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MECATRÔNICA ATUAL Nº 3 - ABRIL/2002 MECÂNICA INDUSTRIAL MECATRÔNICA ATUAL Nº 3 - ABRIL/2002 2 5 MECÂNICA INDUSTRIAL MECATRÔNICA ATUAL Nº 4 - JUNHO/2002 2 5 MECÂNICA INDUSTRIAL MECATRÔNICA ATUAL Nº 4 - JUNHO/2002 MECÂNICA INDUSTRIAL 25 Douglas Ribeiro dos Santos profissional atual não tem mais medo de ensi- nar, pois está continua- mente aprendendo e, fun- damentalmente, ele está aberto a conhecer e atuar em novas áreas do conhecimento. Trabalhar com automação de pro- cessos confere ao profissional co- nhecimento em diferentes áreas da indústria: veja, por exemplo, que al- guém que trabalha hoje na automação de fornos de tratamento térmico, acaba conhecendo as carac- terísticas dos aços para os proces- sos de cementação e têmpera e tam- bém as características das peças que devem ou podem sofrer esses tipos de tratamento, e estuda os sensores termopares, isso sem fa- lar nas várias outras variáveis do pro- cesso. Digamos que a mesma pes- soa que trabalhou na automação de fornos, agora esteja trabalhando na automação de uma estação de tra- tamento de água e, portanto, pas- sando a conhecer os padrões esta- belecidos pela Organização Mundi- al da Saúde para aceitação da água potável, ou seja, as quantidades aceitáveis de produtos químicos como o cloro, o flúor e também as quantidades de metais como, por exemplo, o mercúrio, e passa a es- tudar quais sensores atendem esse tipo de exigência do processo. Trabalhar com automação é isso! É entrar em várias áreas de conhe- cimento, é não economizar aprendi- zado, é procurar conhecer novas tecnologias, sem desprezar as téc- nicas ou os elementos já consagra- dos pelo uso. O nosso intuito neste artigo é co- meçar a falar sobre o Projeto de Máquinas partindo de determinados conceitos, e chegar até alguns Ele- mentos de Máquinas, pois muitos querem aplicar os elementos de má- quinas sem ter uma visão geral so- bre o projeto; na verdade alguns até desprezam esta etapa tão importan- te na atividade de construção de má- quinas, equipamentos e dispositivos. PROJETO DE MÁQUINAS - PARÂMETROS BÁSICOS Nos dias de hoje tudo está mais acessível principalmente na área da eletrônica, e por causa da crescente procura por produtos para realização de protótipos e mesmo produção de máquinas dentro do conceito da mecatrônica, cresce também a pro- cura por produtos e serviços na área da mecânica. Algumas pessoas, por exemplo, procuram serviços de usinagem de metais, outras de soldagem, outras ainda de injeção de plásticos ou fa- bricação de produtos plásticos, e há aquelas que já pensam na produção em escala, estando à procura de es- tamparias, forjarias e indústrias de fundição. No entanto, antes de solicitar um serviço (ou produto) é preciso considerar a função da peça ou do elemento de máquina dentro do pro- jeto, e analisar sua operação e ma- nutenção. É necessário estudar, por exemplo, os materiais, pois eles irão influenciar diretamente no pro- cesso de fabricação, tornando-o mais caro ou mais econômico, mais fácil ou mais difícil. Em relação às máquinas é preci- so ter em mente alguns parâmetros básicos como operação, manuten- ção, movimentação, segurança, transporte, embalagem e proteção ao meio ambiente. É interessante analisar as exigências do mercado e da indús- tria atual e a postura do novo profissional que está sendo forma- do. Antigamente, os profissionais se dedicavam exclusivamente às atividades relativas a sua profissão, hoje o profissional precisa conhecer a sua área de atuação, falar mais de uma língua, co- nhecer as exigências legais, estar preocupado com o meio ambi- ente, conhecer as ferramentas necessárias para o bom desem- penho de seu serviço como, por exemplo, programas de informática. Isto é uma verdade para todas as áreas, com maior peso para a Mecatrônica e Automação de Processos. Atualmente, vivemos uma época em que profissionais são cha- mados ou contratados para conhecer o processo da empresa, para depois atuar em na elaboração da otimização do processo, qualificação do processo e, principalmente, na sua automação. MECATRÔNICA ATUAL Nº 4 - JUNHO/20022 6 MECÂNICA INDUSTRIAL Operação: Um bom equipamen- to é simples de operar, não oferece riscos para quem deseja usá-lo, não é carregado de botões e alavancas ou dizeres relativos às ações de fun- cionamento, deve-se preferir a lingua- gem analógica para transmitir men- sagens de maneira que operador com uma rápida olhada já verifique o que está acontecendo. Manutenção: É de fácil manu- tenção, com espaços adequados para soltar e fixar peças, encaixar e desencaixar módulos, etc. Em al- gumas máquinas percebemos que não foi dada devida atenção para a execução da manutenção do equi- pamento, pois muitos elementos são de difícil acesso. Deve-se pre- ferir usar elementos de fácil aqui- sição no mercado, normalizados, intercambiáveis (elementos que atendem a diferentes tipos de equi- pamentos, a partir da utilização de dispositivos referenciadores, como bases ou sobrebases ou calços). Hoje é possível disponibilizar manuais de operação e manutenção através de acesso fácil via internet. Movimentação: Deve possuir alças para possibilitar uma melhor pega, pode ter rodízios para me- lhor movimentação. Alguns equipa- mentos são muito bons, mas na hora de movimentá-los apresentam grandes dificuldades, às vezes nem é por causa do peso, mas pelo tamanho. Se estamos projetando eletrodomésticos, precisamos nos lembrar das dimensões padrões, como dos batentes, pé direito,etc., uma vez que se o equipamento é de uso industrial devemos pes- quisar as dimensões e capacida- des das empilhadeiras. Segurança: Quem vai operar? Qual o perfil do usuário? Sendo brin- quedo ou equipamento para diversão, a segurança depende da idade do usuário, é preciso então pesquisar as normas para esse tipo de projeto. A segurança depende da utilida- de do projeto, ou seja, é equipamen- to para trabalho ou lazer? Para ope- rar o equipamento será preciso algum tipo de curso ou mesmo habilitação? Tudo isso depende do projeto ser ou não motorizado, e até automático. Transporte: É preferível que seja possível ser desmontado ou possuir dispositivos específicos de amarra ou içamento, e deve ser pensado qual veículo possibilita o transporte: carros de passeio, pick-up ou mes- mo caminhão. Embalagens: Quanto mais simé- trico mais fácil de projetar a embala- gem; o formato deve ser tal que re- duza os custos com embalagem. Proteção ao meio ambiente: Não é citada na maioria dos livros tradicionais antigos por ser uma preocupação relativamente recen- te, porém as conseqüências para os que ignoram este parâmetro básico serão altamente sensíveis em relação à aprovação, cer- tificação e vendagem do projeto ou produto. Quais materiais você emprega como matéria-prima, tipos de plásti- cos, óleos de lubrificação? A emba- lagem é do tipo reciclável? Alguns materiais não são legais, ao con- trário, são proibidos como, por exem- plo, o amianto, antes usado nas pas- tilhas de freio de automóveis. PROJETOS DE MÁQUINAS - RELAÇÃO: FUNÇÃO X ECONOMIA Quando começamos a pensar em um projeto devemos ter em mente a relação função versus economia, ou seja, é preciso que o elemento ou equipamento execute satisfatoria- mente a função para a qual foi proje- tado com o menor custo possível, e quando se fala em economia, refere- se à economia na concepção da peça, na escolha do material, na es- colha do processo de fabricação das peças e processo de montagem. Por isso, quando necessitamos de algum elemento de máquina deve- mos pensar em usar elementos normalizados, padronizados, elemen- tos que por serem muito produzidos têm seu custo mais reduzido, sendo elementos de fácil reposição no caso de quebra ou manutenção. Podemos mensurar o custo do nosso projeto pelo númerode pe- ças e também por indicadores de custo como, por exemplo, área, volume, capacidade, velocidade, torque, potência, etc. Abordaremos agora alguns fa- tores de projeto que não são bási- cos, mas de grande importância para o sucesso do projeto, fatores que conferem uma visão mais am- pla sobre as características dos materiais e, portanto, auxiliam na elaboração de projetos e mesmo na resolução de alguns casos de ma- nutenção. PROJETOS DE MÁQUINAS - FATORES DE PROTEÇÃO O Fator Resistência Uma consideração fundamental no momento de elaboração do proje- to de máquinas e seus elementos é a resistência, a qual deve ser neces- sariamente maior do que a tensão que solicita a máquina e seus ele- mentos. Figura 2 - Diagrama tensão x deformação - Determinação do limite escoamento. Figura 1 - Diagrama tensão x deformação. MECATRÔNICA ATUAL Nº 3 - ABRIL/2002 MECÂNICA INDUSTRIAL MECATRÔNICA ATUAL Nº 3 - ABRIL/2002 2 7 MECÂNICA INDUSTRIAL MECATRÔNICA ATUAL Nº 4 - JUNHO/2002 2 7 MECÂNICA INDUSTRIAL MECATRÔNICA ATUAL Nº 4 - JUNHO/2002 MECÂNICA INDUSTRIAL 27 Resistência é uma proprieda- de inerente à peça devido ao seu material, tratamento térmico a ela aplicado e ao processo de fabri- cação utilizado para a sua produ- ção. Falar sobre resistência dos ele- mentos de máquina exige a apre- sentação de alguns conceitos e propriedades mecânicas, como dureza e ductilidade. Através da realização de en- saios normalizados em corpos de prova com dimensões padroniza- das é possível verificar os valo- res de resistência à tração e com- pressão de diversos materiais, os resultados desses testes com os valores de tensão são encontra- dos em tabelas de fácil acesso e em livros e também apresentados pelos fabricantes de materiais para a indústria através de catá- logos. O gráfico denominado de dia- grama de tensão x deformação nos dá a idéia do que acontece com o corpo de prova durante a realização do ensaio de tração, no momento do ensaio durante a aplicação das tensões. Antes do ensaio de tração co- meçar são anotados o compri- mento e área originais do corpo de prova. O corpo de prova é en- tão tracionado lentamente e, ao mesmo tempo, se observa a car- ga aplicada e a deformação pro- duzida, e no final do ensaio os resultados são representados através do gráfico diagrama de tensão x deformação.(Ver figura 1 – Diagrama Tensão x Deforma- ção). O ponto A, na figura1, deno- mina-se limite de proporciona- lidade. Este é o ponto a partir do qual o Diagrama Tensão x Defor- mação começa a se desviar da linha reta que apresentava desde sua origem. O ponto B chama-se limite elástico, e sendo a carga retirada antes deste ponto, não se observará deformação permanen- te no corpo de prova. Entre A e B, o diagrama já não é uma linha reta, no entanto, o corpo de prova ainda está em regime elástico. Sendo assim, a lei de Hooke (σσσσσ=Kx) que estabelece que a ten- são é proporcional à deformação só é valida até o limite de propor- cionalidade. Alguns materiais durante o tes- te de tração a partir de um deter- minado ponto apresentam um au- mento muito rápido da deformação sem um aumento correspondente da tensão, este é o ponto C da fi- gura 1, conhecido como limite de escoamento. Como nem todos os materiais apresentam o mesmo tipo de curva quando submetidos ao en- saio de tração, muitas vezes o pon- to C não é um ponto de fácil deter- minação. Define-se então para es- ses materiais o limite de escoamen- to como sendo o ponto onde o va- lor de tensão corresponde a uma determinada deformação perma- nente. Após o alívio da tensão, esta deformação permanente é normal- mente fixada entre 0,2 a 0,5% do comprimento inicial. Obtém-se gra- ficamente este limite de escoamen- to através da marcação do valor pré-fixado de deformação (0,2 a 0,5%) no eixo das deformações (eixo horizontal) traçando-se, por esse ponto, uma reta paralela à tan- gente à curva que passa pela ori- gem. O ponto de intersecção des- sa reta com a curva Tensão x De- formação determina o ponto corres- pondente ao limite de escoamen- to, veja figura 2. O limite de resistência ou resis- tência à tração é a maior tensão alcançada durante o ensaio, este ponto está representado na figura 3. Alguns materiais apresentam uma diminuição da tensão depois de atingir o limite de resistência, mas também é verdade que outros materiais como os aços de alta re- sistência e o ferro fundido sofrem ruptura na parte ascendente do diagrama. É possível também determinar a resistência a torção de um ma- terial, aplicando-se sobre corpos de prova cilíndricos determinadas torções e registrar os torques apli- cados e os ângulos de torção cor- respondentes, em seguida obtém- se o Diagrama Torque x Ângulo de Figura 5 - Diagrama tensão x deformação - (a) Material frágil - (b) Matéria dútil. Figura 4 - Diagrama torque x ângulo de torção. Figura 3 - Diagrama tensão x deformação - Teste de tração de material dúctil. MECATRÔNICA ATUAL Nº 4 - JUNHO/20022 8 MECÂNICA INDUSTRIAL Torção, de acordo com a figura 4, onde : Tp = Tensão Limite de Proporcionalidade, Te = Tensão de Escoamento e Tr = Tensão de Rup- tura. A partir destes conhecimentos básicos é possível esclarecer os conceitos de dureza e ductilidade. Pode-se ter dois materiais com a mesma resistência e dureza, no entanto um deles devido à proprie- dade chamada ductilidade tem me- lhor capacidade de absorver sobre- cargas. A figura 5 apresenta a di- ferença entre dois materiais que possuem aproximadamente a mes- ma dureza e resistência. Em (a) nota-se através do Diagrama Ten- são x Deformação de um material frágil, uma pequena deformação plástica, já em (b) observa-se que o material apresenta capacidade de suportar uma deformação plástica relativamente grande antes de fra- turar-se. A ductil idade é medida pelo alongamento percentual que ocor- re no material por ocasião da fratu- ra. A l inha divisória entre ductilidade e fragilidade é o alon- gamento de 5%. Diz-se que um material com menos de 5% de alon- gamento na fratura é frágil, enquan- to um que tenha mais de 5% é dúcti l, mede-se normalmente o alongamento de um material com relação a um comprimento de 50 mm. A característica de um material dúctil de permitir a absorção de grandes sobrecargas é um fator de segurança a mais no projeto. A ductilidade também é importante no que diz respeito ao trabalho de con- formação por processo de estampagem, onde geralmente o material é trabalhado a frio. A dureza é normalmente impor- tante quando precisamos de mate- riais para resistir ao uso, à erosão ou deformação plástica. Os testes de dureza mais co- nhecidos são Shore, Rockwell, Brinell, Vickers e Knoop. A maior parte dos sistemas de testes de dureza, exceto o Shore, aplica uma carga-padrão. Esta carga é aplica- da a uma esfera ou pirâmide que é Figura 6 - Tabela de conversão de durezas. MECATRÔNICA ATUAL Nº 3 - ABRIL/2002 MECÂNICA INDUSTRIAL MECATRÔNICA ATUAL Nº 3 - ABRIL/2002 2 9 MECÂNICA INDUSTRIAL MECATRÔNICA ATUAL Nº 4 - JUNHO/2002 2 9 MECÂNICA INDUSTRIAL MECATRÔNICA ATUAL Nº 4 - JUNHO/2002 MECÂNICA INDUSTRIAL 29 colocada em contato com o mate- rial a ser testado. A dureza do ma- terial é expressa em função do ta- manho da massa criada pelo tes- te. A dureza é fácil de se medir, já que o teste pode ser aplicado dire- tamente sobre a peça, pois o tes- te não é destrutivo.A figura 6 apre- senta uma correspondência entre os diferentes sistemas de dureza, e nos dá uma idéia de grandeza, entretanto, estes valores são ape- nas orientativos, pois as corres- pondências entre os diferentes ensaios são aproximadas. O fator corrosão Para quem trabalha na elabora- ção e construção de máquinas, é indispensável a questão da prote- ção anticorrosiva. É preciso ter noçõesdas reatividades entre materiais metálicos, conhecer os tipos de corrosão, pois pelo sim- ples toque da mão o ferro começa a se oxidar por causa do ácido úrico. A corrosão química é decorrên- cia de reações com o oxigênio pela simples exposição dos metais como ar (atmosfera), água, solu- ções aquosas, ácidos ou bases, ou mesmo outros materiais ativos qui- micamente. Daí teremos um pro- cesso de oxidação, que pode ser consideravelmente acelerado atra- vés da temperatura, através dos “cantos vivos” nas peças, da rugosidade superficial e das impu- rezas no material. A corrosão eletroquímica é de- corrente da formação de pares galvânicos, ou seja, quando dois metais com diferentes potenciais são colocados juntos, imersos em um líquido eletrólito, que pode até ser água que se condensou entre os metais, acontece a corrosão do metal menos nobre como, por exemplo, o Zinco(-0,76) em relação ao Cobre(+0.34). A figura 7 apre- senta uma tabela de potenciais iônicos de alguns metais. Há várias maneiras para evitar a corrosão, desde a adição de ele- mentos ao aço quando da sua fa- bricação, o que requer uma maior especialização para adquirir este tipo de material, até um revesti- mento por verniz, uma fosfa- tização, galvanização ou oxidação. Revestimentos metálicos, como cromagem e niquelagem, são bons para evitar corrosão, todavia, redu- zem o limite de resistência à fadi- ga da peça. É necessário, portan- to, estudar os tipos de tratamento e revestimento para uma aplicação adequada. A seguir, abordaremos um pouco mais sobre os revesti- mentos e tratamentos superficiais. O fator desgaste O desgaste dos elementos de máquina é inevitável, no entanto, devemos minimizar o desgaste podendo fazer isso através da as- sociação adequada de materiais por meio de uma melhor definição do acabamento superficial e tam- bém através de seleção correta de lubrificantes para os elemen- tos que funcionam em condições de deslizamento ou rolamento. É possíve l ap l icar tratamento térmico em alguns elemen- tos ou apenas nas superfícies de con- tato. Podemos tam- bém compensar o desgaste (e mesmo a corrosão) apl i- cando revestimen- tos e tratamentos superficiais conhe- cidos na indústria como serviços da área de tecnologia de superfícies. Den- tro desta ciência podemos desta- car as camadas eletrodepositadas (através da galvanoplastia) para proteção contra desgaste. Alguns metais muito aplicados e bastante conhecidos são o cromo, o níquel e o cobre. Para se ter uma idéia, a espessura da camada de cromo duro normalmente aplicada está entre 0,025 e 0,3 milímetros e con- fere dureza superficial da ordem de 900 HV (Dureza Vickers), consulte a tabela comparativa de durezas para ter idéia de correspondências. A dureza pode ser verificada atra- vés de ensaios de microdureza (Knnop ou Vickers); outros ensai- os de verificação de dureza já ci- tados aqui não devem ser aplica- dos para verificar a dureza destas camadas eletrodepositadas em vir- tude das elevadas cargas envolvi- das no ensaio. A cobreação é empregada na in- dústria têxtil em rolos cobreados na parte de estamparia de tecidos, e também na indústria gráfica nos ro- los para rotogravura; a niquelação Figura 7 - Potenciais iônicos dos metais. Figura 8 - Revestimento em carcaça de bomba. MECATRÔNICA ATUAL Nº 4 - JUNHO/20023 0 MECÂNICA INDUSTRIAL eletrolítica tem aplicação nas in- dústrias químicas e alimentícias, graças ao seu alto nível de resis- tência a vários meios agressivos. Outra técnica muito empregada é a metalização por aspersão tér- mica. É um processo que permite aplicar camadas de metais e ma- teriais cerâmicos sobre superfíci- es preparadas previamente. Os pro- cessos para metalização por as- persão térmica podem ser por cha- ma, arco elétrico ou plasma. Dentre os vários tipos de revesti- mentos possíveis contra abrasão e corrosão, vale a pena citar os reves- timentos denominados revestimen- tos orgânicos. São basicamente de- pósitos constituídos por compostos o r g â n i c o s , t i n t a s , b o r r a c h a s , polímeros e massas plásticas. A fi- gura 8 mostra o revestimento em Carcaça de Bomba, que é um exem- plo de revestimento contra a abrasão. O fator ruído A redução de ruído nos novos pro- jetos tem sido uma exigência cada vez mais acentuada, tanto por parte das empresas e áreas de segurança do trabalho como por parte do con- sumidor final. Às vezes, o ruído é baixo, mas por ser constante traz um desgaste e aumenta o cansaço ao usuário ou operador do equipamen- to. Assim, por exemplo, no caso de transmissões por meio de engrenamentos deve-se preferir co- roa-parafuso-sem-fim e engre- namentos cônicos descentrados a engrenamentos cilíndricos. As en- grenagens de dentes retos geram muito mais ruído do que as engre- nagens helicoidais (Vide figura 9). Na caixa de câmbio dos automó- veis, por exemplo, é comum engre- nagens de dentes inclinados nas marchas normais (aquelas que se usa mais freqüentemente), mas na marcha ré aplica-se engrenagens de dentes retos, por isso o uso da marcha a ré apresenta aquele ruí- do característico, já pensou se to- das as engrenagens fossem de dentes retos? Hoje já temos car- ros com engrenagens helicoidais também para a marcha a ré. A redução de ruído também pode ser obtida através da seleção de materiais que absorvem ou amortecem os ruídos, tais como a borracha e o ferro fundido, se com- parado com o aço. O fator vibração Assim como o ruído, a vibração tem sido cada vez mais indesejada, pelo fato de trazer conseqüências danosas ao equipamento. É lógico que aqui se exclui os equipamen- tos onde a vibração é um fator cal- culado e, sem ele, o equipamento não cumpriria sua função como, por exemplo, num alimentador de pe- ças (onde através da vibração), um conjunto de peças é encaminhado para um canal ou funil, e por meio de um sistema, a peça é alimenta- da num dispositivo de montagem, o mesmo ocorrendo em peneiras vibratórias, compactadores, mis- turadores de concreto e descar- regadores de silos. A vibração a que nos referi- mos é aquela não calculada, não desejada, é aquela oriunda de t ransmissões que u t i l i zamos com bastante normalidade e que, de repente, está lá causando fol- gas nos sistemas de fixação, des- gaste prematuro de elementos de máquina, fadiga das estruturas, perdas de energia, gastos com manutenção e, conseqüentemen- te, aumento nos custos da pro- dução, isso sem falar no ambiente de trabalho, que se torna inadequa- do. O que fazer diante de um fator extremamente importante no mo- mento do projeto, modernização ou atualização de uma máquina? Na verdade, tudo vibra com uma certa freqüência e intensidade, o que precisamos é ter atenção aos níveis de vibração e saber quais são as principais fontes de vibra- ção. Dentre as diversas causas, po- demos citar o desequilíbrio de mas- sas girantes (mais conhecido como desbalanceamento),desal inha- mento de eixos, correias, estrutu- ras soltas ou sem elementos, amor- tecedores, folgas acima do reco- mendado, mancais com problema ou sem lubrificação, campo mag- nético desequilibrado, algo que ocorre em motores elétricos, sis- temas de transporte e sistemas de bombeamento ou escoamento de fluido entre outros. Existem maneiras de reduzir ou mesmo controlar os níveis de vi- bração, tanto na concepção do pro- jeto, quanto na instalação adequa- da das peças durante a montagem. Podemos citar três maneiras prin- cipais de controlar este fenômeno, são elas: 1) Eliminação das fontes de vibração, ou seja, é preciso reali- zar um perfeito balanceamento de conjuntos girantes, alinhamento adequado entre eixos, eliminação de apoios “mancos”, aperto ade- quado de parafusos, e até a insta- lação de amortecedores de cho- ques ou vibração, muito utilizados em máquinas operatrizes. 2)Isolamento das partes: aqui significa prever no projeto a colocação de um acoplamento ou sistema de transmissão elástico ou amortecedor de maneira a re- duzir a transmissão da vibração entre as partes. A figura 10 ilus- tra como podemos realizar um bom isolamento de vibração en- t re as par tes, po is ent re os acoplamentos temos um materi- Figura 9 - Engrenagens, A - Dentes retos, B - Helicoidal. MECATRÔNICA ATUAL Nº 3 - ABRIL/2002 MECÂNICA INDUSTRIAL MECATRÔNICA ATUAL Nº 3 - ABRIL/2002 3 1 MECÂNICA INDUSTRIAL MECATRÔNICA ATUAL Nº 4 - JUNHO/2002 3 1 MECÂNICA INDUSTRIAL MECATRÔNICA ATUAL Nº 4 - JUNHO/2002 MECÂNICA INDUSTRIAL 31 Já que citamos freqüência na- tural, torna-se necessário tecer algum comentário sobre resso- nância. Todos os elementos têm sua própr ia f reqüência de v ibração, à qual denomi- namos de fre- qüência natu- ral. Temos res- sonância quan- do, de alguma for- ma, emitimos uma vibração que tenha a mesma freqüência que a freqüência na- tural de algum ele- mento. As duas se encontram e o ele- mento não supor ta a amplitude da nova vibração, oriunda das duas anteriores; vide ilustração ao lado. Evi- tar o encontro das fre- qüências naturais de dife- rentes equipamentos ou es- truturas significa evitar a res- sonância. Com certeza, há outros fato- res importantes para a elaboração de um bom projeto além dos parâmetros básicos e dos fatores já destacados anteriormente, tais como, por exemplo, acabamento superficial (não como tratamen- to anticorrosivo), mas como ino- vação tecno- lógica ou atrativo de venda, r igi- dez do conjunto ou de algum item em particu- lar, flexibil ida- de, tamanho, forma, design, anatomia, pe- so, caracte- rísticas térmi- cas, precisão, con f iab i l i - dade, se- gurança, etc. Ao proje- tar é importan- te ter a mente aberta para todos esses fatores, pois fazendo assim, com certeza o produto final será um sucesso, podendo até ser uma grande invenção! Se for o caso, não se esqueça de fazer o registro da patente ou invenção. CONCLUSÃO Não é difícil perceber que a ati- vidade de projetos de máquinas en- volve vários conceitos, desde con- ceitos básicos até conceitos espe- cíficos relativos à área de atuação do projetista, contudo, atualmente as áreas de projeto se sobrepõem, o que faz com que haja com- partilhamento de conhecimentos ao mesmo tempo que exige do pro- fissional atual um espírito pesqui- sador . Aqui abordamos parâmetros bá- sicos, mas muito necessários na atividade de elaboração de máqui- nas, citamos a relação função versus economia tão discutida na indústria, abordamos fatores espe- cíficos de projeto, chegando até a conceitos da área de tecnologia mecânica, que foram os ensaios mecânicos. Com certeza, alguns fatores de projeto aqui discutidos merecem um artigo só para eles, como é o caso da vibração. Esperamos ter contribuído de al- guma forma, para que o seu futuro projeto seja bem elaborado. ?? Figura 10 - Acoplamento que absorve desalinhamento entre motor elétrico e bomba. al de borracha, que absorve vi- bração e desalinhamento. 3) Atenuação da resposta , amenizando a emissão das freqüências através da instalação de refor- ços, adicionando mas- sas e alterando a fre- qüência natural.
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