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Historia da Psicologia Texto Unidade 01

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O Estudo da
História da
Psicologia
Por que Ertudar o Históri0 d0 Psklllgi0?
Começaremos com uma per8unta básica: poÌ que vocè
está fazendo este cuÌso? Iol.ser oÍelecíalo em um hoÌáÌio
conveniente? ?or que o cuÌso que rcâlmente quèÍla fazeÌ
já está lotado? Por que orÌviu falaÌ que o professoÌ dá notas
altas? Ou será pot queé exisido paÌa o cÌrÌso de psicologiâ?
Se essa úÌtirna peÌgunta se apiica a você, pÌecisamos então
Íazer algumas perSuntas adicionais
lor quc osprofessores ao depaÌtamento de psicologiâ
acredilam que é imporlante paÍa os alunôs estudarem a
história de sua área? ôualapossivel lelevânciã queo passado
tem parâ se entendeÌ o píeserÌte? PoÌ qúe os departamentos
de piicologia têm ofereciáo esse ôurso desde, peÌo menos,
1911, ou melhoÌ, há um século? E por que você acha qúe
dois entÌe três alunos do ProgÌama de gÌaduação incluem
um curso de história da psicologia como parte das exigên'
cias Dara sua formação?
Èntre todas as ciências, a psicologia é sem iguâl quanto
a esse aspecto. A maioria dos departanÌentos de ciências
não faz tais exigências e nem mesmo dá um cuÍso de Ììis-
tóÍia especifico de sua áÌea. O iÍIteÍesse dos Psicólo3ls em
*a hisiórja levou à foÌmatização desta colno wm átea de
€studo. Assim como há psicóÌogos que se esPeciaìizâm em
Drobleúôs sociais' DsicoÍaÍmacologia, ou des€Ìi\olvimento
àa adolesceocia, tambëm há aqueles que se especiâlizâm
em história da P6icologia.
Psicologiâ?
O Desenvolvimento da
Psicologia Moderna
Dados Históricos: a
Reconstrução do Passado
da Psicologia
tÌistoriosÌaÍiâ: a MeiodoÌogiâ
de lstudo dá Históiiâ
Dãdos Pddidos ou OmitÌdos
InlormâJões Distolctdas na
Ìnformaçõ$ Obtldas
úedtante Relâtos
Forças Conteituais na
Psicologia
OpoÌtúnidades Advindas <la
As GueÌras Mundiais
PÌeconcelto e Dhcriminôção
visões da Histórìa Científica
 TeoÌia Pesonalista
À Teoriâ N\arulaÌistâ
Escolãs de Pensamento na
Evolução da PsicoloSia
o4anização do Livro '
Por que EÍudar a Históíia da
! H6roR|À o Psrcoloc| MoDLRNA
Ëm 1963, foi lançado o louíítal of the History of the Behavíoíat Sciences, um periódico
multidisciDlinaÌ, tendo um psicólogo como editol rcsponsáveÌ. Naquele mesmo ano, foi
estabeleci;o o Archives of the Hist;ry oÍ AmeÌican Psychology [Arqui\ os de História da
Psicologia AmeÌicala] na UniveÌsity of AkÌon, Ohio, com o objetjvo de atender às ne-
cessidades de coletaÌ e preseÍaÌ mateúais e pesquisas. O aÌqutvo teln a maior coleção do
mündo de materiais sobae a históÌia da psicoÌogi4 com mais de 25 loiÌ livros, 15 rnil fotos,
ceÌca de 6 mil ÊImes (inclulndo um filme de Si8mund Fleud), e centenas de mÌÌhaÌes de
catas, manuscdtos e oútÌos documentos.
Em 1985, o proieto de história oral da Americân Ìsychological Association (A?A)
começou a graval entrcvistas com ex-pÌesidentes e ex-dÌÌetorcs execuhvos da APA com o
obietivo de pÌeseÌvaÌ suas memóÌìas sobrc o desenvolvimento da Psicolotia científrca e
proÊssionat. Em 1998, teve inícÌo um peÌiódico tÍimestral chamado J{istory ofPsychology'
;poiado pela Division of the HistoÌy of Psychology lDivisão da História da Psicologia] da
ape (lú.ao ZO, to.taada em 1966), com o objetivo de estudaÌ a relação cntre hìstóda e
psicoÌogia e também questões relacionadas ao ensino da história da psicologia'
- ÊÍr 1969, foi fundada a InteÌnational Society foÌ the History of the BehavìoÌal and
SociaÌ Sciences (Cheüon Society) lsociedade InteÌnacional parâ a HistóÌia dâs Ciências
do CoúpoÌtamento e Sociall. Treinamento em nível de pós-gÌaduação em HistórÌa da
Psicologia é oÍerecido em diversas univeÌsidades, lncluindo YoÌk Uoive$ity, UniveÌslty of
New H;mpshile, Unlve.sity of Florida, University oÍ Oklahom4 UniveÌsity of Pennsylvanla
e Texas A&M unive$iry o aumento do Ì1úmeÌo de pubÌicaçóes, encontÌos e arqulvos de
consulta reflete a impoÌtância que os psicólogos dão ao estudo da históÌia da psicologia'
NatwallÌrente, esses desenvolvinentos não respondem à peÌgunta sobre como uma
pessoa se benelciaÌia com o estudo sobrc a história da psicologia' Falando fÌancamente'
;Que proveito pode tiÌaÌ disso? " Como a sua compÌeensão sobÌe a psicologia atuâÌ - com'
po, tuio"nto h.t*u.to 
" 
funcionam€nto cognittvo _ pode ser infltenctada ou âpÌimoÌada se
ier o que alguns psicólogos, que já moÌÌeÌam há muito tempo, izeÌam em um laboÌatóÌio
ou disseÌam paÌa um paciente no seu consultório cerca de 50 ou 100 anos atrás?
Consialerc seu conhecimento sobÌe psicologiâ obtjdo em oütÌos cuÌsos' ou seja' que
não há uma úlica foÌma, aboldagem ou definição de psìcologia com as quais todos os
psicólo8os concoÌdem. E mais, que existe uma diveÌsidade enoÌme' e até mesmo uma di-
iisão eïugmentuçeo tta especúização proâsslonal e científlca, bem como disciplinaÌ'
A[unì psicóLogos dedicam-se às funções cognitivas, enquanto outÌos Ìidam com
as forçãs inànsciúes; e há ainda os que tÉbalham someflte com o comPoÌtâmento
observável ou os processos frsiológicos e bioquíúicos A psicologia modeÌI1a compÌeende
váÌias áleas de estudo que pouco paÌecem ter em comum' exceto o grande inteiesse na
naturcza e no comportãmento humanos, e uma abordagem que tenta' de algum modo'
ser'cientílca'
A única linha de tÌabalho que une essas áreas e esses tratamentos distintos paÌa foÌmar
um aontexto coerente é a história, ou set4 a evoluÉo da psicologia ao longo do tempÓ
Jo-o,-rrou at.ipti.ru independente. Soáente a explonçaó das origens da psicologla e o
esfudo do seu deienvolvimento é que proporciooam uma visão clara da natuÌeza da psico_
losiaatual.oconhecimentohistóÌicoorganizaadesoldemeestabelecel.lmsigniÂcadoao
qnï p"r""" .". o- .uos, colocando o passado em perspectiva para expÌicaÌ o pÌesente'
' 
i"luitos psicólogos aplÌcam uma iécnica semelhante e cõncordam que â influência
do passaao âpda aìoúu, o p'"'"tt" Pot 
"xemplo: 
alguns psicólogos clínicos tentam
coripreender os pacientes aduìtos e-xplorando a infância' èxaminando-as-foÍças e os even_
io, qo" pro.,o.* tto paciente deteÌmÌnado tipo de compoÌtamento ou pensamento'
C\pÍÌulo 1 O EsÌuDo D,\ fllÍoR! tx fbcotooÀ 3
Com.a,co4lpilação desses históÌicos/ os clínicos Ìeconstituêm a evoltlçáo:da vida do
paclêiite e esse processo, muitâs.vezes, explica os seus padrões atuais de coÌrÌpoÌtamento
i pensamento. Os psicólogos behaviodstas também acÌeditam na iofluência'do passado
nã ÍoÌmação do prcsente. ÁcÌeditam que o condicionamento pÌévio e as expeÌiênclas de
ÌefoÌço deteÌminam o çompoitamento..Em outÌas palavÌas, a própÌia históÌia do ìndiví'
duo pode explicar o seu estado atual ou seia, o que Íomos no passado pode mostúr o
que somos no presente.
_ 
O caÌtrpo da?sicotogia funciona do'mesmo jeito' Este livro'mostra que o estudo formaÌ
da históÌia dapsicologla é a maneira mais sistemática de integÌar as árèas e as qu€stões
que constltuerd a psicologia modeÌna, e peÌmitlÌá âo aluno leconheceÌ as lelações entre
as ideias, as teo as e os esÍoÌços de pesquisa, bem como compreender'de que ÏoÌma as
diferentes peças do quebÌa_cabeça da psicotogla.se encaixam paÌa cÌiar uma f,guta coercn_
te. Este-livio também'deve ser consideÌado !m esíldo de caso, ou seja, uma investigação
àãslp"sour, aor 
"lr"tttos 
e das expeÌiências que foÌmaÌam a psicologia atüal'
icrescentamos ainda que a históÌia da psicologia por si só é fascinante, iá que envolve
dÌainat tÍagédia, heloísmo e Ìevolução, além de um pouco de sexo, dÌogas e comporta-
mentos toàmente extúvagantesr ApesaÌ do iníclo hesitantei dos eÌlos'e tlos conceitos
eqúlvocados; no geÍal, houve umà nítida evolúção na-formaçãoda psicologia'contempo-
rânea, iusti6cável por sua riqueza.
Aqui vai outÌa peÌgunta: poÌ qual ponto còmeçamos qosso estudo da hlstóÌia dapsicologia?
,q.'resoosta depìnãe de.cà-o defittimos 2sícoloiia. As origens da áÌea qüe chanÌanos de
psicoìogia poãem ser deteÌminadas em dois períodos diittintos, com ceÌca de 2 mil anos
ãe distãncia um do outÌo. PoÌtantoi a psicologia está entrcas disciplinas mals antlSas'
bem como umâ das mais novas
Poalemos inicialmente tÌaçar ldeias e Êazer especulaçòes à respeito da naruÌeza e do
com;;rtamento humano já no século V a.C., quando Plâtào, Áristotejes e oütÌos llósofos
greqàs iá lrabalhavam com multas das questó., q" p'totupuÍì os Psicólotos de hoie'
intìe elsas questoes estão aÌguns dos toúcos básicos abordados no curso de intrcdução
à psicologia; memória, aprendizagem, motivação, peosamento' percepção e comporÌa'
Íriento anormal, Desse modo, um tnicio porsível para o €studo da história dâ psicolÒgia
nos levaria aos antigos textos Âloú6cos sobÌe esses problemas' os quais maÍs taÌde roÌam
incluídos na disciptina formalmente conhecida como psicologia : -'----õo 
poà"*ot àpot por estudaÍ p/sicoÌotia como urÍìa dasáteas mais novas 
-d€cstttdô 
€
ao-"çut'zoo u""t uttat, quando a p'skologia modema surgiu da Êtosofra e de outras aborda'
eens cientificas para procìamar sua próprl identidade cotrìo uma área formal de estudo
'- 
'-ã"t" 
p"J,i"* iliuing',iÍ entre PsicoÌogta modema' abordadâ nesle Iivro e suas raizes
ou se14 os úcuìos que ant"Ld"*- s"* pr"tttrsoro intelectì lais? A distinção não se Ìelacio-
oo iu;o ao- ot tçot ae perguntas feitas a respeito da natureza humana' mas' sim' cgqÌ:o!
métoalos usados para prccuÍar resPostas às P€rguntas São- a aboÌda8€m e as têcnic?s empÌe_
eaãas que distinguem a antiSa Éloso6a da psjcologia moderna e que marcam o surgimento
ãa osicãloqia como uma área de estudo seParada' fundamentalmenle cienl rbca.
Até olltimo quarto do sóclrlo XIX, ôs Êlósofos estlldavâm a natureza numana es-
p"."r"J., i"*i"â" 
" 
geneÌalizarÌdo, com base em suas pÌóprlas e{pedências Mas uma
4 HrcÌóRrA DÁ Ps|corocrÀ MoD.RNÁ
transformação importante ocoÌreu quando os fiìósofos começaÌam a aplicaÌ as ÍeÍâmên7
tas e os métodos lá utilizados com sucesso nas ciências biológicas e físicas para exploraÌ
questões relacionadas à natureza humana. Somente quando os pesquisadoÌes passarar4
a ÇonÊaÌ na observação e na expeÌimentação cuidadosamente contÍoladas paÌa estudâr
a mente humana é que a psicologia começou a adquidr uma identidade distinta das suas
üízes fllosófrcas.
A nova disciplina da psicologia pÌecisava de métodos pÌecisos e obietivos pâra lidaÌ
com o assunto. A Ìnaior paÌte da históÌia da psicologia, depois de sua separação das úízes
ÂlosóÊcas, é a do desenvolvimento contínuo de ferramentas, técnicas e métodos paÌa
atingiÌ precisão e objetivldade cescèntes, Ìefinando não só as peÌguntas que os psicóÌogos
faziam mas também as Ìespostas que obtinham.
Se procüraimos entender as questóes complexas que definem e dividem a psicoÌogia
atual, então do ponto de paltida mais adequado seda o século XIX, período em que a
psicologiâ toÌnou-se uma disciplina independente, com métodos de pesquisa distintos e
fundamentação teórica. EmboÌa seja verdade, como já observamos, que os ilósofos como
Platão e AÌistóteles se preocupavam coIn probÌemas que ainda hoie são de interesse geÌal,
eles âboÌdavâm esses pÌoblemas de modo muito diferente do que o utilizado peÌos psi-
cólogos atualmente. Aqueles estudiosos não eram ?sicólogos no mesmo sentido utilizado
hoie em dia.
Um gÌande estudioso da históÌia da psicologiq Kurt Danziger, faz refeÌência às abor-
dagens filosófrcas antigas para questões da nafureza humana como a "pré-história" da
psicologia moderna. Ele acÌedita que a "históÌia da psicologia se limita ao período em que
ela reconhecidamente suÌge como disc4jlina, e que é extÌemamente problemrático ÍaÌar
em uma históda da psicologia ant€s disso" (Daíziget apud Btock, 2006, p. 1,2).
A ideia de que os úétodos das ciências físicas e bioÌógicas podiam seÌ aplicados ao
estudo dos fenômenos mentais originou-se tanto do pensamento filosóÊco quanto das
pesquisas fisiológicas realizadas entÌe os séculos XVII e XIX. Èssa época apaixonante
forma o pano de fundo de onde suÌgiu a Èsicologia modeÌna. Veremos que enquanto
os flÌósofos do século XIX estavam abÌindo caminho paú uma investida expeÍimental
ao funcionamehto da mente, os Âsiologistas estavam, independentemente, aboÌdando
aÌgüns dos mesmos pÌoblemas de üm ponto de vista diferente. Os Asiólogos do século
XIX estavam fazendo gËndes pÌogressospara a compÌeensão dos mecanismos corpoÌais
subiaceÌites aos processos mentais. Seus métodos de estudo diÍerem daqueles usados pelos
Êlósofos, mas a possível união dessas disciplinas tão discÌepantes - filosofia e isiologia
- formou uma nova árca de estudo que rapidamente ganhou sua pÌópria identidade e
sfdÍrs. A nova áÌea cÌesceu Ìapidamente, tornando-se uma das disciplinas mais popuÌaÌes
entÌe estudantes unive$itádos atualmente,
t ; . , , ,D0d0s lltstqnc1s:0 ftec1nstruclj 00 v0ss000 00 rstcot00t0
Historiografia:a Mefod\l1qi1 de Estud1 d0 HktóriI
Neste livrq IIistória da psicologií modrma, tfttamos de duas disciplinas - a hlstória e a
psicologia.-, usando os métodos da história para descrcver e compreender a evolttção da
psicologia. como a anáÌise da evotução da psicologia depende dos métodos da hlstóÌia,
CAPÍTULo I O EsÌuDo DÀ HlsÌoRrÁ DÁ P5Éo(c4i 5
aDÌesentamos uma rápida iníodução sobÌe a definição de'histoÌiografia' que se rêfere
ài técnicas e aos princípios eúpregados na pesquisa histórica'
rristoÌiogÌafid; princípios. métodos e q uestões Íilosóficas envolvìdas na pesquha hislórica'
Os ,-pro-blema qúe não ocoFe com os psicóla8o:ot.did::
l-o*ãt, taï"rutá""," diferentes dos ãados científicos A caracte stica mais distintivâ é
aïetoãotogia pu.a coleta dos dados científicos. PoÌ exemploi quando os psicólogos dêse-
jam iàvestilarìtguma questão especíÊca - como a identiÊcação das ciÌcunstâncias que
ieuum umu pessoã a ajuãar.outra que esteia em situação difícil; o impacto dos pÌogramas
uu.iarr"i. a"ì"forço ao comportamento dos Íatos de Ìaboratório; ou se a c ança imita o
c;;portarÂqnt9 ;.gressivo eiibtdo na televisão - logo eles cda{n situações qu çqtabelêçem
condiçõéS quç,?e.imit4m a geÌação dos dados-
os pslcãtogos poaem rcalizal uma exPeÌiência em laboÌatório' obseNaÌ o coÍnpoÌta-
mento âo.mundo ieal sob colaliçóes controladas; fazcÌ um levantamento ou calcular a
"ãrãfao'attutirti"u,"ntre 
duas variáveis. Esses métodos peÌmitem aos çientistas obtei
uma medida de eontrole sobre as situações ou eventos que optaÌn poÌ estudar'-PoÌ sua
""r, 
oi""""at poO"." ser reconstruídos ou repetidos poÌ outÍos 'ientistas em épocas e
úres dìferentes. Desse modq é possível verifrcar os dados postedoÌmente' estabelecendo
coindiçoes similares àqueìas do estudo original e repetindo as obseÍvações 
.. ,
Entretanto, os dJdos históÌicos não podem seÌ Ìeconstruidos nem Ìepetidos llma
.lt ruçao oaq..úu 
"- 
uÌgum momento dópassado, às vezes há sécuÌos' talvez não tenha
iecetioo o cuiaaao aerrúo dos histodadores ao regiltraÌem as paÌticularidades do evento
na éDoca, principalmente no que sc diz resPeito â detalhes pÌeci(oq
lole, ôs pesqulsadores nã; tèm condiçôes de controlar nem de reconslruir os eventos
do oussado pã.u ãxaminálos à luz do conhecimento do presente Fica a pergunta: se nao
iJ i*t.i'" á. 
"^ 
t".ldcnte histórico, lo8o, como o historÌador'dcvÊ li!4r coü ele? Quais
dadoi pode utilizar? E como saber com ceÍteza o que ocorreu?
EÁbora nào possam repeli Í a sj luaçào para 8eÍar os dados coÍretos' os hisloriadores
ainda oossuem iriormaçÒe; sisnifrcativas pâra ânáÌise_ Os dados sobÌe os acontecimentos
do oas'sado estào disponiveis emfÌa8úentos, descrições escritas por paÌücipantes ou teste-
m,inhas, cartus e diàrios, fotografias e peças de equipamentos d€ laboratóÌio'-entrevístas'
além de outros relatos oÊciais. Ë é com base nessas fontes, nesses pedaços de infomação'
oue os histoÌìadoÌes tentam recdal os eventos e as experiências do passado'
' 
essa forma de trabalho é semelha[te à usada pelos alqueólogos que analisáÍi os
fragmentos das civilizâçóes passadas - tais como pontas de flechas' pedaçosde potes
de ãrei la ou de ossadas humanas - para tenlaí descrever as caracterjst icas destas AÌ8u-
Ããããurç0", urqu"oìógicas proáuzem fragmenlos de informaçòes mai5 detalhadas
do.que outÍas, peÌmitindo uma reconstÌuçao mais prccisa Do meslno modo' as esca-
uaçáes aa nistOtla podem pÌoduzir fragmentos de dados e{lrgmamentçlqbstancials'
a oonto de deixar boucas dúvidas em relaçáo à precisáo do registto' No entanlo' há
ã' i i , . . i . .".oa".àt em que os dados podem estar perdidos' di l torcidos ou de alSu-
mâ ÍoÌma, compÌometidos.
6 H$IÓRLÀ DA PSÌCOLOCÍÀ MODERNÁ
http://psychclassics.yorku.ca
Estè slte Íoi criado ê é mântidò pelo psÌcólogô ChrisioÌjhêr'Green, dâ york
tjnivêrsity, em'Toiohto, Canadá. Nele há textos completos'deÌnais de 200 ãrti
gose capítulos de livros e 25 liviosde importância para âhistória da psicologia.
Entre os trabalhos dÌsponíveis estão osde William James; Sigml]nd,Frêud ê lvan
Pavlov O slte é constanÌemente ôtualizado e dÌsponibilizâ inÍormações úteis
. rpara cada capítulo deste iivro.:Se acessâr o "Google" com.a seguinte Írase:
,Yotk University Hìstory and Theory of Psychology Question & Answer Forum,
www.uakron.edu/ahãoD
Os Aíchives oÍ the History oÍ Americal psychology [Arquivos od Hisroriâ do
Psicologia AineÍÌcânâ I contêm umà coleçào maravilhosâ de docunentos e oorès,
incluindo tÌabâlhos profissionais dê renornadoS piicólogos, equiparnentos de
: laboratório, pôsteres, irdes e Íilmes.
: é possÍvel enviar perguntas aÌespeito da histórÌà da psicologia,. respon der às
peíguntas feitãs por oLtiès pêssoâs, ou ravegar pelo slte paÍa sabêr o qLe
diferentes pessoês êstáo Íalando.
Èm álguns casbs,io ÌegistÌo históÌico'está ìncômpleto porque os dadoí foÌaú pêÌdidôò,
atfuÌíãs vezes-_delibeÌádamente. cônsidèÌe'o caso de John B. lwàtsont o fündador da
es;oh de pensamento behaviodsta. Antes de morÌet, em 1958, aos 80 anos de idade,
ele sistemàticaÍ[ente,quèimÒu suas caÌtas, manuscÌitos e notas de pesquis4 destÌuindo
todo o:reglstlò não-püblicado de-sua Vida e carreiÉ. LoSo; esses dados estão pãra semPrc
DeÌdidos DaÌa a histó 4.
* como os endeleços da inteinet podem sofer âlteÌações, a editoa não se rcspontâb'lìza por qúaisqúer pÍoblemas nas
conexões dos stles publicados (N.E.).
C,ApÍÌuLo 1 O EsÌuDo DÁ HrsÌÓeì\ Ír Ps<d".ctf, :
Alguns dados foram extÌaviados. [m 2006,'mais de 500 páginas manüscritas loranì
descobirtas nos arinádos de uma casa na InglateÌÌaj tratava_se de atas de Íeuniões da
RoyaÌ Society nos allos de 1661 a 1682, Ìegistmdas por Robert Hooke, um dos cientistal
úaìs brilhantes dessa época. Esses documentos rcvelaram o trabalho antedoÌ feito com
um novo'instrumento científlco, o midofone, e detalhou a descoberta da bacléria e do
espermatozoide, Também foi encontÍada a coÌr€spondênçia entÌe Hooke e Isaac Newton a
Ìespeito da gravidade e do movimento dos planetas (veia GeldeÌ, 2006; Sample, 2006)'
Em 1984; os tÌabalhos de HetmaÍrn Ebbinghaus, que se destacou no estudo da apren_
dizagem e da memóúa, folam encontrados - cerca de 75 anos após a sua morte Em 1983,
foram descobertas dez caixas enoÍmes coltendo diálios manuscÍitos de Gustav Fechnet
que desenvolveu a psicofÍsica. Esses diários Ì€glstravam o Período de 1828 a 1879, época
impoÌtante dos pdmórdios da históda da psicologia. No entanto, por mais de 100 anos, Ôs
psiólogos desconheceram a sua existência. VáÌios livros foÌam esc tos sobrc os tlabalhos de
nbbinghaus e Fechner sem o acesso a essas lmpoftantes coleções de documentos pessoais'
Examinemos o caso de.Charles DaÌwitÌ, de quem foÌam escdtas cerca de 200 biogÌa-
fias. Certamente poalemos aÊÍmar que o Ìe8Ìstro escrito da süa vida e do seu trabalho
hoie está completo ebem apuÌado. Mas, recenteúÌerÌLe, en1 1990, rnais de 1O0 anos depois
da sua úorte, muito material novo foi colocado à disposição, inclusive os cadernos e as
cartas pessoais que não estavam acessíveis para a análise dos biógÌafos anteÌiores Um
pesquiaadoÌ disse acrcditar que €sses dados promoveÍao nova peÌspectiva sobÌe o üabalho
ãe Dan rin, no contexto das tradiçôes científicas e da sociedade vitoÌiana da sua época
(MastertoÌL 1998). Portanto, com a descobelta desses novos ftagmentos de histÓri4 mais
peçâs tlo quebÉ-cabeça pcJdern se encaixar.
Outra; infoÌmações podem ter sido ocuìtadas pÌopositadameÍte do públicq ou alteÌâdas
a 6m de pÌoteger a teputação das pessoas envolvidas. ËÌnest Jones, o pÍiÍleiro biógÍato de
Sigmund^Freud, minlmizou de ptopósito a menção sobre o uso que Freud fâzia da cocâínâ,
comentando em uma caÌtaj 'Acho que Freüd üsava mais cocaína do que deveÌia, no entanto,
não cito esse fato lna minha biogÌafia]" (IsbisteÌ, 1985, p.35), Veremos mais tardg quando dis"
cütiÍmos lreud (no CaPítuIo 13t que.informaçôes descobeÌtas mais Íecenteúente confirmam
o uso de cocaína poÍ mais tempo do que Jones estavd disposlo a mencionaÍ em seu ÌìvÍo'
Quando a correspondência do psicanalista CaÍl Jung foi publicad4 as caÌtas foram
selecionadas e editadas de foÌma que apÌesentassem uma impGssão positiva deJung e do
seu trabalho. Além disSo, descobÌiu-se que a chamada autobiogÌaÊa de]ung não foi escri-
ta poi ele, mas por um leal assistente. As palawas de Jung folam "alteÌadas ou excluídas
paia o srra imag"m Êcar de acoÍdo com â deseiâdâ pelos famiÌiaÌes ê poÌ seus discípulos
(...) Obviamente, o mateÌial desabonador foi omitido" (Noll, 1992 p xiii)'
Em um exemplo semeìhante, um estudioso qué catâIogoü os escritos de WoÌfgang Kõhler,
o fundador da esiola de pensamento côÍlhecida como psicologia Gestalt, talvez tenlÌa sido
um admirador devoto deúais Quando ele Ìevisou o material selecionado paÌa publicação,
ele omitiu deteÌminadas infoÌmações com o obietivo de melhoÌar a imagem de Kôhler' Os
trabalhos haviâm sialo tuialâdosamente selecionados paÉ apresmtal um peÌ6l favoÍável de
Kõhle/'. PosteÌiormente,.um ìistoÌiador, ao Ìever os tÍabalhos/ confiÌmou o pÌoblema básico
com os dados ala hlstóÍia, "a sabet a dificuldade paË se determinaÌ se os trabâIhos sáo uma
verdadeira ou falsa repÌesentação de uma pessoa; favoÌável ou desfavorável, inflúenciada
pela pessoa que selecionou os tÌabaìhos que seriam publicados" (Le, 1990, p' 197)'
Esses são álgúns exemplos que ilustuam uma das diÍculdades enfÌentadas peÌos pet-
qüisadorcs paÈ avaliato matedal histór'ico. SeÍá qüe os documentos ou outÌos ftagmentos
de informação são Ìepresentações realmente precisas da vida e do tmbalho da pessoa o(r
8 H''ÌÓR'Á DA PsILUIOG'{ MoDEqNA
foram esco-lhidos apenas p;ua causar certa impressão,.seia positiva, negativa ou neutÌa?
um olograto conternporãneo coÌocou o problema da seguinte foÌma: ,Quanto mais estudo
o caráteahumano, úais me convenço de que todolos registtos, todas as lembÌancas sao
em maioÌ ou.menor escâla baseadas em ilusões..eueÌ queiÌa ou não, a visão é disiorcidapela paÍcialidade, pela vaidade, pelo sentimentaÌisüÌo ou simpÌesmente pela impÌecisão,
assiÍÌ, nãoexiste verdade absolüta.,, (MorÌÍs j apud Adelma, 1996 p. 2A.)
Oferccemo-s mais um exemplo de pedaços de informaçÕes omúdos. Sigmund FÌeud
moÌreu em 1939 e, nos anos seguintes à sua moÌte, váÌios docuÍtrentos e carta; foram publi_
cados oú divulgados aos pesquisadoÌes. GÌande quantidade de documentos é mantioa pera
Biblioteca do CongÌesso, em Washington, DC, e, emboÌa alguns tenham sido divuìgados
em 1998, outÌos ainda serão colocados à disposição paÌa pesquísa, conforme o espólio de
FÌeud. A alçgação dada paÌa essa ÍestÌição é a de pÌotegeÌ a pÌivacidade dos paciËntes ce
FÌeud e suas famíIias e talvez.a ÌepuÍação do pÌópÌio Freud e dos familiares ãeÌe. .
. Um famoso pesqulsacloÌ.sobÌe avida detÌeud erÌcontÌou variações consideÌáveis nas
datas de divulgação desse Ínate al. por exemplo::uÌna caata para FÌeud de seu filho mals
velho está selada até 2013, outÌa até 2032. Uma caÌta de um dos oÌientadorcs de iÌeud
será divuEada somente em 2tOZ,I77 anos após a moÍte do autor da corre(pondència.
despeÌtando a cuÌiosidadeacerca da importância do seu conteúdo a ponto de ;xigiÌ tanto
segrcdo e poÌ tão longo tempo. Os psicóÌogos..ÌÌão têm ideia do impacto desses dócumen-Ìos e manuscÌltos na compÌeensão de FÌeud e dos seus ttabaÌhos..EntÌetanto, até que esses
fÌagmentos de dados,estejam disponíveis paÌa estudo, o conhecimento a respeito deuma
das ÊguÌas mais impoÌtantes da psicologla permanecerá jncompÌeto e talvei impreciso.
Oufto problema.ÌefeÉnte aos.dados históÌicos são as informaçõesitransmitidas de Íorma
distoÌcida aos histoÍiadores, Nesse caso;.os dados esrão dlspo;iveis, mas ale algum modo
foram alteÌados, talvez,por causa de eÌÌo de ftadlrção de Ìlma língua paÌâ oütÌa ou peÌâs
distoições introdüzidas, de prcpósito ou por.descüido, pelo paÌticipante ou obsetvador
que Ìe8'strou o impoÌtanÍe evenro.
ReÌerimo-nos novamente a Freud comoexemplo do impacto desorientadoÌ das tiadu-
ções. Nào sào muitos os psicólogos com fluência súfialeiìte pam a leitura do trabalho de
Freud noìidioma oÌi8inal, ou seja, em alemão.,A maioÌia depende da opção nìais3deqüada
feita pelo tradutoÌ paÌa a tÌadução de uma palavÌa ou ftase. No entanto, a tmdução nem
sempÌe tÌanspõe a intenção original do autoÌ. .
Os tús conceitos Íundamentais da tcoria da.personalidade de lreud são o idr o eEo
e o supercgo, temos noÌmaÌmente já estudados na intÌodução à psicologia, No entanto,
essas palavÍas não representam com precisão as ideias de Freud. Elas são.o equivalente
em latim dâs palavÌas de Freud em alemão: id paÍa .Es (que liteÌalmente sc.traduz como
"isso"),rego paÌa,Lft ("eu'l) e superego pâÌa ürer-Ici ("sobre-eu").
Com o uso de Ìcft ('!eu"), FÌeüd deseiava descÌever algo íntüno e pessoal/ diferencian-
do-o de -Ës ("isso'), sendo €sse último algo exteÌno ou distinto do Ì1€u". A gpção do tradutor
pelo usodas palavms eJ.o e íd, emyez de "e!" e "isso", transformou estes conceitos pessoais
em. "teÌmos técnicos fÌios,.que não deriotam as associações Éessoais" (Bettelheiú, 1982,
p. 53). Desse modo, a distinção entÌe "eu" e "isso" (eAo e id) não expressa com a mesma
força a.intenção de Frcud.
I nforma çou Distorcidos n o ft oduçoo
CApÍÌuLo I O Êsruoo DÂ HtsÌóRtA DA PsìcoloclA 9
Anaiisemos a expressão lhtrc associ^ção c\tíhada por Freud. NeÌa, a paÌavra associa_
ção impÌica a conexão entre düâs ideias ou dois pensamentos, como se càda um atuasse
como um estímulo paú prcvocar o seguinte em uÍna cadeia de estímulos. Essa não eÉ a
proposta de Freud. O seu termo em alemão era tiltfar, que liteÍalmente sisniÉca intrllsão
ou invasão, e não associação.A intenção de FÌeud não eú descÌever uma simples conexão
de ideias, mas .exprcssaÌ .algo da mente inconsciente que incontolavelmente invade ou
penetra à força o pensamento consciente. Assim; os dados histólicos - oü seja, as paÌavras
ÌiteÉis de FÌeud - foram mal interpretados no ato da. tÌadução. Um pÌovérbio itaÌiano
explessa bem essa ideiat'Itqditorc-TÍadutore (g tfAdqtor é um tfaidg!).
lnfomncões )btidls mediante Relotos lendenciosos
As atitudes dos participarÌtes da históri4 na narÌação de eventos impoÌtantes, taÍÌìbém
podem afetaÌ os dados histó cos. As pessoas pÌoduzem, consciente ou inconscientemen_
te, Ìelatos tendenciosos pala se protegeÌem ou para melhotarem a sua imagem pública.
Por exemplo: o psicólogo behaviodsta B. F. Skinner descleveu em sua biogÌaÊa a rigolosa
disciptina a que se impunha como estudante.-de pós-graduação da HaÌvaÌd UniveÌsitt
no Ênal da década de 1920.
Eu âcoÍdava às 6, estudâva até a hoÌa do câfé'da-manhá, assistia às auÌas, seguiâ pa.a os
laboÌatóÌios e as bibliotecâ! e náo tinha mais que 15 minuto! livÌes durante o dia. Estudava
até exatamente t horag da Ì\oÌte e dormia Nào frequentava cineÌla ou teatto, raÌamente
assistia â concertos e poucas vezes saía para namoÍaí, e os únicos\livros que Ìia eram de
psicologia e íisiologid. lSkinner, l96Z p. 3q8)
Essa descrição paÌece um fragmento de inloÌmação útil, dando uma indicação acerca
da pe$onalidade de Skinnei. No ent4nto, 12 anos após a publicação desse material, e 51
anos depois dos eventos descÌites,,Sìdnnet neSou que seus dias no cuÌso de pós_graduação
tenham sido tão Ìigorosos assim. Ele disse: "Eu estava me valodzando em vez de descrcver
a vida que rcalmeÍIte Ìevava" (Skinnel, 1979, p. 5).
Embora a vida acadêmica de Skinnernâo seja tão Íelevante para a históriada psicolo'
giq essas diveÍgências nos relatos ilüstÌam as dìÊculdades enÍrentadas pelos historiadoÌes
Qüais sãoas informações ouve.sões mais precisas sobre o incidente? QuaÌ a descrição que
se aproxima mais da Ìealidade? Quais são os dados inÍluenciados poÌ ÌembÌanças vagas
ou poÌ Ìelatos própÌios? E como descobdr a verdade?
Êm alguns casos é possível buscaÌ ente os colegas ou obseÌvadoÌes prcYas que confir_
rnem as informações. Se o regime alo culso de pós-graduação de Skinner fosse tão impor-
tante paÌa os histoÌiadoÌes da psicologia, eles deveÌiam terÌtaÌ localizaÌ os colegas de classe
ou as agendas pessoals e caÌtas e compaú-las com os própdos rclatos de Skinner sobre
seus diâs em Haryard. Um.biógÌafo, seguindo esse caminho, descobriu conì um e*coleta
que Skinner terÌni[ava os tÉbalhos no laboratório antes dos demais aÌunos e passava o
Ìestante das tardes Iogando pingue-p.ongue.(Bjo*, 1993)
PoÍtanto, aEumas.distolçÕes da histôia PldeÈseÍ investiSadas e as divejSências po'
deú ser resolvidas consultando outtas. fontes. Xsse método foi apÌicado'4o relato de FÌeüd
rcÍercnte a alguÌÌs eventos da sua vida. Ele€ostava de se fazer mártir da causa psicanalítica,
úm visionário desprczado, ftieitado e caluniado.pela comunidade médica e psiquiátÌica
10 H6ÌóRrÁ DA Psrcolocr{ MoDERNÀ
EÌoest:Jones, o p meiro biógrâfo de FÍeud, ÌefoÌça essas queixas em seus livrcs (Jones,
1953, 1955, 1957).
Todavia, as infoÌmações descõbertas posteÌiorÍiente Ìevelaram uma sitúação diferente:
O tÌabalho de Frcud não foi ignoÌado em úda. Clúândo estava na meia-idâde, suas ideiâs
exerciam enoÌme influêncla na geração mais iovem dejntelectuais. Sua pÌática clínica Fos-perava e ele eta descÌito como uma c€lebÌidâde..Ble pÌópÌio Íoi responsável poÌ toÌnar essesÌegistros obscuÌos: A falsa impressáo que pÍomoveu foi peÌpetrada poÌ diveÌsos biógÌafos;
e por várias décadas nossa compreensão Sobrc a.inÍluência de Èeud foi impÌecisa.
O que esses pÌoblemas coÍr os dádos históricos significam paË o estudo da históÌia
da psicologia? Eles mosttam pÌincipalmente que a compÌeensão da hjstóda é dinâmlcâ.
Ëla se modi6ca e evolui continuamenter além de seÌ Ìefi'lada, ap.imoúda e corrigida
sempre que novos dados são rcvelados ou ÌeinteryretadOS. ÌolÍanto, a históÌia não pode
seÌ consideÌada teminada ou completa. Ela está sempÌe em pÌogÌesso, ou seja, é uma
história sem flm. A naÌÌativa do histodadoÍ pode apenas aprcximaÌ ou discuth a verda-
de; no entanto, o Ìegistro é complementado a cada nova descoberta ou anáìise sobre os
fíagmentos dos dados histdricos.
fqrcq' L0n|ex|uqts n0 r9@t00t0
Uma ciência como a psicoÌogia não se desenvolve no vazio, suieita apenas às influências
inteÍnas. PoÌ fazeÌ parte de uma cultura ÌrÍais ampla, a psicologia também sofrc influência
das forças externas, que dão Íorma à sua natuÌeza €'dirêção. Paú entendeÌ a históÌia da
psicologia, é necessáÌio analisaÌ.o contextci eÍÌique.a disciplina evoluiu, as idelas pÌedomi-
nantes na ciência e cultura da época, ou seja, ò Zeltgelst o1râmbieÍte cuÌtuÌaÌ do pêÌíodo,
aÌém de examinaÌ as Íorças sociais, econômicas e polítrcas existentes.
DescÌeveremos diveÍsos exemplos, neste l1!Ìo, sobre como essas Íorças,contextuais
influenciaram o passado da psicologia-e'contiÍiüaiìiA moldar o prcsente.e o fufuÍd.,Vejamos
a seguiÌ aÌguns exemplos de ÍoÌças contextuais, incluindo as opoÌtunidades resultantes
da economia, gueÌras mundiais e pÌeconceito.
Z€ltg€ls& ambiehteinteleduafe cultural ou espírito do peíodo.
1oortunidades Advindos do kononia
OsiprimeiÌos anos do sécülo XX testemunhaÌam úudanças drásticas na nafuÌezada psico-
logia ros Estados Unidos e no tipo de tÌabalho que os psicólogos estavam desenvolvendo.
Principalmente em função do cenáÌio ecoÍômicoj muitas bÉdÍtunidades suÌ8iam paÌa
que os psicóIogos apllcassem'seus conhecimentos e técnlcas em busca das solüções paÌa
os pÌotìlemas do mundo real. A pdmeiÍa exPlicação paÌa essa siluação tinha um sentldo
pútico, assim como declaÌou um psicólogo: "Passel a adotaÌ a psicologia aplicada para
ganhar a vida" (H. Holling\rofth, apud O'Donnell, 1985, p. 225).
No final do século XIX, o númeÌo de laboratófios ale pslcologla nos Estados UnÍdos
crescia bastante, e aumentava a quantidade de psicóIogos em busca de opoÌtunidades

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