Buscar

JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

JURISDIÇÃO 
A palavra jurisdição deriva do latim juris (direito) e dictionis (ação de dizer).
Jurisdição significa exatamente isso: dizer o direito.
 Ou, em outras palavras, Jurisdição é o poder do Estado de aplicar o direito ao fato concreto, com força de coisa julgada. É uma manifestação da soberania do Estado.
Pode-se conceituar jurisdição como uma das funções estatais mediante a qual o Estado substitui os titulares dos interesses conflitantes para, imparcialmente, buscar a pacificação do conflito, mediante a atuação da vontade da lei no caso concreto, ou simplesmente, como o poder de dizer o direito.
CINTRA, DINAMARCO e GRINOVER apontam uma natureza tríplice da jurisdição, ou seja, Poder-função-atividade do Estado:
 Poder: na capacidade de decidir imperativamente e impor decisões; 
 Função: quando expressa o encargo de promover a pacificação dos conflitos interindividuais, mediante a realização do direito e através do processo); e
 Atividade: no complexo de atos do juiz no processo.
Elementos da jurisdição
A jurisdição é composta de elementos, atos processuais que devem ser praticados para que se chegue a uma decisão. São eles: notio, vocatio, coertio, judicium, executium.
 ▪ notio (conhecimento): compreende o poder atribuído aos Órgãos Jurisdicionais de conhecer dos litígios, de 
 prover à regularidade do processo, de investigar a presença dos pressupostos de 
 existência e de validade da relação processual, das condições de procedibilidade, 
 das condições da ação e de recolher o material probatório. 
▪ vocatio (chamamento): é a faculdade de fazer comparecer em juízo todo aquele cuja presença é necessária 
 ao regular desenvolvimento do processo. 
▪ coertio ou coercitio: abrange todas as medidas coercitivas. Aliás, de nada valeria a função jurisdicional se 
 o Estado não armasse o braço do juiz do poder de coação, indispensável para 
 tornar efetivos seus pronunciamentos: jurisdictio sine coercitione nulla est. 
▪ juditium (julgamento:) é a conclusão da prestação jurisdicional. Consiste na aplicação do Direito a uma 
 pretensão.
▪ executio (execução): resume-se no cumprimento da sentença, tornando-a obrigatória. 
	
sistemas JURISDICIONAIS
▪ Sistema Inglês ou sistema de jurisdição única:
Somente o Poder Judiciário possui a atribuição de, quando provocado, dizer, em caráter definitivo e imutável, o direito aplicável a determinado caso concreto. Conforme os velhos brocardos: nemo judex sine actore (“ninguém é juiz sem autor”) e ne procedat judex ex offcio (“não proceda o juiz de ofício”)
▪ Sistema Francês ou sistema do contencioso administrativo: 
Aqui se veda o conhecimento pelo Poder Judiciário de atos da Administração Pública, ficando estes sujeitos à chamada jurisdição especial do contencioso administrativo, formada por tribunais de natureza ‘	administrativa. Há, portanto, uma dualidade de jurisdição: a jurisdição administrativa (formada pelos tribunais de natureza administrativa, com plena jurisdição em matéria administrativa) e a jurisdição comum (formada pelos órgãos do Poder Judiciário, com a competência de resolver os demais litígios).
▪ Sistema adotado pelo Ordenamento Brasileiro
Expresso no inciso XXXV do art. 5º da CF/88, temos: "a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito".
 Como se vê, o Brasil adotou o Sistema Inglês. Portanto, em nossa sociedade - pela inafastabilidade da jurisdição como competência do Poder Judiciário - todos os conflitos de interesses que não sejam resolvidos espontaneamente, seja por não lograrem as partes envolvidas chegarem a um acordo, seja por ser vedada a solução espontânea do conflito (como é a regra no caso da jurisdição penal), deverão ser dirimidos pelo Poder Judiciário, mediante o exercício da jurisdição.
PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO
 
▪ Princípio da inércia
 O juiz não pode proceder de ofício. A jurisdição é uma “atividade provocada”. Não há jurisdição sem ação. A inércia inicial do judiciário está expressa nos arts. 2º e 262 do CPC - o Judiciário aguarda que os querelantes, após frustradas as tentativas de acordo, busquem a intervenção estatal, propondo a demanda. 
▪ Princípio da indeclinabilidade: 
Determina que nenhum juiz poderá subtrair-se do exercício da função jurisdicional, nem o legislador poderá produzir leis restringindo o acesso ao Poder Judiciário (art. 5º, XXXV, CF).
▪ Princípio do Juiz Natural
A jurisdição só pode ser exercida pelo órgão previsto abstratamente na Constituição Federal, antes mesmo do surgimento do litígio. Previsto na Constituição Federal, afirma que "ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente" (CF, art. 5º, LII). Também reforça a garantia da proibição do juízo ou tribunal de exceção (ou Tribunal ad hoc - art. 5º, XXXVII, CF), que é aquele criado após a prática de um crime para o seu específico julgamento (exemplo: O Tribunal de Nuremberg, constituído pelos aliados para julgar nazistas pelos crimes de guerra).
▪ Princípio do Devido Processo Legal (Due Process of Law)
Também previsto na Constituição Federal, afirma que "ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal" (art. 5º, LIV).
 ▪ Princípio da Indelegabilidade 
 A atividade jurisdicional é indelegável , a não ser pelas exceções expressas em lei, p.ex. o art. 162 em seu parágrafo 4º regula os atos meramente ordinatórios (como a juntada obrigatória). Alguns autores sustentam que deste princípio decorre o princípio da Indeclinabilidade.
▪ Princípio da Improrrogabilidade
O juiz não poderá invadir nem ter sua competência invadida por outro juízo.
▪ Princípio da Inevitabilidade ou da Irrecusabilidade
Este princípio diz que as partes não podem recusar o juiz designado pelo Estado, exceto nos casos de suspeição, impedimento e incompetência, em que deverá ser propostas as respectivas exceções.
▪ Princípio da Correlação
É vedado o julgamento extra, infra ou ultra petita, assegurando-se a perfeita correspondência entre o que foi pedido (objeto da ação) e o que foi concedido por meio da sentença proferida.
Características da jurisdição
Dentre as características da jurisdição, merecem destaques: ser una, substitutiva, definitiva e o duplo grau.
▪ Unidade da Jurisdição
A jurisdição, e, conseqüentemente a justiça, é uma só e é nacional, ou seja, é um dos poderes da nação. Diz Vicente Greco Filho que a divisão em diversos órgãos ou mesmo estruturas orgânicas especializadas, é meramente técnica e tem a finalidade apenas de dar a melhor solução às diferentes espécies de lides. Portanto, o poder jurisdicional é um só e deste poder estão investidos os órgãos jurisdicionais (Juízes eTribunais).
▪ Substitutividade
O monopólio da jurisdição pertence ao Estado e, no momento em que o Estado retira liberdade jurisdicional do povo, ele assume o dever jurisdicional e deve, quando corretamente provocado, exercê-lo. O juiz substitui com uma atividade sua àquela que seria atividade da parte. O Judiciário, pois, estaria agindo em lugar do devedor, em substituição ou sub-rogação da atividade de outros sujeitos.
 ▪ Definitividade	
A autoridade de coisa julgada material é atributo específico da jurisdição. Toda a sentença, findo o prazo para recurso e/ou esgotados os recursos interponíveis faz coisa julgada, tornando-se imodificável e inimpugnável dentro do processo.
▪ Duplo Grau de Jurisdição
	Quanto ao duplo grau de jurisdição, significa a aplicação prática do princípio da acessibilidade ao Poder Judiciário. Em regra, a parte que move uma ação tem o direito a dois graus de jurisdição.
Espécies de jurisdição
A rigor técnico não écorreta a classificação, pois a jurisdição é uma só, como já visto, e quando se fala em espécies tem-se a impressão de existir mais de uma. Sua função é apenas a sua classificação e distribuição das causas. A jurisdição é una, indivisível; todavia, didaticamente, os órgãos que a exercem podem ser classificados sob vários aspectos:
▪ Quanto à graduação. 
Inferior : corresponde à primeira instância - primeiro grau de jurisdição. 
 Composta por juízes estaduais, federais, do trabalho etc. 
Superior : exercida pelos Tribunais Superiores (STF, STJ, TST, STM) e 
 Tribunais de Apelação (TJ, TRF, TER, TRT). 
▪ Quanto à matéria.
Relaciona-se com a matéria sobre o qual versa o litígio, podendo ser classificada em jurisdição civil, penal, eleitoral e militar.
▪ Quanto ao organismo jurisdicional.
Estadual : exercida pelos juízes estaduais (Justiça Comum). 
Federal : julga as causas de interesse da União (Justiça Federal).
▪ Quanto ao objeto. 
Contenciosa : quando existe litígio.
Voluntária : quando é apenas homologatória da vontade das partes.
▪ Quanto à função.
Jurisdição ordinária: formada pelos órgãos da Justiça comum.
Jurisdição especial : quando é investido, excepcionalmente, do poder de julgar outro órgão (como nos crimes de responsabilidade do Presidente e Vice-Presidente da República, que são julgados pelo Senado)
▪ Quanto à competência
Determinada pelas leis de organização judiciária, disciplinam os órgãos julgadores, podendo ser:
Plena: quando o magistrado tem competência para julgar todos os casos.
Limitada – quanto à competência restrita a certos casos.
 
JURISDIÇÃO CONTENCIOSA E JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA
A jurisdição voluntária ou graciosa é a administração pública de direitos privados. Exemplos: nomeação de tutores, declaração de ausência, arrolamento sumário, separação consensual, etc. 
A rigor, não se trata de jurisdição, diante da inexistência da lide e da falta de definitividade da decisão que não se submete à coisa julgada material. Na jurisdição voluntária só existe procedimento e não processo (tradicional).
A única e verdadeira jurisdição é a contenciosa, consistente na função estatal de solução definitiva das lides. A jurisdição voluntária tem natureza administrativa, prescindindo-se da existência de partes contrapostas.
Segundo a opinião dominante na doutrina brasileira, a jurisdição voluntária não é verdadeira jurisdição, mas autêntica atividade administrativa desempenhada pelo Juiz. Costuma-se dizer que nem é jurisdição e nem é voluntária, desde que os interessados estão a ela submetidos por imposição de lei.
 
Chiovenda classificou os procedimentos em 4 categorias:
intervenção do Estado na formação de sujeitos jurídicos – nos casos em que a lei subordina a constituição o reconhecimento das pessoas jurídicas à prévia homologação judicial; 
atos de integração da capacidade jurídica – como a intevenção judicial na nomeação de tutores e curadores; (CPC art. 1.177) 
intervenção na formação do estado das pessoas – como na autorização para menor contrair casamento; 
atos de comércio jurídico – tais como autenticação de livros comerciais e referente a registros públicos; 
 
 
Outros procedimentos de jurisdição voluntária podem ser indicados, tais como: 1) aprovação dos estatutos de fundações na hipótese do art. 27 do CCB; 2) concessão de assistência judiciária; 3) arrecadação dos bens de herança jacente ou ausentes (arta. 1142 e 1160 do CPC); 4) alienação de bens dotais ou de menores órfãos ou interditos; 5) extinção de usufrutos e fideicomissos (art. 1112 do CPC).
 
Distinção entre jurisdição contenciosa e voluntária
 
	Jurisdição
	Contenciosa
	Voluntária
	Atividade
	Jurisdicional
	Administrativa
	Causa
	Um conflito de interesses uma “LIDE”
	Um negócio, ato ou providência jurídica
	Aspectos subjetivos
	Partes contrapostas (inter nolentes)
	“Interessados” (Art. 1.104) na tutela de um mesmo interesse (inter volentes)
	Iniciativa
	Por meio de ação, em que se formula o pedido do autor contra o réu.
	Por meio simples “requerimento”, em que se indica a providência judicial postulada. Essa providência não é contra ninguém, mas apenas em favor do requerente
	Maneira de proceder
	Mediante um “processo”,sob o princípio do contraditório
	Embora a citação do Ministério Público e de eventuais interessados, há um simples procedimento administrativo, facultada eventual controvérsia quanto à melhor maneira de administrar o negócio em jogo.
	Sentença
	Produz “coisa julgada material”
	Não produz a “coisa julgada material” e sim coisa julgada “formal”, podendo der modificada em face de circunstâncias supervenientes (Art. 1.111, C.P.C)
	Critério de julgamento
	O da “legalidade”, com a aplicação do direito objetivo para eliminação do conflito
	Não é obrigatória a “legalidade estrita”, podendo o juiz ater-se a critérios de conveniência e oportunidade. (Art.1.109 C.P.C)
 Limites da jurisdição
 	Em alguns casos, a lei brasileira admite a concorrência de jurisdições; assim, se não houver sido acionada a jurisdição brasileira, poderá merecer homologação, para produzir efeitos no Brasil, sentença proferida no juízo estrangeiro. Em outros casos (CPC, Art.89), a jurisdição brasileira afirma-se com exclusividade.
	Para aplicação da norma internacional, utiliza-se os critérios da viabilidade e conveniência.
 	No Brasil, exerce-se a jurisdição civil de nossos Tribunais desde que o réu aqui esteja domiciliado; ou se no Brasil deva ser cumprida a obrigação; ou se a demanda se originar de fato ocorrido ou ato praticado no Brasil; ou se quando aqui estiver situado o imóvel objeto da lide; ou se estiverem os bens arrolados em inventário.
Limites territoriais 
O limite territorial da jurisdição caracteriza-se pelo espaço geográfico do estado.
Limites internos
 	São limites da própria jurisdição, momentos em que a jurisdição não pode atuar. Ex: ajuizamento de ação de cobrança para dívidas de jogos, ou análise de mérito de questões administrativas.
CASOS DE EXCLUSÃO DA JURISDIÇÃO
Os agentes diplomáticos não se submetem à jurisdição brasileira. Não podem ser réus, no âmbito civil ou criminal, por força das Convenções de Havana (1928) e Viena (1961).
Outro caso de exclusão da jurisdição é a convenção de arbitragem, prevista na Lei 9.307/96. Contudo, como esclarece Vicente Greco Filho, não há o afastamento pleno da atividade jurisdicional porque a validade da instituição de arbitragem e sua sentença podem ser questionadas perante o Poder Judiciário. 
	Por ter sido adotado o Sistema Inglês, não vigora no Brasil o contencioso administrativo, pelo qual os órgãos do Poder Executivo exercem jurisdição sobre certas matérias adminstrativas. Aqui a jurisdição é única, pois apenas o Poder Judiciário detém o poder jurisdicional, inclusive nas lides em que o Estado é parte.
COMPETÊNCIA
Por ser a jurisdição única para atender os diversos tipos de matéria de que os conflitos tratavam é que se fez a distribuição do exercício da atividade jurisdicional em competências. Neste sentido, CINTRA, DINAMARCO e GRINOVER citando Liebman conceituam competência como: “a quantidade de jurisdição cujo exercício é atribuído a cada órgão ou grupo de órgãos”.
 
Portanto, observa-se que a competência é uma parcela de responsabilidade que um órgão jurisdicional possui para resolver os conflitos. Neste mesmo liame preleciona MARINONI e ARENHART: “A competência, portanto, nada mais é do que uma parcela de jurisdição que deve ser efetivamente exercida por um órgão ou grupo de órgãos do Poder Judiciário”
 	Diante disto, é comum nas diversas nações não haver nenhum órgão jurisdicional competente para todas as demandas possíveis. Pautada nisto é que a Constituição Federal estabeleceu dois tipos de competência: em razão de matéria, criando as justiças especializadas e em razão da pessoa, para julgar os entes federais ou aqueles equiparados.
CRITÉRIOS DETERMINATIVOS DACOMPETÊNCIA
São determinados elementos das situações jurídicas levados em consideração pela lei para estabelecer a competência dos órgãos jurisdicionais, não havendo uma uniformidade na adoção desses critérios, apontando a doutrina diversas diretrizes.
Para J.E.CARREIRA ALVIM, as diversas teorias procuram assentar as suas bases, de um modo geral, nos seguintes elementos:
▪ Valor da causa : segundo o valor econômico da relação jurídica, objeto da demanda.
▪ Matéria : segundo a natureza da relação jurídica, objeto da causa.
▪ Pessoas: segundo a condição dos sujeitos em lide.
▪ Território: segundo o lugar onde se encontram os sujeitos ou o objeto da relação jurídica que constitui 
 objeto do processo.
▪ Função: segundo a função que o órgão jurisdicional é chamado a exercer em relação a uma determinada 
 demanda.
Segundo GIUSEPPE CHIOVENDA , jurista alemão WACH adotou uma classificação de competência, que foi difundida por GOLDSCHMIDT e exposta por CHIOVENDA, seguida no Brasil por MOACYR AMARAL SANTOS, que restou conhecida como a divisão tripartida de CHIOVENDA:
1.- Critério objetivo:
Determina-se a competência levando-se em consideração elementos externos da lide: a natureza da causa, o valor da causa e a condição das pessoas em lide: 
▪ Natureza da causa (em razão da matéria - in ratione materiae) : 
A competência se determina segundo a matéria sobre que verse a lide. Ex. lides de natureza trabalhista – Justiça do Trabalho; lides de conteúdo eleitoral – Justiça Eleitoral; lides versando sobre estado de família – Vara da Família.
▪ Conforme o valor da causa (em razão do valor da causa - in ratione loci): 
A competência se determina pela avaliação pecuniária do bem pretendido. Ex. artigos 98, inciso I, e 24, inciso X, da CF e Lei nº 9099, de 26.09.95 (julgamento e execução decausas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo – Juizados Especiais de Pequenas Causas); 91 do CPC (rege a competência em razão do valor e da matéria as normas de organização judiciária, ressalvados os casos expressos no Diploma Processual).
▪ Conforme a condição das pessoas em lide (em razão da pessoa - in ratione persona):
Regra geral, a qualidade dos sujeitos não influi na fixação da competência, pois todos são
iguais perante a lei (artigo 5º, caput, da CF). Excepcionalmente, há pessoas que, por motivos de interesse público, gozam de foro especial. Ex. pessoas jurídicas de direito público, as autarquias, artigo 102, inciso I, alíneas “b” e “c”, da CF (Supremo Tribunal Federal – infrações penais comuns – Presidente- Vice- membros do Congresso Nacional –Ministros do Supremo Tribunal Federal –Procurador-Geral da República – e nos crimes de responsabilidade - Ministros de Estado), artigo 105, inciso , alínea “a”, da CF (Superior
Tribunal de Justiça – crimes comuns – Governadores; crimes comuns e de responsabilidade - Desembargadores e Membros do Ministério Público da União que oficiem perante Tribunais).
2.- Critério territorial:
A competência resta determinada conforme a circunscrição territorial do órgão, sendo, portanto, o território, elemento importante na sua fixação, ensejando-se na .competência territorial ou competência de foro (em razão do lugar) - qual a comarca ou seção judiciária competente?
▪ Competência territorial geral : artigo 94 do CPC – a competência se fixa pelo domicílio do réu.
▪ Competência territorial especial: 
 - Em razão da situação da coisa ou em razão da situação do imóvel (forum rei sitae) – artigo 95 do CPC.
 - Em razão da pessoa:
 1)Contra os incapazes – artigo 98 do CPC - será processada no foro do domicílio de seu 
 representante.
2)Contra o ausente – artigo 97 do CPC – no foro do seu último domicílio.
3)Contra a pessoa jurídica – artigo 100, inciso IV, alínea “a”, do CPC – no local de sua sede.
4)Nas ações de separação, conversão em divórcio e anulação de casamento – artigo 100, inciso I, do 
 CPC – no local da residência da mulher.
5)Na ação de alimento – artigo 100, inciso II, do CPC – no local da residência ou do domicílio do 
 alimentando.
6)Nos inventário, partilha, arrecadação, cumprimento de disposição de última vontade e ações em 
 que o espólio for réu – artigo 96 do CPC – regra geral – no foro do domicílio 
 do autor da herança.
- Em razão dos atos ou fatos:
1)Nas ações de reparação de dano por ato ilícito – artigo 100, inciso V, alínea “a” do CPC – no local da 
prática do ato.
2)Nas ações de reparação de dano em razão do delito ou acidente de veículos – artigo 100, inciso V, § 
único, do CPC – no domicílio do autor ou no local do fato.
3)Nas ações contra o administrador ou gestor de negócios – artigo100, inciso V, alínea “b”, do CPC – 
 no local do ato ou do fato.
3. - critério funcional
A competência é determinada de acordo com as atribuições que os organismos judiciários exercem no processo, valendo-se dos critérios objetivo e territorial, a lei fixa a competência originária sobre qual o juiz deverá ser instaurado o processo. O critério funcional tem em vista o fato de diversos juízes terem o
poder, em momentos distintos, de exercer funções em um mesmo processo, determinando-se a competência funcional, ou seja, o âmbito dentro do qual cada um exerce o seu poder de dizer o direito em um único processo:
▪ No plano horizontal – no mesmo grau de jurisdição:
É a hipótese em quevários juízes atuam no processo, conforme a sua fase e a forma de atuação, sem entretanto, mudar de grau de jurisdição. Como exemplos temos: art. 132, caput e § 1º, do CPC - subprincípio da identidade física do juiz – o juiz que concluir a audiência deverá julgar a lide salvo se convocado, licenciado, afastado, promovido ou aposentado, caso em que o sucessor poderá determinar a repetição das provas; citação por carta precatória; artigo 551 do CPC - a existência no segundo grau, de um juiz relator e de um juiz revisor. 
▪ No plano vertical :
Nesse caso, há a participação de mais de um juiz no processo, porém de graus diferentes, há um grau de jurisdição inferior e outro de jurisdição superior. Na competência recursal, p. ex., o juiz de primeiro grau julga o pedido e o Tribunal ad quem, na apelação interposta contra aquele julgado.
A competência funcional também diz respeito às funções que o Juiz exerce no processo. Essa competência funcional desdobra-se em três aspectos:
Por graus de jurisdição: 
Em regra, as ações são propostas no primeiro grau, cabendo recurso para o segundo grau. Excepcionalmente, a lei suprime o primeiro grau de jurisdição, atribuindo competência originária ao Tribunal. Daí falar-se em competência funcional recursal ou originária.
Por fases do processo: 
O juízo de conhecimento é o competente para a execução (art. 575, 11), o juízo da ação principal é o competente para as acessórias (art. 108), o juiz que concluiu a audiência é o competente para julgar a lide art. 132).
Por objeto do juízo: 
Ocorre quando numa única decisão atuam dois órgãos jurisdicionais com competências distintas. Sobre o assunto, disserta Vicente Greco Filho: "no processo penal, o exemplo clássico é o da sentença do Tribunal do Júri, em que os jurados decidem predominantemente sobre as questões de fato; respondendo os quesitos formulados sobre a materialidade do crime, a autoria, as circunstâncias excludentes de pena, etc., e cabe ao juiz togado, presidente, obedecendo à manifestação dos jurados, aplicar a pena, fixando-lhe o quantum.”.
 No processo civil, há casos de competência funcional por objeto do juízo no procedimento
de uniformização da jurisprudência (arts. 476 e ss.) e no de declaração incidental de inconstitucionalidade (art.480 e ss.), nos quais a Câmara ou Turma do Tribunal, em que são suscitados quaisquer desses incidentes, é competente para a aplicação da lei ao caso concreto, mas a fixação da interpretação da lei ou sua declaração de inconstitucionalidade é de competência do Tribunal Pleno. O julgamento se desmembra, cada órgão decide uma parte do objeto da decisão que, no final, é única.
O Código de Processo Civil baseou-se na classificação de Chiovenda, segundo o qual a competência é funcional, material ou territorial. Aludido critério, porém, não soluciona todos os problemas, pois há diversas normas sobre competência na CF/88 e em outras leis.
Por outro lado, dentro de uma visão mais pragmática, podemos afirmar que a competência dos órgãos jurisdicionais é regida pelos seguintes critérios: Competência de justiça; Competência hierárquica; 
Competência territorial; Competência de juízo.
ESPÉCIES DE COMPETÊNCIA
Há um vasto universo de classificação das espécies de competência, e diante da necessidade de melhor compreensão do assunto, adota-se um de maior poder didático, como o apresentado por MARIA DA GLÓRIA COLUCCI e JOSÉ MAURÍCIO PINTO DE ALMEIDA.
▪ Competência internacional e interna
O Código de Processo Civil (artigos 88/90) quando fala em competência internacional, está tratando, na realidade, de jurisdição, até porque a competência diz respeito à divisão de trabalho entre os órgãos judiciários; a jurisdição, como expressão da soberania, é que impõe barreira natural aos demais Estados Estrangeiros.
 A competência internacional, também conhecida como externa ou geral, pode ser de duas espécies, exclusiva ou concorrente:
- Exclusiva: disposta no artigo 89 do CPC, sendo de competência da autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra, conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil e proceder o inventário e a partilha de bens situados no Brasil; 
- Concorrente: constante do artigo 88 do CPC, quando a competência será da autoridade judiciária brasileira, sem exclusão da estrangeira, processar e julgar a ação, quando o réu for domiciliado no Brasil; tiver de ser cumprida a obrigação no Brasil, ou for decorrente de fato praticado no Brasil. Não há falar em litispendência ou coisa julgada, quando houver concomitância de ação no estrangeiro, além do que a sentença estrangeira somente possui eficácia com a homologação pelo STF (artigos 90 e 483 do CPC).
A competência interna ou especial:
Diz respeito à repartição da jurisdição dentre os diferentes órgãos jurisdicionais integrantes do Poder Judiciário do país. 
Para se chegar ao correto encaminhamento da ação, deve-se seguir as seguintes fases para a fixação da competência interna, nessa ordem, utilizando-se dos critérios determinativos:
a) Competência de jurisdição ( qual a justiça competente?)
Consiste na distribuição da competência dentre os diversos ramos do Poder Judiciário, como primeiro movimento a ser efetuado pelo autor. Ex. Justiça Federal; Estadual; do Trabalho; Eleitoral.
b) Competência hierárquica:
Existe para efeito do processamento, julgamento e revisão das decisões.
- Competência originária ( competente o órgão inferior ou superior?)
	 	 Órgão que deva conhecer primeiramente do pedido.
	- Competência recursal (competente um mesmo órgão ou um superior?)
	 	 Órgão que deve rever a decisão já proferida, face a existência de recurso.
 Regra: jurisdição inferior – competência originária; 
 jurisdição superior – competência recursal.
Exceções: artigos 102, inciso I, alínea “j” e 105, inciso I, alínea “e”, da CF/88: STF e STJ – 
 julgar, originariamente, as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados.
c) Competência de foro ( qual a comarca, ou seção judiciária, competente?)
É a competência encontrada pelo critério territorial que leva em consideração o território ou local. A competência territorial é atribuída aos diversos órgãos jurisdicionais tendo em consideração a divisão do próprio território. No que concerne à Justiça Federal, que também é justiça comum, o País é divido em regiões, que, por sua vez, se dividem em seções. Os estados se dividem em comarcas. Nem todos os municípios são sedes de comarca, mas todos os municípios brasileiros pertencem a uma determinada comarca. A competência territorial é atribuída a diversos órgãos jurisdicionais levando-se em consideração a divisão do território. É a chamada competência de foro. No que concerne à justiça comum, pode ser federal
ou estadual.
d)Competência de juízo (qual a vara competente?)
Determina-se a competência pela natureza da lide (Varas cíveis, criminais, acidente de trabalho, etc) ou pela condição das pessoas (Varas privativas da Fazenda Estadual ou Municipal).
e)Competência interna ( qual o juiz competente?)
 
f) Competência funcional:
Diz respeito à posição do juiz a ser exercida no processo, seja no mesmo grau de jurisdição (como nas cartas precatórias), seja no âmbito recursal (como nos julgamentos do agravo oferecido contra uma decisão do juiz inferior, que será analisada pelo juízo superior), em qualquer das hipóteses, em um mesmo processo, mais de um juiz exerce a parcela jurisdicional que lhe cabe. Pode ser classificada:
- Pelas fases do procedimento:
 Dependendo do caso concreto, quando mais de um órgão jurisdicional pode atuar no processo nas suas diferentes fases. 
- Pelo grau de jurisdição: 
Verifica-se nos casos de competência hierárquica, podendo acontecer nas hipóteses de competência originária, como no da ação rescisória ou então em casos de competência recursal.
- Pelo objeto do juízo: 
Pode ocorrer, exemplificadamente:
a) no 1º grau: quando o juiz que deve efetivar a penhora ou cumprir a medida cautelar for de outra comarca, caso em que será de sua competência a apreciação de eventuais embargos de terceiro.
b) nos tribunais: suscitada a questão de inconstitucionalidade, há algumas particularidades a respeito da competência funcional. De acordo com a Constituição e com o próprio Código de Processo Civil, os incidentes de inconstitucionalidade só podem ser decididos pelo órgão maior do tribunal. Diferente seria se a suscitação se desse no primeiro grau. Se numa determinada causa, o autor ou réu questionar a constitucionalidade do ato originário objeto daquela ação, o juízo monocrático poderá sozinho resolver a questão e dizer se trata de ato inconstitucional ou não, de lei inconstitucional ou não. No tribunal, curiosamente, um dos seus membros não pode fazê-lo. Nem o próprio órgão. Em sede de colegiado, só o órgão maior pode declarar a inconstitucionalidade incidental, que é a chamada inconstitucionalidade
"incidenter tantum”.
g) Competência absoluta e relativa
No sentir de ATHOS GUSMÃO CARNEIRO, algumas considerações devem ser utilizadas para a diferenciação entre a competência absoluta e a relativa; a primeira, estaria caracterizada quando as regras forem motivadas por considerações ligadas ao interesse público, de uma melhor administração da Justiça, que é indisponível às partes, e impõe-se com força cogente ao juiz.
Já a competência relativa seria encontrada quando as regras visarem, primacialmente, o interesse das partes, quer facilitando ao autor o acesso ao Judiciário, quer propiciando ao réu melhores oportunidades de defesa, podendo ser afastadas pelos litigantes, sendo pois disponíveis.
Já para NELSON NERY JR. e ROSA MARIA ANDRADE NERY , pelos critérios adotados por MOACYR AMARAL SANTOS, de destaque internacional, para se determinar a competência, tem-se a seguinte relação com a natureza absoluta ou relativa da competência:
1º) Critério objetivo: 
a)em razão da natureza da causa: art. 111 do CPC – competência absoluta;
 b) Em razão do valor da causa: art. 111 do CPC – competência relativa; 
 c) Em razão da condição das pessoas em lide: art. 111 do CPC – competência absoluta.
2º) Critério territorial: art. 111 do CPC – competência relativa.
3º) Critério funcional: art. 111 doCPC – competência absoluta.
QUADRO COMPARATIVO ENTRE COMPETÊNCIAS: ABSOLUTA E RELATIVA
	Competência Absoluta
	Competência relativa
	Cogente (Imperativa) – Prevalência do interesse público, indisponibilidade.
	Dispositiva (Supletiva) – Prevalência do interesse particular dos litigantes, disponibilidade.
	Incompetência – O juiz deve declarar de ofício (113, CPC)
	O juiz não pode declarar-se incompetente (112, 304, 305 e 307 CPC)
	Declara a incompetência – Autor, réu ou qualquer interessado (113, 301 CPC)
	Somente o réu pode suscitar a exceção
(112 e 305 CPC)
	Declara-se a qualquer tempo e grau de jurisdição
	Até o prazo de resposta (15 dias – raciocínio errado)
	Não é matéria preclusiva, dando possibilidade a ação rescisória (485,II. C.P.C.)
	Preclui se não oposta em tempo oportuno (114. CPC)
	Improrrogável
	Prorrogável (114 CPC)
	Argüida em preliminar de contestação 
(301,II. CPC)
	Argüida em petição separada, para fim específico.
	Na própria defesa (Contestação)
	Duas peças separadas: Contestação vai para o processo; A exceção de incompetência em processo paralelo.
	São nulos todos os atos decisórios
	Não gera nulidades, os autos serão remetidos ao Juiz competente.
	Incabível eleição de foro quando infringente a qualquer regra de competência absoluta (111, CPC)
	Cabível a clausula de eleição de foro (111 CPC), com ressalvas nos casos de contratos de adesão.
 
MODIFICAÇÕES DA COMPETÊNCIA
▪ Conexão e Continência
Conexão e continência são causas de modificação da competência ditadas pelo interesse público em que determinadas ações sejam processadas e julgadas no mesmo juízo, com, pelo menos duas finalidades: uma de ordem pública (evitar possíveis decisões contraditórias entre ações intimamente ligadas, evitando-se o desperdício da atividade processual); outra, de ordem particular (maior celeridade processual e menor onerosidade possível). São as formas mais comuns de prorrogação legal de competência relativa (a competência absoluta é insuscetível de sofrer modificações). 
Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando lhes for comum: 
▪ O objeto ou o pedido (bem jurídico pretendido pelo autor) :
Duas ações contra dois coobrigados de uma mesma dívida – devedor e fiador – são conexas pela identidade de objeto – o pagamento da dívida; 
▪ A causa de pedir ou causa petendi, :
Constituem-se nos fundamentos de fato e de direito do pedido. A razão pela qual se pede (sendo
necessário para a identificação do pedido, a descrição do elemento fático e a qualificação jurídica correspondente, conforme a teoria da substanciação do pedido, adotada no ordenamento pátrio, diversamente da teoria da individuação do pedido, em seria suficiente para caracterizar a causa de pedir, os fundamentos jurídicos).
São elementos da causa de pedir, a causa de pedir remota, consubstanciada nos fatos constitutivos que deram origem ao direito, e a causa de pedir próxima, sendo, nada menos, do que os próprios fundamentos jurídicos que justificam o pedido, ou melhor, a repercussão jurídica do pedido.
Para efeito de conexão, suficiente a coincidência parcial de elementos da causa de pedir (Ex. ação de despejo por falta de pagamento e consignação em pagamento – idêntica a causa remota (locação); diversa a causa próxima (no despejo, o inadimplemento; na consignação, a recusa em receber o aluguel pelo proprietário do imóvel).
Diferentemente da litispendência e da coisa julgada, que exige a coincidência integral dos elementos da causa de pedir.
Para NELSON NERIY JR e ROSA MARIA ANDRADE NERY, os fundamentos de fato seriam a causa de pedir próxima; os de direito, a remota. 
Porém, para a corrente majoritária, prevalece o contrário conforme ilustra HUMBERTO THEODORO JÚNIOR. Dá-se continência entre duas ou mais ações sempre que há identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras (artigo 104 do CPC). A relação, pois, é de continente para conteúdo, estando presentes todos os elementos da causa menor na causa maior e a
diferença reside apenas no objeto, na sua quantidade.
Segundo CELSO AGRÍCOLA BARBI , a continência seria uma espécie do gênero conexão, resultando do exposto que “o art. 104 é inútil, porque toda vez que houver continência entre duas causas elas são conexas; basta o fato de terem a mesma causa de pedir, para se enquadrarem na conceituação do art. 103”. 
▪ Prevenção
 Prae Venire significa: chegar primeiro, portanto, a prevenção não é propriamente um critério de determinação da competência, e sim de fixação da competência. 
Supõe-se dois ou mais juízos que, pelas regras gerais, seriam, em tese, igualmente competentes. Pela prevenção em apenas um deles a competência é “fixada” tornando os demais incompetentes. O principal critério de prevenção é a citação válida (CPC, art. 219). Trata-se de uma regra, a exceção a essa regra está prevista no Art. 106 do CPC: “Correndo em separado ações conexas perante juizes de mesma competência territorial, considera-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar”. O despacho que trata o artigo é o ato em que o juiz acolhe a petição inicial e despacha a citação do réu.
▪ Prorrogação da competênciA
“Dá-se a prorrogação de competência quando se amplia a esfera de competência de um órgão judiciário para conhecer de certas causas que não estariam, ordinariamente, compreendidas em suas atribuições jurisdicionais”, nos termos conceituais de HUMBERTO THEODORO JÚNIOR, ou seja, é a ampliação da competência de um juízo para abranger determinada causa que não estaria incluída naquela, pelas
regras gerais. Pode ser:
 - Legal (ou necessária): 
Quando decorrente da imposição de lei (Ex. conexão ou continência – arS. 102 e 104 do CPC) 
- Voluntária:
Quando oriunda de ato de vontade das partes (Ex. foro de eleição – artigo 111 do CPC) 
 ou na falta de oposição de exceção ao foro incompetente (artigo 114 do CPC).
A prorrogação somente pode alterar a competência relativa e não a absoluta, diante de sua característica de indisponibilidade, permitindo o sistema processual brasileiro a eleição de foro e não de juízo, sob pena de contrariar o princípio do juiz natural – artigo 5º, inciso LIII, da CF (assim, não se pode eleger uma determinada Vara. 
A prorrogação voluntária é configurada pela “eleição de foro”, normalmente prevista nos contratos de adesão. Como os contratos de adesão têm clausulas padronizadas, nem sempre há um equilíbrio na relação contratada. Por isso a jurisprudência entende que só é válida quando convenientes a ambos contratantes. Quando houver opção de argüição de exceção de incompetência (CPC, art. 305) e esta não ocorrer, costuma dizer a doutrina que se tem a “prorrogação voluntária tácita”. ). Aliás, quando a cláusula de eleição de foro oferecer vantagens apenas para um dos contratantes em detrimento do outro, o que ocorre geralmente nos contratos de adesão, deve ser considerada abusiva, ilegal, portanto, nula – o Superior Tribunal de Justiça assim já decidiu em contratos de seguro e nos contratos do Sistema Financeiro de Habitação.
 
Conflitos DE COMPETÊNCIA
Instrumento processual para o controle da competência, juntamente com a exceção de incompetência, consistindo na circunstância de fato ocorrida quando mais de um juízo se declara competente (positivo) ou incompetente (negativo), podendo ocorrer também, quando houver discordância dos juízos sobre a reunião ou separação de ações, na conexão ou na continência. (artigos 115/124 do CPC),
fundamentando-se na premissa de que todo juiz “é competente para apreciar a sua própria competência” – PIERO CALAMANDREI.
Na lição de NELSON NERY JR / ROSA ANDRADE NERY não haveria conflito entre juízes e sim entre juízos (havendo conflito entre magistrados, por desentendimento do art. 132 do CPC – subprincípio da identidade física do juiz – ocorre conflito de jurisdição, que na ausência de normas específicas, deve-se adotar o mesmoprocedimento de conflito de competência).
O conflito deve ser julgado por Tribunal hierarquicamente superior aos conflitantes. Aliás, o parágrafo único do artigo 120 – incluído pela Lei nº 9756/98 - autoriza o relator a decidir de plano, monocraticamente, o conflito pelo mérito, quando a tese já estiver pacificada no tribunal, constituindo jurisprudência dominante – cabe agravo interno, no prazo de 05 dias, a ser julgado pelo órgão recursal competente (colegiado competente para julgar o conflito).
Possui legitimidade para suscitar conflito, o próprio juiz, a parte e o Ministério Público (artigo 116 do CPC), sendo que se a matéria for de interesse público, obrigatória será a intervenção do MP, sob pena de nulidade do processo, valendo lembrar, que o oferecimento de exceção de incompetência impede suscitar o conflito, diante da preclusão consumativa.
A instauração do conflito provoca efeitos: no negativo, a paralisação da causa; no positivo, a possibilidade do relator, de ofício, ou a requerimento, determinar o sobrestamento do processo. Em ambos, porém, será designado um dos juízes para resolver, em caráter provisório, as medidas urgentes (artigo 120 do CPC, caput), sendo que ao final, os autos do processo principal devem ser remetidos ao juízo declarado como competente.
Não há que se falar em conflito de competência entre Membros do Ministério Público, e sim em conflito de atribuição, até porque somente os Membros do Poder Judiciário possuem jurisdição, e como a competência é a medida desta, evidentemente que o órgão do Parquet não a possui, apesar de alguns diplomas legais falarem em COMPETÊNCIA do Ministério Público. Tais conflitos devem ser solucionados nos termos da respectiva lei orgânica.
Perpetuatio jurisdictionis (Perpetuação ou estabilização da competência)
Determina-se a competência no momento em que a ação é proposta. São irrelevantes as modificações no estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência em razão da matéria ou da hierarquia (artigo 87 do CPC). A
determinação da competência ocorre no momento da propositura da ação, e isso com a
finalidade de proteção das partes.
As modificações no estado de fato não influenciam na competência já estabelecida, como por exemplo, as mudanças de residência ou domicílio das partes, do valor da causa, do estado material ou da situação do objeto da lide. As modificações no estado de direito com as alterações legais ensejam situações diversas: nas hipóteses de competência relativa (territorial ou em razão do valor): aplica-se a perpetuação da jurisdição; nas hipóteses de competência absoluta (material ou hierárquica) – não há a aplicação do princípio, devendo os autos ser encaminhados ao novo juízo competente; na extinção do órgão judiciário – idêntica solução; e, por fim, na hipótese de desmembramento da circunscrição territorial do juízo – os autos sofrerão a correspondente divisão entre as duas comarcas, conforme a regra geral do domicílio do
réu.
Exemplo dessas modificações, observa-se com o advento da Emenda Constitucional nº 22, de 18/03/99, que deu nova redação aos artigos 102, inciso I, alínea “i”, e 105, inciso I, alínea “c”, da CF, e com isso, a competência para processar e julgar os Habeas Corpus impetrados contra ato de decisão colegiada de Tribunal Superior, é do Supremo Tribunal Federal, enquanto, se o ato de coação emanar dos demais Tribunais, a competência passou a ser do Superior Tribunal de Justiça.
 Registre-se que a hipótese retrata, perfeitamente, uma modificação do direito, estudada na perpetuação da competência, sendo exemplo de que a competência pode modificar em ocorrendo alteração da previsão legal, verificando-se, ainda, que a Corte Suprema proclamou a eficácia imediata das normas que dispõem sobre competência, declarando a sua incompetência superveniente, e conseqüente competência do Superior Tribunal de Justiça, tanto é assim, que foi determinada a remessa dos autos para esse fim.
 As Justiças Especializadas
 
As Justiças chamadas de Especializadas são aquelas que tratam de matéria específica, e que por tal razão são de competência absoluta, e são aquelas previstas nos incisos IV, V e VI do art. 92 da Constituição Federal. Ou seja, são as Justiças do Trabalho, Eleitoral e Militar.
 	Dentro destas Justiças há algumas peculiaridades, como por exemplo, a Justiça do Trabalho não possui competência criminal alguma, já a Justiça Militar não possui competência de qualquer matéria civil.
 
Outra peculiaridade diz respeito a nomenclatura adotada para cada Justiça Especializada, pois todas elas são de âmbito federal, no entanto, apenas a Justiça que possui competência para julgar entes federais é que a chamada Justiça Federal.
Vale salientar que a independência das Justiças Especializadas é tamanha que utilizam os critérios de função e territorialidade para melhor exercer a jurisdição. Ou seja, todas possuem tribunais de segundo grau, bem como superiores, e todas se dividem por uma área geográfica.
 	Finalizando, observa-se que para a determinação da competência dessas justiças utiliza-se como critério a exclusão, ou seja, se a matéria não for de direito de justiça especializada (trabalho, eleitoral ou militar) a competência será então da justiça comum. 
A competência da Justiça Federal.
 
A competência da Justiça Federal, como dito anteriormente, é absoluta e em razão de privilégio dos entes federais. Ou seja, autarquias, empresas públicas, e outros entes federais quaisquer que sejam possuem o privilégio de serem julgados pela Justiça Federal. 
 
Portanto, a Justiça Federal nada mais é do que a criação de um aparato jurisdicional pela União para julgar os conflitos os quais os entes federais sejam litigantes. Assim, para a determinação se a Justiça Federal é a competente para julgar uma certa demanda utiliza-se novamente o critério de exclusão. Assim, se nenhum dos litigantes for ente federal a competência é da Justiça comum Estadual.
 	Ante o exposto salienta-se que a Justiça Federal é também uma justiça comum, por tais razões é que para uma melhor distribuição de competência e maior celeridade processual é que se subdivide a competência nos mesmos critérios da justiça comum estadual: territorial, onde a competência é determinada por uma área geográfica; função, possuindo seções judiciárias de primeiro grau e tribunal de segundo grau; e o critério da matéria, onde as demandas são divididas conforme a matéria que tratam, tendo como exemplo na Subseção Judiciária de Florianópolis da Seção Judiciária de Santa Catarina o Tribunal Regional Federal da 4ª Região criou um juizado especifico para julgar causas previdenciárias em face do Instituto Nacional da Seguridade Social – INSS.
 	Ainda, vale lembrar que muito embora os Estados Federados sejam entes da União Federal, eles são julgados pela Justiça Estadual. Portanto, conclui-se que a Justiça Federal é a última peneira para saber se a demanda judicial é competência da Justiça Estadual ou não.
 
 
A competência suplementar da Justiça Federal
 
A respeito do exercício completo da competência da Justiça Federal vale fazer uma breve consideração. Destacando que como a organização da Justiça Federal de primeiro grau não consegue atingir a todos os municípios do país a Constituição Federal em seu art. 109, §3° dispõe que a Justiça Estadual pode exercer a competência da Justiça Federal, assim como dispõe da mesma maneira o art. 15 da Lei 5.010/66.
 	Diante das disposições legais e constitucionais expostas se observa que a competência da Justiça Federal, chamada por alguns juristas de suplementar, não atinge toda sua plenitude. Isto devido não existir uma seção judiciária da Justiça Federal em cada município do país.
 	Portanto, para dar efetividade plena do princípio constitucional de acesso a justiça a todos é que se transfere a competência da Justiça Federal para a Justiça Estadual nos casos previstos acima. Ressalta-se, ainda, que esta extensão da competência daJustiça Estadual em causas que seriam da Justiça Federal é uma via de mão dupla que é tanto bom para os cidadãos que pretendem pleitear em face da União, bem como a União pode exigir de forma mais eficaz seus tributos.
 
A Justiça Estadual e a competência residual
 
Após a análise das Justiças Especializadas, da Justiça Federal, faz-se necessário também tecer breves considerações a respeito da Justiça Estadual, que possui uma competência residual. Ou seja, caso a demanda não seja trabalhista, militar, ou eleitoral e não possua num pólo processual algum ente federal, esta será de competência da Justiça Estadual.  
Portanto, compete à Justiça Estadual julgar a maior parte das demandas existentes: de direito civil, tributário, empresarial, de família, criminal, entre outros. Diante de tal incumbência da Justiça Estadual, de ter que movimentar a maior parte dos processos judiciais, é que se resolveu especializar cada vez mais as áreas de sua atuação. Assim, criaram-se juizados competentes para o direito de família, civil, criminal primeiramente. 
Assim, resta claro que compete as Justiças Estaduais julgar a maior parte das demandas, e que para melhor atender os cidadãos cabe às cortes estaduais organizar suas jurisdições da melhor forma. Sendo uma conseqüência natural a especialização cada vez maior dos juízos, sejam em razão da matéria ou do valor da causa.
 
 
Da competência dos Tribunais Superiores
 
Os Tribunais Superiores, muito embora possuam competência sobre todo o território nacional, não são competentes para julgar todos os processos existentes no país. Portanto, os Tribunais Superiores são responsáveis apenas para julgar certos processos com certas qualidades. Qualidades essa que pode ser por matéria, prerrogativa de foro e funcional, que é o principal motivo para a existência dos Tribunais Superiores. 
 	A primeira dessas qualidades é a questão material, ou seja, as Justiças especializadas possuem Tribunais Superiores. Assim, Tribunal Superior do Trabalho – TST, julgará os recursos das causas trabalhistas; o Superior Tribunal Militar – STM, julgará apenas as militares; bem como o Tribunal Superior Eleitoral – TSE julgará as questões eleitorais.
 	Já os dois principais Tribunais Superiores da União, o Supremo Tribunal Federal – STF e o Superior Tribunal de Justiça – STJ, além de possuírem a competência de julgar as pessoas que possuem prerrogativas de foro, possuem restrições de sua competência sob o critério material. Ao primeiro compete julgar todas as questões que por ventura venham ferir princípios constitucionais, ou seja, lhe compete fazer o controle de constitucionalidade, seja difuso ou concreto. Compete ao STF, ainda, julgar os conflitos de competência que possam existir entre as justiças. Já o segundo possui competência para julgar qualquer demanda que venha contrariar lei federal. 
Por fim, conclui-se então mesmo no tocante aos Tribunais que possuem competência territorial em toda a nação, eles não são competentes para qualquer tipo de causa. Isto ocorre para dar maior celeridade aos processos e para melhor se administrar e organizar a justiça no país, não existindo, portanto, em todo o território nacional um órgão jurisdicional sequer que possa julgar qualquer tipo de causa. 
  
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ALEXANDRE FREITAS CÂMARA. Lições de Direito Processual Civil. Vol.1. 15ª ed., Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006. 
ANTÔNIO CARLOS DE ARAÚJO CINTRA, ADA PELLEGRINI GRINOVER e CÂNDIDO RANGEL
DINARMACO. Teoria Geral do Processo. 21ª ed., São Paulo: MALHEIROS, 2005.
ATHOS GUSMÃO CARNEIRO. Jurisdição e competência.São Paulo: SARAIVA, 1995.
CELSO AGRÍCOLA BARBI .Comentários ao CPC., v.1, 12ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 1994.
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
ELPÍDIO DONIZETTI. curso Didático de Direito Processual Civil. 12ª ed., Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009.
HUMBERTO THEODORO JÚNIOR. Curso de Direito Processual Civil. v.1., 47ª ed., Rio de Janeiro: Forense,2007.
LUIZ RODRIGUES WANBIER, FLÁVIO RENATO CORREIA DE ALMEIDA e EDUARDO TALAMINI. Curso Avançado de Processo Civil. Vol.1. 9ª ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. 
 
MARIA DA GLÓRIA COLUCCI; JOSÉ MAURÍCIO PINTO DE ALMEIDA Lições de Teoria Geral do Processo. 4ª ed., 2ª tiragem. Curitiba: Juruá, 1998.
MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil -Processo de Conhecimento, 6ª ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 20ª ed., São Paulo: Atlas, 2006.
NELSON NERY JÚNIOR; ROSA MARIA ANDRADE NERY. Código de Processo Civil comentado e legislação extravagante em vigor. 4ª ed., São Paulo: Revista dosTribunais, 1999.

Outros materiais