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DETERMINAÇÃO DA RENDA [1847]

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Anotações do Aluno
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Aula 08 - Determinação da Renda
Nesta aula, prosseguiremos o estudo da Macroeconomia através do 
modelo keynesiano básico. Você conhecerá:
- As Propensões Marginais à Consumir e à Poupar;
- A função Consumo e a função Poupança;
- O Investimento e seus determinantes;
- O multiplicador de gastos da economia;
- A teoria keynesiana básica sobre a demanda de moeda e a taxa de juros.
Introdução Objetivos e Dilemas da Macroeconomia
A Macroeconomia estuda os grandes agregados econômicos: Produto, 
Renda, emprego, inflação, Balanço de Pagamentos, etc. Sua principal 
preocupação é com o curto prazo. Lembre-se de que, em Microeconomia, 
o curto prazo caracteriza-se pela existência de fatores de produção fixos. 
Em Macroeconomia, pressupomos que o estoque agregado de fatores 
de produção – terra, trabalho, capital – e as tecnologias disponíveis, são 
constantes. O que muda é o nível de utilização desses fatores em cada 
conjuntura.
A Macroeconomia tem como preocupação central o crescimento 
econômico e o pleno emprego. Esses objetivos já foram equiparados à 
melhora da qualidade de vida do conjunto da sociedade. Críticas posteriores 
levaram a relativizar essa identificação (nem sempre, crescer com altas 
taxas de emprego melhora a vida de todos), mas tais objetivos continuam 
sendo desejáveis. Melhorar a distribuição de renda da sociedade é outro 
objetivo macroeconômico importante, complementando a lista dos temas 
necessários à melhora efetiva do nível de vida. Preços estáveis – ou seja, 
baixa inflação – acrescenta-se a essa lista.
Há muitas dificuldades e problemas para se chegar a esses objetivos. Um 
deles é formado pelos chamados dilemas macroeconômicos: alguns 
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objetivos são relativamente contraditórios entre si. Por exemplo, políticas 
que1 enfatizam o crescimento econômico podem piorar a distribuição de 
renda; por outro lado, medidas mais distributivas podem reduzir a taxa 
de crescimento. Inflação e desemprego aparecem como outro dilema 
fantasmagórico para os formuladores da política econômica: deve-se 
escolher a “assombração” com que se prefere conviver, pois ambas são 
contraditórias. O estímulo ao crescimento econômico com ampliação do 
emprego embute, muitas vezes, o risco de aceleração da inflação; políticas 
que reduzem esta última costumam causar queda do crescimento e do 
emprego.
O arsenal de medidas macroeconômicas também é complexo e, além dos 
dilemas acima, interfere no funcionamento de diversas outras variáveis. 
As finanças do governo (déficit público) e o Balanço de Pagamentos (as 
transações econômicas e financeiras com o Exterior) são afetados pelas 
medidas adotadas buscando os objetivos assinalados acima. Avaliar todos 
esses impactos é tarefa difícil e sujeita sempre a surpresas empíricas 
(práticas), que geram novas revisões teóricas.
2. O Modelo Keynesiano Simples
Como vimos na aula passada, a Macroeconomia está ligada a Keynes. 
Neste capítulo, examinaremos os principais conceitos elaborados por esse 
grande economista para explicar como a Renda Nacional é determinada.
Vamos ressaltar alguns aspectos metodológicos necessários para 
iniciar o estudo do modelo macroeconômico básico, desenvolvido por 
Keynes. Em primeiro lugar, assinalamos uma diferença importante entre 
a Contabilidade Nacional e a Macroeconomia: a primeira baseia-se em 
dados reais já observados, ao passo que a Macroeconomia trabalha com 
variáveis pretendidas. Quando falamos em Consumo ou Investimento, em 
Contabilidade Nacional, estamos nos referindo a gastos já ocorridos; em 
Macroeconomia, aos gastos que as famílias e empresas pretendem fazer. 
Usamos as expressões latinas “ex post” e “ex ante” para nos referirmos a 
elas: a Contabilidade Nacional afere despesas “ex post” e a Macroeconomia 
estima gastos ”ex ante”.
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O segundo aspecto refere-se às variáveis de que estamos tratando. Você 
deve sempre lembrar-se de que a Macroeconomia trabalha com agregados: 
aqui, a despesa é despesa agregada, isto é, de todos os agentes econômicos 
ao mesmo tempo. A oferta agregada constitui o produto total, o montante 
de bens e serviços produzidos pelo conjunto da economia.
Comecemos por uma visão panorâmica. Keynes, como vimos, preocupava-
se em compreender a situação de desemprego em massa, que perdurou 
por quase toda a década de 1930 nos países mais avançados do capitalismo. 
Ao reformular a teoria neoclássica, ele derrubou dois pilares dessa escola: 
a lei de Say e o princípio da flexibilidade salarial.
Jean-Baptiste Say (1767-1832), economista francês ligado à escola clássica 
(a primeira escola do pensamento econômico moderno), desenvolveu 
uma teoria aceita pela maioria dos economistas até 1930. Em síntese, essa 
teoria – que levou seu nome – dizia que “a oferta cria sua própria demanda”. 
Isso quer dizer que a renda (salários, lucros, juros e aluguéis) gerada no 
processo de produção retorna a esse processo em forma de consumo ou 
investimento, permitindo, assim, escoar toda a produção de bens e serviços 
da economia. A parte da renda não consumida (chamada de poupança) 
seria atraída para os investimentos em bens de capital. A taxa de juros 
equilibraria a poupança e o investimento: se os juros fossem muito baixos, 
haveria excesso de investimento e escassez de poupança, elevando a taxa 
de juros; se esta fosse muito elevada, haveria mais estímulo para a poupança 
e menos para o investimento, levando o excesso de poupança a pressionar 
os juros para baixo. (Dica: perceba a semelhança desse mecanismo com o 
equilíbrio entre oferta e procura de bens em concorrência perfeita, visto na 
Aula 4).
Nessas condições, não havia lógica numa situação de alto desemprego. Os 
economistas influenciados pela lei de Say supunham que o desemprego 
podia ser apenas eventual. O mercado de trabalho também seguia a lei da 
oferta e procura: se houvesse desemprego, seria um sinal de excesso de 
oferta de trabalho frente à demanda dos empresários. No mercado de bens, 
o excesso de oferta em concorrência perfeita ocorre com preços acima do 
equilíbrio (reveja a Aula 4); os economistas acreditavam que essa mesma 
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situação no mercado de trabalho traduzia salários elevados demais. Bastaria 
reduzi-los para ocorrer uma ampliação da demanda de trabalho e acabar 
com o problema.
Keynes demoliu a lei de Say e a hipótese de redução dos salários. No 
primeiro caso, afirmou que o fluxo de renda tem “vazamentos”: uma parte 
dela não retorna para o circuito produtivo. O tamanho desses vazamentos 
é determinante para o funcionamento da economia. O nível de atividade e 
de emprego decorrem da demanda e não da oferta.
A oferta só pode se ampliar no curto prazo se houver capacidade ociosa, 
ou seja, desemprego de fatores de produção. E, nesse caso, só o fará se for 
pressionada pela demanda. A oferta correspondente ao pleno emprego é 
o que chamamos de Produto potencial, aquele nível geral de produção de 
bens e serviços resultante do uso pleno dos fatores de produção disponíveis. 
Essa oferta só se amplia em prazos mais longos, com o crescimento físico 
dos fatores de produção– trabalho, capital ou novas terras – ou, ainda, com 
inovações tecnológicas que aumentem a produtividade. Assim, a variável-
chave para a definição da renda, do produto e do emprego no curto prazo é 
a demanda efetiva. O princípio da demanda efetiva, enunciado por Keynes, 
inverteu a lógica da Lei de Say.
Keynes também discordou da hipótese de redução dos salários nominais (ou 
seja, o valor em moeda corrente pago aos trabalhadores). Acreditava que os 
sindicatos se oporiam fortemente a isso, o que inviabilizava a retomada do 
nível de emprego. Keynes achava mais provável uma redução do salário real 
– o salário dividido pela quantidade de bens produzidos pelo trabalhador. 
Atualmente, os sindicatos dão muita importância também a esse item, 
reivindicando a reposição da inflação nos salários, além de aumentos reais. 
Talvez na época de Keynes isso não fosse tão importante, porque a maior 
preocupação era o desemprego e não a atualização dos salários.
Podemos ver agora que, na ótica keynesiana, a teoria neoclássica 2 era 
incapaz de explicar o que ocorria nos anos 1930. Mesmo que a hipótese 
de redução dos salários nominais fosseplausível – e não era -, não havia 
qualquer certeza de que toda a oferta agregada seria consumida. Havia um 
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problema de insuficiência da demanda efetiva. As propostas de Keynes iam 
no sentido de elevar a demanda agregada, e ele concluiu que os gastos do 
Governo eram a chave para esse aumento.
O raciocínio básico é que o equilíbrio macroeconômico – a igualdade entre 
demanda agregada e oferta agregada – pode ocorrer numa situação de 
desemprego parcial dos fatores de produção. O equilíbrio a pleno emprego 
– a situação mais desejável, e que desde então passou a ser uma das metas 
principais das políticas macroeconômicas – é apenas uma das situações 
possíveis, e nem é a mais provável.
Quando existe desemprego de fatores de produção, aumentos da demanda 
agregada poderão fazer crescer o produto e a renda, elevando a utilização 
dos fatores e reduzindo o desemprego. Isso ocorrerá até que a economia 
atinja a situação de pleno emprego. A partir daí, aumentos na demanda 
não obterão respostas pelo lado físico da oferta, mas apenas dos preços. A 
pressão da demanda contra uma oferta agregada que já atingiu a barreira 
do pleno emprego acarreta tensões que resultam em alta de preços 
(inflação).
O dito acima pode ser expresso no seguinte gráfico:
RNpe é a renda nacional de pleno emprego. Percebemos que, enquanto a 
Oferta Agregada está longe de RNpe, os incrementos da Demanda Agregada 
aumentam a Renda Nacional sem afetar o nível de preços (caso do aumento 
de DA0 para DA1, que faz aumentar a renda de RNo para RN1, sem afetar 
o nível de preços P1). Já na etapa de pleno emprego, os incrementos da 
Demanda Agregada causam apenas aumentos no nível de preços, como 
quando a demanda aumenta de DA2 para DA3, sem poder ultrapassar a 
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barreira de RNpe e fazendo, portanto, crescer o nível de preços de P2 para 
P3.
A seguir, construiremos os principais conceitos desenvolvidos por Keynes na 
formulação de seu modelo, que aqui será apresentado na forma básica. Isso 
significa que adotaremos algumas hipóteses simplificadoras: ignoraremos 
a inflação, suporemos a existência de desemprego e consideraremos a taxa 
de juros fixa. Começaremos analisando o mercado real, isto é, de bens e 
serviços e de fatores de produção. Num segundo momento, integraremos 
o mercado monetário ao modelo.
3. As Variáveis Reais
a) Propensão Marginal a Consumir (PMgC)
Este conceito relaciona-se ao que Keynes denominou a “lei psicológica 
fundamental”: “Os homens estão dispostos, quase sempre e em média, a 
aumentar seu consumo à medida que a sua renda aumenta, mas não pela 
quantia do aumento na sua renda”.
Essa observação nos indica que uma parcela da renda adicional é destinada 
ao consumo, enquanto outra parte é destinada à poupança. Há duas 
conclusões relevantes. A primeira é a PMgC, que expressa exatamente a 
porcentagem do aumento na renda direcionada ao consumo. Em termos 
formais,
A segunda conclusão é que o Consumo Total guarda estreita relação com a 
Renda. Na verdade, há diversos fatores explicativos do consumo, mas sem 
dúvida a renda é o mais importante. Podemos isolá-la dos demais fatores e 
explicitar uma relação funcional, em forma de equação:
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C = Consumo Total
C0 = Consumo autônomo
B = PMgC
Y = Renda pessoal disponível
O consumo autônomo representa aquele consumo mínimo que as famílias 
realizarão, mesmo que não recebam nenhuma renda. Nessa hipótese 
extrema, haverá a queima de poupanças realizadas anteriormente, ou de 
bens patrimoniais acumulados (chamamos a isso, despoupança). Quanto 
à Renda Pessoal Disponível, foi vista na aula anterior: extraímos da Renda 
Nacional (PNLcf) as parcelas não distribuídas às famílias (lucros retidos, etc.) 
e os impostos diretos pagos por estas últimas.
A representação gráfica da função Consumo tem a seguinte forma 
genérica:
Alguns elementos desse gráfico irão nos acompanhar nesta aula. O 
primeiro é a reta de 45. Ela divide a área do gráfico em duas metades iguais. 
Cada ponto dessa reta é eqüidistante dos dois eixos, ou seja, essa reta é o 
lugar geométrico de todos os pontos em que C = Y. Observe que a função 
Consumo do gráfico intercepta essa reta no ponto cujas coordenadas são 
(Y1, C1). Nesse ponto, com a função Consumo acima, toda a renda será 
gasta em consumo. À direita desse ponto, Y > C, ou seja, a renda excede 
o consumo. À esquerda do ponto citado, C > Y, isto é, o consumo excede a 
renda.
Vemos no gráfico que b (na verdade, PMgC) é a inclinação da reta da 
função Consumo, isto é, seu coeficiente angular. Aqui, convém indicar que b 
obedece sempre a seguinte condição: 0 < b < 1. Isto é, a Propensão Marginal 
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a Consumir sempre será positiva e menor que 1. Igualmente, C0 > 0, ou seja, 
existe sempre um consumo autônomo positivo.
b) Propensão Marginal a Poupar (PMgP);
Já definimos poupança como a diferença entre a renda disponível e o 
consumo, isto é, a parcela da renda não gasta em bens e serviços. Da 
mesma forma que o consumo, a poupança também depende da renda. É 
empiricamente constatado que rendas maiores implicam em maior fatia 
de poupança. Rendas mais baixas têm alta PMgC, restando pouco para ser 
poupado.
Definimos a Propensão Marginal a Poupar (PMgP) como a parcela da renda 
adicional dirigida à poupança. Se considerarmos que a renda distribui-se 
entre consumo e poupança, então concluímos que PMgC + PMgP = 1 , ou 
seja, PMgP = 1 – PMgC. 3
A função Poupança também pode ser deduzida da complementaridade 
entre consumo e poupança. Enquanto a função Consumo tem um 
componente autônomo positivo, a função Poupança inicia-se com um 
componente autônomo negativo. Ele é exatamente a despoupança de 
que falamos ao identificar C0. As famílias de renda mais baixa possuem 
poupança negativa, porque tendem a consumir acima da sua renda. PMgP, 
por sua vez, é o coeficiente angular (ou a inclinação) da reta representativa 
da função Poupança. Assim, podemosafirmar que a forma genérica da 
poupança é:
Vamos representar as duas curvas conjuntamente:
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Percebe-se a equivalência entre o consumo autônomo e a despoupança 
(C0 e –C0, respectivamente). Também podemos observar que o intercepto 
entre a função consumo e a reta de 45º equivale ao intercepto da função 
poupança com o eixo horizontal: daí para a direita, a renda supera o 
consumo e a poupança passa a ser positiva.
c) Investimento
Definimos Investimento como ampliação da capacidade física de produção 
de bens e serviços, através do aumento do estoque de bens de capital 
(instalações, construções, máquinas e equipamentos). Também se inclui 
no Investimento a variação nos estoques, como já visto. O enfoque da 
Macroeconomia é diferente daquele da Contabilidade Nacional, porque 
a primeira considera a variação esperada e a variação indesejada nos 
estoques como distintas (o segundo caso é expressão de desequilíbrio 
macroeconômico e origem de queda no Produto e no emprego). Abordagem 
bem diferente da Contabilidade Nacional, que só observa as variáveis ex 
post e não distingue intenção e realização.
A principal característica do Investimento é que ele é muito instável. Vários 
fatores contribuem para a decisão de investir dos empresários, entre elas as 
expectativas sobre o futuro, que são de difícil previsão.
Entre os fatores explicativos, dois adquirem maior importância: a taxa de 
juros de mercado e a rentabilidade ou retorno esperado do investimento. 
Keynes denominou “Eficiência Marginal do Capital” a taxa de desconto que 
iguala os rendimentos líquidos futuros esperados com a compra de um 
bem de capital com o dispêndio efetuado na sua aquisição. Caso a taxa de 
juros supere o retorno esperado, a empresa não investirá: se tiver recursos 
próprios, terá maior vantagem emprestando-os no mercado financeiro; se 
não os tiver, evitará tomar empréstimos, uma vez que a aplicação produtiva 
dos mesmos redundará em prejuízo líquido.
Portanto, há uma relação inversa entre taxa de juros e Investimento: juros 
em queda implicam em aumento de investimentos e alta dos juros leva ao 
“esfriamento” das decisões de investir.
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d) Injeções e Vazamentos de Recursos
Vamos recordar a Aula 7, especificamente a última equação de igualdade 
entre renda e produto:
S + T + M = I + G + X
Essa equação nos informa que a soma da poupança, da tributação e 
das importações deve igualar a soma dos investimentos, dos gastos do 
governo e das exportações, para que ocorra o equilíbrio macroeconômico. 
Relembrando o fluxo circular da renda, podemos considerar que o lado 
direito apresenta injeções ao fluxo, uma vez que são fatores de demanda 
para a produção agregada, ao passo que o lado esquerdo mostra os 
vazamentos, isto é, as parcelas da renda das famílias que não retornam às 
empresas.
e) O Multiplicador de Gastos
Keynes identificou o impacto do aumento dos gastos sobre a renda agregada. 
Esse impacto é medido pelo multiplicador de gastos, que se refere aos itens 
da equação acima indicada. De fato, um acréscimo de investimentos, de 
gastos do Governo ou de exportações produz um efeito sobre a renda, de 
magnitude maior que o aumento original.
Imaginemos um investimento adicional de $ 100. Esse gasto será feito junto 
às empresas fornecedoras de bens de capital, que remunerarão os acionistas 
e empregados na mesma magnitude (simplificadamente), por meio de 
lucros e salários. Se PMgC = 0,8, então essa remuneração voltará ao fluxo de 
renda no montante de $ 80 (já que $ 20 serão poupados). Esses $ 80 serão 
gastos pelas famílias em bens e serviços, fluindo para as empresas que os 
produzem. Estas distribuirão os novos recursos da mesma maneira citada. 
Mantendo-se PMgC, teremos 80% de $ 80 ($ 64) retornando ao fluxo, e assim 
sucessivamente. Ao final desse processo, a renda total terá sido acrescida de 
$ 100 + $ 80 + 64 + ..., até o esgotamento do efeito multiplicador. Ao final, a 
renda e o produto (portanto, a renda de equilíbrio) terão sido elevados em 
$ 500. Ou seja, o investimento teve um efeito multiplicador de cinco vezes 
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sobre a renda de equilíbrio.
A fórmula do multiplicador do Investimento é:
k = multiplicador do Investimento
b = PMgC
Visto que PMgC + PMgP = 1, podemos também expressar o multiplicador 
como: k = 1/(PMgP)
Assim, quando PMgP = 0,2 -> k = 1/0,2 = 5.
Ocorre o mesmo com o multiplicador de gastos do governo e com o 
multiplicador de exportações. Deve-se notar, porém, que esse efeito pode 
ser benéfico ou maléfico: uma queda nessas três injeções também reduzirá 
a renda de equilíbrio em um múltiplo da magnitude da própria queda, 
dependendo de PMgC e PMgP.
Por outro lado, os multiplicadores associados aos vazamentos têm um 
comportamento diferenciado entre si. As importações (M) exercem efeito 
oposto às exportações (X) e têm um multiplicador simétrico a estas, apenas 
com sinal trocado: k = -1/(PMgP).
Já a tributação apresenta o seguinte multiplicador:
Sabemos que b < 1. Assim, o multiplicador de tributos é menor que o 
multiplicador de gastos do Governo. Isso nos leva ao teorema do orçamento 
equilibrado: se o Governo elevar seus gastos, financiando-os com uma 
elevação de impostos da mesma magnitude, haverá um efeito líquido 
positivo na economia, com elevação da renda de equilíbrio.
Vamos representar graficamente as mudanças no equilíbrio macroeconômico 
quando acrescentamos ao consumo o investimento e os gastos do 
governo.
Consideraremos esses gastos já líquidos dos impostos que os financiam, 
pois, como acabamos de ver, permanece um efeito multiplicador líquido. k 
= -b/(1-PMgP)
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Podemos observar como o acréscimo dos Investimentos e dos gastos 
do Governo, sucessivamente, elevam a renda de equilíbrio. Enquanto a 
Demanda Agregada constituía-se apenas do Consumo, o equilíbrio ocorria 
em Y0. O Investimento eleva-o para Y1 e os gastos públicos, para Y2 (estes 
três níveis de renda de equilíbrio equivalem aos pontos E0, E1 e E2 do gráfico 
acima, ou seja, os três pontos sucessivos de equilíbrio).
f) Os Hiatos do Produto
Agora, vamos identificar os dois tipos de desvios possíveis em relação ao 
equilíbrio de pleno emprego. Trata-se das situações em que a Demanda 
Agregada supera a Oferta Agregada (DA > OA) e em que a primeira fica 
abaixo da segunda (OA > DA). No primeiro caso, como a economia já 
atingiu o nível de pleno emprego, o excesso da Demanda agregada sobre o 
Produto (Oferta Agregada) resulta apenas em inflação.
Daí porque chamamos a distância entre o equilíbrio de pleno emprego e o 
novo equilíbrio com demanda excessiva, de hiato inflacionário.
No caso de Demanda Agregada insuficiente para absorver a Oferta 
Agregada, a diferença a menor entre o nível de equilíbrio de pleno emprego 
e a demanda efetiva é chamado de hiato deflacionário. Essa foi a situação 
dos países capitalistas avançados na época em que a obra keynesiana foi 
lançada.
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uvb4. As Variáveis Monetárias
O lado real da economia, visto até aqui, interage com o lado monetário. 
Deixaremos para aprofundar o conceito de moeda na Aula 12. Aqui, é 
suficiente considerá-la como o instrumento básico das trocas e transações 
econômicas. A moeda substitui com muitas vantagens a troca direta 
entre produtos e serviços. Com o desenvolvimento das trocas monetárias, 
houve o desenvolvimento de todo um mercado monetário cada vez mais 
sofisticado. Os bancos são o principal elemento desse mercado.
A regulamentação desse mercado é sempre uma atribuição do governo, 
que detém o monopólio da emissão da moeda e impõe a sua aceitação em 
todo o território nacional (daí falarmos em moeda de curso forçado).
O mercado monetário também se constitui de uma demanda agregada 
por moeda e de uma oferta agregada de moeda. A oferta, como dito, é 
do governo, que decide o volume de moeda que pretende manter em 
circulação. Para isso, ele é o emissor exclusivo da moeda e dispõe, ainda, 
de instrumentos que regulam o volume de moeda que estará circulando a 
cada momento (detalharemos tais instrumentos na aula indicada). Assim, a 
oferta de moeda é autônoma, depende dos objetivos da política econômica 
do governo.
A inovação de Keynes ocorreu na explicação da demanda por moeda e no 
mecanismo de determinação da taxa de juros do mercado. A demanda por 
moeda constitui-se de três segmentos:
transações
precaução
especulação
A demanda de moeda para transações varia diretamente com o produto 
e a renda, por razões fáceis de entender (quando a atividade econômica 
cresce, aumenta a necessidade de moeda nas diversas transações que a 
compõem). A demanda por precaução busca prevenir situações inesperadas; 
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vamos desconsiderá-la aqui. Por fim, a demanda especulativa de moeda 
é constituída por um participante normal nos mercados – o especulador 
– que costuma jogar contra a corrente geral, apostando em tendências 
futuras do mercado que ele julga antecipar, o que lhe permite obter lucros 
futuros com esse jogo.
O especulador procura sempre adivinhar o próximo momento do mercado: 
se a taxa de juros estiver muito baixa, ele guardará moeda aguardando a 
elevação da taxa para comprar títulos no futuro, quando poderá ganhar 
maior retorno financeiro; inversamente, quando a taxa é alta, não há 
estímulo para reter moeda e sim para usá-la na compra de títulos que 
rendem juros. Assim, há uma relação inversa entre a demanda de moeda 
para especulação e a taxa de juros do mercado.
Por sua vez, a taxa de juros é o instrumento que equilibra a oferta e a 
demanda de moeda. Keynes rejeitou a interpretação, baseada na Lei de Say, 
de que a taxa de juros resulta do equilíbrio entre poupança e investimento. 
Esses dois processos – S e I – obedecem a motivações diferentes entre si e 
não estão sempre em equilíbrio.
Os juros decorrem da demanda por moeda, decomposta acima, e das 
decisões do governo que determinarão a oferta monetária.
Assim, podemos compreender as crises econômicas. Quando a demanda 
efetiva é insuficiente, existe um excesso de poupança sobre o investimento, 
porque as pessoas estão guardando uma parcela proporcionalmente 
elevada de sua renda, sem consumi-la, enquanto os empresários não 
se sentem motivados a investir, porque percebem que o mercado não 
absorverá sua produção.
Há um ciclo de quedas na produção e no emprego, enquanto existirem 
estoques indesejados, que representam investimento sem retorno (lembre-
se de que na Contabilidade Nacional tudo é investimento). O equilíbrio se 
restabelece num nível mais baixo de produto e renda, mas longe do pleno 
emprego.
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A política monetária pode ser usada para elevar a demanda agregada, através 
de emissões ou compra de títulos pelo governo – que aumentam o volume 
de moeda em circulação. Isso pode bastar para eliminar o risco de recessão 
e desemprego. No entanto, há situações em que a política monetária não 
funciona. Se e a crise for muito grande, quedas na taxa de juros decorrentes 
da expansão do volume de moeda podem não ser suficientes para animar 
os empresários a investir.
Os especuladores começam a apostar que o governo terá que recuar e elevar 
os juros mais à frente, até pela ineficácia da política monetária. Eles passam 
a reter toda a moeda adicional e, assim, frustram o objetivo da autoridade 
econômica, que era aumentar as transações. Nesses casos, a política fiscal, 
com o aumento dos gastos do governo ou a redução dos impostos (ou uma 
combinação de ambas), terá o papel principal na elevação da demanda 
agregada para tirar a economia da recessão e do desemprego.
Síntese
Nesta aula, você apreendeu o que é a Propensão Marginal a Consumir e a 
Poupar. Observou a função Consumo e a função Poupança. Conheceu os 
multiplicadores de gastos e seu efeito sobre a renda de equilíbrio. Ficou 
sabendo como esses conceitos são importantes no modelo keynesiano 
básico, que busca explicar as flutuações da renda e do emprego. Também 
foi apresentado à concepção keynesiana sobre oferta e demanda de 
moeda e a determinação da taxa de juros, o que permite entender melhor 
o mecanismo das crises de insuficiência de demanda.
O próximo tema de interesse macroeconômico será o Emprego e o 
desemprego. Trataremos do mesmo na próxima aula.
Até lá!
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Notas
1 No Brasil, tivemos uma experiência de crescimento com piora na distribuição 
de renda durante o chamado “milagre econômico brasileiro” (1967/73).
2 Keynes referia-se a todos os economistas que o antecederam como 
clássicos, mas há algumas diferenças entre estes e a escola neoclássica, 
surgida a partir de 1870.
3 Estamos considerando as propensões como decimais (por exemplo, PMgC 
= 0,8 e PMgP = 0,2). Neste exemplo, de cada 100 reais adicionais ganhos, 80 
serão consumidos e 20, poupados.
4 A dedução desta e das próximas fórmulas não será feita aqui. Recomendamos 
aos alunos a consulta à bibliografia da disciplina, particularmente Passos & 
Nogami (2003) pág. 424/426, ou Viceconti e das Neves (2004), págs. 319/320 
e 335/337.
5 Ver nota anterior.

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