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ESTATUTO DO DESARMAMENTO

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Material exclusivo. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo. 
Vedada a distribuição, ainda que gratuita. 	
  
 
AUTORIA: PROFESSORA JULIANA MOREIRA 
 
ESTATUTO DO DESARMAMENTO 
Diplomas Legais a) Lei nº 10.806/03 – estatuto do desarmamento. b) Decreto nº 5.123/04 – regulamento do estatuto. c) Decreto nº 3.665/00 – R105 (Regulamento nº 105 do Exército, que foi 
atualizado pelo decreto). d) Art. 20, da Lei nº 11.922/09 – prorroga prazos dos arts. 30 e 32 do 
estatuto. 
 
Revogações a) Lei nº 9.437/97 (Lei de Armas) – os crimes estavam todos no art. 10. b) Decreto 2.222/97 – regulamento. 
 
Vigência do Estatuto 
23 de dezembro de 2003 (art. 37, do estatuto). 
Exceção: os arts. 29, 30 e 32, do estatuto, concederam prazos, o primeiro 
para a validade dos portes de arma de fogo expedidos antes do estatuto. O 
prazo findou 90 dias após, ou seja, em 20 de setembro de 2004, no que diz 
respeito exclusivamente ao art. 29. No que fiz respeito aos arts. 30 e 32, é 
preciso esclarecer: o art. 30 concedeu prazo ao possuidor ou ao proprietário 
de uma arma de fogo para sua regularização, ou seja, para registrá-la. 
Sucessivas medidas provisórias convertidas em lei prorrogaram o prazo 
inicial, que se findará em 31 de dezembro de 2009. Até lá, os interessados 
poderão obter o registro da arma fazendo prova da identidade, da residência 
e da origem lícita da posse da arma, esta última por qualquer meio admitido 
em direito. Ainda nesse prazo, esse registro, ou melhor, o interessado nele 
estará dispensado de satisfazer os demais requisitos previstos no estatuto e 
no seu regulamento (v.g., a prova da capacidade técnica e da aptidão 
psicológica, além do pagamento das taxas). O art. 32, por sua vez, concede o 
mesmo prazo para a entrega da arma à Polícia Federal, mediante 
indenização. 
Atenção: esses prazos que decorrem dos arts. 30 e 32, do estatuto, são 
conhecidos como abolitio criminis temporária ou vacatio legis indireta. 
 
	
  
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Crimes 
Art. 12. Posse irregular de arma de fogo de uso permitido 
 Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou 
munição, de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda 
no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do 
estabelecimento ou empresa: 
 Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 
 
Núcleos 
Possuir e manter sob guarda. 
É crime permanente. 
 
Sujeito Ativo 
Qualquer pessoa. As qualidades profissionais são indiferentes para punição 
deste crime. Diversamente ocorre nos crimes previstos do art. 14 até 18, do 
estatuto. 
 
Elemento Espacial do Tipo 
A ação deve ser cometida: a) Na casa do indivíduo; ou b) No local de trabalho, desde que ele seja o proprietário ou o 
responsável legal pelo estabelecimento ou empresa. 
 
Objetos Materiais de Uso Permitido a) Armas de Fogo b) Acessórios c) Munições 
 
Decreto 3665/00, art. 3º, XIII, traz definição de arma: 
	
  
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Definição de arma → “São artefatos que expelem projeteis utilizando a força 
expansiva de gazes, gerados pela combustão de um propelente e que ocorre 
numa câmara de explosão, que está associada a um cano, que serve para 
dar a um projétil direção e estabilidade”. 
Munição → Conceito de munição, art. 3º, LXIV: “é o artefato completo, 
pronto para carregamento e disparo...” ATENÇÃO: se os componentes do 
cartucho de munição forem apreendidos separadamente, será possível 
analisar a configuração de tentativa de recarregamento de munição, prevista 
no inciso VI, do p. único, do art. 16, do Estatuto. Esse crime é bem mais 
grave que o art. 12 porque ele é punido com reclusão de 3-6 anos e multa, 
enquanto que o segundo é sancionado com 1-3 anos de detenção. 
Acessório → Conceito de acessório, art. 3º, II: “são artefatos que acoplados 
a uma arma de fogo, aumentam a eficiência da arma e/ou melhoram o 
desempenho do atirador”. Exs: lunetas ópticas que não aproximam mais do 
que 6 vezes. Silenciadores e para chamas são acessórios de uso restrito, 
logo aplica-se o art. 16. Outros acessórios são irrelevantes penais, como 
acessórios decorativos etc. 
Uso permitido → Definição da classificação “uso permitido”: São artefatos 
que podem ser manuseados pelo cidadão comum, desde que expressamente 
autorizado. Há parâmetros técnicos indicados no art. 17 do decreto 3665/00 e 
uma relação exemplificativa nesse artigo de armas e outros artefatos de uso 
permitido” 
Exs de armas de uso permitido: revolveres até o calibre .38’’ e as pistolas até 
o calibre .380 mm; todas as armas automáticas, metralhadoras ou 
submetralhadoras e armas para emprego bélico são armas de uso restrito e 
portanto afastam o art. 12. 
Perícia → Perícia do objeto material: A perícia do objeto é indispensável para 
comprovar a capacidade vulnerante de armas de fogo e munições e a 
eficiência de acessórios. Essa conclusão decorre da natureza jurídica da 
grande maioria dos crimes previstos no Estatuto, que são de perigo abstrato. 
Não há crime sem risco, em suma. 
Arma de fogo obsoleta, arma de fogo desmontada; arma de fogo 
defeituosa; arma de fogo desmuniciada: 
Arma Obsoleta → Segundo decreto R105, são armas que não efetuam mais 
disparos, quer porque são muito antigas, quer porque para elas não exista 
mais munições. A hipótese de a arma ser obsoleta é muito difícil de 
concretizar-se , mas se ocorrer, a arma obsoleta não exige registro por não 
apresentar risco à coletividade. 
Arma desmontada: armas semi-automáticas, especialmente, ou automáticas 
devem ser desmontadas para sua manutenção. A remontagem das peças 
leva alguns segundos, tornando a arma apta para o disparo. Evidente que a 
	
  
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remontagem deve se realizar sem o emprego de ferramentas ou técnico 
especializado. 
Arma defeituosa: se o defeito detectado pelo perito puder ser contornado, 
superado, pela ação manual do atirador (ex: rodar tambor) haverá crime 
Arma desmuniciada: o fato de a arma encontrar-se sem munição é 
indiferente 
Elemento normativo do tipo (art. 12): “em desacordo com determinação legal 
ou regulamentar” 
O registro da arma de fogo concede ao cidadão o direito de tê-la em 
casa ou mantê-la no seu local de trabalho, no último caso desde que 
seja o proprietário ou representante legal do estabelecimento ou 
empresa. A AUTORIZAÇÃO É PRECÁRIA E DISCRICIONÁRIA. Não há 
direito líquido e certo de ter uma arma, não é direito subjetivo. A 
Autoridade competente analisará discricionariamente a concessão da 
autorização de registro. 
Para circular com arma de fogo é preciso ter uma outra autorização, 
conhecida como autorização de porte, ou ter uma autorização precária 
chamada autorização de trânsito. 
Registro → autorização administrativa e precária concedida pela Polícia 
Federal. 
Para obter o registro, é preciso satisfazer os seguintes requisitos: 
- ter mais de 25 anos; 
- comprovar idoneidade e residência certa; 
- ocupação lícita (não precisa ser remunerada); 
- capacidade técnica: curso de tiro → aferida por instrutor de tiro da PF ou 
entidade credenciada. 
- capacidade psicológica avaliada por psicólogo da polícia federal ou entidade 
credenciada. 
→ deve ser renovado periodicamente a cada 3 anos, nos termos do art. 16, 
§3º, do Regulamento. 
→ é Válido em todo território nacional, mas qualquer deslocamentoda arma 
de fogo exige prévia autorização da PF. 
→ é obrigatório para todas as AF, menos as consideradas pela lei como 
obsoletas (aquelas que não efetuam mais disparos, quer porque são muito 
antigas, ou por que para elas não se fabricam munições. 
→ O registro concede direitos e deveres: 
	
  
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Direito de (I) Ter uma Arma em casa ou no local de trabalho e não retirá-la do 
local 
 
Dever de: 
I- Venda só após a autorização da PF 
II- Comunicação Imediata de qualquer ocorrência que envolva a arma. 
III- Comunicação de novo endereço 
IV- Guardar a arma com cautela → poderá o proprietário ou possuir 
responder pelo crime do art. 13 (omissão de cautela na guarda de 
arma→ crime culposo), desde que pessoa menor de 18 ou 
deficiente mental dela se apodere. 
 
“abolitio criminis” temporária ou “vacatio legis” indireta: 
O art. 30 do Estatuto do desarmamento concedeu a proprietários e 
possuidores de AF, sucessivos prazos para a regularização da posse. Para 
as armas de uso permitido, esse prazo foi de 23/12/2003 a 31/12/2009. 
Para as de uso restrito, no entanto, o prazo iniciou-se em 23/12/2003 e 
findou em 25/10/2005. Trata-se de período de antijuricidade da conduta. O 
fenômeno jurídico ora tratado também é conhecido como vacatio legis 
indireta. 
O art. 32 do Estatuto permite que o possuidor de uma arma em situação 
irregular, mesmo findo tais prazos de regularização, independentemente de 
ser de uso restrito ou permitido, poderá entregá-la espontaneamente. Se 
o fizer, será presumida sua boa-fé, haverá o pagamento de indenização, e 
será considerada extinta a punibilidade do comportamento até então 
cometido. 
 O Estatuto, especialmente nos arts. 30 e 32, concedeu prazo inicialmente de 
180 dias para registrar arma de fogo que está na sua posse ou entregá-la à 
policia federal. 
É claro que durante tal prazo não há que se falar em crime do art. 12. 
Registra-se que os prazos do art. 30 e 32 foram sucessivamente prorrogados 
por medidas provisórias e leis. A última delas, a lei nº 11.922/09, prorrogou 
até 31.12.09 os prazos de registro e entrega. 
 
Pena do art. 12: detenção, de 1 a 3 anos, e multa. 
 
	
  
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Art. 14 – Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Permitido 
 “Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, 
transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, 
manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso 
permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a 
arma de fogo estiver registrada em nome do agente.” 
 
O art. 14 é crime de ação múltipla. Além do verbo portar outros 12 estão 
previstos na redação do tipo. 
 Comecemos com os de natureza permanente: portar, deter, ter em 
depósito, guardar, ocultar e transportar. 
Os sete restantes ensejarão crimes instantâneos: adquirir, fornecer, 
receber, ceder ainda que gratuitamente, emprestar, remeter e empregar. 
É crime comum. Art. 20 (aumento de metade). Em se tratando dos 
indivíduos mencionados nos arts. 6º, 7º e 8º, do estatuto (membros das 
forças armadas, policiais, guardas municipais, membros do MP e da 
magistratura, etc.) a pena poderá ser aumentada de metade, nos termos 
do art. 20, do estatuto. Aliás, o art. 20 é aplicável a partir do art. 14 até o 
18. 
Objetos materiais: armas de fogo, acessórios e munições. 
A perícia é imprescindível. A perícia tem que provar o poder vulnerante 
das armas e munições, bem como a eficácia dos acessórios. → o crime 
é o mesmo para armas, munições ou acessórios. 
Ausência de Munição → é indiferente para a configuração do crime, uma 
vez que haverá aplicação do art. 14, em se tratando de simples porte de 
munição ou acessório. Ministra Ellen Gracie afirma que o fato da arma estar 
sem munição não lhe retira a lesividade e a natureza de arma de fogo. 
Continua sendo utilizável para a prática de vários crimes 
Nota: se a ação envolver arma de fogo de uso permitido e restrito 
preponderará o art. 16 sobre o art. 14, pois o primeiro é punido mais 
severamente, isto é, com reclusão de 3 a 6 anos, enquanto que o art. 14 tem 
como pena reclusão de 2 a 4 anos. A solução de crime único decorre da 
identidade de objetividade jurídica (segurança coletiva) e de sujeito passivo, 
além de serem ambos os crimes de perigo abstrato e mera conduta. 
Sem autorização de porte→ é elemento normativo do tipo. Se tiver 
autorização de porte, não há qualquer crime em se portar a arma, acessório 
permitido ou munição. 
	
  
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Fiança e art. 14 – o § único do art. 14 que a proibia foi considerado 
inconstitucional pelo julgamento da ADIN nº 3.112, que ocorreu em 2007. 
Autorização de porte – trata-se de autorização administrativa de caráter 
discricionário que concede ao interessado o direito de circular com a arma de 
fogo. 
Espécies de Porte a) Porte Comum – é aquele concedido ao cidadão que preencha os 
seguintes requisitos: 
(a) Possuir registro da arma de fogo (preencher os requisitos do 
art. 4º, do estatuto). 
(b) Exercer atividade profissional de risco ou que estejam sob 
ameaça à sua integridade física. 
 b) Porte de Caçador → concedido também pela polícia federal, para caça 
de subsistência. Espingarda de calibre até 16, alma lisa → Ler art. 6, 
§5º e 6º. 
O porte comum está regulado no art. 10 do estatuto e art. 22 do regulamento. 
O porte é concedido a título precário, ou seja, pode ser suspenso ou cassado 
a qualquer momento. Na primeira hipótese, quando o titular da autorização 
não comunicar à polícia federal mudança de endereço ou ocorrência que 
envolva a arma (furto, perda, roubo, etc. – art. 25 do regulamento). A 
cassação, nos termos do art. 26 do regulamento ocorrerá: 
• Porte ostensivo. 
• Porte em local onde haja aglomeração de pessoas (v.g., locais para 
práticas de esportes, casas noturnas, aglomerações em locais 
públicos, etc.). 
• Porte em estado de embriaguez (álcool ou outras drogas). 
• Sob efeito de medicamentos que alterem a capacidade intelectual ou 
motora do indivíduo. 
16.11.09 c) Porte Funcional – é aquele inerente a determinadas profissões ou 
atividades que notoriamente envolvem risco. Essas atividades 
normalmente relacionam-se com segurança pública. No art. 6º, no 
entanto, faz-se menção às empresas de segurança privada ou de 
transporte de valores. No art. 6º, caput, estão as carreiras que têm 
legislação própria sobre arma de fogo, tais como MP e magistratura. 
Nos incisos estão mencionados os integrantes das forças armadas das 
polícias (ver art. 144, da CF), das guardas municipais, os auditores 
	
  
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fiscais da receita, do trabalho e analistas tributários, dentre outras 
carreiras. Alguns portes têm caráter permanente, outros só válidos no 
horário de trabalho, como é o caso de algumas guardas municipais 
(cidades com 50.000 a 500.000 habitantes) e nos casos das empresas 
de segurança e transporte de valores. O porte funcional, como regra, 
cessa com aposentadoria ou com desligamento da empresa. Exceção 
feita ao porte de magistrados, membros do MP e das polícias. Exige-
se, nesses casos, avaliação psicológica de 3 em 3 anos.O porte de 
policiais civis e militares é federal, desde que no exercício da função, e 
como conhecimento do superior hierárquico. O porte funcional de 
policiais civil ou militares pode ser suspenso em caso de má conduta 
funcional. Os policiais podem utilizar armas particulares no exercício 
da função, desde que devidamente registradas na corporação. 
 d) Por de Tráfego / Porte de Trânsito – o primeiro é concedido pelo 
exército para deslocamento de artefatos (v.g., arma, munição) de 
caçadores, atiradores e colecionadores. O exército expede uma guia 
de tráfego. O porte ou guia de trânsito é concedido pela polícia federal 
para o deslocamento de armas apenas registradas. 
 
Características do Porte – o porte é: a) Documental; b) Concedido por até 5 anos (art. 46, do Decreto 5.123); c) Concedido a título precário, porque pode ser suspenso ou cassado, 
nos casos dos arts. 25 e 26 do regulamento. O art. 25 trata da 
suspensão quanto o titular do porte não comunica ocorrência que 
envolva arma ou mudança de residência. O segundo diz que o porte é 
cassado: 
(a) No caso de porte ostensivo. 
(b) Ingresso com arma de fogo em local com aglomeração de 
pessoas tais como estádios de futebol, local para prática de 
outros esportes, estabelecimentos de ensino, local para 
diversão noturna, etc. 
(c) Estado de embriaguez (tem que estar portando a arma). 
(d) Sob efeito de medicamento que altere a capacidade motora ou 
intelectual. 
(e) Sob efeito de outras drogas. 
O porte tem limite territorial fixado pela autoridade que o concedeu. 
Art. 15 – Disparo com arma de fogo 
	
  
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 “Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou 
em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa 
conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime: 
 Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável.” 
 
Ele contempla duas condutas: (i) disparar arma de fogo; (ii) acionar 
munição. A munição pode ser acionada sem arma de fogo (v.g., jogar 
munição no fogo, bater martelo no cartucho). É difícil configurar na 
prática. 
Quanto ao sujeito ativo, o crime é comum, mas não podemos esquecer o art. 
20 (aumento da metade). É preciso que o disparo ocorra em local habitado 
ou suas proximidades (adjacências, ou via pública ou em direção a ela. Trata-
se de elemento espacial do tipo). 
Tiros efetuados dentro de residência causam inegável risco e, portanto, 
há crime. A ausência eventual de moradores ou local habitado é 
indiferente à tipificação da conduta. No que diz respeita à via pública, 
haverá crime ainda que esteja situada em local ermo. 
O número de disparos efetuados é relevante para a fixação da pena. 
Disparo efetuado com uso de arma de uso restrito – prevalece o art. 16, por 
ser crime punido mais gravemente (3-6 anos de reclusão) que o art. 15 (2-4 
anos de reclusão). 
É pacífico que o art. 14 (porte) absorve o art. 15. A absorção do art. 15 deve-
se ao fato de ser crime de perigo e protegerem a coletividade, além de terem 
ambos a mesma pena. 
Consumação – com o disparo ou acionamento da munição. É possível a 
tentativa, desde que a perícia afaste a hipótese de crime impossível por 
absoluta ineficácia do meio. Em outras palavras, a arma e a munição devem 
ser aptas para o tiro. 
Instrumento da infração → regra geral → só pode ser confiscado se o 
instrumento da infração for considerado ilícito, se o uso, porte, detenção do 
instrumento do crime for considerado ilícito. O juiz da sentença determinará o 
perdimento, portanto, da arma (que nas condições era ilícita) em favor da 
União, fundamentado pelo art. 91, inc. II , a, CP. São efeitos genéricos da 
condenação, II – a perda em favor da União, dos instrumentos do crime, 
desde que consistem em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou 
detenção constitua fato ilícito. 
Art. 20 (aumento de metade). Em se tratando dos indivíduos 
mencionados nos arts. 6º, 7º e 8º, do estatuto (membros das forças 
armadas, policiais, guardas municipais, membros do MP e da 
	
  
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magistratura, etc.) a pena poderá ser aumentada de metade, nos termos 
do art. 20, do estatuto. Aliás, o art. 20 é aplicável a partir do art. 14 até o 
18. 
O art. 15 é expressamente subsidiário. Onde se lê finalidade de prática de 
outro crime, entenda-se outro crime mais grave. 
O art. 15 é afiançável porque o seu § único também foi considerado 
inconstitucional. 
 
Art. 16, caput 
 “Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em 
depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, 
empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou 
munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar: 
 Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 
 Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: 
 I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de 
identificação de arma de fogo ou artefato; 
 II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la 
equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de 
dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz; 
 III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou 
incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar; 
 IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com 
numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, 
suprimido ou adulterado; 
 V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de 
fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e 
 VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, 
de qualquer forma, munição ou explosivo.” 
 
O caput do art. 16 contém 14 verbos, sendo, portanto, um crime de ação 
múltipla. Dentre esses núcleos, destacamos “possuir”, “portar”, “transportar”, 
“ocultar” ou “adquirir” armas de fogo, acessórios e munições, que devem ser 
exclusivamente de uso restrito. Essa classificação foi disciplinada no art. 
16 do Decreto 3.665/00. Lá você encontrará os parâmetros técnicos dessa 
classificação e um rol não exaustivo de artefatos que se enquadram como de 
uso restrito. Lembramos que revólveres com calibre superior a .38 polegadas; 
pistolas acima do calibre .380 mm; todas as armas automáticas; 
equipamentos para visão noturna; silenciadores e parachamas; armas 
dissimuladas; armas para exclusivo emprego pelas forças armadas, etc. 
	
  
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Nota: é evidente que a perícia desses objetos é imprescindível para a 
configuração do crime, uma vez que somente ela pode provar a eficiência 
para o tiro ou da função do acessório. Se numa mesma ação o agente 
empregar artefatos de uso restrito e permitido há uma única infração que será 
o art. 16. 
Quanto ao sujeito ativo dessas ações, não se esquecer do eventual emprego 
da causa de aumento do art. 20. A pena mínima de três anos impede por si 
só a concessão de fiança. Por essa razão o art. 21 do estatuto previa que nos 
casos dos arts. 16 e 17 não cabia liberdade provisória. Esse dispositivo foi 
considerado inconstitucional pela ADIN 3112. 
 
§ único do art. 16, I e IV 
Inciso I 
O inciso I do § único do art. 16 tipifica as ações de “suprimir” ou“alterar” 
marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de armas de fogo ou de 
qualquer outro artefato previsto na lei ora em estudo. Essas ações serão 
típicas ainda que envolvam artefatos de uso permitido, porque é relevante 
para o Estado que esses sinais de identificação permaneçam íntegros para 
que possamos utilizar as informações armazenadas nos dois cadastros 
federais: SINARM e SIGMA. 
Embora se trate de § do caput, a única ligação existente entre este e os 
incisos do § único reside na pena, idêntica para ambos. 
Quanto à competência, embora o agente procure burlar o controle federal 
sobre as armas, prepondera o objetivo de manter a segurança coletiva, que é 
tarefa dos Estados. O interesse da União, no caso, é apenas indireto. 
Portanto, a competência, quer no caso do inciso I, quer no inciso IV, é da 
justiça comum estadual. 
O inciso I é crime de conduta e resultado, sendo perfeitamente possível a 
forma tentada. A perícia comprovará a ausência de qualquer sinal 
identificador ou simplesmente sua alteração. 
Inciso IV 
Há cinco verbos: “portar”, “possuir”, “adquirir”, “transportar” ou “fornecer” è 
objeto material (arma de fogo exclusivamente) com numeração, marca ou 
qualquer outro sinal de identificação suprimido, raspado ou alterado. 
Trata-se de crime de mera conduta no qual a perícia se ocupará da 
comprovação da alteração ou desaparecimento dos sinais identificadores da 
arma. 
A competência, pelas razões já expostas no inciso I, é da justiça comum 
estadual. 
	
  
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§ único do art. 16, II 
O verbo é “modificar”. O objetivo é modificar uma arma de fogo de uso 
permitido e transformá-la em arma de uso restrito. O segundo objetivo é para 
induzir a erro o juiz, a autoridade policial e os peritos. 
Trata de modificação com dois objetivos. O primeiro deles é o de transformar 
uma arma de uso permitido em uso restrito. A perícia nesse caso indicará a 
modificação feita, a nova classificação da arma e a sua capacidade para o 
disparo. O segundo objetivo é o de induzir a erro autoridade policial, perito ou 
juiz. Neste caso, a perícia indicará a modificação incumbindo ao aplicador do 
direito o exame das demais provas de forma a identificar a finalidade 
perseguida pelo agente. 
 
30.11.09 
Inciso V 
O inciso V pune a entrega, o fornecimento de arma de fogo, acessório, 
munição ou explosivo a criança ou adolescente. Pune-se, ainda, a venda dos 
mencionados artefatos ao sujeito passivo já mencionado. Esse inciso 
derrogou o art. 242, do ECA. A aplicação deste artigo somente se justifica 
quando a ação envolver arma branca ou de arremesso. 
 
Inciso VI 
Trata-se de figura nova, pois tornou típica a ação de produzir, recarregar ou 
reciclar munição ou explosivo ou adulterá-los de qualquer forma. 
 
Art. 17 – Comércio Ilegal 
Trata-se de crime de ação múltipla, destacando-se dentre os vários núcleos 
os seguintes: alugar, desmontar, montar, remontar, adquirir, vender ou expor 
à venda. Essas ações exigem sujeito ativo especial, isto é, comerciante ou 
industrial, cuja ação seja cometida no exercício da atividade. Sustenta-se ser 
o art. 17 um crime habitual, o que é controvertido. Na verdade habitual é o 
exercício da atividade comercial e industrial, podendo então a ação típica ser 
única. O art. 17, em seu §, equipara qualquer forma de prestação de serviço, 
fabricação ou comércio irregular ou clandestino, ainda que cometidos em 
residência, à atividade comercial ou industrial mencionadas no caput. Trata-
se de crime doloso, de mera conduta, de perigo abstrato e próprio, como já 
vimos. A pena de reclusão, de 4 a 8 anos pode ser aumentada por dois 
motivos: 
	
  
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(i) Nos termos do art. 19, quando a arma de fogo, acessório ou munição 
for de uso restrito; (ii) No caso do art. 20, dependendo da carreira integrada pelo sujeito 
ativo. 
ATENÇÃO: o art. 21, considerado inconstitucional proibia a liberdade 
provisória (ADIN 3112). 
 
Art. 18 – Tráfico Internacional de Armas 
As ações puníveis são: importar, exportar ou favorecê-las de qualquer modo. 
Tratando-se de crime transnacional, a competência é da Justiça Federal. As 
ações típicas envolvem armas de fogo, acessórios e munições, de qualquer 
classificação. Não foram mencionados os explosivos, de modo que em 
relação a estes ainda aplicamos o crime de contrabando e descaminho 
descrito no art. 334, do CP. Do afirmado resulta que o art. 18 é norma penal 
especial em relação à figura do CP. A pena é a mesma do art. 17, assim 
como as hipóteses de aumento (arts. 19 e 20) 
 
 
ESTATUTO DO DESARMAMENTO (Lei 10.826/03) 
 
O Estatuto revogou a Lei 9437/97 (Lei de Armas), os crimes nela definidos 
são menos gravosos que o da nova lei, de modo que aos fatos cometidos na 
sua vigência ainda se aplica a antiga lei. 
 
O Decreto 5123/04 revogou o decreto 2222/97, que não se usa mais; o R-105 
é de 2000 e foi recepcionado pelo Estatuto que é de 2003. 
 
O Estatuto repetiu o que a antiga lei havia criado, que é SINARM (Sistema 
Nacional de Armas), que é um cadastro informatizado, instituído no âmbito do 
DPF. Preocupa-se com o cadastro das armas de uso permitido, coletando e 
armazenando informações sobre armas de fogo de uso permitido e seus 
proprietários. 
 
O SIGMA é outro cadastro informatizado gerido pelo exército, que coleta e 
armazena informações sobre armas de fogo de uso restrito, além de controlar 
o arsenal das forças auxiliares. 
 
Crimes (arts. 12 a 18) 
 
Posse irregular de arma de fogo de uso permitido 
 
	
  
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 “Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou 
munição, de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda 
no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do 
estabelecimento ou empresa: 
 Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.” 
 
Tanto este artigo como o art. 13 são infrações menos severas, no entanto, o 
art. 13 é infração de pequeno potencial ofensivo e o art. 12 não, os demais 
artigos possuem penas com ordem crescente em termos de severidade. 
 
O núcleo do tipo é “possuir” e “manter sob sua guarda”, que são infrações de 
natureza permanente, de situação de flagrância. 
 
A possibilidade de concurso de pessoas é tecnicamente admissível. No dia a 
dia forense, todavia, nem sempre é fácil a coleta de provas que demonstrem 
o vínculo subjetivo entre os suspeitos. 
 
Por se tratar de crime comum, o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa e o 
disposto no art. 20 não aplica aos arts. 12 e 13. O art. 20 estabelece um 
aumento de metade da pena se se tratar de integrante de uma das 
instituições mencionadas nos arts. 6º a 8º (basicamente policiais civis, 
militares, federais, magistrados e membros do MP, GCMs, empregados de 
transportadoras de valores, instituições financeiras, etc.). O sujeito passivo é 
a coletividade e a obejtividade jurídica é a manutenção de nível razoável de 
segurança coletiva, que é posta em risco com a existência da arma de fogo. 
 
No artigo em análise, há também o elemento espacial do tipo, que é a 
residência do possuidor da arma de fogo ou dependências dela, além do 
local de trabalho (aqui só é válido no caso de proprietário ou responsável 
legal do estabelecimento ou empresa). 
 
Este artigo é considerado como infração de menor gravidade, porque o risco 
da posse irregular é menor tendo emvista que a ação ocorre em locais 
confinados, específicos. 
 
A residência mencionada é do suspeito e, qualquer local que seja diferente 
dos estabelecidos por esse artigo e sendo a arma de uso permitido, o 
enquadramento dar-se-á no art. 14 que é punido com reclusão (aqui a 
punição é com detenção). 
 
No caso de ciganos (que não têm residência fixa), de traillers (que é 
considerado residência para fins do Estatuto), a boléia do caminhão, o 
taxista, etc. não se enquadram. A lei quer um local fixo, em que a pessoa 
possa ser encontrada. 
 
O objeto material é a arma de fogo, além de seus acessórios e munição de 
uso permitido. Se for de uso restrito enquadra-se noa RT. 16 e caso haja 
	
  
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apreensão de munição ou acessório, o crime está configurado (não há 
restrição quanto à quantidade). 
 
O conceito de arma de fogo está no art. 3º, XIII do R-105, isto é, são artefatos 
que expelem projéteis utilizando a força expansiva de gases gerados pela 
combustão de propelente confinado em uma câmara que, normalmente, está 
solidária a um cano que tem a função de propiciar continuidade à combustão 
do propelente, além de direção e estabilidade ao projétil. 
 
O projétil é expelido por conta de uma explosão, e ele só tem um caminho 
para seguir pelo cano, que é o que dá estabilidade para o prjétil e assegura a 
continuidade da explosão que se iniciou na câmara (exclui-se, portanto, as 
armas de ar comprimido, de mola, etc.). 
 
O cano tem um revestimento interno chamado de alma, que pode ser lisa ou 
raiada (revólver). O objetivo técnico é que quando o projétil desgruda do 
estojo, ele vai girando em volta de seu próprio eixo, cuja rotação é uniforme. 
 
Projétil incriminado é aquele encontrado no lugar do crime ou extraído do 
corpo da vítima; o projétil testemunha é feito na perícia para comparar com o 
projétil incriminado, e através das estrias, verifica-se se o projétil saiu da 
mesma arma. 
 
A perícia é absolutamente necessária, indispensável, porque somente ela 
pode avaliar a capacidade vulnerante dessa arma de fogo, ou seja, ela deve 
ser apta para disparo. Se a perícia detectar falha, o promotor ou o juiz pedem 
esclarecimento para saber se a arma tem poder de disparo, se a arma não 
puder ser acionada de qualquer forma, o fato será atípico. 
 
Ale disso, a perícia também poderá, nos casos de maior complexidade, 
distinguir ou esclarecer a classificação da arma de fogo, para permitir o 
correto enquadramento jurídico penal. 
 
Temos, ainda, as chamas armas de fogo obsoletas. Elas não efetuam 
disparos, mas há classificação que impedem sua existência, são artefatos 
que efetuam mais disparos, seja porque são muito antigas e tenham 
interesse histórico, ou seja, porque para elas não existem mais munição. 
Quando a arma é obsoleta não precisa registrá-la, logo, impede-se que 
incorra neste artigo. 
 
As armas de brinquedo não interessam para o Estatuto, pois este trata de 
armas de fogo; as armas de brinquedo ou simulação de arma podem ser 
utilizadas para intimidação na prática de vários delitos, especialmente no 
roubo simples. 
 
Nos termos do art. 3º, LXIV do Decreto 3665/00, munições são artefatos 
prontos para carregamento e disparo, cujo objeto primordial é o de destruir o 
alvo. Alvejar é tornar algo ou alguém como alvo e não atingir com o projétil. 
	
  
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A munição também pode ter como função a de iluminar o alvo ou de causar 
efeito moral sobre pessoas (ex: munições de borracha, gás alcrimogênio, 
etc.). 
 
A munição é composta pelo estojo é a parte que fica na arma, e dentro dela 
está confinada a pólvora. Existem munições que no seu interior estão as 
balengs, que são tipo bolinhas (munição de uma arma de calibre 12). Há, 
ainda, a espoleta, que é a parte da munição onde o “braço” da arma bate 
para dispará-la. 
 
A pessoa que tem todas essas partes separadas para montar munição não 
incorre no art. 12; se os componentes estiverem separados, não se trata de 
munição pronta para disparo, logo não se reconhece a consumação, mas a 
forma tentada prevista no art. 16, VI. 
 
Os acessórios são artefatos que, acoplados a uma arma de fogo, melhoram o 
desempenho do atirador ou minimizam um dos efeitos secundários do tiro, 
como por exemplo, os silenciadores, os tripés, as miras, etc. No entanto, há 
miras de uso permitido e de uso restrito; se aproximar mais do que 6 vezes, é 
de uso restrito (a mira a laser também é de uso restrito). O pente da arma 
não é acessório, e sim parte integrante da arma. 
 
A apreensão de qualquer quantidade de munição configura o crime. Há 
também crime na apreensão isolada dos acessórios, ou seja, 
independentemente da apreensão da arma. 
 
O fato de a arma estar desmuniciada é indiferente para os fins deste artigo. 
 
A apreensão de várias armas em um mesmo contexto configura crime único. 
Se dentre elas houver uma que seja de uso restrito, este artigo será 
absorvido pelo art. 16, que é mais severo e tutela o mesmo bem jurídico e 
tem o mesmo sujeito passivo. 
 
Se a arma estiver desmontada, ainda assim haverá incursão neste artigo, 
porque é possível remontar a arma. Evidentemente que se faltar uma peça 
ou não for possível um homem comum remontá-la, não haverá crime. Sendo 
possível remontá-la sem o emprego de ferramentas ou de pessoa 
especializada, haverá crime. 
 
É crime doloso, de perigo abstrato e de mera conduta. O elemento normativo 
é “em desacordo com determinação legal ou regulamentar”, ou seja, para 
poder possuir uma arma de fogo em casa ou no comércio é preciso ter 
registro. O registro da arma de fogo dá ao interessado o direito de possuir 
arma de fogo em casa, nas dependências desta ou no seu local de trabalho, 
desde que seja o representante legal ou o proprietário da empresa. 
 
	
  
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O registro é ato administrativo discricionário, regulamentado nos arts. 3º a º 
do Estatuto e no Regulamento. Só pode adquirir arma de fogo aquele que 
tem 25 anos ou mais e atende os requisitos do art. 4º: 
- esclarecer a efetiva necessidade da arma; 
- ser idônea, com a apresentação de certidões negativas e de não haver IP 
em andamento; 
- ocupação lícita e residência certa; 
- capacidade técnica e aptidão psicológica. 
 
O registro deve ser renovado a cada 3 anos e é obrigatório, salvo para as 
armas obsoletas. 
 
A lei 11706/08 prorrogou o prazo para o registro de armas irregulares e o da 
entrega espontânea às autoridades federais. Trata-se de norma de caráter 
temporário e que, portanto, não retroage; fala-se em descriminalização 
temporária ou abolitio criminis temporária. 
Essa lei é fruto da conversão da MP 417 e, apesar de ser inconstitucional, a 
questão está superada por ser benéfica. 
 
A Lei 11.706/08, bem como as medidas anteriores, suspendeu a eficácia do 
art. 12, pelo menos, até 31/12/08 (prazo limite, se não for prorrogado). 
 
Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido 
 
 “Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, 
transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, 
manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso 
permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a 
arma de fogo estiver registrada em nome do agente.” 
 
Trata-se de crime de conteúdo múltiplo, ou seja, mais de uma ação no 
mesmocontexto levará a um crime apenas. O núcleo do tipo é composto por 
13 verbos divisíveis em 2 grandes grupos: 
- permanentes: portar, deter, ter em depósito, guardar, ocultar e transportar. 
- instantâneos: adquirir, fornecer e receber, ceder, emprestar e remeter além 
de empregar. 
 
É crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa, mas temos a 
possibilidade de aplicar causa de aumento prevista no art. 20. Aumenta-se de 
metade a pena sempre que o sujeito ativo for integrante das instituições ou 
empresas mencionadas nos artigos 6º a 8º do Estatuto. Citamos por exemplo 
os membros das forças armadas, os integrantes das polícias (ver artigo 144 
da CF), guardas municipais, membros da magistratura e MP, agentes da 
ABIN, polícia da Câmara e do Senado, empregados de empresa de 
	
  
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segurança privada e de transportadora de valores, auditores da receita e etc. 
Todos esses possuem porte funcional. 
 
O sujeito passivo continua sendo a coletividade e a objetividade jurídica é a 
segurança coletiva. Os objetos materiais continuam sendo os 3 do art. 12: 
arma de fogo, acessórios e munição de uso permitido. A perícia continua 
imprescindível para verificar a capacidade vulnerante da arma. 
 
Se houver concurso de arma de uso permitido e de uso restrito, o de uso 
restrito prevalece. 
 
Porte é a autorização administrativa de caráter discricionário que concede ao 
interessado, embora o faça com restrições, o direito de circular com a arma 
de fogo fora de casa ou do local de trabalho, sendo ele proprietário de 
empresa ou representante dela (o registro é pressuposto para quem pleiteia o 
porte). São requisitos do porte: 
 
Ter a arma de fogo registrada em seu nome. Para isso o interessado cumpriu 
as exigências de idoneidade, capacidade técnica, aptidão psicológica, etc. 
Tratando-se de cidadão comum, o interessado desempenhar uma atividade 
profissional de risco ou estar sofrendo ameaça à sua integridade física. 
 
O porte de arma de fogo é proibido em todo o território nacional, conforme o 
art. 6º do Estatuto. Observando-se, no entanto, que a própria Lei, em caráter 
excepcional (art. 22 do Regulamento), concede o direito de portar arma ao 
cidadão. 
 
O porte tem caráter temporário, podendo ser concedido com prazo de até 5 
anos. Ademais, pode ser suspenso nas hipóteses do art. 25 do Regulamento, 
ou seja, quando o detentor da autorização não comunicar ocorrência com a 
arma ou mudança no seu domicílio. Ele também pode ser cassado quando: 
Ocorrer porte ostensivo, para o cidadão comum. Policiais, por exemplo, não 
estão limitados nesse sentido. 
Portar a arma em estado de embriaguez, sob o efeito de entorpecentes ou 
sob o efeito de medicamentos que alterem a capacidade motora ou 
intelectual. 
Portar a arma em local público. 
 
Há outras espécies de porte de arma e uma delas é o porte comum, 
concedido para o cidadão nos termos do art. 10 do Estatuto e art. 22 do 
Regulamento. Há também o porte funcional, concedido pelo Estatuto no art. 
6º, e para as carreiras com legislação própria (magistratura e o MP). 
 
O porte funcional, via de regra, tem caráter permanente, ou seja, ele é válido 
inclusive fora do local e horário de trabalho. Há profissões ou carreiras cujo 
porte de seus integrantes é valido somente durante o horário de trabalho, o 
que ocorre, por exemplo, com os empregados de empresa de segurança 
	
  
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privada ou de transporte de valores e para guardas municipais de cidades 
pequenas. 
 
No caso dos policiais civis e militares, o porte é válido em todo o território 
nacional, desde que estejam a serviço e estando ciente o superior 
hierárquico. O porte de magistrados e promotores é federal, válido em todo o 
Brasil. 
 
Em relação ao porte de arma municiada (art. 10 da Lei 9.437/97), a 
jurisprudência dos tribunais sustentava a atipicidade desta conduta, baseada 
no fato de a arma desmuniciada não efetuar disparos, mas passou-se a 
entender, especialmente após a vigência do Estatuto, que o fato de a arma 
não conter munição não a descaracteriza como arma de fogo. Reforça essa 
posição a constatação de que o art. 14 configurar-se-á se houver apreensão 
exclusivamente de acessório ou de munição. 
 
O parágrafo único deste artigo foi declarado inconstitucional pelo STF em 
razão do princípio da razoabilidade, entendendo que o rigor do legislador na 
punição deste crime foi exacerbada ao determinar que o crime fosse 
inafiançável (ADIN 3112). 
 
Disparo de arma de fogo 
 
 “Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado 
ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa 
conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime: 
 Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável.” 
 
 O verbo “disparar” está ligado à arma de fogo e o verbo “acionar” está 
ligdo à munição. A conduta que mais ocorre é o disparo de arma de fogo, 
mas pode haver o acionamento de munição sem o uso de arma de fogo, 
portanto, não há qualquer impropriedade no dispositivo em estudo. Há sim 
um excesso de zelo do legislador. 
 
Este artigo não distingue o tipo de arma, portanto, há duas situações 
possíveis: 
 
 a) Se a arma for de uso permitido, o porte, que é conduta anterior e 
necessária, é absorvido. 
 b) Se a arma for de uso restrito, é preciso considerar que, para ele, 
crime anterior foi cometido, consistente no art. 16, caput. Neste artigo a pena 
prevista para o porte é de 3 a 6 anos de reclusão, enquanto que a pena do 
art. 15 é de reclusão de 2 a 4 anos. Sendo assim, o crime do art. 16 
prevalecerá sobre o do art. 15. 
 
 Estes crimes são crimes de mera conduta, com mesmo sujeito passivo 
e objetividade jurídica, não se justificando a caracterização de concurso 
	
  
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material. Assim, pelo fenômeno da absorção, prevalece um dos dois crimes, 
nos moldes supra mencionados (o mais grave). Importante lembrar que o 
crime do art. 15 é crime subsidiário, ficando absorvido se houver crime mais 
grave, como no caso do art. 16. 
 
 Na ação "disparar arma de fogo", esta arma é instrumento da infração 
penal. Se a sua fabricação, uso, porte ou detenção configurar fato ilícito, 
haverá o seu confisco, nos termos do art. 91, II, "a" do CP. Munição, ao 
contrário, é objeto material, não podendo ser confiscado. 
 
Nos crimes já estudados, a perícia do objeto material sempre foi considerada 
imprescindível para verificar a potencialidade lesiva de uma arma ou de 
munição. Isso não ocorre aqui, pois a prova testemunhal pode assegurar ao 
juiz o efetivo funcionamento da arma, por vezes até a prova oral é 
acompanhada de vestígios do disparo. 
 
Admite-se a forma tentada, pois o disparo ou o acionamento da munição 
podem não ter ocorrido por circunstância alheia à vontade do agente. 
Todavia, se a prova pericial indicar que a arma ou a munição não se 
prestavam ao disparo por algum problema técnico (arma com defeito, 
munição velha, etc.) tem-se crime impossível. 
 
 O crime é único, ainda que tenham sido efetuados dois ou mais 
disparos no mesmo contexto, podendo apenas o juiz aumentar a pena pelo 
maior ou menor número de disparos ou acionamentos por conta do risco 
produzido. 
 
O tipo ainda traz elementos espaciais: 
 
- em local habitado ou em suas adjacências: não importa, para a 
configuração do crime, a quantidade pessoas que habitam o local, se se trate 
de casa de veraneio e não tenhaninguém no local. A lei não define o que 
seja adjacência de um local habitado, de modo que se o disparo não foi 
efetuado em um centro urbano, é possível analisar a ocorrência de risco 
coletivo a partir da arma utilizada e do alcance do projétil por ela disparado, a 
velocidade e direção do tiro, sendo considerado o local habitado como 
referência e a inexistência de vias públicas ou privadas nas proximidades. 
 
- em via pública ou em direção a ela: independe se há alguém passando no 
momento, se é habitado, etc. Basta que seja via pública. 
 
 O art. 15 é crime de resultado doloso e punido com reclusão de 2 a 4 
anos, sem prejuízo da multa. O parágrafo único, que proibia a fiança, também 
foi declarado inconstitucional pela ADIN 3112. 
 
O art. 15 é crime expressamente subsidiário. Onde se lê no dispositivo 
"prática de outro crime", entenda-se "de outro crime mais grave". Os arts. 
	
  
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129, caput e 132 do CP são infrações menos severas, e, portanto, não 
absorvem o art. 15. 
 
Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito 
 
 “Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em 
depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, 
empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou 
munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar: 
 Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 
 Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: 
 I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de 
identificação de arma de fogo ou artefato; 
 II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la 
equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de 
dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz; 
 III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou 
incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar; 
 IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com 
numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, 
suprimido ou adulterado; 
 V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de 
fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e 
 VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, 
de qualquer forma, munição ou explosivo.” 
 
O art. 16 deve ser dividido em caput e parágrafo único, ainda que ambos 
sejam apenados da mesma forma, pois o objeto material é diferente. 
 
Trata-se de crime de conteúdo múltiplo, composto por 14 verbos que 
caracterizam o crime de forma diferente: 
- permanente: possuir, deter, portar, ter em depósito, transportar, manter sob 
sua guarda, ocultar 
- instantâneos: adquirir, fornecer, receber, ceder ainda que gratuitamente, 
emprestar, remeter, empregar 
 
O objeto material é dividido em arma de fogo, acessório e munição. Essa 
expressão é que difere este dispositivo do art. 14, que é de uso permitido O 
R-105, no art. 16 traz o que é uso restrito (acima de .38, bem como as 
pistolas acima de .380, pistolas automáticas, fuzil, etc.). Armas dissimuladas 
são de uso restrito (não parece arma, mas é). 
 
A perícia continua sendo imprescindível para verificar se a armas oferece 
risco ou não à coletividade. É irrelevante o número de armas de fogo 
apreendidas, sempre configurará um único crime. 
 
	
  
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O elemento normativo do tipo está na parte final do caput: “sem autorização e 
em desacordo com determinação legal ou regulamentar”. 
A única vinculação existente entre o parágrafo único e o caput envolve as 
sanções, idênticas para ambos. No mais, são figuras absolutamente 
independentes. Não obstante, foram criadas com o objetivo, que é o de 
redução de risco à segurança coletiva. 
 
Inciso I: suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de 
identificação de arma de fogo ou artefato. 
 
É de difícil aplicação em virtude da dificuldade envolvendo a elucidação da 
autoria dessas ações. O objeto material é arma de fogo e artefatos, podendo 
se incluídas as munições, os acessórios, artefatos explosivos ou incendiários. 
 
A perícia visará à comprovação do desaparecimento dos sinais de 
identificação do objeto material apreendido. 
 
A competência para o julgamento continua na justiça estadual, mesmo 
considerando que a ação criminosa tenha tido o objetivo de burlar os 
cadastros informatizados geridos pela Polícia Federal e pelo Exército e, 
portanto, no âmbito da União. Embora se vislumbre um interesse, ele é 
secundário. Prepondera o objetivo de proteger a segurança pública e essa 
tarefa incumbe especialmente aos Estados. Essa mesma explicação 
estende-se ao inciso IV. 
 
Trata-se de crime material sendo possível a ocorrência da forma tentada, 
pelo menos teoricamente. 
 
Inciso IV: portar, possuir, adquirir, transportar e fornecer arma de fogo, 
exclusivamente, com numeração, marca, com qualquer sinal de identificação 
suprimido, raspado ou adulterado. 
 
O inciso IV, diferentemente do inciso I, é crime de mera conduta e perigo 
abstrato, basta a ação para a consumação. Quanto à competência repetimos 
o dito no inciso I. 
 
Quer no inciso I, quer no IV, a classificação da arma de fogo ou qualquer 
outro artefato é indiferente: haverá crime mesmo que eles sejam de uso 
permitido. 
 
Inciso II: modificar com objetivos diversos: 
- transformar arma de fogo de uso permitido em arma de fogo de uso restrito: 
crime material, de mera conduta e de resultado; ou 
- dificultar ou induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz: crime formal, ou 
seja, consuma-se independentemente da dificuldade ou do erro da 
autoridade policial, do perito ou do juiz (ocorrendo a dificuldade há o 
exaurimento). 
	
  
Material exclusivo. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo. 
Vedada a distribuição, ainda que gratuita. 	
  
Inciso III: visou punir com maior severidade as ações típicas de possuir, 
deter, fabricar e empregar artefato, explosivo ou incendiário sem autorização. 
 
O dispositivo revogou parcialmente o art. 253 do CP exclusivamente quanto 
ao objeto material engenho explosivo. Registra-se que engenho explosivo e 
artefato explosivo significam a mesma coisa. Quando se tratar de gás tóxico 
ou asfixiante ou material para produzi-los, continuamos a aplicar o art. 253. 
 
Inciso IV: possuir, portar, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com 
numeração raspada, suprimida ou alterada. É crime de mera conduta. 
 
Inciso V: revogou parcialmente o art. 242 do ECA, pois ele pune a venda, a 
entrega ou fornecimento, ainda que gratuito, de arma de fogo, acessórios, 
munições ou explosivos para crianças ou adolescentes. O art. 242 ECA só é 
utilizado para armas brancas (faca) ou de arremesso (arco e flecha, tacape, 
etc.). 
 
Inciso VI: é figura nova em relação à lei revogada, pois ela se preocupa em 
coibir a produção, a reciclagem ou o recarregamento de munição ou 
explosivo e a sua adulteração (só o exército tem autorização). 
 
O art. 21, que vedava a liberdade provisória para os arts. 16, 17 e 18, foi 
declarado inconstitucional (ADIN 3112). 
 
 
 
 Comércio ilegal de arma de fogo 
 
 “Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em 
depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou 
de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de 
atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessórioou munição, sem 
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
 
 Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. 
 
 Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para 
efeito deste artigo, qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou 
comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência.” 
 
Trata-se de crime de conteúdo múltiplo, composto por 14 verbos que 
caracterizam o crime de forma diferente: 
- instantâneos: adquirir, alugar, receber, desmontar, montar e remontar, 
adulterar, vender, expor a venda ou de qualquer forma utilizar em proveito 
próprio ou alheio. 
- permanentes: transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito. 
 
O dispositivo não discrimina se a arma de fogo é de uso permitido ou restrito. 
	
  
Material exclusivo. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo. 
Vedada a distribuição, ainda que gratuita. 	
  
 
Trata-se de crime especial ou próprio, porque o sujeito ativo é pessoa que 
desenvolva atividade comercial ou industrial envolvendo armas de fogo, 
acessórios ou munições. Essa atividade comercial ou industrial, também se 
configura em qualquer forma de prestação de serviço, fabricação ou comércio 
irregular ou clandestino inclusive se exercido em residência. 
 
Trata-se de crime de mera conduta, doloso e de perigo abstrato. As suas 
penas serão aumentadas de metade em 2 hipóteses: 
- quando o sujeito ativo, além de ser comerciante ou industrial, integrar as 
empresas ou as instituições do art. 20; 
- quando o objeto material for de uso restrito (art. 19 do Estatuto). 
 
Tráfico internacional de arma de fogo 
 
 “Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território 
nacional, a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem 
autorização da autoridade competente: 
 Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.” 
 
A competência é da justiça federal nos termos do art. 109, V da CF. Este 
dispositivo derrogou o art. 334 do CP (contrabando ou descaminho), salvo 
em relação a explosivos e artefatos incendiários. A pena é a mesma do art. 
17, inclusive aplicando as mesmas causas de aumento.

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