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Boletim de Pesquisa Florestal, Colombo, n. 38, p. 121-123, Jan./Jun. 1999. ASPECTOS ECOLÓGICOS E SILVICULTURAIS DO Eucalyptus benthamii MAIDEN ET CAMBAGE Rosana Clara Victoria Higa* O Eucalyptus benthamii foi classificado por Pryor e Johnson (1971) na série Viminales, subsérie Viminalinae, botanicamente próxima ao E. dorrigoensis, que era considerado anteriormente como subespécie, e do E. kartzoffiana (Benson, 1985). O E. dorrigoensis tem semelhança superficial com o E. benthamii mas as duas espécies apresentam diferenças acentuadas na estrutura externa do opérculo. No E. dorrigoensis, a queda do primeiro opérculo ocorre muito antes da antese, mostrando uma camada de abscisão bem definida. Essa camada parece ser suprimida no E. benthamii causando a estagnação do crescimento do opérculo externo ainda nos estágios iniciais de desenvolvimento dos botões florais. Isso deixa uma série de cicatrizes irregulares que secam e caem antes da antese (Johnson e Hill, 1990). O E. benthamii é encontrado em áreas limitadas, ao oeste da cidade de Sydney em planícies ao longo do rio Nepean e seus tributários. Originalmente a espécie ocorria nos solos férteis das partes planas de deposição de rios em uma área de 100 km de comprimento por 40km de largura com latitude aproximada de 34° S e altitudes inferiores a 100 m onde a temperatura média máxima é 26°C e a temperatura média mínima é 4°C com ocorrência de geadas leves. A precipitação anual é de 1100 mm com picos moderados no verão e outono. A maior parte da população original foi cortada para a formação de pastagens ou foi inundada com a construção da represa de Warragamba. Embora o E. benthamii faça parte do mesmo grupo botânico do E. viminalis, ele apresenta características distintas, como preferência por solos férteis. Essa característica tornou a espécie vulnerável durante a expansão da fronteira agrícola e foi considerada em extinção (Pryor, 1981). Desde 1933, a população natural de E. benthamii foi afetada por três incêndios, ocorridos em dezembro de 1957, em dezembro de 1979 e em outubro de 1981. Os dois últimos incêndios queimaram diferentes partes da população (Benson, 1985). Levantamentos recentes mostram a ocorrência de uma pequena população e de alguns indivíduos isolados ao longo do rio Nepean entre as localidades de Wallacia e Camden e de uma população maior em Kedumba Creek (33°49'S; 150°22'E) cerca de 5 km rio acima da junção com o antigo rio Cox, atualmente inundado pelo lago Burragarang (Benson, 1985). Nesses locais o florescimento ocorre nos meses de abril a maio, mas os botões florais são encontrados durante todo o ano, exceto em fevereiro. Frutos maduros são coletados de abril a junho e outubro a dezembro. Tanto a intensidade e a época de florescimento quanto a frutificação variam consideravelmente entre indivíduos. As sementes recém coletadas apresentam boa viabilidade. Sob condições naturais, a frutificação pode ser observada em plantas jovens com cerca de 5m de altura e com idade provável entre 6 e 10 anos (Pryor, 1981). São escassos os resultados de plantios com E. Benthamii, provavelmente pela área de ocorrência natural restrita, além da ocorrência de incêndios que limitaram a * Eng. Agrônomo, M.Sc.,CREA n° 93017, Pesquisador da Embrapa Florestas. Boletim de Pesquisa Florestal, Colombo, n. 38, p. 121-123, Jan./Jun. 1999. produção e coleta de sementes da espécie. No norte da Argentina, na província de Jujuy, a procedência Cox's River apresentou uma taxa de sobrevivência de 85% e produtividade de 34 m3 por ha/ano aos sete anos de idade (Mendoza, 1983). Na África do Sul a espécie é considerada potencial para plantios em regiões de ocorrência de geadas e foi incluída no programa de melhoramento do ICFR (Instituto for Commercial Forestry Research) a partir de 1994 (Swain, 1997). Na China a espécie também tem mostrado bons resultados na província de Yunnan, embora tenha sido afetada pelo déficit hídrico (Yonqi et al., 1994). No sul do Brasil, o E. benthamii tem mostrado bom crescimento e resistência a geadas em plantios experimentais com 2 e 3 anos no estado de Santa Catarina. A espécie também é apontada como promissora em área montanhosas do estado de Minas Gerais (Embrapa, 1988). Em Colombo, PR, E. benthamii apresentou aos 8 anos de idade, altura média de 18 m e DAP médio de 21 cm (Shimizu, comunicação pessoal). Higa e Carvalho (1990), observaram na região de Dois Vizinhos, PR sobrevivência de 70%, altura média de 16 m e DAP médio de 15 cm aos 45 meses de idade e concluíram que a espécie merece atenção especial dos melhoristas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BENSON, D.H. Aspects of the ecology of a rare tree species, Eucalyptus benthamii, at Bents Basin, Wallacia. Cunnighamia, v.1, n.3, p.371-383, 1985. EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Florestas. (Colombo, PR). Zoneamento ecológico para plantios florestais no estado de Santa Catarina. Colombo, 1988. 113p. (EMBRAPA-CNPF. Documentos, 21). HIGA, A.R.; CARVALHO, P.E.R. de. Sobrevivência e crescimento de doze espécies de eucalipto em Dois Vizinhos, Paraná. In: CONGRESSO FLORESTAL BRASILEIRO 6, 1990, Campos do Jordão. Anais. São Paulo: SBS, 1990. p.459- 461. Publicado em Silvicultura, v.3, n.42, 1990. JOHNSON, L.A.S.; HILL, K.D. New taxa and combinations in Eucalyptus and Angophora (Myrtaceae). Telopea, v.4, n.1, p.37-108, 1990. MENDOZA, L. Notes on Eucalyptus benthamii in Argentina. In: COLLOQUES INTERNATIONAL SUR LES EUCALYPTUS RESISTANTS AU FROID, 1983, Bordeaux. Annales... Bordeaux: IUFRO, 1983. p.480. PRYOR, L.D. Australian endangered species: Eucalyptus. Canberra: Commonwealth of Australia. 1981, 139p. SWAIN, T. An overview of the status of cold tolerant eucalypt trials in South Africa. In: CONFERENCE ON SILVICULTURE AND IMPROVEMENT OF EUCALYPTUS, 1997: Salvador. Anais... Colombo: IUFRO, 1997. p.69-76. YONQI, Z.; HUORAN, W.; RONGGUI, Z.; QINGSHENG, M. Trials of Eucalyptus smithii and other eucalypt especies in Yunnan province, China. In: BROWN, A.G., ed. Australian tree species research in China: Proceedings... Canberra: ACIAR, 1994. p.116-122. (ACIAR Proceedings, 48).
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