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Atos unilaterais como fontes de obrigações Jus Navigandi

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Este  texto  foi  publicado  no  site  Jus Navigandi  no  endereço
https://jus.com.br/artigos/31620 
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Atos unilaterais como fontes de obrigações
Atos unilaterais como fontes de obrigações
Rafael Júnio Ferreira da Silva
Publicado em 09/2014. Elaborado em 08/2014.
Atos Unilaterais. Fontes de obrigação.  Institutos  tipificados. Compendio civilista. Título VII­
Atos Unilaterais. Conceitos. Espécies. Requisitos. Efeitos.
RESUMO
O  presente  trabalho  tem  por  objetivo  o  cumprimento  das  exigências  da  disciplina  “Teoria  Geral  dos  Contratos  e
Responsabilidade  Civil”  do  Curso  de  Bacharel  em Direito  da Universidade  de Uberaba­MG.  Visa  à  elucidação  dos  atos
unilaterais como fontes de obrigações e seus institutos tipificados no compendio civilista vigente, precisamente no TÍTULO
VII  ­ Dos Atos Unilaterais. O  conteúdo exposto está  calcado em conhecimento adquirido e  embasado em doutrinadores
renomados,  a  fim de  tornar  inteligível  o  tema  supramencionado  e  suas peculiaridades. Com efeito,  abordarei  conceitos,
efeitos e requisitos necessários de cada instituto.
Palavras­chave: Atos Unilaterais. Fontes de obrigação. Institutos tipificados.
Compendio  civilista.  Título  VII­  Atos  Unilaterais.  Conceitos.  Espécies.
Requisitos. Efeitos.
SUMÁRIO
1. Introdução ............................................................................................. 3
2. Atos Unilaterais ..................................................................................... 3
    2.1 Conceito .......................................................................................... 3
3. Da Promessa de recompensa .............................................................. 4
    3.1. Conceito .......................................................................................... 4
           3.2. Requisitos ................................................................................ 4
                  3.3. Efeitos ............................................................................... 5
4. Da Gestão de Negócios ......................................................................... 5
    4.1. Conceito .......................................................................................... 5
           4.2. Requisitos ....................................................................... ......... 6
                  4.3. Efeitos ................................................................................ 7
5. Do Pagamento Indevido .......................................................................... 8
    5.1. Conceito ........................................................................................... 8
           5.2. Espécies de Pagamento Indevido ............................................ 10
                 5.3. Accipiens de boa e de má fé .............................................. 10
                  5.4. Recebimento indevido de imóvel ...................... 11
                      5.5. Pagamento indevido sem direito a repetição . 12
6. Do Enriquecimento sem causa ............................................................... 13
    6.1. Conceito ............................................................................................ 13
           6.2 Requisitos da ação de “in rem verso” ......................................... 14
7. Conclusão ................................................................................................ 16
    Bibliográfia ................................................................................................ 17
 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO
Neste curto trabalho, desenvolveremos os quatros tipos de atos unilaterais do Titulo VII do Código Civil Brasileiro de 2012
e suas peculiaridades, quais sejam: Promessa de recompensa, arts. 854 á 860; Da Gestão de Negócios, arts. 861 á 875; Do
Pagamento  Indevido,  arts.  876  á  883;  e  Do  Enriquecimento  sem  Causa,  arts.  884  á  886,  todas  as  espécies  são  de
inquestionável relevância para o direito e, importantes fontes de obrigações.
1. ATOS UNILATERAIS
O  compendio  civilista  de  1916,  dedicava  as  declarações  unilaterais  de  vontade  como  fontes  de  obrigações  autônomas,  e
preconizava em seu Título VI os institutos: “Títulos ao portador” (arts. 1505 a 1.511) e a “promessa de recompensa’’ (arts.
1.512 a 1.517), nomeados de “Obrigações por declaração unilateral da vontade”. Hodiernamente o novo diploma viabiliza no
Título VII, os institutos da “Gestão de negócios” (arts. 861 a 875), Pagamento indevido (arts. 876 a 883), “Enriquecimento
sem causa” (arts. 884 a 886) e, mantém a “Promessa de recompensa” (arts. 854 a 860), deslocando os Títulos ao portador
para o Capítulo II, Título III, dedicado aos Títulos de crédito.
2.1 Conceito
Nos dizeres da renomada doutrinadora MARIA HELENA DINIZ: “A declaração unilateral de vontade  é uma das  fontes
das obrigações resultantes da vontade de uma só pessoa, formando­se a partir do instante em que o agente se manifesta
com  intenção  de  se  obrigar,  independentemente  da  existência  ou  não  de  uma  relação  creditória,  que  poderá  surgir
posteriormente. Não haverá liberdade para se estabelecerem obrigações, que só se constituirão nos casos preordenados em
lei. As obrigações nascem da declaração unilateral da vontade manifestada em circunstancias tidas pela lei como idôneas
para determinar sua  imediata constituição e exigibilidade, desde que o declarante a emita com intenção de obrigar­se, e
desde que chegue ao conhecimento da pessoa a quem se dirige, e seja esta determinada ou pelo menos determinável”[2]
(#_ftn2) .
1. PROMESSA DE RECOMPENSA
3.1 Conceito
A  promessa  de  recompensa  é  a  declaração  de  vontade,  feita  mediante  anúncio  público,  pela  qual  alguém  de  obriga  a
gratificar  quem  se  encontra  em  certa  situação  ou  a  praticar  determinado  ato,  independentemente  do  consentimento do
eventual credor[3] (#_ftn3) . A partir da declaração anunciada publicamente o promitente de obriga independentemente de
aceitação, pelo  fato da promessa  ser dirigida a uma pessoa anônima,  contudo os efeitos da promessa de  recompensa  se
darão no momento em que forem cumpridas às condições de sua exigibilidade. Consoante disposto no art. 854 do CCB/02,
é  notório:  quem  oferece  publicamente  recompensa,  está  obrigado  a  pagá­la.  São  exemplos  do  instituto,  a  promessa  de
recompensa pelo achado de determinada coisa, captura de uma pessoa, desaparecimento de um animal, dentre outras.
3.2 Requisitos
É possível aferir os seguintes requisitos do  instituto exposto: 1° Capacidade do promitente; quem emite a declaração de
vontade deve  ser um agente  capaz,  conforme art.  104,  I, do CCB/2002. 2° Licitude e possibilidade do objeto;  isto  é,  do
serviço pedido ou das condições estipuladas. 3º Publicidade da promessa; o promitente pode escolher qual o melhor tipo
de  publicidade  que  lhe  convém,  desde  que  ela  aconteça,  pois  sendo  o  credor  incerto  é  indispensável  ser  levada  ao
conhecimento do publico.
3.3 Efeitos
Os efeitos da promessa de recompensa se dão no instante em que o promitente realiza a promessa de oferta ao publico. A
partir dai o credor que satisfazer ou realizar as condições exigidas terá o direito a recompensa, art. 855, do CCB/2002.
Outrora é possível a revogabilidade da promessa pelo promitente, desde que pelos mesmos meios de publicidade utilizada
na oferta e antes dos serviços prestados ou preenchida as condições. Se houver fixado prazo à execução da tarefa entender­
se­á  que  renunciou  o  arbítrio  de  retirar,  durante  ele,  a  oferta,  art.  856,  do  CCB.  Com  a  revogabilidade  da  oferta  o
promitente  se  isenta  de  qualquer  responsabilidade  ou  pretensões  de  indenizaçõespor  quem  tenha  efetuado  a  tarefa,
contudo, a obrigatoriedade da oferta se estende aos herdeiros se o promitente falecer ou se tornar incapaz, cabendo a estes
revoga­la por meios públicos se lhes for conveniente. Caso haja pluralidades de credores na concorrência da recompensa, o
primeiro que executar a tarefa será recompensado, art. 857, do CCB/2002, ou sendo a execução simultânea, cada credor
terá  direito  ao  seu  quinhão  igual  na  recompensa, mas,  sendo  esta  indivisível,  a  sorte  decidirá  o  premiado,  art.  858,  do
CCB/2002.
Nesse diapasão o instituto preconiza ainda a promessa de recompensa mediante concurso (arts. 859 e 860 do CCB/02),
uma  espécie  de  promessa  publica  de  recompensa,  os  interessados  competem  com  intuído  de  realizarem a  prestação  da
obrigação mediante concurso, ou seja, certame em que o promitente oferece um prêmio á aquele, dentre vários outros, que
apresente  o  melhor  resultado;  o  promitente  deverá,  obrigatoriamente,  fixar  prazo  de  vigência,  sobrevindo  à
irrevogabilidade da promessa.
1. DA GESTÃO DE NEGÓCIOS
4.1 Conceito
A gestão de negócios é a intervenção, não autorizada, de uma pessoa (gestor de negócio) na direção dos negócios de uma
outra (dono do negócio), feita segundo o interesse, a vontade presumível e por conta desta última[4] (#_ftn4) . O código Civil
brasileiro de 2002 é auto conceitual, no disposto do art. 861, in verbis;
Art.  861.  Aquele  que,  sem  autorização  do  interessado,  intervém  na  gestão  de  negócio  alheio,
dirigi­lo­á segundo o interesse e a vontade presumível de seu dono, ficando responsável a este e
às pessoas com que tratar.
É possível aferir da redação do dispositivo a ausência de acordo de vontades, mas de uma intervenção oficiosa de um gestor
de negócio alheio, que age conforme uma vontade presumível do dono, cuja responsabilidade perante a este e outrem, lhe
recai.
4.2 Requisitos
Para que se configure a gestão de negócios, são imprescindíveis os seguintes requisitos[5] (#_ftn5) :
1º  ausência  de  acordo  ou  obrigação  legal  a  respeito  do  negócio  gerido,  uma  vez  que  o  instituto  caracteriza­se  por
voluntariedade, interferência espontânea no negócio alheio.
2º inexistência de proibição ou oposição do dono, pois a gerencia do negócio pelo gestor é presumida conforme a vontade
do dono, respondendo o gestor até por casos fortuitos, conforme art. 862, do CCB/2002.
3º Vontade do gestor em gerir negócio alheio, não tendo a intenção de pura liberalidade entre as partes.
4º Necessidade de gerir, pois a intervenção de terceiro em negócio alheio deve ser uma necessidade e não mera utilidade, o
art. 869 do CCB/2002 refere­se à utilidade da intervenção provocada por uma necessidade patente, cuja atividade deverá
ser útil  ao dono do negócio, proveitosa e de  seu  interesse, devendo o gestor  realizar o que o dono  faria  se não estivesse
ausente.
5º Licitude e fungibilidade do objeto de negócios, não contrário a lei e suscetível de realização por um terceiro.
6º Atos de natureza patrimonial, uma vez que os atos do gestor não de mera administração.
4.3 Efeitos
A gestão de negócio acarretará[6] (#_ftn6) :
1º Obrigações do gestor perante o “dominus negotti”:
1. Administrar o negócio olheio de acordo com o interesse e vontade presumível do seu dono (CC/02, art. 861);
2. Comunicar ao dono, a gestão que assumiu e, aguardar resposta, se da espera não resultar perigo (CC/02 art. 864);
3. Velar pelo negócio (CC/02 art. 865);
4. Aplicar toda a sua diligencia habitual na administração do negócio, ressarcindo ao dono de todo prejuízo (CC/02
art. 866);
5. Responder pelas faltas do substituto (CC/02 art. 867);
6. Vincular­se solidariamente, se houver pluralidade de gestores (CC/02 art. 867, parágrafo único);
7. Responder por casos fortuitos ou preterir interesse do dono em proveito de seus interesses (CC/02 art. 868);
2º Direitos do gestor:
1. Reembolsar­se das despesas feitas na administração da coisa alheia (CC/02 art. 868, parágrafo único);
2. Reaver importâncias pagas com despesas de enterro (CC/02 art. 872);
3. Obter restituição do que gastou com alimentos devidos a uma pessoa, na ausência do obrigado a presta­los (CC/02
art. 871);
3º Deveres do dono do negócio para com o gestor:
1. Reembolsar o gestor com as despesas necessárias e úteis que tiver feito, com juros legais, desde o desembolso e,
prejuízos (CC/02 art. 869);
2. Indenizar o gestor pelas despesas, com juros legais, desde o desembolso, se a gestão se propôs s acudir prejuízo
iminente ou redundou em proveito do dono, não excedendo ás vantagens obtidas com a gestão (CC/02 art. 870);
3. Pagar as vantagens que obtiver com a gestão, se negócio conexo com o do gestor, que então será considerado como
seu sócio (CC/02 art. 875);
4. Indenizar o gestor prejuízos sofridos pela gestão;
5. Substituir o gestor nas posições jurídicas por ele assumidas perante terceiros.
 
4º Direitos do “dominus negotti”:
1. Exigir que o gestor restitua as coisas ao estado anterior ou o indenize da diferença, se os prejuízos da gestão
iniciada contra a sua vontade excederem o seu proveito (CC/02 art. 863);
2. Ratificar ou desaprovar a gestão (CC/02 arts. 873 e 874).
5º Obrigações do gestor e do dono do negócio:
1. O gestor ficará responsável por tudo que contratou com terceiro em seu nome (CC/02 art. 861);
2. O dono deverá assumir, perante terceiros as obrigações contraídas pelo gestor em seu nome, desde que o negócio
tenha sido utilmente administrado (CC/02 art. 869).
 
1. DO PAGAMENTO INDEVIDO
 
5.1 Conceito
O pagamento  indevido é uma espécie que constitui um dos modos de enriquecimento sem causa, este, gênero. Ninguém
pode  enriquecer­se  sem  causa  ou  razão  jurídica,  com  o  alheio,  ou  seja,  fartar­se  á  custa  de  outra  pessoa,  o  pagamento
indevido cria a obrigação de restituir o mesmo (restituição do indébito). Nesta seara preceitua a primeira parte do art. 876
do Compendio civilista vigente: “Todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica obrigado a restituir”. Nessa matéria
vigora o tradicional princípio, acolhido pelo Código Civil de 2002, de que todo enriquecimento sem causa  jurídica e que
acarrete como consequência o empobrecimento de outrem induz obrigação de restituir em favor de quem se prejudica com
o pagamento.
Preleciona WHASHINGTON DE BARROS MONTEIRO que, se fosse possível, “numa única fórmula, sintetizar o conteúdo
do pagamento  indevido, diríamos que: enriquecimento + empobrecimento + ausência de causa=indébito. Nessa  fórmula
acham­se reunidos os elementos constitutivos do pagamento indevido. O enriquecimento compreende não só o aumento
originário do patrimônio do accipiens, como também todos os acréscimos e majorações supervenientes”[7] (#_ftn7) .
Com efeito, há o enriquecimento de um sujeito e o empobrecimento de outro sujeito, constituindo o indébito, calcado na
inexistência de causa para o pagamento. Nesta seara preconiza­se na segunda parte do art. 876 do CCB/02 a obrigação de
restituir:  “incumbe  àquele  que  recebe  a  divida  condicional  antes  de  cumprida  a  obrigação”,  ou  seja,  a  prestação  não  é
exigível, esta condicionada há um evento futuro e incerto não podendo seu adimplemento ser realizado com antecedência,
uma vez que esta ainda não lhe é devida.
Viabiliza a ação de repetição do indébito:
Art. 881 do CCB/02: “Se o pagamento indevido tiver consistido no desempenho de obrigação de
fazer, para eximir­se da obrigação de não fazer, aquele que recebeu a prestação fica na obrigação
de indenizar o que a cumpriu, na medida do lucro obtido.”
 
Também constitui requisito da ação de repetição de indébito que o pagamento tenha sido efetuado voluntariamente e por
erro. Dispõe, com efeito, o art. 877 do Código Civil: “Àquele que voluntariamente pagou o indevido incumbe à prova de tê­
lo feito por erro”. Inexistindo erro, portanto,mas ato refletido e consciente, afastado fica o direito á repetição. O ônus da
prova  é,  como  se  vê,  do  solvens[8]  (#_ftn8)  .  No  entanto,  aquele  que  sabe  que  não  deve  e  deliberadamente  efetua  o
pagamento  não  poderá  invocar  o  aludido  no  artigo  antecedente,  em  caso  de  dúvidas,  deve  o  solvens  consignar  o
pagamento.
5.2 Espécies de Pagamento Indevido
Nos  ditames  de  CARLOS  ROBERTO  GONÇALVES,  “há  duas  espécies  de  pagamento  indevido:  o  indébito  objetivo  e  o
indébito subjetivo. Dá­se o objetivo ou indébito ex re quando o erro diz respeito à existência e extensão da obrigação, ou
seja, quando o solvens paga dívida inexistente (indébito absoluto), mas que supunha existir, ou débito que já existiu, mas
se encontra extinto, ou divida pendente de condição suspensiva; ou, ainda, quando paga mais do que realmente deve ou se
engana quanto ao objeto da obrigação e entrega ao accipiens  uma coisa no  lugar de outra. Nestes dois últimos  casos,  a
devolução da coisa mantém íntegra a obrigação. O  indébito subjetivo ou indébito ex persona quando a divida realmente
existe  e  o  engano  é  pertinente  a  quem  paga  (que  não  é  a  pessoa  obrigada)  ou  a  quem  recebe  (que  não  é  o  verdadeiro
credor)”[9] (#_ftn9) .
5.3 “Accipiens” de boa e de má fé
Conforme alega o art. 878 do CCB/02, aquele que receber pagamento indevido, de boa fé, equipara­se ao possuidor de boa
fé  e,  goza  da  prerrogativa  de  receber  seus  frutos,  preconiza  o  art.  1.214,  CCB/02:  “o  possuidor  de  boa  fé  tem  direito
enquanto ela durar, aos frutos percebidos”, restando isento de responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa, aduz
o art. 1.217, CCB/02: “o possuidor de boa fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que der causa”, bem
como indenização relativa às benfeitorias úteis e necessárias,  levantar as voluptuárias e ao direito de retenção pelo valor
daquelas, in verbis;
 
Art. 1.219, CCB/02: O possuidor de boa fé tem direito á indenização das benfeitorias necessárias
e  úteis,  bem  como,  quanto  ás  voluptuárias,  se  não  lhe  forem  pagas,  a  levanta­las  quando  o
puder  sem  detrimento  da  coisa,  e  poderá  exercer  o  direito  de  retenção  pelo  valor  das
benfeitorias necessárias e úteis.
Nesta esteira, o possuidor de má fé não terá direito aos frutos, respondendo por estes, inclusive deteriorações e juros desde
o recebimento da coisa. No entanto deverá ser ressarcido pelas benfeitorias necessárias, sob pena de incorrer o solvens em
enriquecimento ílicito, conforme art. 1.220, do CCB/02, primeira parte: “Ao possuidor de má­fé serão ressarcidas somente
as benfeitorias necessárias”, dispõe ainda, o mesmo dispositivo em sua segunda parte, que perderá o possuidor de má fé o
direito de retenção das benfeitorias necessárias por seu valor, bem como levantar as voluptuárias, “não lhe assiste o direito
de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias”.
5.4 Recebimento indevido de imóvel
O pagamento indevido de um imóvel, via de regra, deve ser restituído ao solvens. Destarte, se o accipiens de boa­fé alienar
o imóvel recebido indevidamente a um terceiro á título oneroso, este responderá pela quantia recebida, preceitua o art. 879
do CCB/02:  “Se  aquele  que  indevidamente  recebeu um  imóvel  o  tiver  alienado  em boa­fé,  por  titulo  oneroso,  responde
somente pela quantia recebida”. Nesta seara a segunda parte do dispositivo supramencionado dispõe que a alienação a um
terceiro decorrente de má fé do accipiens o incumbe á responder por perdas e danos, além do valor do imóvel.
Não obstante, o adquirente do imóvel de boa­fé a titulo oneroso, estará isento de qualquer responsabilidade, sob tutela da
lei,  uma  vez  que  este  não  colaborou  para  a  situação  de  fato  e  não  pode  sofrer  prejuízos,  se  o  terceiro  agiu  de  má­fé
adquirindo a título oneroso ou a aquisição se deu tão somente a título gratuito, caberá ao proprietário recuperar o imóvel,
conforme alude o art. 879, parágrafo único do CCB/02: “Se o  imóvel  foi alienado por  título gratuito, ou se alienado por
título oneroso, o terceiro adquirente agiu de má­fé, cabe ao que pagou por erro o direito de reinvindicação”.
Cabe ressaltar que, via de regra, o proprietário tem a prerrogativa de perseguir e reivindicar a coisa em posse de quem quer
que esta esteja, inclusive adquirente de boa­fé, contudo, conforme o caso em tela, tal prerrogativa não encontra respaldo,
devido a hipótese do pagamento indevido ter sido realizado por negligencia do proprietário, incorrendo em erro.
5.5 Pagamento indevido sem direito a repetição
O compendio civilista vigente traz três hipóteses onde o pagador não terá direito a repetição, e quem recebeu o pagamento
ficará isento de restitui­lo.
A primeira hipótese acha­se no art. 880, do CCB/02, são elas:
1. Aquele que de boa­fé receber pagamento como parte de divida verdadeira, com a descoberta posterior do próprio
pagador, de que não era o devedor.
2. Titulo inutilizado, pois o accipiens não terá como cobrar a dívida do verdadeiro devedor.
3. Se o accipiens de boa­fé deixou prescrever a pretensão que poderia deduzir do verdadeiro devedor ou abriu mão
das garantias de seu crédito.
Contudo, em sua ultima parte o dispositivo assegura á “aquele que pagou dispor da ação regressiva contra o verdadeiro
devedor e seu fiador”.
A segunda hipótese se encontra no art. 882, do CCB/02: “não se pode repetir o que se pagou para solver divida prescrita,
ou cumprir obrigação judicialmente inexigível”, pois, aquele que paga uma obrigação judicialmente  inexigível, o  fez por
dever moral, não podendo alegar pagamento  indevido ou enriquecimento  sem causa do accipiens, muito  embora  sendo
inexigível, a dívida paga de modo voluntário existia. O mesmo se aplica a prescrição.
A terceira e última hipótese,  tem amparo no art. 883, do CCB/02: “não terá direito á repetição aquele que deu alguma
coisa para obter fim ilícito, imoral, ou proibido por lei”. O dispositivo é autoexplicativo, por exemplo, não terá direito a
restituição  àquele  que  pagar  um  terceiro  para  praticar  um  furto,  se  este  não  o  cumprir,  tal  conduta  preenche  todos  os
requisitos do dispositivo mencionado.
Cabe lembrar, que o Código de defesa do Consumidor,  lei nº 8.078/1990, assegura ao pagador repetição do indébito, ou
seja,  restituição  em  dobro  da  quantia  paga  e  recebida  indevidamente  pelo  credor,  cujo  requisito  é  apenas  a  cobrança
extrajudicial injusta, sobrevindo à responsabilidade objetiva daquele que a fez, preconiza o art. 42, da lei em comento, in
verbis;
 
Art. 42, do CDC: Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo,
nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.
Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito,
por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais,
salvo hipótese de engano justificável.
1. DO ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA
6.1 Conceito
Hodiernamente o compêndio civilista vigente conceitua o instituto em seu art. 884, caput: “aquele que, sem justa causa, se
enriquecer  á  custa  de  outrem,  será  obrigado  a  restituir  o  indevidamente  auferido,  feita  a  atualização  dos  valores
monetários”, alude  o  referido  artigo  á  diversas  outras  denominações,  tais  como,  enriquecimento  ilícito,  locupletamento
ilícito ou enriquecimento injusto.
A propósito desse instituto, salienta CAIO MÁRIO que “toda aquisição patrimonial deve decorrer de uma causa, ainda que
seja  ela  apenas  um ato  de  apropriação por  parte  do  agente,  ou de  ato  de  liberalidade de  uma parte  em  favor  da  outra.
Ninguém enriquece do nada. O sistema jurídico não admite, assim, que alguém obtenha um proveito econômico ás custas
de  outrem,  sem  que  esse  proveito  decorrade  uma  causa  juridicamente  reconhecida.  A  causa  para  todo  e  qualquer
enriquecimento não só deve existir originariamente, como também deve subsistir, já que o desaparecimento superveniente
da causa do enriquecimento de uma pessoa, ás custas de outra  também repugna o sistema (CCB/02, art. 885). Esse é o
espirito  do  denominado  princípio  do  enriquecimento  sem  causa,  disciplinado  pela  primeira  vez  de  forma  expressa  no
Código Civil de 2002’’[10] (#_ftn10) .
A  segunda parte do caput do dispositivo preceitua que a  restituição do que  foi  indevidamente  recebido seja  feita  com a
“atualização dos valores monetários”, ou  seja,  a  correção  visa  apenas  a  recomposição do  valor  da moeda  corroída pela
inflação e, será contada desde o pagamento da quantia indevida, portanto, é irrelevante a demora na propositura da ação,
evita­se apenas o enriquecimento sem causa do devedor, eximindo­o da imputação de juros ou multa.
6.2 Requisitos da ação de “in rem verso”
Segundo CARLOS ROBERTO GONÇALVES, são pressupostos da ação de in rem verso: a) enriquecimento do accipiens (do
que recebe ou lucra); b) empobrecimento do solvens (do que paga ou sofre prejuízo); c) relação de causalidade entre os dois
fatos; d) ausência de causa jurídica (contrato ou lei) que os justifique; e) inexistência de ação específica[11] (#_ftn11) .
O locupletamento dá­se não só com o aumento do patrimônio daquele que recebeu ou lucrou, como também por qualquer
vantagem obtida deste,  consistindo  em diminuição do patrimônio daquele que pagou  e  seu  empobrecimento. Nota­se  a
relação  de  causalidade,  o  liame  necessário  que  deverá  haver  entre  as  consequências  antagônicas  do  locupletamento  e
empobrecimento, derivadas de um mesmo fato.
 O valor a ser indenizado ou restituído, será equivalente, o accipiens não restituirá mais do que recebeu, e o solvens não
receberá mais do que desembolsou.
Insta salientarmos que a ausência de causa jurídica é elemento imprescindível na configuração do enriquecimento ilícito,
pois este se dá exatamente na ausência de um contrato ou de lei, que justificará o lucro obtido pelo pagamento sem causa,
ou ainda, no desaparecimento posterior da causa, aduz o art. 885 do CCB/02: “a restituição é devida, não só quando não
tenha havido causa que justifique o enriquecimento, mas também se esta deixou de existir”.
Dispõe o art. 886 do CCB/02: “não caberá à restituição por enriquecimento, se a lei conferir ao lesado outros meios para
se ressarcir do prejuízo sofrido”, ou seja, só caberá a ação in rem verso, se não existir ação específica.
1. CONCLUSÃO
Dito e feito, o objetivo proposto foi realizado e sua finalidade alcançada. A elucidação dos institutos e seu desmembramento
contribuíram  de  forma  eficaz  ao  meu  aprendizado,  pude  absorver  com  minucias  as  peculiaridades  de  cada  instituto,
conceitos, requisitos e efeitos necessários e imprescindíveis a sua formação. Com efeito, são de indubitável importância os
atos unilaterais como fontes de obrigação supramencionadas, uma vez que são corriqueiramente usuais estes vínculos de
obrigações estabelecidos pelos sujeitos nos atos da vida cível.
BIBLIOGRÁFIA
1. Código Civil Brasileiro de 2002
1. DINIZ, Maria Helena. Curso De Direito Civil Brasileiro, Teoria das Obrigações Contratuais e Extracontratuais, ed.
15º, v. 3, São Paulo: Saraiva, 2000.
1. GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, Contratos e Atos Unilaterais, ed. 6º, v. 3, São Paulo:
Saraiva, 2009.
[2] (#_ftnref2) DINIZ, Maria Helena. Curso De Direito Civil Brasileiro, cit., v. 3, p. 572.
[3] (#_ftnref3) DINIZ, Maria Helena. Curso De Direito Civil Brasileiro, cit., v. 3, p. 581.
[4] (#_ftnref4) DINIZ, Maria Helena. Curso De Direito Civil Brasileiro, cit., v. 3, p. 324.
[5] (#_ftnref5) DINIZ, Maria Helena. Curso De Direito Civil Brasileiro, cit., v. 3, p. 325.
[6] (#_ftnref6) DINIZ, Maria Helena. Curso De Direito Civil Brasileiro, cit., v. 3, p. 327.
[7] (#_ftnref7) GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, ed. 6º, cit., v. 3, p. 586.
[8] (#_ftnref8) GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, ed. 6º, cit., v. 3, p. 587.
[9] (#_ftnref9) GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, ed. 6º, cit., v. 3, p. 588 e 589.
[10] (#_ftnref10) GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, ed. 6º, cit., v. 3, p. 595.
[11] (#_ftnref11) GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, ed. 6º, cit., v. 3, p. 596.
Autor
Rafael Júnio Ferreira da Silva
Estudante de Direito. Estagiário na Procuradoria­seccional da União em Uberaba­MG
Informações sobre o texto
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