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ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 1 ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE DIFERENTES TÉCNICAS DE REFORÇO DE VIGAS DE CONCRETO ARMADO COMPARATIVE ANALYSIS BETWEEN DIFFERENT TECHNIQUES FOR STRENGTHENING OF REINFORCED CONCRETE BEAMS Fernanda L. Guerra (1), Ariane P. Rubin (2) Gabriela Austria (3), Rafaela F. Socoloski (4), Denise C. C. Dal Molin (5), João L. Campagnolo (6) (1) Arquiteta e Urbanista, Doutoranda em Engenharia Civil, UFRGS/NORIE (2) Arquiteta e Urbanista, Mestranda em Engenharia Civil, UFRGS/NORIE (3) Arquiteta e Urbanista, Mestranda em Engenharia Civil, UFRGS/NORIE (4) Arquiteta e Urbanista, Mestranda em Engenharia Civil, UFRGS/NORIE (5) Professora Doutora, Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil, UFRGS/NORIE (6) Professor Mestre, de Pós-graduação em Engenharia Civil, UFRGS/LEME Av. Osvaldo Aranha 99 - Prédio Castelinho. Resumo As estruturas de concreto armado podem ter diferentes características que dependerão do propósito estabelecido em seu projeto. Estas estruturas são bastante complexas e devido a falhas na concepção do projeto, nos materiais escolhidos e/ou ainda na má utilização, sofrem solicitações que podem ter como consequência manifestações patológicas. Além da modificação de uso ou erros projetuais, outras situações podem requerer reforços estruturais, como em edificações que se encontram em estado precário (devido à falta de manutenção), que pode comprometer sua vida-útil, em recuperações de edificações abaladas por sinistros ou incêndios, reforços em virtude de recalques do solo e a vibrações, entre outras. O presente trabalho tem como principal objetivo analisar e explanar o comportamento de vigas de dimensões 7x14x130cm que foram reforçadas ao cisalhamento, através da técnica de argamassa aditivada e armadura convencional (estribos verticais embutidos), em comparação a outras técnicas de reforço, como a da aplicação de fibra de vidro em três faces (formato em “U”) e em quatro faces da seção da viga, e a técnica de chapa colada com resina epóxi. Cada técnica foi aplicada em uma viga pré-rompida e outra íntegra. A técnica de reforço com argamassa aditivada, apesar de ser mais trabalhosa que as demais, apresentou um custo mais baixo, tanto pelo tipo de material utilizado quanto por fazer uso da mão-de-obra da própria obra para sua execução. Além disso, chegou a apresentar uma carga de ruptura 1,7 vezes superior à carga da técnica menos resistente utilizada. Desta forma, a técnica de reforço com argamassa aditivada e armadura convencional apresentou-se como uma excelente opção para o reforço de estruturas das edificações. Palavra-Chave: Reforço de vigas, concreto armado, argamassa aditivada e armadura convencional Abstract This research aims to analyze and explain the behavior of beams with dimensions 7x14x130cm that were reinforced for shear, through the technique of mortar with mineral admixture and conventional reinforcement (vertical inlaid stirrups), compared to other reinforcement techniques, such as the application of fiberglass at three sides ("U") and four sides of the beam section and plate technique glued with epoxy resin. Each technique was applied in a pre-broken beam and in a full beam. The reinforcement technique with mortar additives demanded more work than the others and presented a lower cost, both because of the type of material used and for not making use of a specific manpower for execution. Furthermore, it provided a tensile strength 1.7 times higher compared to the less resistant load technique. Thus, the reinforcement technique with conventional mortar with mineral admixture and armor showed itself as an excellent option for the strengthening of building structures. Keywords: Strengthening of beams, reinforced concrete, mortar additives and conventional armor ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 2 1. Introdução Manifestações patológicas em estruturas podem ser consequências de diversas fontes, entre elas a falha na concepção de projeto ou ainda a má utilização ou escolha de materiais de construção (BEBER, A. J. 2003). Zanato (1999) acrescenta outro fator que interfere nas solicitações das estruturas, que é a modificação quanto aos hábitos ou utilização da edificação, onde se faz necessária uma verificação estrutural destas construções. Existem ainda outras situações que requerem reforços estruturais, como edificações que, por falta de manutenção, estão em estado precário de conservação, edificações abaladas por sinistros mecânicos, que sofreram incêndio, recalque do solo, vibrações e etc. (ZANATO, 1999). Bertolini (2010) destaca ainda, como fator de degradação das construções, a ação do ambiente sobre as estruturas de concreto armado, podendo determinar um dano progressivo da estrutura, tanto no próprio concreto quanto nas armaduras. Esta ação pode ser do tipo físico (efeito da temperatura, por exemplo), químico (devido às substâncias presentes no ambiente), biológico ou mecânico (abrasão ou cargas aplicadas à estrutura). As atuais estruturas de concreto são mais suscetíveis a manifestações patológicas pois, quando comparadas às antigas, tem menores margens de segurança, já que esta foi reduzida com o passar dos anos, assim como a reserva de capacidade de resistir a efeitos mecânicos, físicos e agentes agressivos (BEBER, 2003). Beber (2003) ainda discorre a respeito das etapas de tratamento após se deparar com uma manifestação patológica em estrutura de concreto. A primeira delas é o diagnóstico, onde se realizará uma análise, seguido de avaliações das possíveis causas da manifestação e pela busca das possíveis soluções. Em sequência, a etapa de prognóstico consiste em simular as alternativas estudadas a fim de entender os riscos e consequências de cada uma para a definição de qual será aplicada. Após o diagnóstico e o prognóstico, ocorre a ação sobre o elemento, denominada de terapia. Neste artigo serão apresentadas e comparadas quatro diferentes técnicas de reforço de vigas de concreto, que foram desenvolvidas na disciplina de Patologia das Estruturas de Concreto, do programa de Pós-graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do sul (UFRGS). A finalidade do trabalho é compreender e analisar criticamente o comportamento e desempenho das seguintes técnicas de recuperação de estruturas: reforço com argamassa aditivada e armadura convencional (estribos embutidos), reforço com chapa colada com resina epóxi, reforço com fibra de carbono envolvendo as quatro faces da viga e reforço com fibra de carbono envolvendo apenas três faces da viga. 2. Metodologia A análise experimental desenvolvida neste trabalho buscou avaliar o comportamento de vigas de concreto armado de seção retangular, reforçadas ao esforço de compressão com quatro diferentes técnicas: ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 3 - Aplicação de argamassa aditivada e armadura transversal convencional, com estribos verticais embutidos; - Aplicação de fibra de vidro em três faces da viga, formato “U”; - Aplicação de fibra de vidro em quatro faces da viga; - Aplicação de chapa colada com resina epóxi em duas faces da viga. Para o desenvolvimento do estudo foi moldada uma viga utilizada como testemunho, e posteriormente, duas outras vigas para cada uma das técnicas de reforço aplicada. Todas as vigas foram confeccionadas em escala reduzida, totalizando nove vigas. Para cada uma das técnicas de reforço, uma das vigas foi pré-rompida à compressão para posterior reforço e a segunda reforçada sem ruptura prévia. As vigas possuíam seção transversal de 7 x 14 cm, e comprimento de 130 cm. As mesmas foram armadas longitudinalmente com duas barras de aço CA-50 de 12,5 mm de diâmetro em sua face tracionadae duas barras de aço CA-60 de 8 mm de diâmetro na seção comprimida, com cobrimento da armadura principal de 1 cm. Nas extremidades e parte central da viga foram dispostos estribos de montagem de aço CA-60, com 4,2 mm de diâmetro. Finalizadas as etapas de execução dos reforços, cada uma das duas vigas reforçadas com as diferentes técnicas, tanto a pré-rompida quanto a íntegra, foram expostas a esforços de compressão até o rompimento total por cisalhamento, de forma a avaliar a resistência dos reforços aplicados. 1.1 Aplicação de argamassa aditivada e armadura transversal convencional, com estribos verticais embutidos Para a realização desta técnica foi aplicada argamassa aditivada com sílica ativa. A adição da sílica ativa é extremamente importante em argamassas a serem utilizadas em reforços estruturais em concreto armado, especialmente pela necessidade de alta resistência e baixa porosidade e permeabilidade 1(MAILVAGANAM e DEANS, 1992, apud VASKE et al, 2003). Para prover o reforço da estrutura foram calculados primeiramente os espaçamentos necessários para a colocação e distribuição das armaduras transversais. Foram marcadas cinco áreas com largura de 2,5 cm cada, espaçadas entre si a cada 3 cm, a partir de 15 cm da extremidade da viga. A partir das áreas demarcadas na etapa anterior foram feitos cortes transversais com o auxílio de uma serra de corte, para permitir a posterior abertura das áreas para a inserção dos estribos de reforço. Com o auxílio de uma talhadeira foi possível abrir os espaços demarcados, com aproximadamente 2 cm de profundidade em toda a seção transversal da viga, para facilitar que as armaduras transversais fossem embutidas de forma correta na sequência do processo. A colocação das armaduras transversais se constituiu basicamente na aplicação de cinco estribos, em cada extremidade das duas vigas confeccionadas, conforme pode ser visualizado na Figura 1 (a, b, c). 1 MAILVAGANAM. N. P.; DEANS, J. J. Materials, selection, and handling: repair and protection of concrete tructures. Boca Raton: CRC Press, 1992. ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 4 (a) (b) (c) Figura 1 - Colocação das armaduras transversais nas vigas: a) Detalhe para o fechamento dos estribos; b) Estribos posicionados; c) Vigas prontas com armadura transversal. Em sequência ao processo de colocação das armaduras transversais, foi confeccionada a argamassa para o reforço das vigas e para realizar o cobrimento das armaduras. Para tal, foi utilizado um traço em massa na proporção de 1:3, relação água/aglomerante de 0,5 e adição de 10% de sílica ativa. A argamassa foi lançada manualmente em cada um dos lados da viga de forma a cobrir plenamente a armadura transversal que foi embutida (Figura 2, a, b,c). (a) (b) (c) Figura 2 - Cobrimento da armadura com a argamassa aditivada com sílica ativa: a) Lançamento da argamassa e cobrimento da armadura; b) Acabamento da seção já recoberta com a argamassa; c) Detalhe da extremidade da viga finalizada com argamassa. 1.2 Aplicação de fibra de vidro em três faces da viga, formato “U Para a aplicação desta técnica, conforme descreve Maran, A. P; Barreto, M. F.; Longhi, M (2013), foi necessário o preparo prévio da viga que iniciou com a remoção da nata superficial visando o aumento da aderência da resina na estrutura. As arestas das áreas de aplicação foram arredondadas com politriz para remover zonas de concentração de tensões. Por fim, um jato de ar foi utilizado sobre a superfície para retirada de poeira e impurezas. Depois do processo de limpeza, a área de aplicação do reforço com fibra de vidro foi isolada com fita crepe e em seguida a aplicação de uma demão de primer foi feita de acordo com as especificações do fabricante. O emprego de primer tem como objetivo penetrar nos poros e melhorar a ligação entre reforço e estrutura. Foi utilizada resina em duas demãos, em quantidade adequada, conforme as especificações do fabricante. A fibra de vidro, previamente cortada, foi colocada nas ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 5 extensões laterais e na parte inferior da viga, fazendo o contorno em formato de “U”. A inserção foi realizada com o auxílio de rolo para remover todos os vazios e melhorar a aderência. Com a ajuda de pontaletes metálicos reguláveis, o reforço foi mantido fixo na viga. A aplicação desta técnica é mostrada na Figura 3 (a e b). (a) (b) Figura 3 – Preparo das vigas e colocação da fibra de vidro em formato “U”: a) Demarcação da viga e aplicação de primer; b) Aplicação de fibra de vidro. Fonte: (Maran, A.P; Barreto, M. F.; Longhi, M., 2013) 1.3 Aplicação de fibra de vidro em quatro faces da viga Para a aplicação desta técnica, conforme descreve Righi, D.; Costa, F.; Chies, J.; Petry, N (2013), ocorreu primeiramente o preparo prévio da viga a ser reforçada, seguindo a mesma metodologia descrita para a técnica de reforço com fibra de vidro disposta em “U” no item 1.2 deste trabalho. A diferença entre estas duas técnicas restringiu-se ao modo de disposição da fibra, destacando que na aplicação da fibra nas quatro faces foi feito um transpasse para garantir o suprimento total do perímetro da seção da viga. Os reforços foram dispostos em 2/3 da viga, próximos ao apoio, nas regiões de cisalhamento, com a colocação de quatro faixas de fibra de vidro espaçadas em 5 cm entre si, sendo 10 cm de eixo a eixo. Após a colocação de todas as fibras de vidro nas demarcações, a viga foi protegida nas regiões reforçadas, com uma lona presa por peças de madeira e pontaletes metálicos reguláveis, de forma a garantir o não descolamento das fibras. A Figura 4 ilustra a etapa de realização desta técnica. (a) (b) Figura 4 – Preparo das vigas e colocação da fibra de vidro nas quatro faces da viga: a) Colocação das fibras de vidro; b) Realização de proteção das fibras após a sua colocação. Fonte: (Maran, A.P; Barreto, M. F.; Longhi, M., 2013) ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 6 1.4 Aplicação de chapa colada com resina epóxi em duas faces da viga Para a aplicação desta técnica, conforme descreve Comelli, J.; Gavilán, S.;. Copetti, S.; Muller, A.; Ossorio, A., (2013), foi necessário dispor as chapas de aço, de maneira semelhante aos reforços com fibra de vidro, em 2/3 da viga, próximos ao apoio, nas regiões de cisalhamento, com a colocação de 4 chapas de aço (espessura de 3mm) espaçadas em 5 cm entre si, distante 10 cm de eixo a eixo. A viga passou por um preparo manual através de apicoamento da superfície, tomando cuidado para não destruir as bordas. A nata superficial da pasta de cimento foi retirada totalmente. Concluída a preparação, foi realizada limpeza com ar comprimido para remoção de poeira e partes soltas. As chapas de aço também passaram por preparação prévia, com recebimento de jato de areia e escovação com escova de cerdas metálicas. Por fim, foi realizada limpeza, com utilização de éter, do lado da chapa a ser aderida na viga. A aplicação da resina para fixação foi feita tanto na chapa quanto na superfície da viga. Imediatamente após as chapas de aço terem sido aderidas à viga em suas corretas posições, as mesmas foram pressionadas, através de madeira e pontaletes metálicos reguláveis a fim de manter a posição e garantir a aderência. A Figura 5 ilustra a etapa de realização desta técnica. (a) (b) Figura 5 – Preparo das vigas e colocação da chapa de aço nas laterais da viga: a) Preparaçãoda superfície; b) Chapas coladas, pressionadas com pontaletes para fixação. Fonte: (Comelli, J.; Gavilán, S.;. Copetti, S.; Muller, A.; Ossorio, A., 2013) 3. Apresentação e discussão dos resultados Analisando os resultados de todos os ensaios de compressão das vigas, (Figura 6) com a viga testemunho (VT), o reforço que melhor se comportou, tanto com a viga íntegra, quanto com a viga pré-rompida, foi o que fez uso da técnica de argamassa aditivada (A e AP). Na sequência de melhor comportamento, apresentou-se a técnica com reforço de fibra de vidro em 100% da seção da viga (FV e FVP), a técnica com reforço de fibra de vidro aplicada somente nas laterais e face inferior da viga (FVL e FVLP), e por último, com menos ganho de resistência mecânica à compressão, ficaram as vigas com reforço de chapa colada (CC e CCP). ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 7 Figura 6- Tipos de vigas analisadas: VT - testemunho, A - reforço argamassa, AP- reforço argamassa pré- rompida, FV- reforço fibra de vidro 100%, FVP- reforço fibra vidro pré-rompida, FVL - reforço fibra vidro laterais e face inferior, FVLP - reforço fibra vidro laterais e face inferior pré-rompida, CC - reforço chapa colada, CCP - reforço chapa colada pré-rompida. No caso das vigas reforçadas com argamassa, o ganho de resistência mecânica chegou a contribuir com 2,5 vezes mais que em comparação com a viga que não sofreu nenhum reforço (VT). A resistência alcançada foi de 70 Mpa para a viga íntegra do reforço de argamassa (A) e de 72,50 Mpa na viga pré-rompida do reforço de argamassa (AP). Já no caso das vigas reforçadas com chapa colada, o ganho de resistência mecânica foi de 2 vezes mais que em comparação com a viga testemunho. A resistência alcançada foi de 55 Mpa para a viga íntegra com a aplicação do reforço de chapa colada (CC) e de 40 Mpa na viga pré-rompida do reforço de chapa colada (CCP). Figura 7 - Comparação entre os resultados das vigas que receberam reforços em toda a sua seção com as vigas que receberam reforços em parte de sua seção. ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 8 Observa-se também (Figura 7) que comparando os reforços que foram feitos em toda a seção da viga, como os de argamassa aditivada (A e AP) e os de fibra de vidro 100% (FV e FVP), com os reforços que foram feitas em parte da seção da viga, como os de fibra de vidro nas laterais e face inferior (FVL e FVLP) e os de chapa colada (CC e CCP), que os melhores resultados foram alcançados pelos dois primeiros tipos de reforços, em se tratando de resistência mecânica à compressão. A aplicação do reforço em toda a seção da viga fornece uma melhor ancoragem do material aplicado e consequentemente melhor desempenho nos ensaios. Já os reforços aplicados apenas em parte da seção da viga, apresentam menor ancoragem do material, podendo gerar descolamento e desprendimento do mesmo, e consequentemente resultados menos satisfatórios com relação ao seu desempenho. Nota-se também que as vigas pré-rompidas que tiveram o reforço aplicado em toda a sua seção (AP e FVP) não sofreram perda de resistência, se comparada com as suas respectivas vigas íntegras (A e FV). Já as vigas pré-rompidas que tiverem o reforço aplicado em parte de sua seção (FVLP e CCP) apresentaram perda de resistência, se comparada com as suas respectivas vigas íntegras (FVL e CC). 4. Análise de custos A partir das técnicas apresentadas, foi realizada uma análise comparativa de custos para a aplicação dos reforços, a fim de mensurar o valor de cada técnica de recuperação. Para isso, foi levado em consideração apenas o custo com relação aos materiais, excluindo-se o valor da mão-de-obra para a execução das técnicas (Tabela 1,2,3 e 4). A quantidade de material foi calculada com base em volume ou metragem utilizada para cada aplicação, em apenas uma das vigas. Tabela 1- Custos dos materiais necessários para o reforço de uma viga com argamassa aditivada e armadura transversal convencional, com estribos embutidos. DESCRIÇÃO DO MATERIAL UNIDADE CUSTO CIMENTO (CPV – ARI) 0,85 kg R$ 0,53 AREIA (média) 2,25 kg R$ 0,04 SÍLICA ATIVA 0,085 kg R$ 0,10 ESTRIBOS 3 m R$ 1,35 TOTAL R$ 2,02 Tabela 2- Custos dos materiais necessários para o reforço de uma viga com aplicação de fibra em três faces da viga, formato "U". Fonte: (Adaptado de Righi, D.; Costa, F.; Chies, J.; Petry, N., 2013) DESCRIÇÃO DO MATERIAL UNIDADE CUSTO FIBRA DE VIDRO 0,168 m² R$ 1,68 RESINA EPÓXI 0,168 m² R$ 6,04 PRIMER 0,168 m² R$ 1,09 TOTAL R$ 8,81 ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 9 Tabela 3- Custos dos materiais necessários para o reforço de uma viga com aplicação de fibra em 4 faces da viga. Fonte: (Adaptado de Righi, D.; Costa, F.; Chies, J.; Petry, N., 2013) DESCRIÇÃO DO MATERIAL UNIDADE CUSTO FIBRA DE VIDRO 0,196 m² R$ 1,96 RESINA EPÓXI 0,196 m² R$ 8,46 PRIMER 0,196 m² R$ 1,46 TOTAL R$ 11,88 Tabela 4- Custos dos materiais necessários para o reforço de uma viga com aplicação de chapa colada. Fonte: (Adaptado de Comelli, J.; Gavilán, S.; Copetti, S.; Muller, A.; Ossorio, A., 2013) DESCRIÇÃO DO MATERIAL UNIDADE CUSTO CHAPA DE AÇO 0,11m² R$ 43,50 RESINA EPÓXI 0,11m² R$ 22,42 TOTAL R$ 65,92 Observando todas as tabelas de custos das técnicas de reforço apresentadas, nota-se que o reforço executado com argamassa aditivada, apresentou o menor custo de material, seguido pelo reforço que utilizou fibra de vidro em três faces da viga, logo após, o que utilizou a fibra de vidro em toda a seção da viga, e finalmente, o que utilizou reforço de chapa colada. 5. Considerações Finais O comportamento real de estruturas recuperadas ou reforçadas é bastante complexo e apresenta algumas incertezas, pois depende não só do comportamento físico e químico dos materiais intrínsecos ao reforço, mas também do comportamento da mesma em relação ao ambiente, durante as fases de concepção ou ao longo de toda vida útil da estrutura. É importante salientar que qualquer estrutura, seguindo a função para a qual foi projetada, deve sempre estar sujeita à manutenção apropriada, para que alcance a vida útil esperada, e não necessite de maiores intervenção ao longo do tempo, como no caso de aplicação de reforços estruturais. Como abordado neste trabalho, há diversas técnicas de recuperação e reforço de estruturas acabadas que podem ser adotadas, porém a escolha da melhor técnica depende de diversos fatores, como a urgência da intervenção, o tempo disponível para a interrupção do uso da edificação, o custo envolvido, o ambiente em que se insere e a facilidade de acesso a esta patologia para realizar a sua recuperação. Da mesma forma, que do tipo da intervenção arquitetônica, da coerência entre o tipo de solução e a patologia encontrada, e da análise do comportamento global da estrutura existente com a recuperação das suas partes. 6. Conclusões Conforme os resultados apresentados, todas as técnicas de recuperação de estruturas aqui expostas, tanto nas vigas íntegras quanto nas pré-rompidas, apresentaram um ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 10 ganho de resistência mecânica à compressão em relação à viga testemunho, a qual não foi recuperada, concluindo-se que estas são eficientes para o reforço de estruturas. Dentre as técnicas empregadas comprovou-se que, independente do tipo de material utilizado, aquelas que são inseridas em toda a seção da viga (como exemplo da fibra de vidro e da argamassa aditivada e com estribos verticais) apresentaram-se mais eficientes com relação aos esforços de compressão do que aquelas que foram colocados apenas em parte da seção da viga (duas faces,como exemplo das chapas de aço coladas; ou três faces, como exemplo da fibra de vidro em formato U), pois aquelas fornecem uma melhor ancoragem do elemento, evitando que ocorram descolamentos ou desprendimentos por parte do material. Vale salientar, que em casos onde não se tem acesso a toda a seção da viga, apenas a parte inferior e as laterais, as técnicas de fibra de vidro em formato U e a chapas colada se mostram como as melhores opções, porém, deve-se ter cuidado para que essas fixações sejam eficientes e junto ao elemento estrutural, a fim de tornar o elemento monolítico novamente. Além disso, a maioria das técnicas apresentou um mínimo aumento de seção da viga, o que é bastante importante para locais que não têm espaços disponíveis para o aumento de seção da estrutura. Destas, a única que não apresentou nenhum aumento de seção foi a da argamassa aditivada com estribos verticais, pois foram necessários cortes na viga para a inserção das novas armaduras embutidas e posterior acabamento com argamassa, resultando um comportamento homogêneo da estrutura e com seção igual à de antes do recebimento do reforço. As técnicas que utilizam fibra de vidro e chapa colada têm um custo mais elevado, devido aos materiais utilizados e à mão de obra, que deve ser especializada para este tipo de material, o qual não é tão comum em obra. Ainda, para estas técnicas, deve-se realizar o apicoamento (ou a retirada da nata superficial) e a limpeza do elemento estrutural, de forma a se garantir uma boa aderência do material e consequentemente a resistência desta ligação, o que nem sempre ocorre em obra de forma controlada e satisfatória. A técnica de reforço com argamassa aditivada é mais trabalhosa, porém, de custo mais baixo, tanto pelo tipo de material utilizado quanto por não requerer mão de obra qualificada para sua execução. É de fácil execução, pois utiliza produtos comuns e facilmente encontrados no mercado, bem como no próprio canteiro da obra. Além disso, tal técnica chegou a apresentar, conforme visto, uma carga de ruptura 1,7 vezes superior à carga da técnica menos resistente exposta neste trabalho. Esta técnica apresentou uma das melhores resistências mecânicas e a melhor relação custo x benefício, se comparada com as demais técnicas de recuperação realizadas, demonstrando-se como uma das melhores opções para o reforço de estruturas de edificações. ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 11 7. Referências BEBER, A. J. Comportamento Estrutural de Vigas de Concreto Armado Reforçadas com Compósitos de Fibra de Carbono. 2003. 289ºf. Tese de Doutorado em Engenharia Civil. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2003. BERTOLINI, L. Materiais de construção: patologia, reabilitação, prevenção. Tradução Leda Maria Marques Dias Beck. Apresentação Paulo Helene. São Paulo: Oficina de textos, 2010. 414p. COMELLI, J.; GAVILÁN, S.; COPETTI, S.; MULLER, A.; OSSORIO, A. Vigas de concreto armado reforçadas ao cisalhamento com chapas de aço coladas com epóxi. Relatório da disciplina de Patologia das Estruturas de Concreto. Programa de Pós- graduação em Engenharia Civil. Universidade Federal do Rio Grande do sul. Porto Alegre, 2013. MARAN, A. P.; BARRETO, M. F.; LONGHI, M. Reforço ao cisalhamento de concreto armado com tecido de fibra de vidro. Relatório da disciplina de Patologia das Estruturas de Concreto. Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil. Universidade Federal do Rio Grande do sul. Porto Alegre, 2013. RIGHI, D.; COSTA, F.; CHIES, J.; PETRY, N. Comportamento ao cisalhamento de vigas de concreto reforçadas com fibra de vidro. Relatório da disciplina de Patologia das Estruturas de Concreto. Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil. Universidade Federal do Rio Grande do sul. Porto Alegre, 2013. VASKE, N.R.; CAMPAGNOLO, J.L.; DAL MOLIN, D.C.C. Aplicação de argamassa com adição de sílica ativa como material de reforço em elementos comprimidos de concreto. Ambiente Construído, v. 8, n. 3, p. 77-93, jul./set. 2008. ZANATO, G. A. Desempenho de reforços em pilares esbeltos de concreto armado: análise numérico-experimental. 1999. 141f. Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 1999.
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