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24. ADEGA DOS ANJOS.pdf

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AAAADDDDEEEEGGGGAAAA DDDDOOOOSSSS AAAANNNNJJJJOOOOSSSS 
 
 
Drama Libertino 
 
 
Texto de: 
JULIO CARRARA 
 
Inspirado livremente em fragmentos da literatura erótica 
 
 
Escrita em 2006 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Julio CarraraJulio CarraraJulio CarraraJulio Carrara Adega dos AnjosAdega dos AnjosAdega dos AnjosAdega dos Anjos 1111 
 
 
PERSONAGENS: 
MADELEINE 
FRANÇOIS 
VALENTINE 
PADRE GASTON 
PADRE JEAN-PIERRE 
BISPO 
CHARLES 
JOVEM 
 
LOCAL: França. 
 
ÉPOCA: Século XVIII. 
 
CENÁRIO: O cenário é composto por diversos ambientes. Cada ambiente 
pode ser apenas sugerido por poucos elementos que entram e saem conforme 
as necessidades das cenas. Um altar ao fundo do palco num plano elevado é o 
único elemento fixo da cenografia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Julio CarraraJulio CarraraJulio CarraraJulio Carrara Adega dos AnjosAdega dos AnjosAdega dos AnjosAdega dos Anjos 2222 
 
 
PRÓLOGO 
(Black-out. Entra em cena Madeleine com uma lamparina. Ela dirige o foco de luz do 
objeto para diversos lugares e fixa a luz para um altar. Ajoelha-se diante dele. Foco 
sobre ela sobe em resistência. Ela tem um véu que cobre-lhe o rosto.) 
 
MADELEINE 
Formosa Virgem Maria, que meteu uma noite com o Espírito Santo ao 
lado de São José, o cornudo adormecido, de onde veio o doce Jesus, esse 
fodedor de Madalena, a puta pública. Santa Maria, virgem como eu, agradeço 
por essas deliciosas fodas. E vós, Madalena, obtém para mim a graça de foder 
tanto quanto vós, na coninha ou no ânus, quinze ou vinte vezes por dia sem 
me cansar e sempre gozando... Doce Jesus, modelo dos alcoviteiros, fodedor 
obstinado, complacente da ardente e exemplar puta Madalena que era tão 
apaixonada por vosso pênis e por vossos culhões sagrados, conservai minha 
coninha sempre estreita e acetinada, meus seios sempre firmes, minha pele, 
meu ânus, meus braços, minha boca aveludada, o pênis do meu pai sempre 
duro, seus culhões sempre cheios e minha coninha sempre quente e úmida. 
Amém. 
 
(Faz o sinal da cruz e sai. Black-out.) 
 
 
CENA 1 
(Luz sobe em resistência revelando os aposentos de Valentine. Em cena, está Madeleine 
e Valentine, uma noviça, com um livro nas mãos.) 
 
VALENTINE 
Tu verás qual é a força dos meus exercícios espirituais e por quais graus 
de penitência o bom padre me leva a me tornar uma santa. E não duvidarás 
dos êxtases que são uma conseqüência dos mesmos exercícios. Que meu 
Julio CarraraJulio CarraraJulio CarraraJulio Carrara Adega dos AnjosAdega dos AnjosAdega dos AnjosAdega dos Anjos 3333 
 
exemplo, cara Madeleine, possa operar em vós a força de desligar inteiramente 
o vosso espírito da matéria para colocá-lo unicamente em Deus. O santo 
homem vai chegar e Deus com ele. Escondei-vos neste gabinete, de onde 
poderá ouvir e ver até onde a bondade divina consente em se estender a favor 
de sua vil criatura pelos piedosos cuidados de nosso padre. 
 
(Batidas à porta. Madeleine esconde-se no gabinete. Logo em seguida entra o padre 
Gaston.) 
 
PADRE GASTON 
Bom dia, minha cara irmã em Deus! Que o Espírito Santo e São 
Francisco estejam convosco. (Valentine vai cair em seus pés, mas ele a ergue e a fez 
sentar-se junto dele.) É necessário que eu vos repita os princípios básicos pelos 
quais deveis vos guiar em todas as ações de vossa vida. Já vos disse, cara 
irmã, que eu vos distingui de todas as minhas penitentes, vossas 
companheiras e foi por esta razão que eu não temi vos revelar os seus 
mistérios mais ocultos. Eu vos disse, irmã, esquecei-vos e abandonai-vos. 
Esquecendo o corpo é que se chega à união com Deus: a se tornar santa e a 
operar milagres. Não posso vos dissimular, que em nosso último exercício eu 
percebi que o vosso espírito ainda está ligado a carne... Muito bem, podemos 
começar. Cumpri bem os vossos deveres e estais certa de que com a ajuda do 
cordão de São Francisco e de vossa meditação, este piedoso exercício acabará 
numa torrente de delícias. Ajoelhai-vos e descobri essas partes da carne que 
são o motivo da cólera de Deus. A mortificação que elas sentirão unirá 
intimamente o vosso espírito à Ele. Eu vos repito: esquecei-vos e abandonai-vos. 
 
(Valentine ajoelha-se. Em seguida levanta as saias e a combinação mostrando suas 
nádegas.) 
 
 
 
Julio CarraraJulio CarraraJulio CarraraJulio Carrara Adega dos AnjosAdega dos AnjosAdega dos AnjosAdega dos Anjos 4444 
 
PADRE GASTON 
Levantai mais alto a vossa combinação. (Ela obedece.) Assim. Agora 
juntai as mãos e elevai o vosso espírito com a idéia da eterna felicidade que lhe 
é prometida... Sua alma já entrou em contemplação, doce irmã? 
 
VALENTINE 
Sim, Padre Gaston. Sinto que o meu espírito se desliga da carne e vos 
suplico que comece a santa obra. 
 
PADRE GASTON 
Estou contente convosco. Está na hora de começardes a gozar do fruto 
de vossos santos trabalhos. Não me escutai, mas deixai-vos conduzir. Com o 
cordão de São Francisco, vou expulsar tudo o que resta de impuro em vós. 
 
(Madeleine observa a cena. Em seguida o padre Gaston desabotoa suas calças e tira o 
seu pênis, aproximando-o das nádegas de Valentine. Proferindo palavras num tom de 
exorcismo, inicia a penetração.) 
 
PADRE GASTON 
(Depois de alguns minutos.) Vosso espírito está contente, santinha? 
Quanto a mim, vejo os céus abertos, eu... 
 
VALENTINE 
Ah, padre, sim... Gozo da felicidade celeste. Sinto que o meu espírito 
está completamente desligado da matéria. Expulsai, padre Gaston, tudo o que 
resta de impuro em mim... Estou vendo os anjos... Estou sentindo o cordão... 
Não aguento mais... Estou quase morrendo. (Goza.) 
 
(Padre Gaston continua penetrando, arfa, gagueja e diz alguns versículos durante o 
coito até o momento em que ejacula. Tira o pênis Valentine, limpa o esperma, deixa 
cair a batina e com passos trôpegos dirige-se para o altar.) 
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PADRE GASTON 
Levante-se e cubra-se, minha santinha. E venha agradecer ao Senhor 
pelos favores que d’Ele acabou de receber. 
 
(Valentine cumpre as ordens e agradece junto ao padre, que após alguns segundos, sai. 
Valentine abre a porta do gabinete por onde sai Madeleine.) 
 
VALENTINE 
Ah, Madeleine. Que felicidade! Eu vi o paraíso aberto. Quantos prazeres 
em troca de um momento de dor. Pela virtude do santo cordão, minha alma 
estava quase desligada do meu corpo. Eu te asseguro que o senti penetrar até o 
meu coração. Não duvide, eu passaria para sempre para a morada dos bem-
aventurados. 
 
(Madeleine não diz uma palavra. Está bastante perturbada. Beija Valentine e sai, 
enquanto a última ajoelha-se novamente no genuflexório e dirige o olhar para o livro.) 
 
 
CENA 2 
(Foco em François que está sentado numa poltrona bergère.) 
 
FRANÇOIS 
Minha filha que hoje encontra-se num convento e que só vejo aos 
domingos, provocava desejo em mim desde os 10 anos. Quando sua mãe, 
ainda não sifilítica, deitava e fodia com seu amante, enviava Madeleine para a 
minha cama. A criança tinha uma coninha lindíssima. Adotei como regra 
beijá-la todas as noites, após abrir suas coxas assim que ela adormecia. 
Introduzia minha língua com leveza, mas sem lamber. Ela deitada de lado, 
suas nádegas sobre minhas coxas e o meu caralho duro entre as suas. Ela, 
sentindo-se incomodada, segurava o meu pau, adormecida, e me fazia gozar. 
Mas ninguém foi mais casto do que ela. Assim, aproveitavao seu sono para 
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descobri-la, admirar sua deliciosa coninha que um bonito pêlo começava a 
sombrear. Eu não via a hora de fodê-la, torná-la minha amante e ser o mais 
feliz dos homens. Não existe no mundo prazer comparável ao de mergulhar o 
pau duro de tesão até o fundo da coninha aveludada de uma filha querida, 
que mexendo a bunda com coragem, goza divinamente. Ah, minha Madeleine, 
que falta eu sinto da sua coninha... 
 
(Foco cai em resistência.) 
 
 
CENA 3 
(Madeleine, despejando água de um jarro numa bacia.) 
 
MADELEINE 
Aos 10 ou 11 anos sentia uma inquietação; desejos cujo objetivo não 
conhecia. Em geral, nos reuníamos, meninos e meninas de minha idade, num 
sótão ou em algum quarto afastado. Ali fazíamos pequenos jogos: um de nós 
era eleito o professor. A menor falta era punida com chicote. Os meninos 
tiravam as suas calças, as meninas arregaçavam as saias e combinações, 
olhávamos atentamente um para o outro. O pênis dos meninos servia de 
brinquedo. Nós o pegávamos com a mão inteira, com ele fazíamos bonecas, 
beijávamos este pequeno instrumento cujo uso e preço, estávamos muito longe 
de conhecer. Por sua vez nossas bundinhas eram beijadas. Somente o centro 
do prazer era negligenciado. Por que esse esquecimento? 
 
(Madeleine é surpreendida pelo Bispo.) 
 
BISPO 
Jamais leve a mão a esta parte pela qual mijais, que não é outra coisa, 
senão a maçã que seduziu Adão e que realizou a condenação do gênero 
humano pelo pecado original. Ela é habitada pelo demônio, é a sua morada, o 
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seu trono. Logo a natureza cobrirá essa parte com um pêlo feio, como o que 
serve de morada para os animais ferozes para, com essa punição, marcar que a 
vergonha, a escuridão e o esquecimento devem ser o seu destino. Tomai 
cuidado, ainda com mais precaução, com esse pedaço de carne dos meninos de 
sua idade: é a serpente que tentou Eva. Que vossos olhares e vossos toques 
jamais sejam maculados por esta besta feia. Ela vos picaria e vos devoraria de 
modo infalível, mais cedo ou mais tarde. 
 
MADELEINE 
O quê? Seria mesmo possível que aquilo fosse uma serpente e tão 
perigosa quanto dizeis? Ela me pareceu tão doce. 
 
BISPO 
Acreditai no que vos digo. As serpentes que tivestes a temeridade de 
tocar ainda eram muito jovens, muito pequenas para realizar o mal de que são 
capazes. Mas elas se esticarão, engordarão e se lançarão contra vós: é aí que 
deveis temer o efeito do veneno que têm o costume de lançar com uma espécie 
de furor e que envenenaria o vosso corpo e a vossa alma... Você deve combater 
suas paixões com armas do jejum, da prece e do cilício. Agora pode ir, 
Madeleine. 
 
(Madeleine sai.) 
 
 
CENA 4 
(Foco sobre François sentado na poltrona bergère.) 
 
FRANÇOIS 
Eu tinha 14 anos. Meu corpo estava um pouco mais formado e há mais 
de dois anos eu queria meter com a minha irmã. Como não consegui comer 
minha irmã, porque ela era estreita demais, marquei um encontro noturno 
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com minha cunhada, a mulher do meu irmão. O encontro estava marcado para 
aquela mesma noite. Estávamos em nossa fazenda e o meu irmão, viajou a 
negócios. Na mesma noite, meu pai sentiu-se mal. Depois de tê-lo socorrido e 
temendo incomodá-lo, minha mãe foi deitar-se ao lado da nora. Esta, vendo-a 
adormecida, levantou-se devagarzinho para vir se deitar comigo, enquanto eu, 
preparei-me para ir até ela. Não nos encontramos. Coloquei-me ao lado da 
mulher que encontrei na cama. Ela estava de costas. Montei na adormecida e 
meti. Fiquei surpreso ao ver que o meu pau entrou fácil. Ela me apertou, deu 
umas traseiradas sonolentas e disse: “Nunca me destes tanto prazer!”. E gozei 
feito louco. Quando cheguei até a minha cama, vi minha cunhada me 
esperando. Aí eu compreendi que a mulher que eu havia comido e gozado 
dentro, a mulher que tinha tirado a minha virgindade, a mulher que eu havia 
engravidado e que me deu uma filha de nome Madeleine... era a minha 
própria mãe. 
 
 
CENA 5 
(Madeleine e padre Jean-Pierre sentados em um banco.) 
 
PADRE JEAN-PIERRE 
O que me contastes Madeleine tem maiores consequências do que 
pensais. Não posso vos esconder que há coisas horrorosas no que vistes no 
quarto de Valentine. O Padre Gaston é um homem astuto, um infeliz que se 
deixa levar pela força de suas paixões. Ele caminha para a perdição e 
acarretará a de Valentine. Contudo, devemos lastimá-los mais do que censurá-
los. Nem sempre somos mestres em resistir à tentação, em geral a felicidade e 
a desgraça de nossa vida são decididas pelas ocasiões. Portanto, ficai atenta 
para evitá-las. Deixai o Padre Gaston e todas as suas penitentes, sem falar mal 
de nenhum deles. A caridade assim o quer. Esse padre enganou Valentine, 
correu o risco de torná-la mãe, substituindo o cordão de São Francisco pelo 
membro natural do homem, que serve para a procriação. Com isso ele pecou 
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contra a lei natural que nos prescreve amar o nosso próximo como a nós 
mesmos. Será amar o próximo, como ele fez, colocar Valentine na 
possibilidade de ter a reputação perdida e de ficar desonrada o resto da vida? 
Estou de acordo que esse homem deva ser punido. A punição de um homem 
que perturba a ordem estabelecida deixa impressões na alma. Ficai sempre 
atenta e nunca perdeis de vista as lições que estou vos dando. Lembrai-vos 
que tudo o que se diz num tribunal da penitência deve ser tão sagrado para o 
penitente quanto para seu confessor e que revelar a menor circunstância 
disso a alguém é um pecado enorme. 
 
MADELEINE 
Sim, Padre. 
 
PADRE JEAN-PIERRE 
Agora pode ir. 
 
(Madeleine sai. Pouco depois, entra Valentine, cabisbaixa.) 
 
VALENTINE 
Mandaste me chamar, Padre? 
 
PADRE JEAN-PIERRE 
Sim, Valentine. Sente-se, por favor. Sinto-me na obrigação de alertá-la 
em relação as atitudes do Padre Gaston para convosco... É notável em vós a 
sua paixão dominante. Essa paixão, unida a uma natureza terna, a fez escolher 
o partido da devoção como o mais apropriado ao seu projeto. Tu amaste a 
Deus como se ama um amante. Suas maneiras modestas há muito haviam lhe 
dado a reputação de ser muito virtuosa e para vós tudo o que favorecia essa 
paixão tornava-se uma verdade incontestável. Assim são os fracos humanos: a 
paixão dominante, pela qual cada um é afetado, sempre absorve todas as 
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outras. Eles somente agem em consequência desta paixão, ela os impede de 
perceber as noções mais claras, que deveriam servir para destruí-la. 
 
VALENTINE 
Destruir-me? Como? 
 
PADRE JEAN-PIERRE 
A semelhança dos seus objetivos e dos do Padre Gaston bastavam para 
uni-los. Certamente vós, Valentine, estava de boa-fé, mas Gaston sabia ao que 
se ater: a amável figura de sua nova penitente o seduziu e ele percebeu que, 
por sua vez, seduziria e enganaria um coração flexível. Logo ele fez o seu 
plano. Gaston tem muito talento para o púlpito. Os seus discursos são cheios 
de doçura, de unção. Possuía a arte de persuadir. Ele o empregava essa 
persuasão para adquirir a reputaçãode convertedor. E de fato, um número 
considerável de mulheres e de moças do mundo abraçou o partido da 
penitência sob a sua direção. 
 
VALENTINE 
Ele me assegurou que eu me transformaria numa santa. O cordão de São 
Francisco iria purificar-me de todas as minhas impurezas. 
 
PADRE JEAN-PIERRE 
(Dirige-se até o gabinete e de uma gaveta retira uma caixa de veludo carmesim.) 
O verdadeiro cordão é este, Valentine e não àquele que o Padre Gaston lhe 
mostrou. 
 
(Abre a caixa. O cordão não é outra coisa senão um pedaço bastante grosso de corda, de 
oito polegadas.) 
 
 
 
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VALENTINE 
Eu não serei santa? O cordão de São Francisco era falso? O Padre Gaston 
me enganou esse tempo todo? 
 
PADRE JEAN-PIERRE 
Sim. E levou-a a submeter-se durante vários meses aos seus impúdicos 
enlaçamentos, enquanto vós acreditava somente estar gozando de uma 
felicidade puramente espiritual e celeste. 
 
VALENTINE 
Eu vou falar com ele imediatamente. E levar esse fato ao conhecimento 
do nosso Bispo. 
 
PADRE JEAN-PIERRE 
Calma. Não se precipite. Toda excitação é perigosa. É preciso agir com 
cautela. Agora só lhe peço um pouco mais de tempo e paciência, irmã 
Valentine. Tudo tem a sua hora. Mais cedo ou mais tarde, cairá a máscara do 
Padre Gaston e ele irá responder por todos os seus atos libidinosos. 
 
 
CENA 6 
(Madeleine está em casa de seu pai François. Ambos estão sentados. Ele bebe um cálice 
de vinho.) 
 
MADELEINE 
Só aqui em vossa casa tenho sonhos que me deixam toda, não sei como... 
 
FRANÇOIS 
E isso lhe causa prazer? 
 
 
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MADELEINE 
De certa forma, sim. 
 
(François levanta-se e aproxima-se da filha por trás. Acaricia os seus cabelos, beija o 
seu pescoço, sua mão esquerda entra pelo decote da jovem onde ele apalpa seus seios 
enquanto a mão direita desce até a vagina da mesma.) 
 
MADELEINE 
(Tensa e séria.) Papai. Eu vou sair do convento. Eu quero me casar. 
 
FRANÇOIS 
Só terás a minha assinatura depois que eu te enlevar. 
 
MADELEINE 
(Encolhe-se.) Não. (François agarra a filha, a força.) Pelo menos assine isto. 
(Mostra-lhe um papel.) 
 
FRANÇOIS 
Assino se te enlevar. E quero, inclusive, o prazer da tua parte. 
 
MADELEINE 
Agora sei que os meus sonhos eram provocados por vós. (Deita-se de 
costas.) Satisfazei-vos, então. Enlevai-me, mas quero estar virgem no dia do 
meu casamento. 
 
(François abre as pernas da filha. Com uma mão se masturba e com a outra, masturba 
a filha. Depois de um tempo, ambos gozam.) 
 
 
 
 
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MADELEINE 
Se fosseis mais rico, renunciaria ao casamento e poderia me dedicar a 
vossos prazeres. Mas preciso de um marido para deixar de ser um estorvo pra 
vós. 
 
(François comovido beija-a dos pés a cabeça: sapatos, pernas, coxas, traseiro, seios, 
pescoço, testa e finalmente a vagina. Lentamente se levanta, assina os papeis que 
entrega para filha. Ela sai. François estatela-se na poltrona, onde suspira.) 
 
 
CENA 7 
(Foco sobre o padre Gaston.) 
 
PADRE GASTON 
Para ser perfeito cristão é preciso ser ignorante, acreditar cegamente, 
renunciar a todos os prazeres, as honras, às riquezas, abandonar os seus pais, 
os seus amigos, guardar a sua virgindade. Numa palavra, fazer tudo o que é 
contrário à natureza. Contudo, essa natureza, com certeza, opera somente pela 
vontade de Deus. Que contradição a religião supõe num ser infinitamente 
justo e bom! 
 
 
CENA 8 
(Madeleine, com uma mala nas mãos, despede-se do Bispo, do padre Jean-Pierre e de 
Valentine.) 
 
MADELEINE 
Jamais renegarei minha fé. Mas nunca tive vocação para o celibato. 
Muito menos o desejo ardente de tornar-me freira. Estou seguindo o meu 
coração e os meus instintos. E eles dizem que eu devo me casar e constituir 
uma família. E viverei em função dessa família. Se permanecesse aqui, seria 
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infeliz. E Deus não fez os homens para serem infelizes, não é mesmo? 
Agradeço-lhes do fundo de minh’alma pelos ensinamentos que tive aqui. 
Sempre que puder, virei fazer-lhes uma visita. 
 
PADRE JEAN-PIERRE 
Venha sempre que puder. 
 
VALENTINE 
Sentirei sua falta. Obrigada por tudo. 
 
BISPO 
Seja feliz, Madeleine. E que Deus vos abençoe. 
 
MADELEINE 
Amém. Algo me diz que estou indo ao encontro daquilo que realmente 
procuro. Não devo desprezar minha intuição. Farei aquilo que acho que deve 
ser feito. Adeus. 
 
TODOS 
Adeus. 
 
(Madeleine sai. Saem todos, menos o padre Jean-Pierre.) 
 
 
CENA 9 
(Foco sobre o padre Jean-Pierre.) 
 
PADRE JEAN-PIERRE 
A vida de um homem é comparada a um jogo de dados. O lance de 
dados é o quadro de todas as ações de nossa vida. Um dado empurra o outro, 
ao qual imprime um movimento necessário, e de movimento em movimento, 
Julio CarraraJulio CarraraJulio CarraraJulio Carrara Adega dos AnjosAdega dos AnjosAdega dos AnjosAdega dos Anjos 15151515 
 
por sua primeira ação, é determinado de forma invencível para uma segunda, 
uma terceira. A vontade do homem é insensivelmente obrigada a fazer estas 
ou àquelas ações durante o decorrer de sua vida, cujo fim é o lance de dados. 
 
 
CENA 10 
(Madeleine, Charles, um senhor de meia-idade e um jovem forte e belo.) 
 
CHARLES 
Enfim sós. (Segura Madeleine pelo pescoço e em seguida coloca-a de quatro e 
ergue seu vestido.) Firme como um pau. (Para o jovem.) Ainda é virgem... Ah, 
como ganharia dinheiro com essas duas joinhas se elas fossem desbravadas. O 
que achais meu jovem? Desejais experimentá-la? 
 
JOVEM 
Avéc plezir, monsieur. 
 
CHARLES 
Hoje vai ser desvirginada. Não lhe disse que o pelo da sua joinha era 
mais acetinado do que seda? Lá dentro deve ser mais macio ainda. 
(Violentamente, obriga Madeleine a ficar de joelhos.) Vamos, preciso de prazer! Vê 
como fico com tesão diante desta sua joinha? Ah, desgraçada. Bem que 
arrancaria esse botãozinho se não temesse estragá-lo... E então, rapaz, pode 
fodê-la. 
 
(O jovem levanta-se e nota-se o volume do seu sexo em ereção. Ela se assusta e tenta 
fugir, mas Charles agarra-a e dá-lhe um pontapé.) 
 
CHARLES 
(Para o jovem.) Teu caralho é do tamanho ideal. Por isso cedo a minha 
esposa por cinco luíses uma virgindade que vale mil. Primeiro terás que meter 
na joinha: é do que necessito com a maior urgência. Amanhã podes comer o cu 
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dela. Fique sabendo que o seu marido a adora... (Para ela.) Se sou rude com 
você é para tornar-te mais flexível às minhas vontades... Ficarás encantado... e 
nada de piedade. Ela é como as putas: é preciso espancá-la para que cumpra o 
seu dever. 
 
(O jovem penetra Madeleine, que dá um grito altíssimo, enquanto Charles segura-a. O 
jovem mete freneticamente.) 
 
CHARLES 
Ah, sua perdida... ah, puta. Está fodendo, desgraçada? Que bela 
trepada, meu garanhão... 
 
JOVEM 
Ela está beliscando a minha vara... Que bucetinha... Um cetim! Ah, 
estou fodendo. Mexe o traseiro. Mexe essabuceta deliciosa. Mexe sobre mim. 
Não estou aguentando. Vou gozar... Aaaahhh... 
 
(Os movimentos tornam-se cada vez mais brutais. Charles e o jovem gozam quase ao 
mesmo tempo. Madeleine cai no chão, chorando muito.) 
 
JOVEM 
As que me disseram que teu pai te desvirginou são umas mentirosas. É 
mais virgem do que uma menina recém-nascida. Gostaria que todos 
estivessem aqui para comprová-la. 
 
CHARLES 
Agora tu és uma puta, Madeleine. Sua joinha irá render-me muito 
dinheiro... Eu gostaria que todo mundo te fodesse. Você não é larga o 
suficiente. 
 
(O jovem tira do bolso um saquinho com moedas e entrega para Charles.) 
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CHARLES 
Olhai. Ela está toda borrada. É da natureza das gatas: elas mordem e 
gritam quando tratamos bem delas. 
 
(O jovem sai. Charles senta-se numa cadeira, passa o dedo no chão e lambe o sangue de 
Madeleine, que continua chorando. Em seguida ele estende os pés colocando-os nas 
costas da mulher, como se esta fosse um puff. Brinca com as moedas. Pega uma e joga 
para Madeleine, como se estivesse dando esmola para um mendigo, rindo às 
gargalhadas.) 
 
CENA 11 
(Foco sobre o padre Jean-Pierre.) 
 
PADRE JEAN-PIERRE 
Todos estão de acordo que Deus sabe o que deve acontecer durante a 
eternidade. Mas, dizem, que Deus somente conhece o resultado de nossas 
ações depois de ter previsto que abusaríamos de sua misericórdia e que 
cometeríamos essas mesmas ações. Desse conhecimento, todavia, resulta o fato 
de que Deus, fazendo-nos nascer, já sabia que estaríamos infalivelmente 
perdidos e eternamente infelizes. A razão me diz que Deus não está sujeito a 
nenhuma paixão. Entretanto, no Gênesis, no capítulo 6, fazem Deus dizer que 
se arrependeu de ter criado o Homem, que a sua cólera não foi ineficaz. Deus 
parece tão fraco, na religião cristã, que não pode reduzir o Homem ao ponto 
que gostaria: ele pune pela água, em seguida pelo fogo, o Homem continua o 
mesmo; Ele envia profetas, os Homens ainda são os mesmos; Ele tem somente 
um filho, ele o envia, contudo os Homens não mudam em nada. Quantas 
coisas ridículas a religião cristã atribui a Deus... 
 
(Entra Valentine.) 
 
 
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VALENTINE 
Padre Jean-Pierre, está chegando a hora do meu encontro com o Padre 
Gaston. O que devo fazer? 
 
PADRE JEAN-PIERRE 
Aja como se nada tivesse acontecido. No momento exato, o Bispo e eu, 
invadiremos os vossos aposentos e desmascararemos esse libertino. 
 
(Padre Jean-Pierre sai e Valentine dirige-se para o genuflexório. Abre o livro e finge 
ler. Batidas à porta. Entra o padre Gaston.) 
 
PADRE GASTON 
Bom dia, minha cara irmã em Deus! Que o Espírito Santo e São 
Francisco estejam convosco. (Valentine vai cair em seus pés, mas ele a ergue e a fez 
sentar-se junto dele.) Repetirei mais uma vez esse ensinamento: esquecendo o 
corpo é que se chega à união com Deus: a se tornar santa e a operar milagres. 
No nosso último encontro vossa alma entrou em contemplação, desligou-se 
dos sentidos e seu espírito quase desligou-se da carne. Vamos começar, minha 
filha. Vamos repetir o nosso último exercício. Ajoelhai-vos e descobri essas 
partes da carne que são o motivo da cólera de Deus. 
 
(Valentine ajoelha-se num genuflexório com um livro diante de si. Em seguida, levanta 
as saias e a combinação mostrando suas nádegas.) 
 
PADRE GASTON 
Agora juntai as mãos e elevai o vosso espírito com a ideia da eterna 
felicidade que lhe é prometida. O vosso espírito ficará contente. 
 
(Padre Gaston pega um banquinho sobre o qual se ajoelhou e olha para as nádegas de 
Valentine.) 
 
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PADRE GASTON 
Com o cordão de São Francisco, vou expulsar tudo o que resta de 
impuro em vós. 
 
(Padre Gaston desabotoa suas calças e vai iniciar a penetração. Nesse exato momento, 
padre Jean-Pierre e o Bispo invadem os aposentos.) 
 
BISPO 
Basta! 
 
JEAN-PIERRE 
Acabou a farsa, padre Gaston. 
 
(Padre Gaston tem um sobressalto e imediatamente guarda o pênis. Valentine levanta-
se e une-se ao padre Jean-Pierre e ao Bispo.) 
 
PADRE GASTON 
Mas o que é isso? O que está acontecendo aqui? 
 
BISPO 
O senhor está agindo de má-fé e corrompendo uma de nossas irmãs. 
 
PADRE JEAN-PIERRE 
Tiraste a honra da irmã Valentine. Poderia engravidá-la e deixá-la 
perdida por toda a vida. 
 
PADRE GASTON 
É mentira. 
 
 
 
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VALENTINE 
É verdade. O Padre Jean-Pierre mostrou-me o verdadeiro cordão de São 
Francisco... Nunca me senti tão suja. 
 
BISPO 
Que perfídia. 
 
PADRE GASTON 
Em momento algum desonrei essa mulher. Eu juro. 
 
BISPO 
Não jures em falso. 
 
PADRE GASTON 
Nunca violei a irmã Valentine. 
 
PADRE JEAN-PIERRE 
Valentine chamou Madeleine que escondeu-se no gabinete e viu tudo o 
que passou-se aqui. 
 
PADRE GASTON 
Madeleine nunca teve afeição por mim. Inventou essa história toda. E 
aproveitou-se da ingenuidade de Valentine, para ambas, me prejudicar. 
 
(Padre Gaston ajoelha-se no genuflexório e reza o Pai Nosso.) 
 
PADRE GASTON 
Notre Père, qui est aux ciel, qui ton nom soit sanctifié; que ton regne vienne; 
que ta volonté soit faite sur la terre comme aux ciel. Donnez-nous aujourd'hui notre 
pain quotidien; pardonne-nous nos offenses, comme nous aussi nous pardonnons a 
ceux qui nous ont offensés; ne nous induis pas en tentation, mais delivre-nous du 
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malin. Car c'est a toi qu'appartiennent, dans tous les siècles, la regne, la puissance, et 
la gloire. Amen. 
 
BISPO 
Reze bastante, Padre Gaston. Espero que reflita bastante sobre os crimes 
que cometeu. Encontrem-nos amanhã na cúria. 
 
(Saem todos, exceto o padre Gaston, que abaixa a cabeça, impotente.) 
 
 
CENA 12 
(Música alta. Entram Charles e o jovem trazendo Madeleine. Ela está amarrada com 
correntes grossas e tem na boca uma bola vermelha que a impede de gritar. O jovem 
maltrata bastante a garota enquanto Charles como voyeur, masturba-se.) 
 
CHARLES 
Vamos lá, jovem fodedor. Desbrave a joinha de trás que ainda está 
virgem. Fode o cu dela. Agora. 
 
JOVEM 
Ah, que belo cu. Não é nada inferior à adorável buceta. 
 
CHARLES 
Está vendo, Madeleine? Estás sendo observada por um rapaz de vinte 
anos, belo como o amor. Belo fodedor, é preciso meter com firmeza. Vamos 
lá... (O jovem a penetra.) Como é bonita fodendo. Parece uma deusa. Desbasta. 
Ela esperneia como nenhuma outra. Mais forte. Mostra o que sabes fazer... 
 
(O jovem fode cada vez mais forte até chegar ao orgasmo.) 
 
 
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JOVEM 
Aí estás desvirginada, pequenininha. O carrasco colheu a sua rosa. É 
uma grande honra e felicidade para ti e para mim. Agora vejo-te como os 
devotos veem sua Virgem Maria que, fodida pelo Espírito Santo, do qual foi 
puta, tornou-se ainda mais virgem. Eis-te consagrada à vara de teu carrasco. 
 
CHARLESSuas joinhas foram desbravadas com êxito pelo jovem fodedor carrasco 
e estás pronta para agasalhar a todos os caralhos dos devassos franceses. Você 
foi feita para ser morta. 
 
(Volta música. Ambos giram Madeleine por todos os espaços disponíveis, torturando-a 
e saem de cena.) 
 
 
CENA 13 
(Cúria. O Bispo está sentado numa mesa ao lado do padre Jean-Pierre. Cochicham algo 
inaudível. Entra Valentine, cumprimenta seus superiores e senta-se de frente para eles. 
Tempo. Longo silêncio. Ouve-se apenas o som irritante de um metrônomo. Entra padre 
Gaston, cabisbaixo e fica parado à porta. Bispo e padre Jean-Pierre de frente para ele, 
encaram-no. Valentine desvia o olhar. Pausa.) 
 
BISPO 
Aproxime-se. (Solene.) Como é do conhecimento de todos os presentes 
aqui nesta sala, um fato gravíssimo ocorreu nos aposentos da irmã Valentine. 
O Padre Gaston, aqui presente, aproveitando-se da ingenuidade da mesma, 
abusou sexualmente dela, usando um falso argumento de que essa ação iria 
purificá-la de todas as suas imperfeições e que com isso, em breve, ela se 
tornaria santa. 
 
 
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PADRE GASTON 
Eu... 
 
BISPO 
Silêncio. O senhor deve responder apenas quando for interrogado... 
Valentine não foi a primeira a ser iludida. Outras irmãs foram submetidas 
nessa prática, mas omitiram-se, por vergonha ou medo de serem punidas. 
(Com a bíblia em mãos.) Padre Gaston, jura dizer a verdade, somente a verdade, 
nada além da verdade? 
 
PADRE GASTON 
Juro. 
 
BISPO 
Há quanto tempo o senhor pratica esses atos? 
 
PADRE GASTON 
Oito meses. 
 
BISPO 
Quantas irmãs o senhor molestou? 
 
PADRE GASTON 
Valentine foi a terceira. 
 
BISPO 
E quais foram as outras? 
 
PADRE GASTON 
A primeira foi Juliette, que deixou o convento pouco tempo depois. E a 
segunda foi Thèrése, a noviça que foi encontrada morta na passagem 
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subterrânea que unia o convento ao seminário onde os noviços e noviças 
encontravam-se secretamente e onde entregavam-se a orgias. 
 
BISPO 
Thèrése morreu em virtude de um aborto que provocara 
voluntariamente. E como é do vosso conhecimento, diversos fetos foram 
encontrados neste local. As noviças ao descobrirem a gravidez, dirigiam-se até 
lá, onde abortavam. 
 
PADRE JEAN-PIERRE 
Por esse motivo e para evitar o encontro de noviços e noviças prestes a 
se ordenar, essa passagem subterrânea foi murada... 
 
BISPO 
O senhor sabia da gravidez de Thèrése? 
 
PADRE GASTON 
Sim. 
 
BISPO 
Foi o senhor que a obrigou a abortar? 
 
PADRE GASTON 
Não. Ela contou-me o ocorrido e saiu correndo sem que eu pudesse 
tomar qualquer decisão. Foi aí que a encontraram morta. 
 
BISPO 
E mesmo assim o senhor continuou cedendo às tentações da carne. E se 
o mesmo houvesse acontecido com a irmã Valentine? O senhor tem 
consciência da gravidade deste problema? 
 
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PADRE GASTON 
Não sei o que dizer. Estou sem forças. Não suporto mais esta situação. 
Dê-me logo a penitência e diga-me o que foi decidido em relação a mim. 
 
BISPO 
Ontem o clero se reuniu aqui neste Tribunal eclesiástico. Pensamos, 
refletimos e em comum acordo chegamos a uma conclusão. Para não tornar 
pública essa situação e principalmente para evitar um escândalo que 
certamente iria enlamear o nome da nossa instituição e da Santa Igreja, o Padre 
Gaston... está absolvido das acusações que lhe foram imputadas. 
 
VALENTINE 
(Revoltada.) Não estás sendo justo. 
 
BISPO 
Justo para a Igreja nós sabemos que somos. 
 
VALENTINE 
E por que não para comigo? 
 
PADRE JEAN-PIERRE 
Porque a Igreja é maior. 
 
(Valentine fica calada, sem argumentos e cabisbaixa.) 
 
BISPO 
Como penitência, o Padre Gaston ficará trancado em seus aposentos a 
pão e água por sete dias, entregue às orações, se auto-flagelando e refletindo 
sobre as suas ações. E quanto a vós, irmã Valentine, não deverá pronunciar 
nenhuma palavra a respeito do que aconteceu entre vós e o padre em seus 
aposentos para quem quer que seja. Lembre-se sempre que numa situação em 
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que envolve o nome da Santa Igreja, o silêncio é mais importante do que a 
prática da palavra... Podem ir. 
 
(Padre Gaston sai. Valentine, cabisbaixa também sai. Bispo e padre Jean-Pierre 
entreolham-se.) 
 
CENA 14 
(François assusta-se com a entrada abrupta de Madeleine.) 
 
MADELEINE 
(Correndo até ele e abraçando-o.) Ó papai querido, salva-me. Sou a mais 
desgraçada das mulheres. Charles me obrigou a fazer coisas horríveis. Irei me 
dedicar a ti pelo resto da minha vida. 
 
FRANÇOIS 
Minha querida filha, ouvi rumores sobre o que Charles obrigou-lhe a 
fazer... Aceito com arrebatamento a sua dedicação por mim. Teus sentimentos 
para comigo encheram-me de gratidão e admiração. Vou te salvar. 
 
MADELEINE 
E como pretendes me salvar? 
 
FRANÇOIS 
Anulando o seu casamento. Você ficará livre desse monstro do Charles. 
Vivereis aqui comigo. Filha, filha divina! Reconheço a beleza da tua alma. 
Fodei com o seu pai, que eu seja o único a te foder... Tu és digna de foder com 
Deus, se Deus fodesse... Foder, foder... Que prazer dos deuses! 
 
MADELEINE 
Papai adorado, fode-me. Eu própria não aguento mais. 
 
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(François deita Madeleine no chão, penetrando-a até atingirem o orgasmo.) 
 
MADELEINE 
(Põe-se de joelhos e reza.) Meu Deus, agradeço-vos por ter me feito nascer 
de um pai tão bom! Devolvo a meu pai em prazeres deliciosos os cuidados que 
teve comigo em minha infância. Sou o bálsamo e o encanto da sua vida. Ele é o 
bálsamo e o encanto da minha. Abençoai-vos... Doce Jesus que metieis em 
Madalena, ela também era vossa filha e, em amor, como sabeis por 
experiência, nada é mais voluptuoso do que o incesto. 
 
 
CENA 15 
(Música suave. Charles e o jovem, seminus, entram e encontram-se no centro do palco. 
Olham-se por um tempo e acariciam-se. Seus gestos são suaves. Abraçam-se 
afetuosamente e em seguida, beijam-se. De repente, tudo se transforma: a música 
torna-se mais forte e as carícias mais violentas. O jovem amarra as mãos de Charles 
com cordas, jogando-o no chão com o seu traseiro voltado para cima. O jovem penetra 
violentamente em Charles, que grita. O jovem sente um prazer enorme. Charles tenta 
se safar, mas é inútil. O jovem fode até chegar ao ápice do prazer. O jovem tira uma 
cinta, coloca-a no pescoço de Charles, enforcando-o. O jovem tira um anel do dedo do 
morto e coloca-o em seu dedo.) 
 
 
CENA 16 
(Contraluz dourada revela Valentine de um lado do palco e padre Gaston do outro 
lado. Valentine costura algo que o público não identifica de imediato. Padre Gaston 
com um chicote se auto-flagela. A cena permanece assim por algum tempo. Foco sobe 
em resistência sobre Valentine. Sua vagina sangra. Ela termina de costurar o seu ânus 
e a sua vagina. Após concluir a tarefa, ela estende os braços para frente e notam-se 
duas chagas abertas nas palmas de suas mãos de onde jorram sangue. Padre Gaston,exausto, queda-se nos braços de Valentine. Esta aperta a cabeça dele contra o seu peito, 
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reproduzindo fielmente a imagem da Pietà. Sobre esta imagem, um foco recortado em 
cruz.) 
 
EPÍLOGO 
(Entra lentamente uma figura gigante, com cerca de cinco metros de altura. Essa 
figura está mascarada e traz um candelabro nas mãos. Traja uma batina e no pescoço, 
um imenso terço. A figura olha para todos os lados para certificar-se se está tudo bem. 
Encara o público por um longo tempo e em seguida sai. Luz cai em resistência 
deixando o palco na penumbra até o black-out.) 
 
 
FIM 
 
 
Janeiro/2006

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