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Apostila de Direito Civil III.contratos

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE CATALÃO – CESUC 
DIREITO CIVIL III 
Professor: Vicente Gonçalves de Araújo Júnior 
 
 
 
 
2 
 
 
DIREITO CIVIL III 
 
I N D I C A Ç Ã O B I B L I O G R Á F I C A 
DIREITO CIVIL III 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Contratos e Atos Unilaterais. 7. Ed. São Paulo: 
Saraiva, 2010. v. III. 
LOUREIRO, Luiz Guilherme. Contratos no Novo Código Civil: teoria geral e contratos em espécie. 3. 
Ed. São Paulo: Método, 2008. 
PAMPLONA FILHO, Rodolfo; GAGLIANO, Pablo Stolze. Novo Curso de Direito Civil: Contratos – teoria 
geral – tomo I. 6. Ed. São Paulo: Saraiva, 2010. v. IV. 
PAMPLONA FILHO, Rodolfo; GAGLIANO, Pablo Stolze. Novo Curso de Direito Civil: Contratos – tomo 
II. 3. Ed. São Paulo: Saraiva, 2010. v. IV. 
PELUSO, Cézar. Código Civil Comentado: Doutrina e Jurisprudência. 4. Ed. Barueri: Manole, 2010. 
TARTUCE, Flávio. Direito Civil: teoria geral dos contratos e contratos em espécie. Série Concursos 
Públicos. 5. Ed. São Paulo: Método, 2010. v. 3. 
 
DIREITO CONTRATUAL 
 
IMPORTÂNCIA DOS CONTRATOS 
 
Costuma-se afirmar que o contrato está para o civilista, assim como o crime está para o penalista. 
Ao invés de utilizar a violência para perseguir os seus fins, o homem passou a recorrer às formas de 
contratação, objetivando imprimir estabilidade às relações jurídicas pactuadas – os seus próprios 
propósitos. 
Uma vez que o contrato dinamiza a circulação dos bens e riquezas em uma dada sociedade, fica fácil 
concluir que, em último plano, o direito de propriedade encontra, neste instituto, um instrumento 
efetivo de concretização: o de DISPOSIÇÃO. 
Dessa forma, os bens jurídicos circulam, enquanto a propriedade se manifesta, segundo as 
vicissitudes da sociedade que lhe dá ambiência e conforme os interesses econômicos envolvidos. 
 
 
 
3 
 
 
DIREITO CIVIL III 
CONCEPÇÃO HISTÓRICA 
 
Não se pode fixar uma data exata para o surgimento dos contratos. Ela se deu através da própria 
evolução moral da humanidade. 
 
O que se pode dizer ou tentar dizer é a busca de um período em que a sua sistematização jurídica se 
tornou mais nítida. 
 
No direito romano (GAIO): 
 
a) contrato – compreende as convenções, as avenças firmadas entre duas partes. 
b) quase-contrato – tratava-se de situações jurídicas assemelhadas aos contratos, 
atos humanos lícitos equiparáveis aos contratos, como a gestão de negócios. 
c) delito – consiste no ilícito dolosamente cometido, causador de um prejuízo para 
outrem. 
d) quase delito – consistente nos ilícitos em que o agente atuou culposamente, por 
meio de comportamento carregado de negligência, imprudência, ou imperícia. 
 
Neste diapasão, pode-se imaginar que fora em Roma que se deu o surgimento do negócio jurídico 
contratual – MAS NÃO FOI. 
 
O fato de o direito romano ter sido a principal fonte histórica dos sistemas jurídicos ocidentais não 
significa que todos os institutos conhecidos tenham sido forjados pelos mesmos. 
 
Não é no direito romano que se deve buscar a origem histórica da categoria que hoje se denomina 
contrato. Consiste em um acordo de vontade por meio do qual as pessoas formam um vínculo 
jurídico a que se prendem. 
 
Mas sem dúvida, uma contribuição inegável seria dada pelo movimento iluminista francês, o qual 
firmara a vontade racional do homem como o centro do universo, determinando, assim, uma 
supervalorização da força normativa do contrato – pacta sunt servanda. 
 
 
4 
 
 
DIREITO CIVIL III 
A elevação da autonomia privada à categoria de dogma, refletiu-se amplamente em toda concepção 
dos contratos até o final do século XIX e início do século seguinte. Recolocando o homem na 
sociedade (retirando-o do pedestal). 
 
Assim o estudo contratual terá como norte o princípio da dignidade da pessoa humana, limitador da 
livre iniciativa e da liberdade econômica, juntamente com outros dogmas de natureza constitucional. 
 
Com isso temos, que nos últimos cinqüenta anos, com o incremento da atividade industrial, o avanço 
tecnológico e o aquecimento dos mercados de consumo, o princípio da igualdade formal entre as 
partes contratantes (pacta sunt servanda) começou a enfraquecer, descortinando falhas no sistema 
social, e sobretudo, com regras flagrantes de injustiças. 
 
O homem contratante acabou, no final do século XIX e início do séc. XX, por deparar com uma 
inusitada situação, a da despersonalização das relações contratuais, em função de uma 
preponderante massificação, voltada ao escoamento, em larga escala, do que se produzia nas recém-
criadas indústrias. 
Bem-vindo à modernidade... 
 
O princípio da igualdade formal, até então considerado absoluto, converteu-se em HIPOCRISIA. 
Contratos de cartão de crédito, seguro, leasing, franquias, TV a cabo, são pactuados hoje através do 
contrato de adesão, cuja especial característica consistiria exatamente no fato de apenas uma das 
partes ditar o seu conteúdo, redigindo as suas cláusulas, impondo-se a outra, portanto, aceitar ou 
não a proposta que lhe fora apresentada. 
 
Não se trata de um desfavor lançado em bloco sobre todos os contratos de adesão, pelo contrário, a 
generalidade, a permanência, a rigidez que se descobre nestes contratos são as mais seguras 
garantias da sua utilidade. A vontade que se afirma e atrai a si outras vontades representa um poder 
econômico indispensável à vida de um país. São os abusos deste poder econômico que é necessário 
impedir. 
 
A sociedade que contrata em massa e exige respostas imediatas e praticamente padronizadas para 
demandas repetidas, não pode desprezar o ser humano, enquanto indivíduo, com liberdade e 
consciência, que busca a forma adequada e segura para o cumprimento de sua livre e consciente 
vontade. 
 
5 
 
 
DIREITO CIVIL III 
 
CONCEITO DE CONTRATO 
 
Negócio jurídico por meio da qual as partes declarantes, limitadas pelos princípios da função social 
dos contratos e boa-fé objetiva, autodisciplinam os efeitos patrimoniais que pretendem atingir, 
segundo a autonomia da própria vontade. 
 
Não se pode falar de contrato sem que se tenha por sua pedra filosofal a manifestação da vontade. 
Sem o querer humano, pois não há negócio jurídico, e não havendo negócio, não há contrato. 
 
 
PERSPECTIVA CIVIL-CONSTITUCIONAL DO CONTRATO 
 
O contrato não é um elemento de opressão, mas sim de realização. Pois todo contrato tem uma 
FUNÇÃO SOCIAL a cumprir. Qual é a sua finalidade. Dentro do aspecto estruturante (real eficácia, 
validade, vigência), como na função (objetivo da realização contratual). 
 
A função social como uma cláusula geral, abre possibilidade de criar um contrato diferenciado que 
propicie coerentemente a lealdade contratual – alicerce de instrumentalidade. E sendo em regra um 
negócio jurídico bilateral, busca à pretensão regras que geram responsabilidades – através das 
partes. 
Assim, em um Estado verdadeiramente democrático de direito, o contrato somente atenderá à sua 
função social no momento em que, sem prejuízo ao livre exercício da autonomia privada: respeito a 
dignidade da pessoa humana; relativização do princípio da igualdade das partes contratantes; boa-
fé objetiva; respeitar o meio ambiente; respeitar o valor social do trabalho. 
 
Todas estas circunstâncias reunidas moldam a FUNÇÃO SOCIAL DOS CONTRATOS (421), mas existe 
um importante aspecto que deve ser ressaltado, que o reconhecimento deste princípio, NÃO 
significa negação da autonomia privada e da livre-iniciativa, pelo contrário, significa uma 
REEDUCAÇÃO, através da dignidade da pessoa humana. 
 
 
 
 
 
6 
 
 
DIREITO CIVIL IIINATUREZA JURÍDICA DO CONTRATO 
 
O contrato é uma espécie de negócio jurídico (ação da vontade, que se dirige, de acordo com a lei, a 
construir, modificar, ou extinguir uma relação jurídica). – ART 112 CC/02 – Corrente vonluntarista 
 
Mas existem críticas a esta corrente – afirma não ser verdadeira a premissa de que o declarante 
sempre manifesta a sua vontade dirigida a um determinado fim querido e previamente conhecido. 
 
Ex.: As partes celebram um determinado negócio jurídico inválido, mas que, por força do princípio da 
conservação, poderá ser convertido em outra categoria de negócio, se contiver os pressupostos de 
validade deste último. – Um contrato de compra e venda nulo por inobservância da forma pública, 
pode converter em uma promessa de compra e venda que admite instrumento particular. 
 
Em outras palavras, o negócio jurídico seria a expressão máxima da autonomia privada, teria 
conteúdo normativo, consistindo em um poder privado de autocriar um ordenamento jurídico 
próprio – Teoria objetivista. 
 
Nesse contexto, abriu-se um duelo doutrinário a respeito da teoria da vontade e da teoria da 
declaração. 
 
No primeiro: 
 
Teoria da vontade vontade real das partes autonomia das vontades aplica o 
principio da pacta sunt servanda principio da legalidade. 
 
No segundo: 
 
Teoria da vontade declarada apresenta fato contra vontade real. 
 
Mas o resultado prático não é profundo, onde a tarefa está tão somente em responder se prevalece 
a vontade interna ou a vontade declarada. 
 
A vontade deve ser manifestada, não tendo valor para o direito objetivo posto que legitimamente 
formada, se não exteriorizou. Somente com a sua manifestação, o agente pode provocar a desejada 
 
7 
 
 
DIREITO CIVIL III 
reação jurídica e esta exteriorização, que torna visível a vontade e lhe dá existência objetiva – 
MANIFESTAÇÃO – sendo indiferente se ela é feita com palavras, gestos ou até com o simples silêncio. 
 
OBSERVAÇÕES GERAIS: 
 
1. Contrato gera conseqüências – autonomia privada – aspecto social, preventivo e questiona a 
liberdade. 
 
2. Autonomia privada – dignidade humana - prejuízo de uma das partes... questionamento ... se 
adéqua a sua nova realidade – teoria da imprevisão (Rebus sic stantibus) 
3. Dignidade humana – garante que o contrato não prejudica seus direitos personalíssimos, 
simplesmente respeita-os 
 
4. Contrato tem um interesse real intenção desde as tratativas até o pós-venda. 
 
5. Contrato-acordo – de adesão ou por adesão (questionado no caráter absoluto). 
Todo fato jurídico consiste em declaração de vontade, a que o ordenamento jurídico atribui os 
efeitos designados como queridos, respeitados os pressupostos de existência, validade e eficácia 
impostos pela norma jurídica que sobre ele incide. 
 
Simplificando: manifestação de vontade, emitida em obediência aos seus pressupostos de existência, 
validade e eficácia, com o propósito de produzir efeitos admitidos pelo ordenamento jurídico, 
pretendidos pelos agentes. 
 
FLAVIO TARTUCE CITANDO PONTES DE MIRANDA: (escada ponteneana) 
 
O negócio Jurídico apresenta três planos: 
 
1. plano de existência – estão os pressupostos mínimos fáticos, chamados de elementos 
essenciais dos negócio jurídico .Temos apenas substantivos - AGENTE, VONTADE, OBJETO E 
FORMA – não havendo algum desses elementos o negócio é inexistente. 
2. Plano de validade-as palavras acima ganham qualificações-substantivos ganham adjetivos: 
AGENTE CAPAZ,VONTADE LIVRE SEM VÍCIOS, OBJETO LÍCITO POSSÍVEL E DETERMINÁVEL, E 
FORMA PRESCRITA E NÃO DEFESA EM LEI. 
 
8 
 
 
DIREITO CIVIL III 
3. Plano da eficácia – estão os elementos relacionados com a suspensão e resolução de direitos 
e deveres relativos ao negócio jurídico – CONDIÇÃO, TERMO, ENCARGO; regras em relação 
ao inadimplemento, dos juros, da multa ou claúsula penal, das perdas e danos. 
 
A escada ponteana diz que um plano não pode existir sem o anterior. Para que o negócio seja 
EFICAZ, tem que ser EXISTENTE e VÁLIDO. Para ser VÁLIDO deve EXISTIR. 
Como negócio jurídico que é, o contrato deve ter os elementos de existência (declaração de vontade, 
com circunstâncias negociais; agente; objeto; e forma) para assim ser considerado. 
Existindo, aí sim é possível ingressar no plano da realidade, adjetivando os elementos existenciais 
para considerá-los requisitos de realidade (declaração de vontade LIVRE e de BOA FÉ; agente CAPAZ 
e LEGITIMADO, objeto LÍCITO, POSSÍVEL, DETERMINADO ou DETERMINÁVEL; e de forma PRESCRITA 
ou NÃO DEFESA EM LEI), qualificações que se retiram do sistema positivado como um todo, mas, em 
especial, do art. 104 do Código Civil de 2002. 
Neste plano da realidade é que se discute, por exemplo, a ocorrência de nulidades (absolutas ou 
relativas), na forma dos arts. 166/184 do Código Civil, o que voltará a ser tratado no final desta 
prova. 
Da mesma maneira, é importante mencionar que, no contrato, como negócio jurídico, podem ser 
inseridas cláusulas que disciplinem a sua eficácia, terceiro plano de análise científica do negócio 
jurídico, a saber, termos condições ou encargos, também chamados, por parte da doutrina, como 
elementos acidentais do negócio jurídico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 
DIREITO CIVIL III 
 
DIREITO CONTRATUAL 
 
PRINCIPIOLOGIA DO DIREITO CONTRATUAL 
 
Princípio da dignidade da pessoa humana – qualidade de quem ou daquilo que é digno. Dignidade se 
traduz um valor fundamental de respeito à existência humana, segundo as suas possibilidades e 
expectativas, patrimoniais e afetivas, indispensáveis à sua realização pessoal e à busca da felicidade. 
 
Mais do que garantir a simples sobrevivência, este princípio assegura o direito de se viver 
plenamente, sem quaisquer intervenções espúrias – estatais ou particulares – na realização desta 
finalidade. 
 
O reconhecimento do direito da personalidade liga umbilicalmente com a consagração constitucional 
do princípio da dignidade da pessoa humana, e, conseqüentemente, acaba por se refletir no campo 
do direito contratual. 
 
Não se concebe mais neste diapasão que o tratamento dispensado ao contratante subjugue o 
respeito que se deve ter em face da pessoa humana. Valores como a vida, a imagem, a privacidade, 
a integridade física, etc... Não podem ser desconsiderados a pretexto de se exigir determinada 
prestação. 
 
Princípio da autonomia privada ou do consensualismo – ampla liberdade de contratar. Têm as partes 
a faculdade de celebrar ou não contratos, sem qualquer interferência do Estado. Podem celebrar 
contratos nominados, ou fazer combinações, dando origem aos contratos inominados. 
 
A autonomia privada vista no plano da bilateralidade do contrato, pode ser expressa pelo 
consensualismo: o encontro das vontades livres e contrapostas faz surgir o consentimento, pedra 
fundamental do negócio jurídico contratual. 
 
Contudo, a autonomia privada sofre os seguintes condicionamentos: 
a) DA LEI – manifestação maior do poder estatal interfere no âmbito da autonomia privada, 
para salvaguardar o bem geral. 
 
10 
 
 
DIREITO CIVIL III 
b) DA MORAL – limitação de ordem subjetiva, com forte carga ético-valorativa. 
c) DA ORDEM PÚBLICA – que mais se relaciona com a estabilidade ou segurança jurídica atua na 
ausência das normas imperativas, impondo a observância de princípios superiores, ligados ao 
direito, a política e a economia. 
 
Gera com isso, o corolário da liberdade do indivíduo no campo negocial, através de idéias da própria 
liberdade de contratar, com a liberdade com quem contratar e principalmentea liberdade para 
escolher o que se vai contratar. 
 
Princípio da força obrigatória do contrato – classicamente denominada como pacta sunt servanda, 
traduz a natural cogência que deve emanar do contrato, a fim de que se lhe possa reconhecer 
utilidade economia e social. Ou seja, de nada adiantaria o negócio, se o acordo firmado entre os 
contraentes não tivesse força obrigatória. 
 
O princípio da força obrigatória consubstancia-se na regra de que o 
contrato é lei entre as partes. Celebrado que seja, com a observância de 
todos os pressupostos e requisitos necessários à sua validade, devem ser 
executados pelas partes como se suas cláusulas fossem preceitos legais 
imperativos. Essa força obrigatória, atribuída pela lei aos contratos, é a 
pedra angular da segurança do comércio jurídico. (Orlando Gomes). 
 
Sem o reconhecimento da obrigatoriedade dos contratos, a palavra dos homens careceria de força 
jurídica, em franco prejuízo à segurança das relações negociais. Mas não admitimos que se empreste 
ao pacta sunt servanda o caráter absoluto – MAS SIM RELATIVO. 
 
Todavia, esse princípio da força obrigatória, manifestado especialmente na imodificabilidade ou 
intangibilidade dos termos do contrato, tornou-se um nefasto instrumento de opressão. 
 
Em uma época como a atual, em que os contratos paritários cedem lugar aos contratos de adesão, o 
pacta sunt servanda ganhou um matiz mais discreto, temperado por mecanismos jurídicos de 
regulação do equilíbrio contratual (teoria da imprevisão). 
 
Teoria construída a partir da revivescência da cláusula rebus sic stantibus do direito canônico – é 
invocada quando um acontecimento superveniente e imprevisível torna excessivamente onerosa a 
 
11 
 
 
DIREITO CIVIL III 
prestação imposta a uma das partes, em face da outra que, em geral, se enriquece à sua custa 
ilicitamente. 
Surge uma nova roupagem da teoria da imprevisão – TEORIA DA ONEROSIDADE EXCESSIVA. 
 
Surgindo como resposta dois posicionamentos onde a parte lesada poderá ingressar em juízo 
pleiteando a REVISÃO ou a RESOLUÇÃO DO CONTRATO. 
 
Princípio da relatividade subjetiva dos efeitos do contrato – os contratos só geram efeitos entre as 
próprias partes contratantes, razão por que se pode afirmar que a sua oponibilidade não é absoluta 
ou erga omnis, mas, tão-somente – RELATIVA. 
 
Como negócio jurídico, em que há a manifestação espontânea da vontade para assumir livremente 
obrigações, as disposições do contrato, a priori, somente interessa às partes, não dizendo respeito a 
terceiros estranhos à relação jurídica obrigacional. 
 
Contudo existem figuras jurídicas que podem excepcionar esta regra: estipulação em favor de 
terceiro – uma parte convenciona com o devedor que este deverá realizar determinada prestação 
em benefício de outrem, alheio à relação jurídica obrigacional original; contrato com pessoa a 
declarar – consagrada no CC/02, consistindo em uma promessa de prestação de fato de terceiro, que 
também titularizará os direitos e obrigações decorrentes do negócio, caso aceite a indicação 
realizada. 
 
BOA-FÉ OBJETIVA 
 
Funções: 
 
Interpretativa – art. 113 do CC ou interpretativa, a boa-fé será mais um critério quando o aplicador 
for analisar o negócio jurídico. O juiz, ao interpretar o negócio jurídico deverá interpretar a vontade 
das partes, optará pela honesta da aplicação do direito, com clareza, respeito, Verificando qual 
comportamento uma parte esperava da outra. 
 
Integrativa – art. 422 do CC – a BF fará nascer deveres além dos principais. No bojo dos contratos 
temos a obrigação de dar, fazer ou não fazer, seja de forma isolada ou não cumulada (obrigações 
principais) que fazem nascer os direitos anexo, laterais acessórios, paralelos, de conduta, sendo que 
 
12 
 
 
DIREITO CIVIL III 
estes não necessitam estar expressos no contrato e serão aplicados em antes durante e depois do 
contrato. Se estiver no contrato, deixa de ser anexo a ser principal. 
 
Ex.: Deveres de: 
Cooperação/ colaboração: as partes devem adotar condutas de modo que o NJ seja exitoso para 
ambas, tem que cooperar uma com as outras de forma a buscar o adimplemento de maneira mais 
proveitosa para o credor e menos onerosa para o devedor. Ex.: Recall de veículos. Outro exemplo: 
Caso da padaria vendida e reinstalada próxima à padaria pelo ex-proprietário. O fundamento da 
responsabilidade de pré, pós, e extracontratual é a quebra dos direitos anexos. 
 
Proteção: as partes devem se proteger, tanto do ponto de vista patrimonial quanto do ponto de vista 
pessoal. Física e patrimonialmente falando. Ex.: Shopping CD furtado - culpa in vigilando e a 
responsabilidade objetiva do shopping, pela quebra da expectativa de proteção do patrimônio do 
consumidor. Outro exemplo: consumidor que cai em shopping em razão do piso molhado - quebra 
da confiança pela ofensa ao princípio da proteção. 
 
Informação / transparência: tudo que for relevante acerca do objeto da contratação deverá ser 
informado à outra parte. Ex.: venda de lote, sendo omitida pelo vendedor que no futuro será 
construído um presídio nas proximidades do terreno. Informação óbvia, desta forma, não precisa ser 
informada. Adimplemento ruim - não adimpliu conforme determina a boa-fé, também conhecida 
como violação positiva do contrato. A negativa é o inadimplemento. 
 
Controle/limitativa (art. 187 do CC) limitar o exercício de direitos objetivos e potestativos – hoje a 
boa-fé é um dos elementos para que se analise a ocorrência ou não do abuso do direito. Quando no 
exercício de um direito subjetivo ou potestativo este exercício não respeita a boa-fé, teremos um 
exercício abusivo. Várias figuras que denotam o abuso do direito por desrespeito à boa-fé: 
 
a) adimplemento substancial - Ex.: contrato de leasing – cumprimento de grande parte do contrato. 
Quando um contrato já tiver cumprido em sua maior parte, haveria um impedimento do credor em 
pedir a sua resolução do contrato. Alguns autores consideram que haveria um fator inibitório de 
resolução do contrato, mas somente a cobrança do contrato. 
 
b) Supressio / surrectio (VERWIRKUNG) 
 
 
13 
 
 
DIREITO CIVIL III 
Supressio – Requisitos: 
- Omissão no exercício de direito subjetivo ou potestativo 
- Omissão reiterada no tempo (duração analisada pelo juiz) 
- Que omissão desencadeia na outra parte uma legitima expectativa de daquele direito não mais 
seria exercido 
- Desproporção entre o beneficio do titular omisso ao atuar e o prejuízo suportado pela contra parte. 
- RESP-214680 – ler inteiro teor. 
 
Surrectio – Requisitos: 
Haverá o nascimento de um verdadeiro direito subjetivo a partir do momento em que o sujeito adota 
de forma reiterada um comportamento positivo. Quando este sujeito quiser interromper sem justa 
causa este comportamento, a outra parte com base nas expectativas então despertadas poderá 
exigir a continuidade deste comportamento positivo. 
 
Pergunta: 
 
Diferença entre supressio e surrectio: são as duas faces da mesma moeda. 
Um comportamento omissivo em continuidade, a outra parte poderá exigir 
que ele continue omisso. Comportamento de paralisação de ato em 
continuidade, a outra parte poderá exigir que ele continue o comportamento 
que fora paralisado. 
 
Diferença entre supressio e surrectio e prescrição e decadência 
 
Semelhanças - Omissão e fator tempo 
 
Diferenças: 
1- na prescrição e decadência – prazos fixados na lei (art. 205 e 206); não se fale em expectativas da 
contraparte, são indiferentes; a partir de 2006, tanto a decadência legal ou prescrição dever 
conhecida ex oficio, exceto a convecional que deve ser expressa no instrumentodo contrato ou por 
provocação do interessado; 
 
 
14 
 
 
DIREITO CIVIL III 
2- na supressio e surrectio - prazo não vem fixado em lei, decorrem da cláusula geral de vedação ao 
abuso de direito – a análise é casuística; sempre analisada a quebra da confiança; sempre deverá ser 
conhecido pelo juiz, seja ele provocado de ofício. 
 
Ex.: do condomínio – ato de mera tolerância não induz detenção. Mas se o condomínio passa mais de 
10 anos omisso, perde o condomínio o direito de discutir. 
Eqüidade e bons costumes 
- Usos do lugar de sua celebração... (art. 113): cláusula geral. 
- Redução eqüitativamente... (art. 413): cláusula geral. 
 
Diretriz da Sociabilidade 
 
O direito subjetivo é o poder concedido pelo ordenamento ao indivíduo para que ele possa atuar 
satisfazendo o interesse próprio. A idéia de direito subjetivo sempre foi cunhado como uma idéia 
individualista. No entanto, atualmente, grande parte da doutrina diz que o direito subjetivo vive uma 
crise, chamada crise da concepção clássica do direito subjetivo, mas para se exercitar legitimamente 
um direito subjetivo ao mesmo tempo em que irá se atender um interesse do titular deve-se 
também atender ao interesse da coletividade. A concepção egoísta do CC 16 foi abandonada, se ao 
exercer o direito subjetivo sem atendimento dos interesses da sociedade estaríamos diante de outra 
forma de abuso de direito. Função social do exercício individual de um direito. 
 
Hoje ao mesmo tempo em que se atende ao interesse individual, deve-se atender ao interesse da 
coletividade. É errado dizer que os interesses sociais superaram os interesses individuais. O que 
houve, na verdade, foi UMA EQUIPARAÇÃO destes interesses. Não há hierarquia. 
 
Miguel Reale: “se no direito civil moderno não alcançamos o socialismo, ao menos alcançando a 
socialidade”. 
 
Função social – partir da socialidade. 
Todos os artigos que trazem a função social trazem também uma vagueza semântica. 
Função social da propriedade: toda e qualquer propriedade deve respeitar a sua função social, 
inclusive da empresa, a propriedade móvel, intelectual, de marcas e patentes. Ex.: art. 1228, §1º. 
Função social da posse: art. 1210, §2º, 1228, §4º, 1238 § único, 1242, §único. 
Função dos contratos: art. 421. 
 
15 
 
 
DIREITO CIVIL III 
 
Diretriz da Operabilidade ou concretude (efetividade) 
 
Miguel Reale se valeu dessa diretriz em razão da segurança jurídica, estabilidade. 
As manifestações de concretude foram: 
- redução dos prazos; 
- distinção entre institutos jurídicos - partindo para um critério científico para trazer segurança 
jurídica, o código ficou mais fácil de ser operado, não deixa apenas a cargo da doutrina. 
Ex.: distinção entre prescrição e decadência, distinção entre resolução, resilição e rescisão, todas são 
formas de por fim aos contratos. 
 
Resolução: inadimplemento, art. 475 do CC. 
Resilição: fator deflagrador da extinção vem da vontade, seja bilateral (distrato) ou unilateral 
(denúncia - ex.: denúncia vazia no contrato de locação). Art. 472 e 373 do CC. 
Rescisão: por fim ao contrato em virtude da presença de vícios. (Ex.: ação redibitória, evicção parcial 
art. 455 do CC) 
 
O Código abandona a figura do homem médio: se preocupando com a concretude, passa-se para a 
verificação do sujeito, naquele caso em concreto. 
 
 
Eficácia privada dos direitos fundamentais 
 
Os direitos fundamentais nascem como uma contrapartida do Estado aos cidadãos, já que esses, para 
a criação do primeiro, abdicaram de parcelas de seus direitos. 
 
Quando nascem, trazem para o Estado os deveres de abstenção, ou seja, o Estado não pode 
indevidamente atentar contra a vida, igualdade, liberdade, segurança (VILISEPRO), propriedade dos 
sujeitos (são direitos fundamentais de primeira geração). 
 
Num segundo momento, nascem os deveres de proteção – nada mais são que direitos fundamentais 
de segunda dimensão (direitos sociais – art. 6º da CF). 
 
 
16 
 
 
DIREITO CIVIL III 
Pergunta: os direitos fundamentais têm uma eficácia vertical? Sim. Relação vertical entre Estado e 
cidadão, ou seja, oponível perante o Estado. 
 
Pergunta: os direitos fundamentais da Constituição podem ser aplicados à relação privada? Se 
positiva a resposta, como e qual a extensão desta eficácia? Sim. Porém deve-se passar pela 
compatibilização – analisando se deverá ser levada em consideração a salvaguarda da autonomia 
privada ou eficácia mais ampla aos direitos fundamentais. Quanto mais intervencionista for o Estado, 
mais os direitos fundamentais serão aplicados à autonomia privada. 
Teoria do State Action - os direitos não serão aplicados às relações privadas, já que o sujeito passivo 
dos direitos fundamentais é o cidadão. Quanto mais liberal o Estado, menor a aplicação dos direitos 
fundamentais na relação privada. O Estado que mais trabalha com esta teoria são os EUA. Ex.: caso 
do escoteiro Dale (homossexual) Suíça também aplica. 
 
Teoria da Eficácia mediata ou indireta - começou na Alemanha e considera ser possível ocorrer a 
aplicação da eficácia desde que o legislador delimite o alcance desta eficácia. A Constituição não 
investe nos particulares o direito subjetivo privado, mas sim autoriza, orienta o legislador 
infraconstitucional para que este tome em conta quando da sua tarefa legislativa, os valores 
presentes na Constituição. O art.57 do CC diz que para a exclusão do associado deve permitir o 
devido processo legal. O legislador vai servir de filtro de valores constitucionais. Alemanha, França. 
 
Teoria da Eficácia direta ou imediata - os direitos fundamentais têm plena aplicação às relações 
privadas, podendo os particulares invocá-los diretamente, independentemente de mediação por 
parte do legislador infraconstitucional. 
 
Crítica a esta doutrina: restringe a autonomia privada e a insegurança jurídica. 
Combate à crítica: como admitir um Estado onde os direitos fundamentais não são aplicados? A CF 
não é mais uma carta política, é norma. Se o legislador for omisso, a CF não estará sendo aplicada. 
Portugal, Espanha, Brasil (desde a década de 90). 
 
 
FUNÇÃO SOCIAL DOS CONTRATOS 
 
O CC não define Função social, mas deixa claro, a importância dos elementos morais, da eqüidade 
nas relações entre contratantes. Devendo resguardar deveres anexos, desde as tratativas ao pós-
 
17 
 
 
DIREITO CIVIL III 
contrato, juntamente com o principio da boa fé objetiva, observando as diferenças econômicas, 
sociais e culturais entre as partes, evitando o domínio de uma perante a outra. 
 
Eqüidade - Bom senso, que regrará as partes, observar a real intenção dentro de um contrato. 
 
Superou-se a tese pela qual o contrato visa principalmente à segurança jurídica. Na realidade, o 
contrato tem a principal função de atender à pessoa e aos interesses da coletividade, diante da 
tendência de personalização do Direito Privado. Essa a real função dos contratos 
 
Pela função social dos contratos, os negócios jurídicos patrimoniais devem ser analisados de acordo 
com o meio social. Não pode o contrato trazer onerosidades excessivas, desproporções, injustiça 
social.1 Também, não podem os contratos violar interesses metaindividuais ou interesses individuais 
relacionados com a proteção da dignidade humana, conforme reconhece Enunciado n. 23 do 
Conselho da Justiça Federal, aprovado na I Jornada de Direito Civil.2 
 
Assim sendo, entendemos que a função social dos contratos traz conseqüências dentro do contrato 
(intra partes) e também para fora do contrato (extra partes). 
 
Como efeito intra partes, citamos a previsão do art. 413 do novo Código Civil, exemplo típico derelativação da força obrigatória do contrato (pacta sunt servanda), justamente uma das 
conseqüências da função social dos negócios jurídicos. Por esse dispositivo, o juiz deve reduzir o 
valor da cláusula penal se a obrigação tiver sido cumprida em parte ou se entender que a multa é 
excessivamente onerosa. Como o comando legal utiliza-se a expressão “deve” a redução é de ofício, 
sem a necessidade de argüição pela parte interessada. Isso é confirmado pela natureza jurídica do 
 
1
 Não se pode esquecer que o contrato é importante fonte obrigacional. Nesse sentido, Nelson Rosenvald, um 
dos mais brilhantes juristas da nova geração sintetiza muito bem como deve ser encarada a obrigação 
atualmente: “A obrigação deve ser vista como uma relação complexa, formada por um conjunto de direitos, 
obrigações e situações jurídicas, compreendendo uma série de deveres de prestação, direitos formativos e 
outras situações jurídicas. A obrigação é tida como um processo – uma série de atos relacionados entre si -, que 
desde o início se encaminha a uma finalidade: a satisfação do interessa na prestação. Hodiernamente, não mais 
prevalece o status formal das partes, mas a finalidade à qual se dirige a relação dinâmica. Para além da 
perspectiva tradicional de subordinação do devedor ao credor existe o bem comum da relação obrigacional, 
voltado para o adimplemento, da forma mais satisfativa ao credor e menos onerosa ao devedor. O bem comum 
na relação obrigacional traduz a solidariedade mediante a cooperação dos indivíduos para a satisfação dos 
interesses patrimoniais recíprocos, sem comprometimento dos direitos da personalidade e da dignidade do 
credor e devedor” (Dignidade Humana e Boa-Fé. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 204). 
2
 “Art. 421: a função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, não elimina o princípio da 
autonomia contratual, mas atenua ou reduz o alcance desse princípio quando presentes interesses 
metaindividuais ou interesse individual relativo à dignidade da pessoa humana”. 
 
18 
 
 
DIREITO CIVIL III 
princípio da função social dos contratos, de ordem pública, conforme previsão do art. 2.035, 
parágrafo único, do próprio Código Civil.3 
 
Como exemplo de efeitos extra partes, citamos um caso em que o contrato, pelo menos 
aparentemente, é bom para as partes, mas ruim para a sociedade. Podemos citar um contrato 
celebrado entre uma empresa e uma agência de publicidade. O contrato é civil e paritário, não 
trazendo qualquer desequilíbrio ou quebra do sinalagma. Entretanto, a publicidade veiculada é 
discriminatória (publicidade abusiva – art. 37, § 2º do CDC), estando nesse ponto presente o vício. 
Pela presença do abuso de direito, o contrato pode ser tido como nulo, combinando-se os arts. 187 e 
166, VI, do novo Código Civil – nulidade por fraude à lei imperativa diante do ato emulativo.4 
 
Não é fácil conceituar função social dos contratos, embora fixe normas que deixam transparecer 
elementos morais e de eqüidade entre os contratantes bem como a boa fé objetiva onde ocorre a 
preocupação com a negociação de um negócio justo observando as diferenças culturais, econômicas 
e sociais, como também posição dominante de imposição de uma parte a outra com condições 
injustas (423 e 424). 
 
A função social veio para garantir legitimidade, não veio eliminar a liberdade de contratar, mas impor 
limites... Nas normas traçadas, equilíbrio em elementos morais pré-estabelecidos. Tendo por 
finalidade a autonomia negocial, objetivo alcançado como um dos elementos caracterizadores da 
boa-fé objetiva. 
 
Obs.1: Aspecto moral e social – informações claras e precisas, princípios valorativos, respeito, 
lealdade. 
 
Obs.2: Ambas as partes tenham a real noção do negócio jurídico. Vem mostrar um equilíbrio, um 
bom senso, uma razoabilidade. 
 
 
3 Entendemos que a função social do contrato tem respaldo na Constituição Federal. Primeiro, na tríade 
dignidade-solidariedade-igualdade, que consubstancia o Direito Civil Constitucional, constantes dos arts. 1º, 3º 
e 5º da Norma Fundamental. Segundo, na função social da propriedade (art. 5º, XXII e XXIII e art. 170, III da 
CF/88) (Flávio Tartuce. Função Social dos Contratos, ob, cit.). Sobre o Direito Civil Constitucional 
recomendamos a leitura da obra de Gustavo Tepedino (Temas de Direito Civil. Rio de Janeiro: Renovar, 2004). 
4
 Vale citar uma passagem de Luigi Ferri, citando Acarelli no sentido de que o juiz deverá anular qualquer 
acordo de vontades pela simples ocorrência de um dano potencial à sociedade, mesmo que haja algum outro 
interesse comum (Luigi Ferri. La Autonomia Privada. Tradução e notas em espanhol por Luis Sancho 
Mendizibal. Madrid: Editorial Revista de Derecho Privado, 1969, p. 438) 
 
19 
 
 
DIREITO CIVIL III 
Obs.3: Observar: 
 
 Dignidade humana 
 Valores sociais de trabalho 
 Livre iniciativa 
 Equidade 
 
 
 
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da 
função social do contrato. 
 
A liberdade de contratar não é absoluta, é limitada pela supremacia da 
ordem pública, e subordinada aos interesses coletivos e pela função social 
dos contratos, que os condiciona ao atendimento do bem comum e dos fins 
sociais (principio da socialidade). O art. 421 é A um princípio geral do 
Direito, que contém uma clausula geral. 
A função social dos contratos impõe: 
a) Revisão do princípio da relatividade dos efeitos do contrato em relação á 
terceiros 
b) Reforça o princípio de conservação dos contratos 
c) Atenua ou reduz o princípio da autonomia Contratual, quando presentes 
interesses metaindividuais ou interesses relativos á dignidade humana 
 
 Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do 
contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. 
 
Princípios da probidade e da boa-fé estão ligados as interpretações, às 
intenções inferidas nas declarações de vontade das partes e ao interesse 
social de segurança das relações jurídica. As partes têm o dever de agir com 
honradez, lealdade, honestidade e confiança recíprocas (integridade de 
caráter), isto é proceder com boa-fé nas tratativas, formação e conclusão 
do contrato, bem como na execução e extinção. 
 
 
20 
 
 
DIREITO CIVIL III 
A boa-fé subjetiva é atinente ao fato de se desconhecer algum vício no 
negócio jurídico, impedindo o exercício abusivo de direito por parte dos 
contratantes na obrigação principal e nas acessórias, no dever de informar, 
de colaborar e de atuação diligente. 
 
A violação dos deveres anexos constitui uma espécie de inadimplemento. A 
cláusula geral impõe ao juiz interpretar, corrigir e suprir o contrato segundo 
a boa-fé objetiva, entendida como a exigência de comportamento leal entre 
as partes, incompatível com a conduta abusiva, tendo por objetivo gerar, na 
relação obrigacional a confiança recíproca, o equilíbrio das prestações, da 
distribuição dos riscos e encargos, ante a proibição do enriquecimento sem 
causa. O princípio da boa fé deve levar o credor a evitar o agravamento do 
próprio prejuízo 
 
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou 
contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao 
aderente. 
 
A manifestação de vontade de uma das partes se resume em mera 
anuência, opõe-se á idéia de contrato paritário, um dos contratantes se 
limita a aceitar as clausulas e condições previamente redigidas e impressas 
pelo outro. As clausulas ambíguas e contraditórias devem ser interpretadas 
favorável ao aderente. 
 
Art. 424. Noscontratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a 
renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do 
negócio. 
 
Clausula abusiva ou leonina-nulidade de clausula de renúncia antecipada. 
 
Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as 
normas gerais fixadas neste Código. 
 
 
21 
 
 
DIREITO CIVIL III 
Os particulares, dentro dos limites legais, poderão criar as figuras 
contratuais de que necessitarem no mundo dos negócios, desde que 
respeitem as normas gerais no CC e não contrariem a ordem pública, a 
moral e os bons costumes e os princípios gerais de direito. 
 
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. 
 
Proibição de pacto sucessório, vedado pelo direito (pacto de abutres) 
 
 
DIREITO CONTRATUAL 
 
FORMAÇÃO DOS CONTRATOS 
 
Elementos – o contrato resulta de duas manifestações de vontade: a proposta (oferta, policitante ou 
oblato) e a aceitação. Não dependendo de forma especial. 
 
O nascimento de um contrato segue um verdadeiro processo de formação, cujo início é caracterizado 
pelas negociações ou tratativas preliminares – denominada fase de puntuação – até que as partes 
chegam a uma proposta definitiva, seguida da imprescindível aceitação. Somente nesse instante, 
com a junção desses dois elementos (PROPOSTA à ACEITAÇÃO). 
 
Fase de puntuação (negociações preliminares) – período de negociações preliminares, anterior à 
formação do contrato. 
 
A principal característica desta fase de negociações preliminares é a não 
obrigatoriedade. Isto porque realizar negociações é um direito concedido 
pelo ordenamento, de natureza constitucional, que autoriza a livre 
celebração de negócios jurídicos. 
 
Optar pela celebração ou não é um direito que assiste a cada um dos 
negociantes. Este direito volta-se a dizer, é cada vez mais limitado, 
 
22 
 
 
DIREITO CIVIL III 
limitação esta diretamente proporcional ao incremento da boa-fé objetiva 
nas relações jurídicas. 
 
Não celebrar o negócio jurídico é um direito que assiste ao tratante, desde 
que aja dentro dos limites da boa-fé e não viole a confiança alheia. 
 
Obs.: Todavia, ao se dar início a um procedimento negociatório, é preciso observar sempre se, a 
depender das circunstâncias do caso concreto, já não se formou uma legítima expectativa de 
contratar. 
 
Dizer, portanto, que há direito subjetivo de não contratar quer dizer que os danos, daí decorrentes, 
não devam ser indenizados, haja vista que, independentemente da imperfeição da norma positivada, 
o princípio da boa-fé objetiva também é aplicável a esta fase pré-contratual, notadamente os 
deveres anexos de lealdade e confiança. 
 
A fase de puntuação não se confunde com o contrato preliminar, onde este último é o negócio 
jurídico que tem por objeto a obrigação de fazer um contrato definitivo. 
 
Proposta de contratar (policitação) – consiste na oferta de contratar que uma parte faz a outra, com 
vistas à celebração de determinado negócio. 
 
Trata-se de uma declaração receptícia de vontade que, para valer e ter força vinculante, deverá ser 
séria e concreta (427 do CC/02). Vincula o proponente e pode ser provada por testemunhas, 
qualquer que seja o seu valor. Sujeitando ao proponente ao pagamento de perdas e danos. 
 
Proposta não obrigatória (427 e 428 do CC/02) – PERDA DA EFICÁCIA DA OFERTA: 
 
Se o contrário (a não obrigatoriedade) resultar dos termos dela mesma – possibilidade de retratar 
ou arrepender do negócio. Exceção: oferta feitas ao consumidor (CDC). 
 
Se o contrário (a não obrigatoriedade) resultar da natureza do negócio – proposta aberta ao 
público, que se consideram limitadas ao estoque existente. 
 
 
23 
 
 
DIREITO CIVIL III 
Se o contrário (a não obrigatoriedade) resultar das circunstâncias do caso – é o prazo de validade 
da proposta. 
 
Prazo de validade da proposta: Artigo 428 do CC/02 
 
Presentes – pessoas que mantêm contato direto e simultâneo uma com a outra. 
Ausente – pessoas que não mantêm contato direto e imediato entre si. 
 
Obs.: Contratação eletrônica ou via Internet, não é previsto expressamente em lei (CC), não havendo 
normas específicas que tratem da formação dos contratos eletrônicos, por analogia, deverão ser 
aplicadas as regras constantes no próprio CC, respeitada sempre a principiologia constitucional e de 
proteção e defesa do consumidor. 
 
Artigo 428 do Código Civil de 2002 – PERDA DA EFICÁCIA OBRIGATÓRIA DA PROPOSTA: 
 
Se, feita sem prazo à pessoa presente, não foi imediatamente aceita – se trata de pessoas 
presentes, infere-se daí que a resposta ou aceitação deve ser imediata, sob pena de perda de eficácia 
da oferta. 
 
Se, feita sem prazo à pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao 
conhecimento do proponente – proposta enviada sem referência de prazo, deve-se observar tempo 
suficiente para manifestação do aceitante. 
 
Se feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado – neste caso, 
definiu-se o prazo e a aceitação não é expedida dentro do prazo dado. 
 
Se, antes dela (a proposta), ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a 
retratação do proponente – neste caso a oferta perderá a sua obrigatoriedade. 
 
Obs.: Fora das hipóteses dos artigos 427, segunda parte e 428 do CC/02, a proposta obriga o 
proponente e deverá ser devidamente cumprida, caso haja aceitação. 
 
A oferta ao público no Código Civil – Art. 429 do CC/02 
 
 
24 
 
 
DIREITO CIVIL III 
A oferta ao público no Código de Defesa do Consumidor – Arts. 30 a 35 do CDC. É mais ampla do que 
no CC, pois normalmente dirige-se a pessoas indeterminadas (contratação em massa). A recusa 
indevida de dar cumprimento à proposta dá ensejo a execução específica, podendo o consumidor 
optar, em seu lugar, por aceitar outro produto, rescindir o contrato e pedir perdas e danos. 
 
Aceitação – é a concordância com os termos da proposta. É a manifestação da vontade 
imprescindível para que se repute concluído o contrato. 
 
Requisitos: Deve ser pura e simples. Se apresentada fora do prazo, com adições, restrições ou 
modificações, importará nova proposta (431 do CC/02), denominado de contraproposta. Podendo 
ser expressa ou tácita (432 do CC/02). 
 
Hipóteses em que não tem força vinculante: 
 
 Quando chegar tarde ao conhecimento do proponente – caso em que este deverá avisar o 
aceitante, sob pena de pagar perdas e danos (430 CC/02). 
 Se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante (433 do CC/02). 
 
Contratos entre ausentes: 
 
 Entre presentes, os contratos reputam-se concluídos no momento da aceitação. 
 Entre os ausentes, por correspondência ou intermediário, a resposta passa por três fases. 
Onde divergem os autores da conclusão do negócio. 
 
Há duas teorias: 
 Da informação ou cognição – aperfeiçoa-se o negócio quando o policitante se inteira 
da resposta. 
 Da declaração ou agnição – subdivide-se em três: 
 Da declaração propriamente dita – considera o momento da 
redação. 
 Da expedição – considera o momento em que a resposta é expedida. 
 Da recepção – entrega ao destinatário. 
 
 
25 
 
 
DIREITO CIVIL III 
O artigo 434 do Código Civil acolheu expressamente a teoria da expedição, ao afirmar que os 
contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida. 
 
Entretanto, estabeleceu três exceções: 
1. No caso de haver retratação do aceitante. 
2. Se o proponente se houver comprometido a esperar a resposta. 
3. Se ela não chegarno prazo convencionado. 
 
Obs.: Ora, se sempre é permitida a retratação antes de a resposta chegar às mãos do proponente, e 
se, ainda, não se reputa concluído o contrato na hipótese de a resposta não chegar no prazo 
convencionado, na realidade o referido diploma filiou-se à teoria da recepção e não à da expedição. 
 
Lugar da celebração: Segundo dispõe o artigo 435 do CC/02 “reputar-se-á celebrado o contrato no 
lugar em que foi proposto”. A LICC em seu artigo 9º, §2º, também estatui que “a obrigação 
resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente”. 
 
Impossibilidade da prestação: Resolve-se a obrigação quando se torna impossível o seu 
cumprimento (106 do CC/02), uma vez que ninguém pode fazer o impossível. A resolução só 
ocorrerá, porém, se a impossibilidade for absoluta, isto é alcançar todas as pessoas. 
 
 
DIREITO CONTRATUAL 
 
ESTIPULAÇÃO CONTRATUAL EM RELAÇÃO A TERCEIROS 
 
Existem três espécies de estipulações contratuais relacionadas a terceiro: 
1. Estipulação em favor de terceiro. 
2. Promessa de fato de terceiro. 
3. Contrato com pessoa a declarar. 
 
Estipulação em favor de terceiro: (Artigos 436 a 438 do CC/02) – ato de natureza essencialmente 
contratual, uma parte convenciona com o devedor que este deverá realizar determinada prestação 
em benefício de outrem, alheio à relação jurídica-base. 
 
26 
 
 
DIREITO CIVIL III 
 
Efeito: é a possibilidade de exigibilidade da obrigação tanto pelo estipulante quanto pelo terceiro. 
Onde esta dupla possibilidade só é aceitável se o terceiro anuir às condições e normas do contrato 
(436 do CC/02). 
 
Promessa de fato de terceiro: (Artigos 439 e 440 do CC/02) – é a possibilidade de estabelecimento 
de uma declaração de vontade na afirmação da realização de um ato por terceiro. Trata-se, portanto, 
de um negócio jurídico em que a prestação acertada não é exigida do estipulante, mas sim de um 
terceiro, estranho à relação jurídica obrigacional, o que também flexibiliza o princípio da relatividade 
subjetiva dos efeitos do contrato. 
 
Natureza jurídica: trata-se de um negócio jurídico submetido a um fator eficacial, ou seja, com um 
elemento acidental que limita não a relação obrigacional em si mesmo, mas sim a responsabilidade 
civil pelo descumprimento do contrato. 
 
Exclusão de responsabilidade: (§único do art. 439 do CC/02) – É a situação em que FULANO promete 
a CICLANO que sua esposa, com quem é casado em comunhão universal de bens, irá transferir um 
imóvel para si. Ora, a responsabilidade civil de FULANO, pelo descumprimento da prestação por sua 
esposa, acabará recaindo no patrimônio desta, o que seria uma situação de responsabilização de 
terceiro que não fez parte da relação jurídica obrigacional. 
 
Contrato com pessoa a declarar: (Artigos 467 a 471 do CC/02) – Se traduz em uma promessa de 
prestação de fato de terceiro, que titularizará os direitos e obrigações decorrentes do negócio, caso 
aceite a indicação realizada, o que se dará ex tunc à celebração do contrato. Ou seja, trata-se de 
contrato no qual se introduz uma cláusula especial (pro amico eligendo ou pro amico electo), pela 
qual uma das partes se reserva a faculdade de nomear quem assuma a posição de contratante. O 
designante sai da relação sem deixar vestígios. 
 
Obs.: Não se pode confundir o contrato com pessoa a declarar com a figura da cessão de posição 
contratual, pois no primeiro a faculdade de indicação já vem prevista originariamente, podendo, 
inclusive, numa ser exercida; já na segunda, não ocorre necessariamente estipulação prévia da 
faculdade de substituição. Assim, o terceiro embora não vinculado originariamente na relação 
contratual, poderá experimentar os seus efeitos, caso aceite a nomeação indicada. 
 
 
27 
 
 
DIREITO CIVIL III 
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS: 
 
Quantos aos efeitos: 
 
 Contratos unilaterais – são os contratos que criam obrigações unicamente para uma das 
partes. (doação). 
 
 Contratos bilaterais – são os que geram obrigações para ambos os contratantes. (compra e 
venda). 
 Nos contratos bilaterais ocorre a condição resolutiva tácita (476 do CC/02) – 
nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua 
obrigação, pode exigir o implemento da do outro. 
 Observar: Artigos 51 do CDC e 474 a 477 do CC/02. 
 
 Contratos plurilaterais – são os contratos que contém mais de duas partes (consórcio, 
sociedade). 
 
 Distrato – acordo de vontade que tem por fim extinguir um contrato anteriormente 
celebrado. 
 Forma de realizar o distrato – artigo 472 do CC/02. 
 Produz efeito ex nunc. 
 Quitação – observar exemplo da HIPOTECA (320 do CC/02). 
 
 Contrato gratuito – são aqueles em que apenas uma das partes aufere benefícios ou 
vantagens, como na doação pura, comodato, reconhecimento de filho. Para outra parte só 
obrigação – vantagens a uma parte e contraprestação a outra. 
 
 Contrato oneroso – ambos os contratantes obtêm proveito, ao qual, porém, corresponde um 
sacrifício. (compra e venda; locação; empreitada). 
 
 Contrato comutativos – são os de prestações certas e determinadas, as partes podem 
antever as vantagens e os sacrifícios, que geralmente se equivalem, decorrentes de sua 
 
28 
 
 
DIREITO CIVIL III 
celebração, porque não envolve risco algum. (compra e venda e nos contratos individuais de 
emprego). 
 
 Contratos aleatórios – são os que caracterizam pela incerteza de ambas as partes, pois o rico 
é peculiar. (jogos e apostas, contrato de seguro – aleatórios por natureza). Onde o conceito 
se encontra no artigo 458 do CC/02, devendo observar os demais artigos 459 e 460 do CC/02. 
 
Quanto a formação: 
 
 Paritário – são contratos do tipo tradicional em que as partes discutem livremente as 
condições, porque se encontram em pé de igualdade (grés-a-grés). 
 
 Adesão – são os que não permitem essa liberdade, devido à preponderância da vontade de 
um dos contratantes, que elabora todas as cláusulas. O outro adere ao modelo previamente 
confeccionado, não podendo modificá-lo. 
 Observar os artigos 423 e 424 do CC/02 e artigos 47 e 54 do CDC. 
 
 Tipo – (de massa, em série ou por formulários); aproxima-se do contrato de adesão, porque é 
apresentado em fórmula impressa e datilografada, mas dele difere porque admite discussão 
sobre o seu conteúdo. Em geral são deixados em branco, a serem preenchidas pelo concurso 
de vontade. 
 
 
Quanto ao momento de sua execução: 
 
 Execução instantânea – são as que se consuma num ato só, sendo cumpridos imediatamente 
após a sua celebração (compra e venda à vista). 
 
 Execução diferida – são os que devem ser cumpridos também em um só ato, mas em 
momento futuro (entrega em determinada data). 
 
 Execução continuada ou trato sucessivo – são os que se cumprem por meio de atos 
reiterados (compra e venda à prazo). 
 
29 
 
 
DIREITO CIVIL III 
 
Quanto ao agente: 
 
 Personalíssimo – são celebrados em atenção às qualidades pessoais de um dos contratantes. 
 
 Impessoais – são aquelas cuja prestação pode ser cumprida, indiferentemente, pelo 
obrigado ou por terceiro. 
 
 Individuais - são aqueles em que as vontades são individualmente consideradas, ainda que 
envolva várias pessoas. 
 
 Coletivos – são os que se perfazem pelo acordo de vontade entre duas pessoas jurídicas de 
direito privado, representativos de categorias profissionais. 
 
Quanto ao modo por que existem: 
 
 Principais – são os que têm existência própria e não dependem, pois de qualquer outro. 
 
 Acessórios – são aqueles que têm existênciasubordinada ao contrato principal. 
 
 Sub-contratos – são os que têm por objeto direitos estabelecidos em outro contrato, 
denominado básico ou principal. 
 
 
Quanto a forma: 
 
 Solene – são os que devem obedecer à forma prescrita em lei para se aperfeiçoar. 
 
 Não solene – são os de forma livre, basta o consentimento para a sua formação, 
independentemente da entrega da coisa e da observância de determinada forma 
(consensual) – 107 do CC/02. 
 
 
30 
 
 
DIREITO CIVIL III 
 Reais – opõem-se aos consensuais ou não solenes. São os que exigem, para aperfeiçoar, além 
do consentimento, a entrega da coisa que lhe serve de objeto (depósito). 
 
Quanto ao objeto: 
 
 Pré contrato – é o que tem por objeto a celebração de um contrato definitivo. Tem por único 
objeto. 
 Quando este é um imóvel - denomina-se promessa ou compromisso. 
 Quando gera obrigações apenas para uma das partes – opção. 
 
 Definitivo – tem objetos diversos, de acordo com a natureza de cada um. 
 
Quanto a designação: 
 
 Nominados – são os que têm designação própria. 
 
 Inominados – são os que não têm designação própria. 
 
 Típicos – são os regulados pela lei; os que têm o seu perfil nela traçado. 
 
 Atípico – são os que resultam de um acordo de vontades, não tendo, porém, as suas 
características e requisitos definidos e regulados na lei. 
 
 Misto – é o que resulta da combinação de um contrato típico com cláusulas criadas pela 
vontade dos contratantes. Constitui um contrato unitário. 
 
 Coligados – constituem uma pluralidade, em que vários contratos celebrados pelas partes se 
apresentam coligados (empresa petrolífera). 
 
 
 
 
 
 
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DIREITO CIVIL III 
 
DIREITO CONTRATUAL 
 
1. CONTRATO PRELIMINAR (Art. 462 a 466 do CC/02) – Também é denominado como pré-contrato, 
compromisso, pacto contraendo. Ocorrerá o contrato preliminar quando as partes não podem 
celebrar o contrato definitivo. Ex.: promessa de compra e venda (a partir da promessa, pretende-
se formalizar o contrato definitivo). 
 
1.1 Requisitos do contrato preliminar – São os mesmos do contrato definitivo, salvo a forma, 
art. 462 do CC. Se não efetivar o contrato definitivo, abre-se um prazo para o seu 
cumprimento. Caso não haja o cumprimento pode pedir ao judiciário o caráter de 
definitividade à promessa. Se não for possível a realização do contrato definitivo, cabe a 
parte o pedido de perdas e danos... Arts. 463 e 464 do CC/02. 
 
O contrato preliminar poderá ser de duas espécies: 
 
a) Bilateral – Há obrigações para ambas as partes para a celebração do contrato 
definitivo. 
b) Unilateral – art. 466 CC. É uma opção do contratante. A obrigação de celebrar o 
contrato definitivo é apenas para uma das partes. Ex: Reserva de mesa em 
restaurante. Quem reservou a mesa poderá ou não ir ao restaurante, porém o 
restaurante tem que reservar a mesa. 
 
2. INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS – Consiste em extrair o sentido, desenterrar o conteúdo, que 
o texto encerra com relação à realidade. 
 
Não raramente as cláusulas contratuais são regidas de forma obscura, ambígua ou duvidosa, a 
exigir do intérprete um exame mais detalhado do contrato para se aclarar a vontade das partes. 
Como as vontades das partes são expressas por meio de palavras e, muitas vezes, não 
comunicam com exatidão o desejado, deve o intérprete iniciar sua tarefa pela averiguação do 
sentido destas. 
 
 
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DIREITO CIVIL III 
Dado esse passo, deverá o intérprete buscar reconstituir a vontade real das partes, utilizando-se 
não somente das estipulações escritas, mas sobretudo das circunstâncias que cercaram o 
contrato. 
2.1. Funções – A interpretação dos contratos exerce função objetiva e subjetiva. Nos contratos 
escritos, a análise do texto (interpretação objetiva) conduz à descoberta da intenção das 
partes (interpretação subjetiva), alvo principal da operação. 
 
O Código Civil deu prevalência à teoria da vontade sobre a da declaração. 
 
2.2. Princípios básicos – Boa-fé: deve o intérprete presumir que os contratantes procedem com 
lealdade, pois a boa-fé se presume... Arts. 113 e 422 do CC/02. 
 Conservação do contrato: se uma cláusula contratual permitir duas 
interpretações diferentes, prevalecerá a que possa produzir algum efeito. 
 
2.3. Regras interpretativas – O intérprete não pode se afastar da regra que manda interpretar as 
declarações de vontade atendo-se mais à intenção das partes do que ao sentido literal da 
linguagem, a fim de determinar a real intenção dos contratantes. 
 
Para determinar o significado de um elemento do contrato, deve prevalecer a intenção 
comum das partes. Portanto, o significado de uma cláusula contratual pode ser diferente de 
seu sentido literal e do significado que uma pessoa sensata poderia dar-lhe, sempre e 
quando se possa estabelecer que este foi o sentido que as partes pretenderam dar à 
cláusula, no momento da celebração do acordo. 
 
Critérios: 
 
 Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-
se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente... Art. 423 do CC/02. 
 A transação interpreta-se restritivamente... Art. 843 do CC/02. 
 A fiança não admite interpretação extensiva... Art. 819 do CC/02. 
 Prevalecerá a interpretação da cláusula testamentária que melhor assegure a 
observância da vontade do testador... Art. 1899 do CC/02. 
 
 
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DIREITO CIVIL III 
3. VÍCIOS REDIBITÓRIOS – Há no ordenamento jurídico em duas sistemáticas. Uma no CDC e outra 
no CC. 
 
 No CDC, arts. 18 e seg. 
 No CC arts. 441 ao 446. 
 
Para uns no CDC não há vício redibitório, mas sim vício do produto ou serviço. Para fazer a 
análise de qual legislação será aplicada, deve-se analisar qual é a relação jurídica, se 
consumerista ou do Código Civil. 
 
Vícios redibitórios: é o defeito que contém a coisa, o produto ou o serviço, objeto de contrato 
comutativo, oneroso e bilateral que torne imprópria ao uso ou prejudique o seu valor. 
 
Para o Código Civil há uma exceção em relação ao conceito acima. Em se tratando de doação 
(portanto contrato gratuito) desde que com encargo, pode reclamar caso haja vício redibitório, 
art. 441, § único CC/02. 
 
No Código Civil: 
 
 Objeto: coisa 
 
 defeito: oculto (analisa essa característica em relação a uma pessoa mediana) 
 efeitos: pode manejar ação redibitória (rescindir o contrato) será com perdas e danos se o 
alienante sabia ou tinha como saber do vício. Será sem perdas e danos se o alienante não 
sabia ou não tinha como saber, art. 443 CC. Também pode ajuizar ação “quanti minoris”, o 
adquirente continua com a coisa, porém haverá abatimento no preço, art. 442 CC/02. 
 
 Prazo: se for coisa móvel o prazo é de 30 dias; se for imóvel o prazo é de um ano. O termo 
inicial é da tradição art. 445 CC. Se o adquirente já estiver na posse da coisa (“traditio brevi 
manu”) os prazos caem pela metade, e o termo inicial será a partir da alienação. Se o vício se 
manifestar tardiamente o prazo inicia da descoberta, desde que respeite os prazos acima. 
 
 
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DIREITO CIVIL III 
 Garantia convencional: é a garantia que surge de uma convenção. Esse prazo não absolve a 
garantia legal. Primeiro corre o prazo da garantia convencional e após o prazo da garantia 
legal, art. 446 CC. Esse artigo fala em decadência, mas não esclarece se é a legal ou 
convencional, assim, para Maria Helena Diniz trata-se da garantia convencional, mas para 
Venosa a decadência de que trata o art. 446 CC é em relação à garantialegal. 
 
NO CDC 
 
 Objeto: produto ou serviço. 
 
 Defeito: oculto, ainda que aparente, de fácil constatação pode o consumidor reclamar 
 
 Efeitos: Pode pretender a devolução do produto com a restituição das quantias pagas. Pode 
ficar com o produto com o abatimento do preço. Somente para o CDC poderá a parte 
substituir o produto ou pedir a reexecução do serviço. Para o CDC há uma prazo de 30 dias 
para o fornecedor resolver o defeito. Esse prazo pode variar entre 7 e 180 dias. 
 
 Prazo: bem durável ou não durável, art. 26 CDC. Se o vício for em bem durável o prazo será 
de 90 dias, se for bem não durável o prazo será de 30 dias, tendo como termo inicial a 
entrega do bem. Vício oculto os prazos serão os mesmos, mas o termo inicial será da 
descoberta do defeito, art. 26, § 3º CDC. 
 
 Garantia convencional: art. 50 CDC. O prazo será complementar ao prazo legal. 
 
 Em relação aos prazos, o CC favorece o adquirente comparando com o CDC. Não há, neste 
aspecto, que se falar em diálogo das fontes, mas pode utilizar o diálogo da exclusão. Ou aplica a 
sistemática do CC ou do CDC. 
 
 Art. 445, § 2º CC - Se refere a venda de animais – o CC fala em “lei especial”. Lei especial para o 
CC é o CDC. Assim, se for relação de consumo aplica-se o CDC, mas se não for relação de 
consumo aplica-se o CC. 
 
 
 
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DIREITO CIVIL III 
4. EVICÇÃO (Art. 447 a 457 do CC/02) – É a perda da coisa em virtude de sentença judicial ou ato 
administrativo por quem a possuía como sua em favor de um terceiro, com direito anterior sobre 
ela. 
 
4.1. Sujeitos na evicção : 
 
 Alienante 
 Adquirente, evicto, evencido 
 Terceiro, evictor, evincente, evencente 
 
 Para reclamar por evicção o contrato deve ser oneroso, art. 447 CC. O adquirente para cobrar do 
alienante, deve-se analisar a boa ou má-fé do adquirente. Se de boa-fé, pedirá o valor do bem 
mais indenização pela evicção sofrida. 
 
 Se de má-fé, terá direito ao que pagou pelo bem (independe se houve ou não crime, deve-se 
olhar o princípio do não enriquecimento ilícito), art. 457 CC (esse artigo se refere à indenização e 
não em relação ao valor pago). 
 
 Pode reclamar evicção, ainda que tenha adquirido o bem em hasta pública. Neste caso surge a 
dúvida de quem será a responsabilidade. Para Alexandre Freitas Câmara, primeiro deve cobrar 
do executado, subsidiariamente do exeqüente, e caso este não tenha condições para pagar, o 
Estado será responsabilizado de forma subsidiária. Mas para Arakem de Assis a responsabilidade 
é solidária do Estado ( é uma corrente minoritária). 
 
 Art. 448 CC – Permite a cláusula de reforço ou cláusula de diminuição ou de exclusão da 
responsabilidade pela evicção. Para Maria Helena Diniz a cláusula de reforço não poderá ter o 
dobro do valor da coisa. 
 
 Mesmo havendo a cláusula de exclusão da responsabilidade, ainda assim o adquirente terá 
direito ao valor que ele pagou pela coisa, só será excluída a indenização. Para que seja afastada 
toda a responsabilidade do alienante, deve haver a cláusula de assunção ou ciência do risco, 
conforme art. 449 do CC/02. 
 
4.2 Poderá ocorrer a perda: 
 
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DIREITO CIVIL III 
 
a) Total: quando perde a coisa integralmente a coisa para terceiro. 
 
b) Parcial: quando o despojamento for em relação a parte da coisa. Pode ser considerável ou 
não considerável a perda do bem. Diz-se considerável quando perde parte importante do 
bem; parte que atinge a finalidade da coisa. Neste caso, poderá ocorrer duas situações: 
1- Pode rescindir o contrato. 
2- Pleiteia indenização pelo desfalque sofrido. Já a perda não considerável dará 
ensejo, apenas, ao pleito indenizatório. 
 
 
5. EXTINÇÃO DOS CONTRATOS 
 
5.1. Extinção Normal: ocorrerá pelo adimplemento 
 
5.2. Fatos anteriores à celebração: 
 
 Cláusula de arrependimento: Quando previsto, autoriza qualquer das partes a rescindir o 
ajuste, sujeitando-se à perda do sinal ou à sua devolução em dobro... Art 420 do CC/02. Não 
se confunde com o direito de arrependimento, art. 49 CDC. 
 
 Invalidade contratual: haverá invalidade ou por nulidade... Art. 166, 167 CC/02, ou 
anulabilidade... Art. 171 CC/02. A primeira decorre de transgressão a preceito de ordem 
pública e impede que o contrato produza efeitos desde a sua formação – ex tunc. A segunda 
advém da imperfeição da vontade. Não extinguirá o contrato enquanto não se mover ação 
que a decrete, sendo ex nunc os efeitos da sentença. 
 
5.3. Por Fatos Posteriores à Celebração: 
 
 Rescisão: o referido termo e usado como sinônimo de resolução e de resilição. Deve ser 
empregado, no entanto, para a dissolução de determinados contratos, como aqueles em que 
ocorreu com a lesão (Art. 157 do CC/02) ou estado de perigo (Art. 156 do CC/02). 
 
 
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DIREITO CIVIL III 
 Resolução: ocorre quando houver inadimplemento. Este pode ser voluntário (cabe perdas e 
danos), ou involuntário, que tem como causa o caso fortuito e a força maior (não cabe 
pagamento de perdas e danos) 
 
 Resilição: é o fim do contrato por vontade, que poderá ser bilateral ou unilateral. Será 
bilateral quando houver o distrato. É ato contrário do contrato, art. 472 do CC. Deve ter 
como forma a mesma que fora utilizada para a formação do contrato. Já a unilateral ocorrerá 
pela manifestação de vontade, apenas, de uma das partes. Esta forma de resilição é uma 
questão excepcional de direito potestativo que é permitida pela lei, ex: mandato, comodato, 
depósito, locação, art. 473 do CC. 
 
 Morte: ocorrerá nos casos de contratos pessoais ou personalíssimos, ex.: fiança. 
 
 
COMPRA E VENDA 
 
1. CONCEITO (ART. 481 - CC) 
 
→ Código Civil - Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a 
transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro. 
 
2. CARACTERÍSTICAS (NATUREZA JURÍDICA) 
 
 Bilateral ou Sinalagmático 
 Oneroso 
 Comutativo ou Aleatório 
 Consensual ou Solene 
 Translativo do Domínio 
 
3. ELEMENTOS DA COMPRA E VENDA 
 
 Consentimento 
 Preço 
 
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DIREITO CIVIL III 
 Coisa 
 → A Coisa deverá: 
 ter existência 
 ser individualizada 
 ser disponível ou estar in commercio 
 ter possibilidade de ser transferida ao comprador 
 
4. LIMITAÇÕES À COMPRA E VENDA 
 
→ Certas pessoas não têm legitimidade para contratar a compra e venda, em razão da sua condição 
peculiar frente ao negócio jurídico que se pretende realizar. 
 
 Venda de Ascendente a Descendente 
 Aquisição de Bens por Pessoas que Devem Zelar pelo Interesse do Vendedor 
 Venda de Coisa de Pessoa Casada. 
 Compra e Venda entre Pessoas Casadas. 
 Outros casos: 
 O Condômino 
 O proprietário de coisa alugada 
 Aos menores 
 
5. VENDAS ESPECIAIS 
 
 Venda Mediante Amostra - CC, art. 484. 
 Venda “ad mensuram” - CC, art. 500. 
6. CLÁUSULAS ESPECIAIS À COMPRA E VENDA 
 
1. Retrovenda; 
2. Venda a Contento e Sujeita à Prova; 
3. Da Preempção ou Preferência; 
4. Venda com Reserva de Domínio; 
5. Venda sobre Documentos. 
 
 
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DIREITO CIVIL III 
6.1. Retrovenda – CC, arts. 505/508. 
 
→ É a cláusula pela qual o vendedor se reserva o direito de reaver, em determinado prazo, o imóvel 
que vendeu, restituindo o preço pago mais as despesas feitas pelo comprador (CC, art. 505). 
 
6.2. Da Venda a Contento e da Sujeita à Prova - (CC, arts. 509/512). 
 
→ Ocorre quando se estipula no contrato a condição de que a coisa serátestada antes de ser 
considerada a venda definitiva. 
 
6.3. Da Preempção ou Preferência (CC, arts. 513/520). 
 
→ É a cláusula acertada pelos contratantes mediante a qual fica garantido ao vendedor o direito de 
adquirir a coisa vendida, quando o comprador resolver vendê-la a terceiro pelo preço e condições 
que este oferecer. 
 
6.4. Venda com Reserva de Domínio (CC, arts. 521/528). 
 
→ Por força desta cláusula contratual o comprador recebe a posse direta da coisa, permanecendo 
com o vendedor a propriedade até o pagamento integral da coisa. 
 
6.5. Venda sobre Documentos (CC, arts. 529/532). 
 
→ Tal modalidade de compra e venda tem maior uso no comércio marítimo de praça a praça e entre 
países distantes. 
 
LOCAÇÃO 
 
 
1. CONCEITO E DISPOSIÇÕES INICIAIS 
 
“Locação é o contrato pelo qual uma pessoa se obriga a ceder temporariamente o uso e gozo de uma 
coisa não fungível, mediante certa remuneração”. 
 
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DIREITO CIVIL III 
Caio Mário da Silva 
 
→ LEI DO INQUILINATO (Lei nº 8.245/91) - regula a locação de imóveis urbanos. 
 
→ CÓDIGO CIVIL - regula as locações de: 
 
1. de imóveis de propriedade da União, dos Estados e dos Municípios, de 
suas autarquias e fundações públicas; 
 
2. de vagas autônomas de garagem ou de espaços para estacionamento de 
veículos; 
 
3. de espaços destinados à publicidade; 
 
4. em apart-hotéis, hotéis-residência ou equiparados, assim considerados 
aqueles que prestam serviços regulares a seus usuários e como tais sejam 
autorizados a funcionar; 
→ ESTATUTO DA TERRA - regula a locação de imóveis rurais destinados a exploração da terra e da 
pecuária, independentemente de sua localização, aplicando-se subsidiariamente as disposições do 
Código Civil. 
 
2. CARACTERÍSTICAS 
 
 É contrato bilateral 
 É consensual 
 É oneroso 
 É contrato de trato sucessivo 
 É contrato temporário 
 É contrato não personalíssimo 
 
3. ELEMENTOS ESSENCIAIS 
 
 Consentimento 
 
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DIREITO CIVIL III 
 Coisa 
 Preço 
 Prazo 
 Forma 
 
4. DIREITOS E DEVERES DO LOCADOR 
 
4.1 DIREITOS DO LOCADOR 
 
1) Receber o pagamento do aluguel 
 
2) Cobrar antecipadamente o aluguel 
 
3) Exigir do Locatário, na locação de prédio urbano: 
a) Caução em dinheiro 
b) Garantia Fidejussória (Fiança) 
c) Seguro de Fiança Locatícia 
d) Cessão Fiduciária de Quota de Fundo de Investimento 
4) Mover ação de despejo. 
 
5) Reaver a coisa locada ou o prédio alugado. 
 
6) Autorizar a cessão e a sublocação e o empréstimo do prédio locado. 
 
7) Pleitear a revisão judicial do aluguel ou a atualização dos alugueis das locações residenciais e não-
residenciais. 
 
8) Ser comunicado da sub-rogação na locação. 
a) Por separação judicial, separação de fato ou divórcio. 
b) Por fim da união estável ou concubinária 
 
4.2 DEVERES DO LOCADOR 
 
1) Entregar ao Locatário a coisa locada em estado de servir ao uso a que se destina. 
 
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DIREITO CIVIL III 
 
2) Manter a coisa locada no estado de servir ao uso e gozo a que se destina, durante a vigência do 
contrato de locação. 
 
3) Responder pelos defeitos e vícios ocultos da coisa locada. 
 
4) Garantir o uso pacífico da coisa locada. 
 
5) Pagar: 
a) Os impostos que incidam sobre o imóvel locado; 
b) As taxas e despesas de administração imobiliária; 
c) As despesas extraordinárias de condomínio; 
d) Prêmios de seguro contra incêndio. 
 
6) Fornecer o recibo de pagamento do aluguel. 
 
7) Indenizar as benfeitorias úteis ou necessárias feitas pelo Locatário. 
 
8) Garantir o direito de preferência ao Locatário ou Sublocatário, em iguais condições com terceiro. 
 
5. DIREITOS E DEVERES DO LOCATÁRIO 
 
5.1 DIREITOS DO LOCATÁRIO 
 
1) Exigir do Locador: 
a) A entrega da coisa alugada; 
b) O recibo do aluguel; 
c) A manutenção do estado da coisa alugada durante o tempo de vigência do contrato de 
locação; 
d) A garantia do uso pacífico da coisa locada; 
e) A responsabilidade pelos vícios ocultos da coisa locada. 
 
2) Pedir ao Locador a relatório escrito do estado da coisa alugada, no momento do recebimento. 
 
 
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DIREITO CIVIL III 
3) Reter o bem alugado enquanto não for ressarcido: 
a) Por perdas e danos advindas da retomada antecipada da coisa locada pelo Locador; 
b) Pelas benfeitorias necessárias ou úteis, feitas com consentimento escrito do Locador. 
 
4) Ter direito de preferência para a aquisição do imóvel locado, no caso de Locador pretender aliená-
lo. 
 
5) Purgar a mora. 
 
6) Ser despejado mediante “Denúncia Cheia” ou “Denúncia Vazia”. 
 
7) Terá direito de sublocar, ceder e emprestar, desde que tenha o consentimento prévio e escrito do 
Locador. 
 
5.2 DEVERES DO LOCATÁRIO 
 
1) Servir-se da coisa alugada exclusivamente para o uso convencionado ou presumido. 
 
2) Tratar da coisa alugada como se fosse seu. 
 
3) Pagar o aluguel nos prazos ajustados., ou na falta de convenção, até o 6º dia do mês subseqüente 
ao vencido. 
 
4) Levar ao conhecimento do Locador os danos, que a este incumbe reparar, e as turbações de 
terceiros, que se pretendam fundas em direito. 
5) Restituir a coisa, no fim da locação, no estado em que a recebeu, salvo deteriorações decorrentes 
do uso regular. 
 
6) Pagar as despesas de limpeza, energia e água, gás, saneamento e despesas ordinárias de 
condomínio. 
 
7) Fazer reparos necessários na coisa alugada. 
 
8) Consentir nos reparos urgentes de que a coisa necessitar. 
 
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DIREITO CIVIL III 
 
9) Dar caução em dinheiro, garantia c/ fiança ou pagar seguro de fiança locatícia. 
 
10) Pedir consentimento escrito do Locador para sublocar, emprestar ou ceder os direito sobre a 
coisa locada. 
 
11) Responder pelo perecimento ou deterioração da coisa, se não provar caso fortuito, força maior, 
vícios de construção etc. 
 
6. EXTINÇÃO DO CONTRATO DE LOCAÇÃO DE COISAS 
 
1) distrato ou rescisão bilateral. 
 
2) retomada do bem alugado. 
 
3) implemento de cláusula resolutória expressa. 
 
4) perda total da coisa alugada. 
 
5) Perda parcial do bem locado por culpa do Locador ou do Locatário. 
 
6) vencimento do prazo contratual. 
 
7) desapropriação da coisa locada. 
 
8) morte do locatário. 
 
9) nulidade ou anulabilidade do contrato de locação. 
 
10) rescisão unilateral por inexecução contratual ou por infração à lei, tanto por parte do Locatário 
como por parte do Locador. 
 
11) extinção de usufruto ou fideicomisso. 
 
 
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DIREITO CIVIL III 
12) falência ou recuperação judicial de um dos contratantes. 
 
EMPRÉSTIMO 
 
Negócio jurídico pelo qual uma pessoa entrega uma coisa a outra, de forma gratuita, obrigando-se a 
devolver a coisa emprestada ou outra da mesma espécie e quantidade. 
 
Abrange duas espécies: COMODATO e MÚTUO 
 
ENTREGA 
DA 
COISA 
 
Para USO COMODATO 
Para CONSUMO MÚTUO 
Para GUARDA DEPÓSITO 
Para ADMINISTRAÇÃO MANDATO 
 
COMODATO (empréstimo de uso). 
 
1. CONCEITO 
 
“É o contrato pelo qual o Comodante entrega coisa móvel ou imóvel, infungível, ao Comodatário, 
gratuita e temporariamente, para a finalidade de uso e gozo”. 
João Franzen de Lima 
2. CARACTERÍSTICAS JURÍDICAS 
 
 Contrato Unilateral 
 Contrato Gratuito 
 Contrato Real 
 Contrato Pessoal (Intuitu Persona) 
 Contrato Temporário 
 
3. REQUISITOS 
 
a) Subjetivo 
b) Objetivo 
 
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DIREITO CIVIL

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