Buscar

casos concretos da aula 01 a 10 teoria epratica da redação juridica

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

ESTÁCIO - CURSO DE DIREITO 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
 Aluna: Sirlei Terezinha S. da Silva – Matricula: 201501164694
Caso concreto – Aula 1
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro ajuizou ação civil pública em face de Bebidas S/A, com objetivo de impedir a comercialização dos seguintes produtos, sem a adequação das informações em seus rótulos:
1) Cerveja com a mensagem "Sem Álcool", já que contém álcool em sua composição, o que viola a informação adequada;
2) Bebida energética denominada Sorte com a mensagem "Beba Sorte e pratique Esportes!", por se tratar de propaganda abusiva.
3) Caipirinha em lata, destinada ao mercado exterior, com a mensagem "A Melhor do Brasil", por se tratar de propaganda enganosa.
Citada, a ré oferece contestação alegando, preliminarmente, que o MP não possui legitimidade para o pleito, por se tratar de direitos disponíveis, e que, caso os consumidores se sintam lesados, devem ajuizar ações individuais. No mérito, argumenta, em síntese, que:
1) a legislação vigente (art. 1.º e 2.º da Lei n.º 8.918/94 e 38, III, "a", do Decreto n.º 6.871/2009), diz expressamente que não é obrigatória a declaração, no rótulo, do conteúdo alcoólico para definir a cerveja em que o conteúdo de álcool se apresente em patamar igual ou inferior a 0,5% do volume e, portanto, não a impede de fazer constar do rótulo da cerveja a expressão "sem álcool", mesmo porque esta é a expressão empregada pela legislação de regência, sendo que a cerveja comercializada possui 0,30 g/100g e 0,37g/100g de álcool em sua composição;
2) o nome e slogan da bebida energética é uma estratégia de propaganda para difundir sua ideologia de que a bebida energética melhora o desempenho nos esportes e, consequentemente, captar clientes;
3) sua caipirinha industrializada foi considerada a melhor por pesquisa de satisfação feita pela própria ré em diversos Estados do Brasil. Além disso, a ré considera seu produto o melhor do Brasil, sendo inegável que gosto não se discute.
Se você fosse o juiz da causa, como decidiria?
 Para facilitar sua compreensão sobre a discussão, leia as fontes a seguir:
"Não se confundem publicidade e propaganda, embora, no dia-a-dia do mercado, os dois termos sejam utilizados um pelo outro. A publicidade tem um objetivo comercial, enquanto a propaganda visa um fim ideológico, religioso, filosófico, político econômico ou social. Fora isso, a publicidade, além de paga, identifica seu patrocinador, o que nem sempre ocorre com a propaganda." (BENJAMIN, Antônio Herman de Vasconcelos. Código de Defesa do Consumidor Comentado pelos autores do Anteprojeto. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 270).
Art. 6º do CDC: São direitos básicos do consumidor:
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;
Art. 30 do CDC: Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.
R: A favor da empresa, seguindo a linha de raciocínio do MP deveríamos impedir a comercialização de produtos tais como, a bebida energética RedBull, que não da asas a ninguém, ou a carne Friboi que ninguém sabe se realmente é a melhor do Brasil, ainda como as Havaianas, que nem todo mundo usa.
Caso concreto 2 – Aula 2
 Agentes policiais militares à paisana, à noite, fora do horário de trabalho, em veículos particulares e usando armamento privado, dirigem-se a uma comunidade composta de pessoas de baixa renda e, lá, em ação coordenada, efetuam disparos de arma de fogo, vindo a matar friamente várias pessoas inocentes. Os crimes, conforme apurado, foram cometidos como retaliação contra medidas rigorosas tomadas pela Administração Pública para punir policiais militares que haviam cometido desvios de conduta. Dentre as vítimas está um rapaz de 25 anos de idade, morto quando se deslocava do trabalho para casa. A mãe, a irmã e a tia-avó da vítima, que com ela moravam, propõem ação de procedimento ordinário em face do Estado, pleiteando indenização por dano material, sob a forma de pensões mensais vencidas e vincendas, contadas da data do evento, com base nos ganhos mensais da vítima (estimados em R$ 1.000,00), considerando que a vítima contribuía para o pagamento das despesas da casa; indenização a título de luto, funeral e sepultura; pedem, também, indenização por danos morais. O Estado contesta a demanda, na qual argui, preliminarmente, a ilegitimidade ativa das autoras para pleitear indenização por danos morais, porque a vítima deixou um filho (não integrante do polo ativo da relação processual), de uma ex-companheira. Quanto ao mérito, sustentou que o Estado não pode ser responsabilizado civilmente porque os autores do crime não agiram no exercício de função pública. Finda a dilação probatória, ficam comprovados os fatos narrados na petição inicial. Houve regular intervenção do Ministério Público.
Uma vez que o Código Penal brasileiro aceita o conceito da teoria mista, que tem como finalidade o caráter punitivo e preventivo da conduta ilícita, assim como uma série de artigos que descrevem atos considerados antijurídicos e suas devidas sansões para os casos formais, espera-se que haja uma punição para o caso em questão. A conduta dos agentes militares está nos moldes do artigo 121 do Código Penal, devendo estes serem punidos nos moldes e nos limites da lei pelo crime de homicídio do rapaz de 25 anos. No entanto, não há que se falar em indenização por dano moral e material para a mãe, a irmã e a tia-avó, como se pede nos autos, primeiramente pelo fato de não serem dependentes legítimas da vítima. O autor que teria por direito a pretensão ao recurso seria o seu filho, que não faz parte do pleito da relação processual. Apesar de não constar nos autos as idades das reclamantes, presume-se que pelo menos uma delas tem condições de ingressar no mercado de trabalho para garantir sua subsistência, assim como a de seus familiares, uma vez que não foi juntado aos autos laudos médicos que provem o contrário. Quanto ao fato gerador do caso, não há motivos para culpar o Estado pela morte da vítima, visto que, como comprovados os fatos narrados da petição inicial, os agentes não estavam em horário de trabalho, não estavam uniformizados e inclusive se utilizaram para tal ato, de veículos e armamentos privados. Desta forma, por não considerar tais alegações citadas ao norte razoáveis para a procedência da ação, opina-se que os pedidos das reclamantes contra o Estado sejam indeferidos. 
É o relatório. 
Questão
 Realize uma pesquisa na Internet sobre casos de difícil solução, em virtude do ineditismo que apresentam e procure identificar como o judiciário resolveu a matéria. De posse desse material, traga uma cópia impressa do caso concreto para seu professor, a fim de que esse avalie se você compreendeu a oposição lógica formal X lógica do razoável materializada em um caso concreto. 
O juiz Mario Cunha Olinto Filho, da 2ª Vara Cível da Barra da Tijuca, condenou a Igreja Universal do Reino de Deus – IURD- a indenizar uma fiel levada a fazer doação para o “Culto da Fogueira Santa”. A autora da ação fez um depósito no valor de R$ 10 mil numa conta bancária da igreja na crença de que seus problemas familiares e financeiros seriam resolvidos. A IURD terá que devolver os R$ 10 mil depositados e mais R$ 10 mil a título de indenização moral, sendo os valores acrescidos de juros e correção monetária. Na sentença, o juiz assinalou que a fiel encontrava-se “com o casamento se dissolvendo e, embora devendo cotas de condomínio e a escola dos filhos,resolve, por conta das promessas da ré (IURD), „doar‟ R$ 10.000,00 para o „Culto da Fogueira Santa‟, para ter as prometidas vitórias”. “O dinheiro – continuou o juiz - evidentemente não foi para a fogueira, embora possamos dizer metaforicamente que a autora torrou suas verbas: foi evidente para os bolsos dos organizadores da igreja, não sendo de forma alguma desconhecido do público – inclusive diante de inúmeras reportagens jornalísticas - serem escolhidos por critérios que envolvem a capacidade em arrecadação”.
Caso concreto 3 – Aula 3
A sociedade empresária ''corre-corre'', especializada em transportes executivos, ingressa em face da seguradora ''Durma tranquilo Cia de seguros'' pleiteando ação de cobrança com fulcro no descumprimento do art.757 do CC (previsão do contrato de seguro) e art. 6º, III do CDC (Direito de informação do consumidor) e art. 54, §4º do CDC (vedação a cláusula limitativa de direito do consumidor), pelo não pagamento de indenização de seguro quando do furto de um dos veículos de sua frota, estando o veículo segurado contra roubo e furto. Junto aos autos, comprovante de pagamento de 4 das 10 parcelas do prêmio, afirmando não haver razão para negativa de pagamento da indenização por parte da ré.
Apresentada contestação, a ré alega em defesa que não houve o pagamento do prêmio, dado que o contrato estava resolvido em razão do inadimplemento da sociedade demandante, que não efetuou o pagamento da 4ª parcela do prêmio até a data de vencimento da mesma, estando o contrato cancelado e os valores pagos disponíveis à autora.
Ainda, na hipótese de se considerar que o contrato estava válido, tem-se que o não pagamento do prêmio de qualquer maneira não ocorreria, pois não se implementou o risco previsto no contrato avençado pelas partes, visto que o fato ensejador do pedido de ressarcimento pela autora foi o de que uma ex-funcionária da sociedade empresária reteve um de seus veículos por não pagamento de verbas rescisórias, não ocorrendo nem roubo, tampouco furto, não havendo que se falar em descumprimento contratual por parte da seguradora.
Cumpre salientar que os funcionários da empresa ré tinham pleno acesso ao ''quadro de chaves'' da empresa, local onde ficavam as chaves de todos os veículos da frota. Por fim, afirma ainda que não há qualquer direito à informação violado, ou qualquer outro direito consumerista por não se tratar de relação de consumo, tendo em vista que a autora é sociedade empresária, ausente a hipossuficiência da mesma.
Os fatos trazidos em sede de contestação foram comprovados com farta documentação trazidos pela ré.
Em réplica, a sociedade empresária reafirma que seu direito à informação fora violado, uma vez que caberia à seguradora informar ao contratante que havia seguro específico ao seu risco. Ainda, reforça o pedido de procedência do pedido feito na petição inicial, afirmando que se o segurado teve seu patrimônio subtraído por terceiro, é indiferente a qualificação jurídica do tipo penal prevista no contrato de seguro, pois o consumidor não é obrigado a conhecer a diferença técnica entre furto, roubo e apropriação indébita. Ainda, na contratação de seguro por pessoa jurídica está intrínseca a possibilidade de uso do bem pelos prepostos da contratante. Nesse diapasão, a boa fé objetiva na formação e na execução do contrato não permite seja o consumidor obrigado a adotar cuidados extremos e desarrazoados em relação à situações corriqueiras. No tocante ao pagamento, a autora afirma que realizou o pagamento da 4ª parcela em atraso em razão da greve bancária instalada em todo país, fato público e notório, que não teria o condão de findar o contrato outrora celebrado.
Para discutir o caso, recorra à lista de princípios que segue:
"Violar um princípio é muito mais grave do que transgredir uma norma qualquer. A desatenção ao princípio implica em ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos" (Celso Antônio Bandeira de Mello)
PRINCÍPIO DA MUTUALIDADE é o suporte econômico essencial em toda operação de seguro, haverá sempre um grupo de pessoas expostas aos mesmos riscos que contribuem, reciprocamente, para reparar as consequências dos sinistros que possam atingir qualquer delas.
PRINCÍPIO DA GARANTIA E DA CONFIANÇA - art.757, CC – O objeto imediato do seguro é garantir o interesse legítimo do segurado. E esse é o princípio da garantia, que gera a confiança no segurado, a legítima expectativa de que se o sinistro ocorrer terá recursos econômicos necessários para recompor o seu patrimônio.
PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO ECONÔMICO ENTRE RISCO E PRÊMIO O valor da contribuição de cada integrante dessa comunidade em risco para a formação do fundo comum dependerá do conhecimento antecipado do número de sinistros que poderá ocorrer num determinado período. Aqui entram os cálculos de probabilidades e a lei dos grandes números. Através da estatística. Qualquer risco não previsto no contrato desequilibra o seguro economicamente.
PRINCÍPIO DA BOA FÉ Risco e mutualismo jamais andarão juntos sem a boa fé. Se o seguro é uma operação de massa, sempre realizada em escala comercial e fundada no estrito equilíbrio da mutualidade, se não é possível discutir previamente as suas cláusulas, uniformemente estabelecidas nas condições gerais da apólice.
Súmula 302,STJ à ''É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita no tempo a internação hospitalar do segurado.''
PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE As pessoas só fazem seguro por estarem expostas aos mesmos riscos, e o seguro é a única forma de que cada um tem de enfrentar uma vida cheia de riscos. O seguro tem por meta, se não a superação, a minimização dos riscos através da sua socialização.
PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO DE SEGURO - Os contratos devem ser interpretados de acordo com a concepção do meio social onde estão inseridos.
Art. 763 do CC - Caio Mário, Orlando Gomes, Maria Helena Diniz defendem uma interpretação literal de tal dispositivo.
No caso em questão, percebe-se claramente a falta de compromisso da Reclamada para com a Reclamante uma vez que esta, esperando por um serviço estipulado mediante a contrato com aquela, não obteve o suporte que esperava para casos previstos, mesmo saldando quantia determinada no mesmo contrato, a Reclamada recusou-se da obrigação. Desta forma, observa-se alguns princípios que deixaram de ser amparados na conduta da Reclamada.
1. Do não pagamento da verba até o vencimento: Não cabe cancelamento uma vez que houve o quitamento da parcela mencionada pela Reclamada, mesmo fora do prazo em virtude de fatos alheios a vontade da Reclamante, ou seja, uma vez
constatada o Princípio da Boa-fé na conduta da Reclamante para com o cumprimento do dever jurídico de pagamento da prestação junto a Reclamada, não há de se falar de cancelamento de contrato, tal como se observa na Jurisprudencia logo abaixo:
DIREITO CIVIL - SEGURO DE VEÍCULO ATRASO DE PAGAMENTO DE PARCELA DO PRÊMIO CANCELAMENTO AUTOMÁTICO DA COBERTURA SECURITÁRIA INADMISSIBILIDADE. Simples atraso no pagamento do prêmio não implica suspensão ou cancelamento automático da cobertura securitária, fazendo-se necessária a interpelação do segurado, apta a constituí-lo em mora para o do cancelamento dos efeitos do contrato, pois o seguro não se rescinde de pleno direito tão-só pelo atraso no pagamento de uma das prestações, sem facultar ao consumidor o adimplemento. (TJ-SP - APL: 157094220108260223 SP 0015709-42.2010.8.26.0223, Relator: Clóvis Castelo, Data de Julgamento: 22/10/2012, 35ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 24/10/2012) (grifo
nosso).
Considera-se, desta forma que o contrato é válido.
2. Da imprevisibilidade dos riscos: Uma vez acordado o contrato entre as partes, seria necessário à Reclamada saber as condições as quais a Reclamante trabalha para assim definir os a quantia necessária paga de acordo com o os riscos calculados as quais a Reclamante se expõe.
Dessa Forma, torna-se improcedente a afirmação de queo risco não era previsto, uma vez que os funcionários da Reclamada tinham conhecimento do pleno acesso ao quadro de chaves da empresa. Dessa forma, tal alegação fere de morte o princípio da função social do contrato de seguro e também o princípio do
equilibrio economico entre o risco e o prêmio.
APELAÇÃO CIVEL. SEGUROS. SEGURO DE AUTOMÓVEL. NEGATIVA DE COBERTURA. IMPOSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.
NÃO DEMONSTRAÇÃO DA ALEGADA MÁ-FÉ NAS INFORMAÇÕES PRESTADAS PELO CONTRATANTE.
SEGURADORA QUE RECEBEU O PAGAMENTO, BEM COMO, DE ACORDO COM PROVA TESTEMUNHAL, CONHECIA O RAMO DE ATIVIDADES DA EMPRESA AUTORA. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. APELO DESPROVIDO. (Apelação Cível Nº 70059755470, Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Giovanni Conti, Julgado em 29/05/2014) (TJ-RS , Relator: Giovanni Conti, Data de Julgamento: 29/05/2014, Sexta Câmara Cível)
3. Da improcedência da violação do direito a informação:
Convém ressaltar que o objetivo do Reclamante em contratar os serviços da Reclamada se encontra na confiança de que, caso aconteça tal fato esperado, mas não desejado, está garantida a recomposição de seu patrimônio, tal como foi acordado no contrato celebrado.
 Como é possível de se observar, tal recomposição não aconteceu e também nada foi explicitado para a Reclamante no momento da celebração do contrato quanto às condições necessárias para a sua execução, ferindo o princípio da garantia e da confiança no contrato de serviço entre a Reclamante e a Reclamada.
CONTRATO DE SEGURO - RELAÇÃO DE CONSUMO - PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA E VERACIDADE INTERPRETAÇÃO MAIS FAVORÁVEL AO CONSUMIDOR - SEGURO OBRIGATÓRIO. As informações que vinculam o fornecedor são aquelas que são prestadas no ato da oferta do serviço e da contratação. - O fornecedor deverá diligenciar para que o contratante conheça previamente todas as de responsabilidade da Seguradora, mormente as cláusulas limitativas do direito do consumidor. - Cabe ao fornecedor provar que as informações foram prestadas com clareza. - A norma que estabelece a indenização por seguro obrigatório decorrente de acidentes de trânsito, possui cunho social, não meramente indenizatório, porquanto visa, também, assistir à família da pessoa vitimada no sinistro. Nesse sentido, não se confunde o recebimento do DPVAT com a condenação à indenização por danos causados por acidente de veículo, visto que possuem naturezas e objetivos distintos, não podendo, portanto, ser compensados entre si. v. v.: Do valor da indenização, deve ser abatido o valor do seguro DPVAT (Súmula 264, do STJ). (TJ-MG 102710302439080011 MG 1.0271.03.024390-
 8/001(1), Relator: HELOISA COMBAT, Data de Julgamento: 01/12/2005,Data de Publicação: 01/02/2006) 
De acordo como todo o exposto, a Reclamante requer a procedência da ação e a notificação da Reclamada para que conteste os fatos alegados, sob pena de Revelia e de Confissão. Quanto à matéria de fato, que no final deve ser julgada procedente, condenando a Reclamada à recomposição do que estava assegurado na forma do pedido.
Caso Concreto 4 – Aula 4
O Parecer é uma peça textual de aspecto formal próprio, redigida por autoridade competente, que emite uma opinião sobre o assunto consultado, devidamente fundamentado, que lhe dê credibilidade para seu convencimento.
A forma de um parecer jurídico:
Não existe uma forma definida por qualquer dispositivo legal para apresentação de um parecer [...], portanto na CF, art. 129, VIII, e na Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei 8.625/93, conhecida pela sigla LONMP) há a recomendação (art. 43, III) de que é dever do Ministério Público sempre indicar os fundamentos jurídicos em seus
pronunciamentos processuais. Aliás, ressalte-se, nenhum parecer pode deixar de ter fundamentos. (REVISTA REDAÇÃO JURÍDICA: a palavra do advogado. Rio de Janeiro: Edipa Ltda., nº8, 2004.)
Elementos do Parecer:
Ementa: apresentação sucinta, em no máximo oito linhas, do objeto de consulta. Inicia sempre pelo fato antijurídico e apresenta uma visão panorâmica dos fatos, provas e circunstâncias analisados e do ponto de vista defendido pelo parecerista.
Relatório: é a narração da história processual, marcada pela isenção, que apresenta a narração dos fatos importantes e as circunstâncias em que ocorreram, o que possibilita uma transição lógica e coerente para a fundamentação.
Fundamentação: argumentação baseada em sustentação principiológica, legal, doutrinária e jurisprudencial, bem como em recursos polifônicos (religião, mídia, opinião pública, família, moral, costumes, etc), técnicas argumentativas e estratégias discursivas, para buscar o convencimento sobre o ponto de vista defendido quanto ao assunto da consulta. 
Conclusão: fecho do parecer. O parecerista apresenta uma proposta ou sugestão para a solução do caso concreto analisado.
Parte Autenticativa: tendo em vista a responsabilidade civil, o parecer deve ser datado, assinado e apresentar o número da carteira de identidade profissional (OAB, por exemplo) de quem o emite.
Informações sobre a EMENTA: Em um parecer técnico-formal, a ementa é um texto informativo, que visa apenas ao entendimento do caso concreto, numa ótica simplificada. Por isso, devem ser delineados somente o fato gerador do conflito, os nexos de referência (três a cinco) e o entendimento do caso concreto.
Quanto aos nexos de referência, esses são um importante auxílio para a construção da fundamentação; são um verdadeiro fio condutor das ideias a serem discutidas na parte argumentativa do documento.
A ementa não pode apresentar verbos; deve se localizar ao extremo da margem direita e conter, no máximo, oito linhas. A capacidade de síntese, nesse item, é importantíssima, pois a ementa do Parecer técnico-formal deve conter frases nominais e palavraschaves.
Eis dois exemplos de ementa sobre a possibilidade de realização de aborto de feto anencefálico. A primeira ementa visa a negar a possibilidade do aborto; a segunda a defendê-lo:
Ementa
INTERRUPÇÃO TERAPÊUTICA DE GESTAÇÃO – direito fundamental à vida - preservação de valores morais – observância estrita da norma jurídica - segurança jurídica - Parecer favorável à negativa ao procedimento de aborto.
Ementa
INTERRUPÇÃO TERAPÊUTICA DE GESTAÇÃO - dignidade da pessoa humana - ponderação de interesses - razoabilidade - prejuízos psicológicos para a mãe - desatualização da norma jurídica - Parecer favorável à autorização do aborto.
Observe uma ementa que não segue as orientações indicadas por seu professor.
Responsabilidade civil de hospital. Ato de enfermagem praticado por empregado (enfermeiro). Doente internado no estabelecimento, ocasionando perda parcial de membro superior esquerdo. Troca de prontuários. O médico não percebeu que amputava membro sadio. Perda dos dois membros superiores.
Questão
Identifique todos os problemas observados na ementa anterior e, em seguida, reescreva-a de acordo com as orientações dadas em sala de aula. Acrescente ou retire informações, se necessário. Não deixe de incluir em sua ementa os princípios do Direito aplicáveis.
ERRO MÉDICO. Desatenção de funcionário – Negligência Médica - Amputação de membros superiores – Integridade física da pessoa humana – Prejuízos físicos e psicológicos - Parecer favorável a indenização.
Caso Concreto 5 – Aula 5
Esquematicamente, apresentamos as principais orientações para a produção da ementa do Parecer técnico-formal.
Ocupa a metade direita da página;
Deve utilizar, no máximo, 8 linhas;
Divide-se em três partes:
- Fato (Relatório - fato gerador do conflito)
- Nexos de referência (fundamentação)
- Entendimento (conclusão)
É redigido somente com frases nominais, ou seja, sem verbos;
A ementa do Parecer (ementa simples - sem dispositivo) distingue-se da ementa do Acórdão (ementa complexa).
Atente, ainda, para as seguintes características:
Redija todo o fato com letras maiúsculas
Use de 3 a 5 nexos de referência;
Inicie o entendimentopor "Parecer favorável a...";
Separe cada informação por "-".
Questão
Leia o relatório, a fundamentação e a conclusão do Parecer do Procurador de Justiça Paulo César Pinheiro carneiro que se apresenta e, de forma compatível com esse conteúdo, redija uma ementa para essa peça. Não deixe de respeitar, também, todas as orientações já explanadas.
Observamos que esta peça encontra-se disponível no capítulo 8 da nova edição do livro-texto desta disciplina - Lições de Argumentação Jurídica: da teoria à prática - onde análise acurada da peça foi realizada. 
Relatório
1- O agravante constitui-se no único herdeiro, instituído por testamento, de ICC, tomando parte do inventário tão somente um bem imóvel, gravado com cláusula de inalienabilidade e impenhorabilidade temporária (até que o herdeiro atingisse 50 anos),
assim como incomunicabilidade vitalícia.
2- Em sendo, o agravante, portador do vírus da AIDS e estando, já a esta altura, comprovadamente em precário estado de saúde, ocasionado pelo reduzido nível de resistência do seu sistema imunológico, postulou autorização para venda do bem inventariado, com o fito exclusivo de possibilitar a continuidade do seu tratamento.
3- O órgão julgador de primeiro grau indeferiu a pretensão do agravante, ao argumento de que o art. 1676 do Código Civil eiva de nulidade qualquer ato judicial que intente dispensar a cláusula de inalienabilidade, conquanto lamentasse a ilustre julgadora, o estado de saúde do herdeiro.
4- O primeiro membro do órgão do Ministério Público a quo a se pronunciar no feito opinou pelo deferimento do pedido formulado pela ora agravante. Já o segundo membro do parquet a manifestar-se nos autos, após juízo de retratação, alinhou-se com o entendimento da Julgadora monocrática.
5- Mantida a decisão, sobem os autos a esta Egrégia Câmara 'para reapreciação da matéria em comento.
É o relatório
Fundamentação
6 - Mais do que analisar, de forma isolada, um dispositivo do Código Civil, importa, para se determinar o verdadeiro alcance de uma norma Jurídica, encetar interpretações sistemáticas do texto legislativo sob exame.
7- As interpretações fornecidas pela ilustre julgadora de primeiro grau, membro do Ministério Público que oficiou nos autos, pecam por concentrar a análise da questão em um único dispositivo legal.
8- Ao pretender vasculhar os preceitos aplicáveis ao caso concreto, o aplicador do Direito deve mais do que se ater à literalidade do texto em análise, atender à procurar a mens legis, situar os dispositivos em uma estrutura de significações e, enfim, adequar sua compreensão às novas valorações sociais exsurgidas.
9- Mais que tudo isto, é a própria Lei de Introdução ao Código Civil, no seu artigo 5º, que fornece a diretriz a ser aplicada pelo julgador na interpretação da norma legal.
''Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum".
10- Em se tratando de sucessão testamentária, impende investigar, precipuamente, a vontade do testador, buscando a sua essência, de forma a condicionar a interpretação das disposições testamentárias e adequar os preceitos legais incidentes à hipótese.
11- Neste caso, a testadora; não possuindo herdeiros necessários, nomeou seu sobrinho, o ora agravante, então com apenas 13 anos, seu herdeiro universal, gravando os bens imóveis com já mencionadas cláusulas. Visava ela, concomitantemente, a beneficiar o herdeiro instituído e protegê-lo, intentando garantir-lhe teto seguro até idade madura de (50 anos), isolando-o das vicissitudes da vida moderna.
12- Não poderia a testadora imaginar jamais, àquela altura, que este terrível mal chamado AIDS iria apossar-se do herdeiro que, certamente com muito carinho, acabara de instituir, relegando-o a uma gradual e sofrida morte prematura.
13- Decerto que a vontade da testadora não se coaduna com a atual situação do agravante: este, embora possua o domínio de um bem imóvel, não pode usá-lo e nem fruí-lo, eis que se encontra em constante tratamento de saúde, e, pior, não pode empregar o valor do patrimônio transmitido em prol da tentativa de prolongar sua
existência. Ora, onde está a prevalência da vontade do testador, essencial no cumprimento das disposições testamentárias, diante destas circunstâncias "A interpretação da norma estaria levando em conta os fins sociais e as exigências do bem comum, a que ela se destina".
14- Nem a doutrina, nem a jurisprudência e nem o legislador permaneceram estancados no tempo, logrando a evolução interpretativa adequar o dispositivo contido no art. 1.676 do Código Civil às novas facetas da vida, abrandando o seu rigor.
15- De fato, já em 1944, através do Decreto-lei n° 6777, permitiu-se a alienação de imóveis gravados, substituindo-os por outros imóveis ou títulos da dívida pública, permanecendo sobre estes os gravames.
16- Nesta linha, os doutrinadores, assim como os tribunais, passaram a admitir a alienação do bem gravado, com autorização judicial, por necessidade ou conveniência manifesta do titular, ocorrendo a sub-rogação em outro bem.
17- No caso em tela, nada impede que o produto poupança à disposição do juízo, utilizando-se o seu saldo no custeio do tratamento do agravante.
18 - Argumenta-se, para sustentar o entendimento contrário, que o bem substituto (valor depositado em poupança) iria, pouco a pouco, se esgotando, acabando por exercer o herdeiro poder de disposição sobre o imóvel herdado, justamente o que pretendeu vedar a testadora e assegurar o preceito do Código Civil.
19 - O que se verifica, contudo, é que relegar o herdeiro à morte, enquanto o bem recebido permanece absolutamente inóxio, pois sequer rende frutos, isto sim significa afrontar a vontade da testadora e o próprio alcance teleológico da lei, desfigurando, por completo, o próprio ato de liberalidade.
20- Vale mencionar, neste sentido, trecho de acórdão unânime proferido pela 6ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro no agravo em que foi relator o Desembargador Laerson Mauro:
Se pela imposição das cláusulas de inalienabilidade, incomunicabilidade e impenhorabilidade vitalícia sobre bens de herança, da legítima como da disponível, abrangendo não só o principal como os frutos e rendimentos, a liberalidade perder toda a
sua utilidade, chegando mesmo a descaracteriza-se jurídica e economicamente, é imperioso que se apliquem tantas regras exegéticas quantas caibam na espécie, para evitar-se a inocuidade da deixa, preservando, assim, à herdeira algum beneficio em vida.
Agravo provido.
21- Desta forma, deve o único bem inventariado, conquanto gravado com as cláusulas de inalienabilidade e incomunicabilidade, ser alienado, conforme requerido, depositando-se o produto da venda em caderneta de poupança à disposição do juízo, a fim de que libere
gradativamente as quantias necessárias ao tratamento de saúde do herdeiro universal, posição esta que se afina com o mais atual entendimento doutrinário e jurisprudencial, intentando, ainda, alcançar o verdadeiro fim dos dispositivos aplicáveis à espécie (atender à vontade do testador, e, ao mesmo tempo, atender aos fins sociais compreendidos no caso em exame), interpretando-os sistematicamente.
Conclusão
Assim, opina o Ministério Público pela reforma da decisão a quo, permitindo-se a alienação do bem gravado, atendidas as exigências contidas no item 20 supra.
É o parecer.
Rio de Janeiro, 1º de fevereiro de 1995.
Paulo Cezar Pinheiro Carneiro
(Procurador de Justiça)
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO PROCESSUAL CIVIL. Testamento – Herdeiro universal - Cláusula de inalienabilidade e impenhorabilidade temporária - Tratamento, problemas de saúde (AIDS) – Vontade do testador - Caderneta de poupança - Lei de Introdução ao Código Civil, artigo 5º - Decreto-lei n° 6777. Parecer favorável ao uso da herança principal, seus frutos e rendimentos.
Caso Concreto 6 – Aula 6
PARECER
EMENTA: FURTO. Princípio da Insignificância – Impunidade – Furto Privilegiado– CoercividadeEstatal Manutenção da Ordem Social. Parecer favorável à condenação por crime tipificado no Art. 155, §2º do Código Penal. 
Conforme estabelecido nos autos, no dia 21 de janeiro, a Ré, de forma consciente e voluntária, tentou subtrair, em proveito próprio, um xampu no valor de R$ 3,75 (três reais e setenta e cinco centavos) do supermercado Bom Preço, de Goiânia. Surpreendida pelo proprietário, foi detida e levada à delegacia, onde foi presa.
Em primeira instância, a Ré foi absolvida com base no princípio da insignificância – o qual tem o sentido de excluir ou de afastar a própria tipicidade penal, não considerando o ato praticado como um crime, resultando na absolvição do réu e não apenas na diminuição e substituição da pena.
No caso foram observados os requisitos que justificaram a aplicação do princípio da insignificância, tais como: a mínima ofensividade da conduta, a nenhuma periculosidade social da ação, o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica provocada (baixo valor).
Entretanto, deve-se ressaltar que tal princípio não está positivado no ordenamento jurídico, além do fato de que o seu reconhecimento “vulgariza” a prática de delitos contra o patrimônio alheio, e também causa insegurança na sociedade em relação à
capacidade do Estado em manter a ordem social.
É papel do Estado, impedir que aconteçam condutas que atinjam direito alheio. O fato da Ré possuir baixa escolaridade, estar desempregada, grávida, ser responsável pela mãe, que é cega, e não ter antecedentes criminais, não justificam a prática de atos ilícitos, nem são causas que autorizam lesionar o direito do próximo.
Pequenos furtos são práticas diárias em estabelecimentos comerciais de todo porte. Delitos dessa natureza não devem ficar impunes. Para as hipóteses de subtração de bem de pequeno valor, existe a figura do furto privilegiado, prevista no art. 155, §2º do CP, que não se confunde com a conduta atípica, penalmente irrelevante.
Parecer desfavorável à tese da defesa.
Deve a Ré, então, responder penalmente pelo crime, vez que o fato é típico e ilícito, e, assim sendo, dotado de culpabilidade. Elementos estes que alcançam o dever de punir do Estado, além da manutenção da credibilidade do Poder judiciário e também da Ordem Social. 
Ante o exposto, opino pela Culpabilidade da Ré, com reforma da sentença, baseado no delito tipificado no parágrafo 2º do artigo 155 do Código Penal. 
É o parecer, salvo melhor juízo.
Caso Concreto 7 – Aula 7
Vimos até a última aula como produzir a ementa. Passaremos, agora, a estudar o relatório. Esse item do Parecer é marcado pela isenção como o parecerista apresenta os fatos importantes que deverão ser analisados e possibilita uma transição lógica e coerente da ementa para a fundamentação. 
Segundo as orientações sobre a Lógica do Razoável, ao produzir seu relatório, exige-se do profissional do Direito a apresentação de uma série de circunstâncias observadas no caso concreto, seja em relação àqueles que participam da lide (partes litigantes), seja em relação ao lugar e tempo em que ocorreram os fatos.
 Nesse sentido indicamos alguns elementos que possam contribuir para uma narrativa mais completa e consistente. Assinale-se que essas mesmas informações, no momento em que se vai produzir a argumentação, mostram-se com grande valor persuasivo. A elas chamamos de elementos da narrativa forense.
 INSERIR AQUI O ANEXO 1 QUESTÃO - Leia o caso concreto. 
Marcelo e Camila são casados há 10 anos. Em 01 de novembro de 2008, quando Camila digitava um trabalho da faculdade no computador utilizado pelo casal, ficou estarrecida: encontrou uma série de e-mails comprometedores, armazenados pelo marido, na máquina da família. 
Descobriu que, no período de 12 de fevereiro de 2008 a 30 de outubro de 2008, seu marido, usando o apelido “homem carente de meia idade”, trocava quase diariamente mensagens de natureza erótica com uma mulher que assinava “cheia de amor pra dar”. 
Ao ler as mensagens, constatou que o marido se declarara diversas vezes para a internauta, com quem construía fantasias sexuais e praticava sexo virtual. A situação ficou ainda mais grave, porque, nessas ocasiões, Marcelo fazia comentários jocosos sobre o desempenho sexual de Camila e afirmava que ela seria uma pessoa "fria" na cama. 
Por conta de todos esses fatos, Camila se separou de Marcelo. Cerca de quatro meses após a separação, ajuizou ação de reparação por danos morais em face do ex-marido, na qual pediu indenização no valor de 20 mil reais. Em síntese, alegou na Petição Inicial que: 
a) o ex-marido manteve relacionamento com outra mulher na constância do casamento; 
b) a traição foi comprovada por meio de emails trocados entre o acusado e sua amante; 
c) a traição foi demonstrada pela troca de fantasias eróticas (sexo virtual) entre os dois; 
d) precisou passar por tratamento psicológico para superar a dor que sofria; 
e) foram violados sua honra subjetiva e seu direito à privacidade no casamento. 
Em sua defesa, o ex-marido alegou a improcedência do pedido sustentando o seguinte:
 a) sexo virtual não caracteriza traição; 
b) houve invasão de privacidade e violação do sigilo das correspondências; 
c) os e-mails devem ser desconsiderados como prova da infidelidade; 
d) não difamou a ex-esposa, ao contrário, ela mesma denegria sua imagem ao mostrar as correspondências às outras pessoas. 
Em entrevista à imprensa, a autora afirmou que não houve violação de sigilo das correspondências. Para ela, não está caracterizada a invasão de privacidade porque os e-mails estavam gravados no computador de uso da família e os cônjuges compartilhavam a mesma senha de acesso. "Simples arquivos não estão resguardados pelo sigilo conferido às correspondências", concluiu. 
Agora que você já conhece o conflito, produza, com base nessa leitura, esquema idêntico ao que segue. A primeira linha da tabela já foi preenchida para que sirva de exemplo para você colher as demais informações no caso concreto. Identifique quantos elementos entender adequado.
	Elemento da narrativa jurídica
	Informação retirada do texto (contextualização do real)
	Parágrafo argumentativo que tome por base a informação selecionada
	Característica moral do marido
	Marcelo compartilhava com uma desconhecida detalhes de sua vida sexual com a esposa.
	Se a traição, por si só, já causa abalo psicológico ao cônjuge traído, a honra subjetiva da autora foi muito mais agredida, ao saber que seu marido, além de traí-la ? inobservância do dever conjugal de fidelidade ? violou a confiança da esposa quando teceu comentários difamatórios com sua amante quanto à sua vida íntima.
	Tempo de casamento
	Dez anos
	De acordo com o artigo 1.511 do Código Civil de 2002: "O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges." E, no mesmo dispositivo, o art. 1.566 preceitua claramente que dentre os deveres dos cônjuges estão a fidelidade recíproca e o respeito e consideração mútuos. Nesse sentido, diante dos e-mails trocados entre o acusado e sua amante é indiscutível que Marcelo manteve um relacionamento com outra mulher durante a vigência do seu casamento.
	Espaço físico
	Marcelo no ambiente familiar, por meio do computador da família e de uso comum do casal, armazenou e-mails comprometedores.
	É inegável a reprovação de conduta do cônjuge que, inescrupulosamente, no ambiente familiar deu margem e nutriu um relacionamento extramatrimonial, caracterizando o sentimento de desrespeito, quebra das promessas firmadas no casamento e afronta a dignidade humana do outro consorte.
	Tempo da traição
	12 de fevereiro de 2008 a 30 de outubro de 2008
	. O lapso temporal de 8 (oito) meses demonstra que não se tratou de um relacionamento casual, mas duradouro e estável, vez que trocavam intimidade quase que diariamente.
	Espaço social/virtual
	Marcelo defende-se afirmando que sexo virtual não caracteriza traição.
	Mesmo que o relacionamentofique restrito ao ambiente virtual da internet, não deixa de ser uma modalidade de traição. A confiança, base de qualquer relacionamento, seja ele comercial ou afetivo, foi rompida. Ademais, ao tipificar no artigo 1.566, o legislador não deixou dúvidas sobre quais são os deveres dos cônjuges, não pondo como deveres o amor, em um sentido romântico e idealista, mas colocando em sentido prático, a fidelidade recíproca.
	Característica social e psicológi-ca da esposa 
	Estarrecida , Camila precisou passar por tratamento psicológico para superar a dor que sofria
	O cônjuge vítima da traição tem toda sua vida emocional abalada por um fato dessa natureza, pois o sofrimento é inquestionável e acaba com a segurança afetiva em seu casamento, tanto é que causou a separação.
	Centralidade
	Marcelo trocou quase que diariamente mensagens de natureza erótica.
	A infidelidade do acusado lesionou os direitos da autora porque houve a declarou-se diversas vezes, construiu fantasias sexuais e praticou sexo virtual com uma mulher que assinava “cheia de amor pra dar”. quebra da obrigação aos deveres conjugais, e também ocasionou intensa humilhação e constrangimento à ofendida. Além disso, feriu os bons costumes. Cabe afirmar, diante do exposto, que tal comportamento configura ato ilícito e, portanto, causador de dano moral, uma vez que afetou a dignidade e a honra da vítima, sendo passível assim, de reparação.
Caso Concreto 8 – Aula 8
Adiante, listamos as principais características do relatório jurídico:
O relatório é um texto de tipo narrativo;
caracteriza-se por ser uma narrativa simples, sem valoração. Sempre que possível, aponte as alegações de ambas as partes;
todos os fatos relevantes do caso concreto devem ser narrados no pretérito e na 3ª pessoa;
o que não existir no relatório não pode figurar como argumento na fundamentação;
a organização dos eventos deve seguir a ordem cronológica;
o primeiro parágrafo deve indicar o fato gerador da demanda e os sujeitos envolvidos;
o texto não pode deixar de responder às seguintes indagações: qual o fato gerador do conflito? Quem são os envolvidos na lide? Onde e quando os fatos ocorreram? Como se desenvolveu o conflito? Por que ocorreu o conflito de interesses? Quais as consequências dos fatos narrados?
sugere-se, para iniciar o primeiro parágrafo, a redação "Trata-se de questão sobre...";
a paragrafação deve seguir as orientações tradicionais de um texto redigido em norma culta;
cada parágrafo deve receber um recuo inicial de, aproximadamente, 1,5 cm;
não há limite mínimo ou máximo de linhas, mas sua narração deve ser clara e concisa;
recorra à polifonia;
terminado o relatório, na linha abaixo, use a expressão "É o relatório".
QUESTÃO
Leia o caso concreto e, em seguida, redija o relatório jurídico.
Caso concreto
Fabian propôs ação negatória de paternidade cumulada com anulação de registro civil em face de Cida, menor de 11 (onze) anos de idade representada por sua mãe, Chayene. Aduziu que fora casado com Chayene por 12 (doze) anos, tendo ocorrido, no decorrer do vínculo matrimonial, o nascimento e o registro civil da Ré.
O Autor afirmou que quando efetuou o registro civil como pai da menor incidiu em erro porque desconhecia a relação extraconjugal que Chayene nutriu por anos com Sandro, amigo comum do casal. Aduziu que depois de 10 anos de matrimônio, não suportando mais ocultar a traição, Chayene revelou a ele que Cida não era sua filha biológica, mas sim, filha de Sandro.
Informou, por fim, que sempre manteve e continua mantendo uma relação de carinho e respeito com a menor, zelando pela sua educação e pelo seu adequado desenvolvimento. Todavia, ao descobrir a traição da ex-mulher não desejaria mais ter como válido o reconhecimento da paternidade derivado de uma manifestação de vontade viciada. Pugnou, assim, pela procedência dos pedidos.
A Ré, em contestação, salientou que igualmente desconhecia a traição materna e a possibilidade de ser filha biológica de outro homem. Afirmou que sempre reconheceu Fabian como um pai, tendo por ele um verdadeiro amor filial. Ressaltou que mesmo após 2 (dois) anos da separação judicial e da ciência de que não seria o seu verdadeiro pai biológico, Fabian continuou exercendo o seu direito de visitação, contribuindo regularmente, ainda, para o seu sustento, o que denotaria o forte laço socioafetivo que uniria Autor e Ré. Requereu, desta forma, a improcedência do pleito autoral. 
Laudo pericial sobre o exame de DNA feito, acostado aos autos às fls.xx, comprovando que Fabian não era o pai biológico de Cida. 
Estudo social do caso atestando que havia latente vínculo socioafetivo entre Autor e Ré.
Promoção do Ministério Público opinando pela improcedência dos pedidos autorais.
Para melhor entender a questão, observe a jurisprudência:
A paternidade atualmente deve ser considerada gênero do qual são espécies a paternidade biológica e a socioafetiva. Assim, em conformidade com os princípios do Código Civil de 2002 e da Constituição Federal de 1988, o êxito em ação negatória de paternidade depende da demonstração, a um só tempo, da inexistência de origem biológica, e também de que não tenha sido constituído o estado de filiação, fortemente marcado pelas relações socioafetivas e edificado na convivência familiar.? (Recurso Especial n.º 1.059.214 ? Informativo n.º 491)
Fabian propôs ação negatória de paternidade cumulada com anulação de registro civil em face de Cida, menor de 11 (onze) anos de idade representada por sua mãe, Chayene. Aduziu que fora casado com Chayene por 12 (doze) anos, tendo ocorrido, no decorrer do vínculo matrimonial, o nascimento e o registro civil da Ré.
O Autor afirmou que quando efetuou o registro civil como pai da menor incidiu em erro porque desconhecia a relação extraconjugal que Chayene nutriu por anos com Sandro, amigo comum do casal. Aduziu que depois de 10 anos de matrimônio, não suportando mais ocultar a traição, Chayene revelou a ele que Cida não era sua filha biológica, mas sim, filha de Sandro.
Informou, por fim, que sempre manteve e continua mantendo uma relação de carinho e respeito com a menor, zelando pela sua educação e pelo seu adequado desenvolvimento. Todavia, ao descobrir a traição da ex-mulher não desejaria mais ter como válido o reconhecimento da paternidade derivado de uma manifestação de vontade viciada. Pugnou, assim, pela procedência dos pedidos.
A Ré, em contestação, salientou que igualmente desconhecia a traição materna e a possibilidade de ser filha biológica de outro homem. Afirmou que sempre e conheceu Fabian como um pai, tendo por ele um verdadeiro amor filial. Ressaltou que mesmo após 2 (dois) anos da separação judicial e da ciência de que não seria o seu verdadeiro pai biológico, Fabian continuou exercendo o seu direito de visitação, contribuindo regularmente, ainda, para o seu sustento, o que denotaria o forte laço socioafetivo que uniria Autor e Ré.
Requereu, desta forma, a improcedência do pleito autoral. Laudo pericial sobre o exame de DNA feito, acostado aos autos às fls.xx, comprovando que Fabian não era o pai biológico de Cida.
Estudo social do caso atestando que havia latente vínculo socioafetivo entre Autor e Ré. Promoção do Ministério Público opinando pela improcedência dos pedidos autorais.
Se julgar adequado recorra à seguinte jurisprudência:
A paternidade atualmente deve ser considerada gênero do qual são espécies a paternidade biológica e a socioafetiva. Assim, em conformidade com os princípios do Código Civil de 2002 e da Constituição Federal de 1988, o êxito em ação negatória de paternidade depende da demonstração, a um só tempo, da inexistência de origem biológica, e também de que não tenha sido constituído o estado de filiação, fortemente marcado pelas relações socioafetivas e edificado na convivência familiar (Recurso Especial n.º 1.059.214 Informativo n.º 491)
Trata-se de ação negatória de paternidade cumulada com anulação de registro civilajuizada por Fabian, em face de Cida, 11 (onze) anos de idade representada por sua mãe, Chayene.
Segundo o autor, no decorrer do vínculo matrimonial com Chayene, ocorreu o nascimento e o registro civil da Ré. Afirmou ainda que depois de 10 anos de matrimônio Chayene revelou que a ré não era sua filha biológica, mas filha de Sandro, amigo comum do casal.
O exame de DNA confirmou que Fabian não era o pai biológico da ré, mas mesmo assim ele continuou prestando assistência financeira e afetiva não negando a relação de carinho e respeito com a ré.
Em sua defesa concluiu o autor que ao efetuar o registro civil como pai da menor encontrava-se em erro, porque desconhecia a relação extraconjugal da esposa. Diante do exposto defendeu a procedência dos pedidos.
Em contestação, a ré alegou que desconhecia a traição materna e a verdade sobre seu genitor. Confirmou que o autor mesmo diante dos fatos continuou cumprindo os deveres que antes tinha com ela, disse ainda que sentia um verdadeiro amor filial e que havia um forte laço socioafetivo entre eles. Requereu assim a improcedência da ação do autor.
Atestado de estudo social alegou a existência de vínculo socioafetivo entre Autor e Ré.
Parecer do Ministério Público opinou pela improcedência dos pedidos autorais.
É o relatório.

Outros materiais