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DIREITOS FUNDAMENTAIS – TEORIA GERAL GECCON Prof. Me. Alexandre Calixto 1- INTRODUÇÃO - Nos dias atuais - direitos fundamentais como núcleo da proteção da dignidade da pessoa humana; - Resguardo desses direitos na Constituição - norma suprema do ordenamento jurídico; - Direitos Humanos x Direitos Fundamentais (termo aparece na França – século XVIII – depois Alemanha (processo de positivação)) 2- HISTÓRICO (A sedimentação dos direitos fundamentais como normas obrigatórias é resultado de maturação histórica – por isso tais direitos mudaram ao longo do tempo) - Basicamente foram criadas e estendidas progressivamente aos povos na defesa da dignidade humana contra a violência, o alvitamento, a exploração e a miséria - Inegável a relação entre o avanço do constitucionalismo e a afirmação dos direitos fundamentais; 2- Perspectiva histórica – DIMENSÃOS DOS DIREITOS HUMANOS - o propósito dessa divisão é situar dentro da história o surgimento dos direitos humanos * ANTIGUIDADE: EGITO (Codificação de Menes 3100-2850 a.C.) – SUMÉRIA (Código de Hammurabi) GRÉCIA (democracia ateniense – aqui surge o jusnaturalismo clássico com Platão) - – ROMA (República Romana – Lei das Doze Tábuas – liberdade – personalidade jurídica –etc.) – IDADE MÉDIA – CRISTIANISMO * SURGIMENTO DO ESTADO MODERNO (século XVI – final da idade média (que era fundada no direito divino dos reis) - Contratualismo - reação contra o poder papal – Estado deriva da vontade contratual dos homens – garantia de liberdade contra o próprio Estado – certos direitos preexistem ao próprio Estado; - Thomas Hobbes (Leviatã 1651) – Hugo Grócio (Da guerra e da paz 1625) – John Locke (Tratado sobre o governo civil – 1689) 1ª DIMENSÃO – direitos civis e políticos - REVOLUÇÕES LIBERAIS ** 1776 – Declaração da Virgínia - Primeiro documento a afirmar princípios democráticos na história política moderna - Povo como o grande responsável e detentor do poder político supremo (soberania popular) **26/08/1789 – Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão - Revolução Francesa, inspirada nos ideários de liberdade, igualdade e fraternidade - doĐuŵeŶtou Ƌue deĐƌetou o óďito do “Ancien Régime” - desencadeou a supressão das desigualdades entre indivíduos e grupos sociais - positivação de direitos individuais fundamentais ao homem - Tenta fixar a ideia de autonomia pessoal – direitos individuais - Igualdade perante a lei e pelos direitos do homem - Postulado de abstenção do Estado (direitos de defesa – direitos negativos) - Liberdades individuais (não se preocupando com as desigualdades sociais) - Estado Liberal (ideal) 2ª DIMENSÃO- direitos sociais, culturais e econômicos - Século XX - Superação do individualismo - Constatação de que a consagração formal de liberdade e igualdade não gerava a garantia do efetivo gozo desses direitos - Ligam-se a reivindicações de justiça social - Direitos de prestação estatal - Crise das relações sociais decorrentes dos modos liberais de produção – aceleradas pelas novas formas trazidas pela revolução industrial 3ª DIMENSÃO (direitos dos povos ou direitos de solidariedade ou direitos de fraternidade) - surgem como resposta ao grau de exploração das nações em desenvolvimento, por aquelas já desenvolvidas – descolonizações ocorridas no pós segunda guerra mundial - Direitos globais ou de toda a humanidade (titularidade difusa ou coletiva) - Direito à paz – ao meio ambiente equilibrado – a autodeterminação dos povos 2ª GUERRA MUNDIAL - RUPTURA ÉTICA - TOTALITARISMO - COISIFICAÇÃO DO SER HUMANO PÓS 2ª GUERRA MUNDIAL - INTERNACIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS - RECONSTRUÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS - APROXIMOU A LEI DA RAZÃO - ÉTICA E VALORES RETORNAM AO DIREITO - DIREITOS HUMANOS NÃO SÃO INERENTES, MAS SIM UM DADO, UM CONSTRUÍDO - SURGIMENTO DA DUDH (Declaração Universal dos Direitos Humanos) 3- CARACTERÍSTICAS - HISTORICIDADE - UNIVERSALIDADE - RELATIVIDADE - IRRENUNCIABILIDADE - INALIENABILIDADE (apenas os que visam resguardar diretamente a potencialidade do homem de se autodeterminar) - IMPRESCRITIBILIDADE - UNIDADE, INDIVISIBILIDADE E INTERDEPENDENCIA - APLICAÇÃO IMEDIATA 4- TITULARIDADE DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS - Todos os seres humanos são titulares; - Pessoas físicas e jurídicas (vide súmula 227, STJ); - Pessoas jurídicas de direito público??? (polêmica); - Estrangeiros 5- funções dos direitos fundamentais - Sem dúvida são dotados de inúmeras funções nos ordenamentos jurídicos (os estudiosos sobre o tema chegam a tal conclusão calcados em argumentos diversos – afirmação histórica – afirmação ao longo da evolução do Estado//como paradigma procedimental do Estado Democrático de Direito//teoria dos quatro status de Jellinek (passivo/negativo/positivo/ativo); 5.1-direitos de defesa= consistem no conjunto de prerrogativas do indivíduo voltado para defender determinadas posições subjetivas contra a intervenção do Poder Público ou mesmo outro particular (TAVARES, p.59) – operam como instrumentos de proteção da liberdade individual contra interferências ilegítimas do Poder Público (GONÇALVES, p.323); 5.2- direitos à prestação= são aqueles que exigem uma obrigação estatal de ação, para assegurar a efetividade dos direitos fundamentais. Tais condutas estatais podem ser dividas em prestações jurídicas e prestações materiais; 5.3- direitos a procedimentos e organizações= tem como função exigir do Estado que estruture órgãos e corpo institucional apto, por sua competência e atribuição, a oferecer bens ou serviços indispensáveis (EX: direito de acesso à justiça, direito de proteção judiciária, direito de defesa, direito à livre associação); Observar que a doutrina aponta tal direito como COROLÁRIO DOS DIREITOS À PRESTAÇÃO! 6 – SUJEITOS PASSIVOS • EFICÁCIA VERTICAL - Poder Público • EFICÁCIA HORIZONTAL - Aplicação no campo do direito privado; - Marco histórico = período logo após o advento da Lei Fundamental de Bonn, na Alemanha –(O Tribunal Alemão debateu e enfrentou o tema de eficácia dos direitos fundamentais nas relações privadas no famoso caso Lüth (1958) (1950 – Erich Lüth – presidente do clube de imprensa de Hamburgo – boicote aos filmes de origem antissemita – Amor Imortal de Veit Harlam – por ter esse cineasta ter elaborado filmes de conotação antissemita na época nazista – Harlam recorreu ao Tribunal de Hamburgo para que fosse cessado o boicote – Corte Constitucional – que entendeu ter Lüth exercitado o direito a liberdade de expressão) - Em algumas situações pode ser aplicado em detrimento da autonomia privada; - Inicialmente cabe ao legislador estabelecer em que hipóteses a autonomia da vontade haverá de ceder 6.1- EFICÁCIA HORIZONTAL – TEORIAS Teoria da eficácia direta e imediata: Devem incidir prontamente sobre decisões das entidades privadas que tenham considerável poder social e em face de indivíduos que estejam em situação de supremacia; Teoria da eficácia indireta e mediata: A proteção dos direitos fundamentais em relações privadas somente pode se dar a partir da consagração de leis infraconstitucionais voltadas para tais relações; No BRASIL: - por mais que não haja uma construção teórica específica o STF vem aplicando de forma direta os direitos fundamentais nas relações privadas; - Via legislativo= (ex: relações de consumo); - Interpretação= de cláusulas gerais no direito privado (ex: eleição de foro em contrato de adesão); - Precedentes jurisprudenciais= RE 158.215/RS(devido processo legal – associação privada) – RE 161.243/DF (igualdade – não devendo brasileiro ser discriminado por empresa estrangeira) – RE 201.819/RJ (associado excluído da UBC sem o devido processo legal); 7- LIMITES AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS e COLISÃO ENTRE D.FUND. - Partindo de uma visão em que os direitos fundamentais representam valores (axiomas) – o entendimento contemporâneo aponta a necessidade de uma leitura relativista dos mesmos – ainda mais em uma Constituição compromissária como a nossa ( - Tese dos limites dos limites (possibilidade de restrição dos direitos fundamentais) - Atualmente entende-se que atos normativos infraconstitucionais podem restringir o alcance de determinados direitos fundamentais (esse é o posicionamento da jurisprudência brasileira – aparentemente adeptos da teoria externa) - TEORIA INTERNA= o limite de um direito está interno a ele – só existe limitação dentro do próprio direito – sendo assim não existiria possibilidade de restrição externa a um direito fundamental – tal teoria defende a existência de limites internos a todo direito que são identificados através de uma interpretação sistemática e finalística. - TEORIA EXTERNA= para tal teoria há uma separação entre o conteúdo do direito e limites que lhe são impostos do exterior, oriundos de outros direitos. Assim para tal teoria temos dois objetos: o direito em si e as restrições destacadas desse direito. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA -DA SILVA, José Afonso. Curso de direito constitucional positivo. 35ª ed. rev. e atual. São Paulo: Malheiros, 2012. -NUNES JR., Vidal Serrano; ARAÚJO, Luiz Alberto David. Curso de direito constitucional. 16ª ed. rev. E atual. São Paulo: Saraiva, 2012. - FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 7ª edição. Salvador. Editora Juspodivm, 2015. -FILHO, Manoel Gonçalves Ferreira Filho. Curso de Direito Constitucional. 40ª edição. São Paulo. Saraiva, 2014. -GUERRA, Sidney. Curso Elementar de Direitos Humanos. 2ª edição. São Paulo. Saraiva, 2014. -MENDES, Gilmar Ferreira, BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 8ª edição. São Paulo. Saraiva, 2014.
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