Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1/2 Ferramentas da Engenharia Genética Para a realização da TECNOLOGIA DO DNA RECOMBINANTE podemos contar com diversas ferramentas que nos auxiliam em cada uma das etapas do processo. Entre essas ferramentas temos: a) Enzimas: Temos um conjunto de enzimas que nos proporcionam tal evento; entre elas vamos destacar as ENDONUCLEASES DE RESTRIÇÃO e as DNA LIGASES. As endonucleases de restrição (também conhecidas como enzimas de restrição) são enzimas encontradas naturalmente em bactérias, utilizadas para realizar cortes nas cadeias de nucleotídeos (tanto do RNA quanto do DNA). Cada enzima de restrição corta o material genético. São partes palíndromas (que apresentam a mesma leitura de trás para frente e de frente para trás). As extremidades das partes cortadas recebem o nome de extremidades de ligação, pois graças ao processo “palíndromo” são antiparalelas e se encaixam perfeitamente, conforme podemos observar na figura abaixo: Enzimas Organismo fonte Sítio de restrição de DNA bifilamentar Estrutura dos produtos cortados (a) EcoRI Escherichia coli ↓ 5'-G-A-A-T-T-C- -C-T-T-A-A-G-5' ↑ -G 5' A-A-T-T-C- -C-T-T-A-A 5' G- PstI Providencia stuartii ↓ 5'-C-T-G-C-A-G- -G-A-C-T-C-5' ↑ -C-T-G-C-A 3' g- -G 3' A-C-G-T-C- 2/2 Essas enzimas reconhecem e clivam o DNA em sequencias de DNA específicas, chamadas de sequencias de reconhecimento ou sítios de restrição, para gerar um conjunto de fragmentos menores. Enquanto que as DNA ligases fazem a união entre o fragmento de DNA a ser clonado e o vetor de clonagem, falaremos mais adiante dos vetores. b) Vetores de clonagem: Uma molécula de ADN deve dispor de várias características de modo a ser capaz de agir como um veículo para a clonagem de genes. A característica mais importante é que deve ser capaz de se replicar dentro da célula hospedeira, de modo a que se possam produzir numerosas cópias de ADN recombinante, sendo estes capazes de SmaI Serratia marcescens ↓ 5'-C-C-C-G-G-G- -G-G-G-C-C-C 5' ↑ -C-C-C G-G-G- -G-G-G C-C-C- (b) HaeIII Haemophilus aegyptius ↓ 5'-G-G-C-C -C-C-G-G- 5' ↑ -G-G 5' G-G -G-G '5 G-G- HpaII Haemophilus parainfluenzae ↓ 5' -C-C-G-G- -G-G-C-C 5' ↑ -C C-G-G- -G-G-C C- 3/2 passar para as células filhas. Um veículo de clonagem também precisa ser relativamente pequeno. c) Plasmídeos: Eles podem ser introduzidos nas células bacterianas (geralmente uma Escherichia coli) por um processo denominado transformação. Algumas células são naturalmente permeáveis para a captação do DNA e não requerem tratamento com cloreto de sódio, contudo a maioria requer um tratamento prévio para que a membrana se torne permeável. Como nem todas as células são capazes de capturar o DNA do plasmídeo, torna-se necessário um método para selecionar aquelas que o fazem. A estratégia usual é usar um plasmídeo que, além do gene de interesse, tenha também um gene que as células hospedeiras também requeiram para o crescimento sob condições específicas, como um gene que confere resistência a um determinado antibiótico. Assim, apenas as células transformadas pelo plasmídeo recombinante podem crescer na presença daquele antibiótico, selecionando, dessa forma, as células de interesse. O gene que confere resistência ao antibiótico é chamado de um marcador de seleção. Um plasmídeo para ser um bom vetor de clonagem deve conter as seguintes propriedades: 1. Possuir uma origem de replicação (O), ou seja, uma sequência de DNA que permita que o vetor seja replicado na célula hospedeira. 2. Apresentar dois ou mais sítios únicos de clivagem para endonucleases de restrição. O conjunto desses sítios, denominado de Múltiplos Sítios de Clonagem (MSC), é o local onde o inserto é incorporado ao vetor de clonagem. 3. Possuir um gene que codifica um produto que distingue a célula transformada da célula não transformada. Por exemplo, muitos vetores de clonagem carregam o gene que confere resistência à ampicilina (AmpR). As células transformadas com tais vetores são capazes de 4/2 crescer num meio contendo o antibiótico, enquanto que as células não tranformadas acabam morrendo. d) Bacteriófagos: Um dos fagos mais utilizados nos processos de clonagem molecular é o denominado bacteriófago λ. O fago λ é um parasita obrigatório da E.coli que necessariamente deve injetar o seu DNA na bactéria hospedeira para a sua multiplicação. Representação esquemática fago λ (Cabeça e cauda) e) Cosmídeos: Podem ser usados como veículos de clonagem molecular empregando o sistema de empacotamento in vitro que reconstitui a estrutura do fago (cabeça e cauda) e assim é usado para infectar a célula hospedeira. O DNA genômico de interesse é clivado com uma enzima de restrição que produz grandes fragmentos de DNA que serão ligados ao cosmídeo, também clivado com a mesma enzima. O DNA do cosmídeo é injetado no interior da célula hospedeira, circulariza igual ao DNA do fago e replica como um plasmídeo normal, sem expressão de qualquer função do fago. As células infectadas serão selecionadas com base na resistência adquirida a um determinado antibiótico. 5/2 Nas figuras a seguir, você poderá observar a sequência de eventos necessários para a produção de um organismo recombinante. 6/2 A expressão de genes clonados produz grandes quantidades de proteína Frequentemente, é o produto do gene clonado o interesse primário – principalmente quando a proteína possui valor comercial, terapêutico ou de pesquisa. Em alguns casos, os genes clonados são tão eficientemente expressos que seu produto proteico representa 10% ou mais das proteínas celulares. Eles são ditos superespressos. Os vetores de clonagem com sinais de transcrição e tradução são frequentemente chamados de vetores de expressão. Os genes podem também ser expressos nas células eucarióticas, com várias espécies de levedura como hospedeiras usuais. Dependendo da proteína a ser obtida, faz-se necessário utilizar esse tipo de hospedeira eucariótica, pois muitas proteínas precisam ser processadas após a síntese e serem modificadas para que possam exercer suas funções primárias. Os produtos da tecnologia do DNA recombinante variam desde proteínas até organismos construídos. Podemos, através dessa tecnologia, produzir grandes quantidades de proteínas comercialmente úteis, planejar microrganismos para tarefas especiais construir plantas ou animais com características úteis na agricultura e medicina. A engenharia genética transformou-se, em poucos anos, de uma nova tecnologia promissora a uma indústria de muitos bilhões de dólares, com muito do seu crescimento ocorrendo na indústria farmacêutica, conforme pode ser visto na tabela abaixo. Lista de produtos (Proteínas Recombinantes) gerados usando Tecnologia de DNA Recombinante Produto (proteina) Gene expresso em Applicação 7/2 (hospedeiro) Currently in TherapeuticUse Human growth horomone (HGH) Mouse mammary tumour cell line Dwarfism Tissue plasminogen avtivator (TPA) Chenese hamster ovary (CHO)cell line Thrombolysis Erythropoietin * (CHO)cell line Anaemia Blood clotting factor VIII* (CHO)cell line HaemophiliaF In Advanced Stages of Development Antithrombin VIII (CHO)cell line Anticoagulant Blood factor VIII BHK-21 cell line Haemophilia Blood factor IX CHO cell line Haemophilia-B Interleukin-2 (11-2) - Cancer therapy Human recombinant antibodies CHO cell line and Mouse myeloma lines Infections, various cancers Hepatitis-B surface antigen (HBSAg) CHO cell line and C-127 cell line As vaccine Hepatitis-B Interferons (IFN) - Tumours Plasminogen activator (including chimeric and modified) CHO cell line and Spodoptera frugiperda Thrombolysis CD4 Protein Mammalian cell line AIDS vaccine gp 160 protein Mammalian cell line AIDS vaccine p24 protein Mammalian cell line AIDS vaccine Interleukin-l receptor antagonist Mammalian cell line Severe sepsis Atrial natriuretic Mammalian cell line Kidney failure Ciliary neurotropic factor Mammalian cell line Amyotrophic sclerosis DNase Mammalian cell line Cystic fibrosis
Compartilhar