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História concisa do Brasil

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História concisa do Brasil – Bóris Fausto. SP: Edusp, 2002. (Fichamento)
1 – O BRASIL COLONIAL (1500-1822)
– A expansão marítima e a chegada dos portugueses ao Brasil
“A monarquia portuguesa consolidou-se através (...) da revolução de 1383-1385. (...) No confronto, firmaram-se, ao mesmo tempo, a independência portuguesa [em relação ao reino de Castela] e a ascensão ao poder da figura central da revolução, Dom João, Mestre de Avis, filho bastardo do rei Pedro I.” (10)
[Esse é um ponto importante para se compreender o lançamento do Portugal às grandes navegações, pois diante das condições da época só o Estado (a Coroa) era capaz de tamanho empreendimento.]
Nas ilhas do Atlântico (Açores, Cabo Verde, São Tomé, Madeira), os portugueses começaram o projeto de explorar a grande propriedade agrícola baseada em mão-de-obra escrava.
1.2 – Os índios 
SOBRE OS ÍNDIOS: “(...) podemos distinguir dois grandes blocos subdividindo essa população: os tupis-guaranis e os tapuias. Os tupis-guaranis estendiam-se por quase toda a costa brasileira (...) Os tupis, também denominados tupinambás, dominavam a faixa litorânea do norte até Cananéia, no sul do atual estado de São Paulo; os guaranis localizavam-se na bacia Paraná-Paraguai (...) Apesar da localização geográfica diversa, falamos em conjunto tupi-guarani, dada a semelhança de cultura e de língua.” (14) Os outros grupos (aimorés, goitacazes, tremembés) eram denominados tapuias, palavra genérica usada pelos tupis-guaranis para designar índios que falavam outra língua.
1.3 – A colonização
CAPITANIAS HEREDITÁRIAS: “Com exceção das capitanias de São Vicente e Pernambuco, as outras fracassaram em maior ou menor grau, pela falta de recursos, desentendimentos internos, inexperiência, ataques de índios.” (19)
Com a vinda de Tomé de Sousa, em 1549, foi estabelecido o governo-geral do Brasil.
 CARGOS IMPORTANTES: “(...) o de ouvidor, a quem cabia administrar a justiça, o de capitão-mor, responsável pela vigilância da costa, e o de provedor-mor, encarregado do controle e crescimento da arrecadação.” (20)
O SENTIDO DA COLONIZAÇÃO: “Como aconteceu em toda a América Latina, o Brasil viria a ser uma colônia cujo sentido básico seria o de fornecer ao comércio europeu gêneros alimentícios ou minérios de grande importância. A política da metrópole portuguesa consistirá no incentivo à empresa comercial com base em uns poucos produtos exportáveis em grande escala, assentada na grande propriedade.” (21)
POLÍTICA MERCANTILISTA: “(...) as colônias deveriam contribuir para a auto-suficiência da Metrópole, transformando-se em áreas reservadas de cada potência colonizadora na concorrência internacional com as demais. (...) O eixo básico era o ‘exclusivo’ metropolitano, ou seja, a exclusividade do comércio externo da colônia em favor da metrópole.” (27)
PORTUGAL À SOMBRA DA INGLATERRA: “Os portugueses estiveram na vanguarda da expansão marítima, mas não tinham os meios de monopolizar seu comércio colonial. (...) ao longo do século XVII, a Coroa seria levada a estabelecer relações desiguais com uma das novas potências emergentes, a Inglaterra. (...) Em poucas palavras, a Coroa buscava a proteção política inglesa em troca de vantagens comerciais.” (27-28)
1.4 – A sociedade colonial
A atividade de maior prestígio, “sobretudo nos primeiros tempos, era não propriamente uma atividade, mas ‘o ser senhor de engenho’. (...) O comércio era considerado uma profissão menos digna e, em teoria, os homens de negócio estavam excluídos das Câmaras e das honrarias. O fato de que muitos deles fossem cristãos-novos acrescentava outro elemento de discriminação.” (34)
A ELITE: “Na cúpula da pirâmide social livre, ao lado da elite de traficantes, ficavam os grandes proprietários rurais e os comerciantes voltados para o comércio externo.” (34) 
GUERRA DOS MASCATES: “ocorrida em Pernambuco, entre 1710 e 1711. A rivalidade entre as duas cidades – Olinda e Recife – refletiu na superfície a desavença mais profunda entre a velha Olinda dos senhores de engenho e o Recife dos ‘mascates’, que pouco tinham de mascates.” [Eram, na verdade, grandes comerciantes em franca ascensão social.]
RELAÇÕES ENTRE ESTADO E SOCIEDADE: “(...) há um duplo movimento do Estado em direção à sociedade e desta em direção ao Estado, caracterizando-se pela indefinição dos espaços público e privado. (...) A família ou as famílias em aliança da classe dominante surgem como redes formadas não apenas por parentes de sangue mas por padrinhos e afilhados, por protegidos e amigos.” Daí, que o governo se exerce “não segundo critérios de impessoalidade e de respeito à lei, mas segundo critérios de lealdade. Uma conhecida expressão, ‘para os amigos tudo, para os inimigos a lei’, resume a concepção e prática descritas.” (38) Boris Fausto refere-se ao fato de o Estado lusitano ser um Estado patrimonialista onde, em última análise, tudo é patrimônio do rei. Em função disso, práticas de lealdade e subserviência, visando a uma confluência de interesses, surgiram no Brasil Colônia: as elites eram cooptadas por esse Estado patrimonialista, recebendo dele suas benesses, e, em troca, juravam lealdade ao rei.
1.5 – As atividades econômicas
“A atual situação do Nordeste não é fruto da fatalidade, mas de um processo histórico. (...) Salvador foi a capital do Brasil até 1763 e, por muito tempo, sua única cidade importante.” (38-39)
“O grupo mais numeroso de homens livres cujas atividades se ligavam ao engenho era o dos plantadores de cana, produtores independentes que não possuíam recursos para montar um engenho.” (42)
ÉPOCA DE OURO DA ECONOMIA AÇUCAREIRA NO BRASIL: 1570-1620
O segundo produto, mas que nem de longe concorria com o açúcar, foi o fumo, produzido em pequenas propriedades, principalmente no Recôncavo baiano. O fumo era utilizado como moeda de troca na costa da África, no comércio negreiro.
A pecuária foi o segmento econômico responsável pela conquista do “grande sertão”. Em 1701, visando a resguardar as melhores terras para a atividade açucareira, a administração portuguesa “proibiu a criação em uma faixa de oitenta quilômetros da costa para o interior. (...) Foram essas regiões [do grande sertão] que se caracterizaram por imensos latifúndios, onde o gado se esparramava a perder de vista.” (44)
1.6 – A União Ibérica e seus reflexos no Brasil
Em 1580, terminou a dinastia de Avis e Felipe II da Espanha foi aclamado rei de Portugal. A presença dos Bourbons de Espanha no trono português iria perdurar até 1640. Na prática, a União Ibérica incitou um movimento em direção ao oeste do Brasil por parte dos colonizadores, que alcançaram Goiás e Mato Grosso, já que se ignorou o Tratado de Tordesilhas. 
“Do ponto de vista institucional, uma das medias de maior importância do período foi a promulgação das Ordenações Filipinas (1603), legislação que consolidou e ampliou as leis portuguesas.” (44)
No plano internacional, a união entre as duas coroas trouxe uma maior rivalidade entre Portugal e Países Baixos, em decorrência do conflito já existente entre Espanha e Países Baixos. Foi nesse contexto que se deram as invasões holandesas.A ocupação de Salvador durou um ano (1624-1625). Já em Pernambuco, os holandeses ficaram de 1630 até 1654.
“A forma pela qual se deu a expulsão dos holandeses impulsionou o nativismo pernambucano. Ao longo de duzentos anos, até a Revolução Praieira (1848), Pernambuco tornou-se um centro de manifestações de autonomia, de independência e de revolta aberta.” (48)
1.7 – A colonização da periferia
Em 1612, os franceses se estabeleceram no Maranhão, fundando São Luís. Os riscos da perda territorial levaram à expulsão dos franceses e, em 1616, à fundação de Belém. A Coroa criou o “Estado do Maranhão e Grão-Pará, com governador e administração separados do Estado do Brasil.” (48)
Em 1627, frei Vicente do Salvador lamentava o fato de os portugueses terem sido até então incapazes de povoaro interior da nova terra, “arranhando as costas como caranguejos”.
Os conflitos entre os colonizadores e os missionários eram freqüentes, principalmente em função das diferentes visões que cada um desses grupos tinham a respeito dos indígenas. Os colonizadores portugueses viam nos aborígines uma fonte de mão-de-obra; os jesuítas, na sua missão catequizadora, os viam como seres que deviam ser protegidos, impondo, assim, limites à sua escravização.
1.8 – As bandeiras e a sociedade paulista
“A grande marca deixada pelos paulistas na vida colonial do século XVII foram as bandeiras.” (...) De um modo geral, a busca de metais preciosos, o apresamento de índios em determinados períodos e a expansão territorial eram compatíveis com os objetivos da Metrópole.” (51) 
A descoberta do ouro pelos bandeirantes causou a primeira grande corrente imigratória de Portugal para o Brasil, nas primeiras décadas do século XVIII.
Os impostos nas Minas Gerais eram o quinto e a capitação (imposto cobrado por cabeça).
GUERRA DOS EMBOABAS (1708-1709): conflito (guerra civil) entre os paulistas, de um lado, e baianos e estrangeiros, do outro. Os paulistas, que haviam descoberto o ouro, queriam a concessão da exploração do metal.
APOGEU: “O período de apogeu do ouro situou-se entre 1733 e 1748, começando a partir daí o declínio.” (56)
1.9 – O mercado interno
“(...) a partir de fins do século XVIII, os traficantes constituíram um grupo muito poderoso, quase todo composto por brasileiros ou portugueses radicados na Colônia.” (57)
1.10 – A crise do sistema colonial
Em fins do século XVIII, “(...) a partir dos filósofos franceses e dos economistas ingleses, o pensamento ilustrado e o liberalismo começaram a se implantar e a ganhar terreno.” (58)
A administração do Marquês de Pombal (1750-1777) “representou um grande esforço para tornar mais eficaz a administração portuguesa e introduzir modificações no relacionamento metrópole-colônia. (...) Ela combinava o absolutismo ilustrado com a tentativa de uma aplicação conseqüente das doutrinas mercantilistas.” (59) [O que os historiadores chamam de Despotismo Esclarecido].
Depois de expulsar os jesuítas do Brasil, acusados de formar um Estado dentro do Estado, Pombal tomou iniciativas no sentido de integrar o índio no processo colonizador, principalmente nas áreas mais remotas, pois só assim seria possível assegurar o domínio sobre a extensa parte do território ainda despovoada: “a escravidão dos índios foi extinta em 1757; muitas aldeias na Amazônia foram transformadas em vilas sob administração civil; a legislação incentivou os casamentos mistos entre brancos e índios.” (61) 
1.11 – Movimentos de rebeldia e consciência nacional
Movimentos de revolta regional, muito mais do que revoluções nacionais, foram a Inconfidência Mineira (1789), a Conjuração dos Alfaiates (1798) e a Revolução de 1817 em Pernambuco.
VINDA DE DOM JOÃO VI: “entre 25 e 27 de novembro de 1807, cerca de 10 mil a 15 mil pessoas embarcaram em navios portugueses rumo ao Brasil, sob proteção da frota inglesa. Todo um aparelho burocrático vinha para a Colônia: ministros, conselheiros, juízes da Corte Suprema, funcionários do Tesouro, patentes do Exército e da Marinha, membros do alto clero.” (66-67)
REVOLUÇÃO DE 1817: “O sentimento imperante no Nordeste era o de que, com a vinda da família real para o Brasil, o domínio político da colônia passara de uma cidade estranha para outra, ou seja, de Lisboa para o Rio de Janeiro. A revolução que estourou em Pernambuco em março de 1817 fundiu esse sentimento com vários descontentamentos resultantes das condições econômicas e dos privilégios concedidos aos portugueses.” (70)
Um dos fatores que precipitaram a Independência foi o fato de as Cortes, “órgãos de representação da sociedade”, após a volta de D. João VI para Portugal, terem tomado medidas que desagradaram amplos setores econômicos no Brasil. No conjunto, essas medidas deixavam manifesta a vontade de Portugal de voltar a exercer sobre o Brasil o antigo domínio colonial.
Depois da independência, que colocou no trono brasileiro um rei português, as questões de fronteira com a América espanhola foram resolvidas pelo Tratado de Madri, reconhecendo a ocupação portuguesa pelo princípio do utis possidetis.
Capítulo 2: O Brasil Monárquico (1822-1889)
2.1 – A consolidação da independência e a construção do Estado
Para assegurar a independência, o Brasil concordou em compensar a metrópole com dois milhões de libras, o que gerou o primeiro empréstimo externo, contraído pelo Brasil em Londres.
“(...) a emancipação do Brasil não resultou em maiores alterações da ordem social e econômica existente ou da forma de governo. Exemplo único na história da América Latina, o Brasil ficou sendo uma monarquia entre repúblicas.” (78)
A justificativa para o surgimento do Poder Moderador, na Constituição outorgada em 1824, era que somente uma centralização na figura do Imperador era capaz de fazer frente às “tendências democráticas e desagregadoras”.
Uma das figuras centrais em relação à crítica ao Império era Frei Caneca, cujas idéias liberais ajudaram a insuflar em Pernambuco, no ano de 1824, a Confederação do Equador, “que deveria reunir sob forma federativa e republicana, além de Pernambuco, as províncias da Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e, possivelmente, Piauí e Pará. O levante teve um conteúdo acentuadamente urbano e popular (...)” (82)
Uma rebelião na Banda Oriental levou à guerra Brasil e Argentina (1825-1827). “O tratado de paz que pôs fim ao conflito garantiu o surgimento do Uruguai como país independente e a livre navegação do Prata e de seus afluentes.” (83)
Em função da perda do apoio de expressivos setores políticos no Brasil e em função dos movimentos liberais que tomavam corpo em Portugal, Pedro I abdica em abril de 1831.
“O período regencial foi um dos mais agitados da história política do Brasil. Naqueles anos, esteve em jogo a unidade territorial do país, e os temas da centralização e da descentralização do poder, do grau de autonomia das províncias, da organização das forças armadas assumiram o centro do debate político.” (86)
O Ato Adicional de agosto de 1834 estabeleceu que o Poder Moderado não poderia ser exercido no período da Regência. Essa e outras medidas que reforçaram a autonomia das províncias, por paradoxal que possa parecer à primeira vista, desencadearam uma série de revoltas regionais, uma vez que as elites políticas locais passaram a lutar pelo poder das províncias então fortalecidas. Na esteira desses acontecimentos é que encontramos as revoltas que se espalharam por todo o território nacional: “Cabanagem no Pará (1835-1840), que não deve ser confundida com a Guerra dos Cabanos em Pernambuco, a Sabinada na Bahia (1837-1838), a Balaiada no Maranhão (1838-1840) e a Farroupilha no Rio Grande do Sul (1836-1845)” (89)
SOBRE A FARROUPILHA: “Os gaúchos consideravam que, apesar da contribuição da província para a economia brasileira, ela era explorada por meio de um sistema de pesados impostos.” (92)
“Apareciam em germe os dois grandes partidos imperiais – o conservador e o liberal. Os conservadores reuniam magistrados e burocratas, uma parte dos proprietários rurais, especialmente do Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco, e os grandes comerciantes, entre os quais existiam muitos portugueses. Os liberais agrupavam a pequena classe média urbana, alguns padres e proprietários rurais de áreas menos tradicionais, sobretudo de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.” (94)
2.2 – O Segundo Reinado
“(...) Pedro II assumiu aos 14 anos o trono do Brasil, em julho de 1840.” (94)
“O processo de centralização política e de reforço da figura do imperador – objetivos principais do ‘regresso’ – completou-se com a reforma da Guarda Nacional.” O papel da Guarda Nacional, que a princípio tinha sido criada para enfraquecer o exército, pois muitos dos seus integrantes eram absolutistas e tinham se posicionadocontra os liberais moderados que assumiram o poder no período regencial, logo após a abdicação de Pedro I, foi remodelado. “Caberia à Guarda Nacional a manutenção da ordem e a defesa dos grupos dominantes em nível local, ficando o Exército encarregado de arbitrar as disputas, garantir as fronteiras e manter a estabilidade geral do país.” (95)
REVOLUÇÃO PRAIEIRA (Pernambuco, 1848): “precedida por manifestações contra os portugueses, das quais originaram-se várias mortes no Recife, teve como base, no campo, senhores de engenho ligados ao partido liberal. Sua razão de queixa era a perda do controle da província para os conservadores. (...) [A revolução] sustentou um programa favorável ao federalismo, pela abolição do Poder Moderador, pela expulsão dos portugueses e a nacionalização do comércio a varejo, controlado em grande parte por eles.” (96)
“Por que o Brasil não se fragmentou, mantendo a unidade territorial que vinha dos tempos da Colônia? (...) Sob o aspecto estrutural, o elemento explicativo fundamental é o sistema escravista. O interesse em manter a escravidão levou as províncias mais importantes a descartar as alternativas de uma separação do império que as enfraqueceriam enormemente diante das pressões internacionais antiescravistas, lideradas pela Inglaterra.” Além disso, “(...) a Inglaterra encorajou a unidade de um país que constituía seu maior mercado latino-americano e era uma monarquia relativamente estável rodeada de repúblicas turbulentas. Por sua vez, a formação de uma elite homogênea, educada na Faculdade de Direito de Coimbra e, a seguir, nas faculdades de Olinda-Recife e de São Paulo (...) favoreceu uma política cujo objetivo era o da construção de um Império centralizado.” (100)
2.3 – A estrutura socioeconômica e a escravidão
A revolta de escravos mais significativa aconteceu na Bahia, em 1835, denominada Revolta dos malês, nome que era dado aos negros muçulmanos.
BILL ABERDEEN (1846): “O ato autorizou a Marinha inglesa a tratar os navios negreiros como navios de piratas, com direito à sua apreensão e julgamento dos envolvidos pelos tribunais ingleses.” (106)
A Lei Eusébio de Queirós, de 1850, determinou o fim do tráfico de escravos em terras brasileiras.
LEI DE TERRAS (1850): “(...) no futuro, as terras públicas seriam vendidas e não doadas (....) A legislação foi concebida como uma forma de evitar o acesso à propriedade da terra por parte de futuros imigrantes.” (107)
2.4 – A modernização e a expansão cafeeira
“As economias cafeeiras do Vale do Paraíba e do Oeste Paulista seguiram trajetórias opostas.” (110)
2.5 – O início da grande imigração
“Por que não se tentou transformar escravos em trabalhadores livres, ou ainda, por que não se incentivou a vinda de gente das áreas pobres do Nordeste?” (113) De um lado o preconceito dos grandes fazendeiros não deixava que eles enxergassem na mão-de-obra escrava a possibilidade de vir a ser útil como mão-de-obra livre. Além disso, “a argumentação racista (...) não desvalorizava apenas escravos ou ex-escravos. Os mestiços, nascidos ao longo da colonização portuguesa, eram também considerados seres inferiores e a única salvação para o Brasil consistiria em europeizá-lo o mais depressa possível.” (113)
2.6 – A Guerra do Paraguai (1864-1870)
“Naquele espaço territorial [o Vice-Reinado do Rio da Prata], após longos conflitos, nasceram a Argentina, o Uruguai, o Paraguai e a Bolívia.” (115)
A província do Paraguai não se submeteu à burguesia portenha e passou a agir de forma autônoma a partir de 1810. Os argentinos, em represália, bloquearam a via natural de acesso ao mar pelo estuário do Prata, alcançada pelos paraguaios através da navegação dos rios Paraguai e Paraná. “O bloqueio levou o líder paraguaio José Gaspar de Francis a isolar o país e a converter-se em seu ditador perpétuo.” Iniciava-se uma política de isolamento do Paraguai, pelas suas próprias autoridades.
“A maior preocupação do governo imperial se concentrava na Argentina. Temia-se a unificação do país, que poderia transformar-se em uma República forte, capaz de neutralizar a hegemonia brasileira e atrair a inquieta província do Rio Grande do Sul. 
	No que diz respeito ao Uruguai, houve sempre uma política de influência brasileira no país. (...) O Brasil colocou-se ao lado dos ‘colorados’, cuja linha política se aproximava de seus interesses.” (117)
“As divergências [entre Brasil e Paraguai] diziam respeito a questões de fronteira e à insistência brasileira na garantia da livre navegação pelo rio Paraguai, principal via de acesso a Mato Grosso.” (117)
“Longe de agir no início da década de 1860 como um instrumento dos interesses ingleses, o governo imperial envolveu-se em vários incidentes com a Inglaterra, conhecidos como ‘questão Christie’ (...) Após a apreensão de navios mercantes brasileiros pela Marinha britânica estacionada no Rio de Janeiro, o Brasil rompeu relações diplomáticas com a Inglaterra no início de 1863.” (118)
Enquanto Brasil e Argentina se colocavam ao lado dos ‘colorados’, o Paraguai de Solano López se aliava aos ‘blancos’. Depois de o governo imperial brasileiro invadir o Uruguai para ajudar a colocar no poder a facção colorada, o Paraguai aprisionou, no rio Paraguai, um navio brasileiro. Começava a guerra que colocaria de um lado a Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai), e de outro o Paraguai.
“O Brasil terminou a guerra mais endividado com a Inglaterra, tendo sido restauradas as relações diplomáticas entre os dois países no início das hostilidades. Mas a maior conseqüência do conflito foi a afirmação do Exército como uma instituição com fisionomia e objetivos próprios.” (121)
2.7 – A crise do Segundo Reinado
LEI DO VENTRE LIVRE (1871)
LEI DOS SEXAGENÁRIOS (1885)
“No ano de 1888, apegavam-se à escravidão apenas os representantes das velhas zonas cafeeiras do Vale do Paraíba, cujas fortunas em declínio se concentravam nos escravos.” (123)
“(...) o sistema escravista não se sustentou apenas pela violência aberta, embora esta fosse fundamental. (...) A existência de uma ‘brecha camponesa’ é sustentada pelos autores, Ciro Cardoso à frente. (...) A tese parte da constatação de que nas fazendas de cana e sobretudo de café os escravos tiveram permissão de trabalhar em quintais próximos a suas cabanas ou em pequenos lotes de terra, produzindo gêneros alimentícios para seu sustento e para venda no mercado. (...) ao produzir por conta própria para o mercado, o escravo se tornou também um camponês, abrindo uma brecha no sistema escravista.” (125)
O outro fenômeno que ajudou a sustentar o longo período de escravidão, dando ao sistema uma relativa estabilidade foi a prática de alforrias. Há que se ressaltar, entretanto, que 1) as alforrias eram mais comuns nas zonas economicamente decadentes e 2) a proporção de escravos forros era muito maior entre as mulheres, o que se explica por razões de ordem afetiva.
2.8 – O republicanismo
“A base social do republicanismo urbano era constituída principalmente por profissionais liberais e jornalistas, grupo cuja emergência resultou do desenvolvimento das cidades e da expansão do ensino, além dos militares.”
Além do republicanismo urbano, surgiu em São Paulo o Partido Republicano Paulista (PRP), cujo principal interesse era defender a autonomia das províncias. São Paulo se sentia sub-representado no Parlamento e nos órgãos executivos.
A QUESTÃO DOS BISPOS: “Na década de 1870, as relações entre o Estado e a Igreja se tornaram tensas. (...) O conflito nasceu quando o bispo de Olinda, Dom Vital, em obediência à determinação do papa, decidiu proibir o ingresso de maçons nas irmandades religiosas.” 
Havia no Exército brasileiro uma forte oposição aos bacharéis de Direito, que formavam a elite política do Império. Tais bacharéis sintetizariam uma cultura inútil, que impedia o desenvolvimento do país. “Os jovens militares defendiam a ênfase na educação, na indústria, a construção de estradas de ferro e ofim da escravatura.” (130)
O POSITIVISMO: “A doutrina comtiana teve ampla influência na América Latina (...) parecendo dar uma resposta científica e dentro da ordem aos impasses políticos e sociais a que conduzira o liberalismo oligárquico. Ao valorizar as inovações técnicas e a indústria, atraiu particularmente as elites emergentes que criticavam o conhecimento formal dos bacharéis em direito.” (130)
2.9 – A queda da Monarquia
CAUSAS DO FIM DA MONARQUIA: “Duas forças (...) devem ser ressaltadas em primeiro lugar: o Exército e um setor expressivo da burguesia cafeeira de São Paulo, organizado politicamente no PRP.” (132)
2.10 – Economia e demografia
Em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul, a produção agrícola não era prioritariamente dirigida ao exterior. 
Em 1872, “havia apenas 12 mil alunos matriculados em colégios secundários. Entretanto, calcula-se que chegava a 8 mil o número de pessoas com educação superior no país.” [Números que mostram o abismo social brasileiro.]
Capítulo 3: A Primeira República (1889-1930)
3.1 – Os anos de consolidação
“Os representantes políticos da classe dominante das principais províncias – São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul – defendiam a idéia da República federativa, que asseguraria um grau considerável de autonomia às unidades regionais.” (139)
“Pela natureza de suas funções, pelo tipo de cultura desenvolvida no interior da instituição, os oficiais do Exército, positivistas ou não, situavam-se como adversários do liberalismo.” (140)
“A primeira Constituição republicana, promulgada em fevereiro de 1891, inspirou-se no modelo norte-americano, consagrando a República federativa liberal.” (141)
“O nítido deslocamento do eixo da diplomacia brasileira de Londres para Washington se deu com a entrada do barão do Rio Branco para o Ministério das Relações Exteriores, onde permaneceu por longos anos, entre 1902 e 1912, atravessando várias sucessões presidenciais. A política de Rio Branco não representou um alinhamento automático com os Estados Unidos, mas uma forte aproximação, com o objetivo de alcançar para o Brasil a posição de primeira potência sul-americana.” (142)
“No período de Rio Branco, o Brasil definiu questões de limites com vários países da América do Sul, entre eles o Uruguai, o Peru e a Colômbia.” (143) Depois de um conflito armado com a Bolívia, o Tratado de Petrópolis (1903) anexou o Acre ao território brasileiro. Em compensação a Bolívia receberia do nosso governo uma indenização de 2,5 milhões de libras esterlinas.
INSTABILIDADE NO RIO GRANDE DO SUL: “Opunham-se, de um lado, os republicanos históricos adeptos do positivismo, organizados no Partido Republicano Rio-grandense (PRP) e, de outro, os liberais.” (144) Os liberais fundaram o Partido Federalista, cujas bases sociais encontravam-se entre os estancieiros da Campanha. A guerra civil, conhecida como Revolução Federalista (1893-1895), opôs as duas elites do Rio Grande: os federalistas e os republicanos.
Campos Sales (1898-1902) concebeu a política dos governadores. A proposta dessa política era eliminar as disputas faccionais nos estados e reforçar o Poder Executivo. 
“O governo republicano herdara do Império uma dívida externa que consumia anualmente grande parte do saldo da balança comercial.” (147) Antes de ser empossado, mas já eleito, Campos Sales foi a Londres para se entender com a Casa Rotschild, que nessa época era o agente financeiro do Brasil na Europa.
3.2 – As oligarquias e os coronéis
Os partidos republicanos estaduais é que decidiam “os destinos da política nacional e fechavam acordos para a indicação de candidatos à Presidência da República”. (148)
“O voto não era secreto (...) e a fraude eleitoral constituía uma prática constante.” (149)
“É comum denominar a Primeira República “república dos coronéis”, em uma referência aos coronéis da antiga Guarda Nacional, que eram em sua maioria proprietários rurais, com uma base local de poder. O coronelismo representou uma variante de uma relação sociopolítica mais geral – o clientelismo - , existente tanto no campo quanto nas cidades. Essa relação resultava da desigualdade social, da impossibilidade de os cidadãos efetivarem seus direitos, da precariedade ou inexistência de serviços assistenciais do Estado, da inexistência de uma carreira no serviço público.” (149)
3.3 – Relações entre a União e os estados
CONVÊNIO DE TAUBATÉ: Acordo firmado pelos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro com a intenção de criar mecanismos interventores no mercado de café. O governo compraria o produto por preços que interessassem aos agricultores e criaria mecanismos para estabilizar o câmbio, o que impediria a valorização da moeda brasileira.
Minas, apesar de não ter o potencial econômico de São Paulo, era o estado com maior número de assentos na Câmara dos Deputados. Com o crescimento demográfico de São Paulo, tal situação se tornou ponto de muitas queixas dos políticos paulistas.
“A presença dos gaúchos na política nacional teve a peculiaridade de relacionar-se com a presença militar.” (152)
“Foram eleitos seguidamente três presidentes paulistas – Prudente de Moraes, Campos Sales e Rodrigues Alves – entre 1894 e 1902.”
“Um pacto não-escrito foi concluído em 1913, na cidade mineira de Ouro Fino, pelo qual mineiros e paulistas tratariam de se revezar na Presidência da República. Entretanto, a presença gaúcha na política nacional não desapareceu (...) Por fim, o não-cumprimento das regras do jogo por parte do presidente Washington Luís, indicando para a sua sucessão o paulista Júlio Prestes (1929), foi um fator central da ruptura política ocorrida em 1930.” (154)
3.4 – As mudanças socioeconômicas 
“A imigração portuguesa concentrou-se no Distrito Federal e em São Paulo”. (157)
“Os principais ramos industriais da época foram o têxtil em primeiro lugar e a seguir a alimentação, incluindo bebidas e vestuários. (...) Apesar desse relativo avanço na produção industrial, havia profunda carência de uma indústria de base (cimento, ferro, aço, máquinas e equipamentos). Desse modo, grande parte do surto industrial dependia de importações.” (162)
“A principal preocupação do Estado não estava voltada para a indústria, mas para os interesses agroexportadores. (...) se o Estado não foi um adversário da indústria, esteve longe de promover uma política deliberada de desenvolvimento industrial.” (163)
“(...) a borracha ocupou folgadamente o segundo lugar entre os produtos brasileiros de exportação, alcançando o ponto máximo entre 1898 e 1910.” (164)
“Nas últimas décadas do Império, os investimentos estrangeiros concentravam-se nas ferrovias.” Na República passaram a se dirigir para as “companhias de seguros, empresas de navegação, bancos e empresas geradoras e distribuidoras de energia elétrica.” (166)
3.5 – Os movimentos sociais
A greve de junho/julho de 1917 em São Paulo foi a que mais forte permaneceu na memória histórica.
“Nasceu assim, em março de 1922, o Partido Comunista do Brasil, cujos fundadores, em sua maioria, provinham do anarquismo.” (170)
3.6 – O processo político dos anos 20
“Após a Primeira Guerra Mundial, a presença da classe média urbana na cena política tornou-se mais visível” (171) Falava-se na transformação de uma República oligárquica em República liberal, em eleições limpas e no respeito aos direitos individuais, na educação do povo, no voto secreto e na criação de uma Justiça Eleitoral.
A disputa pela sucessão de Epitácio Pessoa mostrou o descontentamento dos meios militares. Alguns acontecimentos, inclusive um episódio de cartas falsas, indispuseram Artur Bernardes com o meio militar. Depois dessa série de incidentes, o governo mandou fechar o Clube Militar, o que desencadeou o movimento tenentista.
“O primeiro ato de rebeldia foi a revolta do Forte de Copacabana, ocorrida no Rio de Janeiro a 5 de julho de 1922.” Os tenentes queriam “salvar a honra do Exército.” Esse episódio ficouconhecido como os “Dezoito do Forte”.
Dois anos depois, irrompeu a revolução de 1924, em que os tenentes queriam abertamente derrubar Artur Bernardes, o qual personificava o ódio que os tenentes tinham da oligarquia dominante. Depois de algumas batalhas na cidade, os rebeldes seguiram para um lugarejo próxima à foz do rio Iguaçu, onde posteriormente se encontraram com forças rebeldes que vinham do Rio Grande do Sul, sob o comando de Luís Carlos Prestes. Nascia, assim, a Coluna Prestes, que “realizou uma incrível marcha pelo interior do país, percorrendo cerca de 24 mil quilômetros até fevereiro/março de 1927, quando seus remanescentes deram o movimento por terminado e se internaram na Bolívia e no Paraguai.” (173) A intenção da Coluna Prestes era propagar a idéia de revolução e levantar a população contra as oligarquias.
REVOLTA DA CHIBATA (1910): marinheiros se revoltaram contra os maus tratos.
O QUE QUERIAM OS TENENTES? “(...) queriam purificar não apenas a sociedade, mas também a instituição de onde provinham. (...) Faziam restrições às eleições diretas, ao sufrágio universal, insinuando a crença em uma via autoritária para a reforma do Estado e da sociedade.” (175)
“(...) Artur Bernardes (1922-1926) (...) governou em meio a uma situação difícil (...) em um quadro financeiro complicado. As emissões maciças de moeda feitas por Epitácio Pessoa entre 1921 e 1923 para realizar a terceira valorização do café foram responsáveis pela desvalorização do câmbio e pela inflação.” (176)
3.7 – A Revolução de 1930
A Aliança Liberal, que representava o interesse das elites não associadas ao setor cafeeiro, lançou a candidatura de Getúlio Vargas para Presidente e João Pessoa, como vice. A ruptura havia acontecido porque Washington Luís havia indicado para a sua sucessão Júlio Prestes, político ligado ao grupo paulista, quando era de se esperar a indicação de um representante de grupo mineiro.
Júlio Prestes ganhou as eleições, mas os militares mais jovens não viram com bons olhos o resultado. Luís Carlos Prestes foi o único que evitou uma aproximação com os políticos mais jovens que se alinharam a Getúlio Vargas, pois nessa época já tinha se declarado socialista e não queria dar seu apoio “às oligarquias dissidentes”.
João Pessoa foi assassinado na Paraíba, por motivos públicos e privados. Sua morte foi capitalizada pelos revolucionários que, comandados pelo tenente-coronel Góis Monteiro, deram início à Revolução em Minas e no Rio Grande do Sul em 3 de outubro de 1930.
A posse de Getúlio Vargas na presidência deu-se no dia 3 de novembro de 1930.
“A partir de 1930 ocorreu uma troca da elite do poder sem grandes rupturas. Caíram os quadros oligárquicos tradicionais; subiram os militares, os técnicos diplomados, os jovens políticos e, um pouco mais tarde, os industriais.” (182)
O Estado que surgiu com Revolução de 30 era mais centralizador e com mais autonomia. Além disso, distinguiu-se por: 1) promover a industrialização; 2) promover uma rede protetora ao trabalhador urbano; 3) alçar o Exército como suporte da criação de uma indústria de base e como fator garantidor da ordem interna.
Os dois setores sociais que deram sustentação ao governo pós Revolução de 30 foram as Forças Armadas e uma aliança entre a burguesia industrial e setores da classe trabalhadora urbana.
Capítulo 4: O Estado Getulista (1930-1945)
4.1 – A ação governamental
“Uma importante base de apoio do governo foi a Igreja Católica.” (186) [Em 1931 foi inaugurada a estátua do Cristo Redentor no Corcovado e um decreto permitiu o ensino da religião nas escolas públicas]. Os antigos governadores foram substituídos por interventores federais. 
Em 1933, o governo Vargas criou o Departamento Nacional do Café (DNC), que levou a termo uma política de destruição dos excessos da mercadoria, com o intuito de regularizar os preços, até julho de 1944!!
“O sindicato foi definido como órgão consultivo e de colaboração com o poder público. (...) A legalidade de um sindicato dependia do reconhecimento ministerial e este poderia ser cassado quando se verificasse o não cumprimento de uma série de normas.” (187)
“As iniciativas do governo Vargas na área educativa (...) tinham uma inspiração autoritária (...) impregnada de valores hierárquicos, de conservadorismo nascido da influência católica, sem tomar a forma de uma doutrinação fascista.” (188)
“(...) nasceram em 1934 a Universidade de São Paulo (USP) e, em 1935, a Universidade do Distrito Federal.” (189)
4.2 – O processo político
“Em São Paulo, a inabilidade do governo federal concorreu para a deflagração de uma guerra civil.” (190) Em 1932, foi promulgado um Código Eleitoral, por meio do qual, pela primeira vez, ficou assegurado o voto da mulher, desde que ela exercesse função pública remunerada.
Em 9 de julho de 1932, irrompeu em São Paulo uma revolução (Revolução Constitucionalista), cujo objetivo era “realizar um ataque fulminante sobre a capital de República.” (191) “A luta pela constitucionalização do país e os temas da autonomia e da superioridade de São Paulo diante dos demais estados eletrizaram boa parte da população paulista.” (192)
“(...) a Constituinte promulgou a Constituição, a 14 de julho de 1934. (...) O modelo inspirador era a Constituição alemã de Weimar.” (193) 
“Aparecia pela primeira vez o tema da segurança nacional.” (193)
“A crise mundial concorreu para o desprestígio da democracia liberal, associada no plano econômico ao capitalismo.” (194)
A corrente autoritária que dominou o país nesses anos acreditava que só um Estado autoritário “poria fim aos conflitos sociais, às lutas partidárias, aos excessos da liberdade de expressão, que só serviam para enfraquecer o país.” (196)
“O fortalecimento das Forças Armadas, especialmente do Exército, caracterizou a história dos anos 1930-1945 (...) onde se destacaram duas figuras: Góis Monteiro e Eurico Gaspar Dutra.” (196)
Em 1935, os comunistas e os tenentes de esquerda lançaram a Aliança Nacional Libertadora (ANL), cujo conteúdo básico era nacionalista. “A ANL seria o exemplo de uma frente popular adaptada às características do chamado mundo semicolonial, reunindo vários setores sociais dispostos a enfrentar o fascismo e o imperialismo.” (197) [O manifesto da ANL, para cuja presidência foi indicado o nome de Luís Carlos Prestes, foi lido por Carlos Lacerda.]
Após o levante comunista de 1935, que foi um fracasso, o governo federal aumentou as medidas repressivas que já vinham em curso.
Em plena campanha para a sucessão de Vargas, faltava um pretexto para que o grupo que estava no poder pudesse dar um golpe, já que nem mesmo o candidato governista era da estreita confiança do político gaúcho. Tal pretexto surgiu quando se denunciou uma pretensa intenção dos comunistas tomarem o poder, por intermédio de um obscuro Plano Cohen. “Por maioria de votos, o Congresso aprovou às pressas o estado de guerra e a suspensão das garantias constitucionais por noventa dias.” Estava aberto o caminho para o golpe, dado em 10 de novembro de 1937 e que levaria o Brasil ao Estado Novo.
4.3 – O Estado Novo
No mesmo dia em que o Congresso foi fechado, 10 de novembro de 1937, entrou em vigor uma Carta constitucional elaborada por Francisco Campos. Era o início da ditadura do Estado Novo.
“Sob o aspecto socioeconômico, o Estado Novo representou uma aliança da burocracia civil e militar e da burguesia industrial, cujo objetivo comum imediato era o de promover a industrialização do país sem grandes abalos sociais.” (201)
“As Forças Armadas foram as responsáveis pela instalação de uma indústria estatal do aço (...)” (202)
Vargas conseguiu o apoio dos militares para a interrupção do pagamento da dívida externa ao alegar que ou o Brasil pagava a dívida ou modernizava e equipava as Forças Armadas e o sistema de transportes.
“A partir de novembro de 1937, o Estado embarcou com maior decisão em uma política de substituir importações pelaprodução interna e de estabelecer uma indústria de base. (...) O incentivo à industrialização foi muitas vezes associado ao nacionalismo (...)” (203)
Em 1940, definiu-se a implantação da Usina de Volta Redonda, RJ, cujo controle ficou nas mãos de uma empresa de economia mista, a Companhia Siderúrgica Nacional. 
“(...) as realizações do Estado Novo no setor petrolífero foram reduzidas.” (205) [A criação da Petrobrás só aconteceu em 1953].
“A política trabalhista do Estado Novo pode ser vista sob dois aspectos: o das iniciativas materiais e o da construção simbólica da figura de Getúlio Vargas como protetor dos trabalhadores.” (206) [O salário mínimo foi instituído em 1940].
Em 1939 o governo criou o Ministério da Propaganda – o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP). 
Durante o Estado Novo, o Brasil intensificou bastante seu comércio com a Alemanha. Apesar de sofrer pressões de Washington, a política externa de Vargas soube tirar proveito das rivalidades entre as grandes potências e o alinhamento definitivo com os Estados Unidos só aconteceu quando navios mercantes brasileiros foram afundados por submarinos alemães, em 1942. É certo que por trás desse alinhamento há um processo histórico que não pode ser desprezado. Por exemplo, há que se ressaltar que o bloqueio inglês imposto à Alemanha levou ao recuo comercial entre esta e a América Latina. Paralelamente a isso, os Estados Unidos procuraram suprir a lacuna deixada pelos alemães, formulando uma ofensiva político-ideológica, ao promover as Conferências Pan-americanas em torno de um objetivo comum: a defesa das Américas. Vargas percebia as intenções dos Estados Unidos e insistia que o apoio do Brasil se daria em troca de reequipamento econômico e militar. Antes do episódio do afundamento dos navios, em janeiro de 1942, o Brasil decretou o rompimento de relações com o Eixo, sob o olhar reticente de Góis e Dutra.
4.4 – O fim do Estado Novo
“Após a entrada na guerra, personalidades da oposição começaram a explorar a contradição existente entre o apoio do Brasil às democracias e a ditadura de Vargas.” (212)
Depois de perder o apoio de alguns setores da sociedade, entre eles parte importante do Exército, Getúlio baixou, em fevereiro de 1945, o chamado “Ato Adicional à Carta de 1937, fixando um prazo de noventa dias para a marcação da data das eleições gerais.” (212)
O governo lançou a candidatura do general Dutra, enquanto a oposição tinha lançado o nome do brigadeiro Eduardo Gomes.
Em 1945, surgiram os três principais partidos que iriam dominar a cena política entre 1945 e 1964: “a antiga oposição liberal, herdeira da tradição dos partidos democráticos estaduais, adversária do Estado Novo, formou, em abril, a União Democrática Nacional (UDN). A princípio, a UDN reuniu também o reduzido grupo dos socialistas democráticos e uns poucos comunistas. // A partir da máquina do Estado, por iniciativa da burocracia, do próprio Getúlio e dos interventores nos estados surgiu o Partido Social Democrático (PSD), em junho de 1945. Afinal, em setembro daquele ano foi fundado o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), sob a inspiração também de Getúlio, do Ministério do Trabalho e da burocracia sindical. Seu objetivo era reunir as massas trabalhadoras urbanas sob a bandeira getulista.” (213)
Paradoxalmente, em função de ordens provenientes de Moscou, os comunistas brasileiros apoiaram o governo, pelo fato de o Brasil ter lutado contra as forças fascistas na Segunda Guerra.
Os setores trabalhistas lançaram o queremismo – “queremos Getúlio”. 
A oposição, percebendo que Getúlio queria manter-se no poder, apressou a sua queda e para isso contou com o apoio dos Estados Unidos. Mais uma vez, entrou em cena o general Góis Monteiro, o mesmo que tinha dado apoio a Getúlio em 1930. Agora, o general punha as tropas nas ruas para derrubá-lo. “A transição entre os dois regimes dependeu, assim, da iniciativa militar”, o que representou “não uma ruptura com o passado, mas uma mudança de rumos, em meio a muitas continuidades.” (215)
Capítulo 5: A experiência democrática (1945-1964)
5.1 – As eleições e a nova Constituição
“A campanha do brigadeiro atraiu setores da classe média dos grandes centros urbanos em torno da bandeira da democracia e do liberalismo econômico.” (219) Ás vésperas da eleição, Getúlio declarou seu apoio a Dutra.
A vitória de Dutra “mostrou a força da máquina eleitoral montada pelo PSD a partir dos interventores e o prestígio de Getúlio entre os trabalhadores”. (220)
“Em setembro de 1946, “era promulgada a nova Constituição brasileira, que se afastava da Carta de 1937, optando pelo figurino liberal-democrático.” (220-221)
“Começou no governo Dutra a repressão ao Partido Comunista”. (221)
5.2 – O retorno de Getúlio
“No âmbito das Forças Armadas, uma divisão ideológica se cristalizara entre nacionalistas e seus adversários, chamados depreciativamente de ‘entreguistas’”. (225)
“Os nacionalistas defendiam o desenvolvimento baseado na industrialização, enfatizando a necessidade de se criar um sistema econômico autônomo, independente do sistema capitalista internacional. Isto significava dar ao Estado um papel importante como regulador da economia e como investidor em áreas estratégicas – petróleo, siderurgia, transportes, comunicações. (...) Os adversários dos nacionalistas defendiam uma menor intervenção do Estado na economia, não davam tanta prioridade à industrialização e sustentavam que o progresso do país dependia de uma abertura controlada ao capital estrangeiro.” (225)
“A liberalização do movimento sindical e os problemas decorrentes da alta do custo de vida levaram a uma série de greves em 1953.” (227)
“(...) no cenário federal Jango era o alvo preferencial dos ataques provenientes das áreas civis e militares antigetulistas.” (229)
5.3 – A queda de Getúlio
Getúlio, apesar dos cuidados, “optou cada vez mais por um discurso e por medidas que se chocavam com os interesses dos setores sociais conservadores. Adotou uma linha nacionalista na área econômica, responsabilizando o capital estrangeiro pelos problemas do balanço de pagamentos.” (230)
Depois do atentado contra Carlos Lacerda, no dia 5 de agosto de 1954, o movimento pela renúncia tomou grandes proporções. Getúlio havia perdido o apoio das Forças Armadas. Com um tiro no coração, suicidou-se no dia 24 de agosto de 1954, no palácio do Catete.
“A massa urbana saiu às ruas em todas as grandes cidades” e o vice, Café Filho, assumiu a presidência.
Em 1955, Juscelino Kubitschek ganhou as eleições, elegendo-se para vice João Goulart. Café Filho sofre um ataque cardíaco e sobe ao poder o presidente da Câmara dos Deputados, Carlos Luz, “acusado de favorecer abertamente os partidários de um golpe militar.” (232-233) A partir daí, aconteceu um golpe preventivo, uma intervenção militar “para garantir a posse do presidente eleito e não para impedi-la.” (233) Figura importante desse episódio foi o general Henrique Lott. Carlos Luz foi considerado impedido pelo Congresso e assumiu a presidência da República, para completar o restante do mandato, o presidente do Senado, Nereu Ramos.
5.4 – Do nacionalismo ao desenvolvimentismo
“Um traço comum aproximava PSD e PTB, apesar de suas divergências: esse traço era o getulismo. (...) O getulismo do PSD reunia uma parte dos setores dominantes no campo, a burocracia do governo que nasceu com o Estado Novo, uma burguesia industrial e comercial beneficiária do desenvolvimento e dos negócios propiciados pela inflação. O getulismo do PTB abrangia a burocracia sindical e do Ministério do Trabalho, que controlava a estrutura vertical do sindicalismo e áreas importantes como a Previdência Social, uma parte da burguesia industrial mais inclinada ao nacionalismo e a maioria dos trabalhadores urbanos organizados.” (235)
“A política econômica de Juscelino foi definida no Programa de Metas. (...) em seis grandes grupos: energia, transporte, alimentação, indústriasde base, educação e a construção de Brasília, chamada de metassíntese.” (235)
O governo JK promoveu uma ampla atividade econômica do Estado, mas nem por isso deixou de receber bem o capital estrangeiro.
Grandes empresas multinacionais do setor automobilístico se instalaram na Grande São Paulo, na região do ABC (Santo André, São Bernardo e São Caetano).
“Como as ferrovias foram na prática abandonadas, o Brasil se tornou cada vez mais dependente da extensão e conservação das rodovias e do uso dos derivados do petróleo na área de transportes.” (237)
Brasília foi inaugurada em 21 de abril de 1960.
Em 1959, diante de pressões de vários setores da população, um plano de estabilização financeira proposto por Roberto Campos e Lucas Lopes, que precisava passar pela aquiescência do FMI, naufragou. Diante das pressões, Juscelino preferiu romper com o FMI e capitalizar-se politicamente – pois as eleições estavam próximas – a enfrentar com austeridade os sérios problemas econômicos do país.
Apesar disso, o candidato do governo, o general Lott, não convenceu os eleitores, que preferiram eleger Jânio Quadros para a presidência da República e, como permitia a legislação então em vigor, João Goulart, candidato da chapa de Lott, para vice.
Em menos de sete meses depois de sua posse, no dia 25 de agosto de 1961, Jânio Quadros renunciou, levando o país a uma grave crise política.
MOTIVO DA RENÚNCIA: “A hipótese explicativa mais provável combina os dados de uma personalidade instável com um cálculo político equivocado. Segundo essa hipótese, Jânio esperava obter, com um lance teatral, maior soma de poderes para governar, livrando-se até certo ponto do Congresso e dos partidos. Ele se considerava imprescindível para os partidos na campanha presidencial e se julgava imprescindível para o Brasil como presidente. Acaso os conservadores e os militares iriam querer entregar o país a João Goulart?” (243)
Diante da resistência de certos setores militares em cumprir a Constituição e empossar Jango na presidência da República, travou-se a campanha da legalidade, cuja principal liderança ficou a cargo do governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola.
A solução encontrada foi a aprovação do Parlamentarismo como forma de governo, o que revelou uma evidente manobra para limitar os poderes de João Goulart.
5.5 – A crise do regime e o golpe de 1964
Reformas de base: reforma agrária; direito de voto aos analfabetos e às baixas patentes das Forças Armadas; reforma urbana, visando a facilitar a aquisição da casa própria; intervenção mais ampla do Estado na vida econômica.
“As reformas de base não se destinavam a implantar uma sociedade socialista. Eram uma tentativa de modernizar o capitalismo e reduzir as profundas desigualdades sociais.” (246)
“(...) a maioria udenista se aproximava da corrente militar inimiga de Jango e vários de seus membros integraram a ultraconservadora Ação Democrática Parlamentar. Esses círculos incentivaram e promoveram o golpe de Estado que poria fim ao regime instituído em 1945.” (248)
Em 1963, foi realizado um plebiscito, por meio do qual os eleitores decidiram que o Brasil deveria voltar ao sistema presidencialista. 
“A tragédia dos últimos meses do governo Goulart pode ser apreendida pelo fato de que a resolução dos conflitos pela via democrática foi sendo descartada como impossível ou desprezível por todos os atores políticos.” (253)
No início de 1964, Jango sinalizou que pretendia implementar as reformas de base governando por decretos, desprezando, assim, o apoio do Congresso,. A reação dos conservadores mais espetacular foi a organização em SP da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, organizada por setores conservadores da Igreja Católica. A passeata tomou conta das ruas da cidade em 19 de março.
No dia 31 de março, tropas militares sediadas em Minas Gerais se deslocaram para o Rio de Janeiro. Começava o golpe que iria colocar os militares no poder por vinte anos.
“A perda da legitimidade de Jango, a seguida quebra da disciplina e a aproximação entre inferiores das Forças Armadas e trabalhadores organizados acabaram por levar os moderados das Forças Armadas a engrossar a conspiração, em um deslocamento semelhante ao que ocorreu nos meios civis.” (255)
Capítulo 6: O regime militar e a transição para a democracia (1964-1984)
6.1 – A modernização conservadora
“O novo regime começou a mudar as instituições do país através dos chamados Atos Institucionais (AI), justificados como decorrência ‘do exercício do Poder Constituinte, inerente a todas as revoluções’”. (257)
Houve uma concentração de poderes no Executivo, que passou a governar por meio de decretos-leis. 
Em junho de 1964 foi criado o Serviço Nacional de Informação (SNI), um passo que permitiu controlar com mais eficácia a vida dos cidadãos, implantando o medo no cotidiano das pessoas.
“A 15 de abril de 1964, o general Humberto de Alencar Castelo Branco foi eleito presidente, com mandato até 31 de janeiro de 1966.” (259)
Com o fim de lidar com a caótica situação financeira, foi instituído o Programa de Ação Econômica do Governo (PAEG), sob o comando de Roberto Campos e Otávio Gouveia de Bulhões.
Tomou-se uma série de medidas com a intenção de equilibrar as contas públicas: contraiu-se o crédito privado, comprimiram-se os salários, dificultaram-se as greves. Acabou a estabilidade para os celetistas – que a adquiriam depois de dez anos de serviço – e, para compensar, criou-se o FGTS. O PAEG alcançou seus objetivos, principalmente porque ficava mais fácil, sob um regime autoritário, controlar a massa salarial, já que foram cortadas todas as formas de resistência dos trabalhadores.
O AI-2, baixado em 1965, extinguiu os partidos políticos, forçando o surgimento de apenas duas siglas: a ARENA (Aliança Renovadora Nacional), agrupando os partidários do governo, que vinham da UDN e do PSD; e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), reunindo a oposição, formada basicamente por políticos provenientes do PTB e, em menor escala, de integrantes do PSD. [É interessante notar que a UDN, herdeira da antiga tradição liberal, que fazia sistemática oposição ao Estado Novo, vai engrossar as fileiras da ARENA, que, por sua vez, encarnou o poder autoritário do regime militar.]
Uma nova Constituição foi aprovada pelo Congresso em 1967. 
Para suceder Castelo Branco foi eleito Artur da Costa e Silva, mais ligado à linha dura do Exército, a qual estava descontente com a política castelista. 
6.2 – O fechamento político e a luta armada
Em junho de 1968, num clima político que ainda tolerava alguma forma de expressão, foi organizada a passeata dos cem mil, no Rio de Janeiro. Organizada por setores representativos da Igreja e pela classe média, a passeata era uma forma de se demonstrar o desejo da sociedade pela volta da democratização.
Grupos radicais, que optaram pela luta armada, se organizaram, entre eles a Aliança de Libertação Nacional (ALN), em torno do veterano comunistas Carlos Marighela e a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), com forte presença de militares de esquerda.
Diante da crescente ação desse grupos armados, que promoviam assaltos a bancos e seqüestros de representantes diplomáticos, o governo militar endureceu e no dia 13 de dezembro de 1968 Costa e Silva baixou o AI-5, fechando o Congresso.
A tortura foi elevada à posição de prática sistemática, principalmente nos DOI-CODI.
Em 1969, depois de uma junta militar que governou o país em função de problemas de saúde de Costa e Silva, assumiu a presidência Emilio Garrastazu Médici. Começava o período mais repressivo da história do Brasil.
“O período do chamada ‘milagre’ estendeu-se de 1969 a 1973, combinando o extraordinário crescimento econômico com taxas relativamente baixas de inflação.” (268)
CAUSA DO MILAGRE: Alta liquidez internacional, o que redundou em crédito barato e muito investimento estrangeiro no país. 
Infelizmenteo milagre econômico não foi capaz de reduzir as desigualdades sociais, que permaneceram gritantes. 
6.3 – O processo de abertura política
Em meados de 1973, Ernesto Geisel subiu ao poder. Com Geisel começou um processo de abertura, a qual foi lenta, gradual e insegura.
Em 1975, Vladimir Herzog, jornalista, foi preso, torturado e morto nos porões do DOI-CODI, o que levantou uma série de protestos na sociedade civil. 
Data de 1976 a lei Falcão, que barrava o acesso dos candidatos políticos ao rádio e à televisão.
“A partir de 1979, o AI-5 deixou de ter vigência, restaurando-se assim os direitos individuais e a independência do Congresso.” (272)
“Em outubro de 1973, ainda no período Médici, ocorreu a primeira crise internacional do petróleo, como conseqüência da chamada Guerra do Yom Kippur, movida pelos Estados árabes contra Israel.” (273)
Geisel, quando tomou posse, “lançou o II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND). O I PND tinha sido formulado por Roberto Campos, em 1967, para reequilibrar as finanças e combater a inflação. O II PND buscava completar o processo de substituição de importações, instalado havia décadas no país, mudando seu conteúdo. Já não se tratava agora de substituir a importação de bens de consumo, mas de avançar no caminho da autonomia no terreno dos insumos básicos (petróleo, aço, alumínio, fertilizantes etc.) e da indústria de bens de capital.” (273) Era a época das grandes empresas estatais: Eletrobrás, Petrobrás, Embratel, etc.
Apesar de ter conseguido almejar de maneira razoável as metas a que se propunha, o II PND trouxe alguns resultados negativos, entre eles um aumento espetacular da dívida externa. Outro ponto suscetível a críticas foi o fato de o governo se envolver com obras grandiosas, dispendiosas, mal administradas, de longo ou duvidoso retorno.
João Batista Figueiredo subiu ao poder em 1979, dando prosseguimento à abertura lenta e gradual iniciada por Geisel.
Em 1979, aconteceu o segundo choque internacional do petróleo, fato que, aliado a uma situação interna de inflação e recessão, levou o Brasil a uma situação de insolvência. Em 1983, o país teve que recorrer ao FMI.
“A inflação se acelerara de 40,8% em 1978 para 223,8% em 1984. No mesmo período, a dívida externa subira de US$ 43,5 bilhões para US$ 91 bilhões.” (279)
Em 1979, Figueiredo promove a anistia, que permite a volta dos exilados políticos e foi um passo importante na ampliação das liberdades públicas.
Devido a uma lei, os partidos passam a ter que apresentar a palavra “partido”. A ARENA se transforma em Partido Democrático Social (PDS) e o MDB se transforma em PMDB, Partido do Movimento Democrático Brasileiro. 
Em 1983, o “sindicalismo identificado com o PT fundou a Central Única dos Trabalhadores (CUT), sem a participação dos chamados moderados. Estes, em março de 1986, formaram a Central Geral dos Trabalhadores (CGT).” (281)
Um grande comício, organizado sob a liderança do PT, foi realizado em SP, em janeiro de 1984, pedindo as eleições diretas para a Presidência da República. A campanha das “diretas já” tomou conta das ruas, contagiando milhões de brasileiros. A emenda das eleições diretas não passou no Congresso, causando grande frustração popular.
Em 1984, o PDS escolheu Paulo Maluf como candidato a presidente. Um grupo de partidários do PDS, insatisfeitos com o resultado, resolveu formar o Partido da Frente Liberal (PFL) e se aproximar do PMDB, apoiando a candidatura de Tancredo Neves. Devido ao apoio recebido pelo PFL, o PMDB transigiu e aceitou o nome de José Sarney para vice.
“A 15 de janeiro de 1985, Tancredo e Sarney obtiveram uma vitória nítida no colégio Eleitoral. Por caminhos complicados e utilizando-se do sistema eleitoral imposto pelo regime autoritário, a oposição chegava ao poder.” (283)
Quem manda, no regime militar, “não são os políticos profissionais, nem o Congresso é uma instância decisória importante. Mandam a alta cúpula militar, os órgãos de informação e repressão, a burocracia técnica de Estado.” (284)
“[Durante o regime] permaneceu o princípio da forte presença do Estado na atividade econômica e na regulação da economia. (...) Os empréstimos externos e o estímulo ao ingresso do capital estrangeiro tornaram-se elementos essenciais para financiar e promover o desenvolvimento econômico, privilegiando-se as grandes empresas, multinacionais ou nacionais, públicas ou privadas.” (284-285)
Com a morte de Tancredo, assumiu Sarney. Para debelar a inflação, instituiu o Plano Cruzado, em 1986, o qual, entre outras coisas, congelava preços e aluguéis. O Plano não deu certo, pois houve uma corrida ao consumo, e o congelamento não foi respeitado.
Em 5 de outubro de 1988 foi promulgada a nova Constituição. O texto foi muito criticado, desde o início de sua vigência, por entrar em assuntos que tecnicamente não são de natureza constitucional. 
“A desigualdade de oportunidades, a ausência de instituições do Estado confiáveis e abertas aos cidadãos, a corrupção, o clientelismo são males arraigados no Brasil.” (290)
Nas primeiras eleições diretas para a Presidência da República desde 1960, em 1989, venceu Fernando Collor de Mello, que derrotou Luís Inácio Lula da Silva. Collor, que não contava com o apoio dos grandes partidos políticos e que não tinha vínculos com os círculos financeiros e a grande indústria do Centro-Sul do país, foi afastado do cargo por denúncias de corrupção. Antes que o processo de impeachment terminasse, Collor renunciou em dezembro de 1992.
Subiu ao poder o vice de Collor, Itamar Franco, que governou até 1994. Em 1995 assume o cargo Fernando Henrique Cardoso, com a bandeira do Plano Real, que tinha ajudado a debelar a inflação.
6.4 – O quadro estrutural de 1950 em diante
“(...) não obstante a existência da fronteira agrícola, a expulsão de posseiros, a tendência à mecanização, a mudança de atividades rurais, com menor absorção de mão-de-obra, empurraram a população do campo para as cidades.” (295)
“No correr dos anos, os produtos primários – como, por exemplo, o café e o minério de ferro -, com exceção da soja, tenderam a perder importância em comparação com os produtos industrializados.” (296)
CONCLUSÃO
TRANSFORMAÇÕES QUE ACONTECERAM NO MUNDO, NOS ÚLTIMOS TRINTA ANOS: “No plano da economia, deixou em grande medida de existir a divisão do trabalho entre países dominantes industrializados e países dependentes, produtores de matérias-primas e gêneros agrícolas. Em busca de mão-de-obra barata (...) e como resposta às medidas protecionistas dos países em desenvolvimento, entre eles o Brasil, as grandes empresas transferiram parte do seu parque produtivo para esses países. Ocorreu assim uma internacionalização do processo produtivo. Em conseqüência, abriram-se em algumas regiões oportunidades para novas ondas industrializantes (sic). A mais importante delas deu origem, na Ásia, aos tigres asiáticos.” (306)
“Seria equivocado pensar, como se ouve freqüentemente, que a política governamental adotou o figurino neoliberal, o qual, entre outras coisas, tende a reduzir, ao menos em teoria, o papel do Estado. Na verdade, o Estado mudou seu papel de agente produtivo, que teve sentido no passado, passando a atuar – com problemas e êxitos – como centro de políticas de desenvolvimento social e regulador da atuação de empresas privadas nas áreas sensíveis de energia elétrica, das comunicações etc.” (308)
“Um objetivo primordial para o futuro consiste na afirmação da democracia e na elevação das condições de vida.” (309)

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