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2 - HORTIFRUTI BRASIL - Dezembro de 2014/Janeiro de 2015 Dezembro de 2014/Janeiro de 2015 - HORTIFRUTI BRASIL - 3 4 - HORTIFRUTI BRASIL - Dezembro de 2014/Janeiro de 2015 Dezembro de 2014/Janeiro de 2015 - HORTIFRUTI BRASIL - 5 Neste fim-de-ano, a Hortifruti Brasil presenteia o setor hortifrutícola com o seu mais novo projeto: pesquisas sobre o mercado de melancia! Esta é décima terceira cultura do portfólio da equipe Hortifruti/Cepea, que há 14 anos pesquisa e divulga ininterruptamente informações sobre o mercado de frutas e hortaliças. A inclusão da melancia se baseou em levantamentos de opinião realizados com nossos leitores e, adicioná-la ao escopo das nossas pesquisas, passou a ser o novo desafio da Hortifruti Brasil para 2015. O Projeto Melancia ainda está no início, mas muito já foi feito para que, neste final de ano, possamos anunciá-lo. Em parceria com a Syngenta, os pesquisadores responsáveis pela inclusão desta fruta ao grupo da Hortifruti Brasil foram a campo ao longo de 2014 em importantes regiões produtoras de melancia do Brasil. Conheceram de perto a produção e a comercializa- ção desta fruta, ao mesmo tempo em que iam apresentando o Projeto Horti- fruti/Cepea aos produtores, engenheiros agrônomos e comerciantes da fruta. A partir desse levantamento de campo, a equipe Hortifruti/Cepea defi- niu que, a princípio, suas pesquisas se concentrarão nas melancias graúda (maior de 12 kg), média (10 a 12 kg) e miúda (7 a 10 kg), com semente, pro- duzidas em cultivo convencional. Nesta primeira etapa do projeto, a apura- ção de informações será realizada no interior do estado de São Paulo (região de Marília/Itápolis), em Uruana (GO), Lagoa da Confusão (TO), Teixeira de Freitas (BA), Arroios dos Ratos, Encruzilhada do Sul e Bagé (RS), além da Ceagesp. No próximo ano, deverão ser ampliadas as regiões de coleta e, provavelmente, a melancia sem semente. Portanto, entre em contato conos- co caso queria ser um colaborador do mercado de melancia, mesmo que a sua região não esteja na primeira etapa do nosso projeto. Todos são bem- -vindos! Para conhecer melhor do Projeto Melancia, leia nossa apresentação na página 16. Além deste lançamento, como de costume, trazemos para você no Anuário 2014-2015 os principais acontecimentos do mercado das 12 frutas e hortaliças já acompanhadas e perspectivas para 2015. Por mais um ano, não teve como fugir: o clima acabou “pegando para valer” o setor hortifrutí- cola, interferindo no calendário de produção de muitas culturas, na oferta e na qualidade dos produtos. Para encerrar o ano, gostaríamos de agradecer imensamente todos os nossos colaboradores e parceiros. Nosso trabalho é realizado graças a Vocês, que confiam na nossa equipe e colaboram com valiosas informações que contribuem com desenvolvimento da hortifruticultura! Que 2015 seja um ano cheio de realizações para todos nós! MELANCIA: A DÉCIMA TERCEIRA CULTURA NA PAUTA DA HF BRASIL Equipe Hortifruti Brasil Hábito saudável desde criança! Uma parceria entre do Instituto do Hospital das Clínicas (HC) e do Instituto do Coração (InCor), ambos da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM/USP) com a LatinMed, resultou em um projeto que incentiva os hábitos saudáveis em crianças: o Meu Pratinho Saudável. O projeto já conseguiu bons resultados. Em uma escola da cidade de São Paulo, por exemplo, 82% dos alunos começaram a comer mais frutas desde o início de 2013, e as crianças tem levado os novos hábitos pra dentro de suas casas, incentivando as mães a comprarem mais hortifrutis! Os profissionais foram até a escola e, além de medir peso, altura e cir- cunferência abdominal da criançada, deram uma aulinha com gincanas sobre os alimentos saudáveis e os “não saudáveis”. Essa iniciativa vem sendo acompanha pela Secretaria de Estado da Educação e, com os bons resultados, tudo indica que pode haver um convênio para se expandir em outras es- colas. E aí, será que o consumo de HF aumenta ainda mais com essa iniciativa? Quer saber mais? Acesse: www.meupratinhosaudavel.com.br Por Letícia Julião Gente bonita come fruta feia! Recentemente abordamos na Radar HF que uma rede de supermercados da França tem promovido em su- as lojas a venda de frutas e hortaliças julgadas como “feias”, com valor de mercado bem menor em relação aos seus respectivos “bonitos”. Pelo jeito, vender pro- dutos feios é uma tendência que veio para ficar, pelo menos na Europa! A cooperativa Fruta Feia – Gente Bo- nita Come Fruta Feia, de Portugal, completou um ano em novembro deste ano e tem o propósito de comba- ter os desperdícios com alimentos e o gasto desneces- sário com recursos utilizados em sua produção. A Fruta Feia compra semanalmente alimentos com cerca de 30 produtores cadastrados na cooperativa, recolhendo produtos disformes, pequenos e que provavelmente não seriam absorvidos pelo mercado, e prepara cestas de dois tamanhos (4 e 8 quilos) com frutas e hortaliças da época para vender aos consumidores, que vão até às sedes e escolhem suas cestas. O projeto acaba crian- do um mercado alternativo para a fruta e hortaliças “feias” na tentativa de alterar padrões de consumo. Se você estiver em Portugal e se interessar pelo Fruta Feia, acesse o site deles: www.frutafeia.pt. Por Daiana Braga RAdAR hf - Novidades do setor hortifrutícola O Ministério da Saúde lançou no dia 5 de novembro o Guia Alimentar Para a População Brasileira 2014, uma atualização do Guia de 2006. A nova versão reforça a importância de o brasileiro combinar ali- mentação saudável com exercícios físicos. Destaca que a boa alimentação promove a saúde e o prazer das pessoas, previne tanto deficiências nutricionais quanto a obesidade e outros males. O novo Guia substitui a lin- guagem técnica por uma mais didática, tornando-se mais acessível à população. Como primeira recomendação para uma boa base alimentar, está a ingestão frequente de alimentos frescos, como as nossas queridas frutas e hortaliças in natura. São recomendados também o tradicional arroz com feijão, carnes e castanhas. O Guia Alimentar mostra a importância de se consumirem esses alimentos no contexto justamente em que avança a ingestão de alimentos ultra- processados (comida instantânea, refrigerantes, fast foods). O documento também sugere cardápios mais saudáveis para o café da manhã, almoço e jantar. Na primeira versão, 60 mil exemplares do Guia Alimentar serão distribuídos gratuitamente a hospitais, centros de saúde públicos e escolas. Mas se você também tem interesse em conhecer o Guia, saiba que ele está disponível na íntegra na internet! Acesse: http://goo.gl/SAzAxu Guia Alimentar 2014 recomenda o consumo de HF in natura Por Larissa Pagliuca 6 - HORTIFRUTI BRASIL - Dezembro de 2014/Janeiro de 2015 Dezembro de 2014/Janeiro de 2015 - HORTIFRUTI BRASIL - 7 expediente ÍNdICE SEÇÕES folhosas 22 Cebola 28 Citros 41 Tomate 34 Manga 48 Melancia 16 Melão 24 Cenoura 32 Maçã 46 Uva 50 Banana 38 Mamão 44 ANUÁRIO Acompanhe a evolução dos preços dos hortifrutícolas de 2013 a 2014 no Caderno de Estatísticas. CADERNO DE ESTATÍSTICAS O setor hortifrutícola enfrentou mais um ano de fortes impactos climáticos. Relembre os principais acontecimentos em 2014 e as projeções para 2015 das 13 frutas e hortaliças, contando com a mais nova integrante: a melancia. A Hortifruti Brasil é uma publicação do CEPEA - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USP ISSN: 1981-1837 Coordenador Científico: Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros Editora Científica: Margarete Boteon Editores Econômicos: João Paulo Bernardes Deleo, Renata Pozelli Sabio, Letícia Julião e Larissa Gui Pagliuca Editora Executiva: Daiana Braga MTb: 50.081 Diretora Financeira: MargareteBoteon Jornalista Responsável: Ana Paula Silva Ponchio MTb: 27.368 Revisão: Daiana Braga, Alessandra da Paz, Flávia Gutierrez e Flávia Romanelli Equipe Técnica: Amanda Abdo Pereira, Amanda Rodrigues da Silva, Ana Luisa Antonio Pacheco, Bruna Abrahão Silva, Carolina Camargo Nogueira Sales, Caroline Ochiuse Lorenzi, Fabrício Quinalia Zagati, Felipe Cardoso, Felipe Vitti de Oliveira, Fernanda Geraldini Palmieri, Flávia Noronha do Nascimento, Gabriela Boscariol Rasera, Isadora do Nascimento Palhares, João Gabriel Ruffo Dumbra, Júlia Belloni Garcia, Lucas Conceição Araújo, Matheus Marcello Reis e Renato Garcia Ribeiro. Apoio: FEALQ - Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz Diagramação Eletrônica/Arte: Guia Rio Claro.Com Ltda 19 3524-7820 Foto: Fernando Tavares Studio 19 3371-5161 Impressão: www.graficamundo.com.br Contato: Av. Centenário, 1080 Cep: 13416-000 - Piracicaba (SP) Tel: 19 3429-8808 Fax: 19 3429-8829 hfcepea@usp.br www.cepea.esalq.usp.br/hfbrasil A revista Hortifruti Brasil pertence ao Cepea A reprodução dos textos publicados pela revista só será permitida com a autorização dos editores. HF BRASIL NA INTERNET Acesse a versão on-line da Hortifruti Brasil no site: www.cepea.esalq.usp.br/hfbrasil @hfbrasil @hfbrasil @revistahortifrutibrasil hortifrutibrasil.blogspot.com Batata 18 Dezembro de 2014/Janeiro de 2015 - HORTIFRUTI BRASIL - 9 AO LEITOR AO LEITOR Especial Uva Essa edição reflete o quadro atual da viticultura no estado de São Paulo. Acredito que a tendência seja mesmo a de aumentar a produção de niagara devido à dificuldade de se conseguir mão de obra. Percebo também que o sistema “Y” está começando a ser implantado em minha região, e as vantagens já têm sido observadas. O futuro da viticultu- ra está em cultivar variedades mais resistentes a doenças e com menor necessidade de mão de obra. Jeoji Kawakami - Dracena/SP Sou viticultor e todo tema envolven- do a cultura desperta-me interesse. Concordo que mais produtores po- dem optar pelo cultivo da niagara em razão das vantagens mencionadas na matéria. Além disso, tem uma exce- lente aceitação, cada vez mais exi- gente, do mercado consumidor pelas suas características organolépticas (cor, aroma e sabor). A elevação do custo de produção é fato, mas, para o nosso estado [Santa Catarina], os cus- tos ainda encontram-se abaixo dos de (continua na próxima página) 10 - HORTIFRUTI BRASIL - Dezembro de 2014/Janeiro de 2015 AO LEITOR São Miguel Arcanjo (SP), por exemplo. Acredito que a tendência são custos de produção cada vez mais elevados, com a necessidade de se produzir uma fruta diferenciada, que venha a agregar valor e a compensar esses custos. A forma de apresentação e tipo de embalagem uti- lizada ajudam a ganhar o consumidor, a dar credibilidade ao produtor. Bruno Marques Felippe – Pedras Grandes/SC Acredito que mais produtores vão migrar para o cultivo de uva niagara, dados os altos custos de produção de uvas finas. A mão de obra também é um gargalo que aumenta os custos de produção. Como requer pouca mão de obra, a niagara é uma opção pa- ra pequenos produtores que não têm muito capital para o cultivo de uvas fi- nas. Ainda é pequena a adesão ao sis- tema “Y” em minha região; a maioria é de pequenos produtores que perma- necem no antigo sistema de condução (latada). Devido à escassez de mão de obra, a tendência da viticultura pode ser a diminuição das áreas de plantio, onde somente famílias de viticultores que passam gerações no negócio con- tinuarão suas atividades. Diogo Pereira – Pilar do Sul/SP A migração para a niagara é uma ten- dência. Ela tem se sobressaído em qua- lidade de produção, com vantagens no custo de produção e no mercado. Por enquanto, na região Norte de Mi- nas Gerais, o sistema "Y" ainda não foi usado. Ildeu de Souza – Janaúba/MG Já estava na hora de se reconhecer que a niagara é uma das cultivares mais apre- ciada pelos consumidores brasileiros e pelos produtores, por sua rusticidade. Em praticamente todos os estados do País existem produtores desta varieda- de. O produtor tem visto os custos de produção das uvas finas subir sem uma compensação nos preços. Acredito que mais produtores devem cultivar a nia- gara. Em relação ao sistema “Y”, exis- tem poucas iniciativas. Aqui em Mato Grosso, os custos são um pouco mais elevados, pois não temos a cadeia da vinicultura constituída. Com a melho- ria do sistema de produção e redução nos custos, a tendência da viticultura é de um aumento da área plantada, pois a uva é uma das frutas que está caindo no gosto da população. Seu alto preço, por enquanto, é que dificulta o acesso ao consumo, sobretudo de pessoas de menor renda. Carlos Antonio Távora Araújo – Tangará da Serra/MT Dezembro de 2014/Janeiro de 2015 - HORTIFRUTI BRASIL - 11 ESCREvA PARA NóS. Envie suas opiniões, críticas e sugestões para: hortifruti Brasil - Av. Centenário, 1080 - Cep: 13416-000 - Piracicaba (SP) ou para: hfcepea@usp.br Para receber a revista Hortifruti Brasil eletrônica, acesse www.cepea.esalq.usp.br/hfbrasil/comunidade, faça seu cadastro gratuito e receba todo mês a revista em seu e-mail! Para produzir, a niagara é muito boa, não se compara com a uva fina, sem contar que é excelente para processa- mento. A aceitação do mercado por ela, no entanto, ainda está muito longe. Leocadio Barroso – varjota/CE Muito boa a edição. Acredito que pos- sa haver, na verdade, uma migração para novas áreas, inclusive devido às mudanças climáticas. Hélio Antonio Silva Rodrigues – Goiânia/GO Custo de produção de batata Quero parabenizar toda a equipe sobre o excelente traba- lho Especial Batata. A cultura da batata é, sem dúvida, uma das mais conserva- doras que existe. Trabalho com batatas há mais de três décadas e, neste tempo, pouca coi- sa mudou. A adubação que usavam quando comecei a plantar continua sendo usada, a mesma fórmula e do- sagem. Outras culturas dobraram a produtividade e a batata melhorou devido à mudança de variedade. Vale lembrar que a mudança não foi por vontade dos produtores, mas, sim, pela impossibilidade de se continu- ar a cultivar a variedade substituí- da por questões fitossanitárias. Nas entrevistas da edição, notei que os pensamentos continuam focando as mesmas coisas de décadas atrás. Não comentam que, além da redução dos custos com a mão de obra, há tam- bém outros pontos relevantes, como aumento da produtividade. Outro ponto não lembrado seria a indus- trialização. Sabemos que o consumo fresco de batata diminui a cada ano. Vale a pena insistir no modelo atual? Não deveríamos buscar alternativas como a comercialização de produtos minimamente processados? Diante deste cenário, cada vez que a batata é rentável para o produtor significa que houve algum problema climático que reduziu ainda mais a produtividade que já é baixa. Então na próxima safra, se tudo correr bem, os preços vão ser baixos, se depender do produtor. Pedro Hayashi – vargem Grande do Sul/SP ANUÁRIO 2014/15 A HORTIFRUTICULTURA FICOU COM SEDE EM 2014 O clima foi novamente a grande preocupação da hortifruticultura em 2014. Desta vez, os índices de chuva ficaram bem abaixo da média em boa parte das regiões produtoras de frutas e hortaliças, atingindo mínimas histó- ricas. As temperaturas também foram elevadas, agravando a situação. Segundo a Agência Espacial dos Estados Uni- dos (Nasa), o mês de setembro de 2014 pode ter sido o mais quente da história mundial desde 1880. A região que mais sentiu os efeitos do clima seco foi o Sudeste, espe- cialmente os estados de São Paulo e de Minas Gerais. O Nordeste também enfrentou um ano de pouca chuva, masesse cenário não é novo por lá. Na Chapada Diamanti- na (BA), Livramento de Nossa senhora (BA) e em Mossoró (RN), por exemplo, não chove suficientemente há pelo menos dois anos. O Sistema Produtor Alto Tietê (SPAT), conjunto de cinco reservatórios que abastece o estado de São Paulo, abrangendo, por exemplo, áreas de cultivo de alface (Mo- gi das Cruzes e Ibiúna), chegou ao nível mais baixo que se tem registro. No início de dezembro, mesmo após algumas chuvas, a água preenchia apenas 5,4% de sua capacidade total. No Nordeste, o volume útil da barragem de Sobradi- nho, no rio São Francisco, que abastece regiões produto- ras de frutas e hortaliças do Vale do São Francisco, era de 15,6% no mesmo período, sendo que a vazão de saída de água seguia maior que a vazão de entrada, podendo redu- zir ainda mais o nível de água deste reservatório. No Sul, o cenário foi bem diferente. As chuvas ocorreram em excesso, sobretudo no segundo semestre de 2014 e isso também trouxe prejuízos. Houve perdas na qualidade da batata e o granizo danificou lavouras de tomate. ÁREA DA HORTIFRUTICULTURA RECUA 0,6% EM 2014 Fo nt e: C ep ea ÁREA dOS hORTIfRUTÍCOLAS EM 2013 E 2014* * As estimativas de produção da equipe Hortifruti/Cepea baseiam-se em levantamentos amostrais, obtidos a partir do contato com agentes do setor nas principais regiões produ- toras. Refletem, portanto, apenas a área das regiões acompanhadas pelo Hortifruti/Cepea. Produto 2013 2014 Var % TOMATE 39.730 38.736 -2,5% BATATA 102.392 102.772 0,4% CEBOLA 43.893 42.162 -3,9% CENOURA 16.125 15.722 -2,5% FOLHOSAS 15.828 15.828 0,0% MANGA 49.887 48.804 -2,2% MELÃO 14.950 14.350 -4,0% MAMÃO 14.100 14.000 -0,7% MAÇÃ 32.207 32.586 1,2% BANANA 74.535 76.327 2,4% UVA 24.980 24.894 -0,3% TOTAL 428.626 426.181 -0,6% ÁREA POR GRUPO 2013 2014 Var% (14/13) HORTALIÇAS 202.139,50 199.392,00 -1,4% FRUTAS 210.658,90 210.961,20 0,1% Por Renata Pozelli Sabio, Larissa Gui Pagliuca, Letícia Julião, João Paulo Bernardes Deleo e Margarete Boteon HORTALIÇAS: Estimativas do Cepea indicam ligeiro recuo de 1,4% da área cultivada em 2014 e na safra verão 2014/15 nas principais regiões de produção – as quais compõem a base amostral do Centro. A área com batata ficou praticamente estável, en- quanto a de tomate tem queda de 2,5% devido à diminuição do cultivo nas safras tanto de verão quanto de inverno e ainda na destinada à indústria. A área de cebola recuou 3,9% de- vido à estiagem, à baixa rentabilidade em 2013 e ainda pelo baixo rendimento em algumas regiões do Sul. Para a cenoura, o Cepea estima que a redução foi de 2,5% no ano devido à seca. O cultivo de folhosas, por sua vez, se manteve estável. FRUTAS: A área total de frutas em 2014 teve pequeno acréscimo de 0,1%. Apesar de mantida a estimativa de aumento para a banana e a maçã, as áreas de melão, mamão, uva e manga recuaram. Em uva, a redução deve ocorrer no Paraná, refle- tindo a baixa rentabilidade e geada de 2013. Para o melão, o desânimo de produtores do Vale do São Francisco quanto ao cultivo do segundo semestre e a falta de água para irrigação no RN/CE causaram redução da área também desta cultura. No caso da manga, a diminuição ocorre em Livramento de Nossa Senhora e em Dom Basílio, devido à forte estiagem na região baiana. Em mamão, houve forte recuo no Oeste da Bahia por conta de problemas com mão de obra. 12 - HORTIFRUTI BRASIL - Dezembro de 2014/Janeiro de 2015 Anuário Hortifruti Brasil - Retrospectiva 2014 & Perspectiva 2015 Dezembro de 2014/Janeiro de 2015 - HORTIFRUTI BRASIL - 13 O Brasil ainda está exportando mais frutas do que importando. Porém, esta diferença está se estreitando devido à crescente importação, à quebra de safra de algumas frutas brasileiras e à perda de competividade decorrente do elevado “custo Brasil”. Além disso, vender para o brasi- leiro também tem sido uma opção atrativa para o hortifruticultor. BALANÇA COMERCIAL DA FRUTICULTURA ESTÁ CADA VEZ MAIS APERTADA As vendas externas de fruta neste ano devem ser inferiores às de 2013. A queda deve ser causada pela maçã e uva. A baixa qualidade da maçã, sobre- tudo da gala, reflexo do calor excessivo no começo do ano, limitou as exportações. Já no caso da uva, além de o mercado interno estar bastante atrativo, a quebra de safra do Vale, devido às chuvas durante a brotação (abril/maio), impediu avanço dos em- barques. A banana também pode fechar o ano com redução das vendas externas, principalmente para a União Europeia. Nesse caso, o motivo é a mudan- ça de estratégia de uma empresa do Rio Grande do Norte que optou por sair da atividade exportadora. Os envios de banana ao Mercosul podem ter au- mentado, estimulados sobretudo pela maior oferta de Santa Catarina, mas ainda não compensariam a queda ao bloco europeu. Por outro lado, as exportações de mamão cres- ceram em 2014, principalmente com o dólar acima dos R$ 2,00. Esse nível do dólar teria favorecido tam- bém o avanço do comércio da lima ácida tahiti, que ultrapassou o de uva in natura. Para manga, a estima- tiva é que o fechamento do ano aponte estabilidade sobre 2013, o que seria suficiente para posicioná-la como a fruta mais exportada em 2014, em receita, ul- trapassando o melão. Este, por sua vez, teve os envios limitados pela falta de água para irrigação. Para 2015, a tendência geral é de estabilidade nas exportações de fruta frente a 2014, baseado na previsão de continuidade dos baixos níveis de chuva no principal polo exportador de fruta – Nordeste e, por outro lado, a valorização do dólar. Mesmo com o “dólar caro” (Real desvalorizado) na maior parte do ano, a importação de frutas deve fe- char 2014 maior que a de 2013. A pera continua sen- do a fruta mais importada, tendo leve alta em 2014. Mas o aumento mais significativo está sendo de maçã, contrabalançando a menor oferta da fruta nacional com qualidade. Já as compras de uva podem fechar o ano com pequena diminuição, sobretudo da Argentina, por conta de geadas que atingiram a produção e da im- posição do uso de brometo de metila pelo Brasil, para controlar o ácaro Brevipalpus chilensis. Essa diminui- ção pode ter acontecido mesmo com o estímulo à im- portação gerado pela quebra de safra no Vale do São Francisco no segundo semestre e pelo aumento das ofertas de países que negociavam com a Rússia antes do embargo que lhe foi imposto – Espanha e Itália já estão enviando mais fruta ao Brasil. Para 2015, as importações podem diminuir, prin- cipalmente se a safra de maçã e uva se recuperarem, em volume e qualidade. Há também tendência de mais fruta nacional ser direcionada ao mercado inter- no. Além disso, o dólar valorizado frente ao Real pode frear as compras de frutas estrangeiras. EM RECEITA, MANGA É A FRUTA MAIS EXPORTADA EM 2014 MAÇÃ É DESTAQUE DAS IMPORTAÇÕES EM 2014 14 - HORTIFRUTI BRASIL - Dezembro de 2014/Janeiro de 2015 Anuário Hortifruti Brasil - Retrospectiva 2014 & Perspectiva 2015 Letícia Julião (esq.) e Larissa Gui Pagliuca são editoras econômicas de frutas. João Paulo Bernardes Deleo e Renata Pozelli Sabio são editores econômicos de hortaliças. Profa. Dra. Margarete Boteon é editora científica da Hortifruti Brasil. O QUE ESPERAR DO CLIMA PARA 2015? Há previsão de chuvas mais regulares na região Sudeste durante o verão 2014/15. O regime hídrico normalizado será fundamental para o plantio da safra das águas e de verão das hortaliças e para revigorar os pomares, sobretudo de manga, citros e banana nessa região do País. Porém, se as chuvas ocorrerem em excesso, pode prejudicar a quali- dade das frutas que serão colhidas no início de 2015, como a uva na região de Campinas(SP). No Sul do País, região que registrou elevado volume de chuvas no segundo semestre de 2014, as precipitações devem permanecer acima da média pelo menos até fevereiro de 2015, segundo o Centro de Pre- visão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec/Inpe). Desta forma, a safra de frutas e hortaliças nesta região pode ter dificuldades com o excesso de água. Para o Nordeste brasileiro, a previsão do Cptec/Inpe não é muito animadora. As chuvas já foram mais volumosas em novembro de 2014, mas devem ficar escassas até fevereiro de 2015, sobretudo na região norte do Nordeste. Caso o próximo ano seja mais um ano de escassez de água, os plantios da temporada 2015 de batata, tomate, cenoura e cebola serão novamente prejudicados, sem contar que o reabasteci- mento dos reservatórios para irrigação das frutas pode continuar com- prometido. PREVISÃO DE ESTABILIDADE DO PIB EM 2014 E LEVE ALTA EM 2015 Variável 2011 2012 2013 2014 2015 PIB Total (%) 2,9% 1,00% 2,28% 0,21% 0,80% TAXA DE JUROS (Selic) (% aa) - dez 11,0% 7,25% 10,00% 11,50% 12,00% INFLAÇÃO (IPCA -% a.a.) 6,6% 5,7% 5,74% 6,40% 6,40% CÂMBIO (R$/US$) - dez 1,81 2,08 2,34 2,53 2,61 Fo nt e: B ol et im F oc us (0 5/ 12 /2 01 4) . ANUÁRIO 2014/15 A economia brasileira praticamente não avançou em 2014, conforme projeções dos analistas consultados pelo Banco Central. A baixa atratividade da economia, soma- da à Copa do Mundo no Brasil e às eleições presidenciais, de certa forma, impediram mudanças estruturais urgentes como a redução dos gastos públicos e o aumento dos in- vestimentos em produtividade e em infraestrutura. Em con- trapartida, a inflação cresceu e a taxa de juros tem sido reajustada para cima na tentativa de controlar o avanço dos preços no País. Quanto ao câmbio, o nível elevado neste final de ano reflete a recente volatilidade nos mercados e as turbulências na economia brasileira, sobretudo no período das eleições. Para 2015, a tendência é de um ano de ajuste e, nova- mente, de baixo crescimento. Já o dólar deve ser mais valo- rizado que o Real, o que é bom para o segmento exportador. Porém, dado o baixo desempenho dos indicadores econô- micos nacionais, a perspectiva é de que o consumo interno de hortifrutícolas cresça pouco. A tendência de melhor dis- tribuição de renda e de mudança de hábitos de consumo em direção a produtos mais saudáveis permanece e favorece o setor, mas seus reflexos são esperados no longo prazo. ECONOMIA BRASILEIRA FICA ESTÁVEL EM 2014 Dezembro de 2014/Janeiro de 2015 - HORTIFRUTI BRASIL - 15 Levantamento de dados foi iniciado ainda este ano Em 2015, a revista Hortifruti Brasil dará início às análises econô- micas sobre o mercado de melancia nas principais regiões produtoras do Brasil. Pesquisadores do Cepea ini- ciaram o projeto sobre a fruta em março de 2014, com visitas a campo para conhecer o sistema de produção e a comercialização da fruta, além de cadastrar colaboradores. A coleta dos preços, informações sobre a produção e o mercado começaram em agosto nas regiões de Marília e Itápolis (SP), Uruana (GO), Lagoa da Confusão (TO), Teixeira de Freitas (BA) e nas praças gaúchas de Arroio dos Ratos, Encruzilhada do Sul e Bagé. Neste início dos trabalhos, serão coletados os preços da melancia graúda (maior de 12 kg), média (10 a 12 kg) e mi- úda (7 a 10 kg) – em cultivo convencional. Semanalmente, a equipe responsável pe- las pesquisas de melancia já tem entrado em contato com produtores, agrônomos e comerciantes destas regiões, além de ata- cadistas da Ceagesp para colher informa- ções. No próximo ano, os pesquisadores pretendem ampliar a rede de colaborado- res, bem como as regiões de coleta, sem- pre com objetivo de levar mais informa- ções ao setor. Preços se mantêm satisfatórios no segundo semestre de 2014 Desde meados de agosto até a pri- meira quinzena de setembro, as regiões produtoras de Lagoa da Confusão (TO) e Uruana (GO) abasteceram o mercado atacadista de São Paulo (Ceagesp) com melancias de excelente qualidade. Neste período, melancicultores dessas praças conseguiram alta produtividade e preços remuneradores, acima do custo médio de produção estimado, em R$ 0,25/kg. A partir da segunda metade de setembro, mesmo com a finalização da safra no To- cantins, as cotações da fruta começaram a cair na Ceagesp devido ao aumento ex- pressivo no volume de melancia colhida em Goiás e à intensificação da oferta em Marília (SP). O tempo quente e seco ele- vou significativamente a produtividade das lavouras goianas, que bateram recordes de produtividade (50 a 60 t/ha), segundo pro- dutores locais. Já em São Paulo, nas lavou- ras sem irrigação houve atraso no plantio e, provavelmente, o rendimento será me- nor nesta temporada. Em novembro, hou- ve o encerramento da safra de Goiás, com resultados positivos, e início da colheita em Teixeira de Freitas (BA). Já na região de Itápolis (SP), os preços não reagiram con- forme se esperava, ficando próximos aos custos. Em dezembro, além da intensifica- ção da colheita no interior paulista, alguns produtores de Arroio dos Ratos (RS) inicia- ram a safra, elevando a oferta nacional. A maior demanda pela fruta no final do ano e durante o verão 2014/15 pode favorecer o escoamento da produção. Melancia hORTIfRUTI BRASIL PASSA A PESQUISAR MERCAdO dE MELANCIA Larissa Gui Pagliuca (esq.), Fabrício Quinalia Zagati e Fernanda Geraldini Palmieri são analistas de mercado de melancia. Entre em contato: hfmelancia@usp.br Fo nt e: C ep ea Colheita de melancia intensifica em São Paulo e na Bahia Preços médios de venda da melancia graúda (>12 kg) na Ceagesp - R$/kg AGRADECIMENTOS A Equipe Melancia agradece a Alécio Schiavon, Paloma Silva, Helder Damaso, Flávio Loss e João Arrebola, representantes da Syngenta, produtores, engenheiros agrônomos, comerciantes e ataca- distas de melancia que gentilmente ajudaram e receberam os pesquisadores do Cepea nas visitas a campo realizadas ao longo de 2014, tornando possível a inclusão da cultura da melancia nas pesquisas do projeto Hortifruti/Cepea. O trabalho está apenas começando e a contribuição de todos os agentes de mercado é fundamental para a am- pliação e melhoria de nosso sistema de informação. Participe você também! 16 - HORTIFRUTI BRASIL - Dezembro de 2014/Janeiro de 2015 Dezembro de 2014/Janeiro de 2015 - HORTIFRUTI BRASIL - 17 Batata PREÇOS SÃO RECORdES NO PRIMEIRO SEMESTRE, Aumento no volume de batata pré-frita importada em 2014 %8,81 Recuo na área da temporada das secas %-9 %3,4 Aumento na área cultivada na safra de inverno Recorde histórico do preço da batata na Ceagesp (abril) ,77/sc136R$ Números do mercado de batata em 2014 MAS dESPENCA M NO SEGUNdO Seca eleva cotações a recorde na safra das águas 2013/14 Em abril de 2014, a batata ágata pa- drão especial teve a maior média da série histórica do Cepea em termos nominais, de R$ 136,77/sc de 50 kg. O valor pago pela saca no período ficou 20,35% maior que o de abril/13 e 6,85% superior ao re- gistrado em maio/13, o maior preço até então. A valorização da ágata é resultado da quebra de produtividade no Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, ocasionada pela estiagem na região. Além de reduzir a pro- dução, a seca também fez com que mais de 1.000 hectares de batata tenham sido perdidos, pois boa parte da área mineira é de sequeiro. Já as áreas mineiras irriga- das, apresentaram boa produtividade. Por outro lado, no Sul do País, sobretudo no Rio Grande do Sul, foi o excesso de chuva que causou perdas de sementes durante o plantio, além de reduzir a produtividade. Em contrapartida, as regiões de Guara- puava (PR) e Água Doce (SC)obtiveram os melhores resultados da temporada das águas, pois foram mínimas as perdas nes- sas praças, fazendo com que os bataticul- tores locais conseguissem aproveitar as elevadas cotações do período. Temporada das secas tem redução de 9% na área cultivada Produtores do Sul de Minas Gerais reduziram a área das secas em 34,8% em relação à temporada anterior em razão da forte estiagem deste ano. Esse cenário re- fletiu em um recuo de 9% na área total cultivada na temporada das secas. Assim, durante a colheita (maio a julho), as cota- ções da batata foram superiores aos custos de produção. Porém, os resultados foram pontuais, uma vez que alguns bataticulto- res tiveram baixa produtividade e renta- bilidade limitada. No Sul de Minas, parte dos produtores teve resultados fracos pela perda de área e de produtividade, mas os que plantaram em áreas irrigadas conse- guiram produtividade satisfatória. Já em Ibiraiaras/Santa Maria (RS), foi o excesso de chuva que prejudicou a safra. Produ- tores gaúchos tiveram acentuada perda por apodrecimento e quase não consegui- ram realizar a colheita em junho. Assim, estima-se que houve redução de 35% na produtividade do Rio Grande do Sul, com prejuízos financeiros aos produtores. Ba- taticultores paranaenses de Curitiba, Irati, Ponta Grossa e São Mateus do Sul tam- bém foram afetados pelas precipitações volumosas em julho. Mas, de um modo geral, o saldo foi positivo, pois os preços ficaram acima dos custos durante os me- ses de colheita mais intensa, em maio e junho. No Sudoeste Paulista, a temporada começou apenas em junho, prosseguindo até setembro. No início, houve problemas com a produtividade em função da forte incidência de canela-preta. Nos meses seguintes, quando a produtividade me- lhorou, os preços da batata despencaram com o início da safra de inverno e excesso de oferta. Na média da safra do Sudoeste Paulista, de junho a setembro, os preços ponderados pelo calendário de colheita e classificação ficaram em R$ 24,68/sc de 50 kg ao produtor, valor 28,2% abaixo das estimativas de custos. Com área e produtividade maiores, preços do inverno ficam abaixo do custo A safra de inverno 2014 teve aumen- to de área total de 3,4% frente à passada impulsionado principalmente por Vargem Grande do Sul (SP), que é a principal re- gião produtora na temporada e por Cris- talina (GO), com crescimentos de 5% e 6,5%, respectivamente. A área de cultivo de inverno já vinha aumentado nos últi- 18 - HORTIFRUTI BRASIL - Dezembro de 2014/Janeiro de 2015 mos anos e, aliada à boa produtividade re- sultou em excedente de oferta, pressionan- do as cotações bem abaixo dos custos de produção. Em alguns períodos, produtores relataram inclusive dificuldades em nego- ciar, e algumas batatas de classificação de menor valor de mercado chegaram a ser descartadas. Assim, as cotações ficaram na média da safra (julho a outubro) em R$ 21,38/sc, valor 30,06% inferior à mé- dia dos custos de produção. Em meados de outubro, os preços voltaram a reagir com o fim da colheita em Vargem Grande do Sul e com a desaceleração dos traba- lhos em outras regiões. Deste modo, a re- gião mais beneficiada na safra de inverno foi o Sudoeste Paulista, que iniciou a tem- porada na segunda quinzena de outubro, quando as cotações já estavam acima dos custos. Produtores da Chapada Diaman- tina, Cristalina e Triângulo Mineiro, que ainda seguem ofertando, também devem ser favorecidos pelos melhores preços até o final da temporada, em dezembro. Estiagem pode reduzir ainda mais área das águas 2014/15 A área em 2014/15 deve seguir es- tável, com tendência de queda. O mo- tivo é expectativa de falta de chuva que ainda assombra os produtores de batata. No Sul de Minas Gerais, a intenção ini- cial era a de aumentar o cultivo, visto que havia grande disponibilidade de ba- tata semente armazenadas em câmaras frias. Porém, no decorrer dos trabalhos, os níveis pluviométricos ficaram abaixo do ideal, obrigando os agricultores a re- duzir a área, que em sua maioria é de sequeiro. No Rio Grande do Sul, tam- bém houve recuo no cultivo, em função da baixa rentabilidade no ano passado, sobretudo devido à quebra de produ- ção em função do excesso de chuvas. Em Bom Jesus (RS), houve redução de 10% na área cultivada e em Ibiraiaras/ Santa Maria (RS), de 12,5%. Com isso, a área total só vem se mantendo por- que deve haver aumento em Água Doce (SC) e Guarapuava (PR), de 11% e 5,5%, respectivamente. Se o regime de chuvas retornar ao normal até o fim do ano, no Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba pode haver recuperação da área perdida em 2013. Com o plantio iniciado em agos- to, produtores do Sul de Minas temem ainda uma quebra de safra, já que até fi- nal de novembro os níveis de chuva ain- da estavam abaixo do ideal. Os produto- res do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba vivem situação parecida, mas por terem começado o plantio em outubro, ainda podem se beneficiar com as chuvas a partir de novembro, se forem confirma- das - o plantio deve se estender até o fim de janeiro. Neste ano, produtores do Sudeste têm optado por plantar inicial- mente as áreas irrigadas. Em Curitiba, Irati, Ponta Grossa, São Mateus do Sul (PR), a expectativa é de manutenção da área, porém com produtividade prejudi- cada. Isso porque em setembro houve chuvas acima da média, que causaram lixiviação de fertilizantes e requeima. Já em outubro, houve falta de água, sobre- tudo em Curitiba e São Mateus do Sul. Crescem importações de batata pré-frita Pelo segundo ano consecutivo, o Brasil registrou volumes recordes de im- portação de batata pré-frita congelada nos 10 primeiros meses. Foram 247 tone- ladas, 8,81% a mais que no acumulado do ano anterior. O principal motivo do impulso nas compras externas é a cres- cente demanda pelo produto, em função de sua praticidade e boa qualidade. Se- gundo pesquisadores do Cepea, essa ten- dência de aumento do consumo da bata- ta industrializada e redução da in natura deve se manter no Brasil. Importações de semente sobem pelo segundo ano consecutivo Na parcial de 2014 (até novembro), o volume total de batata-semente impor- tada foi de 6.051 mil toneladas, quantida- de 3,76% superior a do mesmo período do ano passado, conforme dados da Se- cretaria do Comércio Exterior (Secex). O montante comprado pelo Brasil nestes dois últimos anos está entre as maiores da séria da Secex, iniciada em 1989. Em 2014, dados disponíveis até novembro, já foi comprado o segundo maior volume da série, enquanto 2013 ficou no terceiro lu- gar na importação de semente de batata estrangeira, de 6.007 mil toneladas, per- dendo apenas para o volume de 1998. O que explica esses números é que os pre- ços domésticos da batata, que estiveram em patamares bastante altos do início do segundo semestre de 2012 até o mesmo período de 2014, motivaram produtores a reservar menos batata para propagação e enviar mais ao mercado in natura, ne- cessitando, assim, importar mais semente para multiplicação. Além disso, as eleva- das cotações também podem ter dado um possível ânimo aos produtores para au- mentar a área com o tubérculo nas safras futuras, o que já ocorreu no inverno de 2014, mas foi limitado na temporada das águas 2014/15 pela falta de chuva. Parte dessa importação se deve também a uma renovação do vigor genético das semen- tes que serão propagadas. Agentes do se- tor consultados pelo Cepea acreditam que parte das compras também sejam destina- das à produção com foco industrial. PREÇOS SÃO RECORdES NO PRIMEIRO SEMESTRE, Felipe Cardoso e Amanda Rodrigues da Silva são analistas de mercado de batata. Entre em contato: hfbatata@usp.br MAS dESPENCA M NO SEGUNdO Dezembro de 2014/Janeiro de 2015- HORTIFRUTI BRASIL - 19 Batata ESTATÍSTICA dE PROdUÇÃO - BATATA* *As estatísticas de produção divulgadas pelo Cepea não representam a área total cultivada em cada região. Os dados refletem a opinião dos principais agentes do setor e são considerados as principais referências de mercado Safra das secas e safra de inverno (junho a novembro) Área plantada (ha) Região Praças de Coleta 2013 2014 Variação (%) Safra das águas (dezembro a maio) Área plantada (ha) Região Praças de Coleta 2013/14 2014/15 Variação (%) Sul de Minas Gerais Sul de Minas Gerais¹ 9.900 9.000 -9% Araxá, Ibiá, Perdizes, Pedrinópolis, Sacramento, Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba (MG) Tapira, Santa Juliana, Patrocínio, Iraí de Minas, 12.100 13.000 7% Uberaba, Uberlândia, Rio Paranaíba e São Gotardo Guarapuava, Campina do Simão, Cândoi, Guarapuava (PR) 1º e 2° safra Foz do Jordão, Pinhão, Prudentópolis 4.500 4.750 6% e Reserva do Iguaçu Agudos do Sul, Almirante Tamandaré, Araucária, Balsa Nova, Campo Tenente, Campo Largo, Curitiba (PR) Campo Magro, Contenda, Fazenda Rio Grande, 5.590 5.590 0% Lapa, Mandirituba, Piên, Piraquara, Quitandinha, Rio Negro e Tijucas Arapoti, Castro, Imbaú, Ipiranga, Iraí, Jaguariaíva, Ponta Grossa (PR) Ortigueira, Palmeira, Piraí do Sul, Ponta Grossa, 2.300 2.300 0% Porto Amazonas, Reserva, São João do Triunfo, Telemaco Borba, Tibagi e Ventania Mallet, Rio Azul, Rebouças, Irati, Fernandes Pinheiro, Irati (PR) Teixeira Soares, Imbituva, Guaramiranga 1.280 1.500 17% e Inácio Martins São Mateus do Sul (PR) União da Vitória, São Mateus do Sul, 1.800 1.800 0% Antônio Olímpio, Paulo Freitas e Paulo Frontin Santa Catarina Água Doce (SC) e Palmas (PR) 4.500 5.000 11% Rio Grande do Sul Bom Jesus, São José dos Ausentes, Ibiraiaras, 8.650 7.800 -10% Santa Maria e São Francisco de Paula 1 Cambuí , Pouso Alegre, Ipuiúna, Poços de Caldas, Areado, Bom Repouso, Camanducaia, Senador Amaral, Maria da Fé, Bueno Brandão, Espírito Santo do Dourado, São João da Mata, Andradas, Alfenas, Alterosa, Serrania, Machado, Paraguaçu, Três Corações, São Gonçalo do Sapucaí, São Bento do Abade, Santa Rita de Caldas e Congonhal. fo n te : A ge nt es d e m er ca do c on su lta do s pe lo C ep ea Vargem Grande do Sul, São João da Boa Vista, Vargem Grande do Sul (SP) - inverno Mogi Guaçu, Aguaí, Casa Branca, 11.850 12.500 5% Santa Cruz das Palmeiras, Mococa, Itobi, São José do Rio Pardo e Porto Ferreira Sudoeste Paulista - seca Capão Bonito, São Miguel Arcanjo, Pilar do Sul, 2.350 2.350 0% Itapetininga, Tatuí e Paranapanema Sudoeste Paulista - inverno Capão Bonito, São Miguel Arcanjo, Pilar do Sul, 2.830 2.830 0% Itapetininga, Tatuí e Paranapanema Almirante Tamandaré, Araucária, Balsa Nova, Curitiba (PR) Campo Tenente, Campo Largo, Campo Magro, 3.207 3.207 -2% Contenda, Fazenda Rio Grande, Lapa, Mandirituba, Piraquara, Quitandinha, Rio Negro e Tijucas Arapoti, Castro, Imbaú, Ipiranga, Iraí, Jaguariaíva, Ponta Grossa (PR) Ortigueira, Palmeira, Piraí do Sul, Ponta Grossa, 1.800 1.800 -2% Porto Amazonas, Reserva, São João do Triunfo, Telemaco Borba, Tibagi e Ventania São Mateus do Sul (PR) União da Vitória, São Mateus do Sul, 1.300 1.300 -2% Antônio Olímpio, Paulo Freitas e Paulo Frontin Mallet, Rio Azul, Rebouças, Irati, Fernandes Pinheiro, Irati (PR) Teixeira Soares, Imbituva, Guaramiranga 850 1.065 25% e Inácio Martins Brasília (DF) e Cristalina (GO) Brasília e Cristalina 5.430 5.800 7% Mucugê (BA) e Chapada Diamantina (BA) Mucugê e Ibicoara 5.100 5.230 3% Sul de Minas Gerais (seca + inverno) Sul de Minas Gerais¹ 9.100 7.000 -23% Araxá, Ibiá, Perdizes, Pedrinópolis, Sacramento, Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba (MG) Tapira, Santa Juliana, Patrocínio, Iraí de Minas, 5.000 5.500 10% Uberaba, Uberlândia, Rio Paranaíba e São Gotardo Ibiraiaras (RS) Ibiraiaras e Santa Maria 1.250 1.250 0% 20 - HORTIFRUTI BRASIL - Dezembro de 2014/Janeiro de 2015 Dezembro de 2014/Janeiro de 2015 - HORTIFRUTI BRASIL - 21 Folhosas Queda do volume de água armazenada do Sistema Alto Tietê (dezembro/14 ante dezembro/13) %-44 ANO dE CONTRASTES: PRE ÇOS ALTOS NO VERÃO Maior média mensal da alface crespa na Ceagesp (março) 35,29/cxR$ Números do mercado de folhosas em 2014 Menor média mensal da alface crespa na Ceagesp (setembro) 7,81/cxR$ Maior queda mensal do preço médio da alface americana na Ceagesp (julho ante junho) ,9-68 % E BAIXOS NO INVERNO Ano quente e com pouca água Praticamente em todo o ano de 2014, o volume mensal de chuva foi in- ferior ao de 2013 nas regiões produtores de alface de Mogi das Cruzes e Ibiúna (SP). Em Mogi das Cruzes, os meses de fevereiro, junho e outubro foram os que tiveram menor volume de chuva em re- lação ao ano passado, com reduções de 39%, 64% e 75%, respectivamente, no comparativo com os mesmos meses de 2013, conforme dados da Somar Meteo- rologia. Em Ibiúna, os meses que tiveram menor incidência de precipitações foram janeiro (37%), junho (86%) e outubro (80%). Em consequência, houve drásti- ca diminuição do nível das represas que abastecem essas regiões. Em dezembro, o Sistema Alto Tietê apresentava apenas 5,4% da sua capacidade, nível 44 pon- tos percentuais menor que o do mesmo mês de 2013, quando a água preenchia 49,2% da capacidade total, segundo da- dos da Sabesp. Segundo a Nasa (Agência Espacial dos Estados Unidos), o mês de setembro deste ano no Brasil pode ter si- do o mais quente da história. A escassez de água somada às altas temperaturas intensificaram os problemas nas roças paulistas. Alguns produtores de Mogi das Cruzes e de Ibiúna precisaram suspender a produção de folhosas e investiram em outras culturas que não exigem muita água. Parte dos que trabalham com ir- rigação também optou por reduzir essa prática, intercalando os dias ou fazendo a irrigação por gotejamento e não por aspersão, em busca de otimizar o uso da água. Os principais problemas ob- servados nas alfaces foram a queima de miolo (apodrecimento interno da folho- sa), queima de borda (ficam amareladas com as variações climáticas) e doença do chocolate (manchas pretas por todas as folhas). Em novembro, as chuvas vol- taram a ser mais frequentes, o que enco- rajou produtores a realizar o transplantio da safra de verão 2014/15. A colheita da temporada de verão se inicia em ja- neiro/15 e a expectativa é de resultados satisfatórios, dada a previsão de chuvas dentro da normalidade. Safra de verão 2013/14 fecha no azul mesmo com perdas na produção A área da safra de verão 2013/14 se manteve frente à cultivada em 2012/13 em Mogi das Cruzes e em Ibiúna, na marca de 3.900 e de 5.090 mil hectares, respectivamente – estimativa do Cepea. O transplantio se iniciou em novem- bro/13 e ganhou ritmo de dezembro a abril/14. A colheita teve início em janei- ro, com oferta já bastante elevada, pois as chuvas moderadas e as temperaturas elevadas favoreceram o desenvolvimento das folhosas. Porém, a redução das chu- vas e o calor intenso reduziram a oferta em meados de fevereiro, com a ocorrên- cia de falhas no enraizamento da alface e queima de borda das folhas. As cota- ções, por sua vez, aumentaram a partir de fevereiro. Segundo a Somar Meteo- rologia, no verão 2013/14 (dezembro a março), o volume de chuvas nas regiões de Mogi das Cruzes e de Ibiúna foi cer- ca de 25% abaixo da média histórica. Alguns produtores estimaram perdas de 30 a 40% na produção de fevereiro, por conta do fortecalor. Os prejuízos não ocorreram apenas no campo e atingiram também a produção de mudas. Em Mo- gi das Cruzes, foram estimadas perdas de até 35% nos viveiros, enquanto que a média é de 15%. A alface crespa foi a mais prejudicada e, consequentemente, alcançou preços maiores, o que é atípi- co pois normalmente a americana é a de valor mais elevado. Em março, mês das cotações de folhosas mais elevadas do 22 - HORTIFRUTI BRASIL - Dezembro de 2014/Janeiro de 2015 ano, a crespa foi comercializada na Ce- agesp a R$ 35,29/cx com 24 unidades, mas ainda 70% menor que março de 2013. A partir de abril, a oferta aumen- tou, resultado do intenso transplantio no início do ano, derrubando novamente os preços. Na média da safra (dezembro a maio), a alface americana foi comercia- lizada em Mogi das Cruzes a R$ 15,37/ cx com 12 unidades, 30% maior que o mínimo estimado pelos produtores para serem cobertos os gastos com a cultura. A alface crespa foi comercializada na mesma região à média de R$ 13,15/cx com 20 unidades, valor 39,2% acima do custo de produção no período – estima- do pelos produtores. Para a safra de ve- rão 2014/15, o transplantio de mudas se iniciou em setembro/outubro, em ritmo bastante lento. Contudo, a previsão é de que ao longo dos próximos meses, as ati- vidades voltem ao ritmo normal, já que, em novembro, as chuvas aumentaram. Safra de inverno tem boa produtividade As condições climáticas favorá- veis para produção de alface em 2014 resultaram em oferta elevada ao longo da safra de inverno. As áreas cultiva- das nas regiões de Mogi das Cruzes e Ibiúna se mantiveram em relação às de 2013, com 2.600 mil hectares em Mogi e 3.392 mil hectares em Ibiúna, confor- me estimativa do Cepea. O transplantio iniciou em abril conforme o planejado e, a colheita, em junho. Os resultados obtidos com a produção e comerciali- zação das folhosas, porém, foram in- satisfatórios em alguns períodos. Logo no início da colheita, as expectativas eram de que, com a Copa do Mundo no Brasil, as vendas fossem aquecidas. Contudo, produtores se desapontaram com a demanda aquém do esperado durante o evento. As vendas durante a Copa só foram melhores para nichos de mercado – hotéis e supermercados com contratos antecipados – e refe- rentes a folhosas de maior valor agre- gado, como as minimamente proces- sadas. A baixa procura registrada no período – que coincidiu com as férias escolares –, clima desfavorável para o consumo (frio), alface de grande porte e oferta elevada baixaram os preços e causaram sobras no campo e no ata- cado. Entre junho e julho, o preço mé- dio da alface americana recuou 68,9% na Ceagesp – a média em julho foi de R$ 7,92/cx com 18 unidades. Setem- bro foi o mês com cotações mais bai- xas, quando a alface crespa foi comer- cializada a R$ 7,81/ cx com 24 unidades no atacado. Ao longo da safra, houve a ocorrência de algumas doenças, princi- palmente de míldio. O surgimento de raças diferentes desse fungo resultou em perdas leves e enfraquecimento das alfaces americana, crespa e lisa. Mes- mo assim, a produtividade da safra de inverno se manteve elevada. A oferta se- guiu alta até meados de outubro, quan- do a oferta da safra de inverno já havia começado a reduzir e também voltou a chover. Os preços de todas as varieda- des, então, começaram a se recuperar. Mesmo com períodos de baixos preços, no balanço parcial da safra de inverno (abril a novembro), a alface crespa foi comercializada em Mogi das Cruzes por R$ 8,98/caixa com 20 unidades, 18% maior que o custo estimado pelos produtores para que os gastos com a cultura no mesmo período fossem co- bertos. Com a diminuição da qualidade das alfaces cultivadas na terra, as ven- das das hidropônicas ganharam força. Com qualidade superior, também tive- ram seus preços elevados em outubro e novembro. ANO dE CONTRASTES: PRE ÇOS ALTOS NO VERÃO Área plantada (ha) - Área plantada (ha) Região Praças de coleta Safra de inverno (mai/nov) Safra de verão (dez/abril) 2013 2014 Variação (%) 2013 2014 Variação (%) Ibiúna Ibiúna, Piedade e Vargem Grande Paulista 4.240 4.240 0% 5.088 5.088 0% Mogi das Cruzes Mogi das Cruzes, Biritiba Mirim, Salesópolis e Suzano 2.600 2.600 0% 3.900 3.900 0% fonte: Agentes de mercado consultados pelo Cepea. ESTATÍSTICA dE PROdUÇÃO - fOLhOSAS* *As estatísticas de produção divulgadas pelo Cepea não representam a área total cultivada em cada região. Os dados refletem a opinião dos principais agentes do setor e são considerados as principais referências de mercado Gabriela Boscariol Rasera é analista de mercado de folhosas. Entre em contato: hfolhosa@usp.br E BAIXOS NO INVERNO Dezembro de 2014/Janeiro de 2015 - HORTIFRUTI BRASIL - 23 Melão fALTA dE ÁGUA LIMITA INVES TIMENTOS EM 2014 Queda na produtividade do melão amarelo no RN/CE (ago-nov/14 frente ao mesmo período de 2013) -16% Recuo na área total de melão em 2014 4% Preço recorde nominal do melão amarelo tipo 6 e 7 no RN/CE desde julho/2009 (fevereiro) 25,73/cxR$ Aumento das exportações (ago-nov) frente ao mesmo período de 2013 11% Números do mercado de melão em 2014 Área de melão recua 4% A área de cultivo de melão na sa- fra 2014 corresponde ao período de co- lheita do Vale do São Francisco em todo este ano somado com a safra do RN/CE (agosto/14 a março/15). A área total des- sas regiões deve ser de 14.350 hectares, recuo de 4% frente à temporada anterior – tanto o Vale quanto o RN/CE têm regis- trado queda na área cultivada. No Vale do São Francisco, a redução é de 5,1% frente a 2013. Comparando-se os primei- ros semestres de 2014 e 2013, por outro lado, a área plantada seguiu estável. Na “entressafra” e no período de final de ano (segundo semestre), é que a área te- ve diminuição, de 15,8% (150 hectares), frente ao mesmo período do ano anterior. Essa redução ocorreu porque a rentabi- lidade foi prejudicada após a Copa do Mundo no Brasil (em junho e julho), e produtores desaceleraram os investimen- tos. Além disso, produtores do Vale estão desanimados com a concorrência com o RN/CE. Para o início de 2015, produtores devem manter os investimentos em tec- nologia, procurando aumentar a utiliza- ção de sementes F1, o que garante boas produtividade e qualidade. No RN/CE, levantamentos da equipe Hortifruti/Ce- pea também indicam queda na área da safra 2014/15 frente à anterior. O recuo se deu no pico de plantio (setembro/ou- tubro de 2014), quando a falta de água se tornou crítica para sustentar os 12 mil hectares planejados no início da safra. Assim, o RN/CE deve cultivar 11.550 hectares na safra 2014/15, 3,8% a me- nos que na anterior. Com a redução na área e o aumento dos envios ao mercado internacional, o mercado interno registra queda na oferta de melões. Segundo es- timativas de agentes do setor, até o final de outubro, esse volume foi 15% inferior ao do mesmo período do ano passado. A expectativa é de chuvas entre o final de 2014 e o início de 2015, possibilitando recuperação e até mesmo aumento nos investimentos para o próximo ano. Preços do início do ano garantem boa rentabilidade A rentabilidade unitária do melão segue positiva, o que estimula produto- res a continuar na cultura. Entre janeiro e março, as cotações do melão amarelo chegaram a patamares elevados, superan- do a expectativa de muitos produtores. A média de preços no Vale do São Fran- cisco naquele período foi de R$ 22,91/ cx de 13 kg – em fevereiro, as cotações atingiram a maior média mensal nominal, desde junho de 2009, finalizando o mês a R$ 25,46/cx. Já no Rio Grande do Norte/ Ceará, entre janeiro e março, os preços tiveram média de R$ 23,66/cx de 13 kg, com recorde atingido tambémem feve- reiro – R$ 25,73/cx, maior preço nominal desde julho/09. Segundo agentes, o vo- lume ofertado de janeiro a março corres- ponde a 25% e 20%, respectivamente, de toda a produção anual do Vale e do RN/ CE. Além disso, as cotações da caixa de melão no segundo semestre seguem aci- ma dos custos unitários de produção, de- vido, sobretudo, ao baixo volume da fruta no mercado interno frente ao ofertado no mesmo período de 2013. Neste cenário, muitos melonicultores estão otimistas pa- ra o próximo ano. Porém, fatores climáti- cos decidirão a situação em 2015. Estiagem prejudica lavouras em 2014 Neste ano, o problema com a seca no Nordeste do Brasil foi mais crítico do que nos anteriores. Segundo a Somar Me- teorologia, em Mossoró (RN) – umas das mais importantes produtoras de melão no Brasil –, cerca de 430 mm de chuva foram registrados entre janeiro e outubro 24 - HORTIFRUTI BRASIL - Dezembro de 2014/Janeiro de 2015 fALTA dE ÁGUA LIMITA INVES TIMENTOS EM 2014 ESTATÍSTICA dE PROdUÇÃO - MELÃO* * As estatísticas de produção divulgadas pelo Cepea não representam a área total cultivada em cada região. Os dados refletem a opinião dos principais agentes do setor e são considerados as principais referências de mercado Vale do São Francisco Petrolina, Santa Maria da Boa Vista e 2.950 2.800 -5,1% Floresta (PE); Juazeiro e Curaçá (BA) Rio Grande do Norte e Ceará Mossoró, Baraúna e Apodi (RN); 12.000 11.550 -3,8% Aracati, Icapuí, Limoeiro do Norte e Quixeré (CE) fo n te : A ge nt es d e m er ca do c on su lta do s pe lo C ep ea Área plantada (ha) Região Praças de Coleta 2013 2014 Variação (%) Área plantada (ha) Região (safra de agosto a março) Praças de Coleta 2013/14 2014/15 Variação (%) Flávia Noronha do Nascimento e Matheus Marcello Reis são analistas de mercado de melão. Entre em contato: hfmelao@usp.brdeste ano, volume 40% inferior ao espe- rado para o período. Neste cenário, mui- tos melonicultores do RN/CE reduziram a área. Vale lembrar que a expectativa ini- cial era de aumento na temporada 2014, pois a rentabilidade unitária positiva das últimas safras vinha motivando produto- res nordestinos. O recuo da área total de melão ocorreu devido à dificuldade de alguns produtores manterem a qualida- de da fruta e a produtividade adequada. Com a proximidade do verão, chuvas são esperadas, o que pode elevar os volumes de rios e açudes. Incidência de pragas reduz produtividade no RN/CE Com o clima mais quente e seco a partir de outubro, a incidência de pragas, sobretudo de mosca minadora, aumenta nas lavouras do Rio Grande do Norte/Cea- rá. Isso porque as pragas atacam as planta- ções irrigadas quando a vegetação nativa está seca. Em outubro de 2014, a ocorrên- cia da mosca minadora aumentou. Com isso, a produção da fruta teve redução. Além da queda na produtividade, o tama- nho e o ºbrix (quantidade de açúcar) dos melões diminuíram. Assim, houve dificul- dades para garantir as exportações, tendo em vista que parte da fruta não atingiu a qualidade exigida pela União Europeia. De agosto a novembro, a média da pro- dutividade no RN/CE foi de 2.023 caixas/ hectare, volume 16% inferior ao registra- do no mesmo período do ano anterior. Em contrapartida, o Vale do São Francisco (BA/PE) tem apresentado elevação da pro- dutividade nesta temporada. Esta região não tem problemas com a mosca mina- dora. Somado a isso, as altas temperatu- ras aumentaram o calibre dos melões do Vale. Segundo levantamentos do Cepea, entre janeiro e novembro, a produtividade média esteve em 2.548 caixas/hectare no Vale, volume 15% superior ao do mesmo período de 2013. Exportações se aquecem no início da temporada A temporada 2014/15 de expor- tações (agosto/14 a março/15), embora ainda esteja no início, já tem se mostrado positiva. Segundo dados da Secex (Secre- taria de Comércio Exterior), entre agosto e novembro, o Brasil embarcou 113 mil toneladas da fruta, aumento de 11% fren- te ao mesmo período da safra anterior. A receita gerada por esses envios foi de US$ 88 milhões, 8% de acréscimo na mesma comparação. A expectativa de agentes é que esta safra supere, em volume, o em- barcado na temporada 2013/14, quando foram enviadas 177 mil toneladas, tam- bém de acordo com a Secex. Porém, a falta de água que vem limitando a produ- ção no polo exportador do Rio Grande do Norte/Ceará ainda preocupa. O principal destino das exportações brasileiras de melão ainda é a União Europeia, que, no período, importou 109 mil toneladas, vo- lume que representa 96% do total embar- cado pelo Brasil. O acréscimo nas vendas ao mercado internacional pode estar atre- lado à boa demanda deste bloco, somada à antecipação do encerramento da safra espanhola da fruta. Além disso, os preços estão satisfatórios na UE. De acordo com dados do AMS/USDA, de agosto a novem- bro, o melão amarelo foi cotado, em mé- dia, a US$ 1,53/kg no porto de New Co- vent Garden, no Reino Unido, enquanto que, no mesmo período de 2013, a fruta chegou a US$ 1,24/kg no mesmo porto. O Oriente Médio, que foi destaque em compras na safra passada, tem apresen- tado aumento nas importações da fruta brasileira. De agosto a novembro/14, o Brasil enviou 1,6 mil toneladas da fruta para o bloco, acréscimo de 37% frente ao ano anterior. Em relação ao Chile, novo comprador em 2014, já adquiriu 273 to- neladas no período. Dezembro de 2014/Janeiro de 2015 - HORTIFRUTI BRASIL - 25 26 - HORTIFRUTI BRASIL - Dezembro de 2014/Janeiro de 2015 Dezembro de 2014/Janeiro de 2015 - HORTIFRUTI BRASIL - 27 ceBola mil toneladas 5 Recorde de cebola importada (setembro) MESMO COM INSTABILIdAdE NOS PREÇOS, RENTABILIdAdE É POSITIVA EM 2014 Queda do preço ao produtor em Monte Alto (SP) (setembro ante agosto) -49% Números do mercado da cebola em 2014 Aumento nos investimentos na safra 2014 em Irecê (BA) 4,6% Redução da área na safra 2014/15 do Sul -3,4% Santa Catarina tem melhor resultado na safra 2013/14 Embora os preços da cebola du- rante toda a safra do Sul 2013/14 (no- vembro/13 a janeiro/14) tenham ficado acima dos custos de produção, alguns produtores tiveram resultados abaixo da média. Os mais prejudicados foram os do Rio Grande do Sul, pois ofertaram principalmente no início da temporada, quando as cotações estavam aquém do esperado, uma vez que ainda havia ofer- ta do segundo semestre de 2013. Além disso, o excesso de chuva no estado resultou em quebra de produtividade, pressionando ainda mais a rentabilida- de. Entre janeiro e março, as cotações atingiram elevados patamares, com média de R$ 0,80/kg na roça. Em São José do Norte (RS) houve adversidades climáticas na temporada, com altas tem- peraturas na fase de desenvolvimento e excesso de chuva na colheita. Com isso, a rentabilidade gaúcha ficou limitada e inferior à de outras praças, o que levou produtores gaúchos a reduzirem a área da safra 2014/15. Já em Santa Catarina, onde predomina o cultivo de cebolas crioulas, os resultados foram satisfató- rios, pois a comercialização foi mais tardia. Os preços médios em SC foram de R$ 0,74/kg em de novembro/14 a abril/15, valor 64% superior às estima- tivas de custos dos produtores. Irati (PR), embora tenha fechado no azul, também não apresentou elevada rentabilidade por ter ofertado mais no início da tem- porada, fator que somado à atração dos produtores por outras culturas, resultou na redução de cultivo em 2014/15. A comercialização das cebolas do Sul foi mais escalonada, evitando o acúmulo de bulbos. Como as variedades preco- ce e crioula são resistentes à armazena- gem, a comercialização se estendeu até o iníciode abril. Mesmo com seca e pragas, Cerrado tem boa temporada Os produtores do Cerrado con- cluíram a safra 2014 no final de novem- bro com rentabilidade positiva. Com poucas chuvas no início do ano, o pico de colheita foi antecipado para o pri- meiro semestre. A estiagem prolongada elevou a incidência de pragas, porém houve um bom manejo e produtores conseguiram manter o potencial pro- dutivo da região, que ficou na média de 66 t/hectare. A safra do Cerrado teve novo aumento de oferta de bulbos em outubro, quando eram esperados bons preços, no entanto, a entrada de um grande volume de cebolas importadas da Europa, o que é atípico em outubro, pressionou as cotações do produto na- cional a valores próximos aos custos de produção. Com isso, a rentabilidade da região foi positiva, mas limitada, já que havia expectativa valorização do produto. Os agricultores da região rea- lizaram o plantio de em janeiro a abril e a colheita de maio até o final de no- vembro, com pico de oferta entre junho e julho. SP tem resultados positivos, apesar da concorrência europeia As regiões produtoras de cebola de São Paulo tiveram rentabilidade positiva em 2014, em razão da queda na área de cultivo na maioria das praças que ofer- tam no segundo semestre, sobretudo São José do Rio Pardo e Monte Alto, de 11% e 4% respectivamente e consequente menor disponibilidade. A redução no plantio se deu por conta dos baixos pre- ços da safra passada, dado o excesso de oferta no pico de colheita. Com isso, produtores conseguiram bons valores no início da temporada. A colheita come- 28 - HORTIFRUTI BRASIL - Dezembro de 2014/Janeiro de 2015 çou em julho e seguiu com preços satis- fatórios até setembro, quando houve a entrada de cebolas europeias. Com isso, Monte Alto registrou queda de 49% no preço em setembro frente ao de agosto. A inesperada entrada de bulbos estran- geiros entre setembro e outubro pressio- nou os valores nacionais, quando a ex- pectativa era de aumento em função da menor área de cultivo nesse ano. A safra 2014 terminou em outubro com atraso, já que a comercialização dos bulbos paulistas diminuiu frente à concorrência importada. Apesar de as cotações terem apresentado quedas significativas em outubro, a média ponderada pelo calen- dário de colheita (julho a outubro) foi de R$ 0,70/kg, valor 32% acima das esti- mativas de custos dos produtores. Com resultados melhores que a temporada passada, a expectativa é de pelo menos manutenção da área para a safra 2015. Safra do segundo semestre recua no Vale e aumenta em Irecê No primeiro semestre do ano, a temporada do Vale do São Francisco te- ve excesso de chuva durante o semeio. Já durante o desenvolvimento dos bul- bos, a seca predominou, resultando em menor produtividade. Além disso, o pi- co de colheita do Vale e de Irecê (BA) coincidiu com o do Cerrado, tornando os preços pouco atrativos aos produto- res. Com resultados limitados, a área acabou recuando já na primeira metade do ano, com intensificação no segundo semestre, quando já se esperava tal ce- nário em função dos baixos preços. As- sim, neste ano, a área cultivada com ce- bola na região caiu 7,4%, com o recuo mais concentrado no segundo semestre, reduzindo significativamente a oferta de cebola nesse período. Já em Irecê, hou- ve bom volume pluviométrico no início do ano, recuperando os níveis dos reser- vatórios, o que permitiu aumentar a área de plantio em 4,6%, seguindo com a sa- fra até dezembro. Com boa tecnologia e volume de água adequado, produtores desta região programaram a intensifica- ção da colheita de outubro até dezem- bro, para garantir boas cotações diante da expectativa de pouca oferta nacional. Já Mossoró (RN), com rentabilidade ne- gativa na temporada passada e a falta de água, reduziu em 8,5% os investimentos para a safra 2014. A seca na região atra- sou a colheita em 40 dias, que começou em outubro ao invés de setembro. O adiamento, por outro lado, foi bom para a região potiguar, que não chegou a ser prejudicada pela importação de cebola europeia, podendo garantir preços satis- fatórios ao longo de toda a safra, com encerramento previsto para janeiro/15. Para 2015, a expectativa é que as pra- ças nordestinas devam manter os inves- timentos na cultura, já que os resultados em 2014 foram positivos, apesar de li- mitados pelas importações no segundo semestre. Importações argentinas caem; europeias batem recorde A entrada de cebolas da Argenti- na no mercado brasileiro foi menor em relação ao ano passado. Isso ocorreu mesmo com elevada oferta no país vi- zinho e o peso menos valorizado frente ao Real nesse ano. Segundo a Secex, o volume importado de janeiro a setem- bro foi de 132,6 mil toneladas, recuo de 38,09% frente ao do mesmo período de 2013. A menor entrada de cebolas argentinas foi por conta da maior oferta no Sul neste ano na comparação com o anterior, quando houve quebra de pro- dução. Como de costume, no segundo semestre, a participação da Argentina perdeu força, com pico de colheita do Vale do São Francisco e do Cerrado. Entretanto, quando era esperada baixa oferta do produto no mercado, houve uma expressiva e atípica entrada de cebolas vindas da Europa. A importa- ção de bulbos europeus bateu recorde em setembro, com 5 mil toneladas. De julho a novembro, as importações da Europa foi de 35.981 toneladas, o que equivale a cerca de 1200 hectares de cebola cultivados no Brasil, suficientes para gerar o excesso de oferta quando somado ao volume que se produziu nas lavouras brasileiras. Essa maior oferta resultou em acentuada queda nas co- tações, que chegaram a ficar abaixo dos custos para alguns produtores. No mesmo período do ano passado foram importadas 8,3 mil toneladas, 27,6% a menos em relação ao que foi comprado até novembro de 2014. A importação, além de pressionar os valores da cebo- la brasileira, afetou a rentabilidade dos importadores, que tiveram que vender também em patamares mais baixos. Para 2015, o volume importado no pri- meiro semestre pode aumentar, já que há previsão de menor oferta no Sul na Isadora do Nascimento Palhares é analista do mercado de cebola. Entre em contato: hfcebola@usp.br Dezembro de 2014/Janeiro de 2015 - HORTIFRUTI BRASIL - 29 ESTATÍSTICA dE PROdUÇÃO - CEBOLA* *As estatísticas de produção divulgadas pelo Cepea não representam a área total cultivada em cada região. Os dados refletem a opinião dos principais agentes do setor e são considerados as principais referências de mercado. Área plantada (ha) Região Praças de Coleta 2013 2014 Variação (%) Área plantada (ha) Região Praças de Coleta 2013/14 2014/15 Variação (%) São José do Norte (RS) São José do Norte 2.438 1.950 -20% Rio Grande (RS) Rio Grande e Tavares 1.800 1.530 -15% Irati (PR) Irati, Fernandes Pinheiro, Imbituva, Palmeira, 1.610 1.445 -10% Guamiranga, Campo Magro Curitiba (PR) 4.600 4.300 -7% Lebon Régis (SC) Caçador, Curitibanos e Lebon Régis 1.500 1.500 0% Ituporanga, Petrolândia, Aurora, Atalanta, Imbuia, Ituporanga (SC) Vidal Ramos/Agrolândia, Alfredo Vagner, 14.000 14.350 3% Bom Retiro e Leoberto Leal fo n te : A ge nt es d e m er ca do c on su lta do s pe lo C ep ea * Na região de Divinolândia separou-se a safra de bulbinhos e de híbridas. A área correspondente a híbridas foi somada à região de São José do Rio Pardo. ** Dados com base na Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA). Divinolândia (SP) - bulbinho* Divinolândia 380,0 323,0 -15% Piedade (SP) - bulbinho Piedade 130,0 120,0 -8% Piedade (SP) - híbrida Piedade 550,0 577,0 5% Monte Alto (SP) Monte Alto 1.400,01.250,0 -11% São José do Rio Pardo (SP) São José do Rio Pardo , Divinolândia, São Roque, 2.678,0 2.300,0 -14% Itobi, Casa Branca, Vargem Grande e Mococa Uberaba, Rio Paranaíba, São Gotardo, Ibiá, Triângulo Mineiro Santa Juliana, Patrocínio, Araxá, Perdizes, 2.230,0 2.341,0 5% Sacramento, Lagoa Formosa e Patos de Minas Mossoró (RN) Mossoró e Baraúna 655,0 600,0 -8% Cerrado (GO) Brasília e Cristalina 1.458,0 1.531,0 5% João Dourado, Irecê, Lapão, América Dourada, Irecê (BA)** São Gabriel, Canarana, Barro Alto, Cafarnaum, 1.827,0 1.874,0 3% Ibititá, Itaguaçú da Bahia, Jussara, Mulungu do Morro, Presidente Dutra e Xique-Xique Casa Nova, Sento Sé, Sobradinho, Remanso, Vale do São Francisco (BA e PE) Juazeiro, Curaçá e Paulo Afonso (BA); Petrolina, 6.347,0 5.875,0 -7% Santa Maria da Boa Vista, Orocó, Belém do São Francisco, Cabrobó e Petrolândia (PE) Chapada Diamantina (BA) Mucugê, Cascavel e Ibicoara 269,0 296,0 10% ceBola temporada 2014/15. Para o segundo se- mestre, a oferta doméstica vai depender da decisão dos importadores, que não deverão ser tão agressivos nas compras como em 2014, pois acabaram tendo prejuízos também. Área do Sul deve recuar 3,4% A baixa rentabilidade no Rio Grande do Sul na temporada passada é o principal motivo da redução esti- mada de 3,4% na área total da safra 2014/15 do Sul, na comparação com a anterior. Nas praças gaúchas de São José do Norte e de Rio Grande, a que- da no cultivo chegou a 20% e 15%, respectivamente. No Paraná, embora o resultado médio tenha sido positivo, alguns produtores tiveram desempe- nho inferior à média, ficando desesti- mulados nesta temporada. Além disso, alguns agricultores estão preferindo apostar em outras culturas. Assim, a re- gião de Irati tem expectativa de recuo na área de 10% e em Curitiba, de 6,5%. A queda no cultivo do Sul só não foi maior porque os resultados médios na temporada 2013/14 foram bastante sa- tisfatórios em Santa Catarina. A região de Ituporanga, principal produtora na- cional de cebola, teve um aumento de 2,5% e, Lebon Régis, de 1,3%. Nesta última região, o cultivo acabou menor que o planejado inicialmente devido a problemas climáticos. A previsão para esta safra (novembro/14 a fevereiro/15) é de preços acima dos custos de produ- ção, pois a área cultivada não deve ser suficiente para gerar excesso de oferta. 30 - HORTIFRUTI BRASIL - Dezembro de 2014/Janeiro de 2015 Dezembro de 2014/Janeiro de 2015 - HORTIFRUTI BRASIL - 31 cenoura Safra de verão 2013/14 fecha com resultados inferiores aos da anterior Os preços na safra 2013/14 de verão estiveram acima do custo de pro- dução, mas abaixo dos da temporada 2012/13. A área a se manteve em pra- ticamente todas as regiões (Minas Ge- rais, Paraná e Goiás), com exceção do Rio Grande do Sul, que aumentou os investimentos em 10%. Na soma de to- das as regiões, foram cultivados 9.800 hectares na safra de verão, 1,9% acima do registrado na 2012/13. A produtivi- dade esteve acima da observada no ano passado e, com isso, a oferta foi maior, pressionando as cotações. No correr da temporada (de janeiro a julho), as lavou- ras foram beneficiadas pelo clima atípico do primeiro semestre (tempo quente e seco) – no Rio Grande do Sul, a colhei- ta ocorreu de março a maio, devido às temperaturas tipicamente mais baixas. Segundo a Somar Meteorologia, entre ja- neiro e maio, a chuva acumulada em São Gotardo, Santa Juliana e Uberaba (MG) foi de apenas 47,8 mm, enquanto que a média deste período é de 150 mm. Entre janeiro e julho, a raiz foi comercializa- da em Minas Gerais, Goiás e Paraná por R$ 12,84/caixa “suja” de 29 kg, valor 26,5% acima dos custos de produção, mas 43% inferiores aos da safra 2012/13, considerando-se produtividade média de 50,6 t/ha. O plantio da safra de verão 2014/15 começou entre setembro e ou- tubro, e a estimativa inicial é de redução de 5% no cultivo em Minas Gerais, na comparação com a 2014/15. A queda ocorre devido ao clima seco, que difi- cultou as atividades de campo. Porém, caso as precipitações retornem aos níveis normais neste verão, o plantio ainda po- de ser normalizado, uma vez que as ati- vidades seguem até abril/15. A colheita da safra de verão começa em janeiro do próximo ano. Nas demais regiões pro- dutoras, a previsão é de estabilidade nos investimentos. Temporada de inverno começa no vermelho, mas se recupera A colheita das cenouras de inver- no começou em julho em Minas Gerais, Goiás e Paraná, com preços abaixo do custo de produção. O clima seco fez com que a produtividade das lavouras fosse elevada no primeiro trimestre da temporada (julho a setembro), o que manteve a oferta elevada. Contudo, o desenvolvimento das cenouras plantadas no Triângulo Mineiro a partir de julho foi prejudicado, pois, com o clima seco, as irrigações diminuíram. Dessa forma, as raízes mineiras colhidas a partir de outu- bro começaram a apresentar aspecto mi- údo e murcho. Como esta é a principal região produtora, a raiz valorizou. Entre julho e novembro, a média de preços da caixa “suja” de 29 kg foi de R$ 13,00 em MG, GO e PR, valor 21,1% maior que o mínimo estimado para cobrir os gas- tos com a cultura no período, mas 18% menor em relação ao mesmo período do ano anterior. Produtividade ultrapassa 100 t/ha em Goiás A colheita da safra de inverno 2014 em Cristalina (GO) se iniciou em julho e segue até dezembro. Não houve al- teração na área cultivada nesta região; no entanto, a alta produtividade das la- vouras resultou em maior oferta frente ao mesmo período do ano passado. Em setembro, o rendimento na região foi de 102,4 t/ha, considerado elevado para a cultura. Entre julho e novembro, a média da caixa “suja” de 29 kg foi de R$ 11,69, enquanto que o custo de produção foi TEMPO SECO fAVORECE PROdU ÇÃO EM BOA PARTE dO ANO Maior produtividade média em Goiás (setembro) t/ha102,4 Menor preço em Minas Gerais (junho) ,37/cx5R$ Volume de chuva no Rio Grande do Sul (junho) mm320 Redução na área da Bahia no segundo semestre %10 Números do mercado de cenoura em 2014 32 - HORTIFRUTI BRASIL - Dezembro de 2014/Janeiro de 2015 ESTATÍSTICA dE PROdUÇÃO - CENOURA* * As estatísticas de podução divulgadas pelo Cepea não representam a área total cultivada em cada região. Os dados refletem a opinião dos principais agentes do setor e são considerados as principais referências de mercado. Safra de inverno (julho a dezembro) Variedade Área plantada (ha) Região Praças de Coleta 2013 2014 Variação (%) Goiás Cristalina cenoura safra de inverno 845 845 0,0% Minas Gerais São Gotardo, Santa Juliana e Uberaba cenoura safra de inverno 2.123 2.123 0,0% Bahia Irecê e João Dourado cenoura safra de verão segundo semestre 1.200 1.080 -10,0% Paraná Marilândia do Sul, Apucarana e Califórnia cenoura safra de inverno 800 800 0,0% Rio Grande do Sul Caixas do Sul, Antonio Prado e Vacaria cenoura safra de inverno 1.350 1.350 0,0% TEMPO SECO fAVORECE PROdU ÇÃO EM BOA PARTE dO ANO Fo n te : A ge nt es d e m er ca do c on su lta do s pe lo C ep ea avaliado em R$ 10,50/cx. A expectativa para o encerramento da safra de inverno de 2014 é que a oferta continue elevada, mas, como o volume em Minas Gerais (maior região produtora) deve continuar reduzindo, produtores goianos podem observar aumento nos preço. Ao contrário das demais regiões, Sul tem excesso de chuva A área destinada ao cultivo da ce- noura da safra de inverno 2014 se man- teve na comparação com 2013 no Rio Grande do Sul, totalizando 1.350 hec- tares em Caxias
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