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Apostila Toxicologia

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ÍNDICE- TOXICOLOGIA E PLANTAS TÓXICAS 
 
 
 
 
I – Conceitos Toxicológicos Básicos ------------------------------------------------------------------ 4 
II – Mordida e Picada de Animais Venenosos ( Ofidismo )--- ------------------------------------13 
III – Envenenamento por Picada de Abelhas, Vespas, Vespões e Formigas -------------------19 
IV – Envenenamento por Picada de Aranhas --------------------------------------------------------20 
V – Envenenamento por Picada de Escorpião ------------------------------------------------------ 23 
VI – Toxicologia da Estricnina ---------------------------------------------------------------------- 25 
VII – Toxicologia do Fluoracetato de Sódio ( Chumbinho ) ------------------------------------- 30 
VII –Toxicologia do Cromo---- -----------------------------------------------------------------------33 
VIII –Toxicologia do Mercúrio ---------------------------------------------------------------------- 35 
 IX – Toxicologia do Arsênico-------------------------- ---------------------------------------------- 39 
X –Hidroarsenismo Crônico Regional Endêmico -------------------------------------------------- 43 
XI – Toxicologia do Chumbo ------------------------------------------------------------------------- 47 
XII –Toxicologia dos Anticoagulantes -------------------------------------------------------------- 54 
XIII – Toxicologia do Amitraz ----------------------------------------------------------------------- 58 
XIV – Toxicologia dos Hidrocarbonetos ------------------------------------------------------------ 60 
XV – Toxicologia do Etanol -------------------------------------------------------------------------- 61 
XVI – Toxicologia da Uréia --------------------------------------------------------------------------- 63 
XVII –Toxicologia dos Organoclorados ------------------------------------------------------------- 65 
XVIII –Toxicologia dos Organofosforados --------------------------------------------------------- 72 
XIX – Toxicologia dos Carbamatos ------------------------------------------------------------------77 
XX– Toxicologia dos Tiocarbamatos --------------------------------------------------------------- 78 
XXI – Toxicologia dos Piretróides ------------------------------------------------------------------- 83 
XXII – Antídotos --------------------------------------------------------------------------------------- 86
FIGURAS 
 
 
Fig.13 – 02 Hidroarsenismo Crônico Regional Endêmico 
 
Fig.13 - 03 Hidroarsenismo Crônico Regional Endêmico 
 
Fig.14 – 01 Ponteado basófilo observado no Saturnismo 
 
Fig.16 – 01 – Postura anormal adotada por pacientes intoxicados com Clorados 
 
Fig. 16 – 02 – Postura anormal em pacientes envenenados com Clorados 
 
Fig.21 – 01 – Hipotireoidismo – observe alopecia bilateral, acantose, obesidade e “ cauda de 
 rato” 
 
 
 
 
I - CONCEITOS TOXICOLÓGICOS BÁSICOS 
 
 
 
1.1 - CONCEITO DE TOXICOLOGIA 
 
 - Toxicologia é o estudo dos venenos, incluindo a sua identificação, suas propriedades 
químicas e seus efeitos biológicos, bem como o tratamento das doenças que causam. 
 A Farmacologia e a Toxicologia dividem muitos princípios comuns, incluindo a 
biodinâmica da absorção e eliminação, mecanismos de ação, princípios de tratamento e 
relações dose-resposta. As drogas terapêuticas e os nutrientes essenciais podem se tornar 
venenosas sob certas condições. O veterinário toxicologista lida com várias substâncias 
químicas, aditivos alimentares, contaminantes ambientais, pesticidas e toxinas naturais de 
origem animal ou vegetal que podem afetar adversamente a saúde dos animais. 
 
 A toxicologia é um ramo da Farmacologia que estuda a origem dos venenos, bem 
como suas propriedades químicas e atividades nocivas, seus sintomas e lesões, sua 
identificação, tratamento e antídotos. 
 Os rebanhos intoxicam-se com biocidas e metais pesados nas seguintes condições: 
- antes, durante e após tratamentos agrícolas contra insetos, fungos e ervas daninhas; 
- durante as práticas de adubaçao química do solo; 
- após chuvas continuadas quando os biocidas são conduzidos para as águas, que são ingeridas 
pelos animais; 
- ingestão de pastagens tratadas com biocidas; 
- ingestão de rações com altos níveis de resíduos; 
- erro na concentração de banheiros carrapaticidas; 
- erros na aplicação de vermífugos; 
- exposição de produtos químicos sobre as instalações com fins preservativos; 
- alimentos armazenados juntamente com biocidas e demais produtos químicos. 
 
 
 
1.2- VENENO 
 
- É qualquer sólido, líquido ou gás que, por via oral, inalatória ou tópica, pode 
interferir com processos vitais das células no organismo. Esta interferência ocorre 
pelas qualidades inerentes do veneno, sem ação mecânica e independentemente da 
temperatura. Outros termos usados para venenos são toxicante e/ou substância 
tóxica. Toxinas são venenos que se originam de processos biológicos. 
- É toda substância mineral ou orgânica, que introduzida no organismo, ou aplicada 
ao seu exterior, sendo absorvida, determine a morte, ponha em risco a vida, ou 
altere profundamente a saúde. 
 
 Classificação dos venenos: 
 
- Venenos por concentração: são substâncias que produzem um efeito proporcional 
à quantidade presente no organismo num dado instante (ex.; fosforados e 
carbamatos ). 
 5 
- Venenos crônicos: são substâncias que sempre que a concentração nos fluidos do 
organismo atingem um limite, causam um dano, que não é reparado antes da 
próxima absorção. 
- Venenos cumulativos: são substâncias que são armazenadas no organismo, quando 
acima do nível de tolerância no sangue. (ex. chumbo acumula-se nos ossos; 
arsênico acumula-se nos tecidos queratinizados). 
 
 
 
1.3- TÓXICO 
- O termo tóxico é usado para descrever o efeito de um veneno em sistemas vivos. 
 
1.4- TOXICOSE 
- Refere-se a doença resultante da exposição a um veneno. O termo toxicose é usado 
alternadamente com os termos envenenamento e intoxicação. 
 
1.5- TOXICIDADE 
- É a capacidade de uma substância química produzir lesões, sejam elas físicas, 
químicas, genéticas ou neuropsíquicas, com repercussões comportamentais. 
Classifica-se em: 
 
 Toxicidade aguda: é o termo que descreve o efeito de uma dose simples ou de 
doses múltiplas num período de 24 horas. 
 Toxicidade sub-aguda: refere-se à exposição repetida e efeitos observados durante 
30 dias ou menos. 
 Toxicidade sub-crônica: é o estudo da exposição e dos efeitos durante um a três 
meses. Os estudos durante três meses são considerados adequados para expressar 
todas as formas de toxicidade, exceto os efeitos carcinogênicos e reprodutivos. 
 Toxicidade crônica: é produzida pela exposição prolongada por três meses ou 
mais. 
 Toxicidade recôndida: é o processo tóxico onde ocorrem lesões, sem 
manifestações clínicas. 
 
 
1.6 – DOSE LETAL (DL) OU DOSE LETAL MEDIANA (DLM) 
 
Define-se Dose Letal a menor dose que causa a morte em algum animal durante o 
período de observação em um experimento. Várias porcentagens podem ser adicionadas aos 
valores de DL para indicar as doses necessárias para matar 1%(DL1), 50%(DL50) ou 
100%(DL100) dos animais experimentais. A DL50 é a medida comumente usada para avaliar 
a toxicidade. É expressa em miligramas do composto por quilograma de peso vivo. 
 
* DL50 é um parâmetro estatístico, e não toxicológico. Expressa a quantidade de 
uma substância tóxica em mg/kg/pv suficiente para matar 50% de uma população 
de cobaios em um experimento. Refere-seà dose, que pode ser oral ou dermal. 
 
 
 
 
 
 6 
1.7- CONCENTRAÇÃO LETAL (CL) 
 
É a menor concentração do composto no alimento (ou na água no caso dos peixes) que 
causam a morte. É expressa em miligramas do composto por quilograma de água ou alimento. 
Em algumas espécies, tais como as de vida selvagem ou peixes, a toxicidade pode ser 
expressa como a concentração de substância no alimento ou água, na qual a dosagem é 
correlacionada diretamente com a concentração quando o material é de livre acesso. 
 
 Denomina-se CL50 a quantidade de substância tóxica a qual é exposta uma 
população de cobaias, em relação a uma determinada área ou volume, suficiente 
para matar metade desses indivíduos. Refere-se à dosagem. 
 
1.8 - MAIOR DOSE NÃO TÓXICA (MDNT): é a maior dose que não provoca alterações 
clínicas ou patológicas induzidas pela droga. 
 
1.9 – DOSE TÓXICA BAIXA (DTB): é a menor dose que produz alterações; a 
administração do dobro desta dose não é letal. 
 
1.10 – DOSE TÓXICA ALTA (DTA): é a dose que produz as alterações típicas induzidas 
pela droga, e a administração do dobro desta dose é letal. 
 
1.11 – DOSE EFICAZ 50 (DE-50): é a dosagem de uma droga ou agente terapêutico que 
produz o efeito desejado na metade da população. 
 
1.12 - EXPRESSÕES DE SEGURANÇA DE DROGAS : são dadas pela comparação da 
DL50 com a DE 50: 
 
a) O Índice Terapêutico (IT) é definido pela relação entre a DL50 e a DE50: 
 
IT = DL 50 
 DE 50 
 
b) A margem de segurança padrão (MSP) é uma estimativa mais conservadora do 
que o IT. A MSP é a relação entre a DL1 e a DE99: 
 
MSP = DL 1 
 De 99 
 
1.13 - CLASSIFICAÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS QUANTO A DL 50 
 
 - extremamente tóxica - Classe I - DL 50 menor que 5 mh/kg/pv 
 - altamente tóxica Classe II - DL50 entre 5-50 mg/kg/pv 
 - regularmente tóxica Classe III - DL 50 entre 50-500 mg/kg/pv 
 - pouco tóxicos Classe IV - DL 50 entre 500-5000 mg/kg/pv 
 - praticamente atóxicos classe V - DL 50 maior que 5000 mg/kg/pv 
 
 
 
 
 
 7 
1.14 - FATOR DE CRONICIDADE 
 
 Os compostos que são rapidamente biotransformados têm DL 50 crônica 
aproximadamente igual à DL 50 aguda, pois a rápida excreção do composto oferece 
pouca oportunidade de ele se acumular no organismo. 
 Exposição prolongada à substância tóxica permite ao animal desenvolver 
tolerância de tal forma que a dose necessária para produzir letalidade por exposição 
repetida aumenta. Freqüentemente isto é devido a um aumento na desintoxicação 
metabólica do composto. 
 
 A relação entre as DL 50 aguda e crônica é denominada Fator de Cronicidade (FC) 
 
 FC = DL 50 aguda 
 DL 50 crônica 
 
 Compostos com efeitos cumulativos têm fatores de cronicidade. 
 Um Fator de Cronicidade maior que 2,0 indica uma substância tóxica 
relativamente 
Cumulativa .Exemplo: 
 
___________________________________________________________________________ 
 Composto DL50-aguda DL50-crônica Fator de Cronicidade____________ 
 
 Warfarina 1,6 0,077 21,0 
 Cafeína 192,0 150,0 1,3________________ 
 
 
 
1.15 - RISCO 
 
 É a probabilidade de que uma substância química vá causar prejuízo sob condições de 
uso específicas. Risco é definido pela comparação da toxicidade e das condições de uso. 
 
 
Comparação de risco (perigo)* 
 
 
Substância Toxicidade Dose de Uso Relação de risco_______________ 
Uréia 300 mg/kg 100 mg/kg 3:1 
Monensina 20 mg/kg 1 mg/kg 20:1______________________ 
 
 
A Monensina é muito mais tóxica que a Uréia, contudo, a taxa de Monensina é muito 
menor que a de Uréia. A comparação entre as taxas de toxicidade para estas duas substâncias 
mostra que o risco da toxicidade da Uréia vai ser muito maior do que o risco de toxicidade da 
Monensina 
 
 
 8 
1.16 - DOSAGEM DIÁRIA ACEITÁVEL 
 
É a quantidade máxima de um composto, que ingerida diariamente durante toda a 
vida, parece não apresentar risco à saúde. Expressa em mg/kg/pv. 
 
 
 
1.17 - BIOCIDAS 
 
 São substâncias ou mistura de substância destinadas a prevenir a ação, ou destruir 
direta ou indiretamente insetos, ácaros, roedores, fungos, nematódeos, ervas daninhas, 
bactérias e outras formas de vida animal ou vegetal prejudiciais à lavoura, à pecuária, seus 
produtos e outras matérias primas alimentares 
. 
Toxicologia de biocidas 
 
 A toxicologia contemporânea desempenha para o medico veterinário um verdadeiro 
desafio, pois atua sobre a sanidade animal com repercussões econômicas ponderáveis e de 
difícil diagnóstico. Se outrora dispunhamos de recursos clássicos para combater as 
intoxicações, modernamente isto não ocorre. 
 Existem atualmente quase 5000 formulações, provenientes de quase 500 princípios 
ativos, cada um deles desempenhando um quadro tóxico diferente. Não somente os biocidas 
de uso veterinário atingem os nossos rebanhos. Os biocidas agrícolas são vetores de graves 
intoxicações. As consequências são verificadas na saúde humana pela ingestão de produtos de 
origem animal contaminados; na saúde animal pela ingestão de pastagens, rações e águas 
contaminadas. 
 Os reflexos econômicos são muito importantes sob o ponto de vista internacional, pois 
a Organização Mundial de Saúde prevê níveis de biocidas, com os quais pode classificar os 
produtos como impróprio para consumo. No Brasil o fumo encerra altos níveis de clorados, o 
que impede sua comercialização no mercado internacional. Já foram devolvidos ao nosso País 
partidas de soja vendidas ao Japão, pastas de carne vendidas ao Canadá e lacticínios vendidos 
a Inglaterra. Estes resíduos estão presentes no meio ambiente, os quais são transportados aos 
organismos animais, onde fixam-se. O homem é o ultimo elo da cadeia trófica, que acumula 
os maiores níveis de resíduos em seus tecidos. 
 A toxicologia de biocidas e metais pesados um novo ramo da Veterinária, com 
objetivos Sanitários, Sociais e Econômicos. 
 
- Resíduos de Biocidas 
 
É a quantidade de biocida e/ou seus derivados (metabólitos) remanescentes no 
alimento, na água ou no solo; decorrente do emprego do biocida. São expressos em ppm ou 
ppb (partes do biocida e/o seus derivados por 1 milhão - ou 1 bilhão – de partes do alimento). 
 
1.18 - CARÊNCIA 
 
É o período respeitado entre a aplicação do biocida e a colheita do produto agrícola, ou 
da aplicação de produtos químicos em animais e a ordenha e o abate. 
 
 
 
 
 9 
 
 
1.19 - PODER RESÍDUAL 
 
 É o tempo de permanência do produto biologicamente ativo ou de seus 
metabólitos nos alimentos, ambiente, solo, ar ou água, podendo trazer implicações de ordem 
toxicológica. Ex: DDT (20 anos); BHC (34 anos). 
 
1.20 - PERSISTÊNCIA 
 
 É o período em que um agrotóxico fica no ambiente, no solo ou na planta – ou 
um fármaco persistente sob um animal, eficiente para o fim a que se destina. Freqüentemente 
é confundido com poder residual. Um produto pode ter curta persistência e longo poder 
residual. Ex.: Frontline ( pulicida spray para caninos ) tem persistência de 90 dias.1.21 - TOLERÂNCIA 
 
 Indica a quantidade máxima, expressa em ppm, de resíduos de biocida, 
permitida em um produto alimentar. Constitui um parâmetro pelo qual o governo pode 
fiscalizar ou controlar os excessos no uso de defensivos. 
 
 
1.22 - TOXICIDADE ASSOCIADA 
 
 Ocorre quando são aplicados dois ou mais produtos químicos simultaneamente 
sobre o mesmo indivíduo. Pode ocorrer: 
 
a)Sinergismo : quando a toxicidade de dois compostos juntos é maior do que a 
esperada da soma de seus efeitos quando aplicados separadamente; 
 
b) Antagonismo: é o fenômeno em que a toxicidade de dois compostos juntos é menor 
do que a esperada da soma de seus efeitos; 
 
c) Efeitos Independentes: cada composto exerce seu efeito sem interferência entre os 
dois. 
 
 
1.23 - ANTÍDOTO 
 
 
 É toda substância que impede ou inibe a ação de um tóxico. São classificados 
em: 
 
a) Físicos: são substâncias que fixam os venenos e ao mesmo tempo formam uma 
barreira entre o tóxico e as superfícies de absorção, impedindo-a ou retardando-a. 
São os adstringentes e os adsorventes (Ex. carvão vegetal, sais de alumínio). 
 
 
b) Químicos: reagem quimicamente com o tóxico, transformando-o em substância 
inócua ou de fácil eliminação. Ex.: BAL ( na intoxicação por arsênico e outros 
 10 
metais pesados ) , CONTRATHION ( nas intoxicações por fosforados ) , ácidos 
diluídos para neutralizar bases. 
 
c) Fisiológicos: substâncias capazes de provocar reações farmacologicamente opostas 
as dos venenos. Ex.: Sulfato de Atropina ( nas intoxicações por fosforados e 
carbamatos ). 
 
 
 
 
1.24 - ABSORÇÃO 
 
 A resposta do organismo à uma substancia tóxica depende da concentração do agente 
tóxico ao nível do local de ação, que pode ser uma enzima, membrana, placa motora, etc. 
Entre outros fatores, a referida concentração vai depender da absorção e excreção do agente. 
 A absorção e excreção de substâncias químicas requerem a transferencia de suas 
moléculas através de várias membranas, como o epitélio gastro-intestinal, túbulos renais, 
parênquima hepático, pele, placenta e estruturas intracelulares. Esta transferência de 
substâncias químicas através de membranas pode ocorrer de várias maneiras: 
- simples difusão: passagem de substâncias sólidas de um meio mais concentrado para um 
meio menos concentrado; 
- filtração: passagem de líquidos ou pequenas moléculas hidrófilas através dos poros da 
membrana, a favor do gradiente de concentração; 
- pinocitose: consiste na invaginaçao da membrada celular para capturar moléculas em forma 
de pequenas gotículas; 
- transporte ativo: é a passagem de substancias contra o gradiente de concentração, e com 
gasto de energia. 
 A absorção de substâncias estranhas ao organismo se dá principalmente por Simples 
Difusão. 
 
 
 
1.25 - VIAS DE PENETRAÇÃO: 
 
 Distingui-se cinco principais vias de penetração segundo o Comitê de Toxicologia 
Nacional de Ciências: 
 
- Via oral: além da alteração local do trato digestivo, a resposta do organismo ao tóxico 
dependerá em grande parte do grau de absorção da substância. A absorção por via oral se faz 
essencialmente por Difusão nas mucosas oral, gástrica e intestinal. As substâncias absorvidas 
pela mucosa oral não sofrem ação do tubo digestivo, e não passam pelo fígado antes de 
passarem para a circulação geral. 
- Via parenteral: é uma via utilizada principalmente para pesquisa científica, pois o agente 
atinge no sangue uma concentração da mais elevada que se absorvido pelas outras vias,e com 
maior rapidez. Pode ocorrer intoxicação por estas vias durante a administração de 
medicamentos e/ou vermífugos (intoxicação iatrogênica ) . 
- Via pulmonar: é a principal via de entrada de agentes tóxicos nas formas de aerosol, gás, 
fumaça, fumos e vapores. O pulmão apresenta grande superfície de absorção. Os capilares 
pulmonares estão quase em contato direto com o ar exterior. A concentração do agente tóxico 
no ar inspirado e o tempo de exposição é que vai determinar o maior ou menor grau de 
 11 
intoxicação. Numerosos agentes tóxicos de toxicidade oral baixa, são de toxicidade elevada 
quando introduzidos por via respiratória, provocando distúrbios graves. Ressalta-se ainda os 
efeitos secundários de substâncias tóxicas nas vias respiratórias, alterando a composição ou a 
quantidade de secreções naturais, predispondo à infecções do trato respiratório. Há de se 
mencionar ainda o fato de substâncias introduzidas por via respiratória atingirem diretamente 
o cérebro e os rins, sem passar antes pelo fígado que não pode assim exercer sua ação 
detoxificante. 
- Via cutânea: a pele tem certo número de funções, das quais a proteção externa é a mais 
conhecida. Superficialmente possui uma película hidro-lipídica, que é de constituição 
complexa, especialmente os lipídeos formados por ácidos graxos saturados e não saturados, 
álcoois, esteres, etc. Possuindo caracter hidrófobo, se opõe a penetração de substâncias 
aquosas, deixando porém penetrar as lipofílicas. A penetração se dá por via intracelular, 
intercelular e através dos folículos pilosos. Uma vez transposta a película superficial, o agente 
tóxico vai atingir a camada celular e aí agir, formando por exemplo, compostos a base de 
cisteína, bloqueando o sistema de oxi-redução de cistina. O agente poderá agir ainda 
bloqueando enzimas, precipitando proteínas, enfim, originando perturbações celulares graves. 
Além das alterações celulares o agente tóxico pode passar através das membranas capilares 
caindo na corrente sanguínea. . 
- Via Ocular: por fim cita-se a via ocular, por ser objeto de estudos esta via, tendo em vista a 
ação local de certos agentes e ação sistêmica. 
 
 
 
1.26 - DISTRIBUIÇÃO E ARMAZENAMENTO: 
 
 O estudo da toxicidade de uma substância deve visar não somente os sinais clínicos e 
biológicos da intoxicação, mas também seu mecanismo de ação, ou seja, estudar as lesões 
bioquímicas inicial, responsáveis pelas perturbações fisiológicas e anatomopatológicas 
observadas. 
 Este estudo da lesão bioquímica inicial e como o agente chega ao local onde exerce 
sua ação tóxica, é de fundamental importância para o tratamento da intoxicação, para o 
diagnóstico precoce e para o estabelecimento dos limites de tolerância. 
 Após a exposição do paciente ao agente tóxico, para que haja envenenamento deve 
este atravessar as barreiras naturais (pele, mucosas, alvéolo), passando para o meio interno, e 
deste para a circulação, e desta para os órgãos. No órgão o agente atravessa a membrana 
celular por filtração, difusão ou transporte ativo. A membrana celular sendo de estrutura lipo-
proteica permite a passagem de substancias hidrossolúveis por filtração, e das lipossolúveis 
por difusão na camada lipidica. Uma vez introduzido na célula o agente exercerá aí a sua ação 
tóxica. 
 O corpo humano é composto por 56% de fluidos. Agrupando os órgãos segundo 
Shepard teremos: 
- o primeiro grupo constituído pelas vísceras; 
- o segundo compreendendo o tecido conjuntivo, pele, músculos e ossos; 
- o terceiro compreendendo o tecido adiposo. 
 A fração de irrigação sanguínea que atinge os agrupamentos acima não é a mesma, 
pois o primeiro recebe 73%, o segundo 24% e o terceiro recebe 3%. 
 Observa-se que as vísceras apesar de representarem apenas 10% do peso corporal 
recebem cerca de ¾ da circulação. Desta irrigação o cérebro recebe 16%. 
 Os agentes tóxicos encontrando-se no sangue, é lícito deduzir-se que as vísceras serão 
mais facilmente atingidas por sua ação. 
 12 
 Os agentes químicos se localizam preferencialmente em certos tecidos. Esta 
localização, porém, não coincide necessariamentecom o sítio de ação tóxica primária. Assim, 
o biocida organo-clorados, que possuem ação tóxica primária sobre o sistema nervoso central, 
armazena-se nos tecidos adiposos. O chumbo, o flúor e o urânio acumulam-se nos ossos. 
 
 
 
1.27 - METABOLIZAÇÃO 
 
 Ocorre principalmente no fígado, catalizadas pelas enzimas microssomais hepáticas. 
Ocasionalmente as transformações podem ser catalizadas por enzimas da flora intestinal. 
 Os agentes tóxicos podem ser eliminados sob a mesma forma ou sob a forma de 
metabólitos. O organismo pode metabolizar um agente tóxico por dois processos: 
- degradação: que consiste em fracionar as moléculas a fim de permitir uma melhor 
eliminação ou síntese de novas substâncias mais facilmente elimináveis. 
- síntese: que consiste na introdução de radicais. 
 Ambos podem existir isoladamente, mas via de regra, estão associados. Na primeira 
fase há uma degradação que poderá ser a transformação de radicais em radicais mais polares, 
e na segunda fase há uma síntese por mecanismos de conjugação. 
 A metabolização de um agente não leva necessariamente a detoxificação. A 
degradação é um processo feito as cegas pelo organismo, isto feito tanto para alimentos, como 
medicamentos e agentes tóxicos. Daí poder resultar em um metabólito mais tóxico que o 
precursor. 
 
 
 
1.28 - EXCREÇÃO 
 
 As vias de excreção de substancias estranhas ao organismo são: 
urina, bile, ar expirado, suor, saliva, leite, secreções gastro-intestinais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 13 
 
 
II - MORDIDAS E PICADAS DE ANIMAIS VENENOSOS 
 
I) OFIDISMO: as serpentes brasileiras de interesse medico pertencem a duas Famílias: 
 
Viperidae : gênero Crotalus ( cascavel ) 
 gênero Bothrons ( cruzeira e jararaca ) 
 gênero Lachesis ( Surucucu ) 
 
Elapidae : são as corais verdadeiras. Em relação a estas, devemos salientar que embora a 
grande eficiência de sua peçonha, estes ofídeos são em geral dóceis e nunca desferem botes, 
caracterizando suas atitudes agressivas à simples mordeduras, e que devido a pouca 
velocidade em comparação com os botes desferidos pelos viperídeos, podem ser evitados 
quando percebidos a tempo. São espécies excassas ou até mesmo raras. 
 
 
 
 
 
 
 
Generalidades sobre a peçonha dos ofídios: 
 
 A peçonha dos ofídios nada mais é do que a “secreção de duas volumosas glândulas 
salivares “ situadas logo abaixo e atras dos olhos, determinando nos Viperídeos o formato 
triangular da cabeça. É um líquido transparente, ou levemente leitoso ou amarelado; contendo 
vários principios tóxicos, responsáveis por diversas ações no organismo do individuo 
acidentado por estes animais. 
 Entre as várias ações destacam-se as seguintes: 
 
 
 
 
 
 14 
 
 
a) ação proteolítica: 
 Consiste basicamente na degradação das proteínas, liberando substâncias como a 
histamina, que pode entrar na corrente sanguínea causando hipotensão. 
 A ação das enzimas proteolíticas sobre os tecidos é responsável pela ação local, como 
edema, eritema, equimose e posterior necrose. 
 A atividade proteica é também responsável por danos causados às paredes dos vasos 
capilares, favorecendo as hemorragias. 
 
 
 
b) ação coagulante: 
 Ao penetrar na vítima, a peçonha com este tipo de ação forma coágulos que dificultam 
a difusão da mesma, fazendo-a penetrar gradualmente na circulação, agindo diretamente sobre 
o fibrinogênio, tornando o sangue incoagulável. 
 Por outro lado, quando a penetração da peçonha é rápida, por via intravenosa ou intra-
arterial, a desfibrinação é precedida por aumento da coagubilidade do sangue, causando 
coágulos intra-vasculares que matam em poucos minutos. 
 
 
 
c) ação neurotóxica: a ação neurotóxica ocorre devido a presença de neurotoxinas, com 
efeitos pré-sinapticos ou pós-sinapticos. Os efeitos pós-sinapticos são rapidamente 
reversíveis. Os efeitos pré-sinapticos são irreversíveis. 
 Devido sua ação sobre os Nervos Cranianos provocam paralisia dos músculos 
motores, resultando em oftalmoplegia, aptose das pálpebras superiores ( Facies Neurotóxica), 
distúrbios visuais e do equilíbrio. 
 
 As neurotoxinas das corais podem provocar paralisia dos músculos respiratórios. 
 
 
 
d- ação hemolítica: a atividade hemolítica da peçonha ofídica é indireta, pois essa transforma 
a Lecitina do plasma em Lisolecitina, que age sobre as hemácias , provocando a sua 
destruição. Isto ocorre pois a peçonha apresenta uma Hemolisina ( Fosfolipase A ), cuja 
atividade é aumentada na presença da Lecitina. 
 Este tipo de peçonha pode causar sérias alterações renais, podendo causar a morte por 
insuficiência renal aguda. 
 A atividade hemolítica se caracteriza por intensa hemoglobinúria e icterícia, dando a 
urina uma coloração amarelo-acastanhada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 15 
 
 
 
 
2.2 - SINTOMATOLOGIA: 
 
_________________________________________________________________________ 
 
GRUPO AÇÃO 
_________________________________________________________________________ 
 
BOTROPICO proteolítica + coagulante 
_________________________________________________________________________ 
 
CROTALICO hemolítica + neurotóxica 
_________________________________________________________________________ 
 
ELAPIDICO neurotóxica 
_________________________________________________________________________ 
 
a) sintomas devido à ação proteolítica: 
 - dor local persistente 
 - edema local progressivo ( quando perto da região do pescoço pode levar a dificuldade de 
deglutição ou insuficiência respiratória ) 
 - manchas avermelhadas e/ou cianóticas no local 
 - necrose dos tecidos adjacentes 
- lesões deformantes 
- 
 
 16 
b) sintomas devido a ação coagulante: 
 - sangramento no local de perfuração da presa 
 - hematemese 
 - hematúria 
 - sangue fecal 
 - formação de coágulos intravasculares 
 
c) sintomas devido a ação hemolítica: 
 - icterícia 
 - hemoglobinúria ( urina de cor escura, amarelo-acastanhado ) 
 - anúria progressiva 
 - insuficiência renal aguda 
 
d) sintomas devido a ação neurotóxica: 
 
 - sensação de dormência local 
 - perturbação ou perda da visão 
 - ptose das pálpebras superiores ( Facies Neurotoxica ) 
 -perda de equilíbrio 
 - dores musculares na região da nuca 
 - prostração 
- paralisia respiratória 
 
 
 
 
 
2.3 - TRATAMENTO 
 
 O animal picado deve ser dominado e imobilizado o máximo possível para diminuir a 
subida do veneno. Os objetivos no tratamento de picada de cobra são: 
 
a) Impedir a expansão do veneno: em casos de ferimentos das extremidades, um torniquete 
delgado deve ser aplicado imediatamente próximo à área da marca da presa. Não deve ser 
muito apertado, para que o membro não fique isquêmico, mas firme o suficiente para impedir 
o fluxo linfático e do veneno superficial. Torniquetes deste tipo devem ser deixados no lugar 
durante duas horas sem remoção. Uma boa medida a seguir é testar a tensão inserindo um 
dedo sob o torniquete, e se isso puder ser feito facilmente, ele está adequadamente aplicado. 
 17 
O torniquete não deve ser removido a intervalos porque isto impulsionará o veneno da região 
inicial. 
 
b) remover o veneno: uma incisão linear contínuadeve ser feita entre as duas perfurações da 
presa a se aprofundar até a cobertura fascial do músculo. Não separe estruturas vitais como 
nervos, tendões e vasos sanguíneos principais. Não utilize incisões crucíferas, porque as 
pontas da incisão ficam sujeitas a necrose, e tal ferimento é receptivo a contaminação 
anaeróbica por Clostridiuns. A aplicação de sucção à incisão recupera um pouco do veneno, 
embora a sucção de boca possa tornar-se perigosa. A excisão elíptica das marcas da presa, 
incluindo a pele e gordura, é mais eficaz que a incisão e sucção pela boca. O tamanho da área 
envolvida na excisão elíptica depende das marcas da presa, mas deve ficar pelo menos 1 cm 
equidistante ao redor dos ferimentos de perfuração. 
 
c) Neutralizar o veneno: os soros disponíveis que podem ser aplicados no tratamento de 
acidentados com ofídeos são: 
 
- Sôro Antiofídico Polivalente: para acidentes com o grupo Botrópico e Crotálico 
- Sôro Antibotrópico 
- Sôro Anticrotálico 
- Sôro Antielapídico 
 
2.4 - DOSES DOS SOROS: 
 
 
- quando o atendimento é feito logo após o acidente, antes mesmo do aparecimento dos 
primeiros sintomas, deve ser utilizado por via subcutânea dose de sôro capaz de neutralizar 
100 mg de peçonha. 
- nos casos benignos, deve-se aplicar por via subcutânea uma dose de sôro capaz de 
neutralizar 50 mg de peçonha 
- nos casos graves injetar dose suficiente para neutralizar 100 mg de peçonha, sendo metade 
por via sub-cutânea e metade por via endovenosa. 
 
 
 * atenção 
 - usar sempre que possível o sôro específico 
 - iniciar o tratamento pelo soro o mais rápido possível 
 - aplicar dose de sôro suficiente para neutralizar a ação da peçonha 
 - aplicar de uma só vez toda a dose de sôro, pois a serpente também inocula todo o 
veneno de uma só vez 
 - as doses são iguais, independentes do tamanho ou peso do animal 
 - nunca injetar o sôro no local da picada 
 
 
d) impedir o choque: a dor é um fator significativo no início do choque e na longevidade do 
animal não tratado. Porque a morfina é excessivamente depressiva para o mecanismo 
respiratório, a Meperidina parece ser a droga de escolha para o controle de dor na picada de 
cobra. A dosagem deve ser de 2mg/kg/pv e administrada de acordo com a necessidade de 
alivio da dor. 
 
 18 
e) Impedir a infecção: porque as bocas das cobras são frequentemente contaminadas com 
patógenos, a pele na área da picada não é limpa e a destruição tecidual com extravasamento 
de sangue aumenta a atividade bacteriana, a administração de um antibiótico de amplo 
espectro é obrigatória. 
 
f) tratamento auxiliar: 
 
 - Os corticosteróides devem ser fornecidos durante a fase aguda desta condição. Embora não 
salvem a vida, aumentam significativamente a longevidade, e podem portanto possibilitar que 
outros medicamentos exerçam seus efeitos. Eles diminuem a dor, melhoram a sensação de 
bem-estar, promovem a redistribuição do edema. 
 - A solução de Lactato de Ringer ou sangue podem ser indicados para sustentar o volume de 
fluido e níveis de eletrólitos. 
 - O gluconato de Cálcio tem sido sugerido para combater a hemólise e contração muscular 
 - A antitoxina tetânica também é indicada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 19 
 
 
 
 
 
 
 
III - ENVENENAMENTO POR PICADA DE 
 
ABELHAS, VESPAS, VESPÕES E FORMIGAS 
 
 
 
 A ordem Hymenoptera contém os importantes insetos com ferrão - as abelhas, vespas, 
vespões e formigas. Muitas espécies desta ordem são mais perigosas por causa da reação 
agressiva da colônia à perturbação e sua habilidade de infligir um grande número de picadas 
em poucos minutos. 
 O dispositivo de veneno localiza-se na porção terminal do abdômen. Em algumas 
espécies, incluindo a abelha doméstica, o ferrão é farpado e todo dispositivo de veneno é 
arrancado do corpo do inseto e deixado na vítima. O veneno dentro desta ordem varia entre as 
espécies, mas inclui caracteristicamente compostos proteináceos com Histamina, 
Hialuronidade e Compostos Hemolisantes. 
 Os ferrões destes insetos provocam inflamação local dolorosa. A intensidade da reação 
pode ser aumentada por ferrões múltiplos, a tal ponto que o choque se torna um importante 
problema clinico. Se a vítima esteve anteriormente exposta ao veneno e foi hipersensibilizada, 
a anafilaxia pode ser resultante de apenas um ferrão. 
 A primeira consideração no tratamento clinico é a possibilidade de anafilaxia ou 
choque em razão de ferrões múltiplos. A região da picada pode ser muito importante; a asfixia 
pode ocorrer em decorrência do inchamento da área bucal ou faríngea. Se necessário, 1 a 5 
ml de uma solução aquosa de epinefrina 1:10.000, deve ser injetada subcutâneamente em cães 
e gatos, como também corticosteróides e anti-histaminicos (os anti-histaminicos são de pouco 
valor em ferrões da formiga-do-fogo). 
 O clinico deve permanecer alerta ao fato de que, em alguns casos, a anafilaxia pode ser 
retardada. O oxigênio pode ser necessário se a dispnéia estiver evidente. A dor e o 
inchamento de reações locais podem ser reduzidos com a aplicação de bolsas de gelo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 20 
 
 
 
 
 
 
 
IV - ENVENENAMENTO POR PICADA DE ARANHAS 
 
 
 
Ordem: Araneida 
Classe; Aracnida 
Ramo; Artropoda 
Sub-Ordens: Orthognata 
 Labidognata 
 
 
4.1) ORTHOGNATA: são as caranguejeiras. Aranhas de grandes proporções, em geral 
inofensivas, caracterizando-se por movimentarem suas quelíceras em sentido vertical, quase 
paralelas. No RS as mais comuns são as do gênero Grammostola , que vivem 
preferencialmente em regiões pedrosas, alimentando-se preferencialmente de insetos, cobras, 
ratos, etc. Devido a seus hábitos alimentares, estes animais são úteis ao homem, atacando 
espécies indesejáveis e auxiliando na manutenção do equilíbrio ecológico. 
 
4.2) LABIDOGHNATHA : são as aranhas que possuem quelíceras na posição transversal em 
relação ao eixo longitudinal do corpo. Nesta sub-ordem situam-se as aranhas brasileiras mais 
perigosas, pertencentes aos Gêneros Phoneutria , Loxosceles, Lycosa e Latrodectus. 
 
 
 4.2.1 - PHONEUTRIA : aranha de comportamento bastante agressivo, podendo dar 
saltos de até 30 cm . Possuem hábitos noturnos, permanecendo durante o dia escondidas em 
lugares úmidos e escuros, como pilhas de madeira, tijolos, entre folhas de bananeira, copo-de-
leite, etc. É conhecida como Armadeira. Possuem o ventre preto na fêmea e alaranjado no 
macho. As fêmeas são maiores que os machos, podendo atingir até 9 cm ( sendo 5 cm o 
comprimento do corpo ). A peçonha é NEUROTÓXICA. 
 
 
 4.2.2 - LOXOSCELES : conhecida por Aranha Marrom. Caracteriza-se por 
apresentar o corpo com aproximadamente 1 cm de comprimento nas fêmeas, e com patas 
longas e finas ( nos machos o corpo é menor ). Em ambos os casos o corpo é pouco piloso. 
Constróem teias irregulares, semelhantes a fios de algodão frouxamente emaranhados. São de 
hábitos noturnos, sendo encontradas sob pedras, telhas ou tijolos. Não possuem 
comportamento agressivo, ocorrendo acidentes principalmente quando o animal é espremido 
contra o corpo, dentro de roupas ou sapatos. Os acidentes são quase sempre graves devido a 
peçonha ser muito ativa. A peçonha possui ação PROTEOLÍTICA E HEMOLÍTICA. 
 
 4.2.3 - LYCOSA : conhecida pelos nomes vulgares de Aranha de Jardim ou 
Tarântula. É uma das aranhas mais comuns no RS. A cor é geralmente marrom nas fêmeas e 
cinza nos machos , ambos com uma mancha triangular preta sobreo abdômen O ventre é 
 21 
negro e as quelíceras de cor avermelhada. As fêmeas atingem 5 cm de comprimento total, 
sendo 3 cm o comprimento do corpo. Os machos podem ser maiores que as fêmeas. A 
peçonha possui ação PROTEOLÍTICA. 
 
 
 
 4.2.4 - LATRODECTUS : conhecida por Viúva Negra. Esta pequena aranha mede 
aproximadamente 1 cm de corpo nas fêmeas, e alguns milímetros nos machos. O abdômen é 
globoso, de coloração preta, com desenhos vermelhos. Constroem teias fortes, e irregulares 
sob pequenos arbustos. Não são agressivas. Os acidentes ocorrem geralmente quando são 
espremidas contra o corpo. 
A peçonha é de ação Neurotóxica 
 
 
4.3 - SINTOMATOLOGIA 
 
 4.3.1 - NEUROTÓXICA - 
 - dor local ( forte ou fraca ), de curta duração 
 - espasmos musculares 
 - dor abdominal e vômitos 
 - salivação excessiva e sudorese 
 - convulsões tônico-clônicas 
 - paralisia flácida 
 - hipotermia 
 - hipertensão arterial 
 * risco de vida nas primeiras 24 horas por coma e colapso periférico 
 
 4.3.2 - PROTEOLÍTICA OU DERMO-NECROSANTE: 
 - dor local de longa duração 
 - prurido, edema e formação de bolhas 
 - a isquemia local provoca necrose, que em 7-14 dias determinam ulcerações, e 
 moram até 8 semanas para cicatrizar. 
 
 4.3.3 - HEMOLÍTICA: 
 - hemólise 
 - anemia hemolítica 
 - hemoglobinúria 
 - insuficiência renal aguda 
 
 
 
 
4.4 - TRATAMENTO 
 
 Tipo De Sôro: 
 
 - SÔRO ANTIARACNÍDICO POLIVALENTE - válido para acidentes com 
escorpiões do Gênero Tytius e Aranhas dos Gêneros Phoneutria, Loxosceles, Lycosa e 
Latrodectus. 
 22 
- SÔRO ANTILOXOSCÉLICO - neutraliza peçonhas de aranhas do Gênero 
Loxosceles. 
 
 
 
 
 
 4.4.1 - NEUROTÓXICAS : é recomendado o uso dos seguintes medicamentos 
 
 - Corticosteróides : diminuem a dor, melhoram a sensação de bem estar e auxiliam na 
redistribuição do edema; 
 - fluidos intravenosos; 
 - antibióticos profiláticos; 
- Gluconato de cálcio : combate os espasmos musculares, auxilia no combate à hemólise e à 
dor; 
 - atropina : combate a secreção excessiva 
 
 
 
 4.4.2 - PROTEOLÍTICA E HEMOLÍTICA : 
 
 - retirar o tecido afetado para evitar que o processo necrosante se extenda para as áreas 
circunvizinhas; 
 - corticosteróides 
 - antibióticos profiláticos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 23 
 
 
 
 
 
V - ENVENENAMENTO POR PICADAS DE ESCORPIÃO 
 
5.1 Conceito 
 
 Existem vários gêneros de escorpiões no Brasil, porém aqueles responsáveis pela 
maioria dos acidentes no RS são os do gênero Tytius. O último segmento da cauda altamente 
móvel destes artrópodes de oito patas contém um dispositivo de ferrão curvo e oco através do 
qual o veneno é injetado. 
 As picadas de escorpião não são raras em seres humanos e realmente produzem 
fatalidades; contudo, a incidência de picadas em animais domésticos não é conhecida. A 
dificuldade no reconhecimento da condição pode ser responsável pela relativa baixa 
incidência registrada em Medicina Veterinária. 
 As picadas de escorpião geralmente produzem uma dor imediata mais aguda que as 
aranhas. A picada é única, sangra pouco ou nada, e pode ser muito difícil de se diferenciar das 
picadas de insetos nos estágios iniciais. 
 Geralmente, o primeiro sinal de envenenamento é intensa dor local associada com 
eritema e edema. Embora as picadas da maioria das espécies causem apenas reações locais 
que diminuem após algumas horas,as variedades mais tóxicas podem causar efeitos 
neurotóxicos sistêmicos, com hipotermia, hipertensão arterial, vômitos, náuseas e sudorese. 
 Os sintomas parassimpaticomiméticos incluem salivação excessiva, fasciculações 
musculares e fraqueza. A fraqueza generalizada e a paralisia podem levar à dificuldade 
respiratória. 
 Nas primeiras 24 horas há risco de vida com morte por colapso periférico, precedido 
de coma. 
 Se o tempo decorrido for pequeno, a gravidade da reação local e a expansão da toxina 
podem ser parcialmente impedidas pela pronta aplicação de envoltórios frios ( sem 
congelamento do tecido ) durante até duas horas. A atropina pode ser utilizada para bloquear 
os efeitos parasssimpaticomiméticos; e os corticosteróides podem diminuir o choque e o 
edema. Os derivados da morfina devem ser administrados cuidadosamente em razão do risco 
de edema pulmonar. 
 
 
 
 
5.2 - TIPO DE SÔRO: 
 
- Sôro antiaracnídico polivalente: válido para acidentes com escorpiões do gênero Tytius e 
aranhas dos gêneros Phoneutria, Loxosceles, Lycosa e Latrodectus. 
 
- Sôro anti-escorpiônico: válido para acidentes com escorpiões do gênero Tytius. 
 
5.3 - DOSE; 
- Casos Benignos: a soroterapia é dispensável 
 
 24 
- Casos graves: no mínimo quatro ampolas de sôro antiescorpiônico ou anti-aracnídico 
polivalente por via sub-cutânea. Em certos casos as doses podem ser aumentadas, inclusive 
por via endovenosa. 
 
 
 
 
 
 
VI - TOXICOLOGIA DA ESTRICNINA 
 
 
 
6.1 – INTRODUÇÃO 
 
 
 É um alcalóide derivado da semente da planta Stricnus nux vomica ( árvore 
nativa da Índia ), estimulante do Sistema Nervoso Central e Periférico, agindo principalmente 
a nível de medula espinhal e cérebro, tendo como alvo os neurônios. Causam um aumento do 
limiar de excitabilidade nervosa ( pois inibem o mediador inibitório nos neurônios ), 
provocando as convulsões. 
 Ainda é utilizado como principio ativo de alguns compostos raticidas, porém não é 
mais utilizado com fins terapêuticos como purgantes, pílulas laxantes e tônicos. Pode ser 
ingerido pelos animais domésticos acidentalmente ou criminosamente. Os ruminantes são 
mais resistentes às intoxicações por estricnina, pois a flora ruminal destrói parte do princípio 
ativo ingerido, impedindo sua absorção. 
 Em medicina humana podem ocorrer intoxicações acidentais, criminosas ou por 
suicídio. Foram extinguidos do mercado as formulações a base de estricnina ( associadas a 
complexos vitamínicos ) usados nos tratamentos de paralisias. 
 
 
6.2 – TOXICIDADE 
 
 
 A dose letal 50% ( DL50 ) da estricnina é extremamente baixa. Apresenta uma rápida 
absorção pelo tubo digestivo e locais de injeção parenteral. Após a absorção cerca de 80 % da 
mesma é rapidamente oxidada no fígado, e o remanescente é excretado pela urina, sendo que 
esta excreção começa poucos minutos após a administração oral e está praticamente 
terminada em 10 horas, embora se possa encontrar traços durante vários dias. Na sua 
biotransformação microssomal tem-se a formação de derivados hidroxilados. É considerada a 
droga padrão do grupo dos neuroestimulantes que atuam principalmente ao nível de medula 
espinhal. 
 A DL50 oral para caninos adultos é de 0,75 mg/kg/pv . Para ruminantes a DL50 é de 
0,3 a 1,0 mg/kg/pv. As aves são mais resistentes à intoxicação em relação as demais espécies: 
DL50 2 mg/kg/pv. 
 
Para um homem adulto, a dose fatal é de 15 a 30 mg. 
 
 
6.3 – QUADRO CLÍNICO 
 25 
 
 Os sintomas aparecem alguns de 15 a 60 minutos após a ingestão, e dependem da dose 
ou quantidade de princípio ativo ingerido. O quadro clínico é determinado por: 
- nervosismo e intranqüilidade 
- ptialismo 
- midríase 
- membros tensos, rígidos e simétricos 
-coluna vertebral dorso-arqueada 
- hipercausia 
- retração dos lábios 
- crises tetaniformes ao mais leve estímulo sensorial 
- opstótono 
- parada respiratória súbita 
- paralisia do diafragma, anoxia, anoxemia, colapso e morte. 
O acesso convulsivo dura de 1 a 2 minutos, sendo o primeiro raramente mortal. O 
segundo é mais violento e prolongado. A morte ocorre no terceiro acesso ou no período de 
calma, motivada por uma paralisia bulbar , primariamente devida à hipóxia resultante dos 
períodos de respiração dificultada. 
 Podem ocorrer casos, quando a dose de estricnina não é excessiva, que os fenômenos 
indicados diminuem de intensidade e cessam mas, mesmo assim, durante vários dias o 
paciente acusa uma sensibilidade extrema aos ruídos e com facilidade contrai e tetaniza os 
músculos. 
 
 
 Quanto maior a quantidade de princípio ativo ingerido, maior será a rapidez do 
surgimento dos sintomas, assim como sua intensidade. Nestes casos é comum o 
paciente não apresentar a maioria dos sintomas acima mencionados. Surge apenas um 
quadro convulsivo agudo tetaniforme seguido de óbito. 
 
 Em pacientes humanos a principal manifestação da intoxicação aguda são as 
convulsões.. Após a ingestão, a estricnina e compostos relacionados ( tais como ácido N-
oxistrínico e brucina ) , causam inicialmente uma intensificação dos reflexos profundos, 
enrijecimento dos joelhos, especialmente evidenciado no ato de subir ou descer escadas; 
espasmos em extensão isolados então comprometem os braços e as pernas. À medida que a 
intoxicação progride os espasmos aumentam de intensidade e freqüência, até o paciente ficar 
em opstótono quase contínuo. Qualquer som ou movimento induz um espasmo. A morte é 
devido a uma insuficiência respiratória. 
 
 
 
6.4 – DIAGNÓSTICO 
 
 Além do quadro clínico característico, na necropsia se observa o rigor mortis que 
aparece quase que imediatamente após o óbito. Surgem petéquias e cianose associada a morte 
por anoxia. 
 O quadro clínico é semelhante unicamente com os envenenamentos por Fluoracetato 
de Sódio ( ou Composto 1080 ), principio ativo de algumas iscas raticidas. 
 O diagnóstico laboratorial pode ser realizado através de provas biológicas e químicas: 
 
 
 26 
 Prova biológica em camundongos: 
 
- coletar conteúdo estomacal 
- adicionar 10 ml de água destilada 
- homogeneizar 
- colocar em banho-maria ( 37ª C ) por 15 minutos 
- filtrar em papel filtro 
- injetar 1 ml do filtrado por via intra-peritonial em camundongos 
 
Resultado positivo : em 5 minutos o camundongo exibe os sintomas 
 Em 7 minutos a cobaia morre 
 
* Prova biológica em rãs: 
 
A inoculação de urina do paciente suspeito em sacos dorsais de rãs, provoca um quadro 
neurológico convulsivo seguido de morte , confirmando a presença na amostra de veneno do 
tipo estricniniforme. 
 
O diagnóstico certeza só pode ser realizado através do isolamento do princípio ativo. 
 
 
 
 
 
PROVA LABORATORIAL PARA ESTRICNINA 
 
 
 
AMOSTRAS : sôro sanguíneo, urina , fígado, rins e conteúdo estomacal 
 
MÉTODO DE STAS-OTTO : 
 
PARA PREPARAÇÃO DA AMOSTRA NO CASO DE VÍSCERAS : 
 
I ) SEPARAÇÃO 
 1 – PERCOLAÇÃO 
- reduzir a amostra a pequenos fragmentos ( moer ou triturar ) e em seguida transferir 
para uma cápsula de porcelana; 
- juntar álcool a 80% ( o dobro do volume da amostra ); 
 
 se a amostra já estiver iniciando uma putrefação adicionar algumas gotas de ácido 
tártarico até 10% , controlando o pH da amostra através de fitas especiais para medição de 
pH ( a amostra deve permanecer até reação fracamente ácida – pH 6,0 ) ; 
 o ácido tartárico solubiliza os compostos responsáveis pela putrefação ( putricina e 
cadaverina ) 
 
- aquecer em banho-maria ( 60-70º C ) por 30 minutos 
- resfriar a cápsula de porcelana em banho-maria com água fria; 
- transferir o percolato da cápsula de porcelana para um becker, utilizando um papel 
filtro umedecido em álcool 
 27 
 
 2 – PURIFICAÇÃO 
- evaporar o filtrado obtido em banho-maria, à baixa temperatura, até consistência 
xaroposa; 
- tratar o resíduo com pequeno volume de água destilada, e em seguida filtrar; 
- juntar nova porção de álcool absoluto; 
- separar o insolúvel por filtração em papel filtro previamente umedecido com álcool 
 
 repetir as operações acima tantas vezes quanto forem necessárias para obtenção de um 
filtrado claro, isento de gordura ou outros interferentes. 
 
- evaporar em banho-maria até eliminação completa do álcool, formando-se assim, o 
resíduo. 
 
TÉCNICA PARA IDENTIFICAÇÃO DE ESTRICNINA A PARTIR DO RESÍDUO : 
 
 
- juntar ao resíduo 1 ml de HCl concentrado e homogeneizar ; 
- transferir a mistura para um tubo de ensaio; 
- adicionar alguns grânulos de Zn ( provoca a liberação de Hidrogênio nascente ); 
- aquecer ligeiramente em banho-maria 
- resfriar em seguida em água corrente 
- adicionar Nitrito de Sódio PA ( quantidade mínima ) 
 
 
* INTERPRETAÇÃO : O hidrogênio nascente na presença de estricnina origina 
TETRAHIDRO ESTRICNINA , um azocomposto de Coloração Vermelha. Se adicionar à 
mistura mais um pouco de Zinco granulado , a coloração se intensifica. 
 
 
6.5 – TRATAMENTO 
 
 No tratamento das intoxicações pela estricnina a assistência adequada às condições 
respiratórias é uma das medidas fundamentais. O combate às convulsões é outra medida de 
grande importância. Recomenda-se o emprego de barbitúricos de ação rápida, por via 
endovenosa ; a manutenção da permeabilidade das vias respiratórias, oxigenioterapia e 
entubação endo-traqueal quando necessário. 
 Após controlado os acessos convulsivos, promover a lavagem gástrica com solução de 
permanganato de potássio a 0,02%, podendo também empregar o carvão ativado. 
 
 Para pequenos animais esta indicado o uso de compostos barbitúricos ( Nembutal, 
Thionembutal ou Pentobarbital ) , por via endovenosa, na dose anestésica ( aplicar 50% da 
dose rapidamente e o restante lentamente até o completo relaxamento do animal ). Também é 
preconizado o uso de Sedazepan ( NC- Valium ). 
 
 Em bovinos administrar Xilazinas nas seguintes doses: 
- terneiros : 1 ml 
- bovinos até 400 kg = 2 ml 
- bovinos com mais 400 kg : 2,5 a 3 ml 
 
 28 
Para eqüinos pode ser utilizado a Ditomidina ( NC: Domosedan ) na dose de 1 ml/100 
kg/pv via endovenosa ; ou Romifidina ( NC: Sedivet ) na mesma dosagem + 
Thionembutal na dose de 26 mg/kg/pv via endovenosa. 
 
 aplicar lentamente por via endovenosa, cessando a indução tão logo se observe o 
relaxamento do animal. 
 
 
NOTA: existem situações em que o médico veterinário não consegue administrar a 
medicação por via endovenosa, o que pode por em risco a vida do paciente. Nestes casos é 
possível utilizar-se na via intrapulmonar descrita a seguir: 
 
 
 
 
 
TÉCNICA PARA INDUÇÃO INTRA-PULMONAR DE BARBITÚRICOS EM 
PEQUENOS ANIMAIS: 
 
 
 “ Injetar metade da dose anestésica do barbitúrico, perpendicularmente no ponto médio da 
linha dos ancôneos, com o paciente deitado com o lado direito voltado para cima “. 
 
- Vantagens : - rapidez 
-reduz a dose em 50% por agir primeiramente a nível cerebral, para depois 
ser metabolizado no fígado. 
- Desvantagem : risco de uma pneumonite química 
 
 
 
 Tratamento em humanos 
 
 No tratamento das intoxicações pela estricnina a assistência adequada às condições 
respiratórias é uma das medidas fundamentais ( aplicar respiração artificial através da 
oxigenioterapia ; manter a permeabilidade das vias respiratórias e se necessário fazer 
entubação endo-traqueal ) 
 O combate às convulsõesé outra medida de grande importância. Recomenda-se o 
emprego de barbitúricos de ação rápida, por via endovenosa, assim como a administração de 
succinilcolina ou diazepam ( para controle das convulsões ). 
 Após controlado os acessos convulsivos, promover a lavagem gástrica com solução de 
permanganato de potássio a 0,02%, podendo também empregar o carvão ativado. O uso de 
laxantes alcalinos é sempre recomendado. 
 
 
 Se os sintomas tiverem começado, evitar qualquer manipulação tais como lavagem 
gástrica ou eméticos. Manter repouso absoluto e ausência de estímulos 
 Nunca tentar provocar o vômito em pacientes com risco iminente de convulsões. 
 
Prognóstico 
 Se o paciente viver 24 horas a recuperação é provável. 
 29 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VII -FLUORACETATO DE SÓDIO ( COMPOSTO 1080 ) E FLUORACETAMIDA 
 
 
 
 
7.1 - Introdução : são compostos químicos derivados fluorados do ácido acético, 
usualmente apresentados como sais sódicos. Se apresentam como agentes incolores, inodoros, 
insípidos e solúveis na água. 
 É usado no controle de roedores e predadores. Devido a sua extrema toxicidade para 
uma série de animais domésticos e de vida selvagem, somente é acessível a exterminadores 
licenciados em quantidades limitadas. 
 
 
 O 
 
 
 FCH2 __ C __ ONa Estrutura química do monofluoracetato de sódio 
 
 
7.2 -Fontes de Intoxicação: 
- o fluoracetato pode ser importado e usado ilegalmente em algumas regiões, gerando 
toxicoses; 
- exposição acidental pode ocorrer quando iscas ou cadáveres de animais envenenados não 
são tratados ou destruídos adequadamente; 
- toxicose secundária pode ocorrer em carnívoros altamente susceptíveis que consomem 
roedores envenenados. 
 
7.3 - Toxicidade: 
 São compostos altamente tóxicos para todos os animais, incluindo o homem. 
 A dose letal para cães e gatos é de 0,05-1,0 mg/kg. Há uma estreita margem entre a 
toxicose e a morte, e poucos animais sobrevivem ao envenenamento. A toxicidade para a 
maioria dos mamíferos domésticos ( animais de criação ) é menor do que 1 mg/kg/pv. 
 Ratos e camundongos morrem com doses entre 5-8 mg/kg , enquanto as aves mostram 
ser as espécies mais resistentes ( até 10mg/kg). 
 
7.4 -Toxicocinética: 
 São rapidamente absorvidos pelo trato gastro intestinal. São biotransformados até 
ácido monofluoracético por hidrólise. 
 
7.5 -Mecanismo de Ação: 
 30 
 Fluoracetato e fluoracetamida substituem a Acetil Coenzima A no metabolismo 
intermediário, e se combinam com o oxaloacetato formando fluorcitrato. 
 O fluorcitrato inibe a enzima aconitase no ciclo de Krebs, bloqueando a continuação 
do Ciclo. 
 O Ciclo de Krebs é responsável pelo fornecimento de substratos ( ATP, NADH, 
FADH ) para a Cadeia respiratória. 
 Ocorre acúmulo de ácido cítrico, bloqueando a produção e energia celular e a 
respiração. O coração e o cérebro são afetados em primeiro lugar e mais severamente pelo 
déficit energético. 
 Os efeitos produzidos se mostram principalmente por 2 mecanismos gerais: 
 
 superestimulação do SNC, que resulta em morte por convulsões; é a principal reação em 
cães. 
 alteração da função cardíaca, que resulta em depressão do miocardio, arritmias cardíacas, 
fibrilação ventricular e colapso circulatório. Ocorre com mais freqüência no cavalo, 
ovelha, cabra e galinha. 
Os suínos e felinos parecem ser afetados por ambos mecanismos. 
 
 
 
MECANISMO DE AÇÃO DO FLUORACETATO DE SÓDIO ( COMPOSTO 1080 ) 
 
 
Fase O1 - Por via lipolítica há formação de Acetil CoA 
 Por via glicolítica há formação de Piruvato 
 
 
Fase 02 - Piruvato Acetil CoA 
 (piruvato desidrogenase +CoA + NAD ) 
 
 
 
 esquema representativo do Ciclo de Krebs: 
 
 
 
 Acetil CoA + 
 
 Citrato 
 Oxaloacetato 
 
 
 Malato 
 
 Isocitrato 
 Fumarato 
 
 
 
 Succinato Alfa-ceto glutarato 
 
 31 
 
 
 
 
 
7.6 -Sintomatologia: 
 
 Os sinais clínicos surgem entre ½ a 2 horas após a ingestão, dependendo da quantidade 
ingerida ou da via de contaminação. Normalmente a morte sobrevém num período de 2 a 12 
horas após a ingestão de uma dose tóxica. As intoxicações mostram sempre um quadro clinico 
agudo ou superagudo. 
 
 Cães e Suínos : os sinais iniciais incluem intranqüilidade, hiperirritabilidade e vômito. 
Os sinais avançados mostram defecação e micção repetitiva, tenesmo e vômito contínuo. 
Desenvolvem-se dispnéia e espumação na boca e no focinho. O cão apresenta corridas 
frenéticas, histeria e latidos. Há sinais de dor intensa. Ocorrem convulsões tônico-
clônicas intermitentes. 
 Gatos: apresentam vocalização anormal, hiperexcitabilidade , convulsões tônico-clônicas 
ou tetaniformes e arritmias cardíacas. 
 Eqüinos e Ruminantes: depressão marcante, fraqueza ou prostração, pulso 2 a 3 vezes 
inferior ao normal. Parada Cardíaca acompanhada de morte súbita. 
 
Os achados de necrópsia mais comuns são: estômago vazio, congestão dos órgãos, 
cianose, início rápido da rigidez ( rigor mortis ), hemorragia subepicárdica e um coração 
que parou em diástole ( pálido e flácido ). 
 
7.7 - Diagnóstico Laboratorial: 
 
* Análises bioquímicas geralmente revelam hiperglicemia e acidose 
 Os níveis de citrato estão elevados no sangue ou tecido renal; 
 A análise das iscas suspeitas, o conteúdo gástrico ou o vômito podem revelar resíduos. 
Resíduos são difíceis de detectar, e improváveis nos tecidos. 
 
7.8 - Tratamento e prognóstico: 
 
1) Tratamento de detoxificação: a emese ou a lavagem gástrica podem ser empregados se o 
animal ainda não vomitou e não apresenta estado convulsivo; o uso de carvão ativado ( 
0,5 g/kg) só será útil se usado imediatamente após a ingestão do veneno. 
2) Tratamento de Apoio: 
- os barbitúricos de curta ação podem ser usados para controlar as convulsões. Seu uso é 
discutido, pois acredita-se que em alguns casos ele potencialize a ação do Fluoracetato de 
Sódio. Por este motivo, aconselha-se seu uso até o efeito, para evitar depressão 
respiratória. 
- Promover respiração mecânica ou oxigenioterapia 
- Monitorar e tratar as arritmias cardíacas. 
- Não utilizar soroterapia a base de Cloreto de cálcio ou Cloreto de potássio, pois estas 
potencializam a ação do veneno. 
 
3) Tratamento Antidótico: 
 32 
- Monoacetato de Glicerol ( 0,55 mg/kg ) por via IM a cada hora até alcançar uma dosagem 
de 2-4 g/kg. É usado como antagonista competitivo do fluoracetato 
- Etanol(50%) + Ácido acético a 5% : 8 ml/kg de cada administrado por via oral, suprem o 
acetato para reduzir a conversão de fluoracetato a fluorcitrato. 
 
 
 
 
 
VIII - TOXICOLOGIA DO CROMO 
 
 
8.1 - INTRODUÇÃO 
 
 O cromo é usado na síntese química, produção de aço, eletrorevestimento,curtimento de 
couros e como antiferruginoso para radiadores. O ácido crômico e os cromatos podem 
produzir intoxicações acidentais agudas por via digestiva. A inalação de pós produz 
intoxicações profissionais. 
 
 
8.2 - SINTOMAS E LESÕES 
 
 8.2.1.Intoxicação aguda ( por ingestão ) 
 
 Sua ingestão determina um quadro agudo gastro-intestinal, com vômitos amarelos ou 
hemorrágicos. Surgem diarréias abundantes, semelhantes a da intoxicação por mercúrio. A 
violência das manifestações pode determinar colapso e choque. Se o paciente ultrapassar esta 
fase inicial, sobrevem anúria por lesão renal, que afeta os túbulos proximais mas pode 
generalizar-se por todo o nefron. A morte ocorre por uremia. 
 É possível observar-se dano hepático com necroses centrolobulares e diminuição do tempo 
de protrombina. Outra causa de morte são as lesões a nível de SNC, causando convulsões e 
coma terminal. 
 
 
8.2.2 - Intoxicação crônica ( por inalação ou contato com a pele ) 
 
 A inalação ou contato freqüente com pós de cromo determina uma irritação de mucosas 
com rinofaringite e bronquite. Uma lesão característica e importante para o diagnóstico é a 
ulceração do tabique nasal, que chega à perfuração e necrose. Pode ocorrer seqüestro dos 
ossos vizinhos e fistulações que se prolongam por anos podendo levar a morte por 
contaminação. Na pele surgem dermatites eczematosa com edema e ulcerações, com 
cicatrização bastante demorada. As “ulceras de cromo “tem aspecto característico e são 
denominadas “ninhos de pomba “ por apresentarem-se arredondadas, profundas e com o 
fundo necrótico, embora mostrem-se indolores. É comum o surgimento dessas ulcerações em 
operários que manipulam constantemente com estes sais. As lesões podem surgir no dorso das 
mãos, dedos, antebraço, rosto e pernas. 
 Uma afecção vinculada à inalação de pós de cromo, é o câncer bronquial, presente em uma 
proporção elevada entre as pessoas que manipulam com o cromo ( 15-60 vezes mais do que a 
população não exposta ). 
 
 33 
 
8.3 - TRATAMENTO 
 
A) Intoxicação aguda: 
 - remover o cromato ingerido por lavagem gástrica, eméticos e laxantes. 
 - aplicar como antídoto o Dimercaprol ( BAL ) por via parenteral 
 
 * Efeitos do Dimercaprol : é um quelante recomendado para a maioria das intoxicações 
por metais pesados. O medicamento estimula o SNC e contrai as arteríolas musculares, 
inibindo possivelmente o sistema da citocromo oxidase celular. 
 
 * Tratamento com Dimercaprol: - a utilização imediata é importante. Deverá ser 
administrado nas primeiras 4 horas após a intoxicação para se obter o resultado máximo. 
Dimercaprol é disponível no mercado em soluções oleosas a 10% para uso IM. Cada ampola 
contém 5 ml ou 500 mg. Administrar 3-4 mg/kg/pv cada 4 horas nos primeiros dois dias e 
depois cada 12 horas em um total de 10 dias. 
 
B) Intoxicação crônica: 
 
 - tratar a dermatite exudativa com compressas úmidas de Acetado de Alumínio a 1%. As 
ulceras podem ser tratadas com soluções de Hiposulfito de Sódio a 5% ( acredita-se que o 
composto neutralize o cromo depositado no tecido subcutâneo ). 
 
 
8.4 - PROGNÓSTICO 
 
 Na intoxicação aguda, a rápida progressão para anúria é indicativa de mau prognóstico. 
Dermatite e lesão hepática podem evoluir para melhora clinica se o paciente for removido do 
local contaminado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 34 
 
 
 
 
 
 
 
IX - TOXICOLOGIA DO MERCÚRIO 
 
 
 
 
9.1 – INTRODUÇÃO : 
 
 os envenenamentos criminais com compostos de mercúrio não são freqüentes, pois estes 
compostos apresentam um sabor fortemente metálico e desagradável ; porém , o cloreto de 
mercúrio ( sublimado corrosivo ) , o cianeto de mercúrio e o oxicianeto de mercúrio são 
freqüentemente empregados pelos suicidas. 
 Por outro lado ,devido a sua volatilidade, altas concentrações de mercúrio podem ser 
encontradas em ambientes de trabalho onde se localiza o referido metal, e o risco de 
mercurialismo em tais trabalhadores se constitui num sério problema de saúde ocupacional. 
Muitas vezes determinados laboratórios químicos, físicos e até mesmo odontológicos chegam 
a apresentar concentrações no ar que excedem o limite permitido. 
 O cirurgião dentista, além de sofrer uma contaminação comum a toda a população, ao 
exercer sua atividade profissional está sujeito a uma intoxicação ocupacional pelo mercúrio 
sob a forma de vapor, caracterizado por uma elevada toxicidade. Também, nestes 
profissionais, a contaminação das mãos, conseqüente do contato com o mercúrio metálico ou 
amálgama, é uma maneira significativa na introdução do metal no organismo. 
 A biotransformação do mercúrio em pequenas cadeias de alquil-mercúrio, por 
bactérias é a responsável pelos elevados teores do mesmo no meio ambiente, principalmente 
em peixes. Sob ação bacteriana, o mercúrio é convertido em: 
 
a) mercúrio metálico, pouco volátil , e que permanece no sedimento ( solo , lodo ); 
b) dimetil-mercúrio , que abandonando o sedimento é convertido sob a ação dos raios 
ultravioleta , em metano, etano e mercúrio metálico ( que retorna ao solo ) ; 
c) metil-mercúrio , muito tóxico e que se acumula na cadeia alimentar . Esta transformação 
do íon mercúrio em metil-mercúrio se faz por intermédio de processos metabólicos que 
colocam obrigatoriamente em jogo a vitamina B12. 
 
A concentração de metil-mercúrio no sedimento é função da natureza da 
matéria orgânica e do pH ( ótimo 4,5 ). Sua liberação a partir do sedimento 
depende bastante do conteúdo de enxofre. Em presença de elevado teor de 
enxofre, a tendência do metil-mercúrio é ficar retido no sedimento e, em caso 
contrário, será liberado à água sob a forma de cátion metil-mercúrio , que 
será assimilado diretamente pela fauna marinha. Ainda, sob a influência de 
bactérias redutoras, é convertido em mercúrio metálico e metano. 
 
 No homem, o mercúrio orgânico absorvido, ligado a grupamentos sulfidrilas de 
proteínas de peixes, sofre a ação do suco gástrico, liberando metil-mercúrio sob a forma de 
cloreto de metil-mercúrio, que sendo transportado localizar-se-á no tecido gorduroso , 
 35 
células nervosas e cérebro. O metil-mercúrio produz enfermidades neurológicas, com 
ataxia e desartria. 
 
 
 
 
 
9.2 - ABSORÇÃO , DISTRIBUIÇÃO E EXCREÇÃO 
 
 Como conseqüência da exposição a vapores ou a partículas de mercúrio, temos 
principalmente a absorção pela via pulmonar e em menor proporção através da via dérmica. 
Os vapores mercuriais são eficientemente absorvidos através do ar alveolar devido a rápida 
difusão do vapor de mercúrio através da membrana, alcançando a corrente sangüínea, 
podendo ocorrer in situ a sua oxidação a mercúrio inorgânico. Sob condições normais de 
ventilação pulmonar a absorção dos vapores de mercúrio corresponde a cerca de 80% da sua 
concentração total no ambiente. 
 A oxidação do mercúrio presente no sangue ocorre nos eritrócitos e em outros locais 
como o tecido cerebral, em conseqüência de sua passagem através da barreira 
hematoencefálica. 
 Para os compostos orgânicos, após a absorção ocorre sempre uma pequena, porém 
importante, transformação a mercúrio inorgânico. O mercúrio inorgânico é seletivamente 
acumulado no tecido renal e todo o mercúrio depositado no rim está sob a forma inorgânica, 
mesmo que a administração tenha sido de derivados orgânicos. Taxas menores de mercúrio 
são acumuladas no fígado, pulmão, coração, baço, intestino e sistema nervoso central. 
 A diferença das manifestações tóxicas dos compostos orgânicos, quando comparados 
com as produzidas pelos compostos inorgânicos se relacionam, sobretudo, ao maior 
armazenamento dos compostos orgânicos no fígado e cérebro, além do acúmulo de mercúrio 
inorgânico ( biotransformado ) no rim. A maior toxicidade dos compostos orgânicos éexplicada por sua maior absorção e menor excreção. 
 O mercúrio administrado por via oral, sob a forma inorgânica é excretado 
principalmente pelas fezes. A eliminação do mercúrio inalado sob a forma de vapor se dá por 
uma rápida excreção urinária e a sua concentração na urina é função direta de sua 
concentração no ar e da duração da exposição. Parte do mercúrio acumulado no cérebro é 
lentamente excretado, com uma meia-vida biológica que pode exceder um ano. 
 A retenção prolongada do mercúrio nos rins ocorre provavelmente em função de sua 
interação com sistemas enzimáticos sulfidrilados e, também, porque a administração do 
mercúrio induz a síntese desses sistemas nos rins. Em indivíduos não expostos ao mercúrio 
inorgânicos a concentração do metal nos rins, conseqüente da contaminação normal na água, 
alimentos e ar, oscila de 10 a 30 mg/100g. Nas intoxicações por sais inorgânicos, 
concentrações de sais de mercúrio nos rins de 1 a 7 mg/100g têm sido encontradas. 
 O mercúrio é também excretado na saliva, suor, leite e pela extensa área cutânea. 
 
 
9.3 - AÇÃO TÓXICA 
 
 Os compostos de mercúrio, inorgânicos ou orgânicos, apresentam uma afinidade 
bastante acentuada por grupos sulfidrilas de sistemas enzimáticos essenciais, sendo 
geralmente admitido que os efeitos fisiológicos são resultantes de alterações desses 
grupamentos 
 36 
 Os compostos organomercuriais apresentam afinidade para com os grupos tióis 
indispensáveis à atividade da monoamina-oxidase, resultando, como conseqüência, no 
acúmulo de serotonina endógena ( distúrbios neuropsíquicos ) e diminuição na excreção 
urinária do ácido 5-hidroxindolacético. 
 
 
 
 
9.4 - SINAIS E SINTOMAS 
 
 Os sintomas de uma intoxicação mercurial aparecem imediatamente ou poucos 
minutos após a ingestão do tóxico, dependendo do tio de composto. Percebe-se inicialmente 
um sabor metálico extraordinariamente desagradável e uma sensação de queimadura e 
adstringência na garganta, sensação esta que se propaga por todo o tubo digestivo. Depois de 
algum tempo, aparecem vômitos: inicialmente mucosos, depois biliosos ( de cor verde ) e no 
fim sanguinolento. O pulso se debilita e é apenas perceptível. A temperatura cai e há o 
aparecimento de suores frios. Depois de um a dois dias há diminuição da quantidade de urina, 
a qual contém albumina, sangue e cilindros. Freqüentemente, estes sintomas se agravam após 
uma aparente melhora, Há inflamação da língua, lábios e mucosa bucal. Produz-se salivação 
abundante; os vômitos e as evacuações continuam. Em casos de envenenamento agudo, em 
geral a morte sobrevém de 1 a 5 dias. 
 É importante ressaltar que estes sintomas gerais observados na intoxicação aguda por 
compostos inorgânicos de mercúrio, raras vezes são observadas no envenenamento por 
compostos orgânicos. Pelo contrário, há o aparecimento de sintomas neurológicos. Os 
sintomas iniciais incluem tremores ligeiros das mãos quando estendidas, perda da visão 
lateral, ligeira perda de coordenação, especialmente ao executar a prova de tocar o nariz com 
o dedo, com os olhos fechados. A irritabilidade e o mau caráter são freqüentes. Algumas 
vezes o quadro mental evolui até o estado de coma. São fortes irritantes de pele e podem 
produzir flictemas e outras dermatites. 
 Nas exposições acidentais a altas concentrações de vapores de mercúrio, os principais 
sinais envolvem efeitos deletérios, a nível pulmonar com bronquites erosivas e pneumonite 
intersticial. A morte geralmente ocorre por insuficiência respiratória. Os sintomas 
respiratórios podem também ser combinados com outros sinais resultantes da ação do metal 
no sistema nervoso central, como tremores e aumento da excitabilidade. 
 O hidrargirismo ou intoxicação crônica se manifesta por transtornos digestivos ( 
vômitos e diarréias ), transtornos psíquicos ( alteração da personalidade e do caráter, 
ansiedade, perda da capacidade de concentração, depressão, irritabilidade, anorexia, perda de 
peso, insônia etc. ) e aparecimento de tremores, inicialmente dos músculos faciais e que 
depois se estendem aos membros superiores e inferiores. Observam-se ainda transtornos 
renais, e consequentemente, na emissão de urina. 
 Exposições ocupacionais ao mercúrio em concentrações iguais ou superiores a 0,1 
mg/m3 de ar podem produzir o mercurialismo com o aparecimento de tremores musculares e 
alterações do comportamento. 
 O limite biológico de exposição para o mercúrio é caracterizado com o valor de 50 
ug/l de urina. Concentrações de até 10 ug/l constituem o nível normal de mercúrio na urina. 
 A concentração de mercúrio inorgânico no ambiente ( mg/m3 ) está correlacionada 
com a concentração urinária ( ug/l ) na proporção de 1:2 . Neste sentido, o valor de 25 ug/m3 
para o vapor de mercúrio metálico no ar pode ser considerado como sendo o limite tolerável 
em trabalhadores expostos. 
 
 37 
 
9.5 - TRATAMENTO 
 
9.5.1 - MEDIDAS DE URGÊNCIA 
 
a) banho de água e sabão e troca de roupas em caso de absorção dérmica; 
b) provocar os vômitos e fazer lavagem gástrica em caso de ingestão; 
c) administrar substancias laxativas ( sulfato de sódio ou sulfato de magnésio ) 
 
 ANTAGONISTAS : reagem com os metais pesados, formando complexos estáveis 
 
a) Dimercaprol ( 2,3-dimercaptopropanol ) : conhecido como BAL ( British Anti 
Lewisite ) , forma um quelato pouco dissociável com diversos metais. Sua utilização 
imediata é importante, devendo ser administrado nas primeiras 4 horas após a 
intoxicação, para obtenção de um resultado máximo. É disponível em soluções oleosas 
a 10% para uso IM, em ampolas de 5 ml. Administrar 3-4 mg/kg a cada 4 horas nos 2 
primeiros dias e depois a cada 12 horas, num total de 10 dias. Durante seu uso é 
importante manter a urina alcalina, pois o complexo dimercaprol-metal é dissociável 
em meio ácido. 
b) Penicilamina : é bem absorvida no trato gastrointestinal e rapidamente excretada sem 
alterações metabólicas. È administrado por via oral em doses de 25 mg/kg 
diariamente, em doses divididas. 
 
9.5.2 - TERAPIA DE SUPORTE 
 
a) manutenção condições respiratórias e circulatórias 
b) manutenção do equilíbrio hídrico eletrolítico 
c) tratamento sintomático a nível de Sistema Nervoso Central 
 
O uso de drogas analépticas é contra indicado. Quando houver quadro 
convulsivo, administrar barbitúricos ou diazepam de 10 a 30 mg por via 
parenteral. Quando houver edema cerebral administrar um agente osmótico, 
como o Manitol ou um diurético de ação rápida ( furosemida ). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 38 
 
 
 
 
 
 
 
 
X - TOXICOLOGIA DO ARSÊNICO 
 
10.1- Conceito 
 A palavra arsênico origina-se do grego ( Arsenikon ) , e significa poderoso ; sendo 
conhecido desde a mais remota antigüidade, e atribuído a Dioscoride a sua denominação. Foi 
isolado por Albert Magnus em 1925. Suas propriedades tóxicas o converteram em 
instrumento para o crime. Foi clássico o seu emprego na Itália de preparados complexos 
contendo arsênico ( " água Toffana " , " Acquetta de Peruzia " )assegurando-se que tais 
venenos faziam parte das misteriosas fórmulas que fizeram famosas, entre outras, as famílias 
Borgia e Spada. 
 O Arsênico apareceu na França no século XVII recebendo o nome de " Poundes de 
Sucesion ", sendo usado para o extermínio de pessoas com o fim de herdar bens. No século 
XIX James Marsh introduziu um procedimento analítico capaz de revelar o tóxico nas 
vísceras. Por ser parecido com farinha e açúcar, é fácil de confundir; misturando-se com 
vinho, cerveja, pão, etc. e provocando intoxicações coletivas. 
 Atualmente emprega-se como praguicida

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