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Etica no Servico Social 03

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AN02FREV001/REV 4.0 
 44 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
ÉTICA NO SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 45 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
ÉTICA NO SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO III 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este 
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição 
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido 
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 46 
 
 
MÓDULO III 
 
 
4 ÉTICA, SERVIÇO SOCIAL E ÁREAS DE ATUAÇÃO 
 
 
A ética profissional envolve a área do serviço social como um todo. Não 
existe uma atividade que não esteja regulada pelo código de ética. Sendo, assim é 
importante pensar a ética em situações distintas. Isso porque em alguns momentos 
não conseguimos vislumbrar a amplitude dessa profissão, outras porque 
desconhecemos certos temas tratados em alguns serviços e que podem nos 
mobilizar (em um sentido negativo) ou paralisar quando nos deparamos com elas. 
O que foi exposto acima pode parecer bobagem. Mas será? Será que 
estamos preparados para tudo? Será que estamos blindados emocionalmente diante 
da realidade que podemos encontrar? 
Os questionamentos não cessam por aí. Como ficam os usuários dos 
serviços quando não conseguimos lidar com certas situações? Será que isso facilita 
condutas antiéticas? Será que conseguimos identificar que nossos comportamentos 
não estão seguindo as normas éticas profissionais? 
Talvez seja muito difícil responder a essas questões porque em vários casos 
só conseguimos fazer uma avaliação segura quando já estamos na prática. Mas 
nem sempre ser assistente social requer um contato direto com um indivíduo ou uma 
família ou um grupo de adultos/crianças/adolescentes/mulheres. 
Antes de discutirmos algumas áreas específicas, vamos conhecer quais as 
áreas de atuação do assistente social. 
De acordo com a Comissão de Orientação e Fiscalização Profissional do 
CFESS – COFI/CFESS (2013), é área de atuação de o assistente social desenvolver 
ou propor políticas públicas que possibilitem o acesso dos diferentes segmentos da 
população aos serviços e benefícios sociais fazendo valer seu direito à Seguridade 
Social como consta no Art. 194 da Constituição Federal do Brasil (BRASIL, 1988), 
que a define como sendo “um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 47 
Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à 
previdência e à assistência social”. 
Além disso, o COFI/CFESS (2013) delimita algumas problemáticas de que 
se ocupam os assistentes sociais: 
 
a) Crianças: em situação de rua, trabalho infantil, com dificuldades familiares ou 
escolares, fora da escola, em risco social, com deficiências, sem família, usuárias de 
drogas, internadas, doentes e outras situações. 
b) Adultos: desempregados, usuários de drogas, em conflito familiar ou conjugal, 
aprisionados, em conflito nas relações de trabalho, hospitalizados, doentes, 
organizados em grupos de interesses políticos em defesa de direitos, portadores de 
deficiências e outras situações. 
c) Idosos: asilados, isolados, organizados em centros de convivência, 
hospitalizados, doentes e outras situações. 
d) Minorias étnicas e demais expressões da questão social. 
 
Em um formato mais agregado, a Universidade Federal de Santa Maria – 
UFSM (2013) apresenta as áreas de atuação do assistente social a partir de quatro 
blocos: 
 
 Entidades Públicas: hospitais, albergues, abrigos, presídios, prefeituras, 
judiciário, escolas e outras. 
 Entidades Privadas: empresas industriais, comerciais e de serviços. 
 Entidades Socioassistenciais: Organizações Não Governamentais 
(ONGs), associações de moradores. 
 Outras áreas: instituições de ensino, pesquisa, assessoria e consultoria 
em Serviço Social. 
 
O Blog de Serviço Social (2013) apresenta as áreas de atuação de forma 
mais minuciosa e acrescenta algumas às já mencionadas anteriormente que passam 
despercebidas quando tentamos definir este item. Vejamos a tabela abaixo: 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 48 
TABELA 5 
MEIO AMBIENTE 
Sua intervenção está relacionada a novas situações 
geradas pelo confronto que passa a existir entre a 
população e pelos efeitos causados pelos 
empreendimentos. Um exemplo é a construção de usinas 
hidrelétricas onde o papel do assistente social é aumentar 
as ações para o desenvolvimento da política energética. 
Com a desapropriação das terras, a população fica 
desalojada e situações de conflitos são criadas. 
PESQUISADOR DO 
MEIO AMBIENTE 
Estudar os impactos ambientais gerados ou estudar os 
impactos causados no meio ambiente. 
SAÚDE 
Assegurar a integralidade e intersetorialidade das ações, 
ser agente de interação entre o Sistema Único de Saúde 
(SUS) com as demais políticas sociais. Cabe ao assistente 
social desenvolver atividades educativas e de incentivo à 
participação da comunidade na realização de ações para a 
prevenção, recuperação e controle do processo 
saúde/doença. 
EDUCAÇÃO 
Envolve processos socioinstitucionais e as relações 
sociais, familiares e comunitárias para uma educação 
cidadã, nas quais o acesso aos direitos sociais é decisivo. 
ASSISTÊNCIA 
SOCIAL 
(Política Pública) 
Busca o fortalecimento dos usuários como sujeito de 
direitos e o fortalecimento das políticas públicas. Trabalha 
a autonomia dos sujeitos, ressaltando o potencial de 
indivíduos, famílias e comunidades com o objetivo de 
romper processos de exclusão, marginalização, 
assistencialismo e tutela. 
EMPRESA 
Resolução ou contenção de situação conflituosa ou de 
dificuldades na produção ou nas relações sociais, 
incluindo as famílias dos funcionários. 
ASSESSORIA E 
CONSULTORIA 
Formular, gerir, implementar e avaliar políticas, projetos 
sociais, elaborar estudos e pesquisas. 
CONSULTORIA 
Oferecer alternativas para a elevação da produtividade; 
reduzir acidentes de trabalho e faltas; melhorar a imagem 
da empresa; melhorar a utilização dos benefícios; realizar 
mapeamento social, diagnóstico social e clima 
organizacional; administrar benefícios, convênios e 
autogestão; sinistralidade de convênios; terceirização de 
controles administrativos; implantação de rotinas; suporte 
à área de RH. Podem ser realizados palestras, 
atendimentos individuais e em grupos e pesquisas. 
HABITAÇÃO 
Orientar equipes técnicas sociais dos estados, municípios 
e DF para implantação de programas habitacionais; apoiar 
mobilizações e organizações comunitárias; promover 
capacitação profissional e geração de trabalho e renda; 
desenvolver trabalhos socioambientais e ações 
informativas; estruturar características socioeconômicas 
da população. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 49 
JUDICIÁRIO 
Atuando como peritos em casos de pessoas que estão em 
situações de vulnerabilidade social e/ou que necessitem 
de proteção judicial. Realiza estudos sociais, elabora 
laudos e pareceres sociais para subsidiar as decisões do 
operador do direito. 
FONTE: Acervo pessoal. 
 
 
Pois bem, as áreas de atuação dos assistentes sociais são expostas de 
maneiras distintas, mas possibilitam uma visualização daquelas que são mais gerais 
ou mais conhecidas. 
Assim como é importante conhecer as áreas de atuaçãotambém é relevante 
identificarmos as temáticas exploradas na prática do Serviço Social. Por mais que 
essa tarefa seja prazerosa, não é possível apresentar todas as temáticas, já que em 
cada área apresentada os temas são diversos e nos faltaria tempo de apresentar 
com a qualidade necessária. Veremos aqui alguns temas relevantes e atuais que o 
assistente social se depara na sua rotina de trabalho. 
Sendo assim, teceremos algumas considerações sobre vulnerabilidade e 
risco social, infância e adolescência, a pessoa idosa e a mulher em situação de 
violência enquanto temas passíveis do trabalho do assistente social. Veremos 
também aspectos do Serviço Social e a importância da interdisciplinaridade - para 
complementar o que vimos no Módulo II sobre o assistente social e sua relação com 
profissionais da mesma e de diferentes áreas. Finalizaremos o Módulo III com 
instrumentos utilizados pelos assistentes sociais e as consequências éticas de sua 
má utilização. 
Vamos subir mais um degrau? 
 
 
4.1 FUNDAMENTAÇÕES SOBRE VULNERABILIDADE E RISCO SOCIAL 
 
 
Você, certamente, se é assistente social, já deve ter ouvido falar em 
vulnerabilidade social e risco social, já que muitos dos seguimentos sociais 
atendidos pelo Serviço Social se encontram nestas situações. Mas você já parou 
para pensar em que consiste cada um enquanto conceito? 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 50 
Por mais que pareça fácil esboçar uma definição, para os teóricos essa 
proposta é bem complexa, já que uma das tentativas é responder: o que vem antes, 
a vulnerabilidade social ou o risco social? 
Sem querer entrar em uma briga de galos e sem tentar responder o 
questionamento acima, nos apropriamos dos estudos de Deslandes e Souza (2009) 
para clarificar, ao menos neste momento, atributos dessas duas situações que 
segundo a Política Nacional de Assistência Social – PNAS (MDS, 2004) são, dentre 
outros, responsáveis pela exclusão social. 
As autoras apresentam alguns aspectos da vulnerabilidade social e do risco 
social na tentativa de distinguir os dois termos. Para tanto, elas lançam mão de 
estudos de vários autores sintetizados abaixo. 
Sobre a vulnerabilidade social, Deslandes e Souza (2009) expõem que a 
mesma se origina na produção e reprodução de desigualdades sociais, nos 
processos discriminatórios e de segregação, fazendo com que indivíduos e famílias 
fiquem fragilizados, levando-os à exclusão social. Esses aspectos são os mesmos 
ao tratarmos do risco social, sem qualquer distinção. 
Sua constituição advinda de fatores políticos, culturais e econômicos, 
exercendo, então, grande influência para a redução da capacidade de indivíduos ou 
grupos de responderem às situações que dificultam sua inserção social também é 
comum ao risco social. Ambos limitam a consolidação de seus direitos básicos de 
cidadania e fragilizam sua saúde. 
A distinção entre os conceitos é observada quando as autoras apresentam 
as definições elaboradas pelo Índice de Desenvolvimento das Famílias (IDF), citado 
por Deslandes e Souza (2009), que coloca que a vulnerabilidade social é um 
indicador da falta de acesso às necessidades básicas das famílias. 
Já o risco social se configura a partir do momento que se complexifica e se 
agrava as situações de vulnerabilidade. Ou seja, quando os direitos dos indivíduos, 
grupos e famílias foram violados ou rompidos (DESLANDES; SOUZA, 2009). 
Por fim, podemos registrar como última contribuição que a vulnerabilidade e 
risco social funcionam de maneira complementar. Contudo, esta relação não é 
direta, já que uma situação de vulnerabilidade não conduz, necessariamente, a uma 
situação de risco. Por sua vez, as situações de risco estabelecem novas 
vulnerabilidades. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 51 
Uma das formas para identificar o índice de vulnerabilidade social e risco 
social é por meio de indicadores elaborados para este fim. Os indicadores 
compreendem um conjunto de aspectos individuais e familiares permitindo que 
técnicos avaliem as condições em nível territorial. 
Apesar de apresentar um prospecto macro, sendo utilizado na maior para 
das vezes em pesquisas ou análises técnicas de uma referida população (um 
município, por exemplo) é válido conhecermos ao menos um modelo de indicadores 
para vulnerabilidade e risco social. 
O modelo apresentado a seguir foi apresentado por Santos (s/d) a partir de 
cinco indicadores: 
 
 Infraestrutura e serviços urbanos; 
 Educação; 
 Saúde; 
 Renda e mercado de trabalho; 
 Composição familiar. 
 
TABELA 6 
INDICADORES DESCRIÇÃO 
INFRAESTRUTURA 
E SERVIÇOS 
URBANOS 
 Condição de propriedade da habitação na qual reside a 
família; 
 Edificação do imóvel no qual reside a família; 
 Material predominante na edificação do imóvel; 
 Sistema de abastecimento de água; 
 Tratamento de água; 
 Iluminação; 
 Escoamento sanitário; 
 Destino do lixo; 
 Densidade domiciliar (número de moradores dividido 
pelo número de cômodos do domicílio); 
 Acesso ao domicílio. 
EDUCAÇÃO 
 
 Nível de escolaridade do chefe de família abaixo de 
quatro anos; 
 Atraso escolar; 
 Crianças entre sete e 18 anos que não frequentam a 
escola; 
 Analfabetismo; 
 Indivíduos entre 19 e 24 anos que não frequentam a 
escola e não têm ensino médio completo. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 52 
SAÚDE 
 Existência de deficientes; 
 Gravidez precoce; 
 Indivíduos dependentes de substâncias psicoativas 
(álcool e drogas); 
 Indivíduos em atendimento especializado e/ ou 
tratamento psiquiatra. 
RENDA E 
MERCADO DE 
TRABALHO 
 Rendimento familiar (renda per capita); 
 Idoso sem rendimento; 
 Taxa de dependência (nº de indivíduos entre 15 e 65 
anos ocupados dividido pelo total de moradores do 
domicílio); 
 Inserção ocupacional do chefe do domicílio (situação do 
chefe de família no mercado de trabalho); 
 Desemprego; 
 Mulher chefe de família; 
 Despesas com habitação; 
 Despesas com alimentação; 
 Despesas com medicamentos; 
 Trabalho infantojuvenil (domicílio no qual existem 
indivíduos com menos de 16 anos que trabalham). 
COMPOSIÇÃO 
FAMILIAR 
 Existência de crianças e adolescentes; 
 Existência de idosos; 
 Existência de adolescentes em conflito com a lei; 
 Existência de indivíduos (membros da família) em 
reclusão; 
 Existência de situações de violência doméstica, 
abandono, negligência e maus tratos. 
FONTE: Acervo pessoal. 
 
 
Falar de vulnerabilidade é, também, falar de segmentos mais vulneráveis da 
população. Não é por acaso que se considera, por exemplo, a presença de crianças 
e idosos no domicílio para a análise dos indicadores de vulnerabilidade e risco social 
como vimos no quadro acima. 
Isso se justifica porque são seres que requerem uma atenção especial por 
dependerem de cuidados de terceiros, em especial em casos em que se identifica 
alguma deficiência que limite sua rotina. 
A partir dessas considerações trataremos nos próximos três tópicos de 
crianças e adolescentes, idosos e mulheres com experiência de violência doméstica. 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 53 
 
 
4.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A INFÂNCIA E A ADOLESCÊNCIA 
 
 
Distante dos tempos que antecederam a promulgação da Constituição 
Federal Brasileira de 1988 (BRASIL, 1988), quando o direito integral de crianças e 
adolescentes não era contemplado, hoje, o reconhecimento dessa população 
enquanto sujeitos de direito, provocou uma guinada na legislação brasileira e na 
obrigatoriedade de criação de serviços e programas específicos para crianças e 
adolescentes. 
 
FIGURA 11 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.amparonews.net/2012/11/campanha-do-conselho-da-crianca-e-do.html>. Acesso em: 04 dez. 2012. 
 
 
Contudo, antes da promulgação da Carta Magna (1988) brasileira, marcos 
internacionais anteriores e outros nacionais posteriores a essa data são de extrema 
relevância para compreendermos a situação da criança e do adolescente no nosso 
país. A síntese está apresentada no quadro a seguir: 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 54 
 
 
TABELA 7 
DATA MARCOS SÍNTESE 
1948 
Declaração Universal dos 
Direitos Humanos 
Universaliza a igualdade de direitos entre todas as 
pessoas, sem fazer distinção de sexo, idade, raça, 
religião ou nacionalidade. 
1959 
Declaração Universal dos 
Direitos da Criança 
Primeiro documento legal a tratar exclusivamente da 
infância, a reconhece como etapa do ciclo de vida 
particular e elenca os princípios fundamentais dos 
seus direitos. 
1988 
Constituição Federal do 
Brasil 
Inclui a Doutrina de Proteção Integral, enfatiza a 
corresponsabilidade da família, da sociedade e do 
Estado na garantia dos direitos necessários para sua 
sobrevivência e desenvolvimento (Art. 227). 
1990 
Estatuto da Criança e do 
Adolescente 
Concretiza a legislação que direciona as ações para 
a infância e adolescência no Brasil. Pauta-se na 
compreensão da criança e do adolescente como 
sujeitos de direitos, elenca os direitos fundamentais e 
prevê a aplicação de medidas de responsabilização 
para a família, a sociedade e o próprio Estado. 
1993 
Lei Orgânica da 
Assistência Social (LOAS) 
Estabelece normas e critérios para a organização da 
assistência social, incluindo o amparo às crianças e 
adolescentes carentes e em situação de risco 
pessoal e social. 
2006 
Plano Nacional de 
Convivência Familiar e 
Comunitária 
Trata da garantia da convivência familiar e 
comunitária. 
2006 
Plano Nacional de 
Enfrentamento de 
Violência Sexual 
Infantojuvenil 
Sistematiza a implementação de ações de 
enfrentamento às situações de violência. 
2009 Lei Nº 12.010/2009 
Promove a alteração de vários artigos do ECA, em 
especial, nos que tratam da adoção, o conceito de 
família natural, políticas de atendimento, medidas 
protetivas, papel do Conselho Tutelar. 
2009 
Tipificação Nacional de 
Serviços 
Socioassistenciais 
Apresenta e descreve os serviços socioassistenciais 
da Proteção Social Básica e Proteção Social 
Especial, dentre eles aqueles destinados ao 
atendimento de crianças e adolescentes. 
2009 
Orientações Técnicas: 
serviços de acolhimento 
para crianças e 
adolescentes 
Contribui para o reordenamento e funcionamento dos 
serviços de acolhimento com vistas à reintegração 
familiar. 
2010 
Plano Nacional da Primeira 
Infância 
Propõe ações de promoção e realização dos direitos 
da criança até seis anos de idade nos próximos 12 
anos. 
2011 
Plano Nacional de 
Prevenção e Erradicação 
do Trabalho Infantil e 
Proteção ao Adolescente 
Trabalhador 
Estabelece metas para eliminar as piores formas de 
trabalho infantil até 2015 e erradicar a totalidade do 
trabalho infantil até 2020. 
FONTE: Acervo pessoal. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 55 
 
Dos marcos apresentados acima, destaca-se o Estatuto da Criança e do 
Adolescente – ECA (BRASIL, 1993) que, em síntese, apresenta os seguintes direitos 
fundamentais e suas especificações: 
 
FIGURA 12 
 
FONTE: Acervo pessoal. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 56 
 
No que corresponde à ética profissional da criança e do adolescente, não 
podemos afirmar que o código de ética correspondente descreve particularidades 
sobre este atendimento. Porém, podemos, por meio de outras resoluções e 
discussões apresentar algumas ponderações de outras áreas que servem aos 
assistentes sociais de maneira informal. 
 
 Considerar a infância e a adolescência como construções sociais, 
históricas e culturais (Resolução CFP nº 010/2010). 
 Atuar na perspectiva da integralidade, considerando a violência como 
fenômeno complexo, multifatorial, social, cultural e historicamente 
construído, implicando em abordagem intersetorial e interprofissional 
(Resolução CFP nº 010/2010). 
 Respeitar os direitos preconizados pelas leis (Resolução CFP nº 
010/2010). 
 Oferecer suporte às crianças, aos adolescentes e suas famílias 
potencializando suas competências (Resolução CFP nº 010/2010). 
 Considerar a complexidade das relações afetivas, familiares e sociais no 
processo de desenvolvimento (Resolução CFP nº 010/2010). 
 Oferecer atendimento em espaço físico apropriado para resguardar a 
privacidade do atendimento (Resolução CFP nº 010/2010). 
 Trabalhar, sempre que possível, com a rede de proteção (Resolução CFP 
nº 010/2010). 
 Produzir documentos que constem apenas informações relevantes 
(Resolução CFP nº 010/2010). 
 Atuar em equipe multiprofissional quando necessário (Resolução CFP nº 
010/2010). 
 Comunicar, obrigatoriamente, ao Conselho Tutelar, ou tomar outras 
providências legais, os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos 
contra crianças e adolescentes (ECA, Art. 13, 1990). 
 
No trabalho com adolescentes na área da saúde, Taquette (2010) aponta 
como principais situações geradoras de conflito ético: 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 57 
 
 
 Proibição da família na realização de consultas médicas sem sua 
presença; 
 Violência estrutural; 
 Atividade sexual e contracepção antes dos 15 anos; 
 Trabalho na adolescência; 
 Pesquisa científica; 
 HIV/AIDS; 
 Relação entre médico e paciente; 
 Abordagem bioética. 
 
 
4.3 PENSANDO A SITUAÇÃO DO IDOSO 
 
 
FIGURA 13 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.estatutodoidoso.com/quais-os-pontos-positivos-do-estatuto-do-
idoso/>. Acesso em: 05 jan. 2013. 
 
 
A Constituição Federal Brasileira, ao descrever o público-alvo de direitos, 
engloba toda a população brasileira sem distinção de qualquer atributo, sejam eles 
idade, sexo, raça, etnia e outros. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 58 
 
Somente em 2003, com a aprovação da Lei nº 10.741/2003, a regulação dos 
direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 anos foi 
sintetizada no Estatuto do Idoso a partir da apresentação dos seus direitos 
fundamentais, das políticas de atendimento, do acesso à Justiça e outros. 
Consta no Capítulo VII do Título I, o direito à assistência social: 
 
Art. 33. A assistência social aos idosos será prestada, de forma articulada, 
conforme os princípios e diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência 
Social, na Política Nacional do Idoso, no Sistema Único de Saúde e demais 
normas pertinentes. 
Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que não 
possuam meios para prover sua subsistência, nem de tê-la provida por sua 
família, é assegurado o benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos 
termos da Lei Orgânica da Assistência Social – Loas. 
Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro da família 
nos termos do caput não será computado para os fins do cálculo da renda 
familiar per capita a que se refere a Loas. 
Art. 35. Todas as entidades de longa permanência, ou casa-lar, são 
obrigadas a firmar contrato de prestação de serviços com a pessoa idosa 
abrigada. 
§ 1
o
 No caso de entidades filantrópicas, ou casa-lar, é facultada a cobrança 
de participação do idoso no custeio da entidade. 
§ 2
o
 O Conselho Municipal do Idoso ou o Conselho Municipal da Assistência 
Social estabelecerá a forma de participação prevista no § 1
o
, que não 
poderá exceder a 70% (setenta por cento) de qualquer benefício 
previdenciário ou de assistência social percebido pelo idoso. 
§ 3
o
 Se a pessoa idosa for incapaz, caberá a seu representante legal firmar 
ocontrato a que se refere o caput deste artigo. 
Art. 36. O acolhimento de idosos em situação de risco social, por adulto ou 
núcleo familiar, caracteriza a dependência econômica, para os efeitos 
legais. 
 
Ao discutir os aspectos éticos do Serviço Social e sua relação com os 
direitos dos idosos, Luchetti e Almeida (s/d) delimitam alguns pontos que devem ser 
considerados na atuação do assistente social: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Compreender que o idoso está inserido em um contexto específico de exclusão 
e vulnerabilidade, já que é visto como uma pessoa fraca, incapaz, inútil e 
dependente. 
Lutar pelo reconhecimento e afirmação dos direitos sociais. 
Produzir conhecimento para efetivação e defesa dos direitos sociais, bem como 
para conhecer melhor a população atendida e providenciar ações de atenção. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 59 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4.4 REFLETINDO SOBRE A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER 
 
 
As reflexões sobre a violência contra a mulher é uma discussão cuja 
transversalidade perpassa diretamente as questões de gênero. Isso significa que 
existe uma relação de poder ajuizada por uma cultura milenar machista que, 
conforme Marcos (2009), condena a violência doméstica à invisibilidade, já que ela 
acaba por se inserir no contexto histórico e cultural da relações entre homem e 
mulher – relações privadas. 
Apesar de ocorrer nas diversas relações sociais, a violência contra a mulher 
ocorre de forma preponderante nas relações domésticas já constatadas pelos altos 
índices de ocorrência, principalmente nas relações familiares (BRASIL, 2003). 
A constatação dos inúmeros casos no Brasil provocou a criação da Lei Nº 
11.340 de 2006, mais conhecida como Lei Maria da Penha, que dispõe: 
 
Art. 7º. São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre 
outras: 
I – a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua 
integridade ou saúde corporal; 
II – a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause 
dano emocional e diminuição da autoestima ou que prejudique e perturbe o 
pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, 
comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, 
humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição 
contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do 
direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde 
psicológica e à autodeterminação; 
III – a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja 
a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, 
Incluir a família no processo de acompanhamento dos idosos, em especial, nos 
casos em que for identificada alguma forma de violência praticada pelos 
mesmos. 
Realizar trabalho multidisciplinar e em rede. 
Atuar em prol da consolidação da Política Nacional e do Estatuto do Idoso. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 60 
mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da forma; que a induza a 
comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a 
impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao 
matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, 
chantagem, suborno ou manipulação; ou que anule o exercício de seus 
direitos sexuais e reprodutivos; 
IV – violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure 
retenção, subtração, destruição ou total de seus objetos, instrumentos de 
trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos 
econômicos, incluindo os destinados a satisfazer as suas necessidades; 
V – a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure 
calúnia, difamação ou injúria. 
 
Ainda no Artigo 9º da referida Lei consta que a assistência à mulher em 
situação de violência doméstica deverá seguir as diretrizes da Lei Orgânica da 
Assistência Social (LOAS), do Sistema Único de Saúde (SUS) e no Sistema Único 
de Segurança Pública (SUSP). 
Os aspectos éticos do atendimento às mulheres vítimas de violência 
doméstica são apresentados por Narvaz e Koller (2006) a partir de alguns 
questionamentos traduzidos aqui em algumas orientações: 
 
 Considerar a história de vida dessas mulheres; 
 Conhecer suas vivências nas famílias de origem; 
 Verificar o histórico de violência sofrida desde a infância, como estas 
experiências foram superadas; 
 Verificar se elas presenciaram a violência conjugal por outros membros 
da família; 
 Conhecer as formas de violência presentes na relação com o parceiro 
abusivo; 
 Identificar aspectos que potencializam a violência doméstica como, por 
exemplo, o uso de álcool e outras drogas pelos parceiros; 
 Identificar o papel das mulheres na dinâmica da violência conjugal atual; 
 Estabelecer estratégias de enfrentamento à violência considerando 
aspectos relevantes como a dependência financeira e emocional; 
 Trabalhar os estereótipos dobre o papel da mulher na atualidade; 
 Identificar redes de apoio familiar, social e comunitário; 
 Conhecer e realizar estudos que possibilitem um enfrentamento a esse 
tipo de violência. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 61 
Não podemos deixar de considerar as contribuições de Czapski (s/d) ao 
estudar a relação do Serviço Social, ética e atendimento às mulheres vítimas de 
violência. 
Primeiramente, a autora pondera que ao trabalhar com a temática da 
violência doméstica o Serviço Social enfrenta vários desafios, pois as diversas áreas 
em que está presente - saúde, a segurança pública e a assistência social - não 
conseguem atender às mulheres de forma integral e articulada. Cabe ressaltar que a 
falta de articulação entre as diversas áreas de atenção são muito frágeis ou 
inexistem prejudicando ações de enfrentamento e de prevenção. 
Suas considerações sobre a dimensão ético-política orienta o profissional do 
Serviço Social a exercer um papel para orientar as mulheres a discutirem seus 
direitos, além de se posicionar a favor da luta por políticas que venham a suprir as 
necessidades reais das vítimas. 
A dimensão ético-política envolve outras dimensões e instrumentos 
(CZAPSKI, s/d). A saber: 
 
TABELA 8 
DIMENSÃO 
Teórico-metodológica Subsidia o profissional na criação de estratégias para 
o enfrentamento das demandas apresentadas. 
Técnico-operativa Instrumentaliza o profissional para a atuação e 
intervenção junto às demandas apresentadas. 
INSTRUMENTOS 
Instrumentos técnicos 
operativos 
Entrevista, visita domiciliar, reuniões em grupo, equipe 
multiprofissional e rede, documentação, relatórios, 
parecer social, planejamento de programas, projetos, 
construção de indicadores, pesquisa. 
Entrevista Exige do profissional uma escuta aos problemas 
apresentados sem fazer julgamentos de valores e 
sempre mantendo uma relação de respeito com a 
usuária de seus serviços. 
Outros instrumentos Documentação e a elaboração de relatórios para 
apresentar as situações de risco e vulnerabilidade 
identificadas. O parecer social é fundamental para 
viabilizar os direitos sociais necessários às mulheres 
para o rompimento com as situações violentas. 
FONTE: Acervo pessoal 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 62 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 14 FIGURA 15 
 
 
 
FONTE: Disponível em: 
<http://www.dasm.mar.mil.br/ artigo03.php>. 
Acesso em: 05 jan. 2013. 
FONTE: Disponível em: 
<http://www.dasm.mar.mil.br/ artigo03.php>. 
Acesso em: 05 jan. 2013. 
 
“Aos assistentes sociais cabe a clareza de saber se apropriar dos 
instrumentais de forma correta, e fazer uma ponte com as orientações teórico-
metodológicas, sempre pautadas no projeto ético-político da profissão,a fim 
de na atuação junto às vítimas de violência doméstica poder estimular a 
denúncia, esclarecer os direitos, incentivar o registro da queixa, orientar sobre 
os exames de corpo delito, realizar dinâmicas e reuniões para resgatar a 
autoestima, elaborar pareceres, encaminhar as vítimas aos programas 
assistenciais e também para as ações da rede de saúde, e por fim exercitar o 
trabalho em rede nos diversos tipos de atendimento necessários à mulher 
vítima de violência doméstica”. 
(CZAPSKI, s/d, p. 326) 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 63 
 
 
4.5 SERVIÇO SOCIAL E INTERDISCIPLINARIDADE 
 
Conforme Ely (2003), a ideia de interdisciplinaridade se originou da 
fragmentação dos saberes e da impossibilidade de atenderem às exigências e 
complexidades dos problemas de forma isolada. Sua efetuação ocorre por meio de 
duas abordagens descritas por Nogueira (1997, apud Ely 2003). A primeira 
abordagem corresponde à construção do conhecimento, ou seja, à junção dos 
conhecimentos das diferentes disciplinas. A segunda se refere à aplicação da 
interdisciplinaridade como método de trabalho, isto é, na ação interativa nas ações 
de problemas práticos. 
Dentre os vários conceitos apresentados, temos o de Japiassu (1976, p. 74): 
“A interdisciplinaridade caracteriza-se pela intensidade das trocas entre os 
especialistas e pelo grau de interação real das disciplinas no interior de um mesmo 
projeto de pesquisa”. 
Em geral, o conceito de interdisciplinaridade se confunde com outros que 
parecem similaridades. Esse fato torna necessário apresentar alguns conceitos e 
caracterizá-los. Apropriamo-nos das definições de Vasconcelos (1997) apresentadas 
por Ely (2003, p. 114). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Multidisciplinaridade 
Pluridisciplinaridade 
Interdisciplinaridade 
Auxiliar 
Transdisciplinaridade 
Interdisciplinaridade 
O trabalho ocorre de forma isolada, geralmente com 
troca e cooperação mínima entre as disciplinas. 
As disciplinas se agrupam de forma sobreposta, com 
cooperação, porém cada profissional decide 
isoladamente. 
Uma disciplina predomina sobre as demais, 
coordenando-as. 
A coordenação é realizada por todas as disciplinas e 
interdisciplinas, propondo a criação de um campo com 
autonomia teórica, disciplinar e operativa. 
As relações profissionais e de poder tendem à 
horizontalidade, as estratégias de ação são comuns e 
estabelece-se uma troca recíproca de conhecimento 
entre as diferentes disciplinas. 
 
 
 
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 64 
O trabalho em equipe torna-se condição para sua própria existência e, 
portanto, seus membros devem facilitar as trocas interpessoais e pautar objetivos 
comuns com interdependência, coesão e cooperação (ELY, 2003). A autora 
acrescenta que “é preciso haver respeito à autonomia e à criatividade inerentes a 
cada uma destas áreas, para que não sejam influenciadas ou excluídas deste 
processo” (ELY, 2003, p. 114). 
 
FIGURA 16 
 
FONTE: Disponível em: <http://espiritismocomprofundidade. blogspot.com.br/2012/07/blog-
post.html>. Acesso em: 05 jan. 2013. 
 
 
Santos (s/d) afirma que a interdisciplinaridade no serviço social está 
relacionada diretamente com a atuação do assistente social nas instituições. Ao 
buscar novas formas de executar seu trabalho, este profissional compartilha um 
espaço de troca mútua entre os demais profissionais, promovendo um maior 
entendimento da complexidade das demandas e os limites de sua especialidade 
(ELY, 2003). 
No contexto interdisciplinar, o assistente social deve mediar os usuários e a 
equipe técnica, sendo o assistente social um profissional instrumentado 
tecnicamente detentor do saber, facilitando a integração e o desenvolvimento do 
trabalho, pois consegue ter uma visão um pouco mais ampla da situação (ROCHA; 
GIMENEZ, 2010, p. 2). 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 65 
As autoras ressaltam que, baseado no Código de Ética Profissional do 
Assistente Social e nos princípios do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), 
cabe a este profissional: 
 
 Ter uma visão ampla da situação apresentada para compreender a 
necessidade de cada parte e condensá-las. 
 Discutir e avaliar o tratamento (diagnóstico, prognóstico e acompanhamento). 
 Intervir quando a equipe identificar que o indivíduo ou família não está 
seguindo as orientações que buscam uma evolução da situação. 
 Acolher o indivíduo ou família quando queixas contra membros da equipe 
foram apresentadas pelas mesmas e sugerir formas de amenizar os 
problemas. 
 
Não podemos esquecer que: 
 
A interdisciplinaridade é incentivada pelo Código de Ética do Assistente 
Social, no qual consta que a participação em equipes interdisciplinares é 
apresentada como um dever profissional a ser cumprido. Esse dever 
relaciona-se com um dos princípios fundamentais do Código de Ética ao se 
referir ao compromisso com a qualidade dos serviços prestados à 
população e com o aprimoramento intelectual em sua competência 
profissional (ELY, 2003, p. 114). 
 
 
4.6 ESTUDO SOCIAL, LAUDOS, RELATÓRIOS TÉCNICOS: IMPLICAÇÕES 
ÉTICAS 
 
 
O Art. 4º, inciso XI, do Código de Ética Profissional do Assistente Social, 
autoriza que o assistente social realize estudo socioeconômico com fins de benefício 
e serviços sociais junto à administração pública, empresas privadas e outras 
entidades. 
Ainda neste Código é permitido ao profissional realizar vistorias, perícias 
técnicas, laudos periciais, informação e pareceres sobre atividades de sua 
competência (Art. 5º). 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 66 
No ano de 2009, por meio da Resolução 557 do CFESS, foram aprovadas 
as normas para emissão de documentos técnicos (laudo/parecer e relatório) 
elaborados por assistentes sociais. Uma síntese de seu conteúdo está apresentada 
no quadro abaixo: 
 
- Os documentos devem ser elaborados com ampla autonomia, desde que 
respeitem as normas legais, técnicas e éticas de sua profissão. 
- Deve integrar equipes multiprofissionais, bem como incentivar e estimular o 
trabalho interdisciplinar sempre que possível. 
- Deve garantir as especificidades de sua área ao atuar em equipe multidisciplinar e 
sua opinião técnica deve ser apresentada separadamente delimitando sua atuação, 
seu objeto, instrumentos utilizados, análise social e outros. 
- No atendimento multiprofissional, a avaliação e discussão da situação poderão ser 
multiprofissionais, respeitando a conclusão manifestada por escrito pelo assistente 
social. 
- Quando identificada uma conduta antiética em documentos técnicos, o assistente 
social responderá pela infração. 
 
 
Os laudos/pareceres e relatórios têm como função propor ações que possam 
contribuir para alterações nas demandas recebidas, sejam elas no nível da 
intervenção direta ou relacionadas às políticas sociais (MARCIO, 2012). 
O estudo social, dentre outros instrumentos utilizados pelos assistentes 
sociais, objetiva conhecer e analisar minuciosamente a situação apresentada pelos 
indivíduos, famílias ou grupos (MIOTO, 2001). Assim como o autor, Fávero (2010, p. 
42-43) apresenta a seguinte definição: “(...) processo metodológico específico do 
Serviço Social, que tem por finalidade conhecer com profundidade, e de forma 
crítica, uma determinada situação ou expressão da questão social”. 
Para realizar o estudo social o assistente social deverá utilizar-se de 
entrevistas, visitas domiciliares, pesquisa documental e bibliográfica, observações 
ou juntada de documentos (GERBER, 2011). O resultado final da junção das 
informações coletadas neste estudo é apresentado por meio de laudo/parecer ou 
relatório.AN02FREV001/REV 4.0 
 67 
O laudo é elaborado a partir de dados minuciosos sobre as condições 
socioeconômicas, familiares, comunitárias e outras relevantes dos indivíduos, 
famílias e grupos. Seus elementos permitem uma tomada de decisões sobre os 
direitos fundamentais e sociais, principalmente, na esfera judicial. 
O relatório, segundo Marcio (2012), é um documento que apresenta uma 
apreciação final do caso atendido. É, portanto, uma descrição ordenada sobre os 
dados observados por meio de instrumentos técnico-metodológicos (COSTA, s/d). 
Toda e qualquer documentação elaborada pelo profissional do Serviço 
Social deve ser conduzida pelas diretrizes éticas que lhe são facultadas (SOUZA, 
2012). Márcio (2012) propõe pensar a ética a partir dos questionamentos que o 
assistente social deve fazer a si mesmo: 
 
1. Qual é a real finalidade do estudo social nesse campo de intervenção, e como 
planejar o trabalho, de maneira que a finalidade se articule ao domínio dos 
meios para chegar até ela? Para quê? 
2. Quais implicações na vida do sujeito essa decisão trará? 
3. Que responsabilidade tem o profissional do Serviço Social nessa decisão? 
4. O assistente social tem clareza de que a “verdade” é histórica, construída 
socialmente? Poder-saber articula-se à liberdade e à autonomia profissional, 
significa que ele se apresenta também “como possibilidade de escolha, de 
definição entre alternativas de ação”. A escolha dos meios relaciona-se 
diretamente aos fins. 
5. Quais são, então, os meios que o profissional deve escolher e os fins que 
pretende ao realizar um estudo social? 
 
E refletindo sobre estes questionamentos encerramos o nosso Módulo. 
 
 
 
 
FIM DO MÓDULO III

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