Buscar

DIREITO PENAL I - UNIDADE II

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

TEORIA DO CRIME
	Conceito
	Definição legal de crime no Brasil (art. 1º do Decreto-lei nº 3.914/41, Lei de Introdução ao C.P.B.). O conceito oferecido pela lei não define o crime em sua essência, pois partiu de sua conseqüência: a pena. 
	“A tarefa de conceituar o delito por meio de concepção que realce os seus aspectos constitutivos adquire especial importância à medida que delimita as características necessárias à identificação da conduta punível”. (Fernando Galvão/Rogério Greco).
	Assim o conceito que efetivamente interessa é o analítico, que define os requisitos do delito, decompondo-o em suas partes constituintes.
	CONCEITO ANALÍTICO OU DOGMÁTICO: crime é um fato típico, ilícito e culpável, para parte da doutrina, e fato típico e ilícito para a outra, que considera a culpabilidade como pressuposto para aplicação da pena.
	CRIME – Segundo a Teoria Finalista da Ação. (DOLOSO)
	Fato típico
	Antijurídico
	Culpável (culpabilidade)
	a) Conduta - dolosa 
- comissiva ou omissiva, que lesa ou expõe a perigo de lesão bem jurídico protegido.
b) Resultado
d) Nexo causal
e) Tipicidade
	- Relação de contrariedade que se estabelece entre uma conduta (ação ou omissão) voluntária na origem e o ordenamento jurídico (fazer o que está vedado ou não fazer o que está determinado) de modo a causar lesão ou expor a perigo de lesão um bem jurídico tutelado.
	- Imputabilidade
- Potencial conhecimento da Ilicitude
- Exigibilidade de conduta 
diversa.
Conceitos preliminares:
a) Conduta compreende qualquer comportamento humano, comissivo ou omissivo, consciente e voluntário, doloso ou culposo, voltado a uma finalidade, típica ou não, mas que produz ou tenta produzir um resultado previsto na lei penal como crime.
b) Dolo, em sentido técnico penal, é somente a vontade de ação orientada à realização do tipo de um delito.
c) Culpa, na definição de Maggiore, é a conduta voluntária (ação ou omissão) que produz um resultado antijurídico não querido, mas previsível, ou excepcionalmente previsto, de tal modo que podia, com a devida atenção, ser evitado.
d) Tipo é a descrição abstrata da ação proibida ou da ação permitida;
e) Tipicidade é a adequação de uma conduta a um tipo legal de crime. 
f) Culpabilidade é o juízo de reprovação social realizado sobre um fato típico e antijurídico e sobre o agente que o pratica.
	Evolução do conceito analítico de crime.
Teoria Naturalista (causal ou clássica): Esta corrente, a mais antiga, considera a ação humana um processo mecânico regido pelas leis da natureza. A conduta era tratada como uma simples exteriorização de movimento ou abstenção de comportamento, desprovida de qualquer finalidade.
	Nas considerações sobre a culpabilidade, todos os componentes psicológicos do autor eram analisados, e o dolo e a culpa constituíam o núcleo dessa análise. Nessa formulação entendia-se que não bastava para a configuração do crime, que se verificasse a relação de causalidade entre o ato de vontade do agente e o resultado, sendo necessário ainda que se perquirisse sobre uma ligação subjetiva do autor com o resultado produzido. O trabalho de verificação de tal liame ocorreria no exame da culpabilidade (conceito psicológico da culpabilidade).
Teoria finalista da ação, desenvolvida por Hans Welzel, a partir dos anos trinta, ensejou uma revisão geral do sistema e da estrutura do conceito de delito.
Segundo Welzel “ação humana é o exercício de atividade finalista”. Ação é, portanto, um acontecimento finalístico (dirigido a um fim), não um acontecimento puramente causal.
A doutrina finalista transferiu o dolo e a culpa em sentido estrito da culpabilidade para o interior do injusto, considerando-os elementos característicos e inseparáveis do comportamento ilícito. O dolo como parte da ação e, por isso mesmo, elemento do tipo, está no objeto da valoração, ao passo que a culpabilidade é o juízo de valoração que irá recair sobre aquele “objeto”, isto é, a ação ilícita e obviamente o seu agente. 
O juízo de culpabilidade distingue-se, do modo nítido, do juízo de ilicitude. Se neste último, predominam as características do fato, naquele prevalecem as do agente. Por isso é que Jescheck salienta ser indiferente, na proibição, ser o agente pobre ou rico. Já o mesmo não ocorre quando se trata de apreciar os mesmos fatos no âmbito da culpabilidade, pois, aqui, o nível do juízo de reprovação, sobreleva os pressupostos a partir dos quais cabe responsabilizar como pessoa o agente de um comportamento ilícito. O que se quer com a última afirmação é dizer que, em qualquer hipótese, o juízo de culpabilidade jurídico-penal, embora considere as características do agente, não deve desligar-se dos limites objetivos do fato, contidos na conduta criminosa, para penetrar no terreno inseguro do julgamento do homem pelo que ele é, pelo seu caráter, pela sua decisão de conduta de vida. Isto seria talvez, pretender usurpar funções reservadas ao Tribunal do juízo final. (Francisco de Assis Toledo).
Elementos da conduta:
a) vontade; b) finalidade; c) exteriorização d) consciência.
	Há ausência de ação, segundo a doutrina dominante, em três grupos de casos: a) Coação física irresistível; b) Movimentos reflexos; c) Estados de inconsciência (sonambulismo, hipnose, etc.)
	No entanto, nos estados de inconsciência, se o agente coloca-se voluntariamente nessa condição, para delinqüir, responderá normalmente pelo ato praticado, segundo o princípio da actio libera in causa.
	O conceito finalista de ação já implica uma seleção das condutas humanas que podem ser objeto de valoração pelo Direito Penal. Uma conduta não finalista não pode ser jurídico-penalmente considerada como uma conduta humana.
	A conduta é a realização material da vontade humana, mediante a prática de um ou mais atos. 
	Formas da conduta: 
	O Direito Penal contém normas proibitivas e normas imperativas.
a) ação: pressupõe um comportamento positivo. Em outros termos, o agente põe em movimento, segundo um plano, o processo causal, dominado pela finalidade, procurando alcançar o objetivo proposto. Se, por qualquer razão, não se consegue o domínio final ou não se produz o resultado, a ação será apenas tentada (Bitencourt).
	b) omissão (abstenção de movimento): O crime omissivo consiste sempre na omissão de uma determinada ação que o sujeito tinha obrigação de realizar e que podia fazê-lo.
	Sujeitos da conduta (ação ou omissão)
	Sujeito ativo é quem pratica o fato descrito como crime na norma penal incriminadora. Para ser considerado sujeito ativo de um crime é preciso executar total ou parcialmente a figura descritiva de um crime. Somente o ser vivo, nascido de mulher, pode ser autor de crime.
	Sujeito passivo é o titular do bem jurídico atingido pela conduta criminosa (ser humano, nos crimes contra a pessoa; o Estado, nos crimes contra a Administração Pública...). 
	Sob aspecto formal, o Estado é sempre sujeito passivo mediato do crime. Sob aspecto material, sujeito passivo direto é o titular do bem ou interesse lesado.
Teorias da omissão:
Naturalística: para essa teoria a omissão caracteriza-se como verdadeira espécie de ação. Quem se omite faz alguma coisa. Por essa razão, essa teoria é chamada de naturalística: a omissão provoca modificações no mundo naturalístico (mundo dos fatos).
Normativa: para essa corrente a omissão é um nada, logo, não pode causar coisa alguma. Excepcionalmente, embora não se possa estabelecer nexo causal entre omissão e resultado, essa teoria, entretanto, admite que aquele que se omitiu seja responsabilizado pela ocorrência. Para tanto, há necessidade de que esteja presente o chamado “dever jurídico de agir”.(adotada pelo CP)
Formas de condutas omissivas ou o crime omissivo divide-se em:
Crimes omissivos próprios: São os que perfazem com a simples conduta negativa do sujeito independentemente de produção de qualquer conseqüência posterior, são crimes de mera conduta.
Crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão: São delitos em que a punibilidade advém da circunstânciade o sujeito, que a isto se encontrava obrigado, não ter evitado a produção do resultado, embora pudesse fazê-lo, os omissivos impróprios são crimes de resultado. Na verdade, nesses crimes não há uma causalidade fática, mas jurídica.
Os crimes comissivos por omissão têm, ainda, uma peculiaridade, podem ser cometidos dolosa ou culposamente, dependendo da previsão do tipo, bem como do elemento anímico do agente. 
	Chamam-se omissivos impróprios porque não se confundem com os omissivos puros. Nestes últimos, a conduta negativa é descrita pela lei. Nos omissivos espúrios, ao contrário, a figura típica não define a omissão. Nesses crimes, o agente não tem simplesmente a obrigação de agir, mas a obrigação de agir para evitar um resultado, isto é, deve agir com a finalidade de impedir a ocorrência de determinado evento.
	Elementos dos crimes omissivos impróprios (C.P art. 13, § 2º, do C.P.B.: a) abstenção da atividade que a norma impõe; b) a superveniência do resultado típico em decorrência da omissão; c) a ocorrência da situação geradora do dever jurídico de agir. 
	Pressupostos do crime omissivo impróprio ou comissivo por omissão: a) poder de agir; b) evitabilidade do resultado (relação de não-impedimento); c) dever de impedir o resultado, também conhecido como posição de garantidor (C.P. art. 13, § 2).
	Relação de causalidade. (nexo causal).
Conceito: é o elo entre a conduta e o resultado. 
Nexo normativo: para a existência do fato típico, no entanto, não basta a mera configuração do nexo causal. É insuficiente para tanto aferir apenas a existência de um elo físico entre a ação e o resultado.
	Antes de aprofundarmos na relação de causalidade, torna-se necessário estudarmos o resultado, ou seja, a modificação no mundo exterior provocada pela conduta. 
	Teorias: 
a) Naturalística: Segundo a referida teoria resultado é a modificação provocada no mundo exterior pela conduta. Para seus adeptos, existe crime sem resultado. A classificação dos crimes quanto ao resultado naturalístico é a seguinte:
I - Materiais - aqueles que para a consumação a lei reclama a verificação de um resultado (modificação do mundo externo) querido pelo agente. Exemplos: Homicídio, lesão corporal, furto.
II – Formais (de consumação antecipada) - São delitos que, não obstante reclame a lei que a vontade do agente se dirija a produção de um resultado que constituiria uma lesão do bem, não exigem para a consumação que esse resultado verifique. Exemplos. extorsão mediante seqüestro e concussão.
III - Mera conduta (sem resultado naturalístico) - O legislador só descreve o comportamento do agente. Ex. ato obsceno, violação de domicílio. 
b) Jurídica ou normativa: resultado é toda lesão ou ameaça de lesão a um interesse penalmente relevante. Todo crime tem resultado jurídico porque sempre agride um bem jurídico tutelado, igualmente, classifica os crimes quanto ao resultado em materiais, formais e de mera conduta.
	Para a maioria da doutrina, o Código Penal adotou a teoria do resultado normativo, pois de acordo com o disposto no artigo 13, para o crime existir deve haver resultado. Se para o crime existir depende de resultado, a falta deste implica ausência daquele. 
	Relação de causalidade (continuação)
	A relação de causalidade é importante nos crimes materiais, onde há resultado naturalístico. Portanto, não há nexo causal: a) nos crimes omissivos próprios; b) nos crimes de mera conduta; c) nos crimes formais (questionável esta assertiva); d) nos crimes omissivos impróprios. Não há nexo causal físico, pois a omissão é um nada e o nada não causa coisa alguma. Entretanto, para fins de responsabilização penal, por ficção jurídica, a lei considera existir um elo entre o omitente e o resultado naturalístico sempre que estiver presente o dever jurídico de agir, de modo que, havendo dolo ou culpa, responderá pelo evento. 
Teorias para apontar o nexo causal.
	TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES CAUSAIS (também conhecida como teoria da conditio sine qua non – Teoria da Equivalência das Condições). Com a adoção dessa teoria, quis o Código abranger todas as condutas relevantes praticadas pelo agente que antecederam o resultado, considerando-as, portanto, como causas deste último. 
A crítica que se faz à teoria da equivalência dos antecedentes causais é no sentido de que, havendo necessidade dessa regressão em busca de apontar todas as causas que contribuíram para o resultado, chegaríamos a uma regressão ad infinitum. Para que seja evitada tal regressão, devemos interromper a cadeia causal no instante em que não houver dolo ou culpa por parte daquelas pessoas que tiveram alguma importância na produção do resultado. 
	Procedimento hipotético de eliminação de Thyrén. Consiste em imaginar o fato e proceder-se à eliminação de uma a uma das condutas existentes no processo causal. Se certa conduta, quando excluída, influenciar na produção do resultado, deve ser entendida como causa do evento. 
	Inconvenientes apresentados pela teoria da conditio sine qua non. a) regresso infinito da cadeia causal; b) não permite conhecer a lei causal natural que rege um fato; c) não explica os casos de causalidade alternativa; d) nos crimes omissivos, não havendo ação por parte do omitente, a eliminação hipotética da omissão significa acrescentar-se mentalmente a ação esperada e indagar se o resultado teria sido evitado. Nesse caso, a causalidade é meramente presumida. Não se pode ter certeza que a ação devida evitaria o resultado.
	Há outras limitações ao nexo de causalidade, que são as condições que de forma absolutamente independente, causam o resultado que se analisa.
	Quando a causa é absolutamente independente da conduta do sujeito o problema é resolvido pelo caput do art. 13: Há exclusão da causalidade decorrente da conduta. Em face disso, ele não responde pelo resultado, mas sim pelos atos praticados antes de sua produção. 
	I - Causas absolutamente independentes. (não tem nenhuma relação com a conduta)
	a) Preexistentes à ação do agente – existem antes de a conduta ser praticada e atuam independentemente se seu cometimento, de maneira que com ou sem a ação o resultado ocorreria do mesmo jeito (Capez). Ex. Paulo, desejando matar José, dispara contra este, que vem a falecer, posteriormente constata-se que a morte se deu não em decorrência dos tiros recebidos, mas por substância venenosa ingerida no café da manhã.
	b) Concomitantes à ação do agente – não têm qualquer relação com a conduta e produzem o resultado independentemente desta, no entanto, por coincidência, atuam exatamente no instante em que a ação é realizada (Capez). Ex. Paulo, desejando matar José, dispara contra este, que vem a falecer, posteriormente constata-se que a morte se deu não em decorrência dos tiros recebidos, mas em virtude de um aneurisma sofrido no instante da conduta.
	c) Supervenientes à ação do agente – ocorrem quando à ação do agente sobrevém outra causa, que é provocadora do resultado havido, inexistindo relação entre a conduta do sujeito e a causa subseqüente. Ex: Paulo, desejando matar José, coloca veneno sem seu café, antes do veneno começar a produzir efeito, José é assassinado por Pedro.
	II - Causas relativamente independentes. 
	a) Preexistentes – existem antes da conduta praticada pelo agente, tendo um vínculo com a conduta na produção do resultado. Ex. Paulo desfere uma facada em José, com animus necandi. José, hemofílico, sofre uma grave hemorragia, em decorrência de ser portador da referida moléstia, vindo a morrer. 
	b) Concomitantes – manifestam-se simultaneamente com a conduta do sujeito, tendo um vínculo de dependência com esta na produção do resultado. Ex. Paulo desfere um tiro em José, com animus necandi, e, no exato momento dos disparos, devido à forte situação emocional, a vítima sofre um ataque cardíaco.
	c) Supervenientes – ocorre quando o resultado é causado por uma causa subseqüente à conduta do agente e que se encontra dentro da linha de desdobramento físico-natural da conduta anterior.
	CP. Art. 13. §1º “A superveniênciade causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.”
	Em princípio poderia se afirmar que no dispositivo há uma evidente contradição. Uma causa que “por si só” gera a produção de um resultado não pode guardar relação de dependência com outra, antecedente. 
	Na verdade, embora se possa estabelecer uma conexão entre a conduta primitiva e o resultado final, a segunda causa, a causa superveniente, é de tal ordem que determina a ocorrência do resultado, como se tivesse agido sozinha, pela anormalidade, pelo inusitado, pela imprevisibilidade de sua ocorrência. (Bitencourt). Nesse caso, há por disposição normativa, e não fisicamente, um rompimento do nexo causal.
É a única exceção, tendo em vista que as causas preexistentes e concomitantes relativamente independentes devem ser apuradas pelo método da exclusão: Não havendo conduta, haveria resultado?
	III – Caso fortuito (evento da natureza) e força maior (evento humano).
	O caso fortuito e a força maior não rompem o nexo causal. A conduta só é típica quando dolosa ou culposa. Logo, quando interferem a força maior ou o caso fortuito, não há crime por ausência de conduta dolosa ou culposa. Nesse sentido RT. 711:352.
TEORIA DA TIPICIDADE
	O fato típico se compõe da conduta humana e do evento (que não existe nos crimes de mera conduta) que, ligados pelo nexo de causalidade, recebem a natureza de “conduta punível” quando adequadas a um modelo legal, pois não há crime sem lei anterior que o defina. 
	Tipo. É o modelo descritivo das condutas humanas criminosas (tipo incriminador), criado pela lei penal, com a função de garantia do direito de liberdade. É o ponto de partida de toda construção jurídico-penal objetiva ou subjetiva. A antijuridicidade e a culpabilidade precisam ser apreciadas sob o aspecto do tipo. 
	Funções do tipo penal:
	a) função indiciária – a circunstância de uma ação ser típica indica que, provavelmente, será também antijurídica, mas pode ser que, excepcionalmente, o fato típico tenha sido praticado ao amparo de uma causa justificante.
	b) função de garantia - Tudo o que não corresponder a um determinado tipo de injusto será penalmente irrelevante.
	Tipicidade (ou juízo de tipicidade ou adequação típica) é a correspondência entre o fato praticado pelo agente e a descrição de cada espécie de infração contida na lei penal incriminadora.
	A adequação típica se apresenta sob duas formas:
adequação típica de subordinação imediata. (o fato se enquadra no modelo legal imediatamente, sem que para isso seja necessária outra disposição. Ex. art. 121 do C.P.)
adequação típica de subordinação mediata, por extensão ou ampliada. o fato não se enquadra imediatamente na norma penal incriminadora considerada, necessitando para isso do concurso de outra disposição. É o que acontece na tentativa e no concurso de agentes. Ex. art. 121, c/c 14, II do C.P. 
Elementos do tipo
a) objetivos - referem-se ao aspecto material do fato. (forma de execução, tempo, modo, lugar, etc.).
b) elementos normativos - são componentes que exigem, para a sua ocorrência, um juízo de valor. Podem apresentar-se sob a forma de franca referência ao injusto (indevidamente, sem justa causa, sem as formalidades legais), sob a forma de termos jurídicos (documentos, funcionário público) ou extrajurídicos (saúde e moléstia).
c) subjetivos - Pode figurar nos tipos penais, ao lado do dolo (elemento subjetivo geral), uma série de características subjetivas que os integram ou os fundamentam. 
	Classificação doutrinária dos tipos penais:
	Tipo fundamental ou básico: É o tipo que se localiza no caput de um artigo e contém os componentes essenciais (elementares) do crime, sem os quais este desaparece (atipicidade absoluta) ou se transforma em outro (atipicidade relativa).
	Tipos derivados: divide-se em qualificado e privilegiado.
	Tipo simples é o que protege um único bem jurídico e uma única conduta punível.
	Tipos mistos alternativos – descrevem um único fato punível, mas mencionam duas ou mais formas de cometimento da infração. Exemplos: art. 123; 175; 211. 
	Tipos mistos cumulativos – descrevem mais de um fato punível. Caso seja praticada duas ou mais ações, haverá concurso material de crimes. Segundo Heleno Fragoso para constatar tais tipos geralmente se determina a observação da existência do “ponto e vírgula” separando as condutas criminosas. Exemplos: art: 180, 242, 244 e 248.
	Tipos complexos - são aqueles formados da reunião de dois ou mais tipos penais. O legislador apanha a definição legal de crimes e as reúne, formando uma terceira unidade delituosa. Exemplos: art. 157, 159, todos do CP.
Tipo penal nos crimes dolosos.
	O dolo, de acordo com a teoria finalista da ação, é elemento subjetivo do tipo. Integra a conduta, motivo pelo qual entendemos que as ações ou omissões são dolosas.
	
Teorias sobre o dolo.
Teoria da vontade – para essa teoria, dolo é a vontade dirigida ao resultado;
Teoria da representação, o dolo é a simples previsão do resultado. Embora não se negue a existência da vontade na ação, o que importa para essa posição é a consciência de que a conduta provocará o resultado. 
Para a teoria do assentimento (consentimento), dolo é a vontade que, embora não dirigida diretamente ao resultado previsto como provável ou possível, o resultado para o agente é indiferente (dolo eventual). 
O Código Penal Brasileiro (art. 18, I) adotou a teoria da vontade quanto ao dolo direto (a vontade do agente visa a resultado certo e determinado), 1ª parte, e a teoria do assentimento ao conceituar o dolo eventual , 2ª parte. 
	Refere-se ainda a doutrina ao dolo de dano, em que o agente quer ou assume o risco de causar lesão efetiva (arts. 121, 155 etc) e ao dolo de perigo, em que o autor da conduta quer apenas o perigo (arts. 132, 133 etc).
	Elementos do Dolo - Ao examinar a conduta, verifica-se que, segundo a teoria finalista, é ela um comportamento voluntário (não reflexo) e que o conteúdo da vontade é o seu fim. Nessa concepção, a vontade é o componente subjetivo da conduta, faz parte e dela é inseparável. Assim, pode-se definir o dolo como a consciência e a vontade na realização da conduta típica, ou a vontade da ação orientada para a realização do tipo. (Júlio F. Mirabete).
	São elementos do dolo: a) a consciência da conduta e do resultado. A consciência do autor deve referir-se a todos os elementos do tipo; b) consciência da relação de causalidade entre a conduta e o resultado, isto nos crimes materiais e formais; c) vontade de realizar a conduta e produzir o resultado. A vontade consiste em resolver executar a ação típica, estendendo-se a todos os elementos objetivos conhecidos pelo autor. 
TIPOS CULPOSOS - Em regra, a punição se dá a título doloso. Excepcionalmente, segundo o art. 18, parágrafo único, os crimes são punidos a título de culpa.
	Culpa, na definição de Maggiore, é a conduta voluntária (ação ou omissão) que produz um resultado antijurídico não querido, mas previsível, ou excepcionalmente previsto, de tal modo que podia, com a devida atenção, ser evitado.
	A estrutura do tipo culposo é diferente da do tipo de doloso: neste, é punida a conduta dirigida a um fim ilícito, enquanto no crime culposo pune-se a conduta mal dirigida, normalmente dirigida a um fim penalmente irrelevante. 
	Como afirma Cerezo Mir “o fim perseguido pelo autor é geralmente irrelevante, mas não os meios escolhidos, ou a forma de sua utilização”.
	A tipicidade do crime culposo se define pela divergência entre a ação efetivamente praticada e a que devia ter sido realizada, e a antijuridicidade pela inobservância do cuidado objetivo devido.
A verificação da atuação do agente com ou sem cautela é feita através do exame da previsibilidade objetiva, ou seja, a possibilidade de antevisão do resultado por uma pessoa prudente de discernimento (homem médio), nas circunstâncias em que o sujeito realizou a conduta.
A previsibilidade objetiva atua no campoda tipicidade do crime culposo. A verificação da tipicidade do fato constitui indício de antijuridicidade que pode ser afastada por suas causas de exclusão, como o estado de necessidade.
Portanto, o delito culposo, segundo Juarez Tavares, contém, em lugar do tipo subjetivo, uma característica normativa aberta: o desatendimento ao cuidado objetivo exigível ao autor. Não se desconhece, no entanto, a existência de um certo componente subjetivo no crime culposo, formado pela relação volitiva final e um componente objetivo expresso na causalidade. (Bitencourt).
Norma: é o mandamento de conduta que se espera do ser humano, que não está descrito em lugar algum, mas decorre do sentimento médio da sociedade sobre o que é justo ou injusto, certo ou errado.
A culpabilidade, nos delitos culposos, possui os mesmos elementos dos crimes dolosos: imputabilidade, potencial conhecimento da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa. Contudo, o potencial consciência da ilicitude exigirá, no crime culposo, a análise da previsibilidade subjetiva, ou seja, a possibilidade do agente, segundo suas aptidões pessoais e na medida de seu poder individual, prever o resultado.
Elementos do fato típico culposo: a) conduta humana voluntária, ação ou omissão; b) inobservância do cuidado objetivo devido, manifestada através da imprudência, negligência ou imperícia; c) previsibilidade objetiva; d) ausência de previsão; e) resultado involuntário; f) nexo de causalidade; g) tipicidade.
	Observação: na denominada culpa consciente, que ocorre quando o agente prevê o resultado lesivo, não há ausência de previsão.
	Modalidades de culpa (imprudência, negligência e imperícia). 
	a) Imprudência é a prática de uma conduta arriscada ou perigosa e tem caráter comissivo.
	b) Negligência é a displicência no agir, a falta de precaução, a indiferença do agente, que, podendo adotar as cautelas necessárias não o faz.
	c) Imperícia é a falta de capacidade, despreparo ou insuficiência de conhecimentos técnicos para o exercício de arte, profissão ou ofício.
	Tanto na imprudência quanto na negligência há inobservância de cuidados recomendados pela experiência comum. A imperícia, por sua vez, não deixa de ser somente uma forma especial de imprudência ou negligência. 
Espécies de culpa.
a) Culpa inconsciente: o resultado não é previsto pelo agente, embora previsível para o homem médio. 
b) Culpa consciente, chamada culpa como previsão, quando o agente, deixando de observar a diligência a que estava obrigado, prevê um resultado, mas confia convictamente que ele não ocorra.
c) Culpa própria: é aquela em que a conduta praticada sem o cuidado objetivo necessário gera um resultado involuntário. É a culpa propriamente dita
d) Culpa imprópria, também conhecida como culpa por extensão, por equiparação ou por assimilação: é aquela em que o agente, por erro de tipo inescusável, supõe estar diante de uma causa de justificação que lhe permita praticar, licitamente, um fato típico. É uma hipótese de fato doloso punível a título culposo. 
Crime qualificado pelo resultado: é aquele em que o legislador, após descrever uma conduta típica, com todos os seus elementos, acrescenta-lhe um resultado, cuja ocorrência acarreta um agravamento da sanção penal. Assim, pode existir: a) dolo no antecedente e dolo no conseqüente. Ex.: art. 129, §2º, IV; b) culpa no antecedente e culpa no conseqüente. Ex.: art. 258, parte final do C.P; c) culpa no antecedente e dolo no conseqüente. Ex.: CTB, art. 303, parágrafo único; d) conduta dolosa e resultado agravador culposo (preterdoloso ou preterintencional). Ex.: art. 129, § 3º, do C.P.
	Crime preterdoloso é aquele em que a ação causa um resultado mais grave que o pretendido pelo agente. Existe dolo na conduta antecedente e culpa no conseqüente. 
Não confundir: crime qualificado pelo resultado e crime preterdoloso: o primeiro é gênero, do qual o preterdoloso e apenas uma de suas espécies, o preterdoloso não admite tentativa, o qualificado pelo resultado admite. (exemplo:o sujeito atira ácido nos olhos da vítima com intenção de cegá-la). Lembre-se: crime culposo não admite tentativa.
	Tentativa.
	A tentativa constitui ampliação temporal da figura típica. Trata-se de um dos casos de adequação típica de subordinação mediata. A sua punibilidade se estabelece em face do disposto no art. 14, II, do CP, que tem eficácia extensiva, uma vez que por força dele é que se amplia a proibição contida nas normas penais incriminadoras a fatos que o agente não realiza de forma completa, pois apenas pratica atos dirigidos à realização perfeita do tipo.
	ITER CRIMINIS – Na realização do crime há um caminho, um itinerário a percorrer. A esse caminho se dá o nome de iter criminis, que é composto de uma fase interna (cogitação) e de uma fase externa (atos preparatórios, atos de execução e consumação). A tentativa (conatus) caracteriza-se quando o agente, nas fases do iter criminis, adentra a execução do crime. “que não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente”.
	Dificuldade reside na diferenciação entre atos preparatórios e atos executórios. Doutrinariamente são conhecidas duas teorias sobre quando se verifica o início da tentativa pela prática de atos executórios: a) teoria formal ou objetiva; b) teoria material.
	Consoante a teoria material, a execução se inicia quando o agente pratica uma conduta de ataque ao bem jurídico, ou seja, no momento em que o bem juridicamente protegido é posto realmente em perigo pelo atuar do agente. O ato que não constitui ameaça ou ataque ao objeto da proteção legal é simples ato preparatório.
	Para a teoria formal, o começo da execução é marcado pelo início da realização do tipo, ou seja, quando se inicia a realização da conduta núcleo do tipo: matar, ofender, subtrair etc. 
	Segundo a doutrina majoritária, a teoria formal ou objetiva foi adotada pelo art. 14, II, do CP, que assim dispõe: “iniciada a execução”. Há entendimento, em casos concretos, que o uso isolada da teoria objetiva não é satisfatória, motivo pelo qual deve-se complementar a referida teoria o critério (teoria) material.
Espécies de tentativa
	a) tentativa perfeita ou acabada, também chamada de crime falho ou delito frustrado, existe quando o agente realiza todo o necessário para obter o resultado. A fase executória realiza-se integralmente, mas o resultado visado não ocorre, por circunstâncias alheias à vontade do agente.
	b) tentativa imperfeita ou inacabada existe quando o agente não consegue praticar todos os atos necessários à consumação, por interferência externa. O processo executório é interrompido por circunstâncias estranhas à vontade do agente.
	c) tentativa branca ou seca existe quando o objeto material do delito não é atingido pela conduta praticada pelo agente. 
Punibilidade da tentativa (conatus)
Duas teorias procuram explicar a punibilidade da tentativa:
	a) subjetiva – prega a aplicação da mesma pena do delito consumado. Funda-se na ideia de que, se objetivamente o crime é imperfeito, subjetivamente é prefeito, pois existe manifestação completa de vontade do agente.
	b) objetiva – afirma que a pena para o crime tentado deve ser menor que a do crime consumado, já que a lesão é menor ou não ocorreu qualquer resultado lesivo ou perigo de dano. Foi a teoria adotada pelo Código Penal Brasileiro, em seu art. 14, inciso II. 
	Infrações que não admitem tentativa. 
	a) crimes culposos, conforme disposto no art. 14, II, do CP, a vontade do agente deve dirigir-se ao resultado lesivo, o que não ocorre na culpa; b) crimes preterdolosos; c) crimes omissivos próprios, pois não existe um resultado naturalístico produzido pela omissão. Se o agente deixa passar o momento em que devia agir, consumou-se o delito; se ainda pode agir, não se pode falar em crime; c) crimes unissubsistentes ou de ato único não admitem tentativa, diante da impossibilidade de fracionamento dos atos de execução; d) crime habitual, pois o que o caracteriza é a prática reiterada de certos atos que, isoladamente, constituem umindiferente penal. Exemplo: artigo 284 do CP.; e) crimes de atentado ou empreendimento, pois nestes o ato de tentar é elemento integrante do tipo penal. Exemplo: art. 352 do CP; f) Nas contravenções penais, embora seja, teoricamente, possível a ocorrência da tentativa, ela é afastada por disposição legal (art. 4º da LCP). 
Desistência voluntária e arrependimento eficaz.
	Nestes casos o agente, após iniciada a execução do delito, ou a interrompe voluntariamente ou, a exaurindo, impede a consumação do crime, também voluntariamente, gerando a denominada tentativa abandonada.
	Não é necessário que a desistência ou o arrependimento sejam espontâneos, basta que tenha havido voluntariedade.
	A desistência voluntária ocorre no mesmo momento da tentativa imperfeita ou inacabada, excluindo-a.
	Frank sintetizou com grande eloqüência a distinção entre desistência voluntária e tentativa, na seguinte frase: “posso, mas não quero (desistência voluntária); quero, mas não posso (tentativa)”.
	O arrependimento eficaz ocorre após a tentativa perfeita ou acabada, o agente, após ter esgotado todos os meios de que dispunha, arrepende-se e evita que o resultado aconteça.
No arrependimento eficaz o êxito da atividade impeditiva do resultado é indispensável, caso contrário o arrependimento não será eficaz. Se o agente não conseguir impedir o resultado, por mais que se tenha arrependido, responderá pelo crime consumado. Mesmo que a vítima tenha contribuído para a consumação.
Tanto na desistência voluntária como no arrependimento eficaz, o agente responderá pelos atos já praticados que, de per si, constituírem crimes. Isso em doutrina chama-se “tentativa qualificada” (Bitencourt).
Natureza jurídica da desistência voluntária e do arrependimento eficaz: “Quando o crime não atinge o momento consumativo por força da vontade do agente, não incide a norma de extensão e, em conseqüência, os atos praticados não são típicos em face do delito que pretendia cometer. Se a tentativa é a execução de um crime que não se consuma por circunstâncias alheias à vontade de agente, é evidente que não há conatus quando o delito não atinge o seu momento consumativo em face da própria vontade do sujeito” (Damásio). Concluindo: Inexistindo a elementar “alheia à vontade do agente”, o fato é atípico, diante do preceito definidor da tentativa. 
	Crime impossível.
	Muitas vezes, após a prática do fato, constata-se que o agente jamais conseguiria consumar o crime, quer pela ineficácia absoluta do meio empregado, quer pela absoluta impropriedade do objeto.
	Meio ineficaz é aquele que, no caso concreto, é incapaz de produzir o resultado típico. O conceito é relativo e não absoluto. Não se reconhece a inidoneidade do meio empregado na hipótese da consumação se verificar impossível pela cautela tomada pela vítima.
	Objeto impróprio é aquele que não existe para dar ensejo ao delito, ou que se encontre em situação em que não seja possível a consumação. Aqui também a inidoneidade tem de ser absoluta. 
	Punibilidade do crime impossível – Teorias:
a) Teoria subjetiva – Para essa teoria, realmente decisivo é a intenção do agente. Assim, o autor de um crime impossível deve sofrer a mesma pena da tentativa. 
b) Teoria objetiva – Para essa teoria, como não há no crime impossível os elementos objetivos da tentativa e o bem jurídico não corre perigo, não há tentativa e o agente não deve ser punido, adotada pelo CP.
c) Teoria sintomática – Busca examinar se a realização da conduta do agente é a revelação de sua periculosidade. Mesmo na tentativa inidônea, se esta revelar indícios da presença de periculosidade no agente, deverá ser punida.
	ERRO DE TIPO
	Erro de tipo é o que incide sobre as elementares ou circunstâncias do fato que o tipo descreve, sobre os pressupostos de fato de uma causa de justificação ou dados secundários da norma penal incriminadora. Ex. o sujeito dispara um tiro de revólver no que supõe seja um animal bravio, vindo a matar um homem. A falsa percepção da realidade incidiu sobre um elemento do crime de homicídio. (ausência da elementar “alguém” pessoa humana).
	Pode recair sobre uma circunstância qualificadora.
	Do mesmo modo, pode incidir sobre uma circunstância agravante genérica. Incidente sobre atenuantes é irrelevante, não prejudica o sujeito.
	Por fim, pode recair sobre os pressupostos de fato de uma excludente da ilicitude. Também denominado erro nas descriminantes putativas, resultam da combinação do art. 20, § 1º, 1ª parte, com os incisos do art. 23 (com remissão aos artigos 24 e 25 ). 
Dispõe o art. 20, § 1º, do Código Penal que “é isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo”. Exemplo: sujeito que à noite, ao ouvir estranho barulho na frente da sua casa, efetua um disparo, supondo tratar-se de um ladrão, e depois se constata que era o guarda noturno.
	FORMAS
	Essencial – é o que versa sobre elementares ou circunstâncias;
	Acidental – é o que não impede o agente de conhecer o caráter criminoso da sua conduta.
	ERRO ESSENCIAL – quando a falsa percepção impede o sujeito de compreender a natureza criminosa do fato.
	FORMAS
erro invencível (ou escusável) – quando não pode ser evitado pela normal diligência;
erro vencível (ou inescusável) – quando pode ser evitado pela diligência ordinária.
Tratando-se de erro essencial, pois o acidental não beneficia o sujeito, os seus efeitos variam de acordo com a sua natureza.
O erro essencial invencível exclui o dolo e a culpa. Na verdade o sujeito não age dolosa ou culposamente.
O erro essencial vencível exclui o dolo, mas não a culpa, desde que previsto em lei o crime culposo.
	ERRO DE PROIBIÇÃO (erro sobre a ilicitude do fato) é todo erro que recai sobre o caráter ilícito da conduta realizada. Aqui o objeto do erro não está situado entre os elementos do tipo legal, mas na ilicitude, ou seja, na relação de contrariedade que estabelece entre uma certa conduta e ordenamento jurídico. O objeto do erro não é, pois, o fato nem a lei. O agente supõe permitida uma conduta proibida; lícita, uma conduta ilícita. O seu erro consiste num juízo equivocado sobre aquilo que lhe é permitido fazer na vida em sociedade. Mas não se trata de um juízo técnico-jurídico, que não se poderia exigir do leigo, e sim de um juízo profano, um juízo que é emitido de acordo com a opinião comum dominante no meio social e comunitário. Daí a denominação “ erro de proibição ” ou “ erro sobre o estar proibido. O erro de proibição só é escusável quando inevitável, isto é, quando apesar de tudo, não tiver sido possível ao agente evitar a falta de compreensão do injusto de seu atuar. Se inevitável, há exclusão da culpabilidade ( art. 21, caput, 2ª parte; se evitável, não fica excluída a culpabilidade, respondendo o sujeito por crime doloso com pena diminuída ( parte final ).
	ERRO PROVOCADO POR TERCEIRO - A provocação pode ser dolosa ou culposa.
	A posição do terceiro provocador é a seguinte: responde por dolo ou culpa, de acordo com o elemento subjetivo do induzimento.
	A posição do provocado é a seguinte: a) tratando-se de erro invencível, não responde pelo crime cometido, quer a título de dolo, quer de culpa.b) tratando-se de provocação de erro vencível, não responde pelo crime a título de dolo, subsistindo a modalidade culposa, se prevista em lei.
ERRO DE TIPO ACIDENTAL : incide sobre dados irrelevantes da figura típica. 
	Não impede a apreciação do caráter criminoso do fato. O agente sabe perfeitamente que está cometendo um crime. Por essa razão, é um erro que não traz qualquer conseqüência jurídica: o agente responde pelo crime como se não houvesse erro.
	Espécies:
	a) Erro sobre o objeto – Objeto material do crime é a pessoa ou a coisa sobre a qual incide a conduta do agente. A expressão “ erro sobre objeto ”, porém, não se estende a ambas, restringindo-se à coisa. 
	Há erro sobre oobjeto quando o sujeito supõe que sua conduta recai sobre determinada coisa, sendo que, na realidade ela incide sobre outra. (subtrair açúcar supondo tratar-se de farinha). Obs.: se a coisa estiver descrita como elementar do tipo, o erro terá as mesmas conseqüências do erro essencial. 
	b) Erro sobre a pessoa ( error in persona ) – ocorre quando há erro de representação, em face do qual o sujeito atinge uma pessoa supondo tratar-se de outra. A hipótese é cuidada no art 20, § 3º, do C.P.

Outros materiais