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Psiquiatria Estado Mental

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O primeiro que devemos analisar num paciente psiquiátrico são os aspectos globais do mesmo. Para isso, primeiramente vemos a postura geral, que pode ser:
 - Ativa: paciente está consciente, respondendo todas as perguntas do entrevistador;
 - Passiva: paciente parece indiferente ao que acontece na entrevista. Ele é apático e aparenta ser “largado”.
Sendo assim, é muito importante também repararmos nas roupas, no cabelo, na pele do paciente (se ele tem tatuagens), se ele está de banho tomado, para termos também uma ideia do autocuidado daquela pessoa.
Posteriormente, ainda dentro dos aspectos globais, devemos também identificar a atitude global do paciente, que pode ser:
 
 - Confusa;
 - Desinibida;
 - Deprimida;
 - Desconfiada;
 - Teatral;
 - Evasiva;
 - Expansiva;
 - Indiferente;
 - Inibida;
 - Irônica;
 - Queixosa;
 - Manipuladora;
 - Negativista;
 - Hostil;
 - Submissa;
 - Sedutora.
É também importante observar a transferência, que são atitudes ou sentimentos do paciente que ele transfere, inconscientemente, para a entrevista, seja no seu modo de falar, ou seja relatando outros fatos.
Vamos nos lembrar das três grandes esferas da psiquiatria:
 - Consciência e cognição: envolvem consciência, atenção, orientação, inteligência, pensamento, linguagem, memória. Essa esfera é mais comprometida nos transtornos psico-orgânicos;
 - Vida afetiva e psicomotricidade: envolvem afeto, vontade e psicomotricidade. Essa esfera é mais afetada nos transtornos afetivos, de personalidade e neuróticos;
 - Relação com a realidade: envolvem insight, consciência do eu, percepção da realidade. É mais afetada nos transtornos psicóticos.
Consciência:
Existe os estados de rebaixamento da consciência:
 - obnulação: o indivíduo está consciente, mas também está sonolento, o que pode dificultar sua concentração, fazendo-o falar coisas sem sentido;
 - surpor/esturpor: indivíduo está inconsciente e só pode ser acordado perante estímulo doloroso;
 - coma: indivíduo está inconsciente e não consegue ser acordado perante nenhum estímulo.
Um transtorno de consciência comum é o dellierium (que não deve ser confundido com delírio), que é um estado em que o indivíduo perde parcialmente sua orientação temporoespacial, pode ter ansiedade ou lentificação, dificuldade de concentração, e muitas vezes tem alucinações/ilusões, principalmente visuais. É um estado que oscila muito durante o dia.
Para nos auxiliar a fazer uma análise da consciência do paciente, devemos fazer as seguintes perguntas:
 - O paciente parece desperto ou sonolento?
 - Está interagindo?
 - Parece orientado no tempo e no espaço?
 - Qual o grau de rebaixamento da consciência?
Atenção:
É a capacidade de direcionar a concentração.
Existem graus de alterações da atenção:
 - Hipoprosia: diminuição global da atenção. O indivíduo tem dificuldade de concentração, cansand0-se muito rápido de manter tal concentração apenas em um objeto. Isso prejudica a percepção de estímulos externos e do que acontece ao seu redor;
 - Aprosia: perda completa da capacidade de concentrar-se em algo específico.
 - Hiperprosia: concentração exacerbada em algo, sendo que o indivíduo, não presta atenção em nada mais.
 - Distração: é, na realidade, uma hiperfunção da atenção em determinados tipos de objetos/estímulos externos;
 - Distrabilidade: é algo patológico, sendo que o indivíduo tem dificuldade para manter a concentração naquilo que lhe exija esforços.
Orientação:
É a percepção que a pessoa tem de si mesmo e perante o espaço que a rodeia, sendo assim, a orientação pode ser:
 - autopsíquica: que diz respeito à percepção que a pessoa tem de si mesma. Para analisar esse tipo de orientação, podemos utilizar perguntas como: Qual seu nome? Qual sua idade? Qual seu emprego?
 - alopsíquica: que diz respeito à orientação da pessoa no tempo e no espaço. Para analisar esse tipo de orientação, utilizamos perguntas como: Que dia é hoje? Em que ano estamos? Onde estamos?
Memória:
Capacidade de armazenas e evocar informações.
As alterações quantitativas da memória incluem:
 - amnésia: perda da capacidade de manter o foco ou de evocar fatos mnêmicos (lembranças). Pode ser de origem psicogênica (perda de elementos mnêmicos afetivos) ou orgânica (perda de mais elementos mnêmicos). Sendo assim, a amnésia pode ser retrógrada, na qual há uma perda da capacidade de evocar lembranças que se concretizaram no córtex antes do momento do acidente, e pode ser também anterógrada, na qual há a perda da capacidade de consolidar novas lembranças (depois do acidente);
 - hipermnésia: quando as memórias vêm na cabeça do paciente uma atrás da outra, rapidamente, e tumultuadamente. Sendo assim, o paciente lembra-se de uma quantidade muito grande de coisas, mas não se lembra exatamente dos detalhes a respeito dessas mesmas (perda da qualidade da lembrança).
E as alterações qualitativas incluem:
 - ilusões de memória: quando o paciente acrescenta lembranças falsas no meio de suas lembranças verdadeiras;
 - alucinações mnêmicas: quando o paciente fala lembranças falsas, que não aconteceram;
 - Fabulações: quando o paciente completa lacunas em sua memória com memórias inventadas, ou até mesmo com outras memórias que ele tem, mas que não são relacionadas com a primeira. Nesse caso, deve-se perguntar para o paciente acerca da memória falta, ele não saberá responder.
Pensamento e Linguagem:
A linguagem é o meio pelo qual expressamos nosso pensamento, por isso estes são elementos que devem ser analisados juntamente.
Assim sendo, em tal análise, devemos nos atentar à:
 - Forma: é como a pessoa organiza suas ideias;
 - Fluxo: se a pessoa fala rápido ou devagar, e se o que ela fala segue uma ordem cronológica ou não;
 - Conteúdo: se o que a pessoa diz apresenta um conteúdo verdadeiro ou não, possível ou não.
Perante isso, podemos nomear alguns transtornos de linguagem:
 - Ecolalia: é a repetição de palavras ou sílabas que foram ditas pelo entrevistador;
 - Verbigeração: repetição sem sentido e monótona de palavras;
 - Perseveração: repetição de palavras ou frases pertencentes à uma determinada obra (livro, filme etc).
Devemos nos lembrar que nas psicoses, a pessoa apresentará uma desestruturação da linguagem, ou seja, ela falará coisas sem sentido. Já nas demências, a pessoa apresentará uma dificuldade na linguagem, como se ela quisesse falar algo, mas não conseguisse, havendo dificuldade de nomeação e afasia.
Vida Afetiva e Psicomotricidade:
Lembrando que esse domínio da psiquiatria envolve: vida afetiva, psicomotricidade e vontade:
.
A vida afetiva envolve sentimentos, humor, paixões e emoções.
As alterações da vida afetiva compreendem:
 - Distmia: termo utilizado para qualquer alteração de humor que existe no indivíduo. Lembrando que um indivíduo de humor normal, é chamado de eutímico. A distmia por sua vez, é dividida em:
 * hipotimia: diminuição do humor. Muito comum nos casos de depressão;
 * hipertimia: elevação do humor. É comum nos casos de mania;
 - Ansiedade: é um sentimento negativo, geralmente de apreensão, em relação ao futuro;
 - Angústia: é também um sentimento negativo, mas ele é mais corporal, e diz respeito mais ao presente e ao passado;
 - Medo: é um sentimento que temos perante um objeto definido, o que é diferente da angústia e da ansiedade, que não dizem respeito a nenhum objeto definido;
 - Alterações das emoções e dos sentimentos:
 * apatia: é a indiferença. Geralmente, ela é mais intrínseca ao sujeito, não sendo possível observá-la somente pelo físico do indivíduo;
 * embotamento afetivo: a pessoa não sente nada com relação à experiências nas quais ela sabe que deveria ter tido algum valor sentimental. É observável pelo físico do indivíduo, por meio de sua postura e de sua face;
 * sentimento de falta de sentimento: a pessoa afirma não conseguir sentir nada, e encara esse fato como sendo algo maçante, sacrificante, ou seja, há a existência de um sentimentonegativo;
 * anedonia: incapacidade de sentir prazer em qualquer que seja a atividade;
 * labilidade afetiva: é a mudança brusca e abrupta de sentimentos.
Com relação à psicomotricidade, devemos analisar se o indivíduo está inquieto, agitado, se tem movimentos voluntários perceptíveis, ou involuntários.
Quanto à vontade, podemos definir algumas alterações:
 - Abulia/hipobulia: é a diminuição da capacidade volitiva do indivíduo. A pessoa diz que não sente vontade de fazer nada, e que não tem motivação para nada. É muito comum nos casos de depressão;
 - Atos impulsivos: são aqueles atos em que há uma quebra na sequência de pensamento, deliberação e execução do ato. Ou seja, nos atos impulsivos, a pessoa não tem as etapas de pensamento e de deliberação, partindo diretamente para a ação;
 - Atos compulsivos: diferente dos impulsivos, os atos compulsivos são aqueles que a pessoa percebe que são errados, e inaceitáveis, e tentam, a todo custo, não realiza-los. Tais atos compreendem a compra compulsiva, a bulimia e também a cleptomania.
Relação com a Realidade:
Como já dito anteriormente, a relação com a realidade envolve: juízo de realidade, sensopercepção, vivência do eu e insight.
No que diz respeito à relação com a realidade, podemos nomear algumas alterações:
 - pensamentos prevalentes: quando algum pensamento do indivíduo, geralmente por seu valor afetivo, se sobrepõe sobre os demais pensamentos dessa pessoa. Uma queixa muito comum é “não consigo parar de pensar nisso”;
 - Delírio: o delírio é um juízo falto, que na maioria das vezes tem um conteúdo impossível e improvável. É como se fosse uma ideia que a pessoa colocou na cabeça, e não tira de jeito maneira. Alguns delírios, no entanto, podem ter conteúdo provável/verdadeiro (que realmente acontece). De qualquer modo, o delírio não deixa de existir mesmo com experiências da pessoa, e mesmo com conselhos de um profissional.
Já no que diz respeito à sensopercepção, devemos nos lembrar que sensação é o processamento de estímulos externos, enquanto que percepção é a tomada de consciência da sensação. Podemos então definir alterações quantitativas da sensopercepção:
 - Anestesia: capacidade de sentir. Diz respeito principalmente ao físico;
 - Hipoestesia: diminuição da capacidade de sentir;
 - Hiperestesia: aumento da percepção de estímulos. Sendo assim, um pequeno barulho pode parecer um ruído enorme para a pessoa.
E também podemos definir alterações qualitativas da sensopercepção:
 - Ilusão: é a percepção errônea de um objeto, ou seja, é algo que depende de um estímulo externo;
 - Alucinação: é a percepção de um estímulo que não existe, ou seja, não depende de estímulos externos;
 - Alucinose: o indivíduo tem uma alucinação e sabe que está alucinando, tanto que reconhece isso como algo estranho, porém, ele não acredita que isso tenha relação com ele. É como se fosse uma tentativa de distanciamento do sintoma.
Insight: é a capacidade do indivíduo de perceber que algo não está bem consigo mesmo e ter consciência acerca disso.

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