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Classificação e Tipificação de Carcaças Bovinas Angélica Simone Cravo Pereira Doutora Universidade de São Paulo USP-FMVZ Entende-se por Classificação, o conjunto de normas que consiste em “agrupar em classes características semelhantes ou iguais”, tais como, categorias de sexo, maturidade e peso dos animais, de modo que as carcaças já estarão separadas na sala de matança e serão encaminhadas às câmaras de resfriamento por categoria. Já a Tipificação consiste na “diferenciação das classes em tipos hierarquizados, segundos critérios que incluem as categorias da classificação já mencionada e que podem estar correlacionados positiva ou negativamente aos rendimentos de matança e desossa e de qualidade da carne, ordenando-se esses tipos do melhor para o pior”. A condição fundamental para que seja realizada a classificação é a existência de variabilidade na matéria-prima ou produto que justifique a formação de grupos ou classes, dentro dos quais seja uniforme segundo um ou mais indicadores empregados pelo sistema. Por outro lado, quando a classificação tem a sua origem em fatores de ordem econômica e é previamente estabelecida um escala de importância visando à atribuição de valores diferenciais, o método pode ser denominado de tipificação. Nesse sentido, os principais objetivos da classificação ou da tipificação podem ser resumidamente: disciplinar a comercialização do boi e da carne, permitindo, inclusive, que compras e vendas sejam efetuadas à distância, e orientar os pecuaristas no sentido de produzir as classes ou tipos de carcaça mais procurados no mercado, pois esses serão cotados a melhores preços. Este princípio de se produzir determinada mercadoria dirigida a um cliente específico está presente em praticamente todos os mercados e é uma forma bastante moderna e eficaz de comercialização em nível internacional. O objetivo dos sistemas de tipificação é avaliar as características da carcaça que estejam relacionadas direta ou indiretamente com as características de rendimento e qualidade acima mencionadas. Por exemplo, sabe-se que o rendimento de carne comercializável, expressado como um percentual do peso da carcaça aumenta com a musculosidade do animal, e diminui com o aumento na gordura da carcaça. Estas por sua vez podem ser estimadas visualmente através da área do olho do lombo e da conformação, e pela gordura de cobertura e interna, respectivamente. Da mesma forma, a qualidade da carne varia com a idade e o acabamento do animal. Portanto, os sistemas de tipificação avaliam a idade dos animais de várias maneiras, bem como algum índice de terminação. 1 - Estados Unidos (USDA) Em 1902, Hebert Mumford, da Universidade de Illinois, foi o autor de uma série de boletins intitulados “Classes de mercado e classes de gado e sugestões para interpretar as cotações do mercado”. Após vários estudos e relatórios do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, o Congresso aprovou uma lei para o sistema de informação de comércio de animais domésticos em 1916. Isto requereu um sistema de classificação para facilitar os relatórios de comercialização. Os procedimentos para tipificação de carcaça adotados em 1926 foram executados como um serviço gratuito pelo USDA, por um período experimental de um ano. No fim desse período, o Serviço de Tipificação de Carcaça do USDA passou a ser taxado, sendo o custo do serviço assumido pelo frigorífico. O sistema não é obrigatório, mas a maioria dos frigoríficos o emprega para facilitar a compra de animais e a venda da carne. As classes são determinadas por funcionários do USDA que trabalham independentes tanto dos produtores quanto dos frigoríficos. Após várias modificações no sistema de classificação USDA, conduzidos em parceria entre as associações de criadores, as universidades e o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, foi realizada em Janeiro de 1997 a última atualização do sistema, o qual é utilizado atualmente. Os padrões de classificação do USDA resumem-se em “Yield Grades” e “Quality Grades” (categorias de rendimento e de qualidade, respectivamente). O Yield Grade está relacionado negativamente com o rendimento de carne na desossa, e é expresso em números que vão de 1 a 5, de melhor para pior respectivamente. Para fazer esta classificação, a carcaça é cortada longitudinalmente, separando em lado esquerdo e direito. Em seguida é realizado outro corte transversal entre a 12a e a 13a costela, a fim de permitir a estimativa visual da área do olho do lombo e da espessura da gordura de cobertura. Finalmente, estima-se o peso da gordura renal, pélvica e torácica, em porcentagem do peso da carcaça. Para o “Quality Grade”, a classificação de qualidade, avalia-se diferentes graus de maturidade e marmorização. O sexo também é incluído, já que as carcaças de machos inteiros são desclassificadas para as melhores categorias. Na classificação por diferenças sexuais, os machos podem ser classificados como novilhos castrados, novilhos inteiros ou touros, enquanto as fêmeas se distinguem em novilhas ou vacas. As categorias de maturidade são: A (9 a 30 meses), B (30 a 42 meses), C (42 a 72 meses), D (72 a 96 meses) e E (acima de 96 meses). Esta classificação é realizada pela avaliação do tamanho, forma e grau de ossificação dos ossos e das cartilagens da carcaça; não é observada a dentição do animal. A marmorização “marbling” consiste no depósito de gordura intramuscular. Além disso, é um dos principais fatores determinantes para a classificação de qualidade. Esta avaliação da quantidade e da distribuição da gordura intramuscular é feita visualmente no músculo Longissimus dorsi, entre a 12a e a 13 a costelas. Cada grau de marmorização é dividido em 100 subunidades. Contudo, os escores de marmorização são expressos em decimais dentro de cada classificação (ex: Slight90, Small00, Small10). Para a marmorização, utilizam-se cartões padrões do USDA, para assegurar maior acurácia nas avaliações (Figura 01). Para bovinos até 30 meses (maturidade A) e sem defeitos visíveis na carne (descolorações, textura grosseira), o grau de marmorização define o “Quality Grade” (Figura 02). Carcaças com maturidade, até 42 meses (maturidade B), necessitam atingir uma marmorizacão maior para serem classificadas como “Prime”, “Choice” ou “Select”. Carcaças com maturidade C, D ou E são desqualificadas destes “Quality Grades” e são vendidas a um preço muito inferior. Figura 01. Padrões de marmorização do sistema USDA. Fonte: AMSA, 2001. Nos Estados Unidos, de 85 a 90% das carcaças estão nas categorias “Choice” e “Select”. Em média, a diferença de preço entre estas é de $0,10/kg, de maneira que a carcaça do exemplo anterior perderia $32 de valor se fosse classificada como “Select” ao invés de “Choice”. Esta diferença é o que estimula os produtores nos EUA a engordar os animais, sempre procurando maximizar a marmorização e o “Quality Grade”, ao mesmo tempo tentando evitar o aumento em “Yield Grade”. Figura 02. Padrões de Quality Grade, USDA, de acordo com a maturidade e a marmorização. Fonte: Boggs e Merkel, 1990. 2 – Austrália (AUS-MEAT) A classificação de carcaças na Austrália iniciou devido ao mercado exportador, para que este pudesse ser ampliado e ter melhor aceitabilidade. Atualmente, sabe-se do sucesso que a Austrália vem obtendo, sendo um dos maiores países exportadores de carne. Este sucesso dependeu de um excelente trabalho de “marketing”, incluindo pesquisas de mercado, o desenvolvimento de novos sistemas de produção e de distribuição, e da atenção total às exigências do mercado e de consumidor. Em 1970, o Australian Meat Board (AMB) fizeram uma revisão do sistema de tipificação de carcaças para exportação. Durante a década de 70 existiam duas linhas de pesquisas paralelas que se uniram no inícioda década de 80 para a implantação do projeto. Em 1 de janeiro de 1987, começou a vigorar o sistema para exportação pela nova organização “The Authority for Uniform Specifications of Meat and Livestock” (AUS- MEAT). Além do sistema AUS-MEAT, também no final da década de 80, foi estabelecido o “Meat Standards Austrália" (MSA), outro sistema desenvolvido para atender o mercado interno. Foram feitas milhares de pesquisas, financiadas por um consórcio de pecuaristas, indústria e governo, onde todas as análises finais de aceitabilidade eram feitas pelos 14 consumidores. Este sistema é dinâmico e permanece em utilização e implantação para atender as exigências do mercado. No sistema AUS-MEAT, as carcaças são avaliadas pelo peso, sexo, idade, avaliação da gordura e musculosidade, e escores de contusões. A pesagem é feita na carcaça quente, chamada “Hot Standard Carcase Weight” (HSCW), a qual é utilizada para a comercialização. Perdas no processo de resfriamento de 0,5 a 2% são consideradas normais, porém acima destas já são tomadas decisões para melhora nos sistema de resfriamento. A classificação dos sexos ocorre entre machos e fêmeas, em que machos são classificados como novilhos castrados ou touros, incluindo esta última categoria 10 tanto o novilho inteiro quanto o touro adulto. As fêmeas são separadas em novilhas e vacas; qualquer fêmea que tenha mais de sete dentes incisivos permanentes, ou que esteja gestante ou em lactação, é classificada como vaca. A avaliação de acabamento de gordura é feita pela medida P8, na garupa na parte dorsal da terceira vértebra sacral. Preferencialmente, a classificação da idade no sistema AUS-MEAT é por meio da avaliação da dentição, observando-se os dentes incisivos e os molares permanentes. Esta avaliação apresenta algumas variações de acordo com o sexo, raça e nutrição. A classificação de idade nesse sistema também pode ser feita pela ossificação. Contudo, prioriza-se a dentição. A desvantagem deste método é que não pode ser confirmado uma vez que a carcaça é desossada. Quanto à musculosidade, são cinco categorias de musculosidade, valorizando o tamanho, a forma e a fidelidade com as imagens padrões deste sistema. Dessa forma, todas as informações são integradas para definir a tipificação de cada carcaça. As categorias básicas estão apresentadas na Tabela 01. Este sistema tem permitido que as carcaças produzidas para a exportação sejam descritas com muita precisão, estabelecendo-se normas de tipificação e comercialização das mesmas. Tabela 01 - Categorias básicas do sistema AUS-MEAT Categoria Incisivos permanentes Outras características V Veal (vitelo) 0 Machos ou fêmeas sem CSS1, 0-70 kg PPCQ2, 70-150 kg PPCQ com carne rosada (jovem) A Beef (carne) 0 – 8 PPCQ > 70 kg, fêmeas ou novilhos castrados, machos inteiros sem CSS B Bull (touro) 0 – 8 Machos inteiros ou castrados com CSS 3 – União Européia (EUROP) O sistema Europeu tipifica somente por meio de avaliações subjetivas, por técnicos treinados e licenciados. Desde a década de 90, os europeus realizam trabalhos de pesquisas para o desenvolvimento de novas tecnologias a fim de aperfeiçoar o sistema de classificação atualmente utilizado. Em 1999 criou-se o “Meat Automation Concerted Action” com uma parceria dos produtores e da iniciativa privada, com a finalidade de coordenar pesquisas. O sistema europeu de tipificação denomina-se “EUROP - classification system”, considerando avaliações de maturidade, grupo sexual, musculosidade e acabamento de gordura. Os animais são separados em cinco grupos diferentes de maturidade, de 1 (mais novo) a 5 (mais velho), através da avaliação da ossificação dos ossos e cartilagens da carcaça. Existem cinco grupos sexuais, porque o desenvolvimento corporal também influencia esta classificação. Constam também nas avaliações cinco categorias de acabamento. Ainda as carcaças bovinas são classificadas de acordo com a conformação utilizando as letras da palavra “EUROP”(Tabela 02). Tabela 02 – Padrões de qualidade do sistema “EUROP” Padrão Qualidade da carne Descrição E Primeira Perfil variando de convexo a muito convexo; extraordinária musculosidade U Alta Perfil totalmente convexo; musculosidade muito boa R Boa Perfil totalmente reto; boa musculosidade O Média Perfil variando de reto a côncavo; média musculosidade P Baixa Perfil variando de côncavo a muito côncavo; pouca musculosidade Fonte: AMA, 2001. 4 – Canadá O sistema Canadense de classificação de carcaças foi baseado no Americano, sendo ambos bastante semelhantes quanto aos critérios de classificação. Os principais pontos deste sistema são: maturidade, musculosidade, grau de marmorização, coloração da carne e gordura, e espessura da gordura de cobertura. Animais jovens recebem classificação A ou B e carcaças de animais maduros são classificadas como D, e de touros como E. As carcaças no Canadá, assim como nos EUA, também recebem classificação de acordo com o rendimento de tecido magro. Os escores de musculatura e gordura são determinados com auxílio de uma régua especial. Para receber a classificação "A", a carne deve ter aspecto vermelho brilhante e a musculatura deve ser boa a excelente, sem deficiências, a gordura de cobertura deve ser firme e branca (ou âmbar) e não apresentar menos que 4 mm de espessura. Dentro desta categoria há 4 subdivisões: A, AA, AAA e Canada Prime, que são determinadas de acordo com o grau de marmorização, que varia de traços (A) a abundante ou mais (Canadá prime). A classe "B" é subdividida também em 4 categorias: B1 para as carcaças com boa musculatura, entretanto, com gordura de cobertura inferior a 4 mm, a B2 para carcaças com gordura de coloração amarela, B3 para carcaças com musculatura deficiente, e B4 para carcaças com carne de coloração escura (dark meat color). A categoria "D", para animais maduros é subdividida também em 4 categorias: D1 são carcaças com musculatura excelente e bem distribuída, a gordura é firme, branca e bem distribuída, com no máximo 15 mm de espessura; D2 para carcaças semelhantes à D1, mas com variação na coloração e distribuição da gordura; D3 para carcaças com musculatura deficiente, e D4 para carcaças que apresentam musculatura de excelente a deficiente, e com gordura acima dos 15 mm de espessura. 5 – Japão O sistema japonês de avaliação de carcaça, criado em 1975, foi alterado em 1988. No Japão realizam-se avaliações para rendimento e qualidade, não sendo permitida a separação destas avaliações, ao contrário do que acontece nos EUA e Canadá. Adicionalmente às avaliações de rendimento e qualidade, escores para lesões também podem ser atribuídos. As notas de rendimento são dadas como A, B e C, e as de qualidade variam de 1 (pobre) a 5 (excelente). A nota final é dada associando-se as duas, como B2, por exemplo. As avaliações são feitas a partir de cortes entre a 6a e a 7a costelas. Tanto as avaliações do sistema americano como do canadense são entre a 12a e a 13a costelas. Para avaliar a qualidade da carne são considerados: 1: marmorização (1-12), coloração e brilho da carne (1-7), firmeza e textura da carne (1-7), coloração e qualidade da gordura (1-6). O valor final de qualidade da carne é expresso pelo menor valor dos 4 atributos. Por exemplo, se as notas para uma carcaça forem: marmorização 4, cor 4, textura 3 e cor da gordura 4, portanto, a nota para qualidade de carcaça será de 3. Para o rendimento, a nota A é empregada para carcaças que apresentam rendimento superior a 72%, consideradas acima da média, a B para carcaças com rendimento entre 69- 72%, consideradas na média, e a C para valores inferiores a 69%, abaixo da média. É interessante ressaltar a principal diferença entre os sistemas Canadense e Americano com o Japonês.No sistema Japonês, para escores de rendimento considera-se uma importância significativa para quantidade de gordura, sendo que, quanto maior a espessura de gordura, melhor a nota para rendimento. Já os outros sistemas avaliam rendimento de carne desossada e aparada, sendo que, quanto mais gordura de cobertura, pior o escore para rendimento. É bem provável que esta diferença seja pelo mercado japonês exigir carnes com excessiva quantidade de gordura. 6 – Uruguai O sistema de classificação utilizado no Uruguai é o “Sistema Oficial de Clasificación y Tipificación”, sob responsabilidade do INAC – Instituto Nacional de Carnes. As carcaças são inicialmente classificadas pelo sexo-maturidade como Novillo, Vaca, Ternero e Toro. Posteriormente, essas classes são subdivididas. Ainda, as carcaças são tipificadas pela conformação de acordo com a seqüência de letras I – N – A – C – U – R e realizadas combinações entre a categoria de sexo-maturidade e a conformação. 7 – Brasil O sistema brasileiro que era para ser de identificação codificada, como queria a Comissão de 1970, coordenada pelo professor Miguel Cione Pardi, ou de classificação sem hierarquia de classes, como defendia o Prof. Pedro Felício, a partir de 1977, acabou sendo de classes hierarquizadas em tipos conforme as letras da palavra BRASIL. A legislação seguia a Portaria Ministerial n. 612, de 05.10.1969, publicada no Diário Oficial da União de 10.10.1989. Esse sistema privilegiava com a primeira letra da palavra BRASIL as carcaças de bovinos de 2 e 3 anos de idade (machos castrados e fêmeas de 0 – 4 dentes incisivos permanentes e tourinhos com todos os dentes da 1ª dentição), hoje conhecidos como “novilhos precoces”. Abaixo serão abordadas as últimas normativas referentes ao sistema brasileiro de tipificação de carcaça: - Portaria N° 612, 05/10/1989 Trata-se de um sistema de classificação que hierarquiza as carcaças por tipos, de acordo com o sexo, maturidade, acabamento e conformação das carcaças. Por outro lado, a tipificação, é feita pela combinação de sexo com a maturidade. Alguns critérios a serem seguidos: Sexo: (M - macho - englobando machos inteiros; C - macho castrado e F - fêmea). Maturidade: Avaliação dos dentes incisivos (dentes de leite, dois, quatro, seis e oito dentes incisivos permanentes). Conformação: Avaliação subjetiva do desenvolvimento muscular (C - convexas, Sc - subconvexas, Re - retilíneas, Sr – sub - retilíneas e Co - côncavas). Acabamento: Avaliação subjetiva da quantidade de gordura subcutânea ou de cobertura (1 - ausente, 2 – escassa = 1 - 3mm, 3 – mediana = 3 - 6mm, 4 – uniforme = 6 - 10mm e 5 - excessiva > 10mm). Esta avaliação da gordura é realizada na altura da 6a, 9 a e altura da 12 a costelas. Peso: “peso quente” Sendo: B – Macho 210 kg – Fêmea 180 kg R – Macho 220 kg – Fêmea 180 kg A – Macho 210 kg – Fêmea 180 kg S – Macho 225 kg – Fêmea 180 kg I – Sem especificação L – Sem especificação As classes formadas pela associação dessas características são então hierarquizados por número de dentes incisivos permanentes (d.i.p.) em seis tipos (B-R-A-S-I-L), com restrições relativas ao acabamento, conformação e peso, tudo avaliado na carcaça quente (Tabela 03). Tabela 03 - Requisitos para enquadramento das carcaças na Tipificação Oficial Tipo Sexo Maturidade (d.i.p.)* Acabamento Conformação Peso carcaça Mínimo (kg) B** C e F 0 - 4 2, 3 e 4 C, Sc e Re C=210, F=180 M 0 2, 3 e 4 C, Sc e Re M=210 R C e F 0 - 6 2, 3 e 4 C, Sc, Re e Sr C=220, F=180 A C e F 0 - 6 1 e 5 C, Sc, Re e Sr C=210, F=180 M 0 1 e 5 C, Sc, Re e Sr C=210, F=180 S C e F 0 - 8 1 - 5 C, Sc, Re e Sr C=225, F=180 I M, C, F 0 - 8 1 - 5 C, Sc, Re e Sr S/ restrições L M, C, F 0 - 8 1 - 5 Co S/ restrições *d.i.p. = dentes incisivos permanentes ** = o padrão cota HILTON é o tipo B sem M e sem acabamento 4 Esse sistema é criticado, pois ao se enquadrarem carcaças desiguais em tipos no qual a qualidade da carne, o rendimento de desossa, ou ambos, deveriam ser semelhantes. - Portaria N° 9,04/05/2004 Em Instrução Normativa nº. 9, de 4 de Maio de 2004 instituiu-se a obrigatoriedade da classificação de carcaças, a partir de 1 de janeiro de 2005, em todos os matadouros- frigoríficos com inspeção federal. A regulamentação dessa portaria deveria ter ocorrido até 31.12.2004 e sua aplicação seria voluntária. A partir de 01.01.2005, a aplicação seria obrigatória nos estabelecimentos de abate sob Inspeção Federal, e a avaliação dos animais e das carcaças deveria ser realizada por técnicos habilitados, credenciados pelo Mapa e pagos pelo setor privado. Por meio de convênio, os abatedouros sob inspeção estadual também poderiam classificar carcaças oficialmente. Os critérios adotados pela IN nº. 9 consideram o sexo, a maturidade, o peso e o acabamento da seguinte forma: Sexo: Realizado por meio do exame dos caracteres sexuais, com as categorias: Macho inteiro (M), Macho castrado (C), Novilha (F), e Vaca de descarte (FV). Maturidade: Avaliação dos dentes incisivos, com as categorias: - Dente de leite (d) - animais com apenas a 1ª dentição, sem queda das pinças; - Dois dentes (2d) - animais com até dois dentes definitivos, sem queda dos primeiros médios da primeira dentição; - Quatro dentes (4d) - animais com até quatro dentes definitivos, sem queda dos segundos médios da primeira dentição; - Seis dentes (6d) - animais com até seis dentes definitivos, sem queda dos cantos da primeira dentição; ou - Oito dentes (8d) - animais com mais de seis dentes definitivos. Peso da Carcaça: Peso da carcaça quente (kg). Acabamento: Avaliação da distribuição e quantidade de gordura subcutânea, em diferentes regiões da carcaça (torácica, lombar e no coxão), de acordo com as categorias: - Magra (1) - gordura ausente; - Gordura escassa (2) - 1 a 3 mm de espessura; - Gordura mediana (3) - acima de 3 e até 6 mm de espessura; - Gordura uniforme (4) - acima de 6 e até 10 mm de espessura; - Gordura excessiva (5) - acima de 10 mm de espessura. A implantação do sistema de classificação de acordo com a Instrução Normativa nº.9 foi adiada pelo MAPA, por meio da IN nº. 37, de 29 de dezembro de 2004. De acordo com o diretor do Dipoa, o adiamento seria de um ano, e seria implementada no início de 2006. Atualmente, empresas que criaram as chamadas carnes com "grife", adotam sistemas próprios para "classificação" e padronização dos cortes, com o objetivo de nichos de mercado mais exigentes com maior poder aquisitivo e disposto a pagar um diferencial de preço. Referindo-se ao Brasil, Luchiari Filho (2000) explicou: “A carne bovina é um dos poucos produtos comercializados sem um padrão de classificação ou tipificação definido, com a agravante de que no final todas as carnes acabam se tornando “carne de vaca”. (...) Para se poder separar as carcaças por méritos e atributos semelhantes, é necessário uma classificação das mesmas”. Considerações Finais Além da dificuldade na implementação das normas, ainda é necessário indicar ao produtor qual tipo exato de animal é o mais desejado. Porém, investimentos se farão necessários nesta área, para uma maior valorização e padronização da carne produzida no Brasil. No entanto, conhecendo o potencial de nosso setor produtivo, tais investimentos em pesquisas, implantação de um Sistema de Classificação e investimentos em novas tecnologias, obterão um retorno rápido e garantido através do aumento das exportações de carne e conseqüente melhoria na qualidade da carne aqui produzida. Assim, a classificação de carcaças deve atuar como instrumento para que o Brasil torne-se mais competitivo e consolide sua posição no mercado exportador de carne bovina.Informar ao mercado consumidor (externo e interno) as características da carne aumenta a valorização do produto, estimula e organiza a produção, além de ampliar as relações entre os componentes da cadeia da carne bovina. Finalmente, há muitos sistemas de avaliação, classificação e tipificação de carcaças. Esses sistemas dependem de avaliações subjetivas, portanto, é essencial conhecer o mercado consumidor. Para tanto, implementar qualidade, como classificar carcaças, além das iniciativas, tais como, rastreabilidade, marketing, ciência e tecnologia, organização da cadeia, normas e padronização da linguagem de comercialização são ferramentas essenciais para o aumento da qualidade e comercialização da carne. Referências Bibliográficas AMERICAN MEAT SCIENCE ASSOCIATION (AMSA). 2001. Meat Evaluation Handbook. 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