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Empreendedorismo Fora de Série - Leandro Vieira

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3
ficha
técnica
Leandro Vieira - CEO
Flávio Augusto - Board member
EBOOK
Edição: Fábio Bandeira de Mello, 
Mayara Chaves e Simão Mairins
Revisão: Mayara Chaves
Capa e diagramação: Ricardo Melo 
Brasil - 2016
su
má
rio
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38
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55
63
5 Introdução
14 coisas que você precisará 
saber quando chegar ao sucesso
por FLÁVIO AUGUSTO
por LEANDRO VIEIRA
por JOÃO KEPLER
por MARCELO TOLEDO
por EUZAIRA MIRANDA
por AUREA VELL
por RAFAEL RECIDIVE
por VANESSA MEDEIROS
por MARCOS HASHIMOTO
por FELIPE SCHERER
por ANA FONTES
Empreendedorismo é Administração. 
Deal with it
Por que eu quero que meus filhos 
sejam empreendedores?
Diagrama de Ishikawa: espinha de 
peixe ajudando sua startup
Autossabotagem pode prejudicar 
os negócios
Profissional empreendedor: uma 
nova classe de empreendedores?
Como e por que deixei meu “emprego seguro” para 
abrir um negócio e fazer o que gosto
5 passos para transformar uma grande 
ideia em um grande negócio
Afinal, existe um perfil empreendedor?
7 canvas que todo empreendedor deve conhecer
Onde estão os mentores?
Caro leitor,
Sempre entendemos que o caminho para 
o progresso de uma nação e a formação 
de uma economia forte dentro de um país 
passa pela Administração e pelo fomento 
ao empreendedorismo, com a geração de 
novos negócios. E quem impulsiona essa 
evolução são os empreendedores, aqueles 
capazes de criar ideias criativas, de fazer 
a roda da economia girar, de pensar em 
possibilidades que outros jamais pensariam. 
Ainda assim, sem dúvida, os desafios para 
isso são muitos. No Brasil, temos uma 
das piores cargas tributárias do mundo 
e vivemos em uma constante incerteza 
de mercado. Mas como já diz o ditado 
popular: “enquanto uns choram, outros 
vendem lenços”. E se você está lendo 
esse ebook “Empreendedorismo Fora de 
Série”, temos a certeza que é um daqueles 
que está na segunda parte desse dito. 
— Equipe Administradores.com
Aqui, você encontrará a experiência 
de pessoas que entendem muito de 
empreendedorismo. São profissionais 
que foram escolhidos a dedo por sua 
trajetória e pela sua capacidade de tornar 
ideias realidade. Eles trazem lições e dicas 
assertivas para quem deseja seguir esse 
caminho com mais eficácia. Além disso, 
esse livro inicia um projeto inédito em 
nossos e-books: selecionamos, entre mais 
de 500 artigos publicados pelos assinantes 
dos Administradores Premium sobre 
o tema, quatro textos que compõem 
o nosso conteúdo fora de série em 
empreendedorismo. 
Aproveite mais esse ebook com o selo do 
Administradores.com para desenvolver 
a sua carreira.
Uma ótima leitura!
introdução
Por FLÁVIO AUGUSTO
 coisas
14
 que você precisará
saber quando
chegar ao
sucesso
7
uando você apresenta sua ideia, dão risadas. No 
dia em que você resolve implementar, criticam. 
Depois de seu sucesso, se perguntam: “Mas 
como?”. Em seguida, tentam imitar. Quando 
fracassam, dizem que você teve sorte. Alguns vão te admirar. 
Outros vão se corroer de inveja. Uma parte vai querer aprender 
com você. Outra parte vai dizer que você é burguês.
Depois de chegar ao topo, você vai chegar a algumas 
conclusões:
1 - Vale a pena não seguir a boiada;
2 - A sociedade é hipócrita;
3 - Os que te chamam de burguês são invejosos e gostariam 
de estar no seu lugar;
4 - Só vale a pena ajudar quem quer ser ajudado;
5 - Uma única pessoa que corresponde compensa todas as 
outras que foram ingratas;
6 - Compartilhar vale a pena;
14 coisas que você 
precisará saber quando 
chegar ao sucesso
Por FLÁVIO AUGUSTO
Q
8
7 - Nenhum sucesso justificará o fracasso de sua família. 
Não é necessário escolher. Dê conta dos dois;
8 - Dinheiro é muito bom, mas é menos do que as 
pessoas imaginam;
9 - A simplicidade compensa;
10 - Não vale a pena viver em função do que as pessoas 
pensam sobre você;
11 - Se possível, evitar a fama;
12 - Simplificar a vida compensa;
13 - Se tem um dinheiro que vale a pena gastar é aquele 
com viagens com a família;
14 - Falando em gastar, sempre gastar menos do que se 
ganha. Colocar o dinheiro no seu devido lugar. Ele deve 
trabalhar para você e jamais o contrário.
14 coisas que você 
precisará saber 
quando chegar 
ao sucesso
Flávio Augusto
É um dos principais ícones do empreendedorismo 
no Brasil. Fundou a Wise Up e, mais tarde, o 
Ometz Group, que englobou uma série de empresas 
fundadas por ele e em 2013 foi vendido para a 
Abril Educação, da qual passou a ser sócio. No 
mesmo ano, adquiriu o Orlando City, clube da 
principal liga norte-americana de futebol. É também 
o idealizador do Geração de Valor, projeto focado 
em inspirar jovens que estão iniciando a carreira 
e desejam chegar mais longe, aprendendo com a 
experiência de um empreendedor de sucesso.
9
empreendedorismo é
 with it
Deal
ADMINIS
TRAÇÃO
Por LEANDRO VIEIRA 
10
mpreender está na moda. E já não era sem tempo. 
Depois de muito levarem na cabeça perseguindo 
ilusões como estabilidade e segurança, muitas pessoas 
estão acordando para o fato de que, para terem uma vida plena 
e realizada, devem assumir riscos e apostar em suas ideias. Essas 
pessoas estão não apenas construindo novas rotas para suas 
vidas, mas ajudando a mudar toda uma cultura secular que ainda 
reina em nosso país que é, justamente, contrária à inovação e ao 
empreendedorismo.
A moda de empreender criou, inclusive, oportunidades para 
diversos empreendedores. Tem muita gente ganhando dinheiro 
“ensinando” pessoas a empreender. A fórmula é bastante simples: 
você aprende uma série de jargões bonitos sobre como vencer 
na vida e, se não der certo aplicar isso num negócio de verdade, 
pode abrir um curso de como empreender ensinando esses 
mesmos jargões para outras pessoas, num loop infinito.
Eric Ries abre o primeiro capítulo de seu célebre livro A 
startup enxuta com a seguinte frase: “desenvolver uma startup 
Empreendedorismo 
é Administração. 
Deal with it
Por LEANDRO VIEIRA
E
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é um exercício de desenvolver uma instituição, portanto, 
envolve necessariamente administração”. Ries é enfático: 
empreender é administrar. Sempre nutri essa mesma visão, 
que desafia totalmente o meio acadêmico e seu eterno vício 
em criar conceitos, muitas vezes sem entender a própria 
essência daquilo que se pretende conceituar.
Os candidatos a empreendedores costumam torcer o nariz para 
a Administração. Administrar, segundo eles, é a parte chata, a 
parte que deve ser delegada a alguém menos talentoso, alguém 
que não conte com a sua visão privilegiada e sua postura mental 
vencedora. Parece que o mais importante é ter uma ideia 
revolucionária, acreditar no seu potencial e compartilhar frases 
bonitinhas no Facebook. Para essa turma, o sucesso não é uma 
questão de esforço inteligente (e bem administrado), mas de 
destino. Se empreender é algo que se aprende com os erros, 
esse certamente é o primeiro deles.
Lembra do filme Karate Kid (o dos anos 80, por favor)? 
Daniel Larusso, mais conhecido como Daniel San, o franzino 
protagonista que queria aprender caratê para não apanhar 
mais na escola, foi ter aulas com o lendário Senhor Miyagi. As 
primeiras lições pareciam não ter nada a ver com a arte marcial 
e, inclusive, deixaram Daniel San muito frustrado: ele passava 
os dias a pintar a cerca, polir o carro e lixar o assoalho de 
Miyagi. Entretanto, lá pelas tantas, Daniel San se viu repetindo 
naturalmente os movimentos dessas atividades aparentemente 
nonsense no meio das diversas lutas que veio a travar ao longo 
do filme, o que foi essencial para que ele desenvolvesse a 
maestria no caratê. Empreender tem muito de executar 
movimentos básicos também. Peter Drucker (sempre ele) 
Empreendedorismo 
é Administração.Deal with it
12
evidenciou exatamente isso em Inovação e Espírito Empreendedor, 
quando disse que empreender “requer, sobretudo, a aplicação 
de conceitos básicos, a techné básica, da Administração para 
problemas novos e oportunidades novas”. Drucker, inclusive, 
credita à Administração o sucesso dos Estados Unidos como 
uma nação empreendedora.
Empreender vai muito além de pensamento positivo. Se você 
quer realmente empreender com maestria, comece agora mesmo 
a pintar a sua cerca. Dedique seu tempo a aprender a administrar. 
Será a sua habilidade como administrador que determinará 
o seu sucesso como empreendedor. Empreendedorismo é 
Administração. Deal with it.
Empreendedorismo 
é Administração. 
Deal with it
Leandro Vieira
Fundador e CEO do Administradores. Mestre 
em Administração pela UFRGS e Certificado 
em Empreendedorismo pela Harvard Business 
School. Tem MBA em Marketing pelo IPAM. 
Administrador de Empresas pela UFPB e bacharel 
em Direito pelo UNIPÊ. Foi professor da Escola de 
Administração da UFRGS. É autor do livro Seu 
Futuro em Administração e um dos organizadores 
do livro Gestão da Mudança: Explorando o 
Comportamento Organizacional. Recebeu em 2015 
o Troféu Jubileu de Ouro do Conselho Federal de 
Administração, como homenagem e agradecimento 
pelos serviços prestados à profissão.
13
Por JOÃO KEPLER 
por que
eu quero que
meus filhos sejam
empreen
dedores?
14
u li uma estatística chocante: o número de 
desempregados sobe a cada dia no Brasil. É realmente 
alarmante a perspectiva de empregos para os próximos 
dois anos. Além disso, outro dado que me assusta é que apenas 
13% dos funcionários que estão efetivamente empregados estão 
felizes e “empenhados” em seus trabalhos, ou seja, muitas pessoas 
passam a vida de trabalho se sentindo desmotivadas em fazer o 
que são obrigadas ou o que não gostam. São infelizes!
Digo isso apenas para começar a justificar porque eu quero que 
meus filhos sejam empreendedores e não empregados, ou seja, 
que procurem trabalho e não emprego. Mas não é só a questão 
ligada ao emprego formal pois, na verdade, há muitas razões 
para encorajar meus filhos para uma jornada empreendedora. 
Pois bem, inspirado em um artigo que li outro dia onde uma 
empreendedora americana relata seus motivos de ter seguido por 
esse caminho, eu resolvi mostrar as minhas razões, constatações 
e experiências próprias na educação empreendedora que pratico 
em casa com meus 3 filhos. Seguem 10 delas:
Por que eu quero que 
meus filhos sejam 
empreendedores?
Por JOÃO KEPLER
E
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1) Estilo de vida
Levar uma vida mais saudável e ter liberdade de horário podem 
fazer com que o empreendedor divida melhor as horas entre o 
trabalho e o lazer. Não estou falando que vão trabalhar menos 
e sim distribuir melhor, conforme seus interesses. Até porque, 
quando se é apaixonado pelo que faz, não se trata de trabalho 
e sim de missão. Eles sentem adrenalina no lugar do estresse, 
se sentem desafiados em vez de sufocados e, principalmente, a 
autoestima que vem da sensação de agregar valor à sociedade.
Mas, o melhor em relação ao estilo de vida do empreendedor 
é a flexibilidade. Ele pode manipular a agenda para passar mais 
tempo com a sua prioridade, sem peso ou culpa, pois pode 
compensar as horas perdidas no negócio. Sem falar que pode 
melhorar os hábitos alimentares e viver de forma não sedentária. 
É claro que muitos empreendedores preferem o estilo de vida 
workaholic, mas até isso é uma livre escolha.
2) Criatividade e Inovação
Fazendo uma simples comparação, o empreendedor tem de ser 
criativo ou encontrar formas inovadoras de resolver problemas. 
Já os funcionários, por outro lado, muitas vezes têm a sua 
criatividade sufocada. Eles não têm a liberdade para ir além da 
sua obrigação, dos seus limites. Esta abordagem frustra o talento 
e desencoraja a liberdade de pensamento que leva à inovação. A 
criatividade, portanto, abre o caminho para aventuras pessoais e 
profissionais que trazem muito mais satisfação na vida.
Por que eu quero 
que meus 
filhos sejam 
empreendedores?
16
3) Responsabilidades
O empreendedor é responsável perante si mesmo e todos ao seu 
redor, a partir das decisões que toma e a forma como gasta os 
seus recursos que, muitas vezes, são limitados e imprevisíveis. 
Isto significa desenvolver a capacidade de fazer com menos, 
de andar com as próprias pernas, tomar decisões rápidas e de 
assumir completa responsabilidade pelos seus atos.
Em um nível pessoal, isso significa desenvolver comportamento 
independente e traços de confiança e caráter. Esse tipo de atitude 
muitas vezes é desencorajada ou simplesmente não é possível 
quando se é empregado. Isso acontece porque muitas ideias, 
para serem implementadas, precisam de aprovações repletas de 
regras e restrições, que levam o funcionário a se sentir apenas 
mais uma parte da engrenagem, impotente para assumir a 
responsabilidade, porque muitas vezes não é dada a oportunidade 
de ousar e experimentar o novo.
Enfim, mesmo quando as ideias empreendedoras não são boas 
ou dão errado, se cultiva um senso de aprendizado, oportunidade 
e responsabilidade muito mais aguçado, pois o dinheiro é 
proveniente de seu próprio bolso!
4) Paixão
Quero meus filhos apaixonados por alguma coisa interessante, 
uma causa, uma ideologia, um estilo ou um hobby, até porque os 
Por que eu quero 
que meus 
filhos sejam 
empreendedores?
17
empreendedores também podem construir ideias de negócios 
em torno de suas paixões pessoais e isso é muito mais gratificante 
do que trabalhar em um emprego que não traga prazer. Ou 
seja, os que pensam assim se preocupam em criar, implementar 
ou vender produtos e serviços em que realmente acreditam. 
Quero eles felizes, apaixonados e satisfeitos! A falta da paixão 
tira o brilho dos olhos!
5) Desafios
Uma queixa clássica de funcionários de empresas é que eles estão 
entediados ou nada de novo acontece, muitos ficam presos nesta 
rotina durante anos até que encontrem um emprego melhor. 
Quando se é empreendedor, a vida nunca é monótona. A 
pessoa é obrigada a tomar direções, desafiada a adquirir novas 
qualificações, a enfrentar barreiras e o inesperado, e a superar 
medos e fracassos. O mais interessante na vida empreendedora 
é a aprendizagem contínua e o exercício diário mental. Cada 
dia é um novo desafio que exige um novo pensamento que te 
leva a explorar e maximizar o potencial individual.
6) Dinheiro
Apesar de o dinheiro não ser o fator chave para a maioria dos 
empreendedores, se eles forem bem sucedidos nos seus negócios 
vão conseguir acumular sem limites e terem segurança financeira 
bem mais rápido do que em empregos formais. É claro que os 
riscos são maiores e é mais difícil, mas quem disse que o melhor 
é ser fácil?
Por que eu quero 
que meus 
filhos sejam 
empreendedores?
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7) Garantias
Você pode pensar: “O emprego tem a garantia do salário fixo 
e da segurança. Sim, isso pode até passar a sensação da garantia 
do fixo, mas por quanto tempo? Qual é a garantia de segurança 
que existe? O empregado de empresa privada está sujeito ao 
humor do patrão, ao jogo de convivência empresarial, ao QI 
(quem indica), às oscilações do mercado e, claro, à instabilidade 
de qualquer negócio. Ah, você pode fazer concurso público e 
ter estabilidade. Ok, pode, mas sobre isso vou tratar em outro 
artigo ;) . A única garantia que o empreendedor tem é ele mesmo 
e isso, se bem trabalhado, é instigante e motivador!
8) Legado
A famosa pirâmide de Maslow, aquela da teoria da hierarquia 
das necessidades, revela que o topo a que se pode chegar na 
vida é a autorrealização. A pirâmide mostra que para percorrer 
o todo é necessário passar pelas partes, mas também há quem 
chegue lá sem passar por todas asetapas da pirâmide.
Bem, o que quero dizer com isso é que para o empreendedor a 
vida não é uma escada ou engessada, de modo que precise passar 
por etapas: o que importa é que a visão de autorrealização seja 
substituída pelo legado.
O que posso deixar marcado como minha realização? O que 
posso ensinar? Como as pessoas se lembrarão de mim? O que 
Por que eu quero 
que meus 
filhos sejam 
empreendedores?
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fiz de bom nesta vida? Qual o impacto social e aprendizado 
que deixarei? Essas são as preocupações e as metas sociais do 
empreendedor. Aliás, a responsabilidade social é a base na 
jornada empreendedora, pois a colaboração e o envolvimento 
em projetos sociais é encarado como condição para mudança 
da realidade em que vivemos.
9) Independência
Aqui deixo um alerta e peço uma atenção redobrada. Uma das 
frustrações do empreendedorismo é quando nos damos conta 
de que não é fácil ser dono do seu próprio negócio. Muitos 
empreendedores simplesmente se sentem totalmente perdidos e 
desorientados por conta da liberdade, da chamada independência, 
quando percebe que dependem sim e muito dos outros: seus 
clientes, fornecedores, parceiros, sócios etc.
A independência do empreendedor é relativa e não está só ligada 
à questão de ser livre e desimpedido de um emprego formal, 
por exemplo. A questão é usar bem a liberdade conquistada, 
amadurecer sua autonomia, praticar, aprender, se relacionar, 
desenvolver mecanismos para viver em sociedade para alcançar 
sua independência, principalmente a financeira.
10) Propósito
Muitas pessoas passam a vida toda sem saber porque estão 
nesta vida. Muitas pessoas traçam objetivos mas não sabem os 
Por que eu quero 
que meus 
filhos sejam 
empreendedores?
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porquês destes objetivos. No empreendedorismo, a primeira 
coisa com que devemos nos preocupar é o propósito de vida. 
Sabemos que sem um porquê suficientemente forte, de nada 
adianta traçar objetivos.
Para isso, o exercício que eu faço em casa com os meus filhos 
é perguntar: “Se você tivesse certeza absoluta do sucesso, a que 
dedicaria a sua vida? Por quê?”. Quando visualizamos claramente 
os nossos propósitos de vida (no plural, porque podemos ter 
mais de um), o trabalho deixa de ser trabalho e passa a ser fonte 
de alegria, prazer, entusiasmo e realização. Ah, o empreendedor 
também pode mudar de propósito ao longo do caminho! ;) O 
sucesso é viver do seu propósito! 
Bem, esses são alguns dos fatores e argumentos que embasam a 
minha decisão de incentivar os meus filhos de 16, 14 e 10 anos a 
serem empreendedores. Aliás, já são! Porém, eu reconheço que 
nem todos têm a aptidão, coragem e motivos para construir um 
negócio ou seguir este caminho.
Por isso, eu respeito quem decide ir pelo modelo tradicional e 
formal, mas enquanto eu tiver forças, estarei dando exemplos para 
que os meus filhos tenham comportamento empreendedor desde 
agora. Assim, acredito que estarão melhor preparados e fortes 
psicologicamente para enfrentar a competição no novo mundo, 
buscarão seus próprios negócios, enfim, serão os protagonistas 
dos seus próprios destinos. Inclusive para decidirem trilhar por 
outro caminho.
Por que eu quero 
que meus 
filhos sejam 
empreendedores?
21
Em relação a ser empregado, é lógico que existem empregos 
maravilhosos onde você se sente parte do todo, onde a inovação 
está presente, onde a criatividade é incentivada, o patrão é 
colaborativo, participativo, delega e é humano, onde o ambiente 
de trabalho é incrível e os funcionários têm prazer e orgulho 
em trabalhar. Se você trabalha em uma empresa assim, parabéns, 
cuide disso! Mas acredite, não é fácil encontrar esse emprego 
dos sonhos, na maioria dos casos.
Por que eu quero 
que meus 
filhos sejam 
empreendedores?
João Kepler
Reconhecido como um dos palestrantes mais 
sintonizados com Inovação e Convergência 
Digital do Brasil. É investidor anjo e líder do 
núcleo Nordeste da Anjos Do Brasil. Participa de 
mais de 40 startups e é associado nas Investidoras 
Bossa Nova Investimentos e Seed Participações. 
Foi premiado pelo Spark Awards da Microsoft 
como Investidor Anjo do Ano 2015. Além disso 
é empreendedor serial, conselheiro da Global 
Council of Sales Marketing, CEO na Plataforma 
SDI de Event Ticketing, colunista de diversos 
portais no Brasil, palestrante internacional, escritor 
e autor dos livros O vendedor na Era Digital e 
Atendimento & Vendas.
22
Diagrama de
Ishikawa: 
espinha de peixe 
ajudando sua
 startup
Por MARCELO TOLEDO 
23
onhecido popularmente como espinha de peixe, 
o diagrama de causa e efeito surgiu na década de 
40, desenvolvido por Kaoru Ishikawa, como uma 
ferramenta com objetivo de identificar problemas no processo de 
produção de um produto. Já muitas décadas depois, a espinha de 
peixe ainda é uma das ferramentas mais utilizadas por empresas 
no mundo todo! Seu uso não se limita, entretanto, apenas às 
linhas de produção industrial, pois pode te ajudar a entender 
sua startup de acordo com a análise dos processos utilizados para 
alcançar os objetivos desejados.
O diagrama de Ishikawa identifica possíveis causas para os 
problemas ou efeitos em seu processo de produção. Você pode 
usar a espinha de peixe na sua startup para entender os fatores que 
determinam os resultados que você deseja obter e para analisar 
as causas de problemas a serem evitados.
Diagrama de Ishikawa: 
espinha de peixe 
ajudando sua startup
Por MARCELO TOLEDO
C
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A espinha de peixe tem sua divisão baseada em causas primárias, 
que podem ser os 6 Ms ou 4 Ps, entre outras, onde podemos 
identificar as causas dos problemas analisando o todo. Citamos 
dois tipos de causas primárias e, abaixo, as detalhamos:
6 Ms
Método: da forma de execução do trabalho, de processos 
incorretos ou aplicados indevidamente;
Material: toda causa proveniente do material usado, na matéria-
prima;
Máquina: causa que envolva a máquina, como ajustes incorretos 
ou defeitos mecânicos e elétricos;
Meio Ambiente: além dos fatores climáticos, agrega também 
situações políticas e de mercado que podem causar problemas;
Medição: avaliações feitas de forma incorreta e levantamento 
de dados impreciso;
Mão de obra: toda causa que envolva a ação de um colaborador.
4 Ps
Os 4 Ps são as causas primárias mais indicadas para efeitos de 
gestão, sendo: políticas, procedimentos, pessoal e planta. A 
partir dessas causas primárias definimos as subcausas do efeito.
Diagrama de 
Ishikawa: espinha 
de peixe ajudando 
sua startup
25
Aplicando a espinha de peixe 
em sua startup
Para montar seu diagrama, primeiramente você deve definir o 
problema a ser analisado, ou o resultado esperado. Trace uma 
linha horizontal e escreva o resultado esperado no fim desta linha. 
Analise todo o processo necessário até o resultado final; analise 
como e por quem o processo ou cada etapa dele é desenvolvido.
Para identificar as causas, precisa-se de um bom brainstorming 
levantando as possíveis razões a serem discutidas e analisadas. 
Organize as informações obtidas nas reuniões de brainstorming e, 
se possível, documente-as para uma futura análise de evolução. 
Com as informações das possíveis causas definidas, defina as 
causas primárias.
Mantenha a hierarquia das causas, eliminando informações que 
não sejam relevantes à análise das causas.
Agora você já pode visualizar os fatores mais importantes que 
influenciam no resultado desejado por sua startup.
Pontos positivos para sua startup
Com as reuniões de brainstorming, todos sentirão que são 
importantes no processo de solução do problema. Todos 
os envolvidos podem ter uma visão diferente do processo 
Diagrama de 
Ishikawa: espinha 
de peixe ajudando 
sua startup
26
e poderão propor soluções que sejam mais eficazes einovadoras. Essas discussões das causas ajudam a melhorar 
a comunicação na startup e nos grupos de trabalho. 
Entendendo as causas dos efeitos, você poderá visualizar 
as melhores ações a serem tomadas.
Diagrama de 
Ishikawa: espinha 
de peixe ajudando 
sua startup
Marcelo Toledo
Toledo trabalha em startups de tecnologia há mais 
de 15 anos. Foi diretor da Vex até sua venda para 
a Oi e, em sua trajetória como empreendedor, 
foi fundador e CEO de diversas startups de 
tecnologia. Entre elas está o Payleven, investida 
do grupo Rocket Internet. Foi também Diretor de 
Tecnologia da área de Inovação da Oi, operadora 
de Telecom. Atualmente é CTO do Grupo LTM. 
É autor do best seller DONO, publicado pela 
editora AltaBooks.
27
Auto
ssabotagem 
pode prejudicar os 
negócios
Por EUZAIRA MIRANDA 
28
im Rohn, empresário norte-americano e escritor na 
área de desenvolvimento pessoal e motivação, fala 
que: “Se realmente você quer fazer algo, encontrará 
uma maneira. Se não, encontrará uma desculpa”. 
Atitudes como inventar desculpas, procrastinar, assumir posturas 
defensivas, não ouvir, ter problemas em delegar tarefas ou 
medo de fazer e receber avaliações de desempenho são formas 
de autossabotagem.
Quem se boicota não possui consciência do comportamento 
vicioso ou indesejado e, quando tem, não consegue ver a situação 
por completo, apenas em partes. Algumas características são 
comuns aos sabotadores como, por exemplo, o frequente excesso 
de sono, estresse e procrastinação. Distrações excessivas também 
fazem parte do cotidiano do gestor ou líder que se sabota, o 
que afeta, muitas vezes, tanto as relações com a equipe e outros 
colaboradores no ambiente da empresa, quanto os resultados 
finais do negócio.
Autossabotagem 
pode prejudicar 
os negócios
Por EUZAIRA MIRANDA
J
29
Evitar essas repetições destrutivas é difícil, mas não impossível. 
Como elas estão consolidadas em nosso inconsciente desde 
muito cedo, geralmente são atitudes e ações que estiveram 
presentes durante a infância e que ficaram mal resolvidas. Por 
questões neurológicas, que estão ligadas ao prazer e sensação 
de satisfação rápidos, protelamos algumas ações que requerem 
mais atenção e tempo para se dedicar e preferimos o que pode 
ser solucionado de maneira mais rápida. Acredito que alguns 
pontos necessitam de atenção para dar fim a autossabotagem na 
vida e no ambiente de trabalho:
Definir objetivos - É necessário ter um objetivo claro (por 
exemplo: bons resultados na empresa, crescimento dos lucros). 
Saber exatamente o que se quer é a melhor forma de alcançar o 
que se deseja e não se boicotar na conquista dessas metas;
Planejamento - Traçar um plano para alcançar os seus objetivos 
é fundamental. Saber o caminho para alcançar suas metas e 
organizá-lo de maneira estratégica é um ótimo método contra 
o autoboicote;
Sacrifício x Objetivo - Seu objetivo vale mesmo os sacrifícios 
que tem feito na sua empresa, equipe e carreira? Se sim, está 
no caminho certo, os resultados certamente chegarão. Porém, 
em caso negativo, há que se pensar nas estratégias que vem 
adotando e como as coloca em prática;
Busca por certezas - Ao traçar um objetivo, realizar um ótimo 
planejamento e se esforçar para conseguir alcançá-lo, certamente 
Autossabotagem 
pode prejudicar 
os negócios
30
você obterá sucesso, certo? Nem sempre. Todos nós sempre 
estamos em busca de certezas, mas não temos garantia que tudo 
acontecerá como planejamos.
É preciso fazer o que é necessário, sempre em busca de bons 
resultados, mesmo que eles não cheguem como foi planejado. 
O importante é não desistir, não abandonar os projetos 
pela metade, não mudar completamente os planos e não se 
autossabotar.
Você conhece um gestor que sempre encontra problemas em 
sua equipe? Ou que sempre encontra uma forma de transferir as 
responsabilidades sem assumir a liderança? A autossabotagem leva 
as pessoas a arriscarem o sucesso de seus negócios e empresas, a 
carreira e, por consequência, a reputação pessoal e da companhia.
O medo de aprender coisas e se ajustar a novos cenários faz 
com que, por vezes, a responsabilidade sobre os problemas 
seja transferida para outras pessoas e situações, trazendo à 
tona sentimentos como frustração, culpa e dúvida, por mais 
qualificado e talentoso que o profissional possa ser. Mas, fique 
atento, transferir responsabilidades é diferente de delegar tarefas: 
o líder que está atento à sua equipe não se boicota.
De acordo com o relatório divulgado pelo Serviço Central de 
Proteção ao Crédito (SCPC - Boa Vista), os pedidos de falência, 
em razão da atual crise econômica, tiveram alta de 9,2% nos 
primeiros seis meses de 2015, em comparação ao mesmo período 
do ano de 2014. Neste mesmo período, o número de pedidos 
de recuperação judicial teve aumento de 17,2%.
Autossabotagem 
pode prejudicar 
os negócios
31
As micro e pequenas empresas representam cerca de 85% dos 
pedidos de falência e 87% dos pedidos de recuperação judicial. 
Entre os setores, os que apresentaram mais casos de pedidos de 
falência foram: o de serviços, responsável por 40% dos casos, 
seguido pelo industrial, com 34%, e o de comércio, com 26%.
Não seja mais um nas estatísticas. Repense suas atitudes, reveja 
e reavalie seus objetivos, e, se necessário, mude o planejamento 
e não se autossabote.
Autossabotagem 
pode prejudicar 
os negócios
Euzaira Miranda de Vasconcelos
Graduada em Administração de Empresas e com 
MBA e Mestrado em Administração Profissional, 
ganhou o Prêmio MPE em gestão em 2008, pelo 
Sebrae-Bahia. É consultora e instrutora parceira da 
Escola de Administração da UFBA, e instrutora 
para pós-graduação da UNIFACS. É business 
coach, certificada no México pela Action Coach em 
dezembro de 2010, e franqueada para atuação no 
Nordeste do Brasil. Realiza atendimento a mais 
de 80 empresários nos programas plano mentor, 
grupo e workshops. É membro do Núcleo de 
Estudos para Sucessão em Empresas Familiares – 
CRA/EAUFBA, co-autora do livro Gestão de 
Conflitos em Empresas Familiares, coach personal 
e professional pela SBC, e é executive coach pela 
Action Coach desde 2014.
32
Profissional
empreendedor:
uma nova classe de 
 empreen
dedores?
Por AUREA VELL 
33
xceto numa época da minha vida em que queria ter 
uma escola de dança (mas não tinha nenhuma ideia 
de como faria), nunca quis fundar uma empresa. Os 
motivos? Muitos: altos custos de impostos, a responsabilidade de 
manter funcionários qualificados e motivados, o capital inicial e 
social, os riscos que todo empresário tem (profissionais e pessoais), 
entre outros. Até aí, problemas normais, mas altos se compararmos 
com os do funcionário. Principalmente nesta atual crise, temos 
visto muitas empresas fechando as portas, sendo que no início 
investiram pesado em estrutura, RH, treinamentos etc., além de 
ter toda uma história, principalmente se for empresa familiar. 
Apesar disso, sempre fui avaliada pelos meus gestores por ter 
uma veia empreendedora. Muitos até perguntavam isso mesmo, 
se não iria criar meu próprio negócio, pois achavam que eu 
tinha potencial. E tenho! Sempre procurei “abraçar” meu setor, 
a empresa, as causas, os objetivos, desenvolver minha liderança 
e trabalhar duro a fim de chegar aonde o empreendedor queria. 
“Mas por quê?”, você deve estar se perguntando. Por que se 
Profissional empreen-
dedor: uma nova classe 
de empreendedores?
Por AUREA VELL
E
34
dedicar a algo que não é seu e em que o lucro real não virá até 
você (Não da forma que irá para os investidores, proprietários, 
presidentes...)? Para que gastar sua formação, conhecimento, 
habilidades e tempo com algo que não é seu? Simples:
1- Primeiro, devemos 
considerar a vontade
Do que você tem vontade?Está mesmo afim de empreender 
em seu próprio negócio? Fazer um plano de negócios, levantar 
capital, investidores, possíveis sócios, que tipo de funcionários 
precisa, escolher treinamentos... Se for de sua vontade, deve 
mesmo ir em frente. Porém, você pode apenas querer fazer a 
diferença, trabalhando em uma empresa já existente. Portanto, 
avalie sua real vontade (e o momento) para empreender onde 
você quiser!
2- Dinheiro é importante, mas 
não deve ser o que te move
Você deve trabalhar porque acredita no seu potencial (e que isso 
pode contribuir para a empresa), porque acredita no produto/
serviço da organização, porque gosta do que faz. Quando menos 
esperar estará recebendo uma divisão de lucros, promoção, 
aumento de salário, bonificação etc. Dinheiro vem e sempre 
mediante o seu esforço e foco no trabalho.
Profissional 
empreendedor: uma 
nova classe de 
empreendedores?
35
3- É preciso trabalhar 
de forma genuína
Ou seja, atuar com o que você acredita para a empresa acreditar 
em você! Não só estará contribuindo com a empresa, mas com 
consigo mesmo. É muito bom colocar a cabeça no travesseiro 
e saber que fez a coisa certa, além de te dar mais visibilidade 
na empresa ou até mesmo no mercado de trabalho. Ou seja, 
ambos saem ganhando. Seja qual for sua tarefa, faça com gosto, 
com prazer, com verdade. 
4- Toda empresa vai precisar de 
uma pessoa tão empreendedora 
como o dono
Às vezes tem investidores que querem apenas investir e 
precisam de um profissional que faça praticamente toda a 
gerência da empresa, passando apenas informações e relatórios 
aos proprietários, para tomadas de decisão. Esses profissionais 
são necessários no mercado de trabalho e sempre serão. Um 
representante da empresa de verdade sempre será valorizado 
(na empresa ou até mesmo fora dela, não se preocupe). Só 
tome cuidado para não absorver responsabilidades além 
das que consegue lidar ou transferir responsabilidades dos 
proprietários para você.
Profissional 
empreendedor: uma 
nova classe de 
empreendedores?
36
5- Vestir a camisa faz parte, 
em qualquer empresa e cargo
Se não gosta do que a empresa oferece, nem ali deveria estar! 
Pense nisso!
6- O melhor:
Você vai ganhar muito conhecimento, com possibilidades 
de reconhecimentos, e até mesmo ajustes na remuneração 
(promoção, bonificação)! Afinal, poderá passar por experiências 
que sequer passaria se ficasse apenas delimitado ao seu cargo. 
Aprender é sempre bom e vai te preparar para um cargo acima! 
Seja saudavelmente curioso, disposto e dinâmico. Aprenda até 
mesmo como é feita a gestão da limpeza, quantas vezes por dia é 
feito o cafezinho, como foi montada a rede para o funcionamento 
dos computadores... informação nunca é demais!
Diversas vezes já me perguntei se não estaria me doando demais 
para a empresa. Mas todo o conhecimento que tenho hoje se 
deve a ter buscado todo tipo de informação sobre a empresa, 
mesmo que por curiosidade (tal informação não serviria para meu 
trabalho) e desde que eu pudesse realmente saber (informações 
sigilosas devem ser respeitadas). Além disso, você também é um 
colaborador e estão todos focados em um bem comum. 
Profissional 
empreendedor: uma 
nova classe de 
empreendedores?
37
Não importa se você cuida de uma baia de telemarketing ou 
de uma equipe de 100 pessoas. Apenas cuide como se fosse sua 
empresa! Tenha em mente que em ambos os casos (empreendedor 
empresário ou profissional empreendedor) você colherá os frutos 
por estar se dedicando!
Profissional 
empreendedor: uma 
nova classe de 
empreendedores?
Aurea Vell
Administradora de Empresas com MBA em 
Gestão Estratégica de Pessoas, possui experiência 
com foco na gestão financeira e amplo conhecimento 
em recursos humanos e liderança de equipes 
em médias e grandes empresas. Tem formação 
em Coaching e Consultoria pela metodologia 
Vitadenarium Consultoria e está constantemente 
em processo de autoaperfeiçoamento e 
conhecimento. Escreve também em seu blog, 
Cotidiano ADM, sobre Administração.
38
como 
por que
e
deixei meu “emprego seguro” 
para abrir um negócio
e fazer o que 
gosto
Por RAFAEL RECIDIVE 
39
odes dizer-me, por favor, que caminho devo seguir para sair 
daqui? - perguntou Alice ao gato.
- Isso depende muito de para onde queres ir. - respondeu o gato.
- Preocupa-me pouco aonde ir. - disse Alice.
- Nesse caso, pouco importa o caminho que sigas. - replicou o gato.
Essa passagem de Alice no País das Maravilhas lhe parece familiar? 
Há algum tempo eu poderia dizer que era familiar para mim. 
Não mais.
Uma simples pergunta mudou toda a minha vida.
Aos 18 anos fui morar sozinho e comecei a trabalhar, enquanto 
entrava na universidade.
Naquela época, a vida era trabalhar, estudar e curtir o tempo 
de descanso. Eu ainda não tinha percebido que estava apenas 
reproduzindo o que a maioria das pessoas faz: estudam, se 
formam, arrumam um emprego e esperam chegar sexta-feira 
para “curtir a vida”.
Como e por que deixei 
meu “emprego seguro” 
para abrir um negócio 
e fazer o que gosto
Por RAFAEL RECIDIVE
-P
40
A ideia era arrumar formas de ganhar mais para poder gastar mais. 
Até que eu resolvi prestar um concurso. Imagina aos 23 anos ter 
um emprego estável e com vários benefícios? Passei.
Cinco anos depois já tinha mudado de cidade três vezes e estava 
exercendo um cargo gerencial, quando percebi que estava fazendo 
a mesma coisa que boa parte dos meus colegas de trabalho: 
aceitando cargos apenas pelo salário, enquanto a insatisfação 
crescia. Lembro-me de ouvir, muitas vezes, colegas de trabalho 
dizendo: “as cobranças são as mesmas, então é melhor ganhar 20 
mil do que 2 mil”. E eu, por um tempo, aceitei isso como verdade. 
Só que poderia ser a verdade de outras pessoas, não a minha.
Foi assim até que eu me perguntei: “é isso mesmo que eu 
quero para minha vida ou estou apenas fazendo o que as outras 
pessoas fazem?”.
Aqui ficam algumas perguntas para você: o que você acredita é 
seu mesmo ou é uma crença de alguém que você ouviu? O que 
você faz é o que você quer fazer ou é o que você viu alguém 
fazendo e está reproduzindo?
Essas perguntas mudaram totalmente o rumo da minha vida. 
Aprenda a fazer perguntas, que você encontra as respostas. É tipo 
aquele velho ditado: quem procura, acha. Nesse momento, estava 
aberta a minha empresa.
Aí eu tinha um dilema: como eu ia deixar um cargo para perder 
70% da minha renda (ainda não tinha pedido demissão), para 
Como e por que dei-
xei meu “emprego 
seguro” para abrir 
um negócio e fazer 
o que gosto
41
procurar algo que eu não sabia ainda bem o que era? Nesse ponto 
já comecei a ser chamado de louco.
Só que as pessoas que me chamavam de louco já tinham me dito 
que queriam fazer algo da vida bem diferente daquilo que estavam 
fazendo. Ficavam reclamando do trabalho, dizendo que queriam 
sair dali e me chamando de louco porque eu estava fazendo 
exatamente o que me diziam que queriam fazer? Não entendi.
Eu ainda não estava satisfeito. Essa simples pergunta me trouxe 
dezenas de outras perguntas, que me levaram a encontrar muitas 
pessoas e que me abriram mais uma série de opções. Parece 
complexo, né? Mas é simples.
Eu mal sabia que era o início da realização de um sonho que eu 
não lembrava que tinha até então.
Aqui fica uma dica: decida o que você quer e comece agora. 
Faça agora o que você pode com o que você tem e o que te 
deixa mais próximo do objetivo. Em pouco mais de um ano 
foram muitas mudanças, muito estudo e muito aprendizado. 
Meus objetivos hoje são bem diferentes dos iniciais, mas se eu 
não tivesse começado por um caminho, não saberia o que fazer.
Essa busca me trouxe inúmeros aprendizados. Dentre eles 
posso citar:
1- A vida vale muito mais que o meu salário;
2-A vida não começa após o trabalho. O trabalho é vida, 
ou a vida é trabalho;
Como e por que dei-
xei meu “emprego 
seguro” para abrir 
um negócio e fazer 
o que gosto
42
3- Se estou vivendo os dias sem percebê-los, é hora de parar 
por um minuto para questionar o que estou fazendo;
4- Se há dúvida em relação ao que estou fazendo, preciso 
procurar alternativas para ter certeza do caminho que 
quero seguir;
5- Ser vendedor é uma das atividades mais prazerosas que 
existem. Se você não gosta de vender o que vende é porque 
está vendendo algo em que não acredita.
Antes de encerrar, quero deixar bem claro que não há nada de 
errado para mim no trabalho com carteira assinada, desde que 
você esteja fazendo algo que gosta.
Eu vou cuidar do meu negócio e fazê-lo prosperar.
Esse foi um breve resumo de uma longa história que não termina 
aqui. Está apenas começando.
Então, deixo mais uma pergunta: se você parar agora e se 
perguntar sobre o que gosta de fazer, a resposta é o que 
você está fazendo hoje?
Como e por que dei-
xei meu “emprego 
seguro” para abrir 
um negócio e fazer 
o que gosto
Rafael Recidive
Administrador pela UFU, Coach e fundador da 
Gestão Essencial, empresa de desenvolvimento 
humano. Ajuda as pessoas a terem vidas melhores 
por meio da educação para a vida e do coaching. 
“Eu acredito que todo ser humano tem um 
potencial ilimitado dentro de si, muitas vezes 
esperando apenas ser despertado.”
43
ideia
5
passos
para transformar uma grande
em um grande negócio
Por VANESSA MEDEIROS 
44
ocê acorda num belo dia, ou melhor, você para um 
dia e pensa: “Como eu nunca pensei nisso? Nossa... 
Essa minha ideia é brilhante e pode me trazer grande 
lucro!”. A empolgação toma conta de todo o seu ser mas, muitas 
vezes, o desejo de conquistar algo é tão grande que o impede 
de dar o próximo passo.
Ter boas ideias é maravilhoso, mas colocá-las em prática é tão 
ou mais importante, se você deseja ter um grande negócio. 
Como dizia Thomas Edison: “A genialidade é 1% de inspiração 
e 99% de transpiração”, e a chave para o sucesso é tentar sempre 
uma vez mais. Se este é o seu caso, ou seja, se você tem uma 
grande ideia, mas sabe bem pouco como fazer para colocá-la 
em prática, espero que possa aprender com as dicas deste artigo 
e seguir rumo a um sucesso grandioso.
1º passo – Planejamento
Você conhece o ramo em que deseja abrir seu negócio? Já 
trabalhou nele? Conhece o público-alvo que irá adquirir este 
5 passos para transfor-
mar uma grande ideia 
em um grande negócio
Por VANESSA MEDEIROS
V
45
produto ou serviço proveniente desta sua grande ideia? Sabe as 
necessidades e desejos deste público? Conhece sua concorrência? 
Reconhece os pontos fortes da concorrência e quais oportunidades 
e ameaças o mercado lhe oferece? Já pesquisou sobre tributação 
e lei que rege seu negócio? Como irá divulgar seu negócio para 
seu público? Quanto pretende investir?
Parece muita coisa e pode ser que, só de olhar, te desanime. 
Mas pense que é melhor perceber, durante o planejamento, que 
sua ideia precisa crescer e se desenvolver, do que não ter todas 
as informações e perder tempo, dinheiro e pior, seu sonho, em 
poucos meses.
Segundo dados atualizados da Ibracom, das 405.021 empresas 
que abriram suas portas em 2014, 211.553 fecharam, ou seja, 
uma taxa de mortalidade de 52,18%. O Sebrae mostra dados 
parecidos em sua última pesquisa. E uma das principais causas 
é a falta de planejamento.
2º passo – Preparação 
e treinamento
Caso deseje abrir algo em uma área que você não domina, que 
não tem experiência, é importante fazer cursos na área e, quem 
sabe, trabalhar como empregado no setor, de forma a conhecer 
a fundo seu futuro negócio. Capacite-se!
5 passos para 
transformar uma 
grande ideia em um 
grande negócio
46
3º passo – Coloque tudo no papel
Depois que já pesquisou, que conseguiu adquirir conhecimento 
na área a atuar, é hora de colocar tudo no papel. De especificar 
todos os aspectos deste negócio. De planejar também 
financeiramente. Quanto você precisará para abrir, quanto 
deverá ter de capital de giro até que o negócio consiga andar 
com suas “próprias pernas”. Tudo o que você pesquisou deve 
estar contido em um papel que lhe dará base para abrir e 
também tomar decisões futuras em seu negócio.
4º passo – Separe as finanças 
da empresa 
Na hora de abrir um negócio, é preciso ter um CNPJ, certo? 
Também é importante abrir uma conta jurídica, e separar os 
ganhos da empresa dos seus. Você deverá estipular um pró-
labore, de forma a constar nos gastos da empresa. O valor só 
deve ser retirado após a virada do mês, como todas as outras 
contas que serão pagas.
5º passo – Resiliência
É importante que você esteja preparado para ver os erros como 
acertos. Afinal, é errando que se aprende. Como afirma Érico 
5 passos para 
transformar uma 
grande ideia em um 
grande negócio
47
Rocha, “nenhum plano sobrevive ao campo de batalha”. Então, 
quando abrir seu negócio, esteja pronto para acertos e erros. E 
também aprenda a consertar o que está errado tendo como base 
a experiência conquistada.
5 passos para 
transformar uma 
grande ideia em um 
grande negócio
Vanessa Medeiros de Carvalho
Jornalista, especialista em Marketing e mestre 
em Administração. Possui experiência na área de 
comunicação, tendo atuado como repórter, editora 
de revistas, gestora de conteúdo web e assessora 
de comunicação organizacional. Durante 9 anos, 
foi professora universitária, lecionando em cursos 
de graduação e pós-graduação. Atualmente, é 
consultora e palestrante com foco em comunicação 
estratégica para empresas, empreendedorismo e 
marketing digital. Também é diretora de marketing 
da E-communicare.
48
 afinal,
perfil
existe um
empreen
dedor?
Por MARCOS HASHIMOTO 
49
ara você ser um empreendedor bem sucedido você 
precisa de: comprometimento, criatividade, valores, 
habilidades específicas, conhecimento do negócio, 
princípios, atitudes positivas, reconhecimento de oportunidade, 
autoconfiança, sabedoria, coragem para enfrentar desafios, 
perseverança e determinação, habilidades de relacionamento 
interpessoal, boa comunicabilidade, liderança, facilidade de 
trabalhar em equipe, automotivação, capacidade de tomar 
decisões rapidamente, pensamento crítico, visão estratégica, foco 
em resultados, planejamento, fome de aprender, familiaridade 
com o mundo dos negócios, ótima rede de contatos, flexibilidade 
à mudança e ambientes dinâmicos, capacidade de resolução 
de problemas e conflitos, visão sistêmica e holística, ousadia, 
receptividade a riscos, tolerância a erros e falhas, familiaridade 
com tecnologia, capacidade de realização, habilidades de 
negociação, integridade, honestidade, fortes princípios éticos, 
eloquência, facilidade para absorção de novos conceitos, alta 
percepção do ambiente, retórica, agilidade e dinamismo, forte 
personalidade, firmeza de caráter, ser enérgico, desenvolvedor de 
talentos, grande experiência, empatia, persuasão, organização, 
rapidez de raciocínio, autocontrole, ser sonhador realista, 
agressividade, independência, pragmatismo, entusiasmo, 
proatividade, iniciativa, forte presença pessoal, arrojo, faro para 
negócios, onipotência, ajudar velhinhas a atravessar a rua...
Afinal, existe um 
perfil empreendedor?
MARCOS HASHIMOTO
P
50
Ufa! E aí? Já desistiu de ser empreendedor? Pois é, a lista não 
termina. Se você fizer uma busca na internet sobre competências 
empreendedoras, você verá uma interminável lista de artigos 
sobre características que inquestionavelmente são obrigatórias 
em qualquer empreendedor e cada artigo traz uma lista diferente 
de virtudes – desanimando qualquer pessoa que vai empreender, 
por não se julgar apta a desenvolver todasestas qualidades e 
concluindo que o empreendedor é um verdadeiro super-herói.
Vamos encerrar esta discussão: todo mundo é empreendedor... 
e ninguém é! Confuso? Pois é.
Todo mundo é empreendedor no sentido de que todos possuem 
algumas características (natas ou adquiridas) para empreender. 
Ninguém é porque o empreendedor-herói não existe, ninguém 
consegue deter sozinho todas estas qualidades. Está bem, esta 
resposta não é suficiente, parece sair pela tangente, não é?
Que tal essa: quem precisa deter estas competências todas é o 
negócio e não o empreendedor.
Assim, se você não se julga empreendedor porque não sabe 
vender, contrate alguém que saiba! Se você não é bom com 
planilhas financeiras, contrate um administrador. Se você não 
tem pleno domínio técnico sobre o produto, traga alguém que 
tenha. No fundo, empreendedorismo é sempre coletivo.
Um negócio bem-sucedido está nas mãos de uma boa 
equipe e não de um grande empreendedor
Afinal, existe 
um perfil 
empreendedor?
51
Os empreendedores precisam aprender a separar o negócio do 
indivíduo e quando falamos de perfil, falamos do empreendedor 
e não do negócio.
Para ajudar a pensar, vamos pensar da seguinte forma: o que é 
que ninguém pode fazer por você?
Perfil empreendedor está mais relacionado com o ser do 
que com o fazer
Agora volte para a lista acima e repasse-a com esta pergunta: 
quais itens daquela lista não podem ser delegados, estão 
relacionados com quem o empreendedor é e não com o que 
ele faz? Eis algumas sugestões:
1) Determinação
Barreiras e dificuldades vão surgir, sempre. Nem sempre adianta 
lutar contra elas, e também não tem como delegar, portanto, o 
empreendedor precisa estar fortalecido pela sua determinação 
para resistir à tentação de desistir quando as coisas ficam feias.
2) Autonomia
Não confunda com independência. O empreendedor não é 
independente, pelo contrário, ele depende de muitas pessoas 
e empresas, mas a decisão é dele. Autonomia é o controle, a 
capacidade de deter o poder de decidir, de definir por conta 
própria o caminho que vai seguir.
Afinal, existe 
um perfil 
empreendedor?
52
3) Receptividade ao risco
Não tem como delegar, quanto mais o empreendedor 
compromete recursos (financeiros ou não) no negócio, 
maior é o risco que assume. Quanto maior o grau de 
incerteza do empreendimento, maior o risco. Só que a 
medida aqui não é quanto maior, melhor, senão ele deixa de 
ser um empreendedor e se transforma em jogador. O risco é 
sempre calculado e se torna tolerável na medida em que ele 
pode agir para minimizá-lo.
4) Autoconfiança
Não há dúvida da importância da autoconfiança, é o que 
alimenta sua determinação, perseverança e otimismo. É o que 
torna o futuro claro para ele, mas também não pode existir 
em excesso. O excesso de autoconfiança leva à soberba, aos 
julgamentos equivocados, à cegueira.
5) Resiliência
O empreendedor, no começo, não vai ter todos os recursos 
de que precisa, vai ter que mudar os planos várias vezes, vai 
ter que se adaptar a circunstâncias que mudam o tempo todo, 
precisa estar sempre com a mente aberta para aprender sempre. 
A resiliência é a capacidade de evoluir para incorporar (e não só 
aceitar) uma mudança.
Afinal, existe 
um perfil 
empreendedor?
53
6) Visão
Em diversos aspectos, ter visão é condição fundamental 
para o empreendedor enxergar a si mesmo e o seu negócio 
sob perspectiva, seja do ponto de vista do cliente ou de 
outro funcionário. Isso alimenta um olhar crítico que 
ajuda a redirecionar a estratégia, quando necessário, ou 
vislumbrar o futuro que este empreendimento vai criar por 
meio de suas mãos.
O que estas características têm em comum é que são inerentes 
ao empreendedor, são competências pessoais e não de negócios. 
O negócio pode estar indo muito bem, mas se o empreendedor 
não possuir uma ou algumas destas características, pode pôr 
tudo a perder ou, no mínimo, estagnar o crescimento da 
empresa. Todas as demais características são dispensáveis para o 
empreendedor. Ele não tem ideias? Alguém vai trazer as ideias 
para ele desenvolver. Ele não tem bons contatos? Alguém pode 
conhecer as pessoas que ele vai precisar trazer para o negócio. 
Ele não tem empatia? Um sócio pode exercer influência sobre 
as pessoas, principalmente funcionários. 
Por isso, se você vai empreender, procure iniciar um processo 
de autoconhecimento. Você precisa saber no que você é bom e 
o que você não sabe (ou não gosta) de fazer. A partir daí, o seu 
negócio deverá ser muito bom nas suas competências básicas 
e, de alguma forma, você precisa trazer pessoas para ajudá-lo 
naquilo que você não domina bem, mas que o negócio vai 
Afinal, existe 
um perfil 
empreendedor?
54
precisar. Lembre-se, os melhores empreendedores do mundo 
podem ter as mesmas virtudes e defeitos que você.
Por fim, muitos empreendedores começaram tão 
despreparados, ingênuos e imaturos quanto você, mas eles 
aprenderam com o processo, por isso não importa tanto 
quais são as competências que você detém e sim a sua 
capacidade de incorporar novas e fazer com que evoluam 
suas competências empreendedoras tanto quanto o seu 
negócio se desenvolve. O empreendedor verdadeiro está 
em constante evolução, constantemente aprendendo e 
crescendo, acabando por se tornar uma pessoa muito 
diferente de quando começou o negócio e isso pode e vai 
acontecer com você também.
Afinal, existe 
um perfil 
empreendedor?
Marcos Hashimoto
Doutor em Administração de Empresas pela EAESP/
FGV, professor pesquisador da Faculdade Campo 
Limpo Paulista e co-fundador da Polifonia Escola 
Livre de protagonismo criativo. Sócio-fundador e 
tesoureiro da Anegepe (Associação Nacional de 
Estudos em Empreendedorismo e Pequenas Empresas). 
Professor em programas de MBA e educação 
executiva. Consultor em empreendedorismo, planos 
de negócios e inovação corporativa. Autor dos livros 
Espírito Empreendedor nas Organizações, Lições de 
Empreendedorismo, Práticas de Empreendedorismo e 
Planos de Negócios em 40 Lições. 
55 Por FELIPE SCHERER
7 
canvas 
que todo
deve
empreendedor
conhecer
56
urante muito tempo, quem fosse empreender 
era estimulado a montar um plano de negócios 
detalhado que pudesse prever todas as variáveis 
e comportamentos futuros do negócio. Essa era a principal 
ferramenta de planejamento e execução de quem estava 
começando um negócio.
Felizmente a abordagem de gestão evoluiu bastante sobre 
esse tema e hoje o modelo está mais baseado em constantes 
interações e validações dos produtos inovadores que são criados 
pelas startups. Essa nova forma de pensar estimulou a criação de 
uma série de novas ferramentas que simplificam e ajudam muito 
os empreendedores e os Canvas são uma ótima representação 
desse novo momento.
Basicamente, um Canvas é um mapa visual que apresenta uma 
estrutura fixa a ser preenchida visando planejamento, reflexão 
ou mesmo facilitar a visualização de alguma situação específica. 
Entre as vantagens de utilizar os Canvas está a velocidade de 
construção / preenchimento e facilidades de comunicação que 
7 canvas que todo 
empreendedor deve 
conhecer
Por FELIPE SCHERER
D
57
eles trazem, além da garantia de que haverá uma relação entre 
o preenchimento dos blocos que os compõem, já que estão na 
mesma página lado a lado.
Abaixo apresento alguns dos principais Canvas relacionados 
que podem ajudar os empreendedores na identificação de 
oportunidades, planejamento, validação do negócio e execução.
1. Canvas da Jornada do Cliente 
Uma boa leitura de como os consumidores realizam as tarefas 
serve de ponto de partida para identificar possíveis pontos de 
melhoria nos produtos e serviços atualmente disponíveis.
O Canvas da Jornada do Cliente está estruturado para mapearo antes, durante e depois de um consumidor de serviços. 
Promove uma reflexão sobre as expectativas, experiências e o 
que traz satisfação para o consumidor do serviço.
Quando usar: na fase inicial do processo de inovação, para 
identificar pontos de fricção nas propostas vigentes que 
resolvem a tarefa do cliente.
2. Mapa de Empatia 
Os insights são as matérias-primas. Entender o consumidor 
e buscar insights que possam se transformar em boas ideias é 
fundamental para os empreendedores.
7 canvas que todo 
empreendedor 
deve conhecer
58
Um dos modelos de Canvas que melhor organiza os insights 
relacionados ao comportamento do consumidor é o Mapa 
de Empatia. As técnicas de imersão, observação, desk research 
e entrevistas servem para gerar os dados que irão alimentar 
o Canvas. Como o próprio nome diz, é preciso se colocar 
no lugar do consumidor para entender o que ele sente, vê, 
ouve, pensa e faz. Tudo isso é muito valioso para identificar as 
dificuldades e ganhos esperados.
Quando usar: na fase inicial do processo de inovação, para 
buscar insights que irão apoiar na identificação de problemas 
relevantes dos consumidores que a startup pode resolver.
3. COCD Canvas 
Talvez um dos maiores desafios para os empreendedores seja 
priorizar quais ideias serão implementadas, especialmente 
quando estamos falando de funcionalidades ou mesmo de novos 
produtos e serviços.
A matriz de tomada de decisão foi criada pelo Center for 
Development of Creative Thinking na Bélgica e tem dois eixos 
principais: originalidade e facilidade de implementação. Pode 
parecer simplista, mas para uma separação inicial ela é bastante 
útil. Nos projetos que participo na Innoscience, classificamos as 
ideias em bola (precisam rodar mais para ficarem boas), maçã 
(prontas e fáceis de implementar), osso (duro de roer) e estrela 
(aquelas realmente inovadoras).
7 canvas que todo 
empreendedor 
deve conhecer
59
Quando usar: após sessões de brainstorming para selecionar e 
priorizar ideias para implementação.
4. Canvas do Modelo de Negócios e 
Proposta de Valor
O Canvas do modelo de negócios foi a fonte de inspiração para 
praticamente todos os outros que estão nessa lista. Ficou famoso 
após a publicação do livro de Alexander Osterwalder chamado 
Business Model Generation, em 2010, e serve para estruturar os 
negócios sob 9 diferentes blocos complementares.
Percebendo a necessidade de aprofundar o conceito da 
construção da proposta de valor, o autor lançou em 2014 
um Canvas específico para isso. O Canvas da Proposta 
de Valor apresenta os conceitos do job to be done, dores 
e ganhos esperados pelos segmentos alvo. É preciso que 
o produto ou serviço criado consiga resolver o “job” ou 
tarefa desejada pelo cliente, aliviando suas dores e/ou 
potencializando os ganhos esperados.
Quando usar: as duas ferramentas formam uma ótima 
dobradinha para a fase de estruturação das ideias e dos 
novos negócios.
7 canvas que todo 
empreendedor 
deve conhecer
60
5. Lean Startup Canvas
O Lean Startup Canvas, como o próprio nome diz, serve para 
modelar novos negócios utilizando a filosofia lean startup. 
Utilizar essa ferramenta é um exercício valioso para colocar na 
mesma tela o problema, a solução, a proposta de valor, early 
adopters e outros elementos importantes em uma startup, como 
custo de aquisição de clientes e life cicle value.
O autor combinou os conceitos de customer develop e lean 
startup. No Lean Startup Canvas foram trocados 4 blocos 
em relação ao Canvas do Modelo de Negócios – Parceiros, 
Atividades, Recursos e Relacionamento por: Problema, Solução, 
Indicadores e Barreira de Imitação.
Quando usar: o ideal é primeiro montar o Lean Startup Canvas e 
posteriormente o Canvas do Modelo de Negócios.
6. Canvas de Projeto
Para empreender um novo negócio de sucesso é preciso 
combinar criação, planejamento e execução. Depois da fase de 
validação, o conceito de negócio demanda uma série de ações 
para serem colocadas em prática.
O Canvas de Projeto é uma ótima ferramenta para organizar 
elementos básicos no planejamento de projetos, como escopo, 
milestones, stakeholders, riscos etc... Ele resume as principais 
7 canvas que todo 
empreendedor 
deve conhecer
61
deliberações da fase de planejamento. Existem diferentes 
modelos, mas todos eles garantem um exercício interessante 
para a equipe de projeto de uma startup.
Quando usar: na fase de planejamento da execução do projeto.
7. Scrum Board
A abordagem ágil de projetos ganhou muitos adeptos no 
universo startup. Inicialmente virou febre entre empresas de 
desenvolvimento de software mas hoje qualquer projeto pode 
ser executado seguindo essa filosofia.
Para empreendedores que não conhecem a metodologia do 
Scrum, vale a pena buscar leitura e treinamento a respeito 
pois os resultados são significativos. Em resumo, o objetivo 
é organizar a execução em ciclos chamados de Sprints e fazer 
com que a equipe se comprometa com a execução das tarefas 
planejadas. A cada Sprint, o time aumenta a velocidade de 
execução removendo barreiras e sobretudo validando o que 
foi construído com o cliente. Não há mais um planejamento 
sequenciado com entregas em períodos muito longos.
Uma das ferramentas fundamentais utilizadas é o Scrum Board. 
Seguindo a filosofia de gerenciamento à vista, nele é que são 
feitos o planejamento das tarefas e o acompanhamento da 
execução ao longo do Sprint. Basicamente o Scrum Board é 
dividido em objetivos, tarefas a fazer, em andamento e feitas 
(variações podem ser aplicadas e novas colunas incluídas).
7 canvas que todo 
empreendedor 
deve conhecer
62
Quando usar: para acelerar a execução das atividades de 
desenvolvimento do produto ou serviços da startup, sempre 
com o foco e visão do consumidor.
Cada um dos Canvas apresentados cumpre seu papel na 
estruturação e desenvolvimento de uma startup inovadora. 
É importante que os empreendedores possam dominar essas 
ferramentas para aumentar a taxa de sucesso e velocidade de 
crescimento de suas startups.
Felipe Ost Scherer
Sócio-fundador da Innoscience Consultoria em 
Gestão da Inovação. Mestre em Administração de 
Empresas pela UFRGS. Consultor empresarial, 
palestrante, professor dos cursos de Administração 
e MBA na ESPM/SUL. É autor dos livros 
Gestão da Inovação na Prática (vencedor do Troféu 
Cultura Econômica 2011 – melhor livro de 
Administração), Práticas dos Inovadores e O Time 
dos Sonhos da Inovação. Também é mentor de 
inovação na Endeavor Brasil.
7 canvas que todo 
empreendedor 
deve conhecer
63
onde 
estão os
Por ANA FONTES
mentores?
64
esta serra pelada do mundo dos empreendedores 
ter a pá não é suficiente, você precisa ter alguém 
que te ensine a cavar. Muitos têm sido orientados 
a procurar um mentor para ajudar na jornada e boa parte das 
pessoas realmente quer um mentor. Mas como faço para achar 
um? Como esta pessoa deve ser?
Primeiro você precisa de fato ser uma pessoa aberta e não ser 
avesso a ouvir opiniões dos outros. Acredite, tem gente que 
não gosta e só quer ouvir opiniões sobre seu negócio desde que 
sejam positivas.
O segundo passo é descobrir como achar um mentor. Existem 
alguns caminhos, mas não há fórmula mágica. Procure em sua 
rede de relacionamentos, amigos, familiares, pessoas que você 
admira ou instituições que oferecem programas de mentoria.
Sou empreendedora há quase oito anos e nesta minha 
trajetória já tive e ainda tenho vários mentores. Pessoas 
que admiro ou que estão na minha rede de relacionamento 
e de alguma forma querem me ajudar ou têm um super 
alinhamento com o meu trabalho.
ONDE ESTÃO
OS MENTORES?
Por ANA FONTES
N
65
Confira abaixo o perfil que um bom mentor deve ter:
1. Ser ético é condição básica;
2. Tem que ser alguéminspirador e empático, porque um 
mentor não é um consultor que analisa seu negócio e dá as 
soluções. Mentor mostra o caminho, mas quem encontra 
soluções é o empreendedor;
3. Tem que ser verdadeiro e dizer o que acha 
importante para ajudar o empreendedor, mesmo que 
isto possa desagradar;
4. Ter boa comunicação é essencial;
5. Tem que ser paciente e ser um bom ouvinte;
6. Um bom mentor tem que ser alguém de fácil trato e que 
esteja com objetivo de colaborar com o sucesso de outra 
pessoa, com humildade acima de tudo.
Que tipo de experiência deve 
ter um mentor?
Todos concordam que ter uma experiência empreendedora 
é muito importante para um mentor, afinal ele pode falar 
com mais propriedade e segurança. Mas isto não impede que 
onde estão 
os mentores?
66
você tenha um mentor (você pode ter mais de um) que não 
tenha esta experiência.
Ter uma boa rede de relacionamentos é importantíssimo, 
afinal ele poderá indicar empresas, parceiros e profissionais que 
podem ajudar o empreendedor. Networking é essencial para 
quem está começando um negócio e um mentor pode ajudar a 
construir estas pontes e relações.
O mentor deve ter visão multidisciplinar e estratégica do 
negócio. Existem muitos empreendedores com uma visão 
bastante operacional, o que é natural para um negócio que está 
começando, mas se você não tiver o apoio de alguém com uma 
visão externa mais estratégica você poderá falhar.
3 dicas importantes para 
o empreendedor
1. Um mentor não é um consultor, portanto não leve questões 
do dia a dia do seu negócio. Leve questões estratégicas. 
Esteja preparado para os encontros com informações gerais 
atualizadas: faça a lição de casa e saiba tudo sobre seu negócio e 
o máximo possível sobre seu mercado;
2. Mentor não adivinha tudo, portanto ele vai lhe dar o 
caminho e não as respostas;
3. Anote tudo e organize as tarefas. Esteja preparado para dar 
feedback sobre o andamento.
onde estão 
os mentores?
67
3 dicas importantes para 
os mentores
1. Mantenha uma agenda de atendimento ao empreendedor: 
não existe regra, mas atender pessoalmente uma vez ao mês é 
um bom caminho;
2. Não dê respostas, dê caminhos. Não ensine, oriente;
3. Mostre ferramentas, apresente pessoas, dê lição de casa e faça 
acompanhamento. É natural que o empreendedor com muitas 
tarefas acabe se perdendo.
Ser empreendedor é uma jornada e ter a pessoa certa 
do seu lado, certamente lhe dará mais segurança para 
enfrentar os desafios.
onde estão 
os mentores?
Ana Fontes
Empreendedora, especialista em empreendedorismo 
feminino e fundadora da Rede Mulher 
Empreendedora, a 1ª e maior rede de apoio a 
empreendedoras do Brasil. Fundadora e Curadora 
da Virada Empreendedora. Palestrante TEDx 
e professora de empreendedorismo no INSPER. 
Consultora do Programa 10 mil mulheres da FGV 
e do Itaú Mulher Empreendedora.

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