresas RLG = Renda Líquida do governo RLE = Renda Líquida Enviada ao Exterior 2.16 POUPANÇA INTERNA (Si ) Poupança Interna (Si ) gpi SSS onde: Si = Poupança Interna Sp = Poupança Bruta do Setor Privado ou Renda Bruta das Empresas Sg = Poupança do Governo ou saldo em conta corrente do governo A poupança interna é dada pela soma da poupança privada (Sp ) coma poupança do governo (Sg ). 2.17 DÉFICIT DO GOVERNO (Dg ) Déficit do Governo (Dg) ggg SID O Déficit do Governo é dado pelo excesso do Investimento do Governo ( gI ) sobre a Poupança do Governo ( gS ). O déficit do governo também pode ser expresso pôr: )( ggg SID , ou seja o déficit do governo é a soma do investimento do Governo ( gI ) com o déficit do governo em conta corrente ( gS ) 16 Macroeconomia Curso Professor Geraldo Goes CAPÍTULO 3 DETERMINAÇÃO DA TAXA DE CAMBIO. 3.1. DEFINIÇÃO DE DIVISAS. Divisas: são definidas como moeda e títulos estrangeiros de curto prazo. 3.2 MERCADO DE DIVISAS. No mercado de câmbio as divisas são compradas e vendidas como se fosse uma mercadoria qualquer. A oferta de dólares é igual à demanda por reais pois quem vende dólar (US$) está comprando real (R$). A demanda por dólares é igual à oferta de reais pois quem compra dólar está vendendo real. No mercado de divisas a oferta de US$(demanda por R$) é feita por : i. Exportadores de bens e serviços ii. Investidores estrangeiros no país No mercado cambial a demanda por US$ (oferta de R$) é feita por: i. Importadores de bens e serviços ii. Investidores nacionais no exterior 3.3 OFERTA DE DÓLARES (DEMANDA POR REAL) A oferta de divisas (entrada de dólares no país) é realizada por: i. Exportação de bens ii. Receitas de viagens internacionais (receitas de turismo) iii. Receitas de fretes iv. Receitas de seguros v. Receitas de serviços governamentais vi. Receitas de outros serviços não fatores vii. Recebimento de juros viii. Recebimento de lucros do exterior ix. Receitas de rendas do trabalho x. Royalties recebidos xi. Donativos recebidos em espécie do exterior xii. Entrada de investimentos diretos xiii. Empréstimos obtidos junto à não residentes xiv. Recebimento de amortização OBSERVAÇÃO Toda transação, com cobertura cambial, que é registrada à crédito em uma conta operacional do Balanço de pagamento representa uma oferta de divisas no país. 3.4 DEMANDA POR DÓLARES (OFERTA DE REAIS) A demanda por divisas (saída de dólares do país) é realizada por: xv. Importação de bens xvi. Despesas com viagens internacionais (despesas com turismo) xvii. despesas com fretes xviii. despesas com seguros xix. despesas com serviços governamentais xx. despesas com outros serviços não fatores xxi. pagamento de juros xxii. envio de lucros para o exterior xxiii. despesas com rendas do trabalho xxiv. pagamento de royalties xxv. envio de donativos em espécie para o exterior xxvi. saída de investimentos diretos xxvii. Empréstimos cedidos à não residentes xxviii. pagamento de amortização 17 Macroeconomia Curso Professor Geraldo Goes OBSERVAÇÃO Toda transação, com cobertura cambial, que é registrada à débito em uma conta operacional do Balanço de pagamento representa uma demanda de divisas no país. 3.5 TAXA NOMINAL DE CAMBIO NA COTAÇÃO DO CERTO E DO INCERTO. A taxa nominal de cambio é o preço relativo entre a moeda de dois países. A taxa de câmbio pode ser expressa na cotação do certo ou na cotação do incerto. A maioria dos países, inclusive o Brasil adota a cotação do incerto. Algumas moedas seguem a cotação do certo como é o caso do dólar (US$$), da libra () e o euro (). A cotação do incerto também é conhecida como método direto enquanto que a cotação do certo é o método indireto. Na cotação do incerto a taxa de cambio é o preço da moeda estrangeira expressa em moeda nacional. Na cotação do certo a taxa de cambio é o preço da moeda nacional expressa em moeda estrangeira. A diferença entre a cotação do certo e do incerto é muito importante e trata-se de uma das famosas “pegadinhas” nas provas de concurso público. COTAÇÃO DO INCERTO (MÉTODO DIRETO) A taxa de câmbio é o preço da moeda estrangeira expresso em moeda nacional. Por exemplo se a taxa de cambio é de 2 R$/U$ então para comprar um dólar é necessário ter 2 reais. Na cotação do incerto um aumento da taxa de câmbio representa uma desvalorização da moeda nacional enquanto que uma diminuição (redução) da taxa de câmbio representa uma valorização da moeda nacional. COTAÇÃO DO CERTO (MÉTODO INDIRETO) A taxa de câmbio é o preço da moeda nacional expresso em moeda estrangeira. Por exemplo: se o Brasil adotasse a cotação do certo e a taxa de cambio fosse de 0,5 US$/R$ então para comprar um real é necessário ter 0,5 dólares. Na cotação do certo um aumento da taxa de câmbio representa uma valorização da moeda nacional enquanto que uma diminuição (redução) da taxa de câmbio representa uma desvalorização da moeda nacional. RESUMO (i) Na cotação do incerto (caso brasileiro): Aumentar a taxa de câmbio significa desvalorizar a moeda nacional Diminuir a taxa de câmbio significa valorizar a moeda nacional (ii) Na cotação do certo: Aumentar a taxa de câmbio significa valorizar a moeda Diminuir a taxa de câmbio significa desvalorizar a moeda nacional (iii) Na cotação do incerto a taxa de cambio e as exportações líquidas são diretamente proporcionais. (iv) Na cotação do certo a taxa de cambio e as exportações líquidas são inversamente proporcionais. OBSERVAÇÃO Uma desvalorização de 10% na cotação do incerto representa um aumento de 10% na taxa de câmbio (fator multiplicativo 1,1) Uma desvalorização de 10% na cotação do certo representa uma diminuição de 10% na taxa de câmbio (fator multiplicativo 0,9) Uma valorização de 10% na cotação do incerto representa uma diminuição de 10% na taxa de câmbio (fator multiplicativo 0,9) Uma valorização de 10% na cotação do certo representa um aumento de 10% na taxa de câmbio (fator multiplicativo 1,1) 3.6 DIFERENÇA ENTRE A TAXA REAL DE CAMBIO E TAXA NOMINAL DE CÂMBIO Taxa real (Z) x Taxa nominal (E) A taxa nominal de câmbio é o preço relativo entre as moedas de dois países enquanto que a taxa real de câmbio é o preço relativo entre os bens e serviços desses países, ou seja: Taxa nominal de câmbio (E): é uma paridade entre moedas. Taxa real de câmbio (Z): é uma paridade entre produtos (bens e serviços). Desvalorização real x desvalorização nominal Uma desvalorização nominal da moeda nacional significa que a moeda nacional se desvalorizou em termos de moeda estrangeira, isto é ,que são necessárias menos moeda estrangeira para se comprar a moeda nacional. Uma desvalorização real da moeda nacional significa que os produtos nacionais (bens e serviços produzidos no país) estão mais baratos em relação aos produtos estrangeiros (bens e serviços produzidos no exterior) e portanto ganham competitividade (atratividade) no mercado internacional, logo as exportações aumentam. Valorização real x Valorização nominal 18 Macroeconomia Curso Professor Geraldo Goes Uma valorização nominal da moeda nacional significa que a moeda nacional se valorizou em termos de moeda estrangeira, isto é , que é necessárias ter mais moeda estrangeira para se comprar a moeda nacional. Uma valorização real da moeda nacional significa que os produtos nacionais (bens e serviços produzidos no país) estão mais caros em relação aos produtos estrangeiros (bens e serviços produzidos no exterior) e portanto perdem competitividade (atratividade) no mercado internacional, logo as exportações diminuem. RESUMO Valorização real: os produtos nacionais ficam mais caros em relação aos produtos estrangeiros. Desvalorização real: os produtos nacionais ficam mais baratos em relação aos produtos estrangeiros. Valorização nominal: a moeda nacional fica mais cara em relação à moeda estrangeira. Desvalorização nominal: a moeda nacional fica mais barata em relação à moeda estrangeira. OBSERVAÇÃO Note que uma desvalorização real causa de maneira inequívoca um aumento das exportações, porém uma desvalorização nominal não necessariamente causa um aumento das exportações. Surge neste momento uma pergunta natural: “desvalorizações nominais não causam necessariamente desvalorizações reais? Quando a moeda de um país de desvaloriza , os bens e serviços desse país não se tornam mais baratos?” A resposta é: não necessariamente, depende se há ou não uma defasagem entre a inflação interna e externa desses países. Se a taxa de inflação é igual nos dois países, isto é, se não há defasagem entre os níveis de preços interno e externo então uma desvalorização nominal causa uma desvalorização real e conseqüentemente as exportações aumentam. Porém se os países tiverem inflações diferentes então não necessariamente uma desvalorização da moeda nacional torna os produtos nacionais mais baratos (irá depender da defasagem entre os preços interno e externo) e portanto não necessariamente haverá um aumento das exportações. 3.7 A TAXA REAL DE CÃMBIO NA COTAÇÃO DO INCERTO Taxa real de câmbio (Z) na cotação do incerto int . P p EZ ext onde: Z = taxa real de câmbio E = taxa nominal de câmbio Pext = nível de preço externo Pint = nível de preço interno A taxa real de câmbio (Z), na cotação do incerto, é dada pelo produto da taxa nominal de câmbio (E) pela razão entre o nível de preço externo e interno ( intP pext ). Como estamos na cotação do incerto, um aumento de Z representa uma desvalorização real e uma diminuição de Z representa uma valorização real. A fórmula acima também pode ser escrita como: %)1( %)1( %).1(%)1( intP p EZ ext 3.7 A TAXA REAL DE CÃMBIO NA COTAÇÃO DO CERTO Taxa real de câmbio (Z) na cotação do certo extP p EZ int . onde: Z = taxa real de câmbio E = taxa nominal de câmbio Pext = nível de preço externo Pint = nível de preço interno A taxa real de câmbio (Z), na cotação do incerto, é dada pelo produto da taxa nominal de câmbio (E) pela razão entre o nível de preço interno e externo ( extP p int ). 19 Macroeconomia Curso Professor Geraldo Goes Como estamos na cotação do certo, um aumento de Z representa uma valorização real e uma diminuição de Z representa uma desvalorização real. A fórmula acima também pode ser escrita como: %)1( %)1( %).1(%)1( int extP p EZ TABELA RESUMO EXEMPLOS 3.5 EFEITOS DA INFLAÇAO NO CAMBIO. Efeitos da inflação nas contas externas: Inflação gera déficit externo Deflação gera superávit externo Quando a inflação interna é maior do que a inflação externa (ou quando o nível de preço interno é maior que o nível de preço externo) e a taxa nominal de cambio é mantida constante, os produtos nacionais ficam mais caros que os produtos estrangeiros (valorização real) e portanto os produtos nacionais perdem competitividade no mercado internacional e as exportações diminuem, gerando um déficit no balanço de pagamento. Em outras palavras o ônus da inflação é a ocorrência de um déficit externo. De modo análogo, quando a inflação interna é menor do que a inflação externa (ou quando o nível de preço interno é menor que o nível de preço externo) e a taxa nominal de cambio é mantida constante, os produtos nacionais ficam mais baratos que os produtos estrangeiros (desvalorização real) e portanto os produtos nacionais ganham competitividade no mercado internacional e as exportações aumentam, gerando um superávit no balanço de pagamento. Em outras palavras o benefício da deflação é a ocorrência de um superávit externo. 3.6 A PARIDADE DO PODER DE COMPRA (PPC) Paridade do Poder de Compra (PCC) A paridade do poder de compra significa manter a taxa real de câmbio constante (Z = cte). A fórmula de Cassel é utilizada para se calcular as desvalorizações nominais que corrigem as valorizações reais causadas pela inflação de maneira a se manter a paridade do poder de compra, isto é, de manter o nível das exportações. Sabemos que o ônus da inflação é um déficit no balanço de pagamento, isto é, quando a inflação interna é maior do que a externa ocorre uma valorização real, ou seja, os produtos nacionais ficam mais caros e as exportações diminuem. O leitor pode tentar imaginar o que aconteceria com as exportações de um país caso a inflação interna seja muito superior à inflação externa. Pôr exemplo na década de 80 o Brasil chegou a ter uma inflação de 80% ao mês e nos Estados Unidos a inflação era de 6% ao ano. O leitor notará que numa situação como a descrita, caso o Banco Central mantivesse a taxa nominal de câmbio constante as exportações do país cairiam vertiginosamente causando um grande déficit no balanço comercial e de serviços e consequentemente desequilibrando as contas externas do país. Para evitar esse desequilíbrio externo o Banco Central era obrigado a realizar desvalorizações nominais da moeda nacional em relação ao Dólar a fim de manter o nível das exportações (manter a paridade do poder de compra). A fórmula de Cassel é utilizada para se calcular essas desvalorizações nominais que compensam as valorizações reais geradas pela inflação. Na década de 80, no Brasil, essas desvalorizações nominais compensatórias se tornaram diárias e representavam uma realimentação no processo inflacionário pois cada desvalorização nominal aumentava as expectativas inflacionarias que pôr sua vez aumentava a inflação que causava uma desvalorização real dos produtos nacionais que exigiam maiores desvalorizações nominais compensatórias. Cotação Aumento da taxa real (Z) Aumento da taxa nominal (E) Diminuição da taxa real (Z) Diminuição da taxa nominal (E) Incerto Desvalorização real Desvalorização nominal Valorização real Valorização nominal Certo Valorização real Valorização nominal Desvalorização real Desvalorização nominal 20 Macroeconomia Curso Professor Geraldo Goes 3.7 FÓRMULA DE CASSEL (FORMA COMPARATIVA) DA PPC NA COTAÇÃO DO INCERTO Fórmula de Cassel da PPC na cotação do incerto extP P EE int ' . onde : E = taxa nominal de câmbio antiga E’ = nova taxa nominal de câmbio afim de manter a PPC Pext= nível de preço externo Pint = nível de preço interno 3.8 FÓRMULA DE CASSEL (FORMA COMPARATIVA) DA PPC NA COTAÇÃO DO CERTO Fórmula de Cassel da PPC na cotação do certo int ' . P P EE extt onde : E = taxa nominal de câmbio antiga E’ = nova taxa nominal de câmbio afim de manter a PPC Pext = nível de preço externo Pint = nível de preço interno OBSERVAÇÕES 1. Note que a definição da taxa real de câmbio depende do tipo de cotação (incerto ou do certo). 2. A fórmula de Cassel para a Paridade do Poder de Compra também depende do tipo de cotação. 3. Fixada a cotação, não confundir a fórmula de definição da taxa real de câmbio com a fórmula de Cassel. A fórmula de definição da taxa real de câmbio é utilizada para se calcular as valorizações ou desvalorizações reais e envolve o câmbio nominal e real, enquanto que a fórmula de Cassel só deve ser utilizada a fim de se manter a paridade do poder de compra (PPC) e envolve apenas taxas nominais de câmbio. 4. Na cotação do incerto, a fórmula de definição da taxa real ( int . P p EZ ext ) apresenta o nível de preço externo no numerador enquanto que a fórmula de Cassel correspondente ( extP P EE int ' . ) apresenta o nível de preço externo no denominador. 5. Na cotação do certo, a fórmula de definição da taxa real ( extP p EZ int . ) apresenta o nível de preço externo no denominador enquanto que a fórmula de Cassel correspondente ( int ' . P P EE extt ) apresenta o nível de preço externo no numerador. 6. A fórmula de Cassel deve ser utilizada quando o comando da questão pede para se calcular a taxa de cambio: i. A fim de manter a Paridade do Poder de Compra ii. A fim de manter o equilíbrio no balanço de pagamento iii. A fim de manter o nível das exportações constantes iv. Que corrige as distorções criadas pela inflação no balanço de pagamento 3 Remédios para combater o déficit externo Indicações (efeitos positivos) Efeitos colaterais (efeitos negativos) Desvalorização Cambial Aumento das exportações e diminuição das importações Diminuição do poder aquisitivo dos residentes do país Recessão Diminuição das importações desemprego Subsídios às exportações Aumento das exportações Interferência na alocação eficientes dos mercados Restrições às importações Diminuição das importações Retaliações externas Aumento da taxa de juros Entrada de capitais para financiamento do déficit externo No futuro a remuneração desses capitais serão enviados para o exterior gerando futuros déficits em conta corrente Restrição à saída de capitais Financiamento do déficit externo Desinsentivo á entrada futura de capitais 3.8 DESVALORIZAÇOES PERVERSAS. 21 Macroeconomia Curso Professor Geraldo Goes Desvalorizações perversas Denomina-se desvalorização perversa àquela que causa uma diminuição da exportação, isto é, causa uma piora do saldo comercial. A desvalorização perversa ocorre quando a demanda de importações é muito inelástica. 3.9 CONDIÇÃO DE MARSALL- LERNER PARA EVITAR DESVALORIZAÇÕES PERVESAS A condição de Marshall-Lerner para evitar desvalorizações perversas é que a soma da elasticidade da demanda de exportação ( x ) com a elasticidade de demanda de importação ( m ) seja maior que 1 (um) , ou seja 1 mx OBSERVAÇÕES 1. Desvalorizações reais causam de maneira inequívoca um aumento das exportações líquidas. 2. Desvalorizações nominais não necessariamente causam um aumento das exportações líquidas. Desvalorizações nominais podem ou não causar um aumento das exportações, depende da defasagem entre a inflação interna e externa e da elasticidade da demanda de importação 3. Ceteris Paribus, a inflação interna e externa são iguais e portanto desvalorizações nominais causam desvalorizações reais aumentando as exportações. 3.10 EFEITOS DO CÃMBIO SOBRE O BALANÇO DE PAGAMENTO Aumento da taxa real de câmbio (cotação do incerto) Desvalorização (real) da moeda nacional e valorização da moeda estrangeira Os produtos nacionais tornam-se mais baratos (mais competitivos) e os produtos estrangeiros tornam-se mais caros (menos competitivos) no mercado internacional As exportações aumentam e as importações diminuem O superávit aumenta e o déficit diminui Diminuição da taxa real de câmbio (cotação do incerto) valorização (real) da moeda nacional e desvalorização da moeda estrangeira Os produtos nacionais tornam-se mais caros (menos competitivos) e os produtos estrangeiros tornam-se mais baratos (mais competitivos) no mercado internacional As exportações diminuem e as importações aumentam O superávit diminui e o déficit aumenta Desvalorização (real) da moeda nacional Ceteris Paribus, uma desvalorização da moeda nacional: Torna os produtos nacionais mais baratos, mais competitivos (mais atrativos) no mercado internacional e portanto as exportações de bens e serviços aumentam, gerando um superávit no balanço de pagamento (diminuindo o déficit externo). Torna os produtos estrangeiros mais caros, menos competitivos (menos atrativos) no mercado internacional e portanto as importações de bens e serviços diminuem, gerando um superávit no balanço de pagamento (diminuindo o déficit externo). Em outras palavras, de modo geral, uma desvalorização da moeda nacional estimula as exportações e desestimula as importações. Valorização (real) da moeda nacional Ceteris Paribus, uma valorização da moeda nacional: i. Torna os produtos nacionais mais caros, menos competitivos (menos atrativos) no mercado internacional e portanto as exportações de bens e serviços diminuem, gerando um déficit no balanço de pagamento (diminuindo o superávit externo). ii. Torna os produtos estrangeiros mais baratos, mais competitivos (mais atrativos) no mercado internacional e portanto as importações de bens e serviços aumentam, gerando um déficit no balanço de pagamento (aumentando o déficit externo). Em outras palavras, de modo geral, uma valorização da moeda nacional estimula as importações e desestimula as exportações. produtos nacionais produtos estrangeiros exportações importações Déficit Externo 22 Macroeconomia Curso Professor Geraldo Goes desvalorização cambial ficam mais baratos ficam mais caros aumentam diminuem diminui valorização cambial ficam mais caros ficam mais baratos diminuem aumenta aumenta OBSERVAÇÕES 1. Na cotação do incerto: i. a taxa de câmbio e as exportações são diretamente proporcionais ii. a taxa de câmbio e as importações são inversamente proporcionais iii. a taxa de câmbio e as exportações líquidas (X – M) são diretamente proporcionais 2. Na cotação do certo: iv. a taxa de câmbio e as exportações são inversamente proporcionais v. a taxa de câmbio e as importações são diretamente proporcionais vi. a taxa de câmbio e as exportações líquidas (X – M) são inversamente proporcionais 3. Independente do tipo de cotação, Ceteris Paribus, uma desvalorização da moeda nacional causa um aumento das exportações e uma diminuição das importações, ou seja, a desvalorização cambial e as exportações líquidas são diretamente proporcionais. 4. Independente do tipo de cotação, Ceteris Paribus, uma valorização da moeda nacional causa uma diminuição das exportações e um aumento das importações, ou seja, a valorização cambial e as exportações líquidas são inversamente proporcionais. 3.11 OS REGIMES CAMBIAIS Tipos de regimes cambiais Os principais regimes cambiais são: i. Câmbio flexível ou flutuante ii. Câmbio fixo iii. Flutuação suja iv. Bandas cambiais É importante salientar que o Brasil possui um regime de taxas múltiplas de câmbio: o câmbio flutuante e o câmbio livre. Cambio flutuante: relativo ao dólar turismo Cambio livre: relativoàs demais operações do balanço de pagamento Essa diferença entre câmbio flutuante e câmbio livre é muito importante nas provas de Relações Econômicas Internacionais (da área de aduana) porém no contexto de macroeconomia é irrelevante e ambos os temos podem ser utilizados como sinônimo de câmbio flexível. 3.12 FORMAÇÃO DA TAXA DE CÂMBIO NO REGIME FLUTUANTE Câmbio Flutuante (Flexível) No câmbio flexível a taxa de câmbio é determinada pelo mercado, isto é, a livre interação entre as forças de oferta (exportadores e investidores estrangeiros) e demanda (importadores e investidores nacionais no exterior) de dólares determinam: i. a quantidade de dólares transacionada no mercado e também, ii. o preço do dólar (preço da moeda estrangeira) que nada mais é do que a taxa de câmbio na cotação do incerto No mercado cambial compra-se e vende-se dólares como se fosse um bem como outro qualquer e o preço do dólar (a taxa de câmbio) é determinado pela livre interação das forças de demanda e oferta de dólares, sem interferência ou intervenção do banco Central. No regime de câmbio puramente flexível, o Banco Central não intervém no mercado (nem compra e nem vende dólares), a taxa de câmbio é determinada a cada instante pelo mercado e portanto a taxa oscila ao sabor das forças de demanda e oferta do mercado. No regime de taxa puramente flutuante o balanço de pagamento equilibra-se automaticamente (B = T+KA = 0). Determinação da taxa de câmbio no regime flutuante No regime de câmbio flutuante a taxa câmbio é determinada livremente pelas flutuações na demanda e na oferta de divisas, de modo que, pela lei da oferta e da procura e na cotação do incerto, segue-se: i. Da mesma maneira que um aumento da procura de um bem causa um aumento do preço desse bem, um aumento da demanda de dólares causa um aumento do preço do dólar (preço esse expresso em moeda nacional), isto é, causa um aumento da taxa de câmbio, valorizando portanto a moeda estrangeira (desvalorizando a moeda nacional). ii. Da mesma maneira que uma diminuição da procura de um bem causa uma diminuição do preço desse bem, uma diminuição da demanda por dólares causa uma diminuição do preço do dólar (preço esse expresso em moeda nacional), isto é, causa uma diminuição da taxa de câmbio, desvalorizando portanto a moeda estrangeira (valorizando a moeda nacional). iii. Da mesma maneira que uma aumento da oferta de um bem causa uma diminuição do preço desse bem, um aumento da oferta de dólares causa uma diminuição do preço do dólar (preço esse expresso em moeda nacional), isto é, causa uma diminuição da taxa de câmbio, desvalorizando portanto a moeda estrangeira (valorizando a moeda nacional). iv. Da mesma maneira que uma diminuição da oferta de um bem causa um aumento do preço desse bem, uma diminuição da oferta de dólares causa um aumento do preço do dólar (preço esse expresso em moeda nacional), isto é, causa um aumento da taxa de câmbio, valorizando portanto a moeda estrangeira (desvalorizando a moeda nacional). 23 Macroeconomia Curso Professor Geraldo Goes RESUMO No câmbio flexível e na cotação do incerto pela lei da oferta e da procura: i. Um aumento da procura (demanda) por dólares causa uma valorização do dólar (um aumento da taxa de câmbio), desvalorizando a moeda nacional. ii. Um diminuição da procura (demanda) por dólares causa uma desvalorização do dólar (uma diminuição da taxa de câmbio), valorizando a moeda nacional. iii. Um aumento da oferta de dólares causa uma desvalorização o dólar (uma diminuição da taxa de câmbio), valorizando a moeda nacional. iv. Um diminuição da oferta de dólares causa uma valorização do dólar (um aumento da taxa de câmbio), desvalorizando a moeda nacional. Em outras palavras, se o câmbio é flexível então: Um excesso de oferta (escassez de demanda) de dólares causa uma valorização da moeda nacional Uma escassez de oferta (excesso de demanda) de dólares causa uma desvalorização da moeda nacional CÂMBIO FLUTUANTE Dólar (moeda estrangeira) A taxa de câmbio (cotação do incerto) moeda nacional Excesso de oferta de dólar (sobram dólares no mercado) desvaloriza diminui valoriza Escassez de oferta de dólar (faltam dólares no mercado) valoriza aumenta desvaloriza Excesso de demanda pôr dólares (faltam dólares no mercado) valoriza aumenta desvaloriza Escassez de demanda pôr dólar (sobram dólares no mercado) desvaloriza diminui valoriza 3.13 FORMAÇÃO DA TAXA DE CÂMBIO NO REGIME DE CÂMBIO FIXO Câmbio Fixo No regime de câmbio fixo a taxa de câmbio é fixada pelo Banco Central que intervém continuamente no mercado cambial, comprando ou vendendo divisas a fim de manter fixa a taxa de câmbio. Ou seja o Banco Central se compromete a comprar e vender dólar (a moeda estrangeira de referencia) a um preço fixo, expresso em moeda nacional. Quando o mercado cambial estiver com excesso de oferta de dólares o Banco Central compra dólares para evitar uma valorização da moeda nacional e impedir uma diminuição da taxa de câmbio. Quando o mercado cambial estiver com escassez de oferta de dólares o Banco Central vende dólares para evitar uma desvalorização da moeda nacional e impedir um aumento da taxa de câmbio. Em outras palavras o Banco Central consegue manter fixa a taxa de câmbio intervindo no mercado, isto é, comprando e vendendo dólares; comprando dólares (para enxugar o mercado) evitando uma diminuição da taxa de câmbio (valorização da moeda nacional) quando houver excesso de oferta de dólares (sobram dólares) e vendendo dólares (para suprir o mercado) evitando um aumento da taxa de câmbio (desvalorização da moeda nacional) quando houver escassez de oferta de dólares (faltam dólares). OBSEVAÇÃO Os termos valorização cambial e apreciação cambial significam que a moeda nacional está mais cara em termos de moeda estrangeira e nesse sentido são freqüentemente utilizados como sinônimos porém o termo valorização é mais adequado para o câmbio fixo e o termo apreciação é mais adequado para o câmbio flexível. De modo análogo os termos desvalorização cambial e depreciação cambial significam que a moeda nacional está mais barata em termos de moeda estrangeira porém o termo desvalorização é mais adequado para o câmbio fixo e o termo depreciação é mais adequado para o câmbio flexível. Ou seja no câmbio fixo utilizam-se os termos valorização/desvalorização e no câmbio flexível utilizam-se os termos apreciação/depreciação. O papel das reservas internacionais No câmbio fixo as reservas internacionais representam um papel importante pois, apriori, quanto maior o nível dessas reservas maior será a capacidade do banco central manter fixa a taxa de cambio quando houver escassez de oferta de dividas no mercado cambial. No câmbio flutuante o nível de reservas torna-se irrelevante pois o Banco central não está comprometido a comprar ou vender a divisa a um preço fixado visto que com taxa flexível o balanço de pagamento se equilibra automaticamente através das valorizações e desvalorizações cambiais. 3.14 FLUTUAÇÃO SUJA 24 Macroeconomia Curso Professor Geraldo Goes Regime de flutuação suja (dirty floating) O regime de flutuação é o regime no qual a taxa de câmbio flutua livremente porém com intervenções esporádicas do Banco Central. Essas intervenções visam amenizar as oscilações especulativas da taxa de câmbio. Nenhum país deixaria sua moeda flutuar totalmente ao sabor das forças de mercado e sujeitas à especulação cambial. Hoje, no Brasil, do ponto de vista teórico o regime cambial é flexível, na prática é de flutuação suja. 3.15 BANDAS CÂMBIAIS O regime de bandas cambiais é aquele na qual a taxa de câmbio flutua dentro de certos limites fixados pelo Banco Central: i. um teto (E+) que é o limite superior, o preço máximo, que a moeda estrangeira de referencia pode atingir, ou seja o maior
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