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RESUMO DIREITO PENAL I

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� RESUMO – DIREITO PENAL I
AUTARQUIA EDUCACIONAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO
FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS E SOCIAIS DE PETROLINA
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
CURSO DE DIREITO
DIREITO PENAL I 
PROFº - WILLIAN MICHAEL
1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
O Direito Penal é uma forma de manifestação do Direito, sendo uma forma de controle que reflete a própria história da humanidade;
Onde há sociedade há crime;
As primeiras punições eram formas de atender a divindade. O ser humano vivia preso à sua crença;
A punição nada mais significava senão a vingança, revide à agressão sofrida, geralmente desproporcional à ofensa e aplicada injustamente. A vingança era privada. Em um determinado grupo a pena para os seus membros era de banimento e para estranhos ao grupo, eram cruéis;
Mesmo com a institucionalização das penas não havia proporcionalidade. Exemplo disso era o Código de Hamurabi (lei de talião). As penas continuavam sendo cruéis;
Com o advento do iluminismo delimitou-se as penas cruéis e começou-se a pensar na dignidade da pessoa humana;
O Direito Penal é o próprio espelho da sociedade. Comportamentos considerados nocivos apresentam como consequência as sanções penais;
2. CONCEITO DE DIREITO PENAL
Direito Penal ou Direito Criminal?
A nomenclatura Direito Criminal já foi utilizada pelo Código Criminal do Império de 1830. Mas, atualmente, a doutrina escolheu a nomenclatura Direito Penal uma vez que, o decreto-lei 2.848/40 foi recepcionado pela CF e instituiu o Código Penal vigente. Como se não bastasse a CF, em seu art. 22, I, adotou também a expressão Direito Penal;
A pena é característica do Direito Penal. A sanção existe em outros Direitos. A pena é uma espécie de sanção;
Então, um conceito com enfoque dogmático, seria: Direito Penal é um conjunto de normas (regras e princípios) que qualifica certos comportamentos como infrações penais e estabelece sanção a ser aplicada;
Há diferença entre regra e princípio. A regra aplica ou não aplica. Já o princípio há um maior grau de abstração;
Eugênio Raúl Zaffaroni define o Direito Penal como:
- Um sistema legal, isto é, um conjunto de normas penais as quais definem condutas consideradas criminosas com a sua respectiva sanção;
- É o saber a respeito do conjunto dessas normas penais, ou seja, é a interpretação que se faz desse conjunto de normas penais;
	Informações Complementares
	Sob o aspecto formal, DIREITO PENAL é um conjunto de normas que qualifica certos comportamentos humanos como infrações penais, define seus agentes e fixa as sanções a serem-lhes aplicadas;
Já sob o enfoque sociológico, o DIREITO PENAL é mais um instrumento (ao lado dos outros ramos do direito) de controle social de comportamentos desviados, visando assegurar a necessária disciplina social;
3. DIREITO PENAL OBJETIVO E SUBJETIVO
DIREITO PENAL OBJETIVO: é o conjunto de normas que define os comportamentos delituosos e estabelece a respectiva sanção, ou seja, são as leis penais em vigor no país. Ex: Código Penal, Lei de Drogas;
DIREITO PENAL SUBJETIVO: trata-se do direito de punir do Estado, é o “jus puniendi”. O poder de punir do Estado é exclusivo, pois não existe mais ação privada (vingança privada). O Estado pode prevê que o particular ingresse com uma ação, mas sem delegar o poder de punir. Há uma exceção no estatuto do índio, em seu art. 57:
Art. 57, Estatuto do índio - Será tolerada a aplicação, pelos grupos tribais, de acordo com as instituições próprias, de sanções penais ou disciplinares contra os seus membros, desde que não revistam caráter cruel ou infamante, proibida em qualquer caso a pena de morte.
	Informações Complementares
	DIREITO PENAL OBJETIVO: Conjunto de leis penais vigentes;
DIREITO PENAL SUBJETIVO: Direito de punir do Estado. Esse direito é condicionado. Limitações ao Direito Penal Subjetivo: Temporal: Prescrição; Espacial: Princípio da Territorialidade (art, 5º, CP) e Modal: O Estado não pode punir de qualquer modo, respeitando o princípio da dignidade da pessoa humana;
OBS: O Direito Penal Objetivo depende o Subjetivo e vice e versa. O Direito Penal Objetivo é expressão do poder punitivo do Estado.
O poder de punir é monopólio do Estado, mas isso admite exceção. Lembra-se que não se trata de legítima defesa, nem de ação penal de iniciativa privada. O exemplo é o caso do estatuto do índio (art. 57, lei 6001/73). Os grupos tribais podem aplicar sanções penais ou disciplinares, salvo de caráter cruel ou infamante e pena de morte;
O chamado ius puniendi, no entanto, não se limita à execução da condenação do agente que praticou, por exemplo, o delito. A própria criação da infração penal, atribuída ao legislador, também se amolda a esse conceito. Assim, tanto exerce o ius puniendi o Poder Legislativo, quando cria as figuras típicas, como o Poder Judiciário, quando, depois do devido processo legal, condenado o agente que violou a norma penal, executa sua decisão;
4. FUNÇÃO DO DIREITO PENAL
Sua função é de controle social por meio da tutela jurídica (quando o legislador protege um determinado bem jurídico por meio da lei penal). Em suma, a função do Direito Penal é manter a segurança jurídica;
Também é função do Direito Penal a proteção de bens jurídicos (doutrina moderna). Mas que bens jurídicos? Protege os bens jurídicos mais importantes para que se torne possível o convívio social. O Direito Penal também tem a função de garantia, em que o cidadão só será punido caso venha a praticar o que está previsto na lei penal;
	Informações Complementares
	Segundo Rogério Greco, a finalidade do Direito Penal é proteger os bens mais importantes e necessários para a própria sobrevivência da sociedade, ou nas precisas palavras de Luiz Regis Prado: “O pensamento jurídico moderno reconhece que o escopo imediato e primordial do Direito Penal radica na proteção de bens jurídicos – essenciais ao indivíduo e a comunidade”. É bom lembrar que quando esta tutela não mais se faz necessária, o Direito Penal deve afastar-se e permitir que os demais ramos do Direito assumam, sem sua ajuda, esse encargo de protegê-lo;
No entanto, atualmente, parte da doutrina tem contestado esse raciocínio, a exemplo do Prof. Günther Jakobs, que afirma que o Direito Penal não atende a finalidade de proteção de bens jurídicos, pois, quando é aplicado, o bem jurídico que teria de ser protegido já foi efetivamente atacado. Para Jakobs, o que está em jogo é a garantia da vigência da norma. Mas, o que prevalece ainda é a proteção dos bens jurídcos;
Segundo Cleber Masson, o Direito Penal possui outras funções além de ser um instrumento para a convivência dos homens em sociedade. A proteção de bens jurídicos; é um instrumento de controle social; é uma garantia (só há punição se o fato estiver expressamente previsto); tem função ético-social (efeito moralizador e educativo); função simbólica; função motivadora; função de redução da violência estatal e função promocional (instrumento de transformação social);
Os bens jurídicos em questão devem ser selecionados pelo legislador. Nesse sentido são as lições de André Copetti, quando assevera: “É nos meandros da Constituição Federal, documento onde estão plasmados os princípios fundamentais de nosso Estado, que deve transitar o legislador penal para definir legislativamente os delitos, se não quer violar a coerência de todo os sistema político-jurídico, pois é inconcebível compreender-se o direito penal, manifestação estatal mais violenta e repressora do Estado, distanciando dos pressupostos éticos, sociais, econômicos e políticos constituintes de nossa sociedade“;
4.1. FUNCIONALISMO PENAL
No enfoque sociológico destacam-se os FUNCIONALISTAS teleológicos e os sistêmicos;
Para os Funcionalistas Teleológicos ou Finalístico, o fim do Direito Penal é assegurar e proteger os bens jurídicos de maiorimportância, valendo-se das medidas de política criminal (CLAUSS ROXIN). Ele não considera a norma por si mesma. Um exemplo disso é o princípio da insignificância defendida por esse autor. Nasce aqui a noção de tipicidade material;
Já para os Funcionalistas Sistêmicos ou Radicais, a missão do Direito Penal é resguardar a norma, o sistema, o direito posto, atrelado aos fins da pena (JAKOBS). Nesse caso quando o sujeito contraria a norma penal ele afronta todo o sistema penal. Aqui nasce a noção de Direito Penal do Inimigo. Então, a intenção da norma é proteger ela mesma. 
5. CARACTERÍSTICAS DO DIREITO PENAL
FINALIDADE PREVENTIVA: o Direito Penal procura evitar que o crime ocorra diante da possibilidade de se aplicar uma pena, isto é, o Estado tenta intimidar o infrator (Prevenção Geral). Também tem a finalidade de prevenção especial, ou seja, o Estado visa com a aplicação da pena, intimidar e ressocializar o infrator (piada!!!).
SISTEMA NORMATIVO: tem como objeto de estudo a norma penal que é retirada de todo um arcabouço de lei que vai formar um sistema formal. (lei penal, direito positivado)
OBS: LEI = é aquilo que foi positivado pelo legislador! E NORMA = é um comportamento extraído da lei (valoração da lei!)
VALORATIVO: O Direito Penal estabelece sua própria escala de valores, nesse sentido, o mesmo valoriza suas próprias normas. Ex: Crime contra a vida (punição maior) e crime contra a honra (punição menor)
FINALISTA: Visa à proteção dos bens jurídicos fundamentais;
SANCIONADOR: Protege a ordem cominando sanções por meio de denominada coerção penal. Sanção penal é a única que tem a possibilidade de aplicar a pena;
6. FONTES DO DIREITO PENAL:
Indicam o lugar (origem) de onde vem a lei; indicam como se revelam as normas penais;
É o local onde é produzida a norma penal, bem como essa norma penal se manifesta;
6.1. FONTE MATERIAL OU DE PRODUÇÃO: 
Local onde é produzida a norma penal;
De acordo com o art. 22. I, da CF, compete privativamente à UNIÃO legislar sobre Direito Penal, isto é, cabe a União como única fonte de produção, ditar normas gerais de Direito Penal, bem como proibir ou impor determinadas condutas (comissivas ou omissivas), sob ameaça de sanção. Porém, excepcionalmente os Estados-Membros podem legislar sobre Direito Penal em questões específicas, desde que haja autorização por lei complementar para tanto (art. 22, PU, CF);
6.2. FONTE FORMAL OU DE CONHECIMENTO: 
É a forma como o Direito Penal se manifesta ou se revela;
A doutrina divide as fontes formais em:
IMEDIATA:
	Doutrina CLÁSSICA
	Doutrina MODERNA
	Observações
	
A norma penal incriminadora só pode se manifestar por meio de lei, isto é, somente a lei pode tipificar uma conduta ou majorar por meio legislativo (lei ordinária ou complementar)
	Direito Penal Incriminador;
	- Só se manifesta por lei em sentido estrito, isto é, a lei tem que passar por um processo estabelecido previsto na CF;
- Prevê crimes e contravenções e suas determinadas sanções;
- Em regra, é tratado em Lei ordinária (LO), mas na impede que seja tratado também em Lei Complementar (LC); 
- São leis que obrigatoriamente passam por: INICIATIVA, DISCUSSÃO, APROVAÇÃO, SANÇÃO, PROMULGAÇÃO, PUBLICAÇÃO E VIGÊNCIA;
	
	Direito Penal não incriminador
	- São normas que não prevêem crime ou contravenção com suas respectivas sanções;
- Pode se manifestar através de: EC, Tratados internacionais, lei, jurisprudência (súmula vinculante) e atos administrativos para completar normas penais em branco; 
b) MEDIATA:
	Doutrina CLÁSSICA
	Doutrina MODERNA
	
Costume
Princípios gerais do direito
	Costume
Princípios gerais do direito
Doutrina
COSTUMES: comportamentos uniformes e constantes pela convicção de sua obrigatoriedade e necessidade jurídica. Não existe no Direito Penal costume incriminador (não cria crime, nem contravenção penal), em razão da reserva legal. Não pode revogar uma lei por meio de um costume e não pode se criar uma lei por meio de um costume (princípio da continuidade da lei – LINDB, art. 2º - Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue;
- Existe costume abolicionista?
1ª Corrente: é possível costume abolicionista, desde que a infração penal perca sua eficácia social (não tem mais reprovação social). Nessa corrente afirma-se que o crime deixou de existir;
2ª Corrente: não existe costume abolicionista, porém a norma deixa de ser aplicada quando perde sua eficácia social. Nessa correte afirma-se que o crime não deixou de existir, mas não tem mais aplicação;
3ª Corrente: uma lei só pode ser revogada por outra lei (LINDB). Enquanto não revogada tem eficácia plena (jurídica e social). Essa é que prevalece na doutrina!
- Possível se mostra o uso do costume segundo a lei, atuando dentro dos limites do tipo penal (COSTUME INTERPRETATIVO - Praeter Legem); Ex: ato obsceno, furto durante o repouso noturno.
- Apesar de não revogar a norma penal, o costume pode tirar a eficácia punitiva da norma (eficácia social);
- Não é possível o uso do costume Contra Legem;
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO: normas de otimização do sistema. Dão fundamento para aplicar uma regra. Não podem criar ou majorar (aumentar) uma pena, mas integrar. São normas jurídicas dotadas de um maior grau de abstração que trazem uma consciência do que é Direito para um determinado povo;
ATOS ADMINISTRATIVOS QUE COMPLETAM NORMAS PENAIS EM BRANCO: Ex: Tráfico de drogas. A Portaria é um ato administrativo utilizado para completar a lei do crime de tráfico de drogas. A portaria não pode incriminar nem majorar conduta, só completar;
A DOUTRINA é o pensamento dos estudiosos sobre uma determinada norma. Já a JURISPRUDÊNCIA é o entendimento consolidado dos tribunais;
	Informações Complementares
	FONTES FORMAIS
	Antes da EC/45
	Depois da EC/45
	
1. Imediatas
 a) A lei
2. Mediatas
Costumes
Princípios gerais do direito
	
1. Imediatas
A lei – única capaz de regular direito incriminador;
A Constituição federal de 1988;
Tratados Internacionais de Direitos Humanos;
Segundo posição do STF, temos:
Possuem “status” constitucional se aprovados com quórum de EC. Nesse caso está sujeito a controle de constitucionalidade (difuso ou concentrado);
Também possuem “status” supra legal se aprovados por quórum comum. Acima da lei ordinária e complementar. Nesse caso está sujeito a controle de convencionalidade (difuso);
Jurisprudência, ainda mais com as súmulas vinculantes;
2. Mediatas
Doutrina;
Costumes;
7. INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL
Interpretar é tentar buscar o efetivo alcance da norma. É procurar descobrir aquilo que ela tem a nos dizer com a maior precisão;
	Informações Complementares
	Conforme Manoel Messias Peixinho, “não há norma suficientemente clara que prescinda da interpretação e que a conclusão sobre a clareza de determinado enunciado normativo é resultado do próprio processo interpretativo. Assim, para decidir se determinado texto é claro ou obscuro, bem como para decidir se determinada controvérsia é contemplada ou não por certa norma, é imprescindível, evidentemente, uma operação intelectual. Pois bem, o nome dessa operação é justamente o que se conhece por interpretação”;
7.1. QUANTO AO SUJEITO
a) Autêntica (legalista): A própria lei se encarrega de interpretar a lei. O próprio legislador cria uma lei que traz a interpretação de outra lei. É uma norma que traz a interpretação de outra norma. A interpretação é realizada pelo próprio texto legal;
	Informações Complementares
	Segundo Rogério Greco, esse tipo de interpretação pode ser considerada:
- Contextual: é a interpretação realizada no mesmo momento em que é editado diploma legal que se procura editar. Ex: art. 327, CP, que definiu o conceito de funcionário público no mesmo instante que previa, no corpo do código, os crimes que, para sua configuração, exigiam essa especialqualidade, procurando evitar, dessa forma, outra interpretação tendente a modificar aquilo que realmente se pretenda alcançar;
- Posterior: interpretação realizada pela lei, depois da edição de um diploma legal anterior. Nasce, segundo Hungria, para “dirimir a incerteza ou obscuridade da lei anterior”;
b) Doutrinária: É uma interpretação dogmática e científica. É aquela realizada pelos doutrinadores, os estudiosos do direito penal. Ex: exposição de motivos do código penal. Esta, apesar de está presente no CP, não foi votada pelo Congresso Nacional e nem sancionada pelo Presidente da República;
c) Jurisprudencial: É aquela elaborada pelos tribunais por meio de decisões reiteradas acerca de determinada matéria; 
	Informações Complementares
	Segundo Rogério Greco, esse tipo de interpretação deve ser feita intra-autos, ou seja, sempre no bojo de um processo judicial, e nunca extra-autos;
Nessa interpretação pode-se incluir as súmulas (que, após a EC 45, podem ser vinculantes ou não). No caso das súmulas vinculantes, somente o STF tem competência para editá-las.
7.2. QUANTO AO RESULTADO
a) Declarativa: É aquela que busca o sentido exato que o legislador quis dizer. Não amplia e nem restringe o sentido. Art. 141, III, CP;
b) Extensiva: É aquela que amplia o alcance da letra da lei, ou seja, amplia o que o legislador queria abranger. Parte da doutrina afirma que não seria possível esse tipo de interpretação no caso de direito penal incriminador;
- Atenção! Interpretação extensiva é diferente de interpretação analógica e de analogia;
- Na interpretação analógica, o legislador prevê na própria lei as hipóteses. A lei traz o exemplo e encerra com caso genérico. O código detalha todas as situações que quer regular e, posteriormente, permite que tudo aquilo que a elas seja semelhante possa também ser abrangido pelo mesmo artigo;
- Na analogia, que é uma forma de integração da norma, não é possível a interpretação. Nesse caso há uma lacuna no ordenamento jurídico. Não é permitida analogia contra o réu, ou seja, analogia “in malam partem”. Só é possível a analogia “in bonam partem”.
c) Restritiva: Diminui o alcance da letra da lei. Esse tipo de interpretação é preferível no direito penal incriminador;
d) Progressiva: A interpretação leva em consideração a evolução da sociedade;
8. PRINCÍPIOS BASILARES DO DIREITO PENAL
CONCEITO: São os fundamentos para a aplicação de todo o sistema jurídico;
8.1. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
ORIGEM
Para alguns, a origem do princípio da legalidade se deu com o próprio direito romano;
Mas, para a maioria esse princípio surgiu com a Carta magna Inglesa de 1215 do Rei João sem terra. Esta foi a primeira manifestação positivada do princípio da legalidade;
Nos dias atuais o princípio da legalidade está enquadrado na visão iluminista;
CONCEITO
Significa que em Direito penal, eu posso fazer tudo aquilo que não é proibido por uma lei. O cidadão vai ter a segurança de não ser punido se não houver uma previsão legal, criando o tipo penal incriminador (aquele que define a conduta proibida ou imposta sob ameaça de uma sanção). Ele está na CF, art, 5º, XXXIX, é uma cláusula pétrea e no art. 1º do Código Penal. “Não há crime sem lei anterior que o defina e nem pena sem prévia cominação legal”.
FUNÇÕES (também chamados de SUBPRINCÍPIOS)
LAGALIDADE ANTERIOR: Proibição da retroatividade da lei penal, ou seja, a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. A proibição deve ser prévia ao comportamento. Rege fatos jurídicos futuros;
LEGALIDADE ESCRITA: Proibição de crimes e penas pelo costume, isto é, a lei penal deve estar escrita, positivada, no qual a fonte de conhecimento imediata do direito penal é a lei;
LEGALIDADE ESTRITA: Vedação do recurso à analogia para criar crimes, fundamentar ou agravar penas. Se o fato não foi previsto expressamente pelo legislador, não pode o intérprete socorrer-se da analogia a fim de abranger similares aos legislados em prejuízo do agente;
LEGALIDADE CERTA: Proibição de incriminações vagas e indeterminadas, ou seja, o princípio da legalidade obriga que no preceito primário do tipo penal incriminador, haja uma definição precisa da conduta proibida ou imposta. A lei deve ser por isso, taxativa;
LEGALIDADE FORMAL E MATERIAL
FORMAL: Entende-se a obediência aos trâmites procedimentais previstos pela Constituição para que determinado diploma legal possa vir a fazer parte de nosso ordenamento jurídico;
MATERIAL: Tem que obedecer aos limites implícitos e explícitos para incriminar ou proibir a criminalização. Depende do conteúdo constitucional;
LEGALIDADE E RESERVA LEGAL
LEGALIDADE: Legisla-se por qualquer espécie normativa, é amplo. Pode ser a lei em sentido formal ou material, e ainda, formal + material (Leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos, resoluções);
RESERVA LEGAL: Para haver o princípio da legalidade, em se tratando de Direito Penal incriminador, NÃO é por qualquer espécie normativa, Somente Lei Ordinária e Lei Complementar. Necessariamente, a lei tem que ser formal e material;
f) LEGALIDADE E MEDIDA PROVISÓRIA
Ocorre a edição de Direito Penal por medida provisória, mas não no seu sentido incriminador, pois entraria em conflito com a reserva legal, mas no seu sentido descriminalizador.
8.2. PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA
Limita a atuação do legislador no sentido de que só se podem criminalizar condutas que afetem os bens jurídicos mais importantes ao convívio social, devido ao fato de que o Direito Penal é a forma mais “violenta” de atuação do Estado. É uma forma de limitar e orientar o poder do incriminador do Estado. É um fundamento para a CRIMINALIZAÇÃO e para a DESCRIMINALIZAÇÃO de alguma conduta;
Consequências do Princípio da Intervenção Mínima:
- Princípio da Subsidiariedade: o Direito Penal só vai atuar quando for de extrema necessidade social, se outros ramos do Direito são capazes de regulamentar o caso, a prioridade fica para esses ramos;
- Princípio da Fragmentaridade: determina que o Direito Penal só irá se ocupar com apenas uma parte pequena do ilícito contra a ordem jurídica, isto é, apenas um fragmento. Ademais, todo ilícito na esfera penal também é ilícito em outros ramos do direito;
OBS1: um ilícito penal também pode ser um civil (ex: furto: dano material) e administrativo;
OBS2: o ilícito abrange os outros ramos do Direito, mas os outros não abrangem, necessariamente o Penal;
	Informações Complementares
	Segundo Muñoz Conde, O poder punitivo do Estado deve estar regido e limitado pelo princípio da intervenção mínima. Com isto, quero dizer que o Direito Penal somente deve intervir nos casos de ataques muito graves aos bens jurídicos mais importantes. As perturbações mais leves ao ordenamento jurídico são objeto de outros ramos do Direito”;
Também é chamado de ultima ratio (última razão ou último recurso);
Segundo Rogério Greco, o princípio da fragmentariedade é corolário dos princípios da intervenção mínima, da lesividade e da adequação social;
8.3. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA OU CRIMINALIDADE DE BAGATELA:
O direito não pode se preocupar pelas coisas que não tem importância;
Claus Roxin (defensor);
Significa que o Direito Penal exige uma ofensa significativa ao bem jurídico tutelado. Desse modo, só haverá tipicidade se a conduta delitiva causar um dano grave ao bem jurídico;
Vai servir ao aplicador da lei penal;
Tem a função de excluir a tipicidade material;
É o aplicador que tem que observar se a lesão é ou não significante ao caso concreto;
Critérios para a aplicação desse princípio (segundo o STF):
Requisitos objetivos:
Mínima ofensividade da conduta;
Ausência de periculosidade social;
Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
Inexpressividade da lesão jurídica;
Requisitos Subjetivos:
Importância do objeto material para a vítima (situação econômica + valor sentimental);Circunstâncias e resultado do crime;
8.4. PRINCÍPIO DA LESIVIDADE OU OFENSIVIDADE
O Direito Penal só pode se preocupar com condutas que venham a afetar bens jurídicos, quando lesionar ou expuser a um perigo de lesão;
- Alteridade (Bilateralidade): ao proteger um bem jurídico, é necessário que seja um bem de terceiro. O Direito Penal se preocupa com relação Homem x Homem, por isso não se criminaliza a autolesão (ex: suicídio);
- Exterioridade: não se criminaliza as atitudes internas. O modo de ser e pensar não são passíveis de punição, estaria afetando a liberdade da pessoa humana. Ninguém pode ser punido por aquilo que pensa ou mesmo por seus sentimentos pessoais;
8.5. PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL
Significa que apesar de uma conduta se subsumir ao modelo legal não será considerada típica se for socialmente adequada ou reconhecida, isto é, se estiver de acordo com a ordem social da vida historicamente condicionada;
	Informações Complementares
	Segundo Luiz Regis Prado, “a teoria da adequação social, concebida por Hans Welzel, significa que apesar de uma conduta se subsumir ao modelo legal não será considerada típica se for socialmente adequada ou reconhecida, isto é, se estiver de acordo com a ordem social da vida historicamente condicionada”;
8.6. PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA:
Art. 5º, LXVI, CF – Deve atribuir a cada indivíduo a pena de acordo com que a pessoa merece. Há uma valoração da conduta. As penas variam de acordo com a importância do bem a ser tutelado;
A lei penal deve observar aspectos subjetivos e objetivo do crime;
Vai funcionar em três planos:
Plano Legislativo: vai servir para que o legislador de acordo com a importância do bem jurídico estabeleça o mínimo e o máximo da pena;
Plano Judicial: serve para que o aplicador verifique a reprimenda que deve ser atribuída a cada autor do crime. (critério trifásico de aplicação da pena) = vai fundamentar;
Plano Administrativo: execução penal = por meio do sistema penitenciário é que se vai tratar cada autor do crime de uma forma diferenciada;
8.6. PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PESSOAL:
A pena não pode passar do acusado, ou seja, somente o condenado poderá sofrer as consequências de uma sanção aplicada pelo Estado;
8.6. PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE:
O Estado só pode punir quando se poderia exigir do agente outro comportamento. Exigência de um juízo de reprovação jurídica que se apoia sobre a crença – fundada na experiência da vida cotidiana – de que ao homem é dada a possibilidade de, em certas circunstâncias, agir de outro modo – Assis Toledo;
Não se pode atribuir a uma pessoa a responsabilidade objetiva (sem dolo ou culpa). A responsabilidade é pelo FATO! SEMPRE PELO FATO! E NÃO PELO AUTOR!
8.7. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE:
É necessário fazer uma ponderação sobre a relação existente entre o bem lesionado com o comportamento criminoso e o bem que lesionado com a aplicação da sanção;
9. CLASSIFICAÇÃO DA NORMA PENAL
A norma penal é uma espécie de norma jurídica;
9.1. NORMA PENAL INCRIMINADORA
Também é chamada de norma penal em sentido estrito;
São aquelas que têm a função de definir as infrações penais e estabelecer a respectiva sanção em caso de descumprimento;
É a norma penal por excelência, visto que quando se fala em norma penal pensa-se, imediatamente, naquela que proíbe ou impõe condutas sob a ameaça de sanção;
Elas se manifestam por meio da: PROIBIÇÃO e de um MANDAMENTO;
Se estruturam da seguinte forma:
- PRECEITO PRIMÁRIO: É a parte da norma encarregada de fazer a descrição detalhada e perfeita da conduta que se procura proibir ou impor, ou seja, é a parte da norma que descreve a conduta criminosa;
- PRECEITO SECUNDÁRIO: É a parte da norma que cabe a tarefa de individualizar a pena, cominando-a em abstrato;
9.2. NORMA PENAL NÃO INCRIMINADORA
É aquela que não traz a definição do comportamento criminoso e nem estabelece penas;
Esta pode ser tratada por meio de Medida Provisória;
Possuem as seguintes finalidades: tornar lícita determinadas condutas; afastar a culpabilidade do agente, erigindo causas de isenção de pena; esclarecer determinados conceitos e fornecer princípios gerais para a aplicação da lei penal;
São subdivididas em:
- PERMISSIVAS JUSTIFICANTES: São aquelas que excluem a ilicitude da conduta do agente. Nesse caso, o fato é lícito; EX: art. 23 a 25, CP.
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - em estado de necessidade; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - em legítima defesa;(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Excesso punível (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Estado de necessidade
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Legítima defesa
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
- PERMISSIVAS EXCULPANTES: são aquelas que se destinam a eliminar a culpabilidade do agente, o isentando da pena. EX: art. 26, caput e 28, §1º.
Inimputáveis
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - a emoção ou a paixão; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Embriaguez
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
- EXPLICATIVAS: são aquelas que se destinam a explicar conceitos previstos em outras normas. Norma que serve para explicar outra norma. EX: art. 327 e 150, §1º.
Funcionário público
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 2º - A pena será aumentada da terçaparte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. (Incluído pela Lei nº 6.799, de 1980)
Violação de domicílio
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência.
- COMPLEMENTARES: São aquelas que trazem princípios gerais para a aplicação da lei penal, ou seja, NORMA-PRINCÍPIO e não NORMA-REGRA. EX: art. 1º e 59 do CP;
Anterioridade da Lei (PRINCÍPIO DA LEGALIDADE)
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal
Fixação da pena
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.
- INTEGRATIVA/EXTENSÃO: São aquelas que se destinam a completar a TIPICIDADE (é o enquadramento da conduta ao tipo penal) denominada indireta. EX: art. 121 c/c art. 14, II ou art. 29 do CP.
Homicídio simples
Art 121. Matar alguem:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos
Art. 14 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Crime consumado (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Pena de tentativa(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
9.3. NORMA PENAL EM BRANCO ou PRIMARIAMENTE REMETIDA
São aquelas normas penais que necessitam de um complemento para que se possa compreender seu preceito primário;
Podem ser:
- N.P.B. HOMOGÊGENA: O complemento tem a mesma natureza jurídica e advém da mesma fonte de produção da norma a ser complementada;
EX: art. 237, CP, onde o impedimento está no CC/02;
HOMOGÊNEA HOMOVITELINA OU HOMÓLOGA: O complemento pertence ao mesmo estatuto jurídico;
HOMOGÊNEA HETEROVITELINA OU HETERÓLOGA: O complemento pertence estatutos jurídicos diferentes;
- N.P.B. HETEROGÊNEA: O complemento tem natureza jurídica distinta e advém de órgão de produção diverso;
9.4. NORMA PENAL INCOMPLETA (EM BRANCO AO AVESSO OU INVERTIDA) ou SECUNDARIAMENTE REMETIDA;
Neste caso, o preceito primário é completo. O que falta é o preceito secundário. É necessário uma outra norma prevendo uma sanção.
EX: Lei que trata do crime de genocídio (lei 2.889/56)
Mas, para que isso seja possível, a lei que tratar da pena deverá ser em sentido estrito;
 
10. LEI PENAL NO TEMPO
A lei penal, mesmo depois de revogada, pode continuar a regular fatos ocorridos durante a sua vigência ou retroagir para alcançar aqueles que aconteceram anteriormente à sua entrada em vigor. Essa possibilidade da lei penal se movimentar no tempo chama-se EXTRA-ATIVIDADE;
Fala-se em extra-atividade somente quando houver confronto de leis penais que se sucederam no tempo e que estão disputando o tratamento de determinado fato;
Para que se possa delinear o marco inicial para o raciocínio sobre a aplicação da lei penal, o Código Penal adotou a teoria da atividade, que diz que o tempo do crime será o da ação ou omissão, ainda que o momento do resultado seja outro;
Art 4º, CP – Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado;
10.1. SUCESSÃO DE LEIS PENAIS NO TEMPO
Traz um conflito intertemporal de leis penais, que é a possibilidade de aplicação de mais de uma lei em um caso concreto;
“NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA”
- Uma lei nova passa a tipificar um comportamento até então irrelevante para o direito penal, como infração penal;
- Ela não retroage, ou seja, não vai alcançar as condutas realizadas antes de sua vigência. Essa lei será IRRETROATIVA, ou seja, atende ao princípio da legalidade anterior;
“NOVATIO LEGIS IN PEJUS”
- É a lei nova prejudicial;
- É aquela lei que de alguma forma traz um tratamento mais rigoroso às condutas já definidas como infração penal;
- Ela não cria uma nova infração penal, ela torna mais grave a prática dessa infração. Pode ser, por exemplo, um aumento de pena, da prescrição, etc;
- Nesse caso não poderá retroagir, pois só terá aplicação às condutas praticadas à sua vigência;
“ABOLITIO CRIMINIS”
- É uma lei nova que vem suprimir no âmbito do direito penal uma conduta até então definida como infração penal;
- Natureza jurídica = CAUSA DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE (isso para a maioria da doutrina). (art. 107, III, CP)
- Alcança todas as hipóteses independentemente se a sentença penal já transitou em julgado. Mas, não produz efeitos civis;
- Nesse, caso, a lei retroage;
- PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVO-TÍPICA: É quando determinado tipo penal incriminador seja expressamente revogado, mas seus elementos venham a migrar para outro tipo penal já existente, ou mesmo criado por lei nova. Nesses casos, embora aparentemente tenha havido a abolição da figura típica, tem-se aquilo que se denomina de continuidade normativo-típica.
“NOVATIO LEGIS IN MELLIUS”
- Lei nova benéfica ao agente trazendo de alguma forma uma vantagem ao autor da infração penal;
- Nesse caso é aplicável a TEORIA DA PONDERAÇÃO CONCRETA;
- Se a lei for benéfica, retroagirá;
- Em se tratando do período de vacatio legis, prevalece que não se pode aplicar a lei nova, uma vez que ela ainda não está em vigência e poderá ser modificada;
10.2. COMBINAÇÃO DE LEIS PENAIS
Fala-se em combinação de leis quando, a fim de atender aos princípios da ultra-atividade e da retroatividade in mellius, ao julgador é conferida a possibilidade de extrair de dois diplomas os dispositivos que atendam aos interesses do agente, desprezando aqueles outros que o prejudiquem;
O STF, em julgamento pelo pleno, considera possível essa combinação, desde que beneficie o réu;
Já o STJ, acompanha a doutrina clássica. Esta afirma que o aplicador do direito estaria legislando em caso concreto e por isso não seria possível essa combinação;
	Informações Complementares
	Segundo Rogério Greco, essa combinação seria possível e um exemplo se verificaria no caso das leis 6368/76 e 11343/06, em que a pena mínima cominada ao delito de tráfico de drogas era de 3 anos, sendo que a novatio legis a aumentou para 5 anos. No entanto, a nova lei previu uma causa especial para a redução da pena de 1/6 a 2/3. Assim, o julgador poderá fazer a combinação dessas leis de forma a beneficiar o réu;
10.3. LEI PENAL INTERMEDIÁRIA
Na sucessão de leis penais no tempo é possível aplicar a lei intermediária desdeque seja mais benéfica ao réu;
10.4. LEI PENAL EXCEPCIONAL E TEMPORÁRIA
a) LEI PENAL TEMPORÁRIA
É aquela que tem o período de sua vigência previamente estabelecido em seu texto;
Ela se auto-revoga;
Será ULTRATIVA mesmo sendo maléfica, pois se assim não for ela não terá eficácia preventiva;
A doutrina majoritária afirma que não se trata de sucessão de leis no tempo e por isso não ofende a Constituição;
Acompanhando a doutrina minoritária, Rogério Greco afirma que a CF/88 não recepcionou a lei penal temporária;
b) LEI PENAL EXCEPCIONAL (EM SENTIDO ESTRITO)
É aquela em que o período de vigência está delimitado a uma situação de anormalidade;
O período de vigência se dá enquanto perdurar tal anormalidade, que está descrita no texto;
Ela se auto-revoga;
Também apresenta ULTRATIVIDADE maléfica;
10.5. TEMPO DO CRIME
a) TEORIA DA ATIVIDADE
Essa teoria afirma que o momento do crime é quando se realiza a ação ou a omissão, isto é, é o momento da conduta;
O Código Penal adotou essa teoria, como mostra seu art. 4º:
Tempo do crime
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
No caso em que o agente for menor de 18 anos no momento do cometimento do crime e o resultado acontecer quando já for maior, aplica-se o ECA;
No caso do horário de verão, este não será considerado como fator de antecipação da maioridade penal (STJ);
 Já no caso de crime continuado ou permanente, aplicar-se-á o CP. Entendimento sumulado pelo STF:
SÚMULA 711
A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência
b) TEORIA DO RESULTADO
Essa teoria afirma que o momento do crime é o da consumação;
c) TEORIA DA UNBIQUIDADE (MISTA)
Essa teoria afirma que o momento o crime tanto faz, seja no momento da realização da conduta, como o momento da consumação;
11. LEI PENAL NO ESPAÇO
a) TEORIA DA ATIVIDADE
Essa teoria afirma que o local do crime é aquele em que ocorreu a ação ou a omissão, isto é, é o local da conduta;
b) TEORIA DO RESULTADO
Essa teoria afirma que o local do crime é aquele em que ocorreu a consumação;
c) TEORIA DA UNBIQUIDADE (MISTA)
Essa teoria afirma que o local do crime tanto faz, seja o local da realização da conduta, como o local da consumação;
O Brasil adotou essa teoria para evitar a ausência de punição nos crimes à distância;
11.1. PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE (TEMPERADA OU MITIGADA)
Aplica-se a lei penal brasileira aos crimes ocorridos no território nacional. Trata-se de uma questão de soberania;
Não é uma regra absoluta, pois leva-se em consideração acordos e tratados internacionais que prevêem regras contrárias a esse princípio;
EX: tratado que regula a carreira diplomática – em regra os diplomatas respondem pelo crime cometido de acordo com as regras do seu país de origem;
INTRATERRITORIALIDADE é quando há a possibilidade de aplicação de lei penal de outro país em território nacional;
CONCEITO DE TERRITÓRIO
É onde o país exerce a sua soberania política;
TERRITÓRIO FÍSICO
- Abrange o solo e o subsolo até os limes conhecidos;
- As águas interiores (rios, lagos, etc);
- O mar territotial;
- A plataforma continental e o espaço aéreo correspondente;
TERRITÓRIO POR EXTENSÃO (art. 5º, §1º)
- Embarcação e aeronave de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontre;
- Embarcação e aeronave privada e mercante e que estejam em alto mar ou no espaço aéreo correspondente;
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
11.2. PRINCÍPIO DA EXTRATERRITORIALIDADE (art. 7º)
É a possibilidade de aplicar a lei penal brasileira aos crimes ocorridos fora do território nacional;
a) EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA (art. 7º, I)
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO REAL OU DA DEFESA 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO REAL OU DA DEFESA 
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO REAL OU DA DEFESA 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
PRINCÍPIO DA JUSTIÇA UNIVERSAL OU COSMOPOLITA 
b) EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA (art. 7º, II)
Para a aplicação da lei brasileira em território estrangeiro deve-se observar as condições do inciso II;
Essas condições são cumulativas;
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
PRINCÍPIO DA JUSTIÇA UNIVERSAL OU COSMOPOLITA 
b) praticados por brasileiro;
PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE OU PERSONALIDADE ATIVA 
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
PRINCÍPIO DA BANDEIRA, DO PAVILHÃO OU REPRESENTAÇÃO 
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.
b) EXTRATERRITORIALIDADE HIPERCONDICIONADA (art. 7º, §3º)
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
11.3. PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO (art. 8º)
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.
12. TEORIA GERAL DO CRIME/DELITO
12.1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
É uma construção dogmática que nos proporciona conhecer o delito em cada caso concreto;
	Informações Complementares
	Segundo Zaffaroni, chama-se teoria do delito “a parte da ciência do direito penal que ocupa de explicar o que é o delito em geral, quer dizer, quais são as características que devem ter qualquer delito. Esta explicação não é um mero discorrer sobre o delito com um interesse puramente especulativo, senão que atende à função essencialmente prática, consistente na facilitação da averiguação da presença ou ausência do delito de cada caso concreto”;
É bom lembrar que o crime é insuscetível de fragmentação, mas para efeitos de estudo, faz-se necessária a análise de cada uma de suas características ou elementos fundamentais, isto é, fato típico, antijuridicidade e a culpabilidade;
12.2. CONCEITO DE CRIME
a) CONCEITO LEGAL
O decreto-lei 3.914/41 (lei de introdução ao código penal) traz os seguintes dizeres no seuartigo 1º:
Art. 1º - Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente.
É como se fosse a INFRAÇÃO PENAL o gênero do qual CRIME/DELITO e CONTRAVENÇÃO PENAL fossem as espécies. Nesse caso, há uma mera distinção axiológica, ou seja, de quantidade. O crime ou delito é considerado mais grave e a contravenção penal menos grave. Por isso, esta é conhecida como crime “anão” ou “vagabundo”; 
No Brasil adota-se o sistema dicotômico ou dualista, considerando crime e delito como sendo a mesma coisa;
Entre crime e contravenção não há diferença ontológica, podendo um crime se tornar uma contravenção e vice-versa;
Distinções entre crime e contravenção:
	
	CRIME
	CONTRAVENÇÃO PENAL
	Com relação à pena
	Reclusão, Detenção e/ou multa
	Prisão simples e/ou multa
	Tempo máximo de cumprimento da pena
	30 anos
	5 anos
	Punibilidade da tentativa
	Admite-se
	Vedada
	Extraterritorialidade
	Aplica-se
	Não se aplica – expressa vedação no art. 2ª da lei de contravenções penais.
	Competência para julgar
	Justiça estadual e Federal
	Justiça Estadual
Exceção: A Justiça Federal Julga seus juízes, que tem prerrogativa de função.
	Ação Penal
	Ação Penal Pública (incondicionada e condicionada) e Privada
	Ação Penal Pública Incodicionada
	Regime de cumprimento
	Regime Fechado, Semi-aberto e Aberto
	Regime Semi-aberto e Aberto
CONCEITO FORMAL
Crime é o comportamento previsto na lei penal como crime;
CONCEITO MATERIAL
Crime é o comportamento que lesiona ou expõe a perigo de lesão, o bem jurídico tutelado;
CONCEITO ANALÍTICO
É aquele que define o crime com base nos elementos que o compõe, ou seja, é um conceito estratificado;
A dogmática penal, hoje, se baseia no conceito analítico de crime;
13. SUJEITOS DA INFRAÇÃO PENAL
São aqueles que estão envolvidos com a prática delitiva ou com suas conseqüências;
a) SUJEITO ATIVO
A pessoa que realiza, direta (chamado de autor ou co-autor) ou indiretamente (chamado de partícipe – art. 29, CP), de forma isolada ou em concurso, a conduta descrita no tipo penal;
Significa que o delituoso pode realizar o crime sem a participação de ninguém, ou com o concurso de pessoas, que pode ter a co-autoria (quando realiza o crime conjuntamente de forma direta) ou a realização de um crime apenas induzindo ou instigando;
Crime Próprio: exige uma qualidade especial (ex: peculato – servidor público, infanticídio – somente a mãe comete este crime)
Crime Comum: pode ser cometido por qualquer pessoa. (ex: homicídio, furto, roubo);
Pessoa Jurídica comete crime?
- 1ª corrente: A pessoa jurídica não pratica crime, pois ofende o princípio da responsabilidade subjetiva, da culpabilidade e da personalidade da pena;
- 2ª corrente: A pessoa jurídica é considerada sujeito ativo da infração penal, então pratica crime. Essa possibilidade está prevista no art. 255,§ 3º da CF/88 e na lei de crime ambiental, ou seja, responsabilidade penal objetiva prevista na CF;
- 3ª corrente: A pessoa jurídica não pratica crime, mas pode ser responsabilizada penalmente, ou seja, responsabilidade penal social; Esse é chamado de Sistema da Imputação Paralela ou Dupla Imputação. 
É este terceiro entendimento que vem prevalecendo, sendo que a responsabilidade se dá nos termos do que a Lei de Crimes Ambientais (art. 3º) prevê, ou seja, a pessoa jurídica será responsabilizada penalmente nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade, sendo que a responsabilidade da pessoa jurídica não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato. Posição adotada pelo STJ.
b) SUJEITO PASSIVO
É o titular do bem jurídico protegido pela lei penal;
É aquele que detém o bem jurídico subtraído;
FORMAL OU CONSTANTE: Também é conhecido como mediato. É o Estado, o titular da ordem jurídica. A esse pertence o direito público subjetivo de exigir o cumprimento da lei penal. Nesse caso, em todo delito o estado é sujeito passivo;
MATERIAL OU EVENTUAL: Também é conhecido como imediato, direto ou acidental. É o titular específico do bem jurídico tutelado, seja ele já lesado ou exposto a perigo de lesão. O estado também pode ser sujeito passivo eventual (ex: crimes contra a administração pública).
- A pessoa jurídica pode ser sujeito passivo material ou eventual;
- É possível que haja crime com sujeito passivo indeterminado, ou seja, sem personalidade jurídica – crime vago.
13.1. OBJETO DA INFRAÇÃO PENAL
a) OBJETO JURÍDICO 
- É o bem jurídico tutelado pela lei penal, ou seja, é o interesse, é o valor protegido;
- Todo crime atinge um bem jurídico, ou seja, é impossível existir um crime sem objeto jurídico;
- Alguns delitos possuem mais de um objeto jurídico e são chamados de crimes pluriofensivos (ex: latrocínio);
b) OBJETO MATERIAL
- É a pessoa ou a coisa sobre a qual recai a conduta delitiva;
- No homicídio, por exemplo, o objeto jurídico é a vida, já o objeto material é o corpo;
- Existe crime sem objeto material, como por exemplo, o ato obsceno, formação de quadrilha;
14. ESTUDO ANALÍTICO DO CRIME
14.1. ELEMENTOS DA INFRAÇÃO PENAL OU ELEMENTOS DO CRIME DO CRIME
a) VISÃO QUADRIPARTIDA
O crime teria os seguintes elementos: Fato típico + ilicitude + culpabilidade + punibilidade (que é a possibilidade de punir alguém).
Esta teoria foi abandonada devido a punibilidade ser conseqüência da prática do crime e não um elemento;
Defensores: Edmund Mezger e Basileu Garcia;
b) VISÃO TRIPARTIDA
O crime teria os seguintes elementos: Fato típico + ilicitude + culpabilidade;
Nessa visão, a punibilidade não faz parte do crime;
É a teoria que tem uma maior aceitação pela doutrina nacional e estrangeira;
Defensores: Hans Welzel, Nelson Hungria, Luis Regis Prado, Magalhães Noronha, Cesar Bittecout. Entram doutrinadores das teorias clássica ou causalística e finalista;
c) VISÃO BIPARTIDA
O crime teria os seguintes elementos: Fato típico + ilicitude;
A culpabilidade é pressuposto para a aplicação da pena. Então, não é parte do conceito de crime;
É conhecida como FINALISMO DE INCIDENTE;
Defensores: Damásio de Jesus, Ariel Dotti;
Os adeptos dessa visão adotam a teoria finalista;
OBS: O código penal adotou o sistema finalista; 
14.2. SISTEMAS SOBRE O DELITO
Também é conhecido como TEORIA DA CONDUTA OU DO FATO TÍPICO;
O estudo da teoria da conduta é o fundamento da Teoria do Delito. A evolução da teoria da conduta é também a evolução do Direito Penal;
14.2.1. SISTEMA CLÁSSICO
Teoria Naturalista, Mecanicista ou Causal Tem como percussores os alemães (Franz Von Liszt e Beling), ao final do século XIX. Essa teoria faz parte do “sistema clássico”, por isso pode ser também conhecida como Teoria Clássica da Ação. Para os alemães a conduta é o enervamento de um processo mecânico, gerando um resultado. 
Essa teoria submete o Direito Penal às regras de causa e efeito. É um processo mecânico onde a CONDUTA HUMANA é uma relação de causa e efeito, não contém elementos subjetivos, ou seja, dolo e culpa. A conduta é um mero processo mecanicista;
É a ciência do SER (observa e descreve) e não do DEVER SER (compreende e valora); 
Para essa teoria o crime seria = (Fato típico + ilicitude = Injusto penal) (só tinha elementos objetivos) + Culpabilidade (elementos subjetivos – dolo e culpa). 
Resumo: Para essa teoria, a conduta ocorria somente com um resultado mecânico de causa e efeito. Essa conduta, para ser relevante basta ter um resultado;
Essa teoria não consegue explicar com precisão a conduta;
Problemas dessa teoria:
- Como explicar o crime omissivo?- Sendo assim, essa teoria considerava a omissão como sendo todo o resto. Mas, para isso precisaria valorar (campo do dever ser), logo sairia do campo onde estava inserida (campo do ser);
- Também apresenta problemas para tipificar a conduta, ou seja, enquadrar a conduta no que está descrito pela lei;
- Não consegue analisar a tipicidade, pois precisa saber o dolo e a culpa, que são elementos subjetivos;
- O causalismo não consegue tipificar com base apenas na análise da conduta, por isso a célere frase: “o causalismo é cego e o finalismo, por ser guiado é vidente”;
14.2.2. SISTEMA NEOKANTISTA OU NEOCLÁSSICO
Essa teoria passa a analisar o mundo do DEVER SER, ou seja, com base em valores, ou seja, compreende e valora;
Tem como precursores Radbruch e Mezger;
Agora, além dos elementos objetivos (Fato Típico + ilicitude), o injusto penal conterá elementos normativos (exigibilidade de conduta diversa) mais elementos subjetivos (dolo e culpa) - CULPABILIDADE, que precisam ser valorados;
Nasce a noção de ILICITUDE MATERIAL;
14.2.3. SISTEMA FINALISTADA DA AÇÃO OU FINALISMO PENAL
Tem como precursor Hans Welzel;
A base filosófica desse sistema é a FENOMENOLOGIA;
Faz tudo com base na estrutura lógica;
Conceito ontológico de conduta – Zafaroni – é o estudo do ser da forma como ele é, o ser enquanto ser. A conduta humana é direcionada a uma finalidade. Não tem como dissociar a finalidade da conduta;
O injusto penal (fato típico + ilicitude) passa a ter elementos objetivos e subjetivos, ou seja, o dolo e a culpa saem da culpabilidade e passam a fazer parte da ilicitude;
A culpabilidade passa a ter apenas elementos normativos. Passa a ser chamada de culpabilidade vazia, porque retirou-se os elementos subjetivos – CULPABILIDADE NORMATIVO-PURA;
A conduta tem dimensões mentais;
Também apresenta falhas:
- Dificuldade para explicar um crime culposo;
Teoria Biocibernética: o ser se adapta e pode fazer a escolha certa;
Exemplo: uma pessoa está dirigindo e atropela uma pessoa. Na Teoria Naturalista, houve ausência de culpabilidade, pois era nela que haviam elementos subjetivos. Para a teoria finalista, houve ausência de fato típico, pois a conduta tem que ser dirigida ao fim.
14.2.4. SISTEMAS OU TEORIAS PÓS-FINALISTAS
a) Teoria social da ação
Tem como precursor Jeschek;
Para ser considerada conduta é necessária que a conduta produza um resultado relevante socialmente, ou seja, conduta com transcendência social. Ex: o jogo do bicho;
É um conceito aberto e impreciso;
Seria melhor aplicar o princípio da adequação social;
b) Funcionalismo penal
Claus Roxin;
Teoria da imputação objetiva;
15. FATO TÍPICO
Tem em vista o tipo penal. É o fato material que se enquadra com perfeição aos elementos descritos pelo tipo penal (modelo de comportamento descrito na lei penal);
15.1. ELEMENTOS
São elementos do fato típico: a conduta, o resultado, o nexo de causalidade ou relação de causalidade e a tipicidade;
15.2. CONDUTA
Conceito
É a ação ou omissão humana voluntária que produz um resultado descrito por lei como crime ou contravenção.
Ação ou omissão que produz um resultado; conduta que interessa ao direito;
É sinônimo de ação e de comportamento;
A conduta é indispensável para que se possa falar em delito. Seu conceito varia de acordo com a teoria adotada. O conceito varia de acordo com a teoria adotada. Atualmente tem prevalecido a Teoria Finalista da conduta;
A conduta seria a ação ou omissão humana, voluntária e consciente, dirigida a um fim lícito ou ilícito e que consiste em um resultado descrito na lei como crime;
A conduta que interessa é a voluntária;
O fato típico tem elementos subjetivos;
Formas de conduta
Conduta Comissiva ou Positiva ou ativa
Exige do agente uma postura positiva, ou seja, um fazer, realizar algo;
O agente direciona sua conduta a uma finalidade ilícita;
Significa o movimento corpóreo exterior da pessoa, significa o fazer, o realizar. É uma ação que ofende o que a norma proíbe, ou seja, o agente faz-se aquilo que a norma proíbe. A maioria dos delitos contém normas proibitivas, ou seja, violam a norma proibitiva. 
Exemplo: matar alguém, roubar, furtar, fraudar, etc;
Conduta Omissiva ou negativa
É aquela conduta de não fazer aquilo que deveria ser feito;
Há uma abstenção da atividade que era imposta pela lei ao agente;
Significa não fazer aquilo que a norma lhe impõe. Viola a norma mandamental ou preceptiva (preceitua, determina algo). Ao não fazer aquilo, o agente ofende a norma preceptiva, porque, em termos jurídicos, ele acaba tendo o dever de agir, a sua omissão passa a ser penalmente relevante, salvo se não tiver o dever de agir;
Constitui uma atitude psicológica e física de não-atendimento da ação esperada, que devia e podia ser praticada. Na definição de Dotti: “é a abstenção da atividade juridicamente exigida”;
Exemplo: omissão de socorro.
Classificação das condutas omissivas
Crime omissivo próprio (ou puro)
O legislador descreve no tipo penal, a conduta considerada omissiva. Motivo pelo qual, o agente, responde apenas pela sua omissão. Aqui, a norma impõe o dever de agir no próprio tipo penal. Não há que se falar em “tentativa”. A norma penal não traz um resultado, só descreve a omissão. Não aloja o resultado naturalístico;
Para a maioria da doutrina, não se admite a tentativa de crime omissivo próprio;
Exemplo: art. 135 (trata da “Omissão de Socorro”), art. 269 (“Omissão de notificação de doença”);
OBS! Só responde pela omissão, não responde pelo resultado da omissão. 
OBS! Responde qualquer pessoa.
Crimes omissivos impróprios (impuro ou comissivo por omissão)
O tipo penal descreve uma ação;
O que acontece é que, a inércia da pessoa, quando se tem o dever de agir, pode gerar um resultado. Portanto, o agente responde pelo resultado da omissão. O resultado da omissão só será atribuído para quem tem o dever de agir. Há que se falar em “tentativa”;
Ex: uma mãe tem o dever de cuidar do seu filho, caso contrário, encaixa-se nesse crime; salva-vidas que não salva alguém se afogando. 
OBS! Não é atribuído para qualquer pessoa. São (art. 13, §2º): 
Hipóteses do dever de agir 
- Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: Exemplo: os pais, policiais, salva-vidas. 
- De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado: Não está previsto na lei, mas, ainda sim, a pessoa se comprometeu a impedir o resultado. Ex: enfermeira que foi contratada para cuidar de um paciente; o professor de natação; guia de escoteiros. 
- Com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado: O agente cria a situação de risco, portanto, tem o dever de agir nesse caso. Ex: jogar alguém na piscina, esse alguém passa a se afogar. O agente tem o dever de agir nesse caso. 
 Conduta dolosa - Para o CP quando o agente quer o resultado ou assume o risco de produzi-lo. 
 Conduta culposa - O agente dá causa ao resultado, por negligência, imprudência ou imperícia. 
OBS! As condutas dolosa e culposa são os elementos subjetivos, presentes no fato típico, de acordo com o finalismo ou teoria final da ação. Se a conduta não for dolosa ou culposa, não será conduta para esta teoria. Assim, sem esta conduta voluntária (dolo e culpa) não há fato típico, assim, não há crime. 
Casos de ausência de conduta 
a) Caso fortuito e força maior - Sempre será um evento imprevisível e inevitável. Exemplo: Cai uma árvore, o agente desvia o carro e atropela alguém, e essa pessoa acaba morrendo. 
A conduta foi devido a uma força maior, pois foi um ato involuntário, assim, não houve culpa nem dolo, imprevisibilidade e inevitabilidade. 
b) Movimentos reflexos - São os resultados de um movimento corpóreo de excitação dos nervos. Exemplo: O médico bate o martelo no joelho, você levanta e com o movimento reflexo acaba por quebrar o queixo do médico. 
Aqui houve um movimento involuntário do corpo. Assim, não háconduta relevante, mesmo que tivesse produzido o resultado. 
OBS! É levado em conta para a Teoria Finalista, pois se fosse a Teoria Clássica, o que importaria seria o resultado, independente da conduta. 
c) Coação física irresistível - É a força que impede fisicamente de agir ou deixar de agir, ou seja, lhe impede de ter voluntariedade em razão de uma força física. Exemplo: uma pessoa mais forte do que você te empurra, e você acaba machucando outra pessoa. 
Essa coação física não se confunde com a coação moral (“ou você faz isso, ou matarei sua família”), assim, não se exclui a conduta, você pode decidir ou escolher entre correr o risco ou ceder a ameaça. Coação moral= exigibilidade de conduta. 
d) Estado de inconsciência - Decorrente de sonambulismo e hipótese, ou seja, ela não tem consciência dos atos, o que não se confunde com a potencial consciência de ilicitude, que é elemento da culpabilidade. Também não se confunde com a capacidade de entendimento, que é elemento da imputabilidade.
CRIME DOLOSO
16.1. Conceito
O conceito legal está no art. 18, I, do CP;
Art. 18 - Diz-se o crime:
Crime doloso
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
Na análise doutrinária, significa a vontade consciente de realizar ou aceitar a conduta descrita no tipo penal;
O desejo é diferente do dolo. O dolo pode conter o desejo, mas nem sempre o desejo vai conter o dolo. O desejo seria a conduta alheia, portanto, mais amplo;
16.2. Elementos
16.2.2. Volitivo
É quando se quer, ou pelo menos, se assume o risco de produzir o resultado previsto na lei como crime;
Significa VONTADE;
Exemplo: disparo acidental de arma de fogo – nesse caso não é elemento volitivo, pois não há vontade do agente;
16.2.3. Intelectual
Significa que o agente tem a consciência do que está realizando, ou seja, consciência da produção do resultado;
Exemplo: alguém, por erro, atira em uma pessoa que esperava ser um animal. Nesse caso, não há elemento intelectual, pois não há consciência.
16.3. Teorias sobre o Dolo
16.3.1. Representação
Por essa teoria, haveria dolo quando o agente tem a previsão do resultado;
É insuficiente para explicar o crime doloso, porque confunde o crime doloso com o culposo e o dolo eventual com a culpa consciente;
Exemplo: dirigir em alta velocidade em via e prever que pode atropelar alguém;
Não foi adotada pelo código penal brasileiro;
16.3.2. Vontade
É quando o agente quer o resultado;
O agente não apenas prevê o resultado. Ele também que o resultado;
Foi adotada pelo código penal brasileiro no art. 18, I, primeira parte;
Art. 18 - Diz-se o crime:
Crime doloso
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
16.3.3. Assentimento
Também chamada de teoria do consentimento;
O agente não quer o resultado diretamente, todavia, ele aceita que o resultado ocorra, ou seja, ele não se importa com a ocorrência do resultado;
Também foi adotada pelo código penal brasileiro no art. 18, I, segunda parte;
Art. 18 - Diz-se o crime:
Crime doloso
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
16.4. Espécies de Dolo
16.4.1. Dolo Direito
O agente quer o resultado certo e determinado;
Ele tem consciência e vontade do que faz;
Cezar Roberto Bittencourt classifica o dolo direto em:
- Primeiro Grau: é aquele relacionado aos meios e os fins, ou seja, é quando você escolhe um meio para chegar a um fim proposto. O fim almejado não implica efeitos colaterais necessários, ou conseqüências necessárias;
- Segundo Grau: desrespeita as consequências tidas como certas e necessárias. O fim almejado implica em efeitos colaterais necessários – dolo de conseqüências necessárias;
Exemplo: Um terrorista pensa em matar Obama atirando nele. Depois desiste, pois isso seria muito difícil. Então, pensa em explodir o avião que Obama viaja, para matá-lo. Porém, ele não viaja sozinho, ele leva toda a sua comitiva. Assim, o agente conhece esse fato que é lógico e mesmo assim explode o avião. Fazendo uma análise do caso, chegamos à conclusão de que com relação à Obama, o dolo é de primeiro grau. Já em relação à sua comitiva, é de segundo grau.
16.4.2. Dolo Indireto
O agente não quer o resultado certo e determinado;
Pode ser:
- Alternativo: O agente prevê uma pluralidade de resultados e dirige sua conduta na busca de um ou outro resultado com a mesma intensidade. A vontade é idêntica, tanto é que o agente responderá pelo resultado mais grave.
Exemplo: a namorada está com raiva, pois descobriu uma traição. Ela quer descontar a raiva e joga uma bomba no seu namorado. Logo, qualquer o resultado que ocorrer ela assume e responderá pelo mais grave
- Eventual: É quando o agente prevê o resultado o resultado e assume o risco de produzi-lo, ou seja, ele aceita a produção do resultado, não se importa com a produção do resultado, ele não quer diretamente, mas prevê o resultado possível e não se importa se o resultado vai ocorrer.
Exemplo: A quer matar B, só que B está conversando com C, e A a 100m de distância atira com uma submetralhadora. A intenção de A é a morte de B, mas se matar C ele pouco importa;
OBS! Diferença entre Dolo de 2º grau e Dolo eventual: No dolo de 2º grau as consequências são certas, no dolo eventual pode ou não acontecer.
16.4.3. Dolo genérico e específico
Falava-se em Dolo genérico e específico quando se tratava da Teoria Clássica da Ação, ou seja, antes da teoria finalista;
Dolo genérico: é aquele que não contém uma finalidade específica. É aquele que não se exige uma finalidade específica. Está previsto em todos os crimes dolosos;
Dolo específico: “especial fim de agir”, “finalidade específica”. Geralmente vem com a expressão: com o fim de... Além de ter vontade e consciência, tem uma finalidade específica;
Exemplo: Art. 299, CP - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o documento é particular.
Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.
16.4.4. Dolo de dano e perigo
Dolo de dano: Significa vontade e consciência de produzir um dano ao bem jurídico tutelado. A intenção do agente é produzir um dano ao bem jurídico tutelado.
Exemplo: roubo, furto;
Dolo de perigo: É a vontade e consciência de expor a risco o bem jurídico tutelado. Basta o perigo de lesão. É o dolo exigido nos chamado dolo de perigo.
Exemplo: porte ilegal de arma, formação de quadrilha, dirigir embriagado;
16.4.5. Dolo Geral
Também conhecido como “aberratio causae” ou “erro sucessivo”;
É quando o agente erra acerca da execução do crime;
O dolo geral é um erro sobre o nexo causal que não elimina o dolo, pois é o erro do tipo acidental. O dolo neste caso é geral e envolve todo o desenvolver da conduta típica, ou seja, do início da execução até o fim da consumação.
Exemplo: Uma pessoa A enforca B e joga o corpo desta no rio com intenção de sumir com o corpo, no qual nesta última ação, ocorre a morte de B;
CRIME CULPOSO
O crime culposo está tipificado no art. 18, II, CP: Art. 18 - Diz-se o crime: II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia;
É considerado um tipo penal aberto, ou seja, aquele que depende de valoração do julgador dentro do caso concreto;
O código penal não diz o que o que é crime culposo;
OBS: O art. 180, § 3º - receptação culposa – excepcionalidade. Nesse caso, é um tipo penalfechado;
17.1. ELEMENTOS
Conduta voluntária: a vontade do agente é de praticar a conduta, porque o resultado que ele visa é lícito, não se preocupando com o resultado. A voluntariedade está relacionada com a CONDUTA, sendo o resultado involuntário;
É o fazer ou não fazer sem observar o cuidado necessário, ou seja, a vontade do agente se limita a realizar uma conduta perigosa e não em relação ao resultado;
Violação do dever objetivo de cuidado: o agente atua em desacordo com o que é esperado pela lei e pela sociedade. A violação do dever objetivo de cuidado se manifesta pela imprudência, imperícia e negligência;
Quando não se observa o dever de cuidado objetivo, insere-se a culpa;
Resultado naturalístico ou involuntário: todo crime culposo exige um resultado naturalístico, sendo este involuntário, ou seja, o crime culposo é um crime material e;
O que se produziu o agente não quer e nem assumiu o risco de produzir o resultado, que é perceptível aos sentidos humanos;
O crime culposo exige um resultado para a consumação;
Nexo de causalidade: tem que haver nexo de causalidade entre a conduta culposa e o resultado naturalístico;
Previsibilidade objetiva: significa a possibilidade de uma pessoa comum prever o resultado. Analisa a conduta de uma pessoa comum. A previsibilidade objetiva, todo crime culposo tem.
Tipicidade: significa que o crime culposo, o comportamento culposo, deve se enquadrar na previsão legal, ou seja, deve está previsto expressamente no tipo penal.
OBS: O crime culposo deve está expressamente previsto na lei como sendo crime culposo, caso contrário será doloso;
FORMAS DE CULPA – são as formas que quebram o dever objetivo de cuidado.
Imprudência: a falta de cuidado se revela por meio de um agir, de um fazer, sem observar o cuidado necessário.
Exemplo: dirigir em alta velocidade
Negligência: revela a falta de cuidado quando não faz ou deveria ter feito (falta de precaução)
Exemplo: deixar arma ao alcance de criança;
Imperícia: pode ser tanto por meio da negligência como da imprudência. É a falta de aptidão técnica para o exercício de arte, ofício ou profissão;
ESPÉCIES DE CULPA
Culpa consciente: é culpa com previsão do resultado. O agente sabe que pode produzir o resultado, mas ele não quer e nem aceita, pois acredita que não vai ocorrer. Ele se importa com o resultado e confia que o resultado não ocorrerá;
Aqui, o agente não aceita o resultado, se importa com ele, não é indiferente com ele – “sei que pode acontecer, mas comigo não vai acontecer”;
No dolo eventual, o agente não se importa com o resultado, aceita o resultado, é indiferente com o resultado e assume o risco – “sei que pode acontecer, mas, caso ocorra, eu não me importo”;
Culpa inconsciente: é a culpa sem previsão do resultado, embora este seja previsível objetivamente. Não tem previsão daquilo que era previsível;
Exemplo: pai que deixou a arma em um armário baixo;
Culpa própria: é a culpa propriamente dita, o agente não quer e nem assume o risco de produzir o resultado – é o crime culposo por excelência;
Culpa imprópria: por assimilação, por equiparação: é aquela em que o agente por erro evitável fantasia certa situação supondo está agindo acobertado por uma excludente de ilicitude (legítima defesa e estado de necessidade);
“Descriminante putativa”: é imaginária. É uma legítima defesa imaginária. Art. 20, §1º, CP = é um comportamento doloso punido a título de crime culposo;
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo
CRIME PRETERDOLOSO
“Preter” = além, ou seja, o crime preterdoloso é quando o agente pratica uma conduta dolosa, mas acaba chegando ao resultado além do pretendido de forma culposa. Esse resultado é por culpa, e não por dolo. Antecedente= dolo; Consequente= culpa. Exemplos: “A” quer lesionar “B”, porém “B” morre. O crime será lesão corporal seguido de morte. Lesão corporal seguida de morte, lesão corporal seguida de aborto. Geralmente está previsto em uma qualificadora
18.1. REQUISITOS
Dolo no antecedente
Culpa no consequente
- Crime preterdoloso é crime qualificado pelo resultado? A pena será maior por um resultado mais grave? Sim. 
- Todo crime qualificado pelo resultado é preterdoloso? Não. Pois pode se ter um resultado agravador por dolo e não por culpa. Exemplo: Roubo seguido de morte com a intenção de roubar e matar (dolo + dolo). 
Resumo: Crime qualificado pelo resultado: 
1. Dolo + Culpa (Preterdoloso) Ex: crime qualificado pelo resultado
2. Dolo + Dolo – Ex: latrocínio – roubo seguido de morte;
3. Culpa + Culpa – Ex: incêndio culposo e como resultado a morte culposa;
4. Culpa + Dolo – Ex: homicídio culposo no trânsito com omissão dolosa;
ERRO DE TIPO
Antes da reforma de 1984, adotava-se a Teoria Unitária do erro, a qual não diferenciava o ERRO DE TIPO e o ERRO DE PROIBIÇÃO. Eles eram tratados na culpabilidade, até porque, antes, dolo e culpa eram tratados na culpabilidade (teoria clássica). Com a Teoria Finalista, dolo e culpa passou para o fato típico, saindo da culpabilidade, Hoje o código penal adota a TEORIA DIFERENCIADORA DO ERRO. O erro de tipo passou a ser tratado, juntamente com as suas conseqüências, no FATO TÍPICO (art. 20, CP). Já o ERRO DE PROIBIÇÃO, continuou a ser estudado e ter suas conseqüências na culpabilidade (art. 21, CP).
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
Descriminantes putativas
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.
Erro determinado por terceiro
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.
Erro sobre a pessoa
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.
Erro sobre a ilicitude do fato
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.
19.1. CONCEITO
É a falsa percepção da realidade acerca dos elementos constitutivos (integrantes do tipo penal. Ex: atirar em alguém pensando que está atirando em um animal. Pensa que é lícito aquilo que é ilícito. Erro de ilicitude quanto ao fato. A diferença básica é que no erro de proibição o agente tem a consciência do que está fazendo, mas erra na ilicitude do fato praticado (nesse caso, exclui o dolo);
19.2. ESPÉCIES
ESSENCIAL: É o que recai sobre os dados principais do tipo penal. Ele sempre vai excluir o dolo, ou seja, ele não tem conseqüência. Se o agente percebe o erro, é alertado e deixa de agir criminosamente. Ex.: um agente está caçando e vê um veado. Atira e atinge uma pessoa. Nesse caso, se ele fosse avisado, não teria atirado. Esse erro sempre exclui o dolo, pois o agente não tem a consciência;
INEVITÁVEL: é invencível, escusável ou desculpável. É o erro que além de excluir a consciência (dolo) não existe a previsibilidade. É aquele erro que qualquer pessoa que estivesse nessa situação erraria. Conseqüência: exclui o dolo e a culpa. O fato é atípico. Ex.: um agente caçando, em um local destinado a caça, viu uma movimentação em um

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