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CLASSIFICAÇÃO

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Classificação e Tipificação de Carcaças Bovinas 
Angélica Simone Cravo Pereira 
Doutora 
Universidade de São Paulo USP-FMVZ 
 
Entende-se por Classificação, o conjunto de normas que consiste em “agrupar em 
classes características semelhantes ou iguais”, tais como, categorias de sexo, maturidade e 
peso dos animais, de modo que as carcaças já estarão separadas na sala de matança e serão 
encaminhadas às câmaras de resfriamento por categoria. 
 Já a Tipificação consiste na “diferenciação das classes em tipos hierarquizados, 
segundos critérios que incluem as categorias da classificação já mencionada e que podem 
estar correlacionados positiva ou negativamente aos rendimentos de matança e desossa e de 
qualidade da carne, ordenando-se esses tipos do melhor para o pior”. 
 A condição fundamental para que seja realizada a classificação é a existência de 
variabilidade na matéria-prima ou produto que justifique a formação de grupos ou classes, 
dentro dos quais seja uniforme segundo um ou mais indicadores empregados pelo sistema. 
Por outro lado, quando a classificação tem a sua origem em fatores de ordem econômica e é 
previamente estabelecida um escala de importância visando à atribuição de valores 
diferenciais, o método pode ser denominado de tipificação. 
Nesse sentido, os principais objetivos da classificação ou da tipificação podem ser 
resumidamente: disciplinar a comercialização do boi e da carne, permitindo, inclusive, que 
compras e vendas sejam efetuadas à distância, e orientar os pecuaristas no sentido de 
produzir as classes ou tipos de carcaça mais procurados no mercado, pois esses serão 
cotados a melhores preços. Este princípio de se produzir determinada mercadoria dirigida a 
um cliente específico está presente em praticamente todos os mercados e é uma forma 
bastante moderna e eficaz de comercialização em nível internacional. 
 O objetivo dos sistemas de tipificação é avaliar as características da carcaça que 
estejam relacionadas direta ou indiretamente com as características de rendimento e 
qualidade acima mencionadas. Por exemplo, sabe-se que o rendimento de carne 
comercializável, expressado como um percentual do peso da carcaça aumenta com a 
musculosidade do animal, e diminui com o aumento na gordura da carcaça. Estas por sua 
vez podem ser estimadas visualmente através da área do olho do lombo e da conformação, 
e pela gordura de cobertura e interna, respectivamente. Da mesma forma, a qualidade da 
carne varia com a idade e o acabamento do animal. Portanto, os sistemas de tipificação 
avaliam a idade dos animais de várias maneiras, bem como algum índice de terminação. 
 
 1 - Estados Unidos (USDA) 
 
Em 1902, Hebert Mumford, da Universidade de Illinois, foi o autor de uma série de 
boletins intitulados “Classes de mercado e classes de gado e sugestões para interpretar as 
cotações do mercado”. 
Após vários estudos e relatórios do Departamento de Agricultura dos Estados 
Unidos, o Congresso aprovou uma lei para o sistema de informação de comércio de animais 
domésticos em 1916. Isto requereu um sistema de classificação para facilitar os relatórios 
de comercialização. 
Os procedimentos para tipificação de carcaça adotados em 1926 foram executados 
como um serviço gratuito pelo USDA, por um período experimental de um ano. No fim 
desse período, o Serviço de Tipificação de Carcaça do USDA passou a ser taxado, sendo o 
custo do serviço assumido pelo frigorífico. 
 O sistema não é obrigatório, mas a maioria dos frigoríficos o emprega para facilitar 
a compra de animais e a venda da carne. As classes são determinadas por funcionários do 
USDA que trabalham independentes tanto dos produtores quanto dos frigoríficos. 
Após várias modificações no sistema de classificação USDA, conduzidos em 
parceria entre as associações de criadores, as universidades e o Departamento de 
Agricultura dos Estados Unidos, foi realizada em Janeiro de 1997 a última atualização do 
sistema, o qual é utilizado atualmente. Os padrões de classificação do USDA resumem-se 
em “Yield Grades” e “Quality Grades” (categorias de rendimento e de qualidade, 
respectivamente). O Yield Grade está relacionado negativamente com o rendimento de 
carne na desossa, e é expresso em números que vão de 1 a 5, de melhor para pior 
respectivamente. Para fazer esta classificação, a carcaça é cortada longitudinalmente, 
separando em lado esquerdo e direito. Em seguida é realizado outro corte transversal entre 
a 12a e a 13a costela, a fim de permitir a estimativa visual da área do olho do lombo e da 
espessura da gordura de cobertura. Finalmente, estima-se o peso da gordura renal, pélvica e 
torácica, em porcentagem do peso da carcaça. 
 Para o “Quality Grade”, a classificação de qualidade, avalia-se diferentes graus de 
maturidade e marmorização. O sexo também é incluído, já que as carcaças de machos 
inteiros são desclassificadas para as melhores categorias. Na classificação por diferenças 
sexuais, os machos podem ser classificados como novilhos castrados, novilhos inteiros ou 
touros, enquanto as fêmeas se distinguem em novilhas ou vacas. As categorias de 
maturidade são: A (9 a 30 meses), B (30 a 42 meses), C (42 a 72 meses), D (72 a 96 meses) 
e E (acima de 96 meses). Esta classificação é realizada pela avaliação do tamanho, forma e 
grau de ossificação dos ossos e das cartilagens da carcaça; não é observada a dentição do 
animal. 
A marmorização “marbling” consiste no depósito de gordura intramuscular. Além 
disso, é um dos principais fatores determinantes para a classificação de qualidade. Esta 
avaliação da quantidade e da distribuição da gordura intramuscular é feita visualmente no 
músculo Longissimus dorsi, entre a 12a e a 13 a costelas. Cada grau de marmorização é 
dividido em 100 subunidades. Contudo, os escores de marmorização são expressos em 
decimais dentro de cada classificação (ex: Slight90, Small00, Small10). Para a marmorização, 
utilizam-se cartões padrões do USDA, para assegurar maior acurácia nas avaliações (Figura 
01). 
Para bovinos até 30 meses (maturidade A) e sem defeitos visíveis na carne 
(descolorações, textura grosseira), o grau de marmorização define o “Quality Grade” 
(Figura 02). Carcaças com maturidade, até 42 meses (maturidade B), necessitam atingir 
uma marmorizacão maior para serem classificadas como “Prime”, “Choice” ou “Select”. 
Carcaças com maturidade C, D ou E são desqualificadas destes “Quality Grades” e são 
vendidas a um preço muito inferior. 
 
 
Figura 01. Padrões de marmorização do sistema USDA. 
Fonte: AMSA, 2001. 
 
Nos Estados Unidos, de 85 a 90% das carcaças estão nas categorias “Choice” e 
“Select”. Em média, a diferença de preço entre estas é de $0,10/kg, de maneira que a 
carcaça do exemplo anterior perderia $32 de valor se fosse classificada como “Select” ao 
invés de “Choice”. Esta diferença é o que estimula os produtores nos EUA a engordar os 
animais, sempre procurando maximizar a marmorização e o “Quality Grade”, ao mesmo 
tempo tentando evitar o aumento em “Yield Grade”. 
 
 
 
 
Figura 02. Padrões de Quality Grade, USDA, de acordo com a maturidade e a 
marmorização. Fonte: Boggs e Merkel, 1990. 
 
 
 2 – Austrália (AUS-MEAT) 
 
A classificação de carcaças na Austrália iniciou devido ao mercado exportador, para 
que este pudesse ser ampliado e ter melhor aceitabilidade. Atualmente, sabe-se do sucesso 
que a Austrália vem obtendo, sendo um dos maiores países exportadores de carne. Este 
sucesso dependeu de um excelente trabalho de “marketing”, incluindo pesquisas de 
mercado, o desenvolvimento de novos sistemas de produção e de distribuição, e da atenção 
total às exigências do mercado e de consumidor. 
Em 1970, o Australian Meat Board (AMB) fizeram uma revisão do sistema de 
tipificação de carcaças para exportação. Durante a década de 70 existiam duas linhas de 
pesquisas paralelas que se uniram no inícioda década de 80 para a implantação do projeto. 
Em 1 de janeiro de 1987, começou a vigorar o sistema para exportação pela nova 
organização “The Authority for Uniform Specifications of Meat and Livestock” (AUS-
MEAT). 
Além do sistema AUS-MEAT, também no final da década de 80, foi estabelecido o “Meat 
Standards Austrália" (MSA), outro sistema desenvolvido para atender o mercado interno. 
Foram feitas milhares de pesquisas, financiadas por um consórcio de pecuaristas, indústria 
e governo, onde todas as análises finais de aceitabilidade eram feitas pelos 
14 consumidores. Este sistema é dinâmico e permanece em utilização e implantação para 
atender as exigências do mercado. 
 No sistema AUS-MEAT, as carcaças são avaliadas pelo peso, sexo, idade, avaliação 
da gordura e musculosidade, e escores de contusões. A pesagem é feita na carcaça quente, 
chamada “Hot Standard Carcase Weight” (HSCW), a qual é utilizada para a 
comercialização. Perdas no processo de resfriamento de 0,5 a 2% são consideradas 
normais, porém acima destas já são tomadas decisões para melhora nos sistema de 
resfriamento. A classificação dos sexos ocorre entre machos e fêmeas, em que machos são 
classificados como novilhos castrados ou touros, incluindo esta última categoria 10 tanto o 
novilho inteiro quanto o touro adulto. As fêmeas são separadas em novilhas e vacas; 
qualquer fêmea que tenha mais de sete dentes incisivos permanentes, ou que esteja gestante 
ou em lactação, é classificada como vaca. A avaliação de acabamento de gordura é feita 
pela medida P8, na garupa na parte dorsal da terceira vértebra sacral. 
 Preferencialmente, a classificação da idade no sistema AUS-MEAT é por meio da 
avaliação da dentição, observando-se os dentes incisivos e os molares permanentes. Esta 
avaliação apresenta algumas variações de acordo com o sexo, raça e nutrição. A 
classificação de idade nesse sistema também pode ser feita pela ossificação. Contudo, 
prioriza-se a dentição. A desvantagem deste método é que não pode ser confirmado uma 
vez que a carcaça é desossada. 
 Quanto à musculosidade, são cinco categorias de musculosidade, valorizando o 
tamanho, a forma e a fidelidade com as imagens padrões deste sistema. 
 Dessa forma, todas as informações são integradas para definir a tipificação de cada 
carcaça. As categorias básicas estão apresentadas na Tabela 01. Este sistema tem permitido 
que as carcaças produzidas para a exportação sejam descritas com muita precisão, 
estabelecendo-se normas de tipificação e comercialização das mesmas. 
 
Tabela 01 - Categorias básicas do sistema AUS-MEAT 
Categoria 
Incisivos 
permanentes Outras características 
V Veal (vitelo) 0 Machos ou fêmeas sem CSS1, 0-70 kg PPCQ2, 
70-150 kg PPCQ com carne rosada 
 (jovem) 
A Beef (carne) 0 – 8 PPCQ > 70 kg, fêmeas ou novilhos castrados, 
machos inteiros sem CSS 
B Bull (touro) 0 – 8 Machos inteiros ou castrados com CSS 
 3 – União Européia (EUROP) 
 
O sistema Europeu tipifica somente por meio de avaliações subjetivas, por técnicos 
treinados e licenciados. Desde a década de 90, os europeus realizam trabalhos de pesquisas 
para o desenvolvimento de novas tecnologias a fim de aperfeiçoar o sistema de 
classificação atualmente utilizado. Em 1999 criou-se o “Meat Automation Concerted 
Action” com uma parceria dos produtores e da iniciativa privada, com a finalidade de 
coordenar pesquisas. 
 O sistema europeu de tipificação denomina-se “EUROP - classification system”, 
considerando avaliações de maturidade, grupo sexual, musculosidade e acabamento de 
gordura. Os animais são separados em cinco grupos diferentes de maturidade, de 1 (mais 
novo) a 5 (mais velho), através da avaliação da ossificação dos ossos e cartilagens da 
carcaça. Existem cinco grupos sexuais, porque o desenvolvimento corporal também 
influencia esta classificação. Constam também nas avaliações cinco categorias de 
acabamento. Ainda as carcaças bovinas são classificadas de acordo com a conformação 
utilizando as letras da palavra “EUROP”(Tabela 02). 
 
Tabela 02 – Padrões de qualidade do sistema “EUROP” 
Padrão Qualidade da carne Descrição 
E Primeira Perfil variando de convexo a muito convexo; 
 extraordinária musculosidade 
U Alta Perfil totalmente convexo; musculosidade muito boa 
R Boa Perfil totalmente reto; boa musculosidade 
O Média Perfil variando de reto a côncavo; média musculosidade 
P Baixa Perfil variando de côncavo a muito côncavo; pouca 
 musculosidade 
Fonte: AMA, 2001. 
 
 4 – Canadá 
 
O sistema Canadense de classificação de carcaças foi baseado no Americano, sendo 
ambos bastante semelhantes quanto aos critérios de classificação. Os principais pontos 
deste sistema são: maturidade, musculosidade, grau de marmorização, coloração da carne e 
gordura, e espessura da gordura de cobertura. Animais jovens recebem classificação A ou B 
e carcaças de animais maduros são classificadas como D, e de touros como E. As carcaças 
no Canadá, assim como nos EUA, também recebem classificação de acordo com o 
rendimento de tecido magro. 
Os escores de musculatura e gordura são determinados com auxílio de uma régua 
especial. Para receber a classificação "A", a carne deve ter aspecto vermelho brilhante e a 
musculatura deve ser boa a excelente, sem deficiências, a gordura de cobertura deve ser 
firme e branca (ou âmbar) e não apresentar menos que 4 mm de espessura. Dentro desta 
categoria há 4 subdivisões: A, AA, AAA e Canada Prime, que são determinadas de acordo 
com o grau de marmorização, que varia de traços (A) a abundante ou mais (Canadá prime). 
A classe "B" é subdividida também em 4 categorias: B1 para as carcaças com boa 
musculatura, entretanto, com gordura de cobertura inferior a 4 mm, a B2 para carcaças com 
gordura de coloração amarela, B3 para carcaças com musculatura deficiente, e B4 para 
carcaças com carne de coloração escura (dark meat color). A categoria "D", para animais 
maduros é subdividida também em 4 categorias: D1 são carcaças com musculatura 
excelente e bem distribuída, a gordura é firme, branca e bem distribuída, com no máximo 
15 mm de espessura; D2 para carcaças semelhantes à D1, mas com variação na coloração e 
distribuição da gordura; D3 para carcaças com musculatura deficiente, e D4 para carcaças 
que apresentam musculatura de excelente a deficiente, e com gordura acima dos 15 mm de 
espessura. 
 
 5 – Japão 
 
O sistema japonês de avaliação de carcaça, criado em 1975, foi alterado em 1988. 
No Japão realizam-se avaliações para rendimento e qualidade, não sendo permitida a 
separação destas avaliações, ao contrário do que acontece nos EUA e Canadá. 
Adicionalmente às avaliações de rendimento e qualidade, escores para lesões também 
podem ser atribuídos. As notas de rendimento são dadas como A, B e C, e as de qualidade 
variam de 1 (pobre) a 5 (excelente). A nota final é dada associando-se as duas, como B2, 
por exemplo. As avaliações são feitas a partir de cortes entre a 6a e a 7a costelas. Tanto as 
avaliações do sistema americano como do canadense são entre a 12a e a 13a costelas. Para 
avaliar a qualidade da carne são considerados: 1: marmorização (1-12), coloração e brilho 
da carne (1-7), firmeza e textura da carne (1-7), coloração e qualidade da gordura (1-6). O 
valor final de qualidade da carne é expresso pelo menor valor dos 4 atributos. Por exemplo, 
se as notas para uma carcaça forem: marmorização 4, cor 4, textura 3 e cor da gordura 4, 
portanto, a nota para qualidade de carcaça será de 3. 
 Para o rendimento, a nota A é empregada para carcaças que apresentam rendimento 
superior a 72%, consideradas acima da média, a B para carcaças com rendimento entre 69-
72%, consideradas na média, e a C para valores inferiores a 69%, abaixo da média. 
É interessante ressaltar a principal diferença entre os sistemas Canadense e 
Americano com o Japonês.No sistema Japonês, para escores de rendimento considera-se 
uma importância significativa para quantidade de gordura, sendo que, quanto maior a 
espessura de gordura, melhor a nota para rendimento. Já os outros sistemas avaliam 
rendimento de carne desossada e aparada, sendo que, quanto mais gordura de cobertura, 
pior o escore para rendimento. É bem provável que esta diferença seja pelo mercado 
japonês exigir carnes com excessiva quantidade de gordura. 
 
 6 – Uruguai 
 
O sistema de classificação utilizado no Uruguai é o “Sistema Oficial de 
Clasificación y Tipificación”, sob responsabilidade do INAC – Instituto Nacional de 
Carnes. As carcaças são inicialmente classificadas pelo sexo-maturidade como Novillo, 
Vaca, Ternero e Toro. Posteriormente, essas classes são subdivididas. Ainda, as carcaças 
são tipificadas pela conformação de acordo com a seqüência de letras I – N – A – C – U – 
R e realizadas combinações entre a categoria de sexo-maturidade e a conformação. 
 7 – Brasil 
 
O sistema brasileiro que era para ser de identificação codificada, como queria a 
Comissão de 1970, coordenada pelo professor Miguel Cione Pardi, ou de classificação sem 
hierarquia de classes, como defendia o Prof. Pedro Felício, a partir de 1977, acabou sendo 
de classes hierarquizadas em tipos conforme as letras da palavra BRASIL. 
A legislação seguia a Portaria Ministerial n. 612, de 05.10.1969, publicada no 
Diário Oficial da União de 10.10.1989. 
Esse sistema privilegiava com a primeira letra da palavra BRASIL as carcaças de bovinos 
de 2 e 3 anos de idade (machos castrados e fêmeas de 0 – 4 dentes incisivos permanentes e 
tourinhos com todos os dentes da 1ª dentição), hoje conhecidos como “novilhos precoces”. 
Abaixo serão abordadas as últimas normativas referentes ao sistema brasileiro de 
tipificação de carcaça: 
 
- Portaria N° 612, 05/10/1989 
Trata-se de um sistema de classificação que hierarquiza as carcaças por tipos, de 
acordo com o sexo, maturidade, acabamento e conformação das carcaças. Por outro lado, a 
tipificação, é feita pela combinação de sexo com a maturidade. Alguns critérios a serem 
seguidos: 
Sexo: (M - macho - englobando machos inteiros; C - macho castrado e F - fêmea). 
Maturidade: Avaliação dos dentes incisivos (dentes de leite, dois, quatro, seis e oito dentes 
incisivos permanentes). 
Conformação: Avaliação subjetiva do desenvolvimento muscular (C - convexas, Sc - 
subconvexas, Re - retilíneas, Sr – sub - retilíneas e Co - côncavas). 
Acabamento: Avaliação subjetiva da quantidade de gordura subcutânea ou de cobertura (1 - 
ausente, 2 – escassa = 1 - 3mm, 3 – mediana = 3 - 6mm, 4 – uniforme = 6 - 10mm e 5 - 
excessiva > 10mm). Esta avaliação da gordura é realizada na altura da 6a, 9 a e altura da 12 a 
costelas. 
Peso: “peso quente” Sendo: 
B – Macho 210 kg – Fêmea 180 kg 
R – Macho 220 kg – Fêmea 180 kg 
A – Macho 210 kg – Fêmea 180 kg 
S – Macho 225 kg – Fêmea 180 kg 
I – Sem especificação 
L – Sem especificação 
 
As classes formadas pela associação dessas características são então hierarquizados 
por número de dentes incisivos permanentes (d.i.p.) em seis tipos (B-R-A-S-I-L), com 
restrições relativas ao acabamento, conformação e peso, tudo avaliado na carcaça quente 
(Tabela 03). 
 
 
 
 
 
 
 
Tabela 03 - Requisitos para enquadramento das carcaças na Tipificação Oficial 
Tipo Sexo Maturidade (d.i.p.)* Acabamento Conformação 
Peso carcaça 
Mínimo (kg) 
B** C e F 0 - 4 2, 3 e 4 C, Sc e Re C=210, F=180 
 M 0 2, 3 e 4 C, Sc e Re M=210 
R C e F 0 - 6 2, 3 e 4 C, Sc, Re e Sr C=220, F=180 
A C e F 0 - 6 1 e 5 C, Sc, Re e Sr C=210, F=180 
 M 0 1 e 5 C, Sc, Re e Sr C=210, F=180 
S C e F 0 - 8 1 - 5 C, Sc, Re e Sr C=225, F=180 
I M, C, F 0 - 8 1 - 5 C, Sc, Re e Sr S/ restrições 
L M, C, F 0 - 8 1 - 5 Co S/ restrições 
*d.i.p. = dentes incisivos permanentes 
** = o padrão cota HILTON é o tipo B sem M e sem acabamento 4 
 
Esse sistema é criticado, pois ao se enquadrarem carcaças desiguais em tipos no 
qual a qualidade da carne, o rendimento de desossa, ou ambos, deveriam ser semelhantes. 
 
- Portaria N° 9,04/05/2004 
Em Instrução Normativa nº. 9, de 4 de Maio de 2004 instituiu-se a obrigatoriedade 
da classificação de carcaças, a partir de 1 de janeiro de 2005, em todos os matadouros-
frigoríficos com inspeção federal. 
A regulamentação dessa portaria deveria ter ocorrido até 31.12.2004 e sua aplicação 
seria voluntária. A partir de 01.01.2005, a aplicação seria obrigatória nos estabelecimentos 
de abate sob Inspeção Federal, e a avaliação dos animais e das carcaças deveria ser 
realizada por técnicos habilitados, credenciados pelo Mapa e pagos pelo setor privado. Por 
meio de convênio, os abatedouros sob inspeção estadual também poderiam classificar 
carcaças oficialmente. 
Os critérios adotados pela IN nº. 9 consideram o sexo, a maturidade, o peso e o acabamento 
da seguinte forma: 
Sexo: Realizado por meio do exame dos caracteres sexuais, com as categorias: Macho 
inteiro (M), Macho castrado (C), Novilha (F), e Vaca de descarte (FV). 
Maturidade: Avaliação dos dentes incisivos, com as categorias: - Dente de leite (d) - 
animais com apenas a 1ª dentição, sem queda das pinças; - Dois dentes (2d) - 
animais com até dois dentes definitivos, sem queda dos primeiros médios da 
primeira dentição; - Quatro dentes (4d) - animais com até quatro dentes definitivos, 
sem queda dos segundos médios da primeira dentição; - Seis dentes (6d) - animais 
com até seis dentes definitivos, sem queda dos cantos da primeira dentição; ou - 
Oito dentes (8d) - animais com mais de seis dentes definitivos. 
Peso da Carcaça: Peso da carcaça quente (kg). 
Acabamento: Avaliação da distribuição e quantidade de gordura subcutânea, em 
diferentes regiões da carcaça (torácica, lombar e no coxão), de acordo com as 
categorias: - Magra (1) - gordura ausente; - Gordura escassa (2) - 1 a 3 mm de 
espessura; - Gordura mediana (3) - acima de 3 e até 6 mm de espessura; - Gordura 
uniforme (4) - acima de 6 e até 10 mm de espessura; - Gordura excessiva (5) - 
acima de 10 mm de espessura. 
A implantação do sistema de classificação de acordo com a Instrução Normativa 
nº.9 foi adiada pelo MAPA, por meio da IN nº. 37, de 29 de dezembro de 2004. De acordo 
com o diretor do Dipoa, o adiamento seria de um ano, e seria implementada no início de 
2006. 
Atualmente, empresas que criaram as chamadas carnes com "grife", adotam 
sistemas próprios para "classificação" e padronização dos cortes, com o objetivo de nichos 
de mercado mais exigentes com maior poder aquisitivo e disposto a pagar um diferencial de 
preço. 
Referindo-se ao Brasil, Luchiari Filho (2000) explicou: “A carne bovina é um dos 
poucos produtos comercializados sem um padrão de classificação ou tipificação definido, 
com a agravante de que no final todas as carnes acabam se tornando “carne de vaca”. (...) 
Para se poder separar as carcaças por méritos e atributos semelhantes, é necessário uma 
classificação das mesmas”. 
 
Considerações Finais 
 
Além da dificuldade na implementação das normas, ainda é necessário indicar ao 
produtor qual tipo exato de animal é o mais desejado. Porém, investimentos se farão 
necessários nesta área, para uma maior valorização e padronização da carne produzida no 
Brasil. No entanto, conhecendo o potencial de nosso setor produtivo, tais investimentos em 
pesquisas, implantação de um Sistema de Classificação e investimentos em novas 
tecnologias, obterão um retorno rápido e garantido através do aumento das exportações de 
carne e conseqüente melhoria na qualidade da carne aqui produzida. 
Assim, a classificação de carcaças deve atuar como instrumento para que o Brasil 
torne-se mais competitivo e consolide sua posição no mercado exportador de carne bovina.Informar ao mercado consumidor (externo e interno) as características da carne aumenta a 
valorização do produto, estimula e organiza a produção, além de ampliar as relações entre 
os componentes da cadeia da carne bovina. 
Finalmente, há muitos sistemas de avaliação, classificação e tipificação de carcaças. 
Esses sistemas dependem de avaliações subjetivas, portanto, é essencial conhecer o 
mercado consumidor. Para tanto, implementar qualidade, como classificar carcaças, além 
das iniciativas, tais como, rastreabilidade, marketing, ciência e tecnologia, organização da 
cadeia, normas e padronização da linguagem de comercialização são ferramentas essenciais 
para o aumento da qualidade e comercialização da carne. 
 
Referências Bibliográficas 
AMERICAN MEAT SCIENCE ASSOCIATION (AMSA). 2001. Meat Evaluation Handbook. American 
Meat Science Association, Savoy, IL. 
BOGGS, D.L.; MERKEL, R.A. Live Animal and Carcass Evaluation and Selection Manual. Kendall/Hunt 
Publishing Co., Dubuque, IA, 1990. 
BRASIL. Ministério da Agricultura e abastecimento. Portaria Ministerial n. 9. Diário Oficial da União, de 
4.5.2004. 
BRASIL. Ministério da Agricultura e abastecimento. Portaria Ministerial n. 612. Diário Oficial da União, de 
10.10.1989. 
CUNHA. B. C. N. Tipificação e Classificação de Carcaças Bovinas. 
www.beefpoint.com.br/bn/radarestecnicos. Acesso em: 07/04/2006. 
FELÍCIO, P. E. de. Classificação e Tipificação de Carcaças. (2004). Material - Aula ministrada no Curso de 
Especialização em Tecnologia de Carnes, do Centro de Tecnologia de Carnes do Instituto de Tecnologia de 
Alimentos. 
FELÍCIO, P. E. de. Classificação de carcaça bovina. Parte I. Critérios terão que facilitar o comércio por meios 
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