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Técnica Cirúrgica - Jejunostomia

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Técnica Cirúrgica | Flávio 
Aula 9.2 - Jejunostomia 
/ Anatomia 
-> Todo o intestino delgado, que se estende do piloro até o ceco, mede 270 a 290cm, com o comprimento duodenal 
sendo estimado em aproximadamente 20cm, o comprimento jejunal em 100 a 110cm e o comprimento ileal em 
150-160cm; 
-> O jejuno começa no ângulo doudenojejunal, que é ancorado por uma dobra peritoneal conhecida como ligamento de 
Treitz. Não há nenhuma linha demarcatória obvia entre o jejuno e o íleo, no entanto, o jejuno é comumente considerado 
como sendo composto de dois quintos proximais do intestino delgado e o íleo compõe os três quintos restantes; 
-> O jejuno apresenta uma circunferência um pouco maior, é mais espesso do que o íleo e pode ser identificado durante 
a operação examinando-se os vasos mesentéricos. No jejuno, apenas uma ou duas arcadas enviam vasos retos longos 
para a borda mesentérica, enquanto o suprimento sangüíneo para o íleo pode ter quatro ou cinco arcadas em separado, 
com vasos retos mais curtos; 
// Suprimento Neurovascular e Linfático 
-> O suprimento sangüíneo do intestino delgado, exceto pelo duodeno proximal que é irrigado pelos ramos do eixo 
celíaco, provém inteiramente da artéria mesentérica superior. A artéria mesentérica superior faz um trajeto anterior ao 
processo uncinado do pâncreas e a terceira porção do duodeno, onde se divide para irrigar o pâncreas, o duodeno-
distal, todo o intestino delgado e o cólon ascendente e transverso; 
-> Há um suprimento sangüíneo colateral abundante para o intestino delgado, fornecido pelas arcadas vasculares que 
fazem um trajeto pelo mesentério; 
-> A drenagem venosa do intestino delgado faz um paralelo com o suprimento arterial, com o sangue drenando para a 
veia mesentérica superior que se une à veia esplênica por trás do colo do pâncreas, para formar a veia porta; 
-> A inervação do intestino delgado é feita pelas divisões parassimpáticas e simpáticas do SNA, que, por sua vez, 
fornece os nervos eferentes para o intestino delgado 
-> Os linfáticos do intestino delgado são encontrados principalmente nas placas de Peyer. A drenagem linfática 
prossegue da mucosa através da parede do intestino até um grupo de linfonodos adjacentes ao intestino no mesentério. 
A drenagem continua até um grupo de linfonodos regionais adjacentes às arcadas mesentéricas e então para um grupo 
na base dos vasos mesentéricos superiores, de onde a linfa flui até os ductos torácicos para se esvaziar no sistema 
venoso localizado no pescoço;
Medicina Enzo - TXVI !1
Medicina Enzo - TXVI !2
/ Jejunostomia 
-> Realização de um estoma, no jejuno, pondo em comunicação a luz jejunal com o exterior, através da parede 
abdominal, por meio de uma sonda; 
-> As vias de acesso habitualmente empregadas para realização da jejunostomia são: laparotomia, laparoscopia e 
endoscopia; 
-> É um procedimento temporário reservado para pacientes que não toleram a alimentação pela gastrostomia, devido a 
refluxo gastroesofágico com risco muito aumentado de aspiração da dieta ou obstrução do trânsito gastroduodenal-
intestinal; 
-> Consiste na colocação de um cateter adequado na luz de uma alça jejunal a cerca de 20-30cm distal ao ângulo de 
Treitz, na borda antimesentérica, com fixação cuidadosa do cateter com sutura em bolsa ou com tunelização de 
7-10cm, com técnica de Witzel para cateter mais calibroso ou por punção seromucosa para cateter fino; 
-> Também pode ser feita por laparoscopia, como procedimento isolado ou concomitante a outras operações 
abdominais; 
-> Alternativamente, a inserção do cateter na luz jejunal pode ser feita por técnica de punção com cateter agulhado, 
passagem de fio-guia seguida de dilatação do túnel na parede jejunal (técnica de Seldinger para acesso vascular); 
-> A administração jejunal de dieta também pode ser feita com cateter transpilórico introduzido por uma gastrostomia 
(J-G-Tube), com auxílio de endoscopia, e avançando até depois do ângulo de Treitz (confirmar posição por radiografia 
simples de abdome com ou sem injeção de contraste hidrossolúvel através da sonda); 
// Indicações 
-> Alimentação Temporária: 
—> Indicada quando o acesso ao trato digestivo está prejudicado, para recuperação e manutenção do estado 
nutricional, até que seja restabeleci- do o trânsito alimentar: estenose cáustica envolvendo esôfago e estômago, e, 
eventualmente, em pacientes com coma prolongado e passado de gastrectomia; 
-> Alimentação Definitiva: 
—> Como terapêutica paliativa em pacientes portadores de neoplasia maligna irressecável do estômago. A 
jejunostomia definitiva também está indicada em pacientes com a deglutição e o apetite afetados, como nas doenças 
neurológicas: demência, esclerose amiotrófica lateral, seqüelas de acidente vascular cerebral, onde o estômago não 
pode ser utilizado ou não está disponível (passado de gastrectomia); 
-> Na dependência da evolução pós-operatória de algumas cirurgias digestivas mais complexas, a jejunostomia em 
determinado momento, pode servir para descompressão do trato digestório e noutra fase ser utilizada para 
alimentação. Na gastrectomia total por tumor, a jejunostomia no pós-operatório precoce ser- virá para a 
descompressão do trato digestório sob efeito do "íleo adinâmico”; 
-> Descompressão: 
—> A jejunostomia temporária é indicada, ocasionalmente, como complemento de operações abdominais de grande 
porte nas quais envolvem ressecção gástrica e se prenuncia "íleo adinâmico" pós-operatório prolongado, bem como a 
ocorrência de fístulas digestivas. Como exemplo, a jejunostomia pode ser realizada em complemento à gastrectomia 
total, sobretudo em pacientes idosos, com doença pulmonar obstrutiva crônica, psicóticos e agitados, onde se deseja 
evitar o desconforto e os riscos do emprego de sonda nasoenteral; 
-> Pós-operatório de câncer gástrico; 
-> Fístula duodenal ou gástrica; 
-> Atresia duodenal complicada; 
-> Trauma gastroduodenal grave; 
-> Perfuração duodenal; 
// Cuidados Iniciais 
-> Jejum de 6 a 8 horas; 
-> Antibioticoprofilaxia venosa em dose única antes do procedimento; 
-> Anti-sepsia da pele do abdômen e proteção com campos cirúrgicos; 
-> Escolha de cateter adequado ao calibre do paciente (entre 12 e 18Fr); 
-> Anestesia geral; 
-> Paciente em decúbito dorsal;
Medicina Enzo - TXVI !3
// Técnicas 
-> Witzel; 
-> Endoscópica; 
Técnica de Witzel 
Passo 1. Laparotomia mediana ou transversa à esquerda da cicatriz umbilical; 
Passo 2. Preensão do jejuno proximal (Afastamento cranial do omento e do cólon transverso com identificação da 
porção fixa do jejuno, ao nível do ângulo doudenojejunal (ângulo de Treitz) seguido de preensão da borda 
contramesentérica do jejuno proximal com pinças de Babcock, para avaliar a aproximação do jejuno com o peritônio);

Passo 3. Abertura pequena na borda antimesentérica (15-20cm do ângulo de Treitz) suficiente para introdução de 
sonda tipo Levine nº12 (sutura seromuscular em bolsa na borda contramesentérica seguida de Incisão com bisturi ou 
eletrocautério no centro da sutura, de tamanho apenas suficiente para a colocação de sonda com 8 a12 Fr); 
Passo 4: A sonda é deitada no sentido cranial ao longo do intestino (introdução de sonda de silicone ou borracha na 
extensão de 20 cm, seguida de fechamento de sutura em bolsa); 
Passo 5. São passados pontos seromusculares, de um e outro lado da sonda, que ao serem amarrados criam um 
túnel sobre ela (Realização de uma nova sutura seromuscular em bolsa, concêntrica, que é amarrada de maneira a 
invaginar a sutura anterior, sem provocar estreita- mento da luz jejunal, seguido da realização de um túnel de 3 a 5 cm 
de extensão mediante sutura seromuscular (contínua ou com pontos separados de fio absorvível ou inabsorvível) 
recobrindo a sonda deitada sobre a parede anterior do jejuno); 
Passo 6. O ponto mais cranial é utilizado para fixar a alça jejunal ao peritônio parietal
(fixação do jejuno à parede 
abdominal anterior com pontos cardinais entre seromuscular do jejuno e peritônio parietal, em torno e juntos da sonda); 
Passo 7. A sonda é exteriorizada por contra-abertura; 
Passo 8. Fixação da sonda à pele (fixação da sonda à pele com ponto de fio inabsorvível);

Passo 9. Síntese da parede com aproximação da linha alba mediante sutura contínua com fio monofilamentar 1-0 ou 
2-0 e da pele com pontos separados de nylon 3-0; 


Tunelização
Sutura em bolsa com 
s o n d a d e i t a d a n o 
sentido cranial ao longo 
do intestino
Fixação da alça intestinal ao 
peritônio parietal
Medicina Enzo - TXVI !4
Técnica Endoscópica 
-> É um procedimento similar à gastrostomia per- cutânea endoscópica indicado para pacientes que necessitam de 
suporte nutricional definitivo e não possuem estômago ou não toleram a alimentação por gastrostomia; 

-> Por meio de um enteroscópio ou colonoscópio infantil atinge se o jejuno e por transiluminação orienta-se a punção 
percutânea pelo trocarte, onde se introduz um fio guia que é tracionado pelo endoscópio até a boca. Na seqüência, a 
sonda é fixada ao fio guia e conduzida até o jejuno; 
-> A jejunostomia percutânea endoscópica é um procedimento técnico mais complexo e é bem sucedido em cerca de 
85% dos casos; 



Exteriorização da sonda por contra-abertura
Aspecto intra e extra alça jejunal 
da tunelização da sonda;
Jejunostomia endoscópica
Jejunostomia transgástrica
Medicina Enzo - TXVI !5
// Complicações 
-> Saída acidental do cateter (por deficiência na fixação); 
-> Migração do cateter para o peritônio (com peritonite grave causada pela infusão de dieta enteral no peritônio e 
tratamento cirúrgico da peritonite); 
-> Infecção local (celulite e abcesso de parede); 
-> Obstrução do cateter; 
-> Volvo intestinal; 
-> Necrose intestinal; 
// Fechamento 
-> A simples retirada da sonda é suficiente para o fechamento espontâneo do estoma;

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