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AN02FREV001/REV 4.0 44 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE ÉTICA NO SERVIÇO SOCIAL Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 45 CURSO DE ÉTICA NO SERVIÇO SOCIAL MÓDULO III Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 46 MÓDULO III 4 ÉTICA, SERVIÇO SOCIAL E ÁREAS DE ATUAÇÃO A ética profissional envolve a área do serviço social como um todo. Não existe uma atividade que não esteja regulada pelo código de ética. Sendo, assim é importante pensar a ética em situações distintas. Isso porque em alguns momentos não conseguimos vislumbrar a amplitude dessa profissão, outras porque desconhecemos certos temas tratados em alguns serviços e que podem nos mobilizar (em um sentido negativo) ou paralisar quando nos deparamos com elas. O que foi exposto acima pode parecer bobagem. Mas será? Será que estamos preparados para tudo? Será que estamos blindados emocionalmente diante da realidade que podemos encontrar? Os questionamentos não cessam por aí. Como ficam os usuários dos serviços quando não conseguimos lidar com certas situações? Será que isso facilita condutas antiéticas? Será que conseguimos identificar que nossos comportamentos não estão seguindo as normas éticas profissionais? Talvez seja muito difícil responder a essas questões porque em vários casos só conseguimos fazer uma avaliação segura quando já estamos na prática. Mas nem sempre ser assistente social requer um contato direto com um indivíduo ou uma família ou um grupo de adultos/crianças/adolescentes/mulheres. Antes de discutirmos algumas áreas específicas, vamos conhecer quais as áreas de atuação do assistente social. De acordo com a Comissão de Orientação e Fiscalização Profissional do CFESS – COFI/CFESS (2013), é área de atuação de o assistente social desenvolver ou propor políticas públicas que possibilitem o acesso dos diferentes segmentos da população aos serviços e benefícios sociais fazendo valer seu direito à Seguridade Social como consta no Art. 194 da Constituição Federal do Brasil (BRASIL, 1988), que a define como sendo “um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes AN02FREV001/REV 4.0 47 Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”. Além disso, o COFI/CFESS (2013) delimita algumas problemáticas de que se ocupam os assistentes sociais: a) Crianças: em situação de rua, trabalho infantil, com dificuldades familiares ou escolares, fora da escola, em risco social, com deficiências, sem família, usuárias de drogas, internadas, doentes e outras situações. b) Adultos: desempregados, usuários de drogas, em conflito familiar ou conjugal, aprisionados, em conflito nas relações de trabalho, hospitalizados, doentes, organizados em grupos de interesses políticos em defesa de direitos, portadores de deficiências e outras situações. c) Idosos: asilados, isolados, organizados em centros de convivência, hospitalizados, doentes e outras situações. d) Minorias étnicas e demais expressões da questão social. Em um formato mais agregado, a Universidade Federal de Santa Maria – UFSM (2013) apresenta as áreas de atuação do assistente social a partir de quatro blocos: Entidades Públicas: hospitais, albergues, abrigos, presídios, prefeituras, judiciário, escolas e outras. Entidades Privadas: empresas industriais, comerciais e de serviços. Entidades Socioassistenciais: Organizações Não Governamentais (ONGs), associações de moradores. Outras áreas: instituições de ensino, pesquisa, assessoria e consultoria em Serviço Social. O Blog de Serviço Social (2013) apresenta as áreas de atuação de forma mais minuciosa e acrescenta algumas às já mencionadas anteriormente que passam despercebidas quando tentamos definir este item. Vejamos a tabela abaixo: AN02FREV001/REV 4.0 48 TABELA 5 MEIO AMBIENTE Sua intervenção está relacionada a novas situações geradas pelo confronto que passa a existir entre a população e pelos efeitos causados pelos empreendimentos. Um exemplo é a construção de usinas hidrelétricas onde o papel do assistente social é aumentar as ações para o desenvolvimento da política energética. Com a desapropriação das terras, a população fica desalojada e situações de conflitos são criadas. PESQUISADOR DO MEIO AMBIENTE Estudar os impactos ambientais gerados ou estudar os impactos causados no meio ambiente. SAÚDE Assegurar a integralidade e intersetorialidade das ações, ser agente de interação entre o Sistema Único de Saúde (SUS) com as demais políticas sociais. Cabe ao assistente social desenvolver atividades educativas e de incentivo à participação da comunidade na realização de ações para a prevenção, recuperação e controle do processo saúde/doença. EDUCAÇÃO Envolve processos socioinstitucionais e as relações sociais, familiares e comunitárias para uma educação cidadã, nas quais o acesso aos direitos sociais é decisivo. ASSISTÊNCIA SOCIAL (Política Pública) Busca o fortalecimento dos usuários como sujeito de direitos e o fortalecimento das políticas públicas. Trabalha a autonomia dos sujeitos, ressaltando o potencial de indivíduos, famílias e comunidades com o objetivo de romper processos de exclusão, marginalização, assistencialismo e tutela. EMPRESA Resolução ou contenção de situação conflituosa ou de dificuldades na produção ou nas relações sociais, incluindo as famílias dos funcionários. ASSESSORIA E CONSULTORIA Formular, gerir, implementar e avaliar políticas, projetos sociais, elaborar estudos e pesquisas. CONSULTORIA Oferecer alternativas para a elevação da produtividade; reduzir acidentes de trabalho e faltas; melhorar a imagem da empresa; melhorar a utilização dos benefícios; realizar mapeamento social, diagnóstico social e clima organizacional; administrar benefícios, convênios e autogestão; sinistralidade de convênios; terceirização de controles administrativos; implantação de rotinas; suporte à área de RH. Podem ser realizados palestras, atendimentos individuais e em grupos e pesquisas. HABITAÇÃO Orientar equipes técnicas sociais dos estados, municípios e DF para implantação de programas habitacionais; apoiar mobilizações e organizações comunitárias; promover capacitação profissional e geração de trabalho e renda; desenvolver trabalhos socioambientais e ações informativas; estruturar características socioeconômicas da população. AN02FREV001/REV 4.0 49 JUDICIÁRIO Atuando como peritos em casos de pessoas que estão em situações de vulnerabilidade social e/ou que necessitem de proteção judicial. Realiza estudos sociais, elabora laudos e pareceres sociais para subsidiar as decisões do operador do direito. FONTE: Acervo pessoal. Pois bem, as áreas de atuação dos assistentes sociais são expostas de maneiras distintas, mas possibilitam uma visualização daquelas que são mais gerais ou mais conhecidas. Assim como é importante conhecer as áreas de atuaçãotambém é relevante identificarmos as temáticas exploradas na prática do Serviço Social. Por mais que essa tarefa seja prazerosa, não é possível apresentar todas as temáticas, já que em cada área apresentada os temas são diversos e nos faltaria tempo de apresentar com a qualidade necessária. Veremos aqui alguns temas relevantes e atuais que o assistente social se depara na sua rotina de trabalho. Sendo assim, teceremos algumas considerações sobre vulnerabilidade e risco social, infância e adolescência, a pessoa idosa e a mulher em situação de violência enquanto temas passíveis do trabalho do assistente social. Veremos também aspectos do Serviço Social e a importância da interdisciplinaridade - para complementar o que vimos no Módulo II sobre o assistente social e sua relação com profissionais da mesma e de diferentes áreas. Finalizaremos o Módulo III com instrumentos utilizados pelos assistentes sociais e as consequências éticas de sua má utilização. Vamos subir mais um degrau? 4.1 FUNDAMENTAÇÕES SOBRE VULNERABILIDADE E RISCO SOCIAL Você, certamente, se é assistente social, já deve ter ouvido falar em vulnerabilidade social e risco social, já que muitos dos seguimentos sociais atendidos pelo Serviço Social se encontram nestas situações. Mas você já parou para pensar em que consiste cada um enquanto conceito? AN02FREV001/REV 4.0 50 Por mais que pareça fácil esboçar uma definição, para os teóricos essa proposta é bem complexa, já que uma das tentativas é responder: o que vem antes, a vulnerabilidade social ou o risco social? Sem querer entrar em uma briga de galos e sem tentar responder o questionamento acima, nos apropriamos dos estudos de Deslandes e Souza (2009) para clarificar, ao menos neste momento, atributos dessas duas situações que segundo a Política Nacional de Assistência Social – PNAS (MDS, 2004) são, dentre outros, responsáveis pela exclusão social. As autoras apresentam alguns aspectos da vulnerabilidade social e do risco social na tentativa de distinguir os dois termos. Para tanto, elas lançam mão de estudos de vários autores sintetizados abaixo. Sobre a vulnerabilidade social, Deslandes e Souza (2009) expõem que a mesma se origina na produção e reprodução de desigualdades sociais, nos processos discriminatórios e de segregação, fazendo com que indivíduos e famílias fiquem fragilizados, levando-os à exclusão social. Esses aspectos são os mesmos ao tratarmos do risco social, sem qualquer distinção. Sua constituição advinda de fatores políticos, culturais e econômicos, exercendo, então, grande influência para a redução da capacidade de indivíduos ou grupos de responderem às situações que dificultam sua inserção social também é comum ao risco social. Ambos limitam a consolidação de seus direitos básicos de cidadania e fragilizam sua saúde. A distinção entre os conceitos é observada quando as autoras apresentam as definições elaboradas pelo Índice de Desenvolvimento das Famílias (IDF), citado por Deslandes e Souza (2009), que coloca que a vulnerabilidade social é um indicador da falta de acesso às necessidades básicas das famílias. Já o risco social se configura a partir do momento que se complexifica e se agrava as situações de vulnerabilidade. Ou seja, quando os direitos dos indivíduos, grupos e famílias foram violados ou rompidos (DESLANDES; SOUZA, 2009). Por fim, podemos registrar como última contribuição que a vulnerabilidade e risco social funcionam de maneira complementar. Contudo, esta relação não é direta, já que uma situação de vulnerabilidade não conduz, necessariamente, a uma situação de risco. Por sua vez, as situações de risco estabelecem novas vulnerabilidades. AN02FREV001/REV 4.0 51 Uma das formas para identificar o índice de vulnerabilidade social e risco social é por meio de indicadores elaborados para este fim. Os indicadores compreendem um conjunto de aspectos individuais e familiares permitindo que técnicos avaliem as condições em nível territorial. Apesar de apresentar um prospecto macro, sendo utilizado na maior para das vezes em pesquisas ou análises técnicas de uma referida população (um município, por exemplo) é válido conhecermos ao menos um modelo de indicadores para vulnerabilidade e risco social. O modelo apresentado a seguir foi apresentado por Santos (s/d) a partir de cinco indicadores: Infraestrutura e serviços urbanos; Educação; Saúde; Renda e mercado de trabalho; Composição familiar. TABELA 6 INDICADORES DESCRIÇÃO INFRAESTRUTURA E SERVIÇOS URBANOS Condição de propriedade da habitação na qual reside a família; Edificação do imóvel no qual reside a família; Material predominante na edificação do imóvel; Sistema de abastecimento de água; Tratamento de água; Iluminação; Escoamento sanitário; Destino do lixo; Densidade domiciliar (número de moradores dividido pelo número de cômodos do domicílio); Acesso ao domicílio. EDUCAÇÃO Nível de escolaridade do chefe de família abaixo de quatro anos; Atraso escolar; Crianças entre sete e 18 anos que não frequentam a escola; Analfabetismo; Indivíduos entre 19 e 24 anos que não frequentam a escola e não têm ensino médio completo. AN02FREV001/REV 4.0 52 SAÚDE Existência de deficientes; Gravidez precoce; Indivíduos dependentes de substâncias psicoativas (álcool e drogas); Indivíduos em atendimento especializado e/ ou tratamento psiquiatra. RENDA E MERCADO DE TRABALHO Rendimento familiar (renda per capita); Idoso sem rendimento; Taxa de dependência (nº de indivíduos entre 15 e 65 anos ocupados dividido pelo total de moradores do domicílio); Inserção ocupacional do chefe do domicílio (situação do chefe de família no mercado de trabalho); Desemprego; Mulher chefe de família; Despesas com habitação; Despesas com alimentação; Despesas com medicamentos; Trabalho infantojuvenil (domicílio no qual existem indivíduos com menos de 16 anos que trabalham). COMPOSIÇÃO FAMILIAR Existência de crianças e adolescentes; Existência de idosos; Existência de adolescentes em conflito com a lei; Existência de indivíduos (membros da família) em reclusão; Existência de situações de violência doméstica, abandono, negligência e maus tratos. FONTE: Acervo pessoal. Falar de vulnerabilidade é, também, falar de segmentos mais vulneráveis da população. Não é por acaso que se considera, por exemplo, a presença de crianças e idosos no domicílio para a análise dos indicadores de vulnerabilidade e risco social como vimos no quadro acima. Isso se justifica porque são seres que requerem uma atenção especial por dependerem de cuidados de terceiros, em especial em casos em que se identifica alguma deficiência que limite sua rotina. A partir dessas considerações trataremos nos próximos três tópicos de crianças e adolescentes, idosos e mulheres com experiência de violência doméstica. AN02FREV001/REV 4.0 53 4.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A INFÂNCIA E A ADOLESCÊNCIA Distante dos tempos que antecederam a promulgação da Constituição Federal Brasileira de 1988 (BRASIL, 1988), quando o direito integral de crianças e adolescentes não era contemplado, hoje, o reconhecimento dessa população enquanto sujeitos de direito, provocou uma guinada na legislação brasileira e na obrigatoriedade de criação de serviços e programas específicos para crianças e adolescentes. FIGURA 11 FONTE: Disponível em: <http://www.amparonews.net/2012/11/campanha-do-conselho-da-crianca-e-do.html>. Acesso em: 04 dez. 2012. Contudo, antes da promulgação da Carta Magna (1988) brasileira, marcos internacionais anteriores e outros nacionais posteriores a essa data são de extrema relevância para compreendermos a situação da criança e do adolescente no nosso país. A síntese está apresentada no quadro a seguir: AN02FREV001/REV 4.0 54 TABELA 7 DATA MARCOS SÍNTESE 1948 Declaração Universal dos Direitos Humanos Universaliza a igualdade de direitos entre todas as pessoas, sem fazer distinção de sexo, idade, raça, religião ou nacionalidade. 1959 Declaração Universal dos Direitos da Criança Primeiro documento legal a tratar exclusivamente da infância, a reconhece como etapa do ciclo de vida particular e elenca os princípios fundamentais dos seus direitos. 1988 Constituição Federal do Brasil Inclui a Doutrina de Proteção Integral, enfatiza a corresponsabilidade da família, da sociedade e do Estado na garantia dos direitos necessários para sua sobrevivência e desenvolvimento (Art. 227). 1990 Estatuto da Criança e do Adolescente Concretiza a legislação que direciona as ações para a infância e adolescência no Brasil. Pauta-se na compreensão da criança e do adolescente como sujeitos de direitos, elenca os direitos fundamentais e prevê a aplicação de medidas de responsabilização para a família, a sociedade e o próprio Estado. 1993 Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) Estabelece normas e critérios para a organização da assistência social, incluindo o amparo às crianças e adolescentes carentes e em situação de risco pessoal e social. 2006 Plano Nacional de Convivência Familiar e Comunitária Trata da garantia da convivência familiar e comunitária. 2006 Plano Nacional de Enfrentamento de Violência Sexual Infantojuvenil Sistematiza a implementação de ações de enfrentamento às situações de violência. 2009 Lei Nº 12.010/2009 Promove a alteração de vários artigos do ECA, em especial, nos que tratam da adoção, o conceito de família natural, políticas de atendimento, medidas protetivas, papel do Conselho Tutelar. 2009 Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais Apresenta e descreve os serviços socioassistenciais da Proteção Social Básica e Proteção Social Especial, dentre eles aqueles destinados ao atendimento de crianças e adolescentes. 2009 Orientações Técnicas: serviços de acolhimento para crianças e adolescentes Contribui para o reordenamento e funcionamento dos serviços de acolhimento com vistas à reintegração familiar. 2010 Plano Nacional da Primeira Infância Propõe ações de promoção e realização dos direitos da criança até seis anos de idade nos próximos 12 anos. 2011 Plano Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Adolescente Trabalhador Estabelece metas para eliminar as piores formas de trabalho infantil até 2015 e erradicar a totalidade do trabalho infantil até 2020. FONTE: Acervo pessoal. AN02FREV001/REV 4.0 55 Dos marcos apresentados acima, destaca-se o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (BRASIL, 1993) que, em síntese, apresenta os seguintes direitos fundamentais e suas especificações: FIGURA 12 FONTE: Acervo pessoal. AN02FREV001/REV 4.0 56 No que corresponde à ética profissional da criança e do adolescente, não podemos afirmar que o código de ética correspondente descreve particularidades sobre este atendimento. Porém, podemos, por meio de outras resoluções e discussões apresentar algumas ponderações de outras áreas que servem aos assistentes sociais de maneira informal. Considerar a infância e a adolescência como construções sociais, históricas e culturais (Resolução CFP nº 010/2010). Atuar na perspectiva da integralidade, considerando a violência como fenômeno complexo, multifatorial, social, cultural e historicamente construído, implicando em abordagem intersetorial e interprofissional (Resolução CFP nº 010/2010). Respeitar os direitos preconizados pelas leis (Resolução CFP nº 010/2010). Oferecer suporte às crianças, aos adolescentes e suas famílias potencializando suas competências (Resolução CFP nº 010/2010). Considerar a complexidade das relações afetivas, familiares e sociais no processo de desenvolvimento (Resolução CFP nº 010/2010). Oferecer atendimento em espaço físico apropriado para resguardar a privacidade do atendimento (Resolução CFP nº 010/2010). Trabalhar, sempre que possível, com a rede de proteção (Resolução CFP nº 010/2010). Produzir documentos que constem apenas informações relevantes (Resolução CFP nº 010/2010). Atuar em equipe multiprofissional quando necessário (Resolução CFP nº 010/2010). Comunicar, obrigatoriamente, ao Conselho Tutelar, ou tomar outras providências legais, os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra crianças e adolescentes (ECA, Art. 13, 1990). No trabalho com adolescentes na área da saúde, Taquette (2010) aponta como principais situações geradoras de conflito ético: AN02FREV001/REV 4.0 57 Proibição da família na realização de consultas médicas sem sua presença; Violência estrutural; Atividade sexual e contracepção antes dos 15 anos; Trabalho na adolescência; Pesquisa científica; HIV/AIDS; Relação entre médico e paciente; Abordagem bioética. 4.3 PENSANDO A SITUAÇÃO DO IDOSO FIGURA 13 FONTE: Disponível em: <http://www.estatutodoidoso.com/quais-os-pontos-positivos-do-estatuto-do- idoso/>. Acesso em: 05 jan. 2013. A Constituição Federal Brasileira, ao descrever o público-alvo de direitos, engloba toda a população brasileira sem distinção de qualquer atributo, sejam eles idade, sexo, raça, etnia e outros. AN02FREV001/REV 4.0 58 Somente em 2003, com a aprovação da Lei nº 10.741/2003, a regulação dos direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 anos foi sintetizada no Estatuto do Idoso a partir da apresentação dos seus direitos fundamentais, das políticas de atendimento, do acesso à Justiça e outros. Consta no Capítulo VII do Título I, o direito à assistência social: Art. 33. A assistência social aos idosos será prestada, de forma articulada, conforme os princípios e diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, na Política Nacional do Idoso, no Sistema Único de Saúde e demais normas pertinentes. Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que não possuam meios para prover sua subsistência, nem de tê-la provida por sua família, é assegurado o benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da Lei Orgânica da Assistência Social – Loas. Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro da família nos termos do caput não será computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a Loas. Art. 35. Todas as entidades de longa permanência, ou casa-lar, são obrigadas a firmar contrato de prestação de serviços com a pessoa idosa abrigada. § 1 o No caso de entidades filantrópicas, ou casa-lar, é facultada a cobrança de participação do idoso no custeio da entidade. § 2 o O Conselho Municipal do Idoso ou o Conselho Municipal da Assistência Social estabelecerá a forma de participação prevista no § 1 o , que não poderá exceder a 70% (setenta por cento) de qualquer benefício previdenciário ou de assistência social percebido pelo idoso. § 3 o Se a pessoa idosa for incapaz, caberá a seu representante legal firmar ocontrato a que se refere o caput deste artigo. Art. 36. O acolhimento de idosos em situação de risco social, por adulto ou núcleo familiar, caracteriza a dependência econômica, para os efeitos legais. Ao discutir os aspectos éticos do Serviço Social e sua relação com os direitos dos idosos, Luchetti e Almeida (s/d) delimitam alguns pontos que devem ser considerados na atuação do assistente social: Compreender que o idoso está inserido em um contexto específico de exclusão e vulnerabilidade, já que é visto como uma pessoa fraca, incapaz, inútil e dependente. Lutar pelo reconhecimento e afirmação dos direitos sociais. Produzir conhecimento para efetivação e defesa dos direitos sociais, bem como para conhecer melhor a população atendida e providenciar ações de atenção. AN02FREV001/REV 4.0 59 4.4 REFLETINDO SOBRE A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER As reflexões sobre a violência contra a mulher é uma discussão cuja transversalidade perpassa diretamente as questões de gênero. Isso significa que existe uma relação de poder ajuizada por uma cultura milenar machista que, conforme Marcos (2009), condena a violência doméstica à invisibilidade, já que ela acaba por se inserir no contexto histórico e cultural da relações entre homem e mulher – relações privadas. Apesar de ocorrer nas diversas relações sociais, a violência contra a mulher ocorre de forma preponderante nas relações domésticas já constatadas pelos altos índices de ocorrência, principalmente nas relações familiares (BRASIL, 2003). A constatação dos inúmeros casos no Brasil provocou a criação da Lei Nº 11.340 de 2006, mais conhecida como Lei Maria da Penha, que dispõe: Art. 7º. São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: I – a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal; II – a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; III – a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, Incluir a família no processo de acompanhamento dos idosos, em especial, nos casos em que for identificada alguma forma de violência praticada pelos mesmos. Realizar trabalho multidisciplinar e em rede. Atuar em prol da consolidação da Política Nacional e do Estatuto do Idoso. AN02FREV001/REV 4.0 60 mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da forma; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; IV – violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer as suas necessidades; V – a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria. Ainda no Artigo 9º da referida Lei consta que a assistência à mulher em situação de violência doméstica deverá seguir as diretrizes da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), do Sistema Único de Saúde (SUS) e no Sistema Único de Segurança Pública (SUSP). Os aspectos éticos do atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica são apresentados por Narvaz e Koller (2006) a partir de alguns questionamentos traduzidos aqui em algumas orientações: Considerar a história de vida dessas mulheres; Conhecer suas vivências nas famílias de origem; Verificar o histórico de violência sofrida desde a infância, como estas experiências foram superadas; Verificar se elas presenciaram a violência conjugal por outros membros da família; Conhecer as formas de violência presentes na relação com o parceiro abusivo; Identificar aspectos que potencializam a violência doméstica como, por exemplo, o uso de álcool e outras drogas pelos parceiros; Identificar o papel das mulheres na dinâmica da violência conjugal atual; Estabelecer estratégias de enfrentamento à violência considerando aspectos relevantes como a dependência financeira e emocional; Trabalhar os estereótipos dobre o papel da mulher na atualidade; Identificar redes de apoio familiar, social e comunitário; Conhecer e realizar estudos que possibilitem um enfrentamento a esse tipo de violência. AN02FREV001/REV 4.0 61 Não podemos deixar de considerar as contribuições de Czapski (s/d) ao estudar a relação do Serviço Social, ética e atendimento às mulheres vítimas de violência. Primeiramente, a autora pondera que ao trabalhar com a temática da violência doméstica o Serviço Social enfrenta vários desafios, pois as diversas áreas em que está presente - saúde, a segurança pública e a assistência social - não conseguem atender às mulheres de forma integral e articulada. Cabe ressaltar que a falta de articulação entre as diversas áreas de atenção são muito frágeis ou inexistem prejudicando ações de enfrentamento e de prevenção. Suas considerações sobre a dimensão ético-política orienta o profissional do Serviço Social a exercer um papel para orientar as mulheres a discutirem seus direitos, além de se posicionar a favor da luta por políticas que venham a suprir as necessidades reais das vítimas. A dimensão ético-política envolve outras dimensões e instrumentos (CZAPSKI, s/d). A saber: TABELA 8 DIMENSÃO Teórico-metodológica Subsidia o profissional na criação de estratégias para o enfrentamento das demandas apresentadas. Técnico-operativa Instrumentaliza o profissional para a atuação e intervenção junto às demandas apresentadas. INSTRUMENTOS Instrumentos técnicos operativos Entrevista, visita domiciliar, reuniões em grupo, equipe multiprofissional e rede, documentação, relatórios, parecer social, planejamento de programas, projetos, construção de indicadores, pesquisa. Entrevista Exige do profissional uma escuta aos problemas apresentados sem fazer julgamentos de valores e sempre mantendo uma relação de respeito com a usuária de seus serviços. Outros instrumentos Documentação e a elaboração de relatórios para apresentar as situações de risco e vulnerabilidade identificadas. O parecer social é fundamental para viabilizar os direitos sociais necessários às mulheres para o rompimento com as situações violentas. FONTE: Acervo pessoal AN02FREV001/REV 4.0 62 FIGURA 14 FIGURA 15 FONTE: Disponível em: <http://www.dasm.mar.mil.br/ artigo03.php>. Acesso em: 05 jan. 2013. FONTE: Disponível em: <http://www.dasm.mar.mil.br/ artigo03.php>. Acesso em: 05 jan. 2013. “Aos assistentes sociais cabe a clareza de saber se apropriar dos instrumentais de forma correta, e fazer uma ponte com as orientações teórico- metodológicas, sempre pautadas no projeto ético-político da profissão,a fim de na atuação junto às vítimas de violência doméstica poder estimular a denúncia, esclarecer os direitos, incentivar o registro da queixa, orientar sobre os exames de corpo delito, realizar dinâmicas e reuniões para resgatar a autoestima, elaborar pareceres, encaminhar as vítimas aos programas assistenciais e também para as ações da rede de saúde, e por fim exercitar o trabalho em rede nos diversos tipos de atendimento necessários à mulher vítima de violência doméstica”. (CZAPSKI, s/d, p. 326) AN02FREV001/REV 4.0 63 4.5 SERVIÇO SOCIAL E INTERDISCIPLINARIDADE Conforme Ely (2003), a ideia de interdisciplinaridade se originou da fragmentação dos saberes e da impossibilidade de atenderem às exigências e complexidades dos problemas de forma isolada. Sua efetuação ocorre por meio de duas abordagens descritas por Nogueira (1997, apud Ely 2003). A primeira abordagem corresponde à construção do conhecimento, ou seja, à junção dos conhecimentos das diferentes disciplinas. A segunda se refere à aplicação da interdisciplinaridade como método de trabalho, isto é, na ação interativa nas ações de problemas práticos. Dentre os vários conceitos apresentados, temos o de Japiassu (1976, p. 74): “A interdisciplinaridade caracteriza-se pela intensidade das trocas entre os especialistas e pelo grau de interação real das disciplinas no interior de um mesmo projeto de pesquisa”. Em geral, o conceito de interdisciplinaridade se confunde com outros que parecem similaridades. Esse fato torna necessário apresentar alguns conceitos e caracterizá-los. Apropriamo-nos das definições de Vasconcelos (1997) apresentadas por Ely (2003, p. 114). Multidisciplinaridade Pluridisciplinaridade Interdisciplinaridade Auxiliar Transdisciplinaridade Interdisciplinaridade O trabalho ocorre de forma isolada, geralmente com troca e cooperação mínima entre as disciplinas. As disciplinas se agrupam de forma sobreposta, com cooperação, porém cada profissional decide isoladamente. Uma disciplina predomina sobre as demais, coordenando-as. A coordenação é realizada por todas as disciplinas e interdisciplinas, propondo a criação de um campo com autonomia teórica, disciplinar e operativa. As relações profissionais e de poder tendem à horizontalidade, as estratégias de ação são comuns e estabelece-se uma troca recíproca de conhecimento entre as diferentes disciplinas. AN02FREV001/REV 4.0 64 O trabalho em equipe torna-se condição para sua própria existência e, portanto, seus membros devem facilitar as trocas interpessoais e pautar objetivos comuns com interdependência, coesão e cooperação (ELY, 2003). A autora acrescenta que “é preciso haver respeito à autonomia e à criatividade inerentes a cada uma destas áreas, para que não sejam influenciadas ou excluídas deste processo” (ELY, 2003, p. 114). FIGURA 16 FONTE: Disponível em: <http://espiritismocomprofundidade. blogspot.com.br/2012/07/blog- post.html>. Acesso em: 05 jan. 2013. Santos (s/d) afirma que a interdisciplinaridade no serviço social está relacionada diretamente com a atuação do assistente social nas instituições. Ao buscar novas formas de executar seu trabalho, este profissional compartilha um espaço de troca mútua entre os demais profissionais, promovendo um maior entendimento da complexidade das demandas e os limites de sua especialidade (ELY, 2003). No contexto interdisciplinar, o assistente social deve mediar os usuários e a equipe técnica, sendo o assistente social um profissional instrumentado tecnicamente detentor do saber, facilitando a integração e o desenvolvimento do trabalho, pois consegue ter uma visão um pouco mais ampla da situação (ROCHA; GIMENEZ, 2010, p. 2). AN02FREV001/REV 4.0 65 As autoras ressaltam que, baseado no Código de Ética Profissional do Assistente Social e nos princípios do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), cabe a este profissional: Ter uma visão ampla da situação apresentada para compreender a necessidade de cada parte e condensá-las. Discutir e avaliar o tratamento (diagnóstico, prognóstico e acompanhamento). Intervir quando a equipe identificar que o indivíduo ou família não está seguindo as orientações que buscam uma evolução da situação. Acolher o indivíduo ou família quando queixas contra membros da equipe foram apresentadas pelas mesmas e sugerir formas de amenizar os problemas. Não podemos esquecer que: A interdisciplinaridade é incentivada pelo Código de Ética do Assistente Social, no qual consta que a participação em equipes interdisciplinares é apresentada como um dever profissional a ser cumprido. Esse dever relaciona-se com um dos princípios fundamentais do Código de Ética ao se referir ao compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população e com o aprimoramento intelectual em sua competência profissional (ELY, 2003, p. 114). 4.6 ESTUDO SOCIAL, LAUDOS, RELATÓRIOS TÉCNICOS: IMPLICAÇÕES ÉTICAS O Art. 4º, inciso XI, do Código de Ética Profissional do Assistente Social, autoriza que o assistente social realize estudo socioeconômico com fins de benefício e serviços sociais junto à administração pública, empresas privadas e outras entidades. Ainda neste Código é permitido ao profissional realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informação e pareceres sobre atividades de sua competência (Art. 5º). AN02FREV001/REV 4.0 66 No ano de 2009, por meio da Resolução 557 do CFESS, foram aprovadas as normas para emissão de documentos técnicos (laudo/parecer e relatório) elaborados por assistentes sociais. Uma síntese de seu conteúdo está apresentada no quadro abaixo: - Os documentos devem ser elaborados com ampla autonomia, desde que respeitem as normas legais, técnicas e éticas de sua profissão. - Deve integrar equipes multiprofissionais, bem como incentivar e estimular o trabalho interdisciplinar sempre que possível. - Deve garantir as especificidades de sua área ao atuar em equipe multidisciplinar e sua opinião técnica deve ser apresentada separadamente delimitando sua atuação, seu objeto, instrumentos utilizados, análise social e outros. - No atendimento multiprofissional, a avaliação e discussão da situação poderão ser multiprofissionais, respeitando a conclusão manifestada por escrito pelo assistente social. - Quando identificada uma conduta antiética em documentos técnicos, o assistente social responderá pela infração. Os laudos/pareceres e relatórios têm como função propor ações que possam contribuir para alterações nas demandas recebidas, sejam elas no nível da intervenção direta ou relacionadas às políticas sociais (MARCIO, 2012). O estudo social, dentre outros instrumentos utilizados pelos assistentes sociais, objetiva conhecer e analisar minuciosamente a situação apresentada pelos indivíduos, famílias ou grupos (MIOTO, 2001). Assim como o autor, Fávero (2010, p. 42-43) apresenta a seguinte definição: “(...) processo metodológico específico do Serviço Social, que tem por finalidade conhecer com profundidade, e de forma crítica, uma determinada situação ou expressão da questão social”. Para realizar o estudo social o assistente social deverá utilizar-se de entrevistas, visitas domiciliares, pesquisa documental e bibliográfica, observações ou juntada de documentos (GERBER, 2011). O resultado final da junção das informações coletadas neste estudo é apresentado por meio de laudo/parecer ou relatório.AN02FREV001/REV 4.0 67 O laudo é elaborado a partir de dados minuciosos sobre as condições socioeconômicas, familiares, comunitárias e outras relevantes dos indivíduos, famílias e grupos. Seus elementos permitem uma tomada de decisões sobre os direitos fundamentais e sociais, principalmente, na esfera judicial. O relatório, segundo Marcio (2012), é um documento que apresenta uma apreciação final do caso atendido. É, portanto, uma descrição ordenada sobre os dados observados por meio de instrumentos técnico-metodológicos (COSTA, s/d). Toda e qualquer documentação elaborada pelo profissional do Serviço Social deve ser conduzida pelas diretrizes éticas que lhe são facultadas (SOUZA, 2012). Márcio (2012) propõe pensar a ética a partir dos questionamentos que o assistente social deve fazer a si mesmo: 1. Qual é a real finalidade do estudo social nesse campo de intervenção, e como planejar o trabalho, de maneira que a finalidade se articule ao domínio dos meios para chegar até ela? Para quê? 2. Quais implicações na vida do sujeito essa decisão trará? 3. Que responsabilidade tem o profissional do Serviço Social nessa decisão? 4. O assistente social tem clareza de que a “verdade” é histórica, construída socialmente? Poder-saber articula-se à liberdade e à autonomia profissional, significa que ele se apresenta também “como possibilidade de escolha, de definição entre alternativas de ação”. A escolha dos meios relaciona-se diretamente aos fins. 5. Quais são, então, os meios que o profissional deve escolher e os fins que pretende ao realizar um estudo social? E refletindo sobre estes questionamentos encerramos o nosso Módulo. FIM DO MÓDULO III
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