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ATRIBUIÇÕES DA CÂMARA DOS DEPUTADOS E DO SENADO FEDERAL

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1 
 
ATRIBUIÇÕES PRIVATIVAS DA CÂMARA DOS DEPUTADOS E 
DO SENADO FEDERAL 
 
SANTOS, Anderson de Paula 
DE ALMEIDA, Disael Rodrigues 
MENDES, Eliton Mello 
CHUERI, Leandro Antonio R. 
JUNIOR, Mario Sydow 
ARAUJO, Matheus Aparecido de Lima 
LOPES, Miguel Arcanjo França 
Acadêmicos do curso de Graduação em Direito da Faculdade de Ciências Sociais e Agrárias de Itapeva 
JUNIOR, Jorge dos Santos 
Especialista em Direito, docente da Faculdade de Ciências Sociais e Agrárias de Itapeva 
 
RESUMO 
Montesquieu em seu livro Do espírito das leis definiu e propagou o Princípio da Separação dos 
Poderes, se tornando um dogma Constitucional da Revolução Francesa a ponto da Declaração dos 
Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 declarar que não teria Constituição a sociedade que não 
assegurasse a separação dos poderes, tal o entendimento que este princípio constituiu técnica de 
extrema relevância para a garantia dos Direitos do Homens, como ainda o é. Assim, com a cisão dos 
Poderes, temos uma tripartida ramificação, sejam o Poder Executivo, Poder Legislativo e o Poder 
Judiciário, sendo que a cada um compete funções típicas e funções atípicas, entretanto há funções 
ou competências que são estritamente privativas. Tais funções exclusivas é o tema da presente 
pesquisa científica 
Palavras-chave: Congresso Nacional, Câmara dos Deputados e Senado Federal, atribuições 
privativas. 
 
ABSTRACT 
Montesquieu in his book laws spirit defined and propagated the separation of powers principle, 
becoming a constitutional dogma of the French Revolution to the point of the Declaration of the Rights 
of Man and of the Citizen of 1789 states that there wouldn’t a Constitution society not ensured 
separation of powers as the understanding that this principle constituted extremely important 
technique for the guarantee of the Men Rights, and still is. Thus, with the separation of powers, we 
have a three-way branch, are the Executive, Legislature and the Judiciary, and each competes 
functions typical and atypical features, though there are functions or powers that are strictly private. 
Such unique features is the theme of this scientific research 
Keywords: Congress, House of Representatives and the Senate, exclusive duties. 
 
 
 
 
2 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 
 Cada Poder Estatal possui suas atribuições particulares e específicas, típicas 
ou atípicas, privativas ou não, entretanto tal divisão clara de competências dos 
Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário nem sempre se deu dessa forma, como 
hoje é instituído pela Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, a 
classificada Constituição Cidadã. 
Preliminarmente, cumpre ressaltar que os doutrinadores da matéria são 
uníssonos ao revelarem que não foi Montesquieu o primeiro autor a tratar da 
tripartição de poderes. Aristóteles, em sua obra Política, conjecturava a existência de 
três funções distintas exercidas pelo soberano, a saber: a função de editar normas 
gerais oponíveis a todos, a de aplicar essas normas e a de dirimir conflitos oriundos 
da execução dessas no caso concreto (LENZA, 2011, p. 433). 
A gênese da separação de poderes se encontra sugerido em Aristóteles, Jonh 
Locke e Rousseau, que veio a ser definida e propagada por Montesquieu em seu 
livro De l’esprit des lois (Do espírito das leis). Teve objetivação positiva nas Cartas 
Magnas das ex-colônias inglesas da América, concretizado em definitivo na 
Constituição dos Estados Unidos de 17 de setembro de 1787 (AFONSO DA SILVA, 
2006, p. 109). 
 Se faz mister não olvidar que o princípio da separação dos poderes se tornou 
um dogma constitucional na Revolução francesa, a ponto do artigo 16 da Declaração 
dos Direitos do Homem e do Cidadão de 26 de agosto de 1789 declarar que não 
teria Constituição a sociedade que não assegurasse a separação dos poderes, tal o 
entendimento que este princípio constituiu técnica de extrema relevância para a 
garantia dos Direitos Humanos. 
 A relação deste princípio da separação dos Poderes com o tema da presente 
pesquisa é estreita e íntima, a final, é por meio dessa separação que cada Poder 
possui sua função estrita e privativa, assim trazendo o chamado check and balance, 
ou seja, freios e contrapesos, onde cada Poder impõe limites ao outro ao passo que 
contribui harmonicamente com o outro Poder para que a Democracia se desenvolva 
e se concretize ainda mais. Tais funções privativas, especificamente do Poder 
Legislativo, é o bojo do trabalho em epígrafe. 
 
3 
 
2. DO CONGRESSO NACIONAL E SUA ORGANIZAÇÃO BICAMERAL 
 
 
 Na Democracia representativa, onde o povo elege seus representantes, como 
no Brasil, tradicionalmente o Legislativo é confiado a órgão que devem representar o 
povo e por ele decidir em questões federais. 
 O egrégio doutrinador Ferreira filho (2001, p. 165) cita a lição de Montesquieu: 
 
 
“Como, num Estado livre, o homem, que se reputa ter alma livre, 
deve ser governado por si próprio, seria preciso que o povo tivesse o 
poder legislativo. Mas como isso é impossível nos grandes Estados, 
e sujeito a muitos inconvenientes nos pequenos, é preciso que o 
povo faça por seus representantes tudo o que não pode fazer por si 
próprio”. 
 
 
Todavia, seria uma utopia esperar que o poder legislativo estivesse nas mãos 
do povo, logo, esse poder fora entregue ao corpo de representantes organizados em 
duas câmaras, por meio da soberania popular, ou seja, sufrágio universal do voto. 
A função legislativa, ou seja, a competência de criar e publicar novas normas 
em nível nacional é de competência da União, sendo exercido, tal poder, pelo 
Congresso Nacional, que se constitui da Câmara dos Deputados e do Senado 
Federal, integrados respectivamente por Deputados e Senadores (AFONSO DA 
SILVA, 2014, p. 513). 
 Na Carta Magna Brasileira é tradicional a organização do Poder Legislativo 
cindido em duas câmaras (ou duas casas), tal divisão é classificado como 
bicameralismo, sistema esse que possui sua gênese, digo, origem desde o Império 
no Brasil, com exceções nas Constituições de 1934 e 1937, que se utilizaram do 
unicameralismo, sistema em que o Poder Legislativo é composto por apenas uma 
única câmara. 
 Discute-se deveras as vantagens e desvantagens de um sistema em face do 
outro (bicameralismo versus unicameralismo). Não obstante, desde da promulgação 
da Constituição dos Estados Unidos da América (EUA), surge esse dogma que 
repele a ideia do unicameralismo, haja visto que o bicameralismo (sistema aplicado 
ao Brasil), possui a câmara dos deputados, que é o representante do povo, e, do 
4 
 
outro lado, o Senado Federal, este contendo representantes dos Estados da 
Federação. A regra geral é o bicameralismo, isto é, a existência de duas Câmaras 
que, em pé de igualdade ou não, participam do desempenho das tarefas 
ordinariamente confiadas ao Legislativo (FERREIRA FILHO, 2001, p. 165). 
 Os que defendem o unicameralismo aduzem que este sistema é menos 
conservador que o bicameralismo, pois naquele ocorre um maior avanço 
democrático, na medida que canaliza e exprime melhor os anseios sociais, tendo em 
vista que o crivo para se aprovar medidas seria apenas em uma câmara, diminuindo 
a possibilidade de divergências e conferindo maior celeridade aos trabalhos 
legisferantes (AFONSO DA SILVA, 2014, p. 513-514). 
 Se faz necessário expor que no bicameralismo nacional não há 
predominância de uma câmara sobre a outra. Legalmente e formalmente, contudo, a 
Câmara dos Deputados goza de certa primazia no que concerne à iniciativa 
legislativa, pois é em face dela que o (a) Presidente da República, o Supremo 
Tribunal Federal (STF), os Tribunais Superiores e os cidadãos promovem a iniciativa 
do processo de elaboração das leis, em consonância com o art. 61, § 2º, e art. 64, 
ambos da Constituição da República Federativa do Brasilde 1988 (CRFB/88). In 
verbis: 
 
 
CRFB/88. Art. 61. “A iniciativa das leis complementares e 
ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos 
Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao 
Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos 
Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos 
cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição. 
(...) 
§ 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à 
Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, 
um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco 
Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de 
cada um deles. 
(...) 
Art. 64. “A discussão e votação dos projetos de lei, de iniciativa do 
Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos 
Tribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados”. (Grifos 
nossos). 
 
 
5 
 
 Dessa forma, por apenas uma questão formal prevista na Carta Magna é que 
se observa que para a inciativa popular de lei ou pelos outros Poderes da União 
(Executivo e Judiciário), ou até mesmo do Ministério Público, deve ser submetido à 
Câmara dos Deputados, conferindo à esta, portanto, uma certa prevalência quanto a 
submissões de projetos de leis de iniciativa externas ao Congresso Nacional. 
 Enfim, determinadas atribuições do Congresso, quanto ao seu conteúdo e 
objeto, competem ao Congresso Nacional com a sanção do (a) Presidente da 
República; outras são de competência exclusiva do Congresso Nacional sem a 
sanção presidencial. Do exame dessas atribuições do Congresso se observa que 
ora são políticos-gerais, ora são administrativas, ora são judiciárias, ou seja, ora são 
funções típicas, legislar, ora são funções atípicas, gerenciar, julgar, administrar, etc. 
(PINTO FERREIRA, 2001. p. 327). 
 Mas são as competências privativas do Poder Legislativo, que dispensam 
sanção, logo, ratificação presidencial, que são o foco do presente artigo, como se 
aduzirá infra. 
 
 
2.1 Das atribuições privativas da Câmara dos Deputados 
 
 
 Um dos ramos do Poder Legislativo Federal é a Câmara dos Deputados, que 
se compõem de representantes do povo, eleitos em cada Estado, Território e no 
Distrito Federal (DF) pelo sistema proporcional (AFONSO DA SILVA, 2014, p. 514). 
Seus membros gozam de mandato de 4 (quatro) anos. 
 Possui a Câmara dos Deputados algumas atribuições privativas, destarte, 
competências exclusivas, pois são insuscetíveis de delegação, assim, não é 
permitido a atribuição de suas funções exclusivas a outro Poder ou órgão, sendo 
que tais atividades a Câmara exerce sozinha. 
 Aludidas atribuições privativas são previstas no art. 51, incisos I ao V, da 
CRFB/88. Segue-se a transcrição da Lei Maior: 
 
 
CRFB/88. Art. 51. “Compete privativamente à Câmara dos 
Deputados: 
6 
 
I – autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de 
processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os 
Ministros de Estado; 
II – proceder à tomada de contas do Presidente da República, 
quando não apresentados ao Congresso Nacional dentro de 
sessenta dias após a abertura da sessão legislativa; 
III – elaborar seu regimento interno; 
IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, 
transformação ou extinção de seus serviços, e a iniciativa de lei para 
a fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros 
estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; 
V – eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 
89, VII”. 
 
 
 De acordo com Ferreira Filho (2001, p. 172), no inciso I, do art. 51, a Carta 
Magna institui que cabe à Câmara dos Deputados votar pela admissibilidade da 
acusação tanto do crime de responsabilidade (o denominado impeachment, arts. 85 
e 86 da CRFB/88), como os crimes comuns (tipificados pelo Direito Penal), do (a) 
Presidente da República e/ou de seus Ministros de Governo, por dois terços (2/3), 
em caso positivo. Caso haja procedência deste crivo de admissibilidade feita pela 
Câmara, leva-se a julgamento perante ao STF nos crimes comuns e perante ao 
Senado nos de responsabilidade, presidido pelo presidente da Suprema Corte. 
 Já o inciso II, do art. 51, da CRFB/88, aduz que a Câmara deve exigir a 
prestação de contas do (a) Presidente, se este (a) não as prestar no interregno de 
60 (sessenta) dias após abertura da sessão legislativa, já que a aprovação de 
contas e de gastos deve passar pela ratificação legislativa, em observância ao 
princípio da legalidade (art. 37, caput, da CRFB/88), que a Administração Pública 
jamais deve olvidar, ou seja, ignorar. 
 O inciso III, do mesmo diploma legal, imputa à Câmara a elaborar seu próprio 
regimento interno, ou seja, as regras procedimentais, formais e principiológicas que 
irão nortear todos os trabalhos na casa legislativa em questão, o que a Câmara já o 
fez. 
 Todas essas funções (incisos II, III), são as chamadas funções típicas do 
Legislativo, ou seja, baseiam-se na criação de normas, contudo os incisos I, IV e V, 
tratam de funções atípicas, ou seja, que vão além de sua função essencial de editar 
e publicar normas. 
O inciso I, trata de julgamento no que tange a admissibilidade de acusações, 
ou seja, a Câmara deve emitir uma sentença de pronúncia, o que, em tese, seria 
7 
 
atividade do Poder Judiciário. O inciso IV dispõe sobre a organização e gerência da 
câmara, no poder de polícia e criação (concurso público) e extinção de cargos, com 
a instituição de suas respectivas remunerações. E o último inciso, V, concede à 
Câmara o condão de eleger dois membros do Conselho da República. 
 Logo percebe-se, que os inciso I, IV e V, trazem funções atípicas, de natureza 
de gestão, o que em regra seria do Poder Executivo, mas que o Legislativo possui 
como competência privativa. Mas os incisos II e III, tratam de funções legislativas, 
enquanto o inciso I, por mais que não aprecie o mérito de processo de impedimento, 
julga a admissibilidade, função atípica, que seria de natureza do Poder Judiciário. 
 
 
2.2 Das atribuições privativas do Senado Federal 
 
 
O Senado brasileiro é, pois, uma Câmara componente do Congresso 
Nacional, de caráter federal, embora com laivos, ou seja, vestígios de inspiração 
moderadora, ou seja, o Senado acaba dando, por vontade expressa, a palavra final 
em assuntos que são submetidos ao crivo do Congresso Federal. Cumpre, o 
Senado, estruturalmente, o papel de representar na gestão do interesse nacional 
dos Estados-Membros da Federação (FERREIRA FILHO, 2001, p.169). 
Assim, a Constituição, tal como as anteriores republicanas, declara que o 
Senado Federal é composto por representantes dos Estados e do Distrito Federal, 
elegendo, cada Estado, 3 (três) Senadores (com dois suplentes cada), para um 
mandato de 8 (oito) anos, firmado na tese do Senado como câmara representativa 
dos Estados federais, para que cada Estado e o DF participem das decisões de 
âmbito nacionais (AFONSO DA SILVA, 2014, p. 515). 
 As funções exclusivas do Senado Federal estão previstas na Carta Magna de 
1988, em seu art. 52, e em seus incisos subsequentes, entretanto, no presente 
artigo científico se analisará apenas os incisos I, II e III, do artigo supramencionado. 
Segue-se a Lei instituída na Constituição: 
 
 
CRFB/88. Art. 52. “Compete privativamente ao Senado Federal: 
8 
 
I – processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República 
nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e 
os Comandante da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes 
da mesma natureza conexos como aqueles; 
II – processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os 
membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional 
do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o 
Advogado-Geral da União noscrimes de responsabilidade; 
III – aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pública, a 
escolha de: 
a) magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição; 
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo 
Presidente da República; 
c) Governador de Território; 
d) Presidente e Diretores do Banco Central; 
e) Procurador-Geral da República; 
f) titulares de outros cargos que a lei determinar; 
(...) 
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará 
como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se a 
condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos 
do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito 
anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais 
sanções judiciais cabíveis”. 
 
 
 É o Senado, de pleno direito, integrante do Legislativo, não podendo aprovar-
se lei sem que tenha oportunamente se manifestado sobre o projeto. Em 
decorrência, contudo, do processo adotado pela Constituição para a feitura das leis, 
é normalmente uma Câmara de revisão. Como visto acima, o Senado possui certo 
número de competências privativas, algumas oriundas da imitação de instituições 
alienígenas (estrangeiras), outras, de seu caráter federal, terceiras, de sua 
inspiração moderadora (que fiscaliza e dá a palavra final) (FERREIRA FILHO, 2001, 
p. 170). 
 “Cabe-lhe, assim, uma intervenção no desempenho da função executiva que 
transparece no fato de ser exigida a sua ratificação para certas nomeações” 
(FERREIRA FILHO, 2001, p. 170). 
As explicações a seguir do art. 52, foram extraídas do site do próprio Senado 
Federal (VIDE item 4. Referências Bibliográficas): Uma das competências privativas 
do Senado é o direito de processar e julgar o presidente da República e outras altas 
autoridades nos crimes de responsabilidade. Para isso, a Casa assume a função de 
órgão judiciário, ou seja, uma função atípica, e é presidido pelo presidente do 
Supremo Tribunal Federal. Mas, para instalar processo contra o Presidente, o Vice-
9 
 
presidente ou contra os Ministros de estado, é necessária autorização da Câmara 
dos Deputados. Já para processar os ministros do Supremo Tribunal Federal, o 
Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União por crime de 
responsabilidade não há necessidade de autorização, conforme art. 52, inciso I e II, 
parágrafo único, da CRFB/88. 
Outra competência privativa do Senado é aprovar ou rejeitar a escolha de 
magistrados, do procurador-geral da República, de chefes de missão diplomática e 
do presidente e diretores do Banco Central. Cabe ainda à Câmara Alta apreciar as 
indicações para o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) e para o 
cargo de Defensor Público da União. Todas as autoridades que precisam da 
autorização do Senado são sabatinadas por comissão competente. A comissão vota 
a indicação e emite parecer que, depois, é apreciado pelo Plenário da Casa. A 
sabatina e a votação dos candidatos a chefes de missão diplomática são feitas em 
reuniões secretas, nos termos do art. 52, inciso III e alíneas subsequentes da 
CRFB/88, sendo que essa atribuição também é uma função atípica. 
O Senado Federal tem atribuições que são privativas da instituição e 
determinantes para os destinos do país. Essas responsabilidades exclusivas fazem 
com que o Senado interfira na composição e na atuação dos Poderes Executivo e 
Judiciário. 
 
 
 2.3 Conflito de competência entre as duas Câmaras do Congresso Nacional 
 
 
 No dia 09 de maio de 2016, segunda-feira, houve um conflito de competência 
entre as duas Câmaras que compõe o Congresso Nacional, o conflito teve como 
bojo as atribuições privativas da cada casa do Poder Legislativo, mais 
especificamente os dispositivos dos arts 51, inciso I, em face do art. 52, inciso I, 
ambos da CRFB/88. 
 O conflito de competência se deu em razão do presidente interino da Câmara 
dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA), que anulou, por meio de decisão 
monocrática, ou seja, decisão singular, a sessão que aprovara o impeachment da 
presidente Dilma Rousseff. O fato político-jurídico ganhou as maiores manchetes do 
10 
 
Brasil e do Mundo, sendo que, infelizmente, o País virou motivo de piada no exterior 
pela instabilidade política e pelo fato de haver “muitos caciques para pouca aldeia”. 
 A fonte a seguir fora tirada do site conjur ² e as respectivas críticas de um 
artigo no site jusbrasil ³ (VIDE item 4. Referências Bibliográficas): Com a decisão 
monocrática do presidente da Câmara que anulou a sessão que votara pela 
admissibilidade do processo de impedimento e depois remeteu para apreciação do 
Senado, do dia 17 de abril de 2016, causou muita polêmica pelo conflito de 
competência e pelo fato do presidente interino apenas querer sanar nulidades 
absolutas que entendeu ter ocorrido. 
 Contudo, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não 
conheceu do ofício, praticamente ignorou e classificou a decisão, em sessão, como 
absolutamente intempestiva, e complementou, in verbis: "Deixo de conhecer o ofício 
da Câmara e determino a sua juntada à denúncia com esta decisão", disse. 
Com a decisão, o processo continuou no Senado. Em nota, o deputado e 
presidente interino da Câmara Waldir Maranhão expressou seus fundamentos para 
a decisão monocrática, o que se segue concomitantemente às contrarrazões: alegou 
ter havido vício de origem, pois a decisão que aceitou a admissibilidade na casa 
teria extrapolado a denúncia. 
Primeiramente, a crítica que se faz é que o STF na ADPF (Ação de 
Descumprimento de Preceito Fundamental) n.º 378 decidiu que a Câmara dos 
Deputados, no processo de impedimento, exerce um juízo de admissibilidade 
processual. Assim, a casa verifica a plausibilidade dos argumentos apresentados, 
evitando a tramitação de processos temerários contra o (a) Presidente da 
República e envia ao Senado para que, enfim, o processo seja instaurado, 
somente após aprovação por uma comissão e, em seguida, pela maioria do 
plenário da casa. Para tal juízo de admissibilidade, faz-se necessária a aprovação 
de 2/3 dos integrantes da Câmara dos Deputados, quórum qualificado. 
Assim, frise-se: não há processo de impeachment instaurado na Câmara dos 
Deputados. Há, tão somente, um juízo prévio de admissibilidade. Assim, é 
absurdo, segunda as críticas, considerar que um juízo de admissibilidade possa 
ser exercido "extra petita", ou seja, além do denunciado; e, ainda sim, declarar a 
nulidade do procedimento por argumentos que tenham extrapolado o pedido, de 
igual forma, não tem fundamento jurídico. 
11 
 
Outrossim, ainda que se considere o suposto excesso, e ainda que se 
verifique a possibilidade de se anular um processo por uma irregularidade em um 
procedimento prévio à sua instauração, não pode o Presidente da Câmara dos 
Deputados, em decisão monocrática, passar por cima de votação realizada por 2/3 
dos 513 Deputados Federais. 
O Presidente da Câmara dos Deputados não detém nenhuma espécie de 
superpoder para passar por cima de deliberações, sobretudo quando se trata de 
quórum qualificado que exige uma quantidade de deputados ainda maior do que 
para emendar a Constituição Federal. Um deputado, sozinho, não representa toda 
a Câmara dos Deputados, e muito menos um dos poderes, in casu, o legislativo. 
Outrossim, outra crítica que se faz é quanto ao tempo do ato, já está 
concluso, logo, houve a preclusão temporal e consumativa, logo, o processo está 
tramitando junto ao Senado, já foi aprovado pela Comissão do impeachment, e 
seguiu para o plenário. Então, não há dúvidas de que as atribuições da Câmara 
dos Deputados cessaram. A competência dos ilustres deputados se exauriu! E por 
essa razão Rena Calheiros o classificou como intempestivo, o que significa fora do 
tempo. 
O ato de o Presidente da Câmara dos Deputados "anular" o processo de 
impeachmentaprovado pelo plenário da Câmara e já em tramitação no Senado, 
indubitavelmente, exorbita as atribuições do cargo e traz um conflito de 
competência. Contudo, há os que defendem que, assim como no Processo Civil, as 
nulidades podem ser arguidas a qualquer tempo (art. 278, § único do Código do 
Processo Civil, CPC), pois maculam e viciam o procedimento, o tornando, em tese, 
absolutamente nulos, mas como não estamos diante de um Processo Judicial, mas 
sim um Processo Administrativo, talvez isso não possa ser aplicado. E mesmo que 
pudesse ser aplicado, o CPC, em seu art. 277, aduz que: “Quando a lei prescrever 
determinada forma, o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro modo, lhe 
alcançar a finalidade”; sendo que a finalidade se concretizou. Portanto, há sem 
dúvida uma questão emblemática, o que apenas o STF poderia sanar. 
Noutra fundamentação, Waldir Maranhão alega, inclusive, a parcialidade dos 
parlamentares, que teriam anunciado seus votos antes da votação do processo e 
os partidos orientados seus integrantes as posições de voto a serem tomadas. O 
fundamento é esdrúxulo, partidos são "partes", parlamentares não são juízes, não 
têm o dever de serem imparciais, logo, observar o princípio da imparcialidade, 
12 
 
como os integrantes do Poder Judiciário (algo, aliás, impossível no âmbito da 
política), segunda as críticas do artigo. 
Outra questão levantada é que o “resultado da votação deveria ter sido 
formalizado por resolução, por ser o que dispõe o Regimento Interno da Câmara e o 
que estava originalmente previsto no processamento do impeachment do presidente 
Collor, tomado como paradigma pelo STF para o processamento do presente pedido 
de impeachment”, justifica o deputado, o que realmente não ocorreu, contudo, como 
aduz o art. 277 do CPC, isso se a lei processual civil fosse aplicada, se a finalidade 
foi alcançada por ato distinto do estabelecido em lei, não deve ser considerado 
viciado, logo, não anulado. 
A decisão prejudicou ainda mais um país atravancado, aguardando a 
conclusão do processo de impeachment. Caso se considerasse legal a absurda 
decisão do Presidente (aparentemente de natureza procrastinatória, ou seja, 
protelatória, apenas para colocar obstáculos), o procedimento retornaria à Câmara 
dos Deputados para nova deliberação pela Comissão, outra votação do plenário e, 
só posteriormente, do Senado e a economia despencaria, continuando estagnada, 
como vem ocorrendo a cada novo susto! Susto este, que se deu origem em 
conflitos, entre as duas Câmaras, de competências privativas do Congresso 
Nacional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
 O regime Democrático, como conhecemos na realidade atual, engloba boa 
parte do mundo Ocidental, baseada na tripartição de Poderes, sejam o Executivo, 
Legislativo e Judiciário, cada qual com suas funções privativas ou não, servindo 
como freio e contrapesos de interesses subjetivos dos Chefes de Estado, 
garantindo, por consequência, as garantias e direitos fundamentais. 
 Neste sentido, temos o Poder Legislativo que, por comando Constitucional, 
possui o condão de transformar fatos valorados pela sociedade em lei. Tal Poder é 
organizado pelo sistema bicameral, sendo que a referida bifurcação logra na 
Câmara dos Deputados e no Senado Federal. 
 Ambas as Câmaras da atividade legisferante possuem suas atribuições 
típicas (legislar) e atípicas (gerenciar e julgar), e por mais que uma Câmara seja 
parceira da outra para compor o Congresso Nacional, e, portanto, o Poder 
Legislativo, não é difícil que, baseado em interesses político-partidários ou pessoais, 
haja conflito de atribuições como se vislumbrara na pesquisa em tela, por mais que 
ambas as Câmaras formem um só corpo: o Poder Legislativo. 
 Contudo, é através desse Poder que interesses sociais, coletivos, difusos, 
individuais e individuais homogêneos são alcançados, por meio de normatização 
que tutelem tudo o que interessa, os anseios, necessidades e evolução da nação. 
 O Poder Legislativo possui, também, suas atribuições exclusivas que, por 
meio delas, é possível interferir em outros Poderes, evitando que o estado 
Democrático se transforme em um regime oligárquico, onde o interesse de uns se 
sobreporia às necessidades de milhares, evitando, logo, a destruição do princípio 
básico de um Estado Democrático de Direito: a própria soberania popular, que por 
meio do sufrágio universal, ou seja, o voto secreto, é que a sociedade nacional elege 
seus representantes, os quais, em tese, legislarão para o desenvolvimento social e 
lograr os mais surreais objetivos do Brasil que, indubitavelmente, seriam impossíveis 
de serem alcançados caso não houvesse a representação indireta pelo Poder 
Legislativo. 
 
 
 
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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
AFONSO DA SILVA, José. Curso de Direito Constitucional Positivo. 37ª ed. São 
Paulo: Malheiros Editoras Ltda, 2014. 
 
___, José. Curso de Direito Constitucional Positivo. 26 ed. São Paulo: Malheiros, 
2006. 
 
FERREIRA, Pinto. Curso de Direito Constitucional. 11. ed. ampl. e atual. São 
Paulo: Saraiva, 2001. 
 
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 27. ed. 
atual. São Paulo: Saraiva, 2001. 
 
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 15 ed. São Paulo: Saraiva, 
2011. 
 
¹ [S.I] As Atribuições privativas do Senado Federal, 2015, disponível em: 
http://www12.senado.leg.br/noticias/materias/1997/10/10/as-atribuicoes-privativas-
do-senado-federal; acesso em 10/05/2016. 
 
² [S.I] Decisão que suspendeu o processo impeachment foi intempestiva, diz 
Renan, 2016, disponível em: http://www.conjur.com.br/2016-mai-09/decisao-
suspendeu-impeachment-foi-intempestiva-renan; acesso em 10/05/2016. 
 
³ OTTO, Hyago. Presidente da Câmara dos Deputados não tem competência 
para anular impeachment em tramitação no Senado. 2016, disponível em: 
http://hyagootto.jusbrasil.com.br/artigos/335216065/presidente-da-camara-dos-
deputados-nao-tem-competencia-para-anular-impeachment-em-tramitacao-no-
senado?utm_campaign=newsletter-
daily_20160510_3346&utm_medium=email&utm_source=newsletter; acesso em 
10/05/2016.

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