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A Terapia Familiar Sistêmica de Bowen Álvaro Rebouças Fernandes Introdução � Escolas Clássicas de Terapia Familiar: � A Terapia Familiar de Murray Bowen; � As ações individuais são influenciadas pelo que acontece nas famílias; � Influências passadas e presentes nos relacionamentos familiares; � Forças que influenciam as relações familiares: A Individualidade e a proximidade; � “A família continua conosco onde quer que estejamos. Como veremos, a não-resolvida reatividade emocional aos pais é o assunto em aberto mais importante da nossa vida” (Nichols, p.129, 2007). Biografia de Murray Bowen � O interesse profissional de Murray Bowen pela família começou em 1940 na Menninger Clinic; � Ficou impressionado com a delicada sensibilidade emocional entre os pacientes esquizofrênicos e suas mães; � Simbiose x reação emocional mais intensa; � Em 1954, transferiu-se para o National Institute of Mental Health (NIMH) – Hospitalizou famílias inteiras; � Apego ansioso e falta de autonomia pessoal; � Padrão repetitivo: ciclos alternados de proximidade e distância. Biografia de Murray Bowen � Em 1959, termina o seu projeto no NIMH e transfere-se para a Georgetown University e começa a trabalhar com famílias sem membros psicóticos; � Descobriu que as famílias funcionais ou disfuncionais passam por um processo de fusão emocional a diferenciação; � Trabalhou 31 anos na Georgetown University e faleceu em 1990; � Seus alunos mais proeminentes Philip Guerin, Thomas Fogarty, Michael Keer, Betty Carter e Mônica McGoldrick deram prosseguimento a sua obra. Terapia Familiar de Bowen � Menos autonomia; � Família como uma rede multigeracional de relacionamentos emocionais que influenciam a interação entre individualidade e proximidade; � Conceitos fundamentais da teoria sistêmica de Bowen: 1. Diferenciação do self; 2. Triângulos emocionais da família nuclear; 3. Processo emocional da família nuclear; 4. Processo de projeção familiar; 5. Processo de transmissão multigeracional 6. Posição de nascimento dos filhos 7. Rompimento emocional; 8. Processo emocional societário. 1. Diferenciação do Self � Capacidade de pensar e refletir, de não responder automaticamente a pressões emocionais, internas ou externas. � Pessoas indiferenciadas e diferenciadas; � Pessoas indiferenciadas: “tende a reagir impetuosamente – com submissão ou desafio – aos outros. Ela tem dificuldade de manter autonomia, especialmente com relação a questões que despertam ansiedade”; � Pessoa diferenciada: “é capaz de equilibrar pensamento e sentimento, capaz de fortes emoções e espontaneidade, mas também possui autocontenção que acompanha a capacidade de resistir à pressão dos impulsos emocionais” (Nichols, 2007, p.131). 2. Triângulos Emocionais � “Uma família pode ser concebida como uma complexa rede de triângulos, alguns rígidos e constantes, outros flexíveis e cambiantes” (Miermont, 1994, p.571); � Quando a ansiedade aumenta surge uma maior necessidade de proximidade emocional ou de distanciamento como reação a ansiedade; � Triângulos são formados para dar conta da ansiedade produzida nos relacionamentos interpessoais na família; � “Um trio viável, cada dupla pode interagir um a um, e cada um pode assumir posições-Eu. Em um triângulo, por outro lado, a interação de cada dupla está ligada ao comportamento da terceira pessoa” � “O que faz com que um triângulo sejam problemático é que eles tendem a se tornar habituais e a corromper o relacionamento original” (Nichols, 2007, p.132). 3. Processo Emocional da Família Nuclear � As forças emocionais produzidas nas relações familiares agem através dos padrões recorrentes; � Massa de ego indiferenciada ou fusão na família é o que Bowen descreveu como excesso de reatividade emocional; � A falta de diferenciação com a família de origem podem levar a um rompimento emocional dos pais, o que por sua vez leva a fusão no casamento; � Como esta nova fusão é instável, tende a produzir: 1. Distância emocional reativa entre os parceiros; 2. Disfunção física e emocional em um dos parceiros; 3. Conflito conjugal; 4. Projeção do problema em um ou mais filhos. 4. Processo de Projeção Familiar � “Este é o processo pelo qual os pais transmitem sua falta de diferenciação aos filhos”; � O objetivo deste processo de projeção é reduzir a ansiedade de um dos pais por uma preocupação exagerada com um dos filhos; � O filho por sua vez torna-se mais vulnerável pela excessiva proteção, tornando-o menos capaz de se adaptar a uma nova circunstância; � “Quanto mais um dos pais focaliza sua ansiedade em um filho, mais o funcionamento desse filho é tolhido” (Nichols, 2007, p.132). 5. Processo de Transmissão Multigeracional � “Este conceito descreve a transmissão de ansiedade de geração para geração”; � “Em cada geração o filho mais envolvido com a fusão familiar avança para o nível mais baixo de diferenciação do self (e uma ansiedade crônica) enquanto o filho menos envolvido avança para um nível mais elevado de diferenciação (e menor ansiedade)”; � Quanto mais ansiedade estiver concentrada em um dos filhos, menos essa criança será capaz de regular sua própria emotividade e se tornar uma pessoa madura e feliz”; � “Os pais que impõem suas preocupações aos filhos deixam a eles pouca escolha além de se conformar ou se rebelar” (Nichols, 2007, p.133). 6. Posição de Nascimento dos Irmãos � “Bowen concordava com a noção de que os filhos desenvolvem características de personalidade com base em sua posição na família” (Nichols, 2007, p.133); � O conhecimento das características gerais e específicos sobre a família revelam como são desempenhados pelos filhos os seus papéis no processo emocional da família, mas não há como predizer; � Bowen e a rivalidade entre irmãos (mediação parental); � Importância da ordem de nascimento escrita por Frank Sulloway definia o papel desempenhado por este na família; � A Identificação do primogênito é com o poder e a autoridade e do caçula é com os oprimidos e com o status quo. 7. Rompimento Emocional � É uma maneira como os membros da família lidam com a indiferenciação e a ansiedade associada nas relações entre as gerações; � “Quanto maior a fusão emocional entre pais e filhos, maior é a probabilidade de rompimento” (Nichols, 2007, p.134); � Rompimento e maturidade; � O rompimento podem ocorrer de diversas maneiras como: 1. A partir do distanciamento geográfico; 2. Buscando um distanciamento emocional, evitando conversas pessoais ou isolando- se da presença de terceiros. 8. Processo Emocional Societário � Bowen antecipou a preocupação contemporânea com a influencia social sobre o funcionamento familiar; � “Bowen reconhecia que o sexismo e o preconceito de classe e étnico eram exemplos de processos emocionais tóxicos, mas acreditava que os indivíduos e as famílias com níveis mais elevados de diferenciação eram capazes de resistir a essas influências sociais destrutivas” (Nichols, 2007, p.135); � Betty Carter e Mônica McGoldrick incluíam a etnia e o gênero como pontos importantes no trabalho com as famílias. Desenvolvimento Familiar � “Considera-se que existe um ótimo desenvolvimento familiar quando os membros da família são diferenciados, a ansiedade é baixa e os parceiros mantém um bom contato emocional com as próprias famílias” (Nichols, 2007, p.135); � Estágios do ciclo de vida familiar (Carter & McGoldrick, 1995): 1. Saindo de casa: jovens solteiros; 2. A união de famílias no casamento: O novo casal; 3. Famílias com filhos pequenos; 4. Famílias com filhos adolescentes; 5. Lançando os filhos e seguindo em frente; 6. Famílias no estágio tardio da vida. � Variações no ciclo de vida familiar: 1. Divórcio; 2. Recasamento.Objetivos da Terapia � Traçar o padrão dos problemas familiares focando a atenção no processo e na estrutura da família; � Para modificar um sistema, a mudança precisa ocorrer no triângulo (marido, mulher e o problema) com a formação de um triângulo terapêutico; � Metodologia clínica para iniciar o processo de destriangulação patológica: 1. Aumentar a capacidade dos pais de manejar a própria ansiedade no contato com os filhos; 2. Fortalecer o nível de funcionamento emocional do casal, aumentando sua capacidade de agir com menos ansiedade em suas famílias de origem; � “Objetivo da terapia de casal é melhorar o foco no self, diminuir a reatividade emocional e modificar padrões disfuncionais” (Nichols, 2007, p.139). Técnicas Terapêuticas � Genogramas: “Diagramas esquemáticos que listam os membros da família e seus relacionamentos”; � Perguntas sobre o processo: “São indagações destinadas a explorar o que acontece dentro das pessoas e entre ela”; � Experiências de relacionamento: “visam a ajudar os clientes a experienciar como é agir da maneira oposta à sua resposta usual automática, impulsionado pelas emoções”; � Ensino: “Conhecer a teoria sistêmica familiar ajuda as pessoas a traçar os padrões que as dominam, para que possam se libertar”; � Tomada de posições-Eu: “Um trio viável, cada dupla pode interagir um a um, e cada um pode assumir posições-Eu”; � Histórias de deslocamentos: São histórias sobre outras famílias com problemas semelhantes (Nichols, 2007, p. 140-147). Terapia Boweniana com Casais � “A essência da terapia de casal é permanecer conectado com ambos os parceiros sem deixar que o triangulem”; � Bowen se conectava com um parceiro por vez, iniciando com o mais motivado a falar, evitando a aliança emocional com um deles; � Fazia perguntas exploratórias, não confrontativas, buscando conhecer os fatos, escutando os sentimentos estimulando o pensar mais do que o sentir sobre a queixa apresentada; � Possíveis técnicas utilizadas: Genograma, pergunta sobre o processo, histórias de deslocamento, neutralidade do terapeuta, metáforas de complementaridade e o ensino sobre a terapia familiar sistêmica. Terapia Boweniana com uma Única Pessoa � “O sucesso de Bowen em se diferenciar da própria família o convenceu de que uma única pessoa altamente motivada pode ser o fulcro para mudar todo um sistema familiar”; � Ele usava este método com um dos cônjuges quando o outro se recusava a participar, ou com adultos solteiros que moravam longe dos pais ou cujos pais não queriam participar; � O objetivo de trabalhar com indivíduos é o mesmo de trabalhar com a família ampliada: a diferenciação. Com os indivíduos o foco é resolver os padrões neuróticos; � Ele buscava desenvolver os relacionamentos pessoa a pessoa, proporcionar a visualização dos membros da família como pessoas, e não como imagens emocionalmente carregadas, aprender a observar a si mesmo nos triângulos e destriangular-se. Conclusão � Para Bowen o maior problemas nas famílias é a fusão emocional, e o principal objetivo, é a diferenciação do self; � A pessoa diferenciada para Bowen não precisa se isolar, mas pode permanecer em contato com outros e manter sua integridade; � Para ele a família sadia é aquela que mantém um contato emocional viável de uma geração para outra; � No modelo de Bowen o triângulo é uma unidade universal de análise das relações familiares transgeracionais; � Bowen defendia o equilíbrio entre a proximidade e a independência; � O foco de atenção está na dinâmica sistêmica e não nos sintomas; � Técnicas proeminentes: Genograma, Triângulo terapêutico, experiências de relacionamentos, Treinamento, Posições Eu, Terapia familiar múltipla e Histórias de deslocamento. Bibliografia CARTER, B. & MCGOLDRICK, M. - Mudanças no Ciclo de Vida Familiar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. MIERMONT, J. e cols. Dicionário de Terapias Familiares: Teoria e Prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. NICHOLS, M.P. Terapia Familiar: Conceitos e métodos. 7ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.
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