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MINISTERIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZONIA PIMENTA-DO-REINO (Piper nigrum) PARAUAPEBAS – PA 2016 MINISTERIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZONIA PIMENTA-DO-REINO (Piper nigrum) PARAUAPEBAS – PA 2016 Trabalho apresentado a docente Aurea referente a disciplina de Agricultura Geral realizada pela discente Debora Novotck, graduanda do curso de Agronomia – 4º período, abordando o uso da pimenta-do-reino (Piper nigrum) na adubação verde, seu plantio consorciado com outras culturas, o plantio direto da pimenta-do-reino, as rotações de cultura utilizando-a e sua aplicação na integração lavoura – pecuária. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................... 4 PLANTIO DIRETO ............................................................................................. 5 ADUBAÇÃO VERDE .......................................................................................... 7 PLANTIO CONSORCIADO ................................................................................ 7 ROTAÇÃO DE CULTURA .................................................................................. 8 INTEGRAÇÃO LAVOURA – PECUARIA ........................................................... 9 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 12 INTRODUÇÃO A pimenta-do-reino (Piper nigrum) é uma planta trepadeira pertencente à família Piperaceae, originária da Índia, e introduzida no Brasil no século XVII pelos japoneses. Os principais usos da pimenta-do-reino são como tempero de alimentos, principalmente nos industrializados, como salame, salsicha, mortadela, presunto, e nas indústrias farmacêutica e de cosméticos. A produção mundial de pimenta-do-reino nos últimos anos variou entre 300.000 a 400.000 toneladas anuais, sendo o Vietnã o maior produtor mundial (responsável por cerca de 35%), seguido por Indonésia, Índia e Brasil (responsável por cerca de 10%). Segundo o IBGE, em 2012 a produção brasileira de pimenta-do-reino foi de 43 mil toneladas em 19,4 mil ha, destacando-se como produtores os Estados do Pará, Espírito Santo e Bahia, responsáveis por 75%, 15% e 9% da produção nacional, respectivamente. Nesses Estados destacam-se como os maiores produtores os municípios de Igarapé-açu (PA), Tomé-açu (PA), São Mateus (ES), Jaguaré (ES), Ituberá (BA) e Prado (BA). Dentre as mais importantes características da cultura no Brasil, tem-se que 85% da produção anual é exportada e que o cultivo é predominantemente realizado por pequenos produtores rurais. Por ser um produto comercializado no mercado internacional (commodity), em anos favoráveis de preço a cultura oferece uma rentabilidade elevada mesmo em pequenos cultivos, sendo uma excelente opção de diversificação para os produtores. Para confirmar tal fato, cita-se que em apenas 2.400 ha cultivados com a cultura no Estado do Espírito Santo, a pimenta-do-reino vem se consolidando como o terceiro produto de exportação do agronegócio estadual, sendo que no primeiro semestre de 2014 as exportações já alcançaram US$ 38,4 milhões. Nos últimos anos, o consumo mundial de pimenta-do-reino vem crescendo a uma taxa média de 3%, sendo os principais impulsionadores a Índia, China e o Oriente Médio. Especialistas de mercado constataram que desde 2006 a demanda mundial de pimenta-do-reino começou a superar a oferta, ano após ano, o que vem resultando no declínio dos estoques globais, que atingiram o seu ponto mais baixo em 2011. Desse modo, os preços chegaram a patamares elevadíssimos, quando comparados aos da década passada, pois em 2014 um quilo de pimenta-do- reino preta já atingiu até R$16,00, enquanto em 2005/2006 girava em torno de R$2,00 a R$3,00. Com os preços favoráveis nos últimos anos, não só no Brasil, mas também nos outros países produtores, os produtores investiram nos tratos culturais, na renovação dos pimentais e no plantio de novas áreas. Desse modo, novos incrementos no fornecimento de pimenta-do-reino iniciaram a partir da safra 2011/12, e a produção começou a preencher a lacuna entre a demanda e a oferta a partir da safra 2012/13. Logo, pode haver uma tendência da produção ultrapassar a demanda global, com uma ligeira margem nos próximos anos. PLANTIO DIRETO O plantio de pimenta-do-reino geralmente é sob plantio direto, sendo geralmente realizado no início da estação mais chuvosa do ano. Embora o plantio possa ser feito usando as sementes, estas poucas vezes são usadas, isso porque as mudas demoram mais para crescer e começar a produzir, e porque as plantas nascidas de sementes podem não ter as características e a produtividade da planta mãe. Assim, o plantio da pimenta-preta ou pimenta-do-reino é feito normalmente por estaquia. Os ramos que serão usados para propagar as plantas devem ter cerca de 1 cm de diâmetro, 25 a 50 cm de comprimento e pelo menos 3 nós. Estes podem ser plantados em vasos, sacos plásticos para mudas ou outros recipientes, com solo mantido bem úmido até que as mudas enraízem. Quando as mudas estiverem bem desenvolvidas, o que leva três ou quatro meses, são transplantadas para o local definitivo. O espaçamento recomendado é de 2 a 3 metros entre as plantas. A pimenta-do-reino ou pimenta-preta, sendo uma trepadeira, necessita de suportes para amparar seu crescimento, que geralmente são estacas de madeira ou pilares de concreto com cerca de 2,2 a 3 metros de altura, mas que podem também ser treliças ou até mesmo árvores. No início do cultivo é necessário amarrar a planta ao suporte para evitar que se desprenda e tombe ou quebre com o peso da folhagem. As plantas invasoras que competem por nutrientes e recursos, são retiradas de forma a não danificar as raízes superficiais da pimenteira. Normalmente a ponta do ramo principal é podada quando atingi o topo do suporte com finalidade de induzir uma maior ramificação da planta. A planta começa a produzir bem apenas do terceiro ao quinto ano de cultivo, podendo a partir daí gerar duas colheitas por ano em regiões de clima apropriado, por até vinte anos. Os frutos são colhidos de acordo com o tipo de pimenta que se quer obter. Para obter pimentas do tipo preta, os frutos são colhidos imaturos, ainda completamente verdes, e são deixados para secar ao sol por vários dias ou são secos com o auxílio de equipamento adequado, até que se tornam enrugados e enegrecidos. Para obter pimentas do tipo verde, os frutos também são colhidos imaturos e são usados ainda frescos ou são submetidos a processos que mantêm a cor natural dos frutos, como a liofilização ou a produção de conservas. Para obter pimentas do tipo branca, os frutos são colhidos quando estão avermelhados, já maduros ou quase maduros. Estes são colocados em sacos de algodão e deixados em tanques com água corrente por mais de uma semana, para permitir que a epiderme e a polpa dos frutos se decomponha, restando ao final do processo apenas as sementes. Outros processos mecânicos ou químicos também podem ser usados para separar as sementes da polpa. As sementes são então deixadas ao sol por um ou dois dias para secarem. Para obter pimentas do tipo vermelha, os frutos são colhidos quando maduros, e são geralmente preservados em conservas, embora também possam serliofilizados. ADUBAÇÃO VERDE A pimenta-do-reino não é utilizada como fonte de adubação verde porém, nas áreas de plantio da cultura são geralmente utilizadas leguminosas como fontes de cobertura do solo e adubação verde. Adubação verde ou plantio verde é o nome dado à prática de se adicionar plantas (geralmente leguminosas) na superfície do solo com intenção de enriquecê-lo nutricionalmente com nitrogênio e outros nutrientes decorrentes da decomposição das plantas. O aumento da presença de nutrientes no solo favorece o aumento da produção de biomassa vegetal. Adubos verdes são plantas utilizadas para melhoria das condições físicas, químicas e biológicas do solo. Há espécies como leguminosas, que se associam a bactérias fixadoras de nitrogênio do ar, transferindo-o para as plantas. Estas espécies também estimulam a população de fungos micorrízicos, microrganismos que aumentam a absorção de água e nutrientes pelas raízes. Em pré-cultivo ou rotação de culturas quando são utilizadas antes ou depois de uma cultura para melhorar o solo para a cultura que será plantada em seguida. Em consórcio: quando são utilizadas antes ou depois de uma cultura para melhorar o solo para a cultura que será plantada em seguida. Pode ocorrer o plantio conjunto da cultura e do adubo verde e em seguida o corte e deposição do material sobre o solo para fornecer nutrientes ainda para esta cultura, ou então o plantio na parte final do ciclo da cultura, sendo que o adubo verde se desenvolve na parte final e após o ciclo de cultura, beneficiando a cultura seguinte. PLANTIO CONSORCIADO Atualmente, alguns produtores fazem o plantio junto com espécies arbóreas, frutíferas e outros cultivos, como o consorcio com cacau e seringueira. O sistema preconiza o plantio de seringueira, pimenta-do-reino e cacaueiro, com possibilidade do cultivo de milho e feijão caupi. Logo após o preparo da área deverão ser plantados seringueira, pimenta-do-reino, enquanto que o feijão caupi deverá ser semeado em sucessão ao milho. O cacaueiro será implantado no quarto ano nas linhas da pimenta-do-reino. Os arranjos espaciais das culturas de seringueira, pimenta-do-reino e cacau, componentes do sistema. As culturas selecionadas para compor os sistemas de consórcio propostos, apresentam características de mercado atual e potencial bastante distintas entre si. Para uma tomada de decisão a respeito da implantação de culturas perenes é de suma importância a avaliação do mercado consumidor atual, mas principalmente de suas potencialidades de ampliação ou de saturação. Não se pretende fazer uma análise de mercado da culturas envolvidas em consórcios, mas sim alguns aspectos básicos que podem ser úteis na decisão do que e quanto plantar. Em primeiro lugar, deve-se considerar que as culturas perenes do tipo arbóreo, e mesmo arbustivo, têm um ciclo de vida produtivo bastante longo, o que permite um risco menor a médio prazo, uma vez que sua exploração pode ser ajustada às condições do mercado. Em segundo lugar, o consórcio de duas culturas perenes permite ao produtor, além dos benefícios agronômicos da prática, se beneficiar da diversificação da produção e com isso reduzir os riscos da instabilidade do mercado. As culturas semiperenes como maracujá e pimenta- do-reino devem ser analisadas com mais cuidado, uma vez que sua adequação a possíveis flutuações de mercado deve ser imediata e seu cultivo pode coincidir com ciclo de queda dos preços. A pimenta-do-reino necessita anualmente de uma substituição de aproximadamente 2.000 hectares ou de três milhões de pés para manter o atual nível de produção, sem que a produção do Brasil comprometa de forma significativa a situação do mercado internacional que dita os preços internos. ROTAÇÃO DE CULTURA Para evitar o aumento do potencial de doenças recomenda-se fazer rotação de culturas, utilizando-se para isto culturas de gramíneas (milho, arroz, etc.) ou de preferência com plantas leguminosas (feijão guandu, crotalaria, mucuna, etc.) que além de enriquecerem o solo com matéria orgânica, reduzem população de fungos e nematoides patogênicos. As vantagens da rotação de culturas são inúmeras. Além de proporcionar a produção diversificada de alimentos e outros produtos agrícolas, se adotada e conduzida de modo adequado e por um período suficientemente longo, essa prática melhora as características físicas, químicas e biológicas do solo; auxilia no controle de plantas daninhas, doenças e pragas; repõe matéria orgânica e protege o solo da ação dos agentes climáticos e ajuda a viabilização do Sistema de Semeadura Direta e dos seus efeitos benéficos sobre a produção agropecuária e sobre o ambiente como um todo. Para a obtenção de máxima eficiência, na melhoria da capacidade produtiva do solo, o planejamento da rotação de culturas deve considerar, preferencialmente, plantas comerciais e, sempre que possível, associar espécies que produzam grandes quantidades de biomassa e de rápido desenvolvimento, cultivadas isoladamente ou em consórcio com culturas comerciais. Para a pimenta-do-reino são normalmente usados consórcios com outras culturas, devido a pimenta-do-reino ser uma planta semiperene. São poucos os relatos de rotação e culturas em planto com pimenta-do-reino, sendo utilizado a rotação para um pousio na área e renovação dos índices de nutrição do solo assim como para realizar práticas de aração e gradagem em área total. INTEGRAÇÃO LAVOURA – PECUARIA A integração lavoura-pecuária é a diversificação, rotação, consorciação ou sucessão das atividades agrícolas e pecuárias dentro da propriedade rural de forma planejada, constituindo um mesmo sistema, de tal maneira que há benefícios para ambas. Possibilita, como uma das principais vantagens, que o solo seja explorado economicamente durante todo o ano ou, pelo menos, na maior parte dele, favorecendo o aumento na oferta de grãos, de fibras, de lã, de carne, de leite e de agroenergia a custos mais baixos devido ao sinergismo que se cria entre a lavoura e a pastagem. Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária (SILP), compostos por tecnologias sustentáveis e competitivas, foram e ainda estão sendo desenvolvidos ou ajustados às diferentes condições edafoclimáticas do país, o que tem possibilitado a sustentabilidade do empreendimento agrícola, com redução de custos, distribuição de renda e redução do êxodo rural em decorrência da maior oferta de empregos no campo. Dentre os principais benefícios para o produtor podemos destacar: 1. diversificação de atividades/produção garantindo maior estabilidade de renda, uma vez que o produtor não fica dependente das condições favoráveis de mercado e ou sujeito à problemas climáticos de apenas um produto, além de possibilitar a obtenção de receitas em diferentes épocas do ano; 2. associa o baixo risco da atividade pecuária com a possibilidade de alta rentabilidade da produção agrícola; 3. viabiliza a recuperação do potencial produtivo de áreas já desmatas, principalmente pastagens degradadas, aumentando a produção e oferta de grãos, fibras, agroenergia, carne e leite, contribuindo para a redução da pressão por abertura de novas áreas, principalmente na região Amazônica; 4. como alternativa para a recuperação de pastagens degradadas, a ILP apresenta viabilidade técnica e econômica, utilizando-se a produção da lavoura (grãos, fibras etc) para cobrir os custos de preparo da área e aquisição dos corretivos e fertilizantes, ficando o pecuarista com a pastagem recuperada; 5. otimiza a utilização de máquinas, equipamentos, insumos e mão de obrano decorrer do ano, ou seja, as máquinas e funcionários que no período da safra estão ocupados na condução das lavouras, no período da entressafra serão utilizados nas atividades pecuárias; 6. redução na incidência de pragas, doenças e plantas daninhas nas lavouras em função da rotação de culturas, baixando os custos de produção (redução da quantidade de defensivos agrícolas e custos de aplicação); 7. maior eficiência de utilização de corretivos e fertilizantes aplicados por meio de consorciação e/ou sucessão de culturas/pastagem em uma mesma área, como exemplo o aproveitamento pelas pastagens do adubo residual utilizado na cultura anterior; 8. na ILP, com a introdução de capins em determinados períodos nas áreas de lavoura, têm-se a produção de excelente palhada (quantidade e qualidade) para a realização do Sistema de Plantio Direto na palha. O plantio direto possibilita a redução de custos com operações mecanizadas e defensivos, eleva o teor de matéria orgânica no solo, melhora a estrutura física do mesmo elevando a velocidade de infiltração da águas das chuvas e mantém o solo com cobertura vegetal durante todo o ano, protegendo- o da erosão e repercutindo em benefícios ambientais significativos. Durante as etapas de conversão da propriedade ou parte dela para SILP, o proprietário deverá ir se qualificando, pois o gerenciamento torna-se mais complexo. A maior dificuldade para adoção de SILP, por parte do pecuarista, é seu parque de máquinas geralmente limitado. Por sua vez, o agricultor demandará investimentos consideráveis em cercas e animais. Em razão disso, acordos de parcerias e arrendamentos de terra têm sido uma saída para aqueles que não dispõem de capital para fazer esses investimentos ou não estão dispostos a utilizar as linhas convencionais ou especiais de crédito para SILP que estão sendo implementadas. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARDOSO, M. Instruções para a cultura da pimenta-do-reino. Campinas. IAC, 1966. 32 p. (IAC. Boletim, 166) VELOSO, C. A da C.; ALBUQUERQUE, F.C de. Pimenta-do-Reino: Formação de mudas. Belém. UEPAE, Belém, 2005. 14 p. Embrapa Sistema de Produção Online: Cultivo de Pimenta-do-reino. Disponível em http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Pimenta/Piemntado reino/paginas/apresentacao.htm. Acesso em 09 de maio de 2016. MIYASAKA, S.; CAMARGO, O. A. de; CAVALERI, P. A. Adubação orgânica, adubação verde e rotação de culturas no Estado de São Paulo. Campinas: Fundação Cargill, 1983. 138p. CALEGARI, A. Leguminosas para adubação verde de verão no Paraná. Londrina: IAPAR, 1995. 118 p. (IAPAR. Circular, 80). PENTEADO, A.R. Problema de colonização e de uso da terra na região bragantina do Estado do Pará. Belém: UFPA, 1967. v. 1 (Coleção Amazônia. Série José Veríssimo). NOGUEIRA, O.L.; CONTO, A.J. de; CALZAVARA, B.G.; TEIXEIRA, L.B.; KA TO, O. R. Recomendações para o cultivo de culturas perenes em sistemas consorciados. Belém: EMBRAPA-CPATU, 1991. 61p. (EMBRAPA-CPATU. Documentos, 56). SISTEMA de cobertura de solo com feijão de porco. A Notícia, Altamira, PA, 06 jul. 2000. Gerais. p.6.
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