Buscar

Resumo do livro: A coerência textual Koech Travaglia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

A coerência textual 
1 – Travando o conhecimento com a coerência
 Certamente, em comentário sobre textos você já ouviu do professor ou de colegas, coisas como: “Este texto é incoerente”, “Falta coerência nas ideias”, tais comentários esta relacionado à contradição entre uma passagem e outra do texto ou entre o texto e o conhecimento estabelecido das coisas.
(1) Renata tinha lavado a roupa quando chegamos, mas ainda estava lavando a roupa.
(2) A galinha estava grávida.
Incoerência não depende apenas do modo como se combinam elementos linguísticos no texto, mas também de conhecimentos prévios sobre o mundo e do tipo de mundo em que o texto se insere.
A coesão textual, não só ela, revela a importância do conhecimento linguístico (dos elementos da língua, seus valores e usos) para a produção do texto e sua compreensão e, portanto para o estabelecimento da coerência. O conhecimento dos elementos linguísticos e sua relação, por exemplo, com o contexto de situação também é importante para o calculo do sentido e a percepção de um texto como coerente. Assim o próximo texto só é perfeitamente inteligível se conhecimento do uso dos elementos linguísticos.
- O que aconteceu?
- Eu não sei. Ela estava aqui. De repente começou a gritar e desmaiou.
 - Esta bem, vamos levá-la na ambulância.
Emissor, receptor e a coerência: É de fundamental importância o conhecimento sobre o mundo e o conhecimento comum entre o emissor e receptor para tornar a mensagem compreensível, evidenciando que o juízo de coerência não depende apenas do modo como se combinam elementos linguísticos no texto.
– Conceito de coerência
A coerência está ligada diretamente ligada à possibilidade de se estabelecer um sentido para o texto. Ela faz com que o texto faça sentido para os usuários, devendo, portanto, ser entendida como um princípio de interpretabilidade, ligada à integibilidade do texto numa situação de comunicação e à capacidade que o receptor tem para calcular o sentido desse texto.
 A coerência é global. Portanto para que haja coerência é necessário que haja possibilidade de estabelecer no texto alguma forma de unidade ou relação entre seus elementos.
 Segundo Franck, (1980) a coerência designa a conexão formal e de conteúdo entre elementos sequenciais, que coloca em relação uns com os outros e os insere numa forma de organização superior, e estabelece um sentido unitário global para cada texto.
Widdson (1978) para ele a coerência seria a relação entre os atos de fala que as proposições realizam (uma proposição é definida como a representação linguística de um estado de coisas por meio de um ato de referência de predicação, daí a expressão conteúdo proposicional.)
Beaugrande & Dressler (1981) Macuschi (1983) afirmaram que a base da coerência é a continuidade de sentidos entre os conhecimentos ativados pelas expressões do texto.
A coerência aparece, assim, como uma organização reticulada, hierarquizada no texto. A continuidade estabelece uma coesão conceitual cognitiva entre os elementos do texto através de processos cognitivos que operam entre os usuários do texto e são não só do tipo lógico, mas dependem de fatores socioculturais diversos e de fatores interpessoais entre os quais podemos criar: 
As intenções comunicativas dos participantes da ocorrência comunicativa de que o texto é o instrumento.
As formas de influência do falante na situação da fala.
As regras sociais que regem o relacionamento entre pessoas ocupando determinados “lugares sociais”
Coerência se estabelece na interlocução entre os usuários do texto (produtor- recebedor)
Textos sem continuidade são considerados como incoerentes. Embora a continuidade relativa a um dado tópico discursivo seja uma condição para estabelecimento da coerência, nem sempre a descontinuidade representará incoerência.
A coerência é algo que se estabelece na interlocução, na interação entre dois usuários dada situação comunicativa. Em função disso, Charolles (1979:81) afirmou que a coerência seria a qualidade que têm os textos que permite aos falantes reconhecê-los como bem formado.
Sendo assim a boa formação seria em função da possibilidade de os falantes recuperarem o sentido d um texto, calculando sua coerência.
Coerência é um princípio de interpretabilidade, dependente da capacidade dos usuários de recuperar o sentido do texto pelo qual interagem, capacidade essa que pode ser variada, podendo ser definidas por fatores como: conhecimento de um usuário pelo outro, grau de interação do usuário com o assunto, etc...
A coerência tem a ver com uma “boa formação” do texto num sentido totalmente diverso da noção de gramaticalidade usada pela gramática gerativa-transformacional no nível da frase. Tem a ver com interlocução comunicativa, que determina não só a possibilidade de estabelecer o sentido do texto, como também com a frequência, qual sentido se estabelece.
Van Dijk & Kintsch (1983) falam de coerência local, que se refere à partes do texto ou a frases ou sequências de frases dentro do texto; e em coerência global, que diz respeito ao texto em sua totalidade.
Coerência local advém do bom uso dos elementos da língua em sequência menores, para expressar sentidos que possibilitem realizar uma interação comunicativa.
Coerência sintática nada mais é do que um aspecto da coesão que pode auxiliar no estabelecimento da coerência.
A coerência pode ser: coerência estilística, coerência pragmática.
Estilística, o usuário deveria usar em seu texto elementos linguísticos (léxico, frases, tipos de estruturas, etc...) o uso desses elementos parece não criar problemas maiores para a coerência entendida como princípio de interpretabilidade. A incoerência estilística inaceitável pelas normas sociais é a que afeta o estabelecimento da coerência.
Coerência pragmática tem a ver com o texto visto como uma sequência de atos da fala.
 Relação entre coerência e coesão:
 A coerência é subjacente, reticulada, não linear.
Charolles (1978), ela se relaciona com a linearidade do texto. Isso quer dizer que a coerência se relaciona com a coesão do texto.
Coesão se entende a ligação, a relação, os nexos que se estabelecem entre os elementos que constituem a superfície textual. Ao contrário da coerência, que é subjacente, a coesão é explicitamente revelada através de marcas linguísticas.
A coesão é a sintática e gramatical, mas semântica, pois em muitos casos, os mecanismos coesivos se baseiam numa relação entre os significados de elementos da superfície do texto, como na chamada coesão referencial.
A coesão pode ser: coesão remissiva ou referencial, e coesão sequencial.
A coesão referencial é a que se estabelece entre dois ou mais componentes da superfície textual que remetem a um mesmo referente, que pode ser acrescido de outros traços que se vão agregando textualmente. Isso pode ocorrer por meio de dois mecanismos.
Substituição: quando um componente do texto é retomado ou percebido, por uma pró-forma (pronome, verbo, que constituem outros elementos do texto)
Reiteração: faz se através de expressões, sinônimos nominais definidos de repetição do mesmo item lexical.
A coesão pode ser também sequencial, ela se faz através de dois procedimentos: a recorrência e a progressão;
Coesão por recorrência é obtida por recorrência de termos, de estruturas, de recursos fonológicos, de aspectos e tempos verbais.
Coesão por progressão é feita por mecanismos que possibilitam a manutenção temática, pelo uso de um mesmo campo lexical. Os encadeamentos, que pode dar conexidade é feito através de conectores de tipo lógico, que estabelecem relações de conjunção, disjunção ou implicação lógica.
A coerência e a coesão tem relação, por que a coerência é estabelecida partir da sequência lingüística que constitui o texto. A coesão ajuda a estabelecer a coerência na interpretação dos textos.
Bernadez (1892) “o texto não é coerente porque as frases que o compõem guardam entre si determinadas relações existem devido à coerência do texto”.
A relaçãoentre coerência e coesão é um processo de mão dupla: na produção do texto se vai da coerência, e a coesão auxilia no estabelecimento da coerência, ela não é garantia de se obter um texto coerente.
Charolles (1989), os elementos linguísticos da coesão não são nem necessários, nem suficientes para que a coerência seja estabelecida.
Sendo assim a separação coerência e a coesão não é nítida. A coesão tem relação com a coerência na medida em que é um dos fatores que permite calcular do ponto de vista analítico, onde se torna interessante separá-las, distingui-las, e não esquecer que são duas faces do mesmo fenômeno.
3 – Relação entre coerência, competência textual e linguística do texto.
Noção de coerência: 
Coerência é a dimensão básica do texto. A propriedade fundamental que separa o texto de uma sequência desconexa de frases ou enunciados, ou “não texto”. 
Não texto: Sequências linguísticas incoerentes em si.
Sequência linguística incoerente em si: Não existe. Consequentemente, não existe o não texto.Portanto, em princípio, todos os textos são aceitáveis.
Subcategorizações:
Coerência semântica. Refere-se à relação entre os significados dos elementos das frases em sequência; a incoerência aparece quando esses sentidos não combinam, ou quando são contraditórios. Exemplos:
1) Ouve-se os clamores dos surdos mudos em altas vozes.
(É incomum e inadequado expressar-se assim nessas circunstâncias.)
Coerência pragmática. Contradições nas articulações de conteúdo. Ex: Meu irmão primogênito é o mais novo de todos. É muito comum anedotas serem elaboradas a partir de incoerências, inclusive pragmáticas. 
Coerência temática: Ideia que vai constituir ou apoiar o tópico discursivo.
Organização temática coerente requer estratégias de fazer com que o assunto tratado garanta um modo de ser construído e apresentado. Existem regras para o processo de tematização, mas, apesar das regras, não existe um único modo, e até mesmo o produtor pode optar por não apresentar um texto dentro do tema em foco, pretendendo assim produzir outros efeitos. 
Coerência funcional funcionalidade (ou atividade) é definida como um comportamento ou uma ação para a qual possa ser visualizado um início e um fim; isto é: algo passível de execução.
Coerência narrativa; Coerência narrativa. Diz respeito à ordem da cronológica, temporal, geográfica, et. Que devem ser respeitadas, excetuando as narrativas ficcionais fantásticas, quando o contexto seria a "anormalidade" e, assim, prevalece à coerência interna da narrativa.
Coerência argumentativa: Conclusões dissociadas dos pressupostos ou dados de base. Ex: Defender a pena de morte por ser a favor da vida.
Explicitação de competência textual:
O texto não significa só por si mesmo. Conceito que indica o nível de alcance do usuário perante o texto, independente do conhecimento imediato do código linguístico. A capacidade de distinguir entre texto e não texto, distinguir diferentes tipos de textos, parafrasear, resumir, etc, é resultado da competência desenvolvida por meio da interiorização de um determinado conjunto de regras que lhe permite produzir, explicar e compreender qualquer texto. O texto não significa só por si mesmo. Portanto, a leitura dos textos, e em particular dos textos literários, exige sempre uma competência específica, não universal, não partilhada por todos os falantes/ouvintes, e susceptível de ser treinada e aperfeiçoada. É possível desdobrar a competência textual em subgéneros como competência narrativa, competência dramática e competência poética, mas, na prática, não se altera o conceito original. As competências narrativa, poética ou dramática possuem a mesma natureza e as mesmas condições de realização da competência textual, apenas se diferenciando pelo tipo de objeto produzido, pelo que as podemos considerar conceitos inconsequentes.
Explicitação de linguística do texto ou teoria do texto:
Princípios ou modelos cujo objetivo não é predizer a boa ou má formação do texto, mas permitir representar os processos e mecanismos de tratamento dos dados textuais que os usuários põem em ação quando buscam interpretar uma sequência linguística, estabelecendo o seu sentido e, portanto, calculando sua coerência. O texto é uma unidade linguística hierarquicamente superior à frase, e a gramática de frase não dá conta do texto. No entanto, essa afirmação, aparentemente despretensiosa e simples, requereu estudos sérios, e muita determinação para romper com princípios linguísticos cristalizados. E os resultados existentes, mesmo não sendo definitivos, são muito animadores.
 4 – Fatores de coerência.
A construção da coerência decorre de uma multiplicidade de fatores: linguísticos, discursivos, cognitivos, culturais e interacionais.
 Elementos linguísticos:
Embora não seja possível entender o sentido de um texto com base apenas nas palavras que o compõem e na sua estrutura sintática, é indiscutível a importância dos elementos linguísticos do texto pra o estabelecimento da coerência. Esses elementos servem como pistas para a ativar os conhecimentos armazenados na memória, eles constituem o ponto de partida para tirar conclusões, ajudam a captar a orientação argumentativa dos enunciados que compõem o texto. Todo o contexto linguístico contribui de alguma maneira ativa na construção da coerência.
 Conhecimento de mundo:
O nosso conhecimento de mundo desempenha um papel decisivo no estabelecimento da coerência: se o texto falar de coisas que não conhecemos, será difícil calcularmos o seu sentido e ele nos parecerá sem coerência.
Adquirimos esse conhecimento à medida que vivemos, tomando contato com o mundo que nos cerca. Vamos armazenando os conhecimentos em blocos, que se denominam modelos cognitivos. Existem diversos tipos de modelos cognitivos, entre os quais podemos citar.
a)- os frames – conjuntos de conhecimentos armazenados na memória sob um certo “rótulo”, sem que haja qualquer ordenação entre eles; ex.: Natal, viagem de turismo;
b)- os esquemas – conjuntos de conhecimentos armazenados em sequência temporal ou casual; ex.: como pôr um aparelho em funcionamento;
c)- os planos – conjunto de conhecimentos sobre como agir para atingir determinado objetivo; ex.: como vencer uma partida de xadrez.
d)- os scripts – conjuntos de conhecimentos sobre modos de agir altamente estereotipados em dada cultura, inclusive em termos de linguagem; ex.: os rituais religiosos ( batismo, casamento, missa);
e)- as superestruturas ou esquemas textuais – conjunto de conhecimentos sobre diversos tipos de textos, que vão sendo adquiridos à proporção que temos contato com esses tipos e fazemos comparações entre eles.
Os modelos cognitivos são culturalmente determinados e aprendidos através de nossa vivencia em dada sociedade. Além desse conhecimento adquirido pela experiência do dia-a-dia, existe o conhecimento dito cientifico aprendido nos livros e nas escolas. Nem sempre os dois tipos de conhecimento coincidem, o que pode criar problemas de coerência.
É a partir do conhecimento que temos que vamos construir um modelo do mundo representado em cada texto – é o universo textual.
 Conhecimento compartilhado:
Cada um armazena os conhecimentos na memória a partir de suas experiências pessoais, é impossível que duas pessoas compartilhem o mesmo conhecimento de mundo. Portanto, é necessário que produtor e receptor de um texto possuam, ao menos, uma boa parcela de conhecimentos comuns.
Os elementos textuais que remetem ao conhecimento partilhado entre os interlocutores constituem a informação “velha” ou dada, ao passo que tudo aquilo que for introduzido a partir dela constituirá a informação nova trazida pelo texto.
Para que um texto seja coerente, é preciso haver um equilíbrio entre informação dada e informação nova. Se um texto contivesse apenas informação nova, seria ininteligível, pois faltariam ao receptor as bases (“âncoras”) a partir das quais ele poderia proceder ao processamento cognitivo do texto. De outro lado,se o texto contivesse somente informação dada, ele seria altamente redundante, isto é, “caminharia em círculos”, sem preencher seu propósito comunicativo.
Consideram-se entidades conhecidas ou dadas àquelas que:
a)- constituem o “co-texto”, isto é, que são recuperáveis a partir do próprio texto;
b)- aquelas que fazem parte do contexto, isto é, da situação em que se realiza o ato de comunicação;
c)- aquelas que são de conhecimento geral em dada cultura;
d)- as que remetem ao conhecimento comum do produtor e do receptor.
Inferências:
É a operação pela qual o receptor (leitor/ouvinte) de um texto estabelece uma relação explicita entre dois elementos (normalmente frases e trechos) deste texto que ele busca compreender e interpretar; ou, então, entre segmentos de texto e os conhecimentos necessários para a sua compreensão.
Todo texto assemelha-se a um iceberg – o que é explicitado no texto, é apenas uma pequena parte daquilo que fica submerso, ou seja, implícito. Compete, portanto, ao receptor ser capaz de atingir os diversos níveis implícitos, se quiser alcançar uma compreensão mais profunda do texto que ouve ou lê.
Existem inferências que só podem ser feitas retroativamente, isto é, depois que se conhece a sequência do texto.
Quanto maior o grau de familiaridade ou intimidade entre os interlocutores, menor a quantidade de informações explicitas, especialmente em casos de diálogos.
Fatores de contextualização:
São aqueles que “ancoram” o texto em uma situação comunicativa determinada. Podem ser de dois tipos:
a)- os contextualizados propriamente ditos: estão a data, o local, a assinatura, elementos gráficos, timbre, etc., que ajudam a situar o texto e, portanto, a estabelecer-lhe a coerência.
Sem os elementos “contextualizadores” fica difícil decodificar a mensagem.
b)- os perspectivos ou prospectivos: são aqueles que avançam expectativas sobre o conteúdo do texto: título, autor, inicio do texto.
Situacionalidade:
Outro fator responsável pela coerência pode ser vista atuando em suas direções:
a)- da situação para o texto: trata-se de determinar em que medida a situação comunicativa interfere na produção recepção do texto e, portanto, no estabelecimento da coerência. A situação deve ser aqui entendida quer em sentido escrito – a situação comunicativa propriamente dita, isto é, o contexto imediato da interação – quer em sentido amplo, ou seja, o contexto sociopolítico-cultural em que a interação esta inserida. A situação comunicativa tem interferência direta na maneira como o texto é construído, sendo responsável, portanto, pelas variações linguísticas.
b)- do texto para a situação: também o texto tem reflexo importante sobre a situação comunicativa: o mundo textual não é jamais idêntico ao mundo real. Os referentes textuais não são idênticos ao do mundo real, mas são construídos no interior do texto. O receptor, por uma vez, interpreta o texto de acordo com a sua ótica, os seus propósitos, as suas convicções – há sempre uma mediação entre o mundo real e o mundo textual.
Um texto que é coerente em dada situação pode não sê-lo em outra: daí a importância da adequação do texto à situação comunicativa.
Informatividade:
Diz respeito ao grau de previsibilidade (ou “expectabilidade”) da informação contida no texto. Um texto será tanto menos informativo, quanto mais previsível ou esperada for a informação por ele trazida. Assim, se contiver apenas informação previsível ou redundante, seu grau de informatividade será baixo, se contiver, alem da informação esperada ou previsível, informação não previsível, terá um grau maior de informatividade, se, por fim, toda a informação de um texto for inesperada ou imprevisível, ele terá um grau máximo de informatividade, podendo, a primeira vista, parecer incoerente por exigir do receptor um grande esforço de decodificação.
É a informatividade, portanto, que vai determinar a seleção e o arranjo das alternativas de distribuição da informação no texto.
Focalização:
A focalização tem a ver com a concentração dos usuários em apenas uma parte do seu conhecimento, bem como a perspectiva da qual são vistos os componentes do mundo textual.
Diferenças de focalização podem causar problemas sérios de compreensão, impedindo, por vezes, o estabelecimento da coerência. Verifica-se, portanto, que a focalização tem relação direta com a questão de conhecimento de mundo e de conhecimento compartilhado. Um mesmo texto, dependendo da focalização, pode ser lido de modo totalmente diferente.
Um dos mais importantes meios de evidenciar a focalização é o uso do que chamamos de descrições ou expressões definidas. Tais expressões selecionam, dentre as propriedades e características do referente, aquelas sobre as quais se deseja chamar a atenção.
O titulo do texto é, em grande parte dos casos, responsável pela focalização, pois ativa e/ou seleciona conhecimentos de mundo que temos arquivados na memória, avançando expectativas sobre o conteúdo do texto.
Intertextualidade:
Na medida, em que para o processamento cognitivo, de um texto recorre-se ao conhecimento prévio de outros textos. A intertextualidade pode ser de forma ou de conteúdo.
A intertextualidade de forma ocorre quando o produtor de um texto repete expressões, enunciados ou trechos de outros textos, ou então o estilo determinado autor ou de determinados gêneros de discurso.
Um subtipo de intertextualidade formal é a intertextualidade tipológica, que também é importante para o processamento adequado do texto.
Quanto à intertextualidade de conteúdo, pode-se dizer que a intertextualidade é uma constante: os textos de uma mesma época, de uma mesma área de conhecimento, de uma mesma cultura, etc., dialogam necessariamente, uns com os outros. Essa intertextualidade pode ocorrer de maneira explicita – o texto contém a indicação da fonte do texto primeiro, como acontece com o discurso relatado, as citações, traduções, resumos e resenhas, etc. – implícita – não se tem indicação da fonte, de modo que o receptor deverá ter os conhecimentos necessários para recuperá-la, o contrario, não será capaz de captar a significação implícita que o produtor pretende passar.
Intencionalidade e aceitabilidade: 
O produtor de um texto tem determinados objetivos ou propósitos, que vão desde a simples intenção de estabelecer ou manter o contato com o receptor ate a de levá-lo a partilhar de suas opiniões ou a agir ou comportar-se de determinada maneira.
A intencionalidade refere-se ao modo como os emissores usam textos para perseguir e realizar suas intenções, produzindo, para tanto, textos adequados à obtenção dos efeitos desejados.
A aceitabilidade constitui a contraparte da intencionalidade. O postulado básico que rege a comunicação humana é o da cooperação, isto é, quando duas pessoas interagem por meio da linguagem, elas se esforçam por fazer-se compreender e procuram calcular o sentido do texto do(s) interlocutor(es), partindo das pistas que ele contém e ativando seu conhecimento de mundo da situação, etc.
A intencionalidade tem relação escrita com o que se tem chamado argumentatividade.
A argumentatividade manifesta-se nos textos por meio de uma série de marcas ou pistas que vão orientar os seus enunciados no sentido de determinadas conclusões. Entre estas marcas encontram-se os tempos verbais, os operadores e conectores argumentativos, os modalizadores, entre outros.
Consistência e relevância: 
A condição de consistência exige que cada enunciado de um texto seja consistente com os enunciados anteriores, isto é, que todos os enunciados do texto possam ser verdadeiros dentro do mesmo mundo ou dentro dos mundos representados no texto.
O requisito da relevância exige que o conjunto de enunciados que compõem o texto seja relevante para um mesmo tópico discursivo subjacente, isto é, que os enunciados sejam interpretáveis como falando sobre um mesmo tema.
5 – Coerência e ensino
Segundo o texto Coerência e Ensino; Metodologia é, sobretudo uma questão de postura , ideologia, metas, objetivos e fundamentose não apenas de técnicas de ensino. 
É importante que o professor tenha conhecimentos de língua Portuguesa, considerando alguns níveis tais como: 
Fonético e Fonológico
Morfológico
Sintático
Semântico
Textual discursivo
Estilístico
Sem esse conjunto de conhecimentos é impossível existir Metodologia.
Deve se ressaltar que um professor pode, por exemplo, realizar algumas modificações em sua metodologia de ensino, baseando-se nas descobertas da linguística textual sobre Coesão e Coerência sem fazer qualquer referencia teórica sobre o assunto para seus alunos. 
Deve-se ter cuidado ao agir buscando utilizar certos conceitos. Viabilizando um trabalho que seja dinâmico para que aborde os elementos da língua em seu funcionamento efetivo e real.
O uso de qualquer subsídio linguístico precisa ser feito com conhecimento, cuidado e discernimento, para que o receptor tenha condições de compreendê-lo e realizar as interferências necessárias para que se dê a coerência.
 
Exemplo de texto considerado como não texto, ou sem coesão:
Maria é minha irmã
Maria é bonita
Maria tem um cachorrinho
O cachorrinho é branco
Maria brinca com o cachorrinho
Alguns professores, de forma errônea, consideram o texto acima como não texto, ou texto sem coesão, mas o professor deve considerar o pensamento do aluno e saber que existem textos incoerentes para algumas pessoas. A partir disso o professor deve trabalhar com produções de textos orais e escritos para que o aluno, a partir de seu conhecimento de mundo, trabalhe melhor o texto para que o seu vocabulário aumente e assim amplie sua compreensão textual.
– Análise do texto lido:
 
A problemática abordada nesse trabalho é objeto de uma análise de como se faz linguística de texto, oferecendo perspectivas de revitalização teórica propiciando soluções ao estudo da comunicação humana e ao ensino de línguas. Partindo do princípio de que o falante se comunica através de textos e não de frases e que o texto é, por excelência, uma unidade linguística em funcionamento concreto, em contexto de comunicação, a coerência é a condição que suscita a sua caracterização numa base. Mas o texto não significa só por si mesmo. Segundo os autores, de acordo com o exposto, fica claro que a construção da coerência depende de vários fatores, sejam eles linguísticos, cognitivos, culturais, interacionais. Assim, do ponto de vista linguístico, elementos utilizados no decorrer da produção textual são de indiscutível importância para que a coerência seja estabelecida, pois funcionam como pistas que servirão como ponto de partida para sua realização. No entanto, conhecimento de mundo, conhecimento compartilhado e inferências, respectivamente, relacionam-se com a bagagem de conhecimento que cada interlocutor possui que compartilham e que podem ser ativados a partir de mecanismos linguísticos utilizados no decorrer da interação; os fatores de contextualização ancoram o texto em determinada situação comunicativa, auxiliando na localização do receptor e na decodificação da mensagem; a situacionalidade permite a adequação do texto à situação sociocomunicativa; a informatividade refere-se ao grau de previsibilidade ou expectabilidade da informação presente no texto. 
Referência Bibliográfica:
KOCH, I.G.V; TRAVAGLIA, L.C. In: A coerência textual. São Paulo: Contexto. 1990

Outros materiais