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Gravidade psicopatológica em mulheres vítimas de violência doméstica
As vítimas de VD que dão entrada em delegacias de defesa da mulher têm alta probabilidade de apresentar morbidade psiquiátrica, assim como alterações cognitivas que as impossibilitam de sair do ciclo da violência.
Dentre as várias formas de expressão da violência, temos a violência física, violência sexual, violência psicológica e negligência. Quando praticada dentro do lar, ocorrendo em meio às interações pai-mãe-filho, utiliza-se o termo VD. Neste artigo, estaremos atentos a episódios de VD cometidos contra mulheres por seus companheiros e que motivaram a procura de ajuda em delegacias de defesa da mulher.
A VD está diretamente relacionada a uma série de transtornos mentais, sendo fator de risco e/ou etiológico dos mesmos. Estudo de Brown et al. encontrou alta correlação entre lares desajustados e violentos, tanto na infância como na adolescência, e quadros depressivos crônicos em mulheres. Carrasco, estudando mulheres vítimas de VD, observou que muitas delas presenciaram a vitimização de suas mães e concluiu pela existência de um padrão de transmissão de experiências violentas ao longo das gerações. Outros estudos realizados com mulheres abusadas cronicamente mostraram a presença de alterações cognitivas e afetivas, com a presença frequente de sintomas dissociativos, que podem ser interpretados por leigos como aquiescência a agressão.
A exposição contínua à VD tem alto impacto emocional, devido à intensidade e continuidade desses eventos estressores. Autores relatam alta prevalência de transtornos mentais associados à VD, entre eles transtornos depressivos, de abuso de substâncias, de estresse pós-traumático, de sono e alimentares.
Relatório de Indicadores Sociais
Refere-se à coleta de dados pessoais e sobre o perfil da violência, a saber: história prévia de uso de drogas pelo companheiro agressor; tipo de agressão, variando entre mínima (pequena, não houve força física), moderada (tapas repetidos, socos), excessiva (espancamentos, contusões, lacerações) e brutal (tortura sádica); ameaça verbal de morte; resistência da vítima (se não emite nenhuma reação, se reage verbal e/ou fisicamente); se foi vítima de VD na infância; há quanto tempo sofre VD por parte do companheiro agressor; horário em que ocorriam as agressões (manhã, tarde ou noite); e frequência da violência (diariamente, semanalmente, ou até 2 vezes ao mês). 
Resultados
Durante os anos de 2008 e 2009, foram avaliadas 17 mulheres vítimas de VD que registraram boletim de ocorrência na 1ª DDM e preencheram os critérios de inclusão. A média de idade do grupo foi de 34,7±7,7 anos. Através dos dados colhidos no Relatório de Indicadores Sociais, observamos que o tempo médio de duração da violência com o companheiro atual foi de 9,1±8,7 anos. Do total da amostra, 53% das mulheres sofriam agressão excessiva, incluindo espancamentos, lacerações e contusões.
As agressões apresentaram maior índice no período noturno (71%), sendo que 52% afirmaram sofrer VD pelo menos 2 vezes ao mês. Quanto ao período da infância, 53% afirmaram ter sofrido violência por parte dos pais. Atualmente, 82% são ameaçadas de morte por seus companheiros, que, em 71% dos casos, são usuários de álcool e/ou outras drogas. Com relação aos dados clínicos, observamos que 89% das mulheres avaliadas tiveram grande probabilidade de apresentar transtorno depressivo, 94% transtorno de ansiedade, e 76% transtorno de estresse pós-traumático. Ainda, 88% das mulheres avaliadas apresentaram altos graus de experiências dissociativas peritraumáticas (Tabela em anexo).
Nossos achados sugerem que mulheres vítimas de VD que procuram delegacias de defesa da mulher apresentam altas taxas de morbidade psiquiátrica. Contudo, não é possível afirmar se essa morbidade está associada à VD ocorrida durante o período conjugal ou se já existia previamente.
As mulheres avaliadas no presente estudo chegaram à denúncia após um longo tempo de submissão à violência, portanto são casos de vitimização crônica. Mais da metade das mulheres apresentou relato de vivências de VD durante a infância. As experiências traumáticas precoces podem estar relacionadas à alta morbidade psiquiátrica dessa população, e também podem ser caracterizadas como um fator de risco para a VD durante a vida adulta. Estudos epidemiológicos encontraram forte correlação entre a presença de traumas na infância e morbidades psiquiátricas na vida adulta.
Fatores como alcoolismo, pobreza e repetição de relações abusivas através de gerações aparecem associados à dinâmica das vítimas de VD. O medo e a insegurança causados pelas ameaças e pela violência psicológica perpetrada pelo parceiro abusivo também parecem desempenhar importante papel nessa dinâmica.
Quanto mais grave e duradouro é o evento traumático, maiores são as chances de a vítima desenvolver um quadro de transtorno de estresse pós-traumático.Mulheres vítimas de violência física e psicológica tendem a apresentar maior fragilidade, podendo sofrer efeitos permanentes em sua autoestima e autoimagem, tornar-se menos seguras do seu valor e ficar mais propensas à depressão. Além disso, a violência de gênero pode estar relacionada a suicídio, homicídio e mortalidade materna.
Estudos clássicos de Pierre Janet, do início do século XX, já descreviam a presença de dissociação frente a situações traumáticas, caracterizada por sistemas cognitivos que não seriam acessados conscientemente ou não seriam integrados na memória. Os relatos das experiências de dissociação feito pelas vítimas de VD analisadas no presente estudo eram feitos como se o evento não tivesse acontecido com elas. Além disso, as mulheres avaliadas apresentaram dificuldades para lembrar partes importantes da experiência (memória).
A amnésia dos fatos de extrema intensidade emocional pode estar ligada a altos níveis de atividade noradrenérgica e de glicocorticoides liberados em resposta às experiências traumáticas. Portanto, a experiência dissociativa também pode estar relacionada à amnésia traumática. Tais mecanismos, tanto da dissociação quanto da amnésia, são relevantes pela incapacidade da vítima de VD de conseguir sair de situações traumáticas e do ambiente violento, o que, por sua vez, agrava as incapacidades da vítima, aumentando as chances de adoecimento físico e mental.
Em nosso estudo, constatamos a gravidade do acometimento mental das vítimas de VD. As mulheres avaliadas apresentaram alta probabilidade de apresentar múltiplas comorbidades psiquiátricas, o que talvez, pelos prejuízos emocionais e cognitivos envolvidos, dificulte a busca de alternativas para sair do ambiente violento e afete sua capacidade de resolução do problema.
A VD está associada a graves problemas de saúde mental. Mulheres vítimas de VD têm grande probabilidade de apresentar várias comorbidades psiquiátricas relacionadas à presença de histórico violento durante a infância e adolescência, conforme observado em mais da metade da população avaliada. Em nossa amostra, o comprometimento mental também se caracterizou por experiências dissociativas e amnésia das vivências traumáticas, evidenciando prejuízos que provavelmente estavam associados à incapacidade das vítimas de elaborar e sair das situações de VD.
A situação endêmica mundial da VD deve ser melhor explorada do ponto de vista da saúde, de modo que tenhamos mais recursos científicos para lidar com as vítimas e fornecer subsídios a projetos de prevenção da VD. (Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-81082011000100008)
Anexo 1 Tabela 1
Referência bibliográfica:
Adriana Cristine Fonseca MozzambaniI; 
Rafaela Larsen RibeiroII; 
Simone Freitas FusoII; 
José Paulo FiksIII; 
Marcelo Feijó de MelloIV
I Mestranda em Ciências, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP. Bolsista, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) 
II Doutora. Professora, UNIFESP 
III Doutor. Professor, UNIFESP 
IV Doutor. Professor, UNIFESP. Pesquisador2, CNPq
Intervenção em grupo com vítimas de violência doméstica: Uma revisão da sua eficácia
O objetivo deste trabalho consiste, pois, em sistematizar o conhecimento atual sobre a eficácia da intervenção em grupo com mulheres vítimas desse tipo de violência, refletindo criticamente sobre as suas potencialidades.
 A violência doméstica, durante muitos anos, permaneceu oculta na privacidade das famílias. No entanto, desde a década de setenta, diversos olhares têm sido lançados sobre o fenômeno, transformando-o num problema à escala mundial. Desde então, passou a ser objeto de investigação científica e motivou a definição de políticas públicas para combater.
Em 2007, um inquérito à população revelou uma prevalência de 38.1% de violência contra as mulheres (Lisboa, 2008). Além disso, tal como no inquérito análogo de 1995, os resultados de 2007 revelaram que a violência mais prevalente é a psicológica (53.9%), seguida da violência física (22.6%) e da violência sexual (19.1%). O local de maior risco para a ocorrência de violência persiste em ser a própria habitação e o marido continua a ser majoritariamente o agressor (72.7%) (Lisboa, 2008).
As mulheres que estão expostas à violência doméstica reportam altos níveis de utilização dos cuidados de saúde e estão em risco de desenvolver perturbação psicológica e psiquiátrica (Campbell, 1998). A par disso, apresentam dificuldades comportamentais, emocionais e relacionais, para além do potencial caráter incapacitante e destrutivo dos maus-tratos (e.g., homicídio e suicídio).
Ainda que de modo insuficiente, nos últimos anos têm sido documentadas diferentes modalidades psicoterapêuticas de intervenção nesta problemática. Internacionalmente, a literatura reporta intervenções de caráter individual, em grupo e, ainda, a terapia de casal (cf. Lundy & Grossman, 2001).
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: INTERVENÇÃO EM GRUPO COM MULHERES VÍTIMAS
Uma parte significativa do que conhecemos sobre a intervenção com mulheres vitimadas pelos seus parceiros deriva dos poucos estudos publicados sobre a eficácia das intervenções em grupo. O surgimento da intervenção em grupo dirigida a mulheres maltratadas deve-se, em grande parte, aos movimentos feministas dos anos sessenta e setenta (Wilson, 1997). Este tipo de intervenção começou por ser implementado nas casas abrigo, uma vez que as mulheres viviam em comunidade, surgindo a necessidade de intervir num formato grupal (Tutty & Rothery, 2002). Segundo Tutty e colaboradores (1993), no plano internacional, o trabalho em grupo é a forma de intervenção mais comum junto de mulheres que viveram experiências de abuso. 
Muitos autores recomendam que a intervenção em grupo assuma uma perspectiva feminista, na medida em que esta condena a violência, retira a responsabilidade da vítima situando-a no agressor, reconhece a forma como a sociedade perpetua essa violência e foca-se na violência em detrimento das interações do casal (Hartman, 1983, citado por Tutty & Rothery, 2002; Pressman, 1984, citado por Tutty et al., 1993). McBride (2001) destaca ainda como principal vantagem da terapia em grupo o empoderamento que esta concede à mulher ao dotá-la de competências para tomar as suas próprias decisões e fazer escolhas.
INTERVENÇÃO EM GRUPO COM MULHERES VÍTIMAS: QUAL A SUA EFICÁCIA?
Tutty, Bidgood e Rothery (1993) levaram a cabo doze grupos de suporte, cujo objetivo era colocar um fim à violência, através da (1) educação das participantes acerca do papel feminino e masculino, (2) (re)construção da sua auto-estima e (3) ajuda no desenvolvimento de planos concretos. As sessões de grupo estendiam-se ao longo de dez a doze semanas. Cada sessão de grupo durava de duas a três horas. As facilitadoras eram mulheres provenientes das várias áreas do trabalho social (Abel, 2000). O estudo de eficácia revelou, com uma amostra total de 76 participantes, com design quase-experimental e com pré e pós-teste, ganhos substanciais, nomeadamente ao nível do aumento do sentimento de inclusão/suporte emocional, da auto-estima, do locus de controlo interno e da diminuição do stress percebido, bem como das atitudes tradicionais em relação ao casamento e à família. Verificaram-se, ainda, alterações ao nível do funcionamento. 
Marital (e.g., maior expressão de afeto, menos comportamentos de controlo) e uma diminuição (embora não cessação) dos comportamentos abusivos. Os autores não deixam, contudo, de fazer referência a um conjunto variáveis de processo que podem condicionar os resultados num formato de intervenção em grupo: o tamanho do grupo, os níveis de participação, a circunstância da mulher completar ou não todo o processo, a influência dos facilitadores (e.g., tipo de orientação e de formação – psicólogos, assistentes sociais), a experiência de participação da mulher em grupos anteriores, a idade da mulher, o facto de coabitar ou não com o parceiro. Em geral, estas condições não tinham um efeito significativo nos resultados, mas existiam algumas diferenças nofollow-up após seis meses.
Já o estudo desenvolvido por McBride (2001) teve como objetivo determinar os resultados de um programa de intervenção psico-educacional de duas fases que tinha sido oferecido, ao longo de muitos anos, a mulheres que estavam a ser ou tinham sido abusadas pelo parceiro. Cada grupo era altamente estruturado e baseava-se em técnicas feministas e cognitivo-comportamentais. A primeira fase era desenhada para introduzir as dinâmicas do abuso, bem como para avaliar o seu impacto nas participantes. A segunda fase, mais centrada em problemáticas consequentes ao abuso, abordava a culpa, a vergonha, as dinâmicas da família de origem e a comunicação não saudável. A autora utilizou um design quase-experimental, com pré e pós-teste e avaliou três grupos, com uma amostra total de 189 participantes. As variáveis estudadas foram: a auto-estima, a depressão, o impacto do abuso em termos de sintomas intrusivos relacionados com essa experiência abusiva (tais como sentimentos, ideias ou pesadelos) e o impacto do abuso quanto a evitar pensamentos, sentimentos ou situações associadas ao evento traumático. 
Foram encontradas melhorias estatisticamente significativas em todas as variáveis estudadas. Neste sentido, na primeira fase verificou-se uma redução de sintomas intrusivos, enquanto na segunda fase foi encontrada uma maior redução nos sintomas depressivos. As mulheres que obtiveram resultados mais baixos tinham em comum o fato de não ter emprego, não ter escolaridade, ter história psiquiátrica, já ter tido acompanhamento psicológico e não ter suporte social. 
No que se refere aos objetivos de intervenção, ainda que se encontrem algumas diferenças entre os estudos, percebe-se que estes vão de encontro às metas habitualmente traçadas no trabalho técnico com esta população. Estes incluem, entre outros, a redução do isolamento, o aumento da auto-estima e do auto-conceito, a planificação da segurança pessoal, a educação acerca do ciclo da violência, a promoção da tomada de decisão, a resolução de problemas, a consciencialização acerca do papel feminino e masculino na sociedade, o treino da assertividade e o empoderamento.
Em termos de formato, em média, os grupos decorrem ao longo de oito a dez sessões (Constantino et al., 2005; Holiman & Schilit, 1991; McBride, 2001; Tutty et al., 1993), tal como recomendado pela literatura sobre a intervenção em grupo (e.g., Yalom, 1995). Relativamente à estrutura dos programas de intervenção e às técnicas utilizadas, assistimos a alguma homogenidade entre as propostas. Assim, tal como Fleming (1979, citado por Margolin, Sibner, & Gleberman, 1988) recomenda, assiste-se ao uso simultâneo de técnicas didácticas (e.g., exposição de temas, biblioterapia), treino de competências (e.g., role-playing, relaxamento, gestão da raiva) e, ainda, a modalidades de intervenção menos estruturadas, tais como as discussões de grupo.
Tutty e colaboradores deram o mote nesse campo ao analisar vários grupos e dinâmicas situacionais utilizadas no seu estudo de 1993, como por exemplo otamanho do grupo e a sua assiduidade, o número de facilitadores do grupo, bem como as características individuais das participantes (e.g., idade, situação atual da relação).
Por outro lado, torna-se relevante conduzir investigações no sentido de comparar/contrastar estudos nas diferentes modalidades disponíveis de intervenções em grupo para ajudar a identificar quais permitem uma melhoria significativa do bem-estar da vítima. Por exemplo, está por documentar se existem diferenças nas intervenções em grupo que (1) são abertas ou fechadas; (2) são compostas por mulheres que estão na relação ou que saíram da relação; (3) são psico-educacionais ou não estruturadas.
Tornou-se também claro, ao longo desta análise, a indispensabilidade da avaliação dos resultados terapêuticos da intervenção em grupo. Além de perceber “quanto” mudou com a intervenção, através do estudo da mudança do ponto de vista estatístico, seria ainda imperativo conduzir estudos acerca dos processos psicoterapêuticos. 
Estas orientações para o estudo da intervenção em grupo com mulheres vítimas de violência na intimidade têm como objetivo último promover o conhecimento sobre a mudança das mesmas, de modo a informar os psicólogos que atuam nesta área acerca da(s) forma(s) mais adequada(s) de intervir nestas situações. (Disponível em: http://www.scielo.gpeari.mctes.pt/scielo.php?pid=S087082312012000100008&script=sci_arttext
Referência bibliográfica:
Marlene Matos; Andreia Machado; Anita Santos e Carla Machado
Escola de Psicologia, Universidade do Minho;
Bolseira de Investigação, Escola de Psicologia, Universidade do Minho;
Escola de Psicologia, Universidade do Minho e ISMAI – Instituto Superior da Maia; 
Escola de Psicologia, Universidade do Minho;
Etapa 2 
Perguntas
Qual a principal consequência psicológica para quem sofre violência doméstica?
Acredito que uma das piores consequências psicológicas seja o impedimento ou o comprometimento do desenvolvimento mental e físico da vítima, causando assim transtornos psiquiátricos que podem perpetuar por toda vida mesmo quando as agressões não mais existirem.
Existe um padrão de agressores?
Ao meu ponto de vista não existe um padrão de agressores, mas sim fatores que podem contribuir para que o ato de violência ocorra, tipo: embriagues, descontrole dos impulsos, agressores portadores de transtornos psiquiátricos, como os de personalidade. 
A violência doméstica é proporcional à classe social ou não há estudos que comprovem este fato?
Na verdade tendo por observação pode-se se dizer todas classes são atingidas, pois a violência doméstica não se configura apenas na agressão física, mas na negligencia, violência psicológica, verbal dentre outras.
Quais as chances de reincidir as agressões ou até mesmo de se tornarem mais intensas, mais fortes e com maior frequência?
As chances são grandes, pois agressores tendem a repetir as agressões enquanto não são punidos ou denunciados por tal, mantem sua força através do sofrimento da vítima, e esta por sua vez enquanto permissiva, fortalece o agressor.
A pessoa que é agredida se culpa frequentemente? E que fato faz a vítima ficar com o agressor?
Algumas vítima tendem a se achar culpadas sim por tais agressões, já que os agressores manipulam para que a percepção da vítima seja a favor dele, no entanto mesmo quando não se sentem culpadas ainda assim permanecem na situação por considerar os agressores a base do sustento familiar, se vê alguns casos que a vítima, principalmente quando mulheres tem real parcela de culpa, por não identificar o problema e achar que não vai acontecer mais, não procura ajuda e a recidiva acontece por muitas vezes. 
Existem chances de a vítima ficar com transtornos mentais?
Existe!! Pode-se observar Transtornos mais ligados ao desenvolvimento e humor, quando a vítima não tiver predisposição a outro tipo de transtorno ainda não revelado.
Sabemos que existem grupos de apoio às pessoas que sofrem agressões, qual a porcentagem de vítimas que consegue se libertar do agressor e seguir sua vida normalmente?
Dados científicos atuais não posso citar no momento, mas baseado nas vivências do trabalho desenvolvido no município, é possível identificar uma porcentagem muito baixa, pois esse desligamento só é possível quando o agressor sofre punição (detenção), e ainda assim muitas vítimas mantem o vínculo. Um dos fatores que se pode considerar influencia para que vítimas consigam se libertar do agressor é quando o sentimento de mãe fala mais alto, e a defesa em benefício da integridade mental e física dos filhos vira prioridade.
Conclusão
Este Pré-projeto irá tratar de uma intervenção do psicólogo social com as mulheres vítimas de violência. Vamos inicialmente proceder e identificar as diversas formas de atos de violência no dia a dia da sociedade.
Digamos que a violência contra mulher pode se apresentar de diversas formas que vão de aspectos mais sutis, como xingamento e humilhações até torturas cruéis e homicídios. A violência praticada contra a mulher em seu âmbito familiar pode se dar de diversas maneiras, que incluem o contato físico (agressões) e as humilhações e torturas psicológicas.
O que não podemos é deixar passar despercebido que a violência contra a mulher cresceu significativamente se tornando um problema para a população. Na realidade desde os tempos antigos as mulheres passavam por diversas formas de agressões de seus maridos, porém eram submissas e dependentes, não denunciando seus agressores por medo de represálias e de serem devolvidas para suas famílias. Com o passar dos anos a situação foi se modificando e as mulheres se tornaram mais independentes e assim criaram mais coragem para denunciar seus agressores e se libertarem de tais violências.
Com as crescentes denúncias a violência contra a mulher se tornou uma questão pública, assim se iniciaram diversas parcerias com movimentos feministas para trabalhar com esse problema. Deve ser levado em consideração que no momento em que ocorrem as violências dentro do âmbito familiar, toda família adoece junto e o tratamento social, físico e psicológico deve se dar pra todos em conjunto que vivenciam esse problema.
Em estudos psicológicos realizados foi devidamente comprovado que as crianças que presenciam e vivenciam violência doméstica, crescem acreditando que aquilo é algo natural e irão reproduzir com seus companheiros/ companheiras na fase adulta. Motivo pelo qual o tratamento deve se dar no âmbito familiar e pra todos os componentes desta família.
Uma das propostas para a área da saúde tem sido basicamente de introduzir a busca e identificação de casos para que sejam tomadas as medidas cabíveis de tratamento psicológico e físico. As vítimas em muitos hospitais são encaminhadas para tratamento multidisciplinar, onde o papel do psicólogo social é imprescindível, pois ele fará com que a vítimas e todos envolvidos na agressão entendem que esse tipo comportamental não é normal e nem permitido pela sociedade. 
Assim a intervenção do psicólogo se dará na racionalidade biomédica, isto é a doença como alteração anatomo–patológica enquanto alvo da atuação profissional. Conforme o artigo Violência contra as mulheres, estudado “por outro lado a perspectiva das mulheres, todo sofrimento que levam os serviços de saúde é potencialmente doença e como tal pode e deve ser diagnosticado e tratado com base em um saber cientifico e portanto bastante legitimado. Está nos parece ser a expectativa das mulheres em serviços de saúde em razão de sua própria constituição como usuárias.”
Na realidade as vítimas e os profissionais da saúde só conseguem interagir quando a mulher percebe o sofrimento como doença e resolve procurar o tratamento e serviço, que se dará através de orientação psicológica. Assim que detectada a doença, o profissional orientará quais as alternativas terapêuticas que serão negociadas ou impostas às vítimas e agressores, assim como um tratamento para todo âmbito familiar.

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