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Capítulo 3 Derivada 3.1 Retas tangentes e normais Vamos considerar o problema que consiste em traçar a reta tangente e a reta normal a uma curva y = f(x) num determinado ponto (a, f(a)) da curva. Por isso vamos determinar a equação da reta tangente considerando em primeiro lugar a sua inclinação dada pelo número derivado de f em a. 3.1.1 Número derivado Lembramos que se y = mx + n é a equação cartesiana de uma reta, o número real m representa a inclinação da reta. Ele é dado pela razão incremental ou taxa de variação m = y1 − y2 x1 − x2 onde (xi, yi) são pontos quaisquer da reta. A técnica para determinar a inclinação da reta tangente a uma curva num ponto dado é considerar uma seqüência de retas secantes que se aproximam cada vez mais da reta tangente. Seja y = f(x) uma curva definida num intervalo I (ver figura). Fixamos p(x0, f(x0)) um ponto da curva e escolhemos q um ponto próximo de p. Podemos escrever q(x0+h, f(x0+h)) considerando |h| a distância entre as abscissas de p e q (x0 e x0 +h pertencem a I e h pode ser positivo como negativo dependendo da posição de q). A reta Sp,q que contem os pontos p e q é uma reta secante a curva, ela corte transversalmente a curva. A inclinação de Sp,q é a razão incremental yq − yp xq − xp = f(x0 + h)− f(x0) h . 17 3.2. FUNÇÃO DERIVADA 19 3.1.2 Equação da reta tangente Além da inclinação podemos calcular a equação de Tp dependendo se f ′(x0) é finito ou não. Proposição. Seja f uma função e x0 ∈ Df , a equação de Tp a tangente de y = f(x) ao ponto p(x0, f(x0)) é: (i) Tp : y − f(x0) = f ′(x0)(x− a) se f ′(x0) é finito; (ii) Tp : x = x0 se lim h→0 f(x0 + h)− f(x0) h = ±∞. Exercício 3.2. 1. Trace a reta tangente a f(x) = x2 no ponto de abscissa x0 = 1. 2. Calcúle o número derivado de f(x) = 1 + 3 √ x− 2 em x0 = 2. 3.1.3 Reta normal A reta normal a uma curva num ponto p a reta perpendicular à reta tangente que passa por p. Lembramos que se y = mx+ n é a equação cartesiana de uma reta, m 6= 0, então uma reta perpendicular tem por equação y = − 1 m x + c. Se m = 0, uma reta perpendicular teria por equação x = c. Exercício 3.3. Verifique que a reta perpendicular a y = mx + n no ponto p0(x0, y0) tem por equação y − y0 = − 1m (x− x0). Proposição. Seja f uma função derivável em x0, tal que f ′(x0) 6= 0. A reta normal de f em x0 tem por equação y − f(a) = − 1 f ′(x0) (x− x0). Exemplo. f(x) = x2, a reta normal a f no ponto p(2, 4) tem por equação y = − 1 4 x+ 9 4 3.2 Função Derivada Quando uma função f é derivável em cada ponto dum intervalo I ∈ Df , podemos definir a função f ′ dos números derivados: f ′ : I → R x 7→ f ′(x) = lim h→0 f(x+ h)− f(x) h Dizemos que a função f é derivável em I e que f ′ é a derivada de f em relação a x. 20 CAPÍTULO 3. DERIVADA Observação. Existe outras notações para a derivada de f em relação a x: dxf , Dxf , df dx ... Além da notação funcional (acima) nós usaremos também a notação diferencial: df dx (x0) = f ′(x0) Exemplos. Sejam P (x) = 5x2 + 6x− 1 e f(x) = x− 2 x+ 3 , usando diretamente a definição encontre P ′(x) e f ′(x). 3.3 Regras de derivação 3.3.1 Tabela de derivadas das funções usuais Função f Função derivada f ′ Intervalo de definição f(x) = k (constante) f ′(x) = 0 R f(x) = ax+ b f ′(x) = a R f(x) = 1 x f ′(x) = − 1 x2 R∗ f(x) = √ x f ′(x) = 1 2 √ x R∗+ f(x) = xn (n ∈ Q) f ′(x) = nxn−1 n ∈ Z: R se n ≥ 0 ; R∗ se n < 0 f(x) = ex f ′(x) = ex R f(x) = log x f ′(x) = 1 x R∗+ f(x) = cosx f ′(x) = − senx R f(x) = senx f ′(x) = cosx R f(x) = tanx f ′(x) = 1 + tan2 x = 1 cos2 x R \ {kpi 2 ; k ∈ Z} 3.3. REGRAS DE DERIVAÇÃO 21 3.3.2 Derivada de função composta, regra da cadeia Conhecendo as derivadas de f e g, como podemos usá-las para encontrar a derivada da composição f ◦ g? Teorema 3.1. Sejam duas funções deriváveis f e g com g(Dg) ⊂ Df . Então a função composta f ◦ g é derivável no seu domínio e (f ◦ g)′(x) = [f ′ ◦ g(x)].g′(x) En notações diferenciais, se escrevemos u = g(x) e u0 = g(x0) a derivada de f(u) em relação a x no ponto x0 é dada por df dx (u0) = df du (u0). du dx (x0) �A derivada de f(u) é a derivada da função externa calculada na função interna vezes a derivada da função interna.� Exemplos. 1. Seja f(x) = 4 cos(x3), ache f ′(x). Denotamos u = x3, assim que y = 4 cosu. Pela regra da cadeia df dx [y] = dy du . du dx = d du [4 cosu]. d dx [x3] = (−4 senu).(3x2) = 12x2 sen(x3) 2. Ache dw dt se w = tanu e u = 4t3+ t. Nesse caso, a regra da cadeia assume a forma d dt [w] = dw du . du dt = d du [tanu]. d dt [4t3+t] = (1+tan2 u).(12t2+1) = (1 + tan2(4t3 + t)).(12t2 + 1). 3.3.3 Tabela das operações com derivadas As funções u e v são definidas e deriváveis num intervalo I Função Derivada Condições u+ v u′ + v′ ku (k constante) ku′ uv u′v + uv′ 1 v − v ′ v2 v(x) 6= 0 por x ∈ I u v u′v − uv′ v2 v(x) 6= 0 por x ∈ I un (n ∈ Q) n.un−1.u′ n ∈ Z: u(x) 6= 0 por x ∈ I se n < 0 22 CAPÍTULO 3. DERIVADA 3.4 Aplicações da derivada 3.4.1 Monotonia e derivada Considerando o sentido geométrico do sinal da função derivada podemos de- terminar os intervalos onde uma função cresce ou decresce. Temos a seguinte proposição. Proposição. Seja f uma função contínua no intervalo [a, b] e derivável no intervalo ]a, b[. (i) Se f ′(x) > 0 para todos x ∈]a, b[, então f é crescente em [a, b]. (ii) Se f ′(x) < 0 para todo x ∈]a, b[, então f é decrescente em [a, b]. (iii) Se f ′(x) = 0 para todo x ∈]a, b[, então f é constante em [a, b]. 3.4.2 Máximos e mínimos Definição 3.2. Uma função f tem um máximo relativo em c, se existir um intervalo I, contendo c, tal que f(c) ≥ f(x) para todo x ∈ I ∩Df . Definição 3.3. Uma função f tem um mínimo relativo em c, se existir um intervalo aberto I, contendo c, tal que f(c) ≤ f(x) para todo x ∈ I ∩Df . Em ambos casos chamamos esses ponto de extremos relativos. Geometrica- mente vemos que são caracterizados por uma tangente horizontal. Por tanto, o valor da função derivada dâ uma condição necessária para a existência de um extremo relativo em c. Temos a seguinte proposição. Proposição. Suponhamos que f(x) existe para todos os valores de x ∈]a, b[ e que f tem um extremo relativo em c, onde a < c < b. Se f ′(c) existe, então f ′(c) = 0. Observação. Esta condição não é suficiente. Uma função definida num dado intervalo pode admitir diversos pontos ex- tremos relativos. O maior valor da função num intervalo é chamado máximo absoluto da função nesse intervalo. Analogamente, o menor valor é chamado mínimo absoluto. 3.4.3 Concavidade Embora o sinal da derivada de f revele onde o seu gráfico é crescente ou de- crescente, ele não revela a direção da curvatura. Esta pode ser caracterizada em termos da monotonia das inclinações das retas tangentes, ou seja, se f for derivável, da monotonia da função derivada. 3.4. APLICAÇÕES DA DERIVADA 23 Teorema 3.2. Seja f duas vezes derivável em um intervalo I (f é derivável e sua função derivada f ′ é derivável em I). (i) Se f ′′(x) > 0 em I, então f tem concavidade para cima em I. (ii) Se f ′′(x) < 0 em I, então f tem concavidade para baixo em I. Conseqüentemente podemos caracterizar os extremos relativos por meio do sinal da derivada segunda. Com efeito, Proposição (Teste da derivada segunda). Seja f duas vezes derivável no ponto critico x0 (f ′(x0) = 0). (i) Se f ′′(x0) > 0 então x0 é um mínimo relativo. (ii) Se f ′′(x0) < 0 então x0 é um máximo relativo. Definição 3.4. Um ponto em que a derivada segunda se anula é chamado de ponto de inflexão. Por exemplo, no gráfico de f(x) = x3, temos um pontode inflexão que é x0 = 0. Num ponto de inflexão, o teste da derivada segunda não é conclusivo (f pode ter um máximo ou um mínimo relativo ou nenhum dos dois em x0 como no caso da curva acima).
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