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A Atualidade Mediática 
L. C. Martino Universidade de Brasília - CNPq 
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Cinema
Edward Muybridge: ciência.
Louis Lumière: curiosidades, documentário.
George Méliès: arte
Charles e Émile Pathé: atualidades filmadas, jornalismo, documentário.
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Edward James Muybridge
1878 – Famoso por suas reportagens de guerras, ele é contrato por um criador de cavalos, para verificar fotograficamente as afirmações do fisiologista Marey. Ele decompõe o movimento em 12 imagens, colhidas por uma engenhosa bateria de aparelhos. 
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Fuzil fotográfico
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O cinema de 
G. Méliès
1905 – Cenários de O rally Paris-Montecarlo em duas horas. 
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Os efeitos especiais: a volta ao ilusionismo 
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O cinematografo de Lumière
1895
Irmãos Lumière
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O cinematografo de Lumière
1895 – Primeiro filme documentário (45 s.)
Saída da Fábrica Lumière, em Lyon
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“Nós, pessoas honradas, que vivemos agora no mundo, devemos também compreender o mundo de agora... se quisermos ser sábios. Mas aquele que quer ser sábio e chegar a sê-lo (qualquer que seja o estamento da sociedade em que viva, do comércio e da burguesia), então deve conhecer os jornais, deve lê-los sempre, tê-los em conta, recordar o que dizem e saber como se servir deles”.
Noção de atualidade mediática
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“Nós, pessoas honradas, que vivemos agora no mundo, devemos também compreender o mundo de agora... se quisermos ser sábios. Mas aquele que quer ser sábio e chegar a sê-lo (qualquer que seja o estamento da sociedade em que viva, do comércio e da burguesia), então deve conhecer os jornais, deve lê-los sempre, tê-los em conta, recordar o que dizem e saber como se servir deles”.
Noção de atualidade mediática
(Caspar von Stieler,1695 apud Haacke, p.180) 
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Illustração Brazileira, 
n.3 ano 30 
Rio de Janeiro, 
16 de agosto de 1910 
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Quinze Dias
 Illustração Brazileira, n.3 ano 30, Rio de Janeiro, 16 de agosto de 1910
Quinze dias chôchos, em vão o cronista espraia os olhos pelas colunas insípidas dos jornais. Ao terminar essa excursão, murmura melancolicamente:
Chamo... ninguém me responde!
Olho... não vejo ninguém!
A mizeria de noticias interessantes estende-se ao estrangeiro. Assim, todos os jornais do dia 11 publicavam solemnemente este telegrama da Agencia Havas, telegrama de trancendentalisissima importancia: 
Madrid, 10
“A policia de Barcelona descobriu na rua Strella, daquella cidade, um armazém clandestino, onde existem mercadorias no valor de 40.000 pezetas”.
Ao cambio atual, quarenta mil pezetas são 21 contos de réis. Ora, que pode haver de interessante no fato da policia ter descoberto um pobre armazém com vinte contos de mercadorias e que não tivesse pago a respectiva licença á municipalidade? Si ao menos o sortimento, nessa revolucionaria cidade, fosse de bombas de dinamite, ainda couza mereceria a honra de um cabograma. 
Vê-se bem que uma quinzena, em que o Telegrafo esteve ocupado com estas bagatelas, não passará á posteridade como um período celebre da Historia Universal.
É verdade que alguém já disse que os povos sem história são os mais felizes. Si nada ocorreu que os pozesse em evidencia, é sinal de que também nenhuma desgraça os feriu. A Historia rejistra mais desgraças que venturas.
Mas por isso mesmo, talvez de futuro, si as desgraças que acabrunham a Humanidade forem crescendo muito, não será impossível que as cousas se invertam e os analistas, verificando a impossibilidade de catalogarem todas as catástrofes, se atirem a procurar os períodos obscuros em que nada houve – e esses precizamente por isso, comecem a ser celebres.
Assim, a quinzena que passou não está de todo livre de vir a ter sua celebridade.
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A noção de atualidade não é nova, conta com uma história de cerca de três séculos. 
Segundo o prof. Wilmont Haacke, “pouco antes de 1700 já se formulava a experiência de atualidade” (p.180) e autores como Tobias Peucer (1690) e Caspar von Stieler (1695) já destacavam as funções das notícias e o papel do jornalismo na sociedade. 
Noção de atualidade mediática
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Historicidade da Informação 
Os historiados do jornalismo têm destacado o percurso, que nos leva do jornalismo antigo para o moderno, ao longo do qual a notícia é construída e assume seu lugar na atividade jornalística. 
A presença de notícias não constituía a tônica dos jornais anteriores ao século XIX. Tal como as técnicas jornalísticas, elas não nasceram prontas e acabadas. 
Reportagens, entrevistas, cobertura de acontecimentos, narrativa... foram sendo desenvolvidas pouco a pouco e caracterizam o jornalismo moderno 
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Demanda por notícias
“Todos os homens estão providos de qualidades inatas, indispensáveis para sua conservação. Uma destas características é a curiosidade. Quem tem que cuidar de uma comunidade tem que recolher notícias, a cujo conteúdo deve conformar seu comportamento, deste modo a protege a ela e a si mesmo. Estar bem inteirado dos últimos acontecimentos pode ter um efeito decisivo no destino”.
 (Haacke, p.170). 
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Demanda por notícias
“Os sociólogos Harvey Molotch e Marilyn Lester atribuem o interesse em notícias a uma ‘necessidade invariável de relatos acerca de coisas desconhecidas’. Os humanóides em que nossos genes se desenvolveram, devem ter sobrevivido parcialmente porque eram curiosos em relação ao ‘desconhecido’, com suas ameaças potenciais e suas potenciais recompensas. Nosso interesse compulsivo pelos acontecimentos na aldeia ao lado pode ter surgido dessa curiosidade instrumental, mas se transformou numa necessidade generalizada de permanecer consciente”.
 (Mittechel Stephens, p. 46-47). 
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Naturalização da informação
A curiosidade invocada não é qualquer curiosidade, mas aquela que se aplica à vida social. 
Sabemos que há muitos tipos de informação:
a) conhecimento científico, filosófico, técnico, arte, literatura, 
b) lendas, boatos, 
c) a notícia é uma forma histórica, um tipo de conhecimento da vida social. 
Nada nos serve a tentativa de explicar a atualidade por uma demanda inata ao homem e fazer das tecnologias da comunicação um meio para satisfazê-la. 
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Naturalização: informação, meios, demanda
A naturalização da informação e das funções das tecnologias de comunicação esconde sua dimensão histórica. Ela está montada sobre três falácias: 
“os homens sempre se interessaram por notícias”.
“notícias sempre existiram”.
 
“os meios de comunicação evoluem no sentido de fazer isto melhor e mais rápido”. 
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Atualidade e necessidade de informação
 A atualidade mediática corresponde aos dados e representações necessários à redução da complexidade, de modo a viabilizar a existência em um ambiente multidimensional e complexo, exigindo a intervenção individual em muitos planos de ação, decorrentes de uma existência desdobrada pelos múltiplos papéis sociais.
 A necessidade de informar-se diz respeito ao ambiente social e não a um meio ambiente natural. 
 A informação em questão é aquela relativa a um mundo globalizado (unificado, universalizado) e às demandas do indivíduo moderno, tornado relativamente autônomo em relação ao coletivo como exigência do processo mesmo de constituição da sociedade complexa. 
 Neste tipo de organização social a integração do indivíduo à sociedade requer atividade, iniciativa, nos mais diversos âmbitos de sua existência social. 
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Atualidade e Acontecimento
Paul Fechter (Poesia e Jornalismo, 1924) 
O jornalismo é um processo de “socialização continuada e crescente”. Ao transformar o acontecimento em informação, ele se torna “um fator da união e incorporação do indivíduo na grande marcha da generalidade que mostra a vida e a existência de todos nós”. 
Demetrius Gusti (Os Conceitos de Fundamentais do Direito de Imprensa, 1909) 
A noção de atualidade não expressa os acontecimentos em si mesmos, maso interesse que temos neles. 
Por conseguinte, “a atualidade só pode existir na consciência”, e não no mundo enquanto tal. Não são fatos naturais, mas fatos sociais, construções coletivas. 
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Atualidade e Acontecimento
 Walter Hagemann (Princípios de Publicística, 1947)
Simultaneidade completa do acontecimento e sua recepção pelo público (“tempo real”). 
Diferença entre atualidade primária e secundária, marca a diferença entre o acontecimento em si mesmo e o acontecimento mediatizado. O que torna possível admitir que, não somente os acontecimentos presentes, mas também todo o passado e o futuro possam constituir o atual. 
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Atualidade e Acontecimento
Ernst Herbert Lehmann (Manual da Ciência do Jornalismo, 1940) 
O lapso entre o acontecimento e sua divulgação tem apenas valor relativo, já que os acontecimentos, enquanto tais, não configuram a atualidade; é o interesse que lhes devotamos que os fazem atuais. 
Erich Everth (A Opinião Pública na Política Exterior, 1931).
A noção de atualidade expressa uma dinâmica dos acontecimentos que ultrapassa um recorte temporal, não estando presa ao presente ou aos acontecimentos diários. 
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Atualidade e Acontecimento
Robert Park (1940)
 
Daniel Boorstin (1964)
Pierre Nora (1972)
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Dimensões da atualidade mediática
Fenômeno Técnico: 
A atualidade mediática se encontra no ponto de conjunção de duas linhas de evolução da técnica: tecnologias de ação e tecnologias de representação. 
Fenômeno singular, na medida em que a tecnologia de comunicação começa a compor a organização social e que surge um novo tipo de meio de comunicação, os meios-máquina. 
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Fenômeno de representação : 
geração de uma representação social dinâmica, de acesso universal, servindo de base para a vida social. Neste sentido, é tanto fenômeno de representação social como representação social do fenômeno. 
Fenômeno histórico: 
inscrito na história, mas com um regime de historicidade próprio, já que altera a nossa relação com a história. 
Dimensões da atualidade mediática
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Dimensões da atualidade mediática
Fenômeno social: unifica o campo da existência e permite o estabelecimento de novos elos sociais. Neste sentido é uma matriz social.
Fenômeno cultural: 
porque esta dimensão se expressa como valor; gera valores que deslocam aqueles da tradição, fazendo com que o presente se torne o sistema de referência, o centro em torno do qual gira a vida social.