Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Universidade Federal de Pernambuco Departamento de Economia Disciplina: Fundamentos de Sociologia Professor responsável: Gustavo Gomes da Costa Atividade Complementar Esta atividade deverá ser realizada em grupos de até 5 (cinco) pessoas. A mesma deverá ser entregue digitalizada e impressa em sala de aula até a data de 02/09/2013 (segunda-feira), impreterivelmente. A atividade constará como reposição de aulas e poderá valer até 30% (trinta por cento) da nota do 2º Exercício. As questões abaixo deverão ser respondidas com base no texto de Edward Telles, “Da democracia racial à ação afirmativa”, publicado em Racismo à brasileira: uma nova perspectiva sociológica. Rio de Janeiro: Relume-Dumará: Fundação Ford, 2003. 1) A desconstrução do mito da democracia racial por diversos acadêmicos brasileiros foi central para a maior visibilidade da questão racial no Brasil. Identifique e reflita sobre os principais argumentos contrários à democracia racial apontados por Telles. [mínimo de 150 palavras] 2) Analise o papel desempenhado pelo movimento negro na implementação das políticas públicas de ação afirmativa no Brasil. [mínimo de 150 palavras] 3) Identifique e analise os impactos da Conferência da ONU sobre racismo realizada em Durban (África do Sul) em 2001 nas políticas de ação afirmativa e de combate ao preconceito de raça no Brasil. [mínimo de 150 palavras] 4) Discorra sobre a influência das visões dos diplomatas brasileiros a respeito das relações raciais no Brasil nas posições internacionais do Estado brasileiro acerca do racismo. [mínimo de 150 palavras] 1- O conceito de democracia racial começou a cair em desuso depois do surgimento de explicações mais lógicas sobre as relações raciais no Brasil. Democracia racial, termo cunhado por Gilberto Freyre na década de 60, abrangia ideias relacionadas a supostos direitos e privilégios que os negros gozavam após a abolição. A prova de que a democracia racial de fato não existiu se refletia nos levantes que corriam as ruas brasileiras na década de 90 em busca de soluções que revertessem a precária situação do negro no país. Para Freyre o conceito de democracia racial está ligado à noção de inclusão social, mas para vários acadêmicos, inclusive Telles, ele está ligado à perpetuação da situação de exclusão do negro na sociedade brasileira. Segundo Telles essa exclusão se deve à falta de integração social que se apresentam através de regras que diminui o acesso de grupos considerados excluídos aos recursos e direitos de cidadania. Uma vez que os pobres são em sua maioria negros, assim para Telles a exclusão é o contrário da miscigenação. Essa forma de pensar expressa bem o motivo do termo ‘’democracia racial’’ ser mal visto por acadêmicos e pessoas de movimentos envolvidas com a questão. Como poderia ter existido um sistema social que o fator racial passava de um simples atributo fenotípico se depois de tantos anos o grupo menos favorecido (negros) pressionava a sociedade para a implantação de uma verdadeira democracia? 2- As ações do governo para garantir a presença do negro em setores de liderança no país sempre focavam muito a questão cultural,esquecendo das verdadeiras mudanças necessárias, em áreas como saúde e educação, para reverter a situação de exclusão do negro na sociedade. Mas os ativistas do movimento negro não se conformaram com isso, buscando incluir leis que assegurassem os direitos humanos de grupos menos favorecidos na sociedade. Para que seus objetivos fossem concretizados era necessário um movimento de massa disposto a mostrar ao Brasil que as relações raciais encontravam-se distantes daquilo que a democracia racial pregava. Um importante passo do movimento negro na implementação de políticas afirmativas foi a organização em ONGs , que canalizou as suas reivindicações e agora pressionava o Estado para a tomada de medidas mais agudas contra a exclusão do negro. Um exemplo disso foi o Instituto da Mulher Negra Brasileira, responsável por levantar discussões e buscar medidas de ações afirmativas para o contingente feminino negro brasileiro, ainda marginalizado em alguns setores, como no mercado de trabalho. Diversos levantes realizados pelo movimento negro, como a Marcha de Zumbi, em 1995, trouxe a realidade a tona da verdadeira situação do negro no país, requerendo do Governo um maior engajamento para combater situações de cunho moral, social, econômico e cultural que façam prevalecer o status dado ao negro e que a questão racial se tornasse o centro da agenda nacional de direitos humanos. Outra importante contribuição do movimento negro brasileiro para a implementação de políticas afirmativas é sua ligação com outras organizações nacionais e internacionais de direitos humanos, ganhando amplitude e assim desmascarando em nível global o mito da democracia racial existente no Brasil. Após muitas lutas, debates e levantes, o movimento negro brasileiro conseguiu mudar a concepção do Estado sobre relação racial no país, mostrando que o negro ainda vem ocupando posições inferiores na sociedade e vive em condições de barbárie, ferindo diretamente o princípio de democracia. 3-A conferência teve um papel importantíssimo no combate ao racismo no Brasil visto que induziu o governo a anunciar um programa de ação afirmativa baseado na raça. Na prática isso significou um grande avanço tanto do reconhecimento dos problemas raciais do país como em questão de ações e diretrizes concretas para resolver esses problemas. Além disso, diversas ações de cunho legislativo foram adotadas em nível estadual, como a adoção de cotas raciais ou para alunos de escola pública em universidades estaduais do Rio de Janeiro e Minas gerais posteriormente outras no país adotariam a iniciativa. O papel mais relevante dessas ações afirmativas foi a compreensão de que o reconhecimento da contribuição cultural do povo negro é muito importante mas as demandas desses povos vão além desse reconhecimento.Suas necessidades são extensas e é preciso garanti-las por meio de investimentos em áreas como saúde , moradia, emprego e principalmente em educação, para reverter a situação socioeconômica desse povo. Outros órgãos governamentais também implementaram políticas de cotas para funcionários ou prestadoras de serviço terceirizado estimulando a criação de projetos de lei de caráter inclusivo dessas populações historicamente renegadas. 4- A ideia de democracia racial permaneceu no imaginário dos diplomatas brasileiros mesmo quando elas não eram mais apoiadas dentro do próprio país. Eles transmitiam essa ideia como verdade absoluta para os outros países levando-os a crer que a tolerância racial no Brasil era amplamente estabelecida há muito tempo, o que de fato não era realidade. Essa visão distorcida das questões raciais perdurou por muito tempo no cenário internacional o que prejudicou o avanço rumo a soluções no combate ao racismo no Brasil. O que ocorria era que os problemas raciais no país eram sempre “marginalizados” nas conferencias mundiais por muitos acreditarem que eram problemas internos e menos severos do que em outros países. O mito da tolerância se estendeu por toda década de 90, mas devido às crescentes pressões dos ativistas negros, tanto nacionais como internacionais, finalmente no século 20 os diplomatas não puderam mais ignorar as demandas do ativismo e reconheceram os problemas das questões raciais brasileiras. Atividade Complementar Sociologia Universidade Federal de Pernambuco Departamentode Economia Grupo: Alexandre Diniz - Kethellyn Soares - Tafarel Medeiros Turma: Economia – 1R Turno: Noite Disciplina: Fundamentos de Sociologia Professor: Gustavo Gomes da Costa
Compartilhar