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INSTITUTO PIERON 
ESPECIALIZAÇÃO EM ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL 
 
 
 
 
Claudia Alessandra Macedo 
 
 
 
 
A ABORDAGEM DA PSICOLOGIA INTEGRAL COMO 
FUNDAMENTO TEÓRICO E PRÁTICO PARA A ORIENTAÇÃO 
PROFISSIONAL: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2012 
 
2 
 
 
CLAUDIA ALESSANDRA MACEDO 
 
 
 
 
 
 
 
 
A ABORDAGEM DA PSICOLOGIA INTEGRAL COMO FUNDAMENTO 
TEÓRICO E PRÁTICO PARA A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL: 
UM ESTUDO EXPLORATÓRIO. 
 
 
 
Monografia apresentada como 
requisito para obtenção do título de 
Especialista em Orientação Profissional, 
sob a orientação da Prof.ª Maria Luiza 
Dias Garcia e do Prof. Walter de Paula 
Pinto Filho. 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2012 
3 
 
 
A abordagem da Psicologia Integral como fundamento teórico e prático para a 
Orientação Profissional: Um estudo exploratório com base em bibliografia. 
 
 
Claudia Alessandra Macedo 
 
 
Aprovada em ___/___/_____ 
 
 
 
Banca Examinadora 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
Dedico essa pesquisa: 
 
A todos os meus familiares, em especial: 
 
Ao meu marido, a minha mãe, meus irmãos, minha tia paterna, a meu pai que jamais deixou 
de ter esperança no amanhã e a todos os familiares que me precederam e me permitiram estar 
aqui, hoje. 
 
Também dedico a todas as pessoas: 
 
...que acreditam que o trabalho oferece ao homem uma possibilidade de desenvolver e 
aperfeiçoas os talentos que faz de cada um de nós um ser único e especial. 
...que desenvolvem seu trabalho com respeito e gratidão pela natureza. 
...que honram todos os tipos de trabalho que levam o homem a dignificar-se e ser útil. 
...que possuem o dom de frutificar esse trabalho e plantar em cada ser humano uma semente 
de esperança na busca por sentido na vida. 
...que são capazes de cair, se levantar e seguir em frente. 
...que escolhem e nem sempre acertam, porém estão sempre preparadas para tentar de novo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Agradecimentos: 
 
ى Em especial ao Professor Walter de Paula Pinto Filho por acreditar na proposta dessa 
pesquisa, pelas sugestões, idéias e críticas, por toda atenção e paciência. E à 
Professora Maria Luiza Dias Garcia pela paciência e auxílio na orientação da pesquisa. 
ى À Professora Giovanna Albuquerque M. de Lima que demonstrou sua paixão e 
envolvimento com a Orientação Profissional despertando em mim a vontade de seguir 
em frente. 
ى À Professora Adriana Gomes pelas discussões e reflexões realizadas durante a 
especialização que me fizeram pensar de maneira decisiva acreditar que o homem 
pode ser feliz em suas atividades profissionais. 
ى A Delmar Franco que me ensinou a caminhar com mais amorosidade, carinho e 
ampliou a minha visão de mundo por intermédio da Abordagem Integral. 
ى Ao meu carinhoso amigo Carlos Turato Junior que em nossas conversas na parada 
para o café me trazia alegria e a crença positiva de vencer os obstáculos com 
paciência. 
ى Ao eterno amigo Giovanni Gigliozzi que me auxiliou no esclarecimento da teoria 
Integral, pelas indicações de textos, pesquisas e as infindáveis discussões que 
trouxeram à luz idéias sobre a pesquisa. 
ى Ao amigo Marcelo Cardoso que me auxiliou na descoberta de meu propósito de vida. 
ى Aos meus colegas do Instituto Evoluir que apoiaram a idéia desse trabalho. 
ى Aos meus colegas de Arautos que apoiaram o desenvolvimento de meu trabalho como 
orientadora profissional. 
ى Aos amigos da terapia em grupo que tanto me estimularam doando vibrações positivas 
para a conclusão desse trabalho. 
ى A todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a realização dessa pesquisa. 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"Podemos escolher recuar em direção à segurança ou avançar em direção ao 
crescimento. A opção pelo crescimento tem que ser feita repetidas vezes. 
E o medo tem que ser superado a cada momento." 
( Abraham Maslow) 
 
“Ninguém ignora tudo, ninguém sabe tudo. Por isso aprendemos sempre”. 
(Paulo Freire) 
 
 
 
7 
 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO ......................................................................................................................10 
 
1 ABORDAGEM INTEGRAL .........................................................................................15 
1.1 Teóricos Integrais ...............................................................................................................15 
1.2 O Criador da Abordagem Integral - Ken Wilber ...............................................................16 
1.3 O que é a Abordagem Integral? .........................................................................................17 
1.4 Mapa Integral .................................................................................................................... 20 
1.4.1 As Cinco Dimensões do Mapa Integral ......................................................................... 21 
1.4.1.1 Quadrantes .................................................................................................................22 
1.4.1.2 Níveis/Estágios de Desenvolvimento ...........................................................................29 
1.4.1.3.Estados .........................................................................................................................30 
1.4.1.4.Linhas ou Correntes do Desenvolvimento ..................................................................33 
1.4.1.5.Tipos .............................................................................................................................37 
1.5 Abordagem Integral: Exemplo de Aplicação na Política .................................................. 39 
2 PSICOLOGIA INTEGRAL ..........................................................................................41 
2.1 Psicologia Integral ..............................................................................................................41 
2.2 Filosofia Perene e o Grande Ninho do Ser .........................................................................44 
2.2.2 Hólons .............................................................................................................................46 
2.3 A Concepção do Eu ...........................................................................................................48 
2.3.1 O eu e as Subpersonalidades ...........................................................................................52 
2.3.2 O Eu e a Sombra ............................................................................................................ 55 
2.4 Evolução da Consciência ...................................................................................................58 
2.4.1 Modelo Global do Desenvolvimento da Consciência .................................................... 59 
2.4.1.1 Estruturas Básicas ........................................................................................................60 
2.4.1.1.1 Divisão das Estruturas Básicas ................................................................................ 61 
2.4.1.2 Estruturas de Transição ................................................................................................65 
2.5 Modelo de Desenvolvimento da Consciência Proposto por Carol Gilligan .................... 68 
2.5.1 Estágios do Desenvolvimento Segundo Gilligan ...........................................................692.6 O Desenvolvimento da Consciência Visto por Intermédio de Níveis de Profundidade 
Interior do Eu ....................................................................................................................71 
2.7 Terapia do Espectro Total e a Inclusão dos Quadrantes ...................................................80 
8 
 
3 DIFERENTES MODELOS DE DESENVOLVIMENTO HUMANO .......................84 
3.1 Espiral Dinâmica - Um Modelo de Leitura do Desenvolvimento Baseado nos Valores 
Humanos ..................................................................................................................................84 
3.1.1 Níveis de Consciência de Primeira Ordem .....................................................................93 
3.1.2 Níveis de Consciência de Segunda Ordem ........................................................................118 
3.2 Modelo de Altitudes de Consciência ..........................................................................123 
3.3.Modelo de Desenvolvimento Baseado na Maturidade e Identidade do Ego ..................125 
3.3.1.Estágios do Desenvolvimento do Ego Segundo Modelo de Jane Loevinger ................127 
3.4 Desenvolvimento do Ego Segundo Modelo de Susanne Cook-Greuter ..........................129 
 
4 ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL ..............................................................................130 
4.1 História e Trajetória da Orientação Profissional ..............................................................130 
4.1.1 Trajetória da Orientação Profissional no Cenário Internacional ...................................131 
4.1.2.Trajetória da Orientação Profissional no Cenário Nacional (Brasil) ............................134 
4.2.Abordagens em Orientação Profissional .........................................................................139 
4.2.1 Teorias Não-Psicológicas ..............................................................................................140 
4.2.2 Teorias Psicológicas ......................................................................................................141 
4.2.2.1 Teoria de Traço-e-Fator .............................................................................................141 
4.2.2.2 Teorias Psicodinâmicas ..............................................................................................143 
4.2.2.3 Teorias Desenvolvimentistas .....................................................................................145 
4.2.2.4 Teorias Decisionais ....................................................................................................155 
4.2.3 Teorias gerais ................................................................................................................156 
4.3 Orientação Profissional no Brasil e as Abordagens que mais influenciaram .................. 158 
4.4 Uma nova forma de classificar as Teorias em Orientação Profissional ..........................160 
4.4.1 Teorias Tradicionais .....................................................................................................160 
4.4.2 Teorias Críticas ............................................................................................................ 162 
4.4.3 Teorias para Além da Crítica ........................................................................................164 
4.5 Orientação Profissional e a Estratégia Clínica .................................................................167 
4.5.1 Principais Considerações sobre Estratégia Clínica .......................................................171 
4.5.2 O Psicólogo e o Orientador Profissional ......................................................................174 
4.5.3 Psicoprofilaxia ..............................................................................................................179 
4.5.4 Importância da entrevista para Bohoslavsky ................................................................180 
9 
 
4.5.4.1 Papéis e Intervenções na Entrevista ...........................................................................182 
4.5.4.2 Técnicas da Entrevista ...............................................................................................184 
4.5.4.3 Os cinco momentos da Entrevista ............................................................................. 186 
4.5.4.4 Comunicação na Entrevista ........................................................................................187 
4.5.5 O Diagnóstico – Primeira Entrevista ............................................................................191 
4.5.6 Prognóstico ...................................................................................................................196 
4.5.7 Utilização de Testes Projetivos para Bohoslavsky .......................................................199 
4.6 Temas observados na Análise da História da Orientação Profissional no Brasil ............201 
 
5 ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E A ABORDAGEM INTEGRAL: UMA 
POSSIBILIDADE ................................................................................................................204 
5.1 Exemplos de Trabalhos com uma Visão Integral ............................................................204 
5.1.1 Coaching Integral ......................................................................................................... 204 
5.1.2 Excelência em 360º graus .............................................................................................211 
5.2 A Proposta da Abordagem Integral na Orientação Profissional ..................................... 216 
5.2.1 Objetivo da Proposta ....................................................................................................218 
5.3.Estratégia Clínica e Abordagem Integral – Principais Diferenças e 
Similaridades...........................................................................................................................219 
5.3.1 Diferenças .................................................................................................................... 219 
5.3.2 Similaridades .................................................................................................................220 
5.3.3 O Psicólogo e o Orientador Profissional na perspectiva Integral .................................225 
5.3.4 Psicoprofilaxia na Visão Integral ..................................................................................226 
5.3.5 Adaptações na entrevista de Orientação Profissional para o modelo da Abordagem 
Integral ...................................................................................................................................228 
5.3.5.1 Diagnóstico (Primeira Entrevista) e a Visão Integral ................................................232 
5.3.6 A Utilização de Testes Projetivos na Abordagem Integral ...........................................233 
5.4 Leitura Integral da Problemática Vocacional ...................................................................234 
5.5 Conclusões .......................................................................................................................236 
 
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................246 
 
 
10 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
Este estudo exploratório foi por mim escolhido como tema para realização desta 
monografia, parte das exigências do Curso de Especialização Pós Lato Sensu denominado 
“Orientação Profissional: Teoria e Prática”, realizado no Instituto Pieron. O curso 
proporcionou-me um encontro mais aprofundado com a Orientação Profissional, assim como, 
subsídios teóricos para a prática profissional e a revisão de minha própria trajetória.O primeiro contato com a Orientação Profissional foi na época da faculdade, mas o 
contato mais aproximado ocorreu quando realizei um curso de extensão com a perspectiva 
Sócio Histórica na Coordenadoria Geral de Especialização, Aperfeiçoamento e Extensão da 
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (COGEAE/PUC-SP). A princípio busquei um 
curso de extensão, porque necessitava de conhecimento teórico mais específico para 
responder às questões que surgiram em meu trabalho (voluntário e remunerado). 
Nesse período atuava em recursos humanos concomitantemente com a Clínica de 
Psicologia. Alguns candidatos participantes de processos seletivos, colaboradores da empresa 
e clientes do consultório, me procuravam particularmente para desabafar seus medos, 
decepções, dificuldades, bem como, para falar sobre projetos relacionados ao campo 
profissional. 
A partir de tais questionamentos, iniciei o delineamento mais consciente de minha 
identidade profissional fazendo uma re-leitura da trajetória na área da psicologia, desde os 
estágios realizados na época da Universidade até o contexto em que atuava naquele momento: 
a Psicologia Organizacional e Clínica. Nesta releitura inclui todos os trabalhos anteriores a 
formação em psicologia, os trabalhos que de certa forma nutriram meu crescente interesse 
pela área de formação atual. A compreensão que obtive de meus objetivos profissionais 
resultou na vontade de realizar uma possível transição de carreira, sem muita clareza de qual 
caminho percorrer. Ao pensar nesta transição, surgiram quatro questões que precisavam ser 
analisadas antes de seguir adiante, são elas: 
 
11 
 
1) Descobrir os princípios e valores1 que haviam embasado a construção de minha 
carreira até o momento. 
2) Reconhecer princípios, valores, interesses, crenças e visão de mundo que dão sentido 
para minha vida atual. 
3) Sair da zona de conforto e enfrentar o medo do desconhecido. 
4) Compreender o novo desafio. 
 
Identifiquei que os princípios norteadores de minha trajetória e crescimento 
profissional, até o momento, estavam baseados no trabalho, autonomia e perseverança, 
enquanto, os valores predominantes eram a lucratividade e a estabilidade financeira. Visava o 
sucesso profissional, que na época, significava ter um emprego que me proporcionasse 
aquisição de bens materiais e reconhecimento social e financeiro privilegiados. 
Posteriormente, re-signifiquei e ampliei os princípios, os valores, os interesses, as 
crenças e a visão de mundo que me davam base para seguir em frente. Minha carreira, hoje, 
esta fundamentada em princípios que vão além do trabalho, autonomia e perseverança, inclui 
o amor, a prosperidade e a evolução. Os valores presentes estão voltados para o aprendizado, 
autoconfiança, integridade, realização, honestidade, ética, responsabilidade, prazer pelo 
trabalho, cooperação no desenvolvimento de outras pessoas e alegria. A prosperidade 
financeira e a lucratividade são consequências de um trabalho realizado em sintonia com meu 
modo de pensar e sentir. 
Meus principais interesses são: o ser humano e a valorização de suas experiências. 
Creio nas potencialidades humanas e na capacidade que o indivíduo possui em descobrir 
respostas a partir de si mesmo, transformar-se e evoluir individualmente e coletivamente. 
Vejo o homem como alguém que está em constante processo de desenvolvimento, inserido 
em variados contextos sociais e culturais, dotado de características biológicas, psicológicas e 
espirituais. Todos esses aspectos tornam cada pessoa única e especial. 
_______________ 
1 As palavras “princípio e valor” foram adotadas de acordo com o significado atribuído por Mendes (2008). 
Segundo o autor os princípios são tidos como leis, preceitos ou pressupostos que conduzem nossa existência e 
são universais. Determinam as regras que devem orientar uma sociedade. São válidos para elaboração da 
constituição de um país, para acordos políticos entre as nações ou estatutos de condomínio. Valores são 
considerados como pessoais, subjetivos e podem ser questionados. A escolha dos valores tem relação com o 
ambiente no qual a pessoa está inserida. O que vale para determinada pessoa, pode não valer para outra, ainda 
que essas duas pessoas façam parte da mesma sociedade. A aplicação desses valores pode ou não ser ética e 
depende muito do caráter ou da personalidade da pessoa que os adota. 
 
12 
 
O terceiro passo, rumo à mudança profissional, foi sair da zona de conforto e enfrentar 
o medo do desconhecido. Durante algum tempo, pensei que ao fazer outra escolha teria que 
abrir mão de uma área na qual me encontrava estabilizada2. Migrar para uma nova experiência 
profissional, um terreno ainda não explorado, causava-me certo receio. Quando compreendi 
que poderia manter tudo o que aprendi como elementos integrantes de minha vida, fui capaz 
de superar esse medo. 
O último passo foi compreender o novo desafio mediante a situação que se 
configurava. Observei que vivia uma grande incerteza e decidi apenas experimentar novas 
possibilidades. Pensei no que gostava e sabia fazer: atendimento em psicologia clínica3 e 
assuntos relacionados ao campo do trabalho e carreira. Compreendi desta forma qual era meu 
objetivo e gradualmente passei a me dedicar à Orientação Profissional. 
Pela primeira vez senti a conexão com meu propósito profissional. Encontrei uma 
força interna, capaz de vencer obstáculos e buscar a realização de meus “sonhos”. Penso que, 
um “sonho” ou “desejo” sem ação permanece no quadro da idealização, sempre que possível 
um sonho deve ser precedido de uma ação e mesmo que não obtenha o resultado esperado, a 
tentativa poderá trazer a sensação de êxito. Sinto que a vida nos proporciona diferentes 
caminhos para realização e, quanto mais abertos estivermos para as experiências que ela nos 
proporciona, mais possibilidades de vivenciar nossos sonhos, mesmo que eles se configurem 
de uma maneira diferente daquela pensada no início. 
 Neste período, muitas mudanças ocorriam em minha vida e, tinha a sensação de 
experimentar as coisas de forma mais consciente. Tudo se tornava mais colorido e eu passei a 
me sentir “igualmente” viva, mesmo diante algumas dificuldades e enfrentamentos. Havia ao 
mesmo tempo “em meu mundo interior” a quietude e o movimento. O encontro dos paradoxos 
não me assustava mais e a sensação de conexão com uma esfera maior de conhecimento e 
sabedoria se fazia presente. Tive a impressão de vivenciar um espaço de união aonde tudo 
fazia sentido e tocava a minha percepção de maneira profunda. 
 Uma parte tinha vontade de buscar o silencio e outra parte continuava inquieta e após 
analisar as questões que trouxeram clareza sobre minha profissão. Notei que outro 
questionamento surgiu. Esse assunto referia-se a abordagem teórica que orientava a minha 
_______________ 
2 A palavra estabilizada é utilizada no sentido de sentir-se segura com a realização de atividades conhecidas e 
exploradas. Atuava com recrutamento, seleção e treinamento na área de Recursos Humanos de uma empresa, e 
na clínica, como psicoterapeuta no atendimento individual de adultos e adolescentes. 
3 Realizo este trabalho desde minha habilitação perante o Conselho Regional de Psicologia, ocorrida em março 
de 2003. As horas semanais dedicadas a esta atividade me trazem uma grande realização e satisfação pessoal. 
13 
 
atuação profissional. A psicologia possui diversas áreas de atuação e variados teóricos que 
oferecem muitas maneiras de interpretar a natureza humana e os fenômenos psíquicos. 
Durante o curso de formação tive contato com as principais teorias da psicologia e 
compreendia que todas as abordagens tinham e tem seu grau de eficácia, mas nemsempre as 
ferramentas que oferecem são compatíveis para o momento que o cliente está vivenciando e, 
diante este cenário uma visão mais ampliada e mais inclusiva seria válida, além disto, creio 
que possamos encontrar pontos de convergência ou complementaridade entre muitas e 
diferentes teorias. 
 De qualquer forma, particularmente, a escolha da abordagem teórica, ocorreu com 
base em diversos fatores, como: visão de mundo, crenças, valores e princípios e, 
principalmente, um senso interno de algo que me tocou profundamente, algo que conversou 
comigo e que me permitiu respirar e sentir uma conexão com minha essência, uma conexão 
com minha própria humanidade, algo que me permitiu sentir a conexão com tudo e todos. 
A primeira abordagem que contemplei foi a Teoria Humanista Centrada na Pessoa de 
Carl Rogers. Num segundo momento estava em busca de uma visão que abarcasse o sentido 
da transpessoalidade, o que me guiou até a psicologia Transpessoal. O contato com essas duas 
teorias (Humanista e Transpessoal4) me levou ao conhecimento da abordagem Integral 
proposta por Ken Wilber. 
Compreendi o sentido de minha trajetória na direção da teoria Integral após a leitura 
de alguns capítulos do livro de Maslow: Introdução à Psicologia do Ser. Abraham H. Maslow 
corrobora com a idéia de que a psicologia Transpessoal surge num movimento de evolução da 
psicologia Humanista e faz referência a essa abordagem como a quarta força da psicologia. 
 
[...] considero a Psicologia Humanista, ou Terceira Força da Psicologia, 
apenas transitória, uma preparação para uma Quarta Psicologia ainda “mais 
elevada”, transpessoal, transumana5, centrada mais no cosmo do que nas 
necessidades e interesses humanos, indo além do humanismo, da identidade, 
da individuação e quejandos6. Essas Psicologias comportam a promessa de 
desenvolvimento de uma filosofia de vida, de um substituto da religião, de 
um sistema de valores e de um programa de vida cuja falta essas pessoas 
_______________ 
4 O Contato com a psicologia Transpessoal ocorreu de forma muito superficial. 
5 Segundo o dicionário eletrônico Aurélio Secúlo XXI, a palavra transumano significa - A que se deu natureza 
humana; que se transumanou; transumanado. 
6 O termo “quejando”significa, que tem a mesma natureza ou qualidade. Disponível no site: 
http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=quejando. Acesso no dia 06 de junho de 2010. 
 
 
14 
 
estão sentindo. Sem o transcendente e o transpessoal, ficamos doentes, 
violentos e niilistas, ou então vazio de esperança e apáticos. Necessitamos de 
algo “maior do que somos”, que seja respeitado por nós próprios e a que nos 
entreguemos num novo sentido, naturalista, empírico, não-eclesiástico. 
(MASLOW, 1962, p. 12) 
 
Pedrassoli (2006) informa as quatro forças da psicologia: a primeira força é a 
abordagem comportamental ou behaviorismo, a segunda é a psicanálise, criada por Sigmund 
Freud, a terceira força é a psicologia humanista e a quarta é a psicologia Transpessoal. 
Ken Wilber fez parte do movimento da psicologia Transpessoal, segundo informações 
de Raynsford (2009). Ele foi considerado um dos fundadores deste movimento, mas se 
desligou do mesmo em 1983 e criou terreno para os “Estudos Integrais”, do qual faz parte a 
psicologia Integral. 
A abordagem Integral oferece uma visão de mundo mais globalizada e amplia a minha 
perspectiva de ação. Essa ação pode ser constantemente aperfeiçoada e, o primeiro passo 
nesse sentido foi a realização da pós-graduação em Orientação Profissional. O curso 
estabelece a conclusão de uma monografia a qual propus desenvolver com foco na Psicologia 
Integral, o que considerei um desafio, devido ao fato de ser uma abordagem relativamente 
nova. 
O objetivo deste trabalho é refletir sobre as possibilidades da Psicologia Integral 
contribuir com a prática da Orientação Profissional/Vocacional. Esse objetivo pretende ser 
alcançado por meio de um estudo exploratório com apoio da pesquisa bibliográfica. Sobre o 
significado da pesquisa exploratória, Reis (2008, p. 55) esclarece: 
 
A pesquisa exploratória é o primeiro passo de qualquer pesquisa, que 
acontece quando o tema escolhido é pouco explorado é o pesquisador precisa 
incorporar características inéditas e buscar novas abordagens. Ela é feita por 
meio de levantamento bibliográfico, entrevistas, análise de exemplos sobre o 
tema estudado. 
 
No caso deste trabalho não foram utilizadas entrevistas, apenas o levantamento 
bibliográfico e análise de trabalhos que se aproximam do tema em questão. Reis (2008, p.55) 
também relata que a pesquisa bibliográfica possibilita: 
 
 aproximar o pesquisador do tema e objeto de estudo; 
 construir questões importantes para a pesquisa; 
 proporcionar uma visão geral acerca de determinado fato ou problema; 
15 
 
 aprofundar conceitos preliminares sobre determinada temática; 
 identificar um novo aspecto sobre o tema a ser pesquisado; 
 possibilitar a primeira aproximação do pesquisador com o tema de 
estudo, quanto a análise de exemplos que estimulam a compreensão do 
assunto pesquisado. 
 
Esta pesquisa pode trazer à tona uma idéia sobre como trabalhar com a orientação 
profissional, utilizando como quadro de referência uma nova teoria. Acredito que este 
trabalho é apenas um início. Para que haja uma compreensão mais aprofundada da aplicação 
da Abordagem Integral a Orientação Profissional/Vocacional, será necessária uma pesquisa de 
campo que demonstre na prática sua eficácia. Esta tarefa fica como sugestão para os próximos 
trabalhos. 
16 
 
1 ABORDAGEM INTEGRAL 
 
 
1.1 Teóricos Integrais 
 
Antes do surgimento da Abordagem Integral introduzida por Wilber, outros teóricos7 
importantes já falavam sobre teorias com uma visão “Integral”. Muitos desses são citados e 
incluídos pelo autor em sua obra, afinal, um dos pressupostos da “Integral” é incluir diversos 
ensinamentos8 trazidos por teóricos da pré-modernidade, modernidade e pós- modernidade 
sejam estes integrais ou não. O autor encontrou terreno fértil para sua obra e este solo possui 
sementes de diversos teóricos Integrais, nas palavras de Wilber (2007b, p. 95): 
 
Os primeiros pioneiros modernos de uma abordagem integral foram 
abundantes, tais como Goethe, Schelling, Hegel, Fechener e James. Esses 
primeiros pioneiros tiveram acesso cada vez maior a dados científicos a 
respeito da evolução e dessa maneira entenderam, de forma cada vez mais 
clara, algumas coisas a respeito do Grande Ninho que os pioneiros pré-
modernos geralmente não entendiam; isso mostra o desenvolvimento não 
apenas nos indivíduos, mas também na espécie; não apenas 
ontogeneticamente, mas também filogeneticamente. Neste século, embora o 
número de pioneiros também seja abundante – de Steiner a Whitehead e 
Gebser – eu gostaria, em particular de mencionar James Mark Baldwin, 
Jürgen Habermas, Sri Aurobindo e Abraham Maslow. 
 
Wilber (2007b) apresenta alguns desses teóricos de maneira bem resumida. James 
Mark Baldwin (1861 – 1934) é tido como o mais importante dos quatro e poderia ser 
considerado pela História como o maior psicólogo dos Estados Unidos. Foi responsável por 
uma psicologia e filosofia integrais que está sendo reconhecida apenas neste momento. 
Também foi o primeiro a definir de maneira clara um estágio de desenvolvimento. O segundo 
citado é Jürgen Habermas (nascido em 1929) aplicou sua visão integral a diversos campos, 
entre estes: filosofia, psicologia, antropologia, teoria evolutiva e política. O terceiro teórico é 
Sri Aurobindo (1872 – 1950) um grande filósofo – sábio da Índia que trabalhou com a Ioga 
Integral. Por último, não menos importante, Abraham Maslow(1908 – 1970). Suas idéias 
causaram grande impacto na educação, nos negócios e nas pesquisas sobre valores. 
 
_______________ 
7 Para compreensão mais aprofundada desses teóricos sugiro leitura do livro Psicologia Integral de Ken Wilber. 
8 O autor denomina esta inclusão de Pluralismo Metodológico. 
17 
 
1.2 O Criador da Abordagem Integral - Ken Wilber 
 
Segundo Raynsford (2009) o nome completo do criador da abordagem Integral é 
Kenneth Earl Wilber Jr., conhecido como Ken Wilber. Nasceu em 31 de janeiro de 1949 na 
cidade em Oklahoma, Estados Unidos da América. Seu pai fazia parte da Força Aérea 
Americana e por isso durante a vida escolar Wilber viveu em diversas cidades. Atualmente, 
vive em Denver, Colorado. 
Wilber completou o segundo grau em Lincoln, Nebraska e iniciou a faculdade de 
medicina na Duke University, porém logo no primeiro ano deixou de se interessar pela 
carreira médica e começou a estudar psicologia e filosofia ocidentais e orientais. Dedicou-se 
também à prática espiritual, desde então atividade essencial em sua vida e sua obra. 
Regressou ao estado de Nebraska para estudar bioquímica, mas passado alguns anos, largou o 
mundo acadêmico (com um mestrado em bioquímica) e entregou-se para escrita em tempo 
integral. 
Wilber preocupa-se com a união da ciência e da religião. De acordo com Raynsford 
(2009) essa preocupação sustenta-se em sua própria experiência e na experiência de vários 
místicos de grandes tradições de sabedoria, incluindo ocidentais e orientais. 
Sua obra é centralizada fundamentalmente na integração de todas as áreas do 
conhecimento: ciência, filosofia, arte, ética e espiritualidade. O Modelo Integral pode ser 
utilizado em diversos campos de atividades como: Psicologia, Política, Ecologia, Medicina, 
Educação, Direito, Negócios, Arte, Espiritualidade, entre outras. Wilber possui 23 livros e 
dezenas de artigos sobre espiritualidade, filosofia e ciência difundidas em mais de 30 idiomas. 
É considerado como um dos fundadores do movimento da “Psicologia Transpessoal”, 
porém no ano de 1983, separou-se do mesmo e deu origem ao campo dos “Estudos Integrais”, 
do qual faz parte a “Psicologia Integral”. No ano de 1998 nasceu o Instituto Integral - Integral 
Institute. Uma organização voltada para o detalhamento, divulgação e implantação do 
“Modelo Integral”, criado por ele ao longo das últimas três décadas. 
Conforme Raynsford (2009) Wilber se auto define como um contador de histórias que 
trata de perguntas universais. É o autor acadêmico mais traduzido nos Estados Unidos e pela 
natureza básica e pioneira de seus insights, foi chamado de o "Einstein da consciência". 
 
 
18 
 
1.3 O que é a Abordagem Integral? 
 
Inicialmente para esclarecer o que é Abordagem Integral é importante lembrar do 
significado da palavra “Integral”. O Dicionário Aurélio Eletrônico Século XXI (1999) traz a 
definição de Integral como sinônimo de total, inteiro e global. 
 
Integral – essa palavra significa integrar, reconciliar, juntar as partes, unir, 
abarcar. Ela não tem sentido de uniformidade, nem relação com a tentativa 
de eliminar todas as extraordinárias diferenças, a multiplicidade de cores e o 
ziguezaguear dos diferentes matizes do arco-íris humano. Essa palavra 
remete à idéia de unidade na diversidade, de compartilhar atributos comuns e 
respeitar nossas incríveis diferenças. Buscar, não só a humanidade, mas no 
Kosmos [...] uma visão abrangente. (WILBER, 2003, p. 14) 
 
Um dos principais fatores dessa visão abrangente é proporcionado pela chamada 
globalização acompanhada do intenso desenvolvimento da tecnologia, o que facilita a 
comunicação com pessoas ao redor do mundo sem sair de casa. Essa comunicação é feita por 
intermédio de diversas tecnologias, entre as mais comuns estão o telefone e os meios de 
comunicação de massa: televisão, rádio, jornal, revistas e internet. As próprias pesquisas 
atualmente podem ser realizadas em bibliotecas virtuais ou sites especializados em diversos 
assuntos, o que facilita e muito o acesso as informações. 
Wilber (2003) nos adverte que pela primeira vez na humanidade, o conhecimento, a 
sabedoria e a reflexão de todas as civilizações humanas, englobando os períodos da pré-
modernidade, modernidade e pós-modernidade, podem ser acessados por todos que desejem 
estudá-los. Ao utilizar esse acesso, a Abordagem Integral pretende abarcar o maior número 
possível de perspectivas surgidas em diferentes períodos da humanidade a fim de criar uma 
visão mais inclusiva e coerente da realidade. Logo, usando subsídios teóricos das mais 
variadas disciplinas espera criar um modelo integrativo com as principais contribuições do 
pensamento humano. 
Para administrar esse modelo integrativo, Wilber emprega, o que ele denomina de 
generalização orientadora. Isso significa: se conduzir (orientar) por meio de um assunto de 
caráter geral (generalizações) e considerar a partir disso as várias maneiras de abordar o 
assunto. Dito de outra forma, o autor se orienta por meio de pressupostos ou conclusões 
majoritariamente aceitos em determinado campo de conhecimento, em seguida ele explica as 
diferentes maneiras de se compreender o mesmo assunto em pauta e amplia a visão a respeito 
19 
 
deste tema. O ponto em comum que existe entre diferentes áreas do conhecimento é o que 
permite a conexão entre elas. Crittenden (2007, p. 8) exemplifica a generalização orientadora: 
 
Qual é realmente o método de Wilber? Ao trabalhar com qualquer campo, 
ele simplesmente dá uma guinada, retira para um nível de abstração, no qual 
diferentes abordagens em conflito na verdade concordam umas com as 
outras. Vejamos, por exemplo, as grandes tradições religiosas do mundo. 
Será que todas concordam que Jesus é Deus? Não. Então devemos descartar 
isso. Será que todas concordam que existe um Deus? Depende do 
significado de “Deus”. Será que todas concordam sobre Deus, se como 
“Deus” queremos dizer um Espírito que é inqualificável de diversas 
maneiras, do Vazio dos budistas ao mistério judeu do Divino? Sim, isso 
funciona como generalização – o que Wilber chama de “generalização 
orientadora” ou “firme conclusão”. 
 
A visão ampliada do autor possibilita que cada área de conhecimento seja criticada em 
suas parcialidades e não em suas diferenças, pois as diferenças são tidas como complemento 
umas das outras. 
A teoria Integral adota e inclui inúmeras perspectivas diferentes no estudo de diversos 
fenômenos, por esse motivo é importante explicar que essa abordagem não segue um estilo 
eclético. O ecletismo escolhe aquilo que parece ser melhor entre vários métodos, teorias e 
estilos, ao passo que a abordagem Integral propõe um experimento não apenas de tirar o 
melhor possível de várias teorias e épocas diferentes, mas procura interligar essas diversas 
teorias por meio daquilo que há em comum entre elas e desta forma amplia a visão sobre 
determinados assuntos. 
 
A abordagem Integral é o oposto do ecletismo. Ele tem proporcionado uma 
visão coerente e consistente que entrelaça, sem emendas, verdades de 
campos como a física e a biologia; as ecociências; a teoria do caos e as 
ciências de sistemas; a medicina, a neurofisiologia, a bioquímica; a arte, a 
poesia e a estética em geral; a psicologia do desenvolvimento e um espectro 
de esforços psicoterapêuticos, de Freud a Jung e Piaget; os teóricos da 
Grande Corrente, de Platão e Plotino, no Ocidente, a Shankara e Nagarjuna, 
no Oriente; os modernista, de Descartes e Locke a Kant; os idealistas, de 
Schelling a Hegel; os pós-modernistas, de Foucault a Derrida a Taylor e 
Habermas; as tradições hermenêuticas principais, de Dilthey a Heidegger e 
Gadamer;os teóricos dos sistemas sociais, de Comte e Marx a Parsons e 
Luhmann; as escolas místicas e contemplativas das grandes tradições 
meditativas, do Oriente e do Ocidente, nas principais tradições religiosas do 
mundo. (Crittenden, 2007, p. 8 - 9) 
[...] Wilber, então, arranja essas verdades em cadeias, ou redes, de 
conclusões interligadas. Nesse ponto, ele de repente dá uma guinada, indo de 
um método de mero ecletismo para uma visão sistemática. 
20 
 
 
A “essência” de uma teoria Integral contém a idéia de que muitas visões tidas como 
contrárias e incompatíveis são apenas diferentes formas de compreender o mundo. Para o 
autor é importante que o conhecimento global e transcultural, seja utilizado em favor do 
desenvolvimento do potencial humano, individual e coletivo. 
Todas essas perspectivas podem ser integradas em uma esfera de significado mais 
ampliado e universal. Uma forma de aproveitar esse conhecimento, facilitar a comunicação 
entre os diversos saberes e compreender vários pontos de vista é a utilização de um modelo 
criado por Wilber, denominado de “Mapa Integral”. 
Conforme Wilber (2006) esse mapa inclui diversas perspectivas desde os antigos 
sábios até as modernas descobertas da ciência cognitiva. É denominado de AQAL9 (All 
Quadrants, All Levels – Todos os Quadrantes, Todos os Níveis), subentende-se que o autor 
refere-se a todos os aspectos que abordagem Integral trabalha – quadrantes, níveis de 
consciência, linhas, estados e tipos. São cinco elementos que devem ser levados em conta 
quando houver referência ao mapa integral. 
 
AQAL é uma potente ferramenta para integração mental. Ela identifica 
algumas distinções simples que podem capacitá-lo a reconhecer, classificar e 
por fim transcender (e incluir) perspectivas. 
[...] AQAL significa “todos os quadrantes, todos os níveis, todas as linhas, 
todos os estados e todos os tipos”. (WILBER, PATTEN, LEONARD E 
MORELLI, 2011, p. 91) 
 
O autor esclarece que apesar de ter criado esse modelo abrangente não acredita ter 
criado uma visão final, nem mesmo uma interpretação fixa das relações entre estas 
disciplinas, mas sim uma primeira proposta abrangente para sua integração. 
 
 
_______________ 
9 AQAL é uma abreviação para AQALALASAT (todos os quadrantes, todos os níveis, todas as linhas, todos os 
estados e todos os tipos). 
21 
 
1.4 Mapa Integral 
 
Os principais elementos que devem ser levados em conta na utilização do mapa 
integral são explicados de maneira resumida. Os estágios ou níveis de desenvolvimento foram 
explicados por intermédio de metáforas. Os conceitos de quadrantes, linhas, estados e tipos, 
foram apenas resumidamente esclarecidos. Importante ressaltar que no presente trabalho o 
desenvolvimento será enfatizado no quadrante superior esquerdo, relativo à dimensão interna 
individual. 
Ao iniciar a leitura de um mapa integral, primeiramente, pode-se concluir que um 
indivíduo também é considerado como uma entidade (hólon)10, que se desenvolve ao longo de 
níveis e estágios progressivos de consciência. O conjunto desses níveis de consciência é 
chamado pelas tradições espirituais pré-modernas de Grande Cadeia do Ser11. Essa Grande 
Cadeia do Ser também denominada de Grande Ninho do Ser. Representa o espaço no qual 
ocorre o desenvolvimento dos indivíduos de maneira individual e coletiva. 
De acordo com Wilber, esse espaço é simbolicamente representado pelo quadrante. 
Para o autor a evolução existe em quatro grandes dimensões ou Quadrantes que incluem: a 
consciência do indivíduo, seu corpo, seu comportamento, as estruturas sociais e a cultura que 
ele está inserido. 
A primeira metáfora foi utilizada pelo próprio Wilber. Os símbolos que a representam 
são: a escada e o arco-íris e simbolizam os Estágios ou Níveis de desenvolvimento. 
Imaginemos uma escada multicolorida com as cores de um arco-íris, cada degrau dessa 
escada revela um estágio de desenvolvimento. Conforme o indivíduo sobe essa escada, ele 
passa para o andar seguinte e alcança um estágio de desenvolvimento mais complexo. Os 
andares anteriores da escada não se desfazem porque representam uma estrutura básica do 
indivíduo. Pode-se dizer que a estrutura básica desse indivíduo é transcendida e incluída pelo 
próximo degrau. A cada degrau o arco-íris se torna mais colorido e uma cor é sempre 
permeada pela outra cor. 
A segunda metáfora compara as lentes de um binóculo com as Estruturas de 
Transição. Imagina-se que em cada degrau da escada existe um tipo de binóculo com 
_______________ 
10 Para uma compreensão mais aprofundada sobre o conceito de hólons sugiro leitura do artigo intitulado 
(Hólons, Amontoados e Artefatos) escrito por Fred Kofman (2008). 
11 O termo Grande Cadeia do Ser também pode ser denominado de Grande Ninho do Ser. A explicação sobre o 
seu significado encontra-se no capítulo II do livro Psicologia Integral. 
22 
 
graduação de lentes variadas – as lentes desses binóculos representam as estruturas de 
transição e cada lente permite uma visão mais ampliada do mundo. Conforme a pessoa sobe 
um andar, ela abandona o binóculo do andar anterior e utiliza um novo, com lentes mais 
potentes, desta forma, sua visão de mundo é gradativamente ampliada. 
O desenvolvimento do indivíduo ocorre de uma forma descontínua e essa 
descontinuidade se explica pela existência das Linhas ou Correntes de Desenvolvimento. 
Esse conceito segue um princípio similar ao conceito de inteligências múltiplas12, por 
exemplo, uma pessoa pode ser mais desenvolvida em sua inteligência lógico-matemática e 
menos desenvolvida em sua inteligência lingüística. Isso pode representar uma maior 
habilidade com o raciocínio dedutivo e em soluções de problemas matemáticos e menor 
aptidão em se expressar de maneira clara e objetiva. 
Cada linha ou corrente de desenvolvimento se amplia de forma relativamente 
independente das demais, por isso uma pessoa pode estar num nível bastante elevado na linha 
cognitiva e ter o desenvolvimento menor na linha moral. 
Outro elemento importante são os Estados. Esses estados são passageiros enquanto os 
estágios (níveis) são permanentes. Os principais estados são divididos em dois tipos: alterado 
e natural. Independente do (nível/estágio) de consciência que uma pessoa se encontra ela 
poderá ter acesso a um estado natural ou alterado. Por exemplo: o sonho (estado natural) 
pode ser vivenciado por qualquer pessoa. O que modifica será a interpretação que cada 
indivíduo fará dessa experiência. 
A última variável do modelo integral são os Tipos. Os tipos representam, por 
exemplo, diferentes personalidades que darão o contorno pessoal ao desenvolvimento de cada 
indivíduo em particular. 
 
 
1.4.1 As Cinco Dimensões do Mapa Integral 
 
O Mapa Integral é composto por cinco dimensões essenciais: quadrantes, níveis, 
estados, linhas e tipos, e tem como objetivo orientar o indivíduo em sua descoberta e despertá-
lo, além de facilitar os conhecimentos inter e multidisciplinares. 
_______________ 
12 O conceito de Inteligências Múltiplas foi desenvolvido por Howard Gardner (psicólogo e pesquisador norte-
americano). 
23 
 
1.4.1.1 Quadrantes 
 
Os trabalhos mais recentes de Wilber têm como princípio condutor o modelo do 
quadrante que é utilizado como uma forma de visualizar o funcionamento do sistema Integral. 
O quadrante oferece uma compreensão mais ampliada acerca das dimensões que 
afetam a vida do indivíduo. Pode ser alegoricamente apresentado pelo desenho de um 
quadrado dividido em quatro fatias ou quatro partes iguais. Essas partes são denominadas de 
quadrantes superiores (esquerdo e direito) e quadrantes inferiores (esquerdo e direito). Cada 
quadranterepresenta as dimensões exteriores e interiores do ser humano em suas 
manifestações individuais e coletivas, conforme figura1: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1 - Representação do Quadrante. 
 
De acordo com Wilber (2006; 2007b) o modelo do quadrante também pode ser 
chamado de “os três grandes” porque representa experiências vividas em três perspectivas. A 
perspectiva de primeira pessoa (EU), de segunda pessoa (NÓS) e de terceira pessoa 
(ELE/ELES). Essas dimensões podem ser consideradas exteriores e interiores, pois 
representam o dentro e o fora tanto do indivíduo quanto do coletivo. Conforme descreve o 
autor, de modo bem simplificado: 
 
[...] O “eu” (o dentro do indivíduo), o “ele” (o fora do indivíduo), o “nós” (o 
dentro do coletivo) e o “eles” (o fora do coletivo). Ou seja, os quatro 
quadrantes – que são as quatro perspectivas fundamentais em qualquer 
ocasião (ou os quatro modos básicos de se analisar qualquer coisa) – acabam 
sendo relativamente simples eles são o dentro e o fora do indivíduo e do 
coletivo. (WILBER, 2006, p. 35 – 36) 
 
Para o autor, tudo o que ocorre no mundo manifesto abrange essas três realidades do 
nosso próprio ser e são representadas simbolicamente pelos quadrantes. A figura 2 mostra o 
posicionamento de cada uma dessas dimensões. 
Quadrante Superior Esquerdo 
Individual - Interior 
Quadrante Superior Direito 
Individual - Exterior 
 
Quadrante Inferior Esquerdo 
Coletivo – Interior 
 
Quadrante Inferior Direito 
Coletivo - Exterior 
 
24 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 2 - Quadrante e as Três Dimensões do Ser. 
 
O quadrante também pode ser considerado, de maneira figurada, o espaço em que 
ocorre o desenvolvimento humano. A leitura feita por intermédio deste modelo possibilita um 
modo de integrar o ser humano e suas partes. Cada uma dessas partes por si só são completas 
e estão interconectadas. Todas evoluem, crescem e se desenvolvem. 
 
Todos os quatro quadrantes apresentam crescimento, desenvolvimento, ou 
evolução. Ou seja, todos mostram algum tipo de estágio ou nível de 
desenvolvimento, não como degraus rígidos em uma escada, mas como 
ondas fluidas e variáveis de desdobramento. Isso acontece por toda a parte 
no mundo natural, assim como um carvalho surge de uma bolota através de 
estágios de crescimento e de desenvolvimento, ou um tigre siberiano cresce 
a partir de um óvulo fecundado, até se tornar um organismo adulto, com 
estágios de crescimento e desenvolvimento bem definidos, da mesma 
maneira que ocorre com os seres humanos em certos aspectos relevantes. Já 
vimos vários desses estágios aplicados aos seres humanos. No quadrante 
superior esquerdo, ou “eu”, por exemplo, o self desenvolve de egocêntrico 
para etnocêntrico até globocêntrico, ou de corpo para mente até espírito. No 
superior direito, a energia sentida fenomenologicamente se expande de densa 
para sutil até causal. No quadrante inferior esquerdo, o “nós” se expande de 
egocêntrico (“eu”) para etnocêntrico (“nós”) até globocêntrico (“todos nós”). 
Essa expansão de percepção grupal permite que os sistemas sociais – no 
quadrante inferior direito – se expandam de simples grupos para sistemas 
mais complexos, por exemplo, nações e, por fim, até mesmo a sistemas 
globais. (WILBER, 2006, p. 39 - 40) 
 
Dimensão de 1ª Pessoa/Quadrante Superior Esquerdo - Utiliza-se da linguagem do 
“Eu” e simboliza o interior do indivíduo, a consciência, o self, a percepção individual, o ponto 
de vista pessoal, os aspectos subjetivos: pensamentos, sentimentos, sensações corporais. 
 
Dimensão de 2ª Pessoa/Quadrante Inferior Esquerdo - Representa a 2ª pessoa “tu” 
ou “você” simbolizando o “nós”. Wilber (2006) faz uma ressalva sobre a utilização do 
pronome pessoal – nós - aplicado como 2ª pessoa do singular, visto que ao partirmos das 
Quadrante Superior Esquerdo: 
Dimensão da 1ª pessoa = EU 
Interior Individual 
 
Quadrante Superior Direito: 
Dimensão da 3ª pessoa no singular = ELE. 
Exterior Individual 
 
 Quadrante Inferior Esquerdo: 
Dimensão da 2ª pessoa “tu” ou “você” = 
NÓS 
Interior Coletivo 
 
Quadrante Inferior Direito: 
Dimensão da 3ª pessoa no plural = ELES. 
Exterior Coletivo 
25 
 
regras gramaticais o pronome pessoal – nós – ocupa a posição de 1ª pessoa no plural e não o 
lugar de 2ª pessoa no singular (tu), no entanto, neste caso o “nós” é mencionado como sendo 
uma 2ª pessoa (eu + você = nós). Conforme exemplo: se eu estiver conversando com outra 
pessoa, eu representarei o 1º indivíduo e a pessoa que está conversando comigo representará o 
2º indivíduo, ambos fazemos parte do nós, enquanto, a pessoa ou a coisa à qual estamos 
citando na conversa refere-se à dimensão de 3ª pessoa – ele ou eles. 
A dimensão de 2ª pessoa é coletiva e representa a percepção interna do grupo, o modo 
como os outros nos vêem. Também pode ser denominada de dimensão ou quadrante cultural 
porque inclui a cultura e sua visão de mundo. Neste quadrante encontram-se os padrões de 
consciência compartilhados por diferentes culturas ou sub-culturas, idiomas, percepções, 
visões de mundo, práticas culturais, princípios morais, valores partilhados. 
Wilber (2007b, p. 79) expõe que o quadrante inferior esquerdo está ancorado ao 
quadrante inferior direito, conforme ele mesmo relata: “[...] a cultura não paira no ar como 
fumaça. Assim como a consciência individual está ancorada em formas objetivas, materiais 
(tais como cérebro), todos os componentes culturais estão ancorados em formas exteriores, 
materiais, institucionais.” 
 
Dimensões de 3º Pessoa - Essas dimensões utilizam a linguagem do “ele”, no singular 
e do “eles”, no plural. Refere-se à(s) pessoa(s) ou coisa(s) de que se fala, são os fatos 
objetivos do evento. Localizam-se no quadrante superior direito (ele) e no quadrante inferior 
direito (eles). 
 
Quadrante Superior Direito - O quadrante superior direito (ele) refere-se a qualquer 
evento individual visto pelo lado de fora, é o exterior do indivíduo. Inclui o comportamento 
físico, a matéria, a energia, os objetos e os aspectos da ciência objetiva: estados orgânicos, 
bioquímica, fatores neurobiológicos, neurotransmissores, estruturas orgânicas do cérebro, 
estruturas moleculares complexas, as células, os órgãos, o DNA e assim por diante. 
 
[...] O quadrante Superior Direito representa os correlatos objetivos ou 
exteriores desses estados de consciência interiores (localizados no quadrante 
superior esquerdo). Sem nos preocuparmos no momento com a relação exata 
entre mente interior e o cérebro objetivo, podemos notar que os dois estão, 
pelo menos, intimamente correlacionados. [...] células simples (procariotes e 
eucariotes) já manifestam “irritabilidade” ou uma resposta ativa aos 
estímulos. Os organismos neuronais têm sensação e percepção; o tronco 
26 
 
cerebral reptiliano apresenta também a capacidade de ter impulsos e 
comportamentos instintivos; o sistema límbico tem, além disso, emoções e 
certos sentimentos rudimentares, mas intensos; o neocórtex apresenta uma 
característica a mais: a capacidade de formar símbolos e idéias e assim por 
diante. 
[...] Os pesquisadores que estudam esse quadrante concentram-se nos 
mecanismos cerebrais, nos neurotransmissores e nas computações orgânicas 
que dão suporte à consciência (neurofisiologia, ciência cognitiva, psiquiatria 
biológica, etc.). A linguagem desse quadrante é a linguagem dos objetos, 
dos “istos” relatos de terceira pessoa, ou relatos objetivos de fatos 
científicos a respeito do organismo individual. (WILBER, 2007b, p. 78 - 79) 
 
Quadrante Inferior Direito - O quadrante inferior direito utiliza a linguagem do 
“eles”.É considerado como uma dimensão coletiva que representa as formas externas do 
grupo. O ambiente e o sistema social. Segundo Wilber (2007b, p. 79): “[...] Esses sistemas 
sociais incluem instituições materiais, formações geopolíticas e as forças de produção (que se 
estendem da coleta à horticultura, ao agrário, ao industrial e ao informacional).” 
São as estruturas físicas e instituições, modos tecno-econômicos (coleta, horticultura, 
marítimo, agrário, industrial, informacional), estilos arquitetônicos, estruturas geopolíticas, 
modos de transferência de informação (sinais sonoros, ideogramas, microchip); estruturas 
sociais (clãs de sobrevivência, tribos étnicas, ordens feudais, antigas nações, estados 
corporativos e assim por diante). Este quadrante relaciona-se diretamente com o quadrante 
cultural na medida em que cada estrutura social representa determinada cultura. 
Outra maneira de compreender cada quadrante é apresentada pela figura 3. Nesta 
figura pode se observar cada quadrante com os devidos estágios de desenvolvimento. Nas 
palavras de Wilber (2007b, p.77): “A metade superior do diagrama é o individual, a metade 
inferior é o comunal ou coletivo; a metade esquerda é o interior (subjetivo, consciência) e a 
metade direita é o exterior (objetivo, material).” 
O autor observa que o quadrante superior esquerdo (interior do indivíduo, aspecto 
subjetivo da consciência e a percepção individual) é retratado por meio do desenvolvimento 
cognitivo que passa por diversos estágios e chega à visão-lógica, sem a inclusão dos estágios 
transpessoais. O correlato objetivo deste quadrante é o superior direito. 
 
[...] são realidades fenomenológicas, ou realidades vivenciais, mas há uma 
maneira mais simples e menos esquisita de analisá-los, dessa vez 
fundamentada em ciência realista: cada nível de consciência interior é 
acompanhado por um nível de complexidade física exterior. Quanto maior a 
consciência, mais complexo o sistema que a abriga. 
27 
 
Por exemplo, em organismos vivos, o tronco cerebral reptiliano é 
acompanhado de uma consciência interior rudimentar de impulsos básicos 
como alimento e fome, sensações fisiológicas e ações sensório-motoras. 
Quando chegamos ao sistema límbico mamífero, mais complexo, as 
sensações básicas se expandem e evoluem para incluir sentimentos bastante 
sofisticados, desejos, impulsos e necessidades sexuais e emocionais. Com o 
decorrer da evolução para estruturas físicas ainda mais complexas, por 
exemplo, o cérebro triuno com seu neocórtex, a consciência mais uma vez se 
expande para uma percepção globocêntrica de “todos nós”. (WILBER, 2006, 
p. 33) 
 
 
Figura 3 – Os Quatro Quadrantes13. 
 
Segundo Wilber et al. (2011) os quadrantes também se referem a quatro perspectivas 
correlativas a nossa percepção presente: Eu, Nós, Isto e Istos. O Eu é o seu espaço, seu 
interior como ser consciente. Uma entidade senciente intencional com um senso de “si 
mesmo”. Somente cada um de nós pode responder o que acontece na paisagem de nossa 
consciência. Seu “olho interior” é o mais apropriado para responder perguntas sobre suas 
sensações, suas emoções e as dinâmicas psicológicas que ocorrem nesse espaço chamado 
_______________ 
13 Essa figura é representada por Wilber no livro Psicologia Integral, página 79. 
28 
 
“eu”. Por mais que seus comportamentos deem sinais, seu interior é o espaço invisível aos 
outros. Nas palavras dos autores: “Pensamentos, idéias, opiniões, motivações, propósito, visão 
de mundo, filosofia de vida existem no seu interior pessoal.” (WILBER, PATTEN, 
LEONARD E MORELLI, 2011, p. 53) 
De acordo com os autores, existe um espaço “nós” quando as pessoas compartilham 
reconhecimento, compreensão e comunicação entre si. Existe uma diversidade de espaços 
“nós”, no trabalho, na família, entre vizinhos, nos variados grupos que fazemos parte, o “nós 
nacional, o nós global” e assim por diante. 
 
Em contraste com a compreensão mútua do espaço “nós”, o espaço “isto” é a 
perspectiva de olhar superfícies, objetivar coisas e pessoas e perceber 
comportamentos. O espaço “isto” tem clima de “coisidade” porque é o 
domínio dos exteriores individuais. Coisas que consegue ver, tocar, sentir o 
gosto, cheirar, ouvir e apontar. 
Volte a atenção para a dimensão exterior de si mesmo, o seu espaço “isto”. 
O corpo físico ou grosseiro é realmente um veículo extraordinário (e uma 
obra de arte), permitindo que você interaja como o mundo. Muitas camadas 
de complexidade – partículas subatômicas, átomos, moléculas, células, 
tecidos, órgãos e sistemas – compõe o corpo físico. (WILBER, PATTEN, 
LEONARD E MORELLI, 2011, p. 55) 
 
De que forma você se mostra ao mundo e o que faz. A quarta perspectiva correlativa a 
nossa percepção presente é o espaço do “Istos14”. Pode-se referir a esse espaço como o 
ambiente imediato que você se encontra, por exemplo, na cama, na biblioteca, numa sala, no 
ônibus, no metrô etc. Esteja onde estiver o indivíduo se relaciona com seus “arredores 
exteriores”, casas, prédios, outros organismos e diversas formações geográficas (rios, 
montanhas, etc.). 
 
Um sentimento de interconectividade é natural quando compreendemos a 
nossa participação nos incontáveis sistemas entrelaçados do mundo. 
Exemplos de exteriores compartilhados incluem sistemas políticos, legais e 
econômicos. Instituições (educacionais, governamentais, por exemplo), 
empresas (como a Google) e organizações sem fins lucrativos (como a Cruz 
Vermelha) se entrelaçam para formar a infraestrutura da sociedade. A malha 
dos sistemas sociais afeta profundamente e de incontáveis maneiras a nossa 
vida e o nosso desenvolvimento. (WILBER, PATTEN, LEONARD E 
MORELLI, 2011, p. 57 - 58) 
 
_______________ 
14 A palavra “istos” não existe na língua Portuguesa, entretanto a mesma é utilizada como um termo adotado pela 
abordagem Integral. 
29 
 
Os autores constatam que essas quatro dimensões não existem separadamente ou 
independentemente das outras, entretanto ao pensar nelas, tende-se a explorá-las 
separadamente. A tendência é reduzir cada dimensão da existência de acordo com o que se 
deseja explorar. Esse não é um tipo de pensamento Integral. 
 
Um recurso essencial para a consciência Integral é a capacidade de sustentar 
um paradoxo. A teoria integral é as vezes descrita como pensamento 
“ou/ou”. Embora possamos escolher conscientemente nos concentrar em um 
ou em outro quadrante, dependendo da situação, podemos também 
reconhecer implicitamente que o Eu e o Isto são ambos importantes, assim 
como o Nós e o Istos. Todos o quatro simultaneamente. (WILBER, 
PATTEN, LEONARD E MORELLI, 2011, p. 59 - 60) 
 
As quatro dimensões oferecidas pelo quadrante estão presentes em todas as situações 
da vida. De acordo com Wilber et al. (2011, p. 95 - 96) os fenômenos surgem nas quatro 
dimensões ao mesmo tempo, conforme exemplo: 
 
[...] Visualize-se chegando ao escritório de manhã... 
Quadrante Superior Esquerdo, espaço “Eu” Interior-Individual: você 
está empolgado e um pouco nervoso com a reunião de hoje. Pensamentos 
sobre a melhor maneira de se preparar disparam pela sua mente. 
Quadrante Inferior Esquerdo, espaço “Nós” Interior-Coletivo: você 
penetra numa conhecida cultura empresarial de expectativas, valores e 
significados compartilhados que são comunicados, de forma explícita ou 
implícita, todos os dias. 
Quadrante Superior Direito, espaço “Isto” Exterior-Individual: o seu 
comportamento físico é óbvio – andar, dar bom-dia, abrir uma porta, sentar-
se à mesa, ligar o computador e assim por diante. A atividade cerebral, o 
ritmo cardíaco e a transpiração aumentam à medida que a importante reunião 
se aproxima. 
QuadranteInferior Direito, espaço “Istos” Exterior-Coletivo: 
elevadores, movidos a eletricidade gerada a muitos quilômetros de distância, 
o levam ao seu andar. Você navega com facilidade pelo ambiente conhecido, 
chega à sua mesa e entra na intranet da empresa para ver os últimos 
resultados de vendas nos vários mercados internacionais da empresa. 
 
 
30 
 
1.4.1.2 Níveis/Estágios de Desenvolvimento15 
 
A explicação deste conceito será iniciada a partir do significado dos termos: estágio e 
nível. Estágio, segundo o Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa (2001) 
significa cada uma das sucessivas etapas na realização de algo, enquanto a palavra nível de 
acordo com o Dicionário Aurélio Eletrônico Século XXI (1999)16, exprime situação, estado, 
plano ou altura relativa numa escala de valores. As duas palavras apresentam significados 
diferentes, porém quando se fala em desenvolvimento na abordagem Integral, o termo estágio 
também pode ser chamado de nível. Sobre esse assunto Wilber (ANO apud Figueiredo 2007, 
p. 6 - 7) relata: 
 
Em termos de desenvolvimento, os estágios podem ser denominados níveis, 
segundo a ideia de que cada estágio representa um nível de organização ou 
complexidade, como na sequência de átomos, moléculas e células até 
organismos, na qual cada um desses estágios evolutivos encerra um nível de 
complexidade maior. 
 
O desenvolvimento existe em todos os quadrantes. Quadrante superior da esquerda 
(Eu) ocorre a evolução da consciência individual, quadrante superior da direita (Isto) acontece 
a evolução de física e biológica, quadrante inferior da esquerda (Nós) a evolução cultural e 
quadrante inferior da direita (Istos) a evolução socioeconômica. 
 
Todos os quadrantes mostram níveis evolutivos. Os quadrantes da esquerda 
medem o desenvolvimento em termos de profundidade interior, ou 
consciência. Os quadrantes da direita medem o desenvolvimento em termos 
de complexidade exterior. No entanto, como os quatro quadrantes 
“tetraocorrem”, um aumento em consciência interior corresponde, em geral, 
a um aumento em complexidade exterior. 
A emergência do complexo neocórtex no quadrante Superior Direito 
corresponde ao surgimento de inteligência superior no quadrante Superior 
Esquerdo. Este, por sua vez, se alinha ao florescimento de culturas humanas 
no quadrante Inferior Esquerdo e ao desenvolvimento de civilizações no 
quadrante Inferior Direito. As quadro dimensões evoluíram simultaneamente 
(e continuam a evoluir!) para ondas superiores de consciência e 
complexidade. 
[...] Se qualquer um dos quadrantes ficar para trás, ele tenderá a puxar os 
outros para baixo. (WILBER, PATTEN, LEONARD E MORELLI, 2011, 
p.99) 
_______________ 
15 O conceito de níveis será mais bem detalhado no capitulo sobre a “Psicologia Integral”. 
16 A página não está destacada, pois no dicionário eletrônico não consta o número das mesmas. 
31 
 
 
 
1.4.1.3 Estados 
 
Segundo o Dicionário Aurélio Eletrônico Século XXI (1999) a palavra estado pode 
significar uma situação, disposição ou ocasião em que as pessoas ou as coisas estão em 
determinado momento. Essa mesma definição é utilizada pela abordagem Integral. Tal 
abordagem compreende que os estados de consciência são temporários e modificam-se 
constantemente. Por mais profundos que sejam se mantém apenas por certo período e depois 
retornam a posição anterior. Todos os dias as pessoas percorrem vários estados, por exemplo, 
estado de euforia, cansaço, alegria, irritação, alerta, dentre outros. 
Os fenômenos relativos a cada quadrante passam por estados e as mudanças 
transitórias ocorrem em cada um desses quadrantes. Por exemplo: Se uma empresa enfrenta 
um período de perdas econômicas e depois se recupera, pode-se concluir que ela passou por 
uma mudança temporária de estado representada pelo quadrante Inferior Direito. Outro 
exemplo, agora representando o quadrante Inferior Esquerdo, uma cultura que vive a 
experiência de um ataque terrorista, pode vir a sofrer um período no qual os estados 
(transitórios) de medo e ira prevalecem. A figura 417 mostra um exemplo de estados em todos 
os quadrantes. 
 INTERIOR EXTERIOR 
IN
D
IV
ID
U
A
L
 
 
Estados emocionais 
Estados meditativos 
Estados criativos 
Estados fluentes 
 
Estados de desempenho de pico 
(relativo a meditação) 
Estados cerebrais 
Estados biológicos (saúde, doença) 
IN
D
IV
ID
U
A
L
 
C
O
L
E
T
IV
O
 
 
Estados interpessoais de 
relacionamento 
Estados de sentido compartilhado 
Estados de emoções compartilhadas 
Estados de comunicação 
 
Estados políticos 
Estados econômicos 
Estados climáticos 
Estados de guerra 
 C
O
L
E
T
IV
O
 
 
 INTERIOR EXTERIOR 
 
Figura 4 - Estados nos quadrantes. 
_______________ 
17 Essa figura é uma adaptação do livro A Prática de Vida Integral. 
32 
 
Existe uma correlação direta entre o quadrante superior esquerdo (estados de 
consciência) e o quadrante superior direito (ondas cerebrais correspondentes). O quadrante da 
direita (exterior) apresenta níveis de complexidade material e energética e o quadrante da 
esquerda representa o interior e é dotado de consciência. Esse fenômeno pode ser observado 
na figura 518. 
 
 INTERIOR EXTERIOR 
IN
D
IV
ID
U
A
L
 
 
Mente 
Estado causal sem sono 
Estado sutil de sonho 
Estado grosseiro de vigília 
 
 
Cérebro 
Ondas cerebrais Delta 
Ondas cerebrais Teta 
Ondas cerebrais Beta 
IN
D
IV
ID
U
A
L
 
 
Figura 5 – Correlação de estados mentais e cerebrais. 
Os estados relativos ao quadrante superior esquerdo são mencionados, com mais 
profundidade, no presente trabalho. Esses estados são denominados de estados de 
consciência19 que, segundo Wilber (2006) expressa a realidade subjetiva dos indivíduos. Os 
principais estados são divididos em dois tipos: alterado e natural. 
O estado alterado de consciência é considerado um estado incomum, “não-normal”. 
Pode ser endógeno e exógeno, por exemplo, estados endógenos podem ser treinados por meio 
da meditação e os exógenos podem ser ocasionados pela utilização de drogas. Experiências de 
quase-morte também geram o estado alterado de consciência. 
O estado natural de consciência, também denominado de estado comum, pode ser 
acessado por qualquer indivíduo. São divididos em cinco estados: vigília (estado grosseiro ou 
denso), sonho (estado sutil), sono profundo (estado causal), o observador e não dual. Cada 
qual vivenciado de maneira diferente. A seguir os cinco estados: 
 
1) Estado de vigília, denso ou estado grosseiro - É o estado que a pessoa encontra-se 
desperta. Ocorre, nesse momento, quando leio este texto ou quando pratico uma 
atividade física. Conforme a filosofia perene, o estado grosseiro é a morada do nosso 
ego. 
_______________ 
18 Idem ao anterior. 
19 Para uma compreensão mais ampliada à respeito do conceito de estados sugiro a leitura da obra 
Espiritualidade Integral, cuja referência completa encontra-se na bibliografia do presente trabalho. 
33 
 
 
2) Estado de sonho ou sutil - Refere-se ao que posso vivenciar em um sonho nítido, em 
um exercício de visualização, em um devaneio vívido ou por meio de algumas 
meditações. A filosofia perene diz que esse estado do sonho ou onírico permite o 
acesso aos estados da alma. 
 
3) Estado de sono profundo ou causal - Refere-se aos tipos de sono sem sonhos, 
experiências de imensidão ou vazio. Também pode ser acessado por meio de 
meditações plenas. Para a filosofia perene o estado de sono profundo nos dá acesso ao 
domínio de pura ausênciade forma. Os estados profundos podem nos mostrar 
importantes segredos e podemos ter acesso a eles de forma consciente. 
 
4) Estado observador – Refere-se à capacidade de observar e presenciar outros estados, 
por exemplo, a capacidade de ter um sonho muito lúcido ou então a capacidade de 
atenção no estado de vigília. 
 
5) Estado não dual – Não é bem um estado e sim uma percepção não-dual. Uma sensação 
de vacuidade, e ocorre quando a consciência atinge um estado no qual se torna 
uniforme. 
 
Wilber (2006) relata que todas as pessoas têm ao seu alcance os principais estados de 
percepção (grosseiro, sutil, causal e não-dual), porém, até certo ponto, estes estados serão 
vivenciados e interpretados de acordo com o estágio de desenvolvimento de cada pessoa. O 
que significa dizer que cada indivíduo fará uma interpretação baseada no seu grau de 
compreensão e na sua forma de enxergar o mundo. 
Não existe o conceito de “certo ou errado” apenas interpretações baseadas em 
diferentes experiências de vida. O mais importante é incluir o conceito de “estados”20 no 
cabedal das experiências humanas e olhar para essa dimensão como algo que faz parte de cada 
indivíduo, independente de sua crença ou religião. 
_______________ 
20 Importante relembrar que além dos estados de consciência temporários, existem também os estágios de 
consciência permanentes, esses demarcam o crescimento e desenvolvimento do indivíduo e podem ser 
denominados de Níveis, Ondas ou Memes. 
34 
 
1.4.1.4 Linhas ou Correntes do Desenvolvimento 
 
Entre os cinco elementos essenciais do Mapa Integral, encontra-se o conceito das 
linhas de desenvolvimento. Segundo Wilber (2006) as linhas de desenvolvimento podem ser 
comparadas às Inteligências Múltiplas, conceito que foi muito bem difundido por Howard 
Gardner: 
 
[...] a teoria das inteligências múltiplas postula um pequeno conjunto de 
potenciais intelectuais humanos, talvez tão poucos quanto sete em número, 
dos quais todos os indivíduos são capazes em virtude de sua filiação na 
espécie humana. Devido à hereditariedade, treinamento precoce ou, com 
toda a probabilidade, a uma interação constante entre esses fatores, alguns 
indivíduos desenvolverão determinadas inteligências muito mais do que os 
outros; mas todo o indivíduo normal deveria desenvolver cada inteligência 
até certa extensão, recebendo nada além de uma modesta oportunidade de 
fazê-lo. (GARDNER, 1994, p. 214) 
 
O conceito de “linha” que a abordagem integral utiliza é similar ao de Gardner, 
todavia de acordo com a integral essas inteligências múltiplas também podem ser 
denominadas de linhas de desenvolvimento porque “revelam desenvolvimento, crescimento e 
desdobram-se em estágios progressivos”. 
Wilber (2007b) também concorda com Gardner que o desenvolvimento dessas 
inteligências ocorre de maneira independente umas das outras, o que significa que o indivíduo 
pode ser muito desenvolvido em determinadas linhas e menos em outras. 
 
Essas linhas são “relativamente independentes”, significando que, em sua 
maior parte, elas podem se desenvolver independentemente umas das outras, 
em diferentes proporções, com dinâmicas diferentes e sob cronogramas 
diferentes. Uma pessoa pode ser muito avançada em algumas linhas, 
razoável em outras, inferior em algumas outras – e tudo ao mesmo tempo. 
Desse modo, o desenvolvimento global – a soma total de todas essas 
diferentes linhas – não mostra nenhum tipo de desenvolvimento linear ou 
sequencial. 
No entanto, a maior parte das pesquisas continuou a constatar que cada linha 
de desenvolvimento tende a se desdobrar de uma maneira sequencial, 
holárquica: os estágios superiores de cada linha tendem a se desenvolver 
sobre estágios anteriores ou a incorporá-los, não se pode pular nenhum 
estágio e estes aparecem numa ordem que não pode ser alterada por 
condicionamento ambiental nem por reforço social. (WILBER, 2007b, p. 44) 
 
35 
 
As Inteligências Múltiplas de Gardner são divididas em oito: lingüística, musical, 
lógico matemática, espacial, corporal cinestésica, interpessoal, intrapessoal e naturalista. A 
abordagem integral fala de mais de uma dúzia de linhas de desenvolvimento21. Wilber et al. 
(2011) relata que as linhas podem ser agrupadas em quatro categorias principais: 
 
1- Linha cognitiva – representa sua própria categoria. Não é considerada a mais 
importante, mas fornece a capacidade de assumir perspectivas. Para que as pessoas 
possam atuar sobre algo é necessário que se tenha o conhecimento. A pergunta 
relacionada a essa linha é “do que o indivíduo tem conhecimento?”. 
2- Linhas relacionadas ao eu – Estas linhas estão especialmente ligadas ao 
desenvolvimento do eu por meio das principais ondas de consciência, e costumam 
estar próximas em seu desenvolvimento. Algumas linhas que fazem parte deste grupo 
são: linha do ego, linha moral, linha de necessidades, linha de valores, linha de auto-
identidade. 
3- Linhas de talento – As Inteligências Múltiplas de Gardner entram neste grupo. 
4- Outras linhas importantes - Linha espiritual, linha psicossexual, linha estética, linha 
interpessoal, linha emocional ou afetiva, linha da visão de mundo entre outras. 
 
Os indivíduos costumam se deparar com alguns questionamentos específicos de cada 
linha de desenvolvimento, por exemplo: 
 
 Linha de desenvolvimento Cognitiva – Do que eu tenho conhecimento? 
 Linha de desenvolvimento de Necessidades – Do que eu preciso? 
 Linha de desenvolvimento de Autoidentidade – Quem sou eu? 
 Linha de desenvolvimento de Valores – O que é importante para mim? 
 Linha de desenvolvimento da Inteligência Emocional – Como eu me sinto a esse 
respeito? 
 Linha de desenvolvimento Estética – O que é belo ou atraente para mim? 
 Linha de desenvolvimento Moral – Qual é a coisa certa a fazer? 
 Linha de desenvolvimento Interpessoal – Como devo interagir? 
_______________ 
21 Algumas linhas de desenvolvimento serão mais bem detalhadas no item sobre a “Psicologia Integral”. 
 
36 
 
 Linha de desenvolvimento da Habilidade Cinestésica – Como devo fisicamente fazer 
isso? 
 Linha de desenvolvimento da Espiritualidade - O que é de suma importância? 
 
As linhas de desenvolvimento acima citadas, foram estudadas separadamente por 
diversos autores/pesquisadores, conforme relata Wilber (2006): 
 
 Linha cognitiva – Piaget e kegan (Jean Piaget e Robert Kegan). 
 Linha do Self – Loevinger (Jane Loevinger). 
 Linha de Valores – Graves, Espiral Dinâmica (Clare W. Graves). 
 Linha Moral – Kohlberg (Lawrence Kohlberg). 
 Linha Interpessoal – Selman, Perry (Robert L. Selman e Perry Wood). 
 Linha Espiritual – Fowler (James Fowler). 
 Linha das Necessidades – Maslow (Abraham Maslow). 
 Linha Cinestésica – Gardner (Howard Gardner). 
 Linha Emocional – Goleman (Daniel Goleman). 
 Linha Estética – Housen (Abigail Housen). 
 
Outra linha de desenvolvimento citada é a linha da Visão de Mundo22. Cada altitude23 
básica de consciência tem sua própria visão de mundo, sua maneira de interpretar e 
compreender as coisas, conforme se desenvolve, a visão de mundo abrange mais consciência 
e complexidade. 
 
Uma linha especialmente útil é a linha da visão de mundo porque tangencia 
as suposições fundamentais de uma pessoa ou de uma cultura sobre o 
mundo. Como não vivemos num mundo predeterminado que todos 
experimentam da mesma forma, existem diferentes visões de mundo – 
diferentes maneiras de categorizar, apresentar, representar e organizar nossas 
experiências. A visão de mundo de uma pessoa é subjacente à maneira pelo 
_______________ 
22 Os autores relatam que a linha da Visão de Mundo e a linha de

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