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1193 AVALIAÌO DA TENACIDADE E DA RESISTæNCIA A FADIGA DE JUNTAS SOLDADAS DO AO USI-SAC-50(1) Rajindra Clement Ratnapuli(2) Tlio Magno F. de Melo(3) Ado Vieira de Faria(4) RESUMO O ao USI-SAC-50 largamente aplicado na indstria da construo civil para a fabricao de pontes, galpes de grande porte e de prdios multi-pavimentos. O maior atrativo deste ao a alta resistncia mecnica, aliada a uma elevada resistncia corroso atmosfrica. Neste estudo foi avaliada, atravs de testes de impacto Charpy e CTOD (Crack Tip Opening Displacement), a tenacidade do material base e junta soldada do ao USI-SAC-50 na espessura de 25mm. Tambm foram geradas curvas de projeto de fadiga, isto , tenso versus nmero de ciclos, em juntas soldadas, das quais duas continham, intencionalmente, defeitos do tipo Òfalta de penetrao na raizÓ. As chapas exibiram boa tenacidade, confirmada pelos altos valores de impacto Charpy (entre 146 e 260J a 0¼C) e de CTOD (entre 0,72 e 1,13mm a 0¼C). A tenacidade da junta soldada foi menor que a do material base, porm, ainda assim, os valores absolutos foram elevados para entalhe na linha de fuso, sendo de 98J a 0¼C para impacto Charpy e 0,58mm a 0¼C para CTOD. O limite de resistncia a fadiga no foi afetado significativamente pelos defeitos presentes nas juntas soldadas. Conclui-se que possvel, em certas aplicaes, o emprego de procedimentos de soldagem que no envolvam extrao de raiz, resultando em economia no custo de fabricao. Palavras-chave: Ao USI-SAC-50, Fadiga, Junta soldada, Tenacidade (1) Contribuio Tcnica ao 53¼ Congresso Anual da ABM; Belo Horizonte, 14 a 16 de setembro de 1998. (2) Membro da ABM; Engenheiro Metalurgista, Gerncia do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da USIMINAS; Ipatinga, MG. (3) Membro da ABM; Engenheiro Mecnico, Dr.-Ing., Gerncia do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da USIMINAS; Ipatinga, MG. (4) Membro da ABM; Engenheiro Metalurgista, CQE/CQA, Gerncia de Controle Integrado de Chapas Grossas da USIMINAS; Ipatinga, MG. 1194 1. INTRODUÌO As estruturas metlicas modernas, como prdios multi-andares urbanos, pontes e estruturas espaciais (galpes de grande porte), so projetos de alta complexidade tcnica que exigem aos especiais para sua construo. Frequentemente estas estruturas so expostas a ambientes hostis de corroso, desgaste, cargas cclicas, ventos e terremotos. Tudo isso pode levar a falhas prematuras dos componentes fabricados e, desta forma, comprometer a integridade da estrutura. Em projetos desta natureza, uma avaliao da confiabilidade da estrutura em servio depende, alm de propriedades convencionais como limite de escoamento e limite de resistncia, de outros fatores, como, resistncia fratura frgil e crescimento de trincas por fadiga. Defeitos pequenos que escapam deteco por ensaios no destrutivos como poros e trincas, presentes no material, e principalmente na junta soldada, podem atingir tamanhos crticos sob ao de fadiga e, consequentemente, causar danos irreversveis na estrutura. Assim, ensaios especiais de CTOD, que medem a tenacidade do material, e ensaios de fadiga constituem importante auxlio para o estabelecimento de projetos para prolongar a vida til das estruturas metlicas de grande porte. No presente estudo foi avaliada a tenacidade, medida atravs de testes de impacto Charpy e de CTOD, e geradas as curvas de projeto de fadiga de um ao USI- SAC-50 produzido em escala industrial. Ensaios de CTOD foram realizados no material base e em junta soldada e curvas de tenso versus nmero de ciclos de fadiga foram levantadas para juntas soldadas, duas delas com defeitos de falta de penetrao. Os ensaios foram realizados em chapas de 25mm de espessura, na condio como laminado. Os resultados obtidos foram comparados com curvas padro de fadiga para estruturas metlicas, de normas publicadas. 2. DESENVOLVIMENTO 2.1. Procedimento Experimental O material utilizado foi retirado de chapas de ao USI-SAC-50 com 25mm de espessura, produzidas em escala industrial. As chapas foram laminadas a partir de placas produzidas por lingotamento contnuo. A composio qumica e as propriedades mecnicas tpicas das chapas esto listadas na tabela 1. TABELAÊ1Ê-ÊComposio qumica e propriedades mecnicas tpicas do ao USI-SAC-50. Composio C Si Mn P S Als Ni Cu Cr Ti Nt Ceq * % massa 0,08 0,43 1,30 0,020 0,007 0,021 0,18 0,30 0,50 0,024 0,0047 0,43 Propriedade s mecnicas LE MPa LR MPa AL% 200mm Cv (J) a 0¼C 371 (L) 490 (L) 32 (L) 260 (L), 146 (T) *Ceq (IIW) = C+Mn/6+(Ni+Cu)/15+(Cr+Mo)/5 L= Longitudinal, T= Transversal 1195 Foram preparadas 4 juntas soldadas conforme os procedimentos de soldagem listados na tabela 2. As dimenses das juntas soldadas foram 2000 x 1000 x 25 (mm). Os cordes de solda foram feitos longitudinalmente ao sentido de laminao da chapa. Observa-se que os testes de ultra-som realizados nas juntas registraram defeitos de falta de penetrao nas soldas com chanfros em X e V. Na junta X, a falta de penetrao localizou-se na posio de meio da espessura e na junta V o defeito ocorreu na superfcie da chapa. Com relao ao comprimento total do cordo de solda (2000mm), a proporo da regio defeituosa foi de 2% para a junta X e de 100% para a junta V. A junta meio V foi utilizada apenas para a confecco de corpos-de-prova (CPs) de impacto Charpy e CTOD com entalhes atravs da espessura no lado reto da zona afetada por calor (ZAC). TABELA 2 - Procedimento de soldagem. Chanfro Passes e Consumveis Ultra - som 450 1 2 3 5 4 3mm 2mm25mm 10 a 50 passes, Solda Manual Eletrodo Revestido. AWS E 7018 (OK 4823), diam. 3,25mm. Demais passes Arco Submerso, arame BMAS 129, diam. 4mm. Fluxo OK 1071. No foi feita extrao de raiz para contra solda Falta de penetrao intermitente aproximadamente no meio da espessura ao longo do comprimento (2%) 3mm 450 1 2mm 2 5mm 10 passe, Solda Manual Eletrodo Revestido. AWS E7018g(OK 4823) diam. 3,25mm. Demais passes Arco Submerso, arame BMAS 129, diam. 4mm. Fluxo OK 1071. Falta de penetrao em 100% de comprimento com profundidade de aproximadamente 23mm (raiz) 200 16mm 25mm solda Arco submerso, arame BME 129/B, Belgo Mineira, diam. 4mm. Fluxo OK 1071/ ESAB Isento de defeitos internos. 300 16mm 25mm Arco Submerso, arame BMAS 129, diam. 4mm. Fluxo OK 1071. Backing removido. Isento de defeitos internos. Observaes: As 4 juntas foram soladas na posio plana com temperatura de preaquecimento de 100 0C. Tenso=28V; Corrente=550A; Velocidade=50/55cm/min; Aporte de calor= 1,5kJ/mm. Os CPs de fadiga, com dimenses de 80mm (largura) x 500mm (comprimento) x 25mm foram extrados no sentido transversal ao cordo de solda das trs juntas. Os 1196 testes foram executados com amplitude constante, a uma frequncia de 5Hz, com a carga sendo aplicada no sentido perpendicular ao cordo de solda. A razo R de carga mnima/carga mxima aplicada apresentou valores entre 0,1 e 0,5. 3. RESULTADOS E DISCUSSÌO 3.1. Material Base O ao caracterizado por elevada resistncia mecnica, da classe de 500MPa de limite de resistncia, com boa tenacidade. Apesar do baixo teor de carbono, o carbono equivalente do ao ficou em 0,43%, devido presena dos elementos de liga Cr e Cu. A adio destes elementos mandatria em aos patinveis da classe USI-SAC-50. As incluses no metlicas observadas so constitudas por MnS finos e arranjos de xidos Al203 como mostra a figura 1. (a) (b) FIGURA 1 - Campos de incluses no metlicas (a) sulfetos de Mn (b) aluminatos. Ampliao 500X, reduzida para 60%. Estas incluses so tpicas de aos acalmados ao Al-Si, como o objeto deste estudo. A microestrutura da chapa, mostrada na figura 2, constituda debandas de ferrita-perlita fina, com tamanho de gro ferrtico ASTM No 9 (14mm). 100X 500X FIGURA 2 - Microestrutura no centro da chapa; ataque com Nital 4%. Reduzida para 60%. 3.2. Junta Soldada A figura 3 mostra a macrografia das sees transversais retiradas das 3 juntas utilizadas nos ensaios de fadiga. 1197 (a) (b) (c) FIGURA 3 - Sees transversais das 3 juntas utilizadas nos ensaios de fadiga. No caso da junta X, que foi soldada em ambos os lados, o defeito de falta de penetrao concentrou-se no nariz, que corresponde aproximadamente ao meio da espessura da chapa (Figura 3a). Por outro lado, na junta V, que foi soldada de um s lado, o defeito ocorreu na raiz, isto , na superfcie da chapa (Figura 3b). Como foi citado anteriormente, a junta V com cobrejunta (Figura 3c) foi isenta de qualquer defeito. A tabela 3 mostra valores mximos obtidos em distribuio de dureza realizada (HV 5kgf) na seo transversal das trs juntas. As medies foram realizadas a 2mm da face F (superfcie de encosto), no centro da espessura e a 2mm da face R da raiz. TABELA 3 - Distribuio de dureza mxima na seo transversal das juntas. Chanfro Posio Dureza mxima (HV5kgf) MB ZAC MS ZAC MB X Face F 181 252 278 279 179 com falta de penetrao Centro 204 236 267 266 202 Face R 187 295 293 292 186 V Face F 187 282 279 264 192 com falta de penetrao Centro 197 254 274 243 200 V Face F 232 192 210 286 175 com cobre junta Centro 232 271 201 221 175 Face R NR Observao: MB= Metal base, ZAC= Zona afetada por calor, MS = Metal de solda, NR=No registrado Conforme dados da literatura(1), o ao torna-se susceptvel ao trincamento a frio por hidrognio quando a dureza na ZAC excede o valor de aproximadamente 350HV. Os resultados obtidos mostram que o ao avaliado, nas condies de soldagem utilizadas, no oferece risco de trincamento a frio por hidrognio. Tenacidade Os resultados dos testes de impacto Charpy da junta soldada com chanfro em meio V so listados na tabela 4 e plotados na figura 4. Em mdia, os valores de 1198 energia absorvida nas posies de linha de fuso (LF) e LF + 1mm foram altos em relao a LF + 3mm e LF + 5mm (~85J), embora os entalhes nas duas ltimas posies estivessem localizados no material base. TABELA 4 - Resultados de ensaio de impacto Charpy em junta soldada com chanfro tipo meio V. Microestrutura ao longo do Entalhe Identificao do C.P. Posio do Entalhe Energia Absorvida (J) Energia Absorvida Mdia (J) çrea Dtil (%) çrea Dtil % Mdia RGG % RGF % MS % MB % BP0001S-1 MS 142 70 100 BP0001S-2 MS 140 136 80 73 100 BP0001S-3 MS 126 70 100 BP0001LF-1 LF 116 30 15,03 36,42 48,55 - BP0001LF-2 LF 102 114 40 40 22,94 33,53 43,53 - BP0001LF-3 LF 124 50 5,32 53,85 40,83 - BP0001.1-1 LF+1mm 109 30 22,01 62,90 15,09 - BP0001.1-2 LF+1mm 100 98 20 23 15,12 78,49 6,39 - BP0001.1-3 LF+1mm 84 20 25,73 65,50 8,77 - BP0001.3-1 LF+3mm 91 40 - - - 100 BP0001.3-2 LF+3mm 74 87 30 36 - - - 100 BP0001.3-3 LF+3mm 95 40 - - - 100 BP0001.5-1 LF+5mm 88 30 - - - 100 BP0001.5-2 LF+5mm 88 85 40 33 - - - 100 BP0001.5-3 LF+5mm 78 30 - - - 100 BP0001-T1 MB 155 100 - - - 100 BP0001-T2 MB 140 146 100 100 - - - 100 BP0001-T3 MB 142 100 - - - 100 Observaes: MS = Metal de solda RGF = Regio de Gros Finos LF = Linha de Fuso MB = Material base RGG = Regio de Gros Grosseiros Temperatura de ensaio = 0¼C Da tabela 4 pode-se inferir que a presena de elevadas porcentagens de regies de gros finos e do metal de solda na superfcie de fratura possivelmente contribuiram para os altos valores de impacto Charpy observados nas posies de LF e LF + 1mm. Embora as posies de LF + 3mm e LF + 5mm estejam no material base, as energias absorvidas foram muito menores do que a da chapa original (146J). Esta diferena pode ser causada pela fragilizao por envelhecimento do material numa distncia de 3 a 5mm da linha de fuso, durante o processo de soldagem. 0 20 40 60 80 100 120 140 160 Posio do entalhe E n er g ia A b so rv id a (J ) a 0¼ C Teste1 Teste2 Teste3 Mdia MS LF LF+1mm LF+3mm LF+5mm MB FIGURAÊ4Ê-ÊValores de impacto Charpy no metal de solda (MS), zona afetada pelo calor (ZAC) e no material base (MB). 1199 O valor de CTOD pode ser definido como a capacidade do ao para suportar uma carga ou deformar plasticamente em presena de um entalhe ou um defeito. O valor de CTOD expresso normalmente em mm a uma determinada temperatura. Na prtica, o valor de CTOD (d, mm) relacionado com a tenso aplicada (s, N/mm2) e o comprimento da trinca (a, mm). Assim d = ¦ (s, a ) (1) Os fatores que influenciam a tenacidade ao impacto Charpy tambm tm efeito no valor de CTOD, sendo que os mais importantes so a limpidez e a microestrutura do ao. Os resultados de testes de CTOD podem ser utilizados para determinar o tamanho de trinca tolervel em uma estrutura metlica sujeita a uma carga (ou deformao) em servio. De acordo com dados publicados, a deformao que atua na ponta de uma trinca passante de comprimento 2a (mm) est relacionada ao valor de CTOD (d) da seguinte maneira (2) : d p2 0 5 2 e a e e e ey y y = æ è ç ö ø ÷ <, , (2) d p2 0 25 0 5 2 e a e e e ey y y = - æ è ç ö ø ÷ ³, , , (3) e = deformao total = deformao aplicada (ea) + deformao devido a tenso residual (eres.) ey = deformao de escoamento = sy /E E = Mdulo de Young = 200.000MPa. Caso na regio do defeito haja uma concentrao de deformao devida a desalinhamento da solda, existe uma componente adicional de deformao e3, onde: e3 = ea (Kt - 1) (4) Kt sendo o fator de concentrao de tenses, cujo valor pode ser obtido da norma WES 2805:1980(3). Ento e = ea + eres + e3 (5) O valor mximo que eres pode atingir sy/E. O valor de ÒaÓ calculado pelas equaes (2) ou (3) o tamanho de trinca tolervel, ou seja, o tamanho mximo de trinca permissvel em uma estrutura, sem risco de fratura. Os resultados de testes de CTOD conduzidos a 0°C no material base e na junta soldada com chanfro em meio V so resumidos na tabela 5. 1200 TABELA 5 - Resultados de ensaios de CTOD em junta com chanfro tipo meio V. Posio do Direo de CTOD (mm) a 0°C Microestrutura ao longo do Entalhe Entalhe Laminao Mnimo Mximo Mdia(*) RGG % RGF % MS % MB % IC/SC % MB L 1,02 1,23 1,13 100 T 0,39 0,85 0,72 100 LF T 0,54 0,61 0,58 27,6 54,0 18,4 MS T 0,45 0,64 0,57 100 IC/SC T 0,43 0,49 0,45 100 L = Longitudinal, T = Transversal, (*) Mdia de 4 testes, IC/SC = Regio Intercrtica/Subcrtica Os altos valores de CTOD obtidos no material base, isto , em mdia, 1,13mm no sentido longitudinal e 0,72mm no sentido transversal, implicam em uma boa tenacidade na chapa, como confirmado tambm pelos testes de impacto Charpy (Tabela 4). A anisotropia dos valores de CTOD observada na chapa pode ser atribuda s incluses alongadas de MnS, que tendem a diminuir a tenacidade no sentido transversal. Observa-se um comportamento similar nos resultados de impacto Charpy. Embora, em geral, os valores de CTOD nas posies de LF (0,58mm) e intercrtica/subcrtica, IC/SC (0,45mm) tenham sido menores que os valores absolutos da chapa, ainda assim podem ser considerados satisfatrios. Isto tambm vlido para os valores no metal de solda (0,57mm). Da tabela 5, evidente que a relativamente alta tenacidade na linha de fuso devida presena de uma alta frao volumtrica de gros finos ao longo do entalhe destes CPs de CTOD. importante observar que a tenacidade na regio IC/SC da junta soldada foi menor que na posio LF, consistente com resultados obtidos no impacto Charpy. Esta diferena pode ser atribuda a possvel envelhecimento do material duranteo processo de soldagem. Um valor mnimo de CTOD frequentemente especificado para estruturas de ao, como por exemplo plataformas martimas, 0,25mm, temperatura de servio. No entanto, um valor de 0,15mm muitas vezes considerado aceitvel para inibir a iniciao de fratura frgil em componentes fabricados. Fadiga Num ensaio de fadiga, a vida em fadiga do material dada pelo nmero de ciclos suportado por ele at o rompimento (N), para um determinado valor de sr, que representa a faixa de tenso aplicada. comum expressar estes resultados em um grfico de log (sr) x log (N). Na prtica, a curva de projeto logsr x logN levantada atravs de testes de fadiga de amplitude constante. Como a relao log sr x log N normalmente linear, fcil derivar uma equao entre estas duas variveis pelo mtodo de regresso linear. A vida em fadiga de um componente fabricado depende principalmente da configurao da junta soldada. Na prtica, existem vrios tipos de juntas soldadas, dos quais alguns exemplos mais comuns so mostrados na figura 5. 1201 10 100 1000 1,00E+05 1,00E+06 1,00E+07 1,00E+08 N (Ciclos) C D F G D s (M P a) ¼ FIGURA 5 - Exemplos de curva sr x N para juntas soldadas (4). As quatro geometrias ilustradas nesta figura pertencem s classes C, D, F e G da norma BS 5400, parte 10, 1980, para fabricao de pontes soldadas(5). Conforme essa norma, a equao geral que relaciona logsr e logN pode ser escrita como: N x sr m = Ko x D d (6) Ko, m e D so constantes que tem valores indicados na tabela 6. d = Nmero de desvios-padro abaixo da linha mdia, tabela 7. Na prtica o limite de resistncia a fadiga (so ) do componente corresponde ao valor de sr quando N = 10 x 10 6 ciclos. TABELAÊ6Ê-ÊValores de Ko, D e d para vrias classes de juntas soldadas. CLASSE Ko D m C D F G S 1,08 x 1014 3,99 x 1012 1,73 x 1012 0,57 x 1012 2,13 x 1013 0,625 0,617 0,605 0,662 0,313 3,5 3,0 3,0 3,0 8,0 TABELA 7 - Fatores de probalidade. PROBABILIDADE DE FALHA d 50% 31% 16% 2,3% 0,14% 0 (mdia) 0,5 1,0 2,0 3,0 A equao (6) permite uma avaliao da vida em fadiga de uma determinada classe de junta soldada, para vrias probabilidades de falha. Quanto menor for d, maior ser a probabilidade de falha. 1202 Em amostras sem defeitos superficiais, a parte da vida em fadiga consumida com a iniciao da trinca de fadiga maior do que a consumida na sua propagao. O inverso se verifica para uma junta soldada, onde sempre existem micro-defeitos. Curvas de fadiga Os resultados de N e sr das trs juntas soldadas so plotados, nas figuras 6, 7 e 8, em escala logartmica. Nestas figuras tambm foram includas, para propsito de comparao, curvas mdias de logsr vs logN, isto , para 50% de probabilidade de falha, extradas da norma BS 5400 ou calculadas a partir da equao (6). As classes de juntas soldadas D, F e G referem-se norma BS 5400 conforme o tipo de configurao do chanfro e o sentido de aplicao de carregamento cclico relativo ao cordo de solda. Da figura 6, evidente que a curva de fadiga da junta soldada com chanfro tipo X praticamente igual curva padro da classe D. Isto implica que a presena de pequenos defeitos embutidos de tamanho ~ 0,70mm, numa extenso de 2% do comprimento do cordo de solda, no exercem um efeito prejudicial sobre o comportamento em fadiga da junta soldada. Para a junta com chanfro em V, com falta de penetrao na raiz, a curva obtida situou-se ligeiramente abaixo da prevista, como pode ser visto na figura 7. Deve ser observado, no entanto, que a curva prevista para juntas com chanfro em X, isentas de defeitos, j que a norma BS 5400 no contm curvas padro para juntas com chanfro em V. Desta forma, possvel que efeitos geomtricos devidos s diferentes configuraes de chanfro tenham infludo nos resultados obtidos, na junta com chanfro em V, alm de presena do defeito falta de penetrao na raiz. Com relao s caractersticas da junta de solda com chanfro tipo V com cobrejunta, isenta de defeitos (Figura 8), a curva logsr vs logN aproximou- se da curva de fadiga da classe F. 10 100 1000 1,00E+05 1 ,00E+06 1,00E+07 N (Ciclos) D s ( M P a) Obtida D FIGURAÊ6Ê-ÊCurva de fadiga da junta soldada tipo X com defeito de falta de penetrao embutida. 1203 10 100 1000 1,00E+05 1,00E+06 1,00E+07 N (Ciclos) D s ( M P a) Obtida D FIGURAÊ7Ê-ÊCurva de fadiga da junta soldada tipo V com defeito de falta de penetrao na superfcie. 10 100 1000 1,00E+05 1,00E+06 1,00E+07 N (Ciclos) D s ( M P a) Obtida G F FIGURAÊ8Ê-ÊCurva de fadiga da junta soldada tipo V com cobrejunta e solda lateral. Os resultados dos ensaios de fadiga tendem a demonstrar que, na junta soldada com chanfro em X, com defeito de falta de penetrao embutido, no houve uma deteriorao significativa da vida em fadiga do componente. No entanto, na junta soldada com chanfro em V, com defeito de falta de penetrao superficial, houve uma ligeira deteriorao da vida em fadiga (Figura 7). A anlise de fratura dos 30 CPs testados at a ruptura mostrou que as trincas de fadiga sempre iniciaram na face ou na raiz da junta, no p do cordo de solda, onde existe maior concentrao de tenses. As trincas propagam atravs da zona afetada pelo calor e do material base, em linha reta. Apenas em dois CPs a fratura iniciou e propagou no metal de solda, sendo um da junta soldada com chanfro tipo X e outro da junta soldada com chanfro tipo V. 1204 Como discutido anteriormente, modelos empricos que correlacionam o nmero de ciclos (N) com a faixa de tenso aplicada (sr) so comumente utilizados para avaliar a vida til dos componentes fabricados. As equaes que representam as curvas de fadiga para cada uma das juntas avaliadas nas figuras 6, 7 e 8, encontram-se na tabela 8. Essas equaes so semelhantes equao(6). Na tabela 9 encontra-se os valores de m e Ko, bem como os valores de tenso limite em fadiga so (correspondente a N = 10.10 6 ciclos), obtidos a partir das equaes mostradas na tabela 8, para uma probabilidade de falha de 50%, isto d = 0 (Tabela 7). Com exceo da junta V da classe F, os parmetros m e Ko obtidos foram diferentes dos valores indicados na norma BS 5400. Com relao tenso limite de fadiga so, observa-se que os valores obtidos foram similares aos previstos. TABELAÊ8Ê-ÊRelao entre o nmero de ciclos (N) e faixa de tenso (sr) para as 3 juntas soldadas. Tipo de Chanfro Classe da Solda Equao Obtida X D Nx x Rrs 3 79 14 23 66 10 0 86, , , ,= = (falta de penetrao) V D Nx x Rrs 4 85 16 22 23 10 0 92, , , ,= = (falta de penetrao) X Nx x Rrs 3 08 12 23 66 10 0 67, , , ,= = (cobrejunta com solda lateral) F TABELA 9 -ÊComparao entre curva obtida e curva padro Nxsr m = Ko das tabelas 6 e 7, correspondentes a 50% de probabilidade de falha (d = 0). Tipo de Classe Obtida Padro Chanfro m Ko so MPa m Ko so MPa X D 3,79 3,66x1014 90 3,00 3,99x1012 73 (falta de penetrao) V D 4,85 2,23x1016 84 3,00 3,99x1012 73 (falta de penetrao) X F 3,08 3,04x1012 60 3,00 1,73x1012 57 (cobrejunta com solda lateral) Obs.: so corresponde a N=10x10 6 ciclos para 50% de probabilidade de falha Propagao de trincas de fadiga A propagao de uma trinca de comprimento a em funo do nmero de ciclos (N) pode ser expressa pela lei de Paris(3) : da dN C K m= .( )D onde C, m = constantes DK = faixa de fator de intensidade de tenso = Ds p. .Y a Ds = sr = faixa de tenso aplicada Y = fator de correo para a geometria da trinca. 1205 Assim, da dN C Y am m= ( ).( . )Ds p da C Y a N m m a m a i f . .( ) p s ( ) =ò D (7) Para valoresdeterminados de a i (trinca inicial) e a f (trinca final at a falha), a integral acima constante. Assim, N m.( )Ds = constante, o que equivalente equao (6) da curva de projeto. A equao (7) pode ser integrada da seguinte maneira: N a a m C Yf i m m m m r m = -[ ] - - - - -( / ) ( / ) /. ( ). . . . 2 1 2 1 2 2 2 p s (8) Esta relao permite a estimativa da vida em fadiga (N) de uma estrutura, supondo-se que os valores de tamanho inicial da trinca (ai) e final (af) sejam conhecidos. O valor af pode ser igual espessura da chapa ou uma frao desta, no instante da ruptura. Para aos estruturais os valores de C e m podem ser dados como(4): C x x x= =- - -0 9 10 3 10 2 1013 13 13, ( )~ e m = 3, para da/dN em mm/ciclo, e DK em MPa. mm1/2. Para o propsito de tratamento analtico da mecnica da fratura, os dois defeitos das juntas analisadas neste trabalho podem ser considerados como trincas planares, uma embutida na chapa (Junta X) e outra na superfcie (Junta V). Os dois casos so representados esquematicamente na figura 9. 2B2a (a) B (b)a FIGURA 9 - Representao esquemtica das juntas. (a) Defeito embutido, (b) defeito superficial. Para os dois tipos de defeitos planares ilustrados na figura 9, as equaes do fator de intensidade de tenses (K) podem ser escritas da seguinte maneira (6) : (1) Falta de penetrao no nariz (defeito embutido): K1 = s pa ( 2B/pa . tan (pa/2B)) onde 2 B = espessura da chapa. (2) Falta de penetrao na raiz (defeito superficial): K2 = s pa (1,122 - 0,561X - 0,205X 2 + 0,473X3 -0,19X4) onde B = espessura da chapa, e X = a/B, No presente caso os valores de Y so 1,00 para junta X e 1,07 para a junta V, assumindo 2a=0,70mm e a=2mm respectivamente. Portanto a equao (8) permite calcular a vida til do componente (N) para determinados valores de sr, supondo que af = 25mm. 1206 4. CONCLUSÍES O ao USI-SAC-50, da classe de 500MPa de limite de resistncia, possui boa tenacidade tanto no material base quanto na junta soldada, medida atravs de testes de impacto Charpy e CTOD a 0¼C Com relao a fadiga da junta soldada, a presena de defeitos de falta de penetrao, nas quantidades encontradas no presente trabalho, no exerceram um efeito significativo sobre a resistncia a fadiga. Portanto possvel, em certas aplicaes, o emprego de procedimentos de soldagem que no envolvem extrao de raiz, resultando em economia no custo de fabricao. BIBLIOGRAFIA 1)ÊLUNDIN, C.D. et al. ÒWeldability of low carbon microalloyed steels for marine structuresÓ, Welding Research Council Bulletin, 359, Dec. 1990. 2)ÊROLFE, S. T. and BARSOM, J.M., ÒFracture and Fatigue Control in StructuresÓ Prentice-Hall Inc., New Jersey, 1977. 3)ÊNORMA WES 2508:1980, ÒMethod of assessment for defects in fusion welded joints with respect to brittle fractureÓ. 4)ÊMADDOX, S.J. ÒDesigning against fatigue failure, Metals and MaterialsÓ, Dec. 1989. 5)ÊBS5400. Part 10:1980. ÒSteel, concrete and composite bridgesÓ. Part 10, Code of practice for fatigue. 6)ÊBRANCO, C. M. et al. ÒFadiga de estruturas soldadasÓ. Fundao Calouste Gulbekian, Lisboa, 1986. 1207 EVALUATION OF FRACTURE TOUGHNESS AND FATIGUE RESISTANCE OF WELDMENTS IN USI-SAC-50 STEEL ABSTRACT The welding operation contributes significantly to the total fabrication cost of steel structures. As such welders often tend to use simplified welding procedures to reduce costs. One such technique is to eliminate root grinding during welding.This practice nevertheless leads to weld defects associated with lack of penetration. The application of these components in service therefore, needs critical analysis in order to assure structural integrity.This paper presents the toughness properties, of both the base material and the welded joint of 25mm thick USI-SAC-50 steel. Also fatigue design curves, that is stress versus number of cycles, have been generated for welded joints, two of which containing defects due to lack of fusion. The plate exhibited good toughness as confirmed by the high impact energy (146J to 260 at 0¼C) and CTOD values (0,72mm to 1,13mm at 0¼C). Although the heat affected zone toughness was lower than that of the base material, the absolute values still remained high giving an impact energy of 98J at 0¼C and a CTOD of 0,58mm also at 0¼C in the fusion line. The endurance limit in fatigue of the weld joints did not show any significant deterioration by the presence of defects due to lack of fusion. It was concluded that, depending on the final application it is possible to use components fabricated using simplified welding procedures which eliminate root grinding. Key words: USI-SAC-50 steel, Fatigue, Welded joints, Toughness
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